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Escola Superior de Propaganda e Marketing

Ergonomia I

ANÁLISE ERGONÔMICA DA USABILIDADE DE ESTILETES POR


CANHOTOS

Porto Alegre
2021
Amanda Pires, Lauren Padilha, Henrique Maggi e Vitória Simon
ANÁLISE ERGONÔMICA DA USABILIDADE DE ESTILETES
POR CANHOTOS

Trabalho apresentado no curso de


graduação da Escola Superior de
Propaganda e Marketing

Professora: Carolina Bustos

Porto Alegre
2021
RESUMO
O trabalho apresentado a seguir se deu a partir da disciplina Ergonomia I,
ministrada pela professora Carolina Bustos e teve como objetivo a
criação/adaptação de um objeto que tivesse uma forma com melhor usabilidade
para determinada deficiência ou limitação. Neste trabalho, a limitação abordada foi a
dificuldade dos canhotos de utilizar alguns objetos, no caso, o estilete.

Foi notada, entre outros objetos observados, maior dificuldade na utilização


deste objeto, ainda mais por ser cortante e poder ocasionar maiores prejuízos caso
haja um manuseio incorreto. Logo, foi realizada uma pesquisa com diversos
usuários sobre seu sentimento quando se tratava desses objetos sem a devida
ergonomia e em seguida, organizada a forma com a qual se daria o novo formato,
dessa vez com usabilidade adequada para canhotos, do estilete.

Além da pesquisa, foram tiradas fotos, criados painéis semânticos, uma forte
base de fundamentação teórica e escolhido uma metodologia com a qual atuamos
para a criação deste novo objeto.

PALAVRAS - CHAVE

Usuário, destro, canhoto, usabilidade, estilete, delimitações, ergonomia, produto,


ferramenta, design, redesign, etapas, objetivo, desenvolvimento, inclusivo,
problemas, falhas, soluções.
1. INTRODUÇÃO

O grupo escolheu pessoas canhotas como usuárias com delimitações e o


produto escolhido foi um estilete. O produto escolhido no decorrer do
desenvolvimento do trabalho apresentou várias falhas e problemas ergonômicos
dos quais apenas uma proposta de redesign poderia solucionar tais problemas de
usabilidade.

Esse trabalho tem como objetivo mostrar como ferramentas mais simples
podem não ter um olhar ergonômico e assim não incluir todas as delimitações
conhecidas. A disciplina de Ergonomia tem como objetivo mostrar que o design está
cada dia mais se preocupando com estas questões e preparando os alunos a
construir um futuro mais inclusivo. Sendo assim, o trabalho vai passar por todas as
etapas de usabilidade do produto e a relação do produto com um usuário destro e
um canhoto, a fim de mostrar suas falhas e apontar para possíveis soluções simples
redesign do produto.

Sobre a escolha:

O problema dos estiletes não adaptados se baseia, quase inteiramente, no


fato de que a lâmina e a inclinação da embalagem é toda posicionada para ser
usada com a mão direita. Então é impossível usar o estilete na mão esquerda de
maneira correta e confortável para o usuário.

Dessa maneira, nossa proposta de redesign deste objeto foi a seguinte: A


solução simples e viável é que a lâmina, que é o problema predominante, tivesse
um espaço de saída para baixo também, pois com isso mesmo a lâmina sendo
voltada pra direita/baixo seria possível de apenas trocar o estilete de mão e colocar
a lâmina para baixo e usá-lo, sem maiores desconfortos e com mais segurança do
que se fosse seguida a mesma forma de sempre (para destros).
2. AVALIAÇÃO INICIAL DO PRODUTO / FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao observarmos a usabilidade do estilete em pessoas canhotas, observamos


que existe apenas uma escolha, usá-lo virado para baixo e ao contrário, como será
demonstrado nas fotos a seguir:

Figura 1: Como é utilizado pelo Figura 2: Como deveria ser utilizado,


usuário,ao contrário e com o fio da entretanto, dessa forma a lâmina
lâmina para o outro lado. fica para cima, impossibilitando o
uso do objeto.

O que também ocorre é que o botão ligado a lâmina que tem como função
possibilitar que a pessoa deslize a lâmina de cima para baixo, colocando a lâmina
de fora para dentro, de dentro para fora, fica no lado oposto ao polegar.
Impossibilitando ou limitando a locomoção da lâmina.

Outra questão que podemos avaliar é que são raras as exceções em que o
produto(estilete) tem a lâmina devidamente acoplada ao corpo plástico, o que
dificulta um corte preciso, e com o uso contínuo a lâmina acaba por perder sua
forma reta, o que seria menos propenso a lâmina estivesse bem junta ao corpo
plástico.

Há produtos em que, entre a lâmina e o corpo plástico é colocado uma camada de


borracha, aumentando o atrito, desencadeando em um prolongamento da lâmina
em suas configurações de fábrica. Alguns dos produtos(estilete) possuem uma
superfície de apoio plana, enquanto outros possuem uma superfície de apoio com
travas que visa favorecer o atrito na hora do corte. Portanto, caso material que se
esteja buscando cortar seja mais rígido, estas travas acabam por machucar a mão,
o que dificulta a execução necessária e em até certos casos impossibilita devido a
dor.

Alguns dos estiletes vistos possuem um furo no lado oposto de onde a lâmina
escorre, possibilitando que o produto seja apoiado em superfícies além das planas.
Podendo ser colocada em prego ou em molho de chaves.

Realizando uma pesquisa tanto física como online com a intenção de avaliar uma
maior gama de produtos, foi possível perceber que há muitos estiletes que possuem
um corpo em um formato ergonômico voltado para o mão direita, dificultando ainda
mais a utilização na mão esquerda.

Outra característica do produto é a trava de segurança que impede que a lâmina


escorra para trás na utilização do produto, que se encontra acoplada ao botão que
também se encontra no lado oposto ao polegar quando utilizada pela mão
esquerda.

3. MÉTODO DE PESQUISA

O método de pesquisa utilizado foi principalmente o de pesquisa quantitativa,


no qual elaboramos um total de 8 perguntas relacionadas a segurança, conforto e
possíveis dificuldades durante a utilização do estilete padrão, que é pensado para
destros. Se obteve a quantia de 27 pessoas que responderam o questionário, entre
elas 15 canhotos, 11 destros e um ambidestro. Com o questionário também
pudemos coletar informações mais específicas sobre o que os canhotos acham que
poderia ser feito para tornar os estiletes algo mais fácil de se manusear, e quais
foram as dificuldades que eles observaram durante a utilização dos estiletes
padrões.
4. RESULTADOS

Após extensa pesquisa e avaliação de diferentes maneiras de aplicar o


produto, foram entendidas alguns aspectos desse uso a partir da aplicação de um
questionário, cujos resultados serão apresentados a seguir.

Em primeiro lugar, foi realizada uma entrevista com um voluntário, o Gabriel,


namorado de uma das integrantes do grupo e canhoto, que relatou essa dificuldade
com a utilização do estilete na sua forma atual, como foi mostrado na figura 1.
Relatou sua dificuldade e assim que fora apresentada a proposta de redesign e
explicado seu funcionamento, notou que, realmente seria muito melhor, confortável
e segura a utilização desse objeto.

Segundamente, houve um questionário para entender mais algumas questões que


incomodavam os usuários canhotos, havendo as seguintes respostas:

Figura 3: Primeira pergunta e resultados


Figura 4: Segunda pergunta e resultados

Figura 5: Terceira pergunta e resultados


Figura 6, 7 e 8: Quarta pergunta e resultados
Figura 9: Quinta pergunta e resultados

Figura 10: Sexta pergunta e resultados


Figura 11: Sétima pergunta e resultados

Figura 12: Oitava pergunta e resultados

A partir desses resultados, conseguimos entender que estiletes são, de fato, um


problema recorrente para canhotos que os utilizam, tendo também 60% dos que
responderam o questionário, considerando inseguro utilizar o objeto sendo
canhotos.

Fora assim , então, pensada em uma nova maneira de desenvolver esse


instrumento comumente utilizado por todos. Seria então, desenvolvido um estilete
“vai e volta”, que possibilitasse a utilização por ambos destros e canhotos, de
maneira segura e mais confortável para todos. Teria aberturas para a saída da
lâmina em cima e embaixo, de modo que quando houvesse a troca de mão,
pudesse também sair uma lâmina com o fio e formato para o lado correto.
5. DIRETRIZES PROJETUAIS

Entendendo “diretrizes projetuais” como o caminho a tomar para que projeto possa
ser desenvolvido de maneira mais favorável e sem impedimentos por aqueles que o
executam, podemos citar nosso processo pelas seguintes etapas:

a) Entender a deficiência: Observar quais as dificuldades tidas pelos canhotos e


as formas que eles tomavam para se adaptarem; Perceber se o produto
escolhido teria, de fato, impacto na vida dos usuários;
b) Escolher o produto: Dentre tantos produtos que podíamos observar
dificuldade, qual poderíamos escolher; Decidir o nível de dificuldade ao
escolhermos para fazer o redesign;
c) Realização de testes: Aplicação de questionários; Realização de entrevistas
com voluntários;
d) Análise dos resultados: Observação das respostas obtidas nos questionários
e entrevistas; Busca por fatores possivelmente prejudiciais a ideia do produto;

Com essas etapas pré estabelecidas e fornecidas pela Professora Caroline Bustos,
tivemos um caminho mais concreto a seguir, podendo realizar este passo a passo
mais facilmente e com maior certeza de acerto.

6. PAINEL SEMÂNTICO E PROJETO


Figura 13: Painel semântico para inspirações para o projeto

Foi pensado em um painel semântico que pudesse nos inspirar para o


desenvolvimento de um novo estilete que fosse, ao mesmo tempo,bonito e
funcional. Partindo então de imagens de pessoas trabalhando com esses objetos e
observando a anatomia das mãos, conseguimos pensar em alguns elementos que
poderiam ser aplicados.

Primeiramente, pensamos na cor, assim como mostrado no painel, escolhemos a


vermelha, porém, podendo também ter uma variação para a cor mais comum
encontrada nos outros estiletes, o amarelo. Em segundo lugar, decidimos por
colocar o elemento plástico de rolamento da lâmina muito similar aos já encontrados
e por dentro, teria um encaixe entre os dois lados da lâmina que possibilitasse seu
deslocamento para ambos os lados e, consequentemente, possibilitando a utilização
por canhotos e destros.

7. FEEDBACK DO USUÁRIO

Obtivemos esse feedback a partir de uma entrevista, mencionada anteriormente no


item 4. Nessa entrevista, pode-se responder às seguintes perguntas:

a) Gostaria de um estilete como o proposto?

Sim, gostaria bastante até mesmo por ser mais seguro até mesmo por ser
mais difícil de usar o estilete com a outra mão.

b) Estaria disposto a pagar mais caro pelo produto?

Talvez por curiosidade e para testar, mas não sei se eu procuraria


necessariamente esse produto, mas se tivesse em uma loja um estilete padrão e
esse proposto, mesmo que mais caro eu compraria ele.

c) É fácil e eficiente no seu uso?

Acho que sim, mas acho que a principal característica que me importava
mesmo é se ele seria seguro.
d) Ele parece seguro?

Não muito, mas se ele apresentasse boas travas de segurança acho que já
pareceria ser mais seguro.

e) Com quais características você descreveria o produto?

Acho que uma boa palavra seria inclusivo e inteligente.

f) Como você se sente usando esse produto?

Acho que me sentiria bem por ser um produto que possivelmente não iria me
machucar e por ser mais bem planejado.

g) Tem alguma consideração sobre a proposta de redesign?

Seria legal pensar em boas travas de segurança e em algo que possa ser
utilizado com mais firmeza para o corte.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como percebido, a ergonomia traz inúmeros benefícios à saúde do usuário, tendo


também um papel importantíssimo na qualidade do que será produzido, devido ao
fato do melhor bem-estar obtido pelo usuário, o que gera uma motivação e,
consequentemente, um melhor rendimento.

Ao considerarmos o trabalho como um todo, podemos perceber a relevância dele


como um todo. Entender as dificuldades enfrentadas por aproximadamente 13% dos
brasileiros que muitas vezes não são entendidas por nós, nem pensadas em quais
questões podem impactar na vida desses.

Pudemos desenvolver uma pesquisa que, além de trazer diversos conhecimentos


sobre a disciplina, pudemos pensar em um objeto que poderia ser implementado e
ter grandes chances de ajudar essa porcentagem da população. A ergonomia dos
objetos utilizados, como estiletes, foi analisada e constatou-se que: eles não são
devidamente apropriados ou pensados para serem ergonômicos e ajudarem na sua
utilização por todos. Sendo assim, é fato que alguma medida deve ser tomada, não
somente para o objeto analisado e discutido durante este trabalho, como todos que
se mostram como fator de desconforto na sua utilização pelos canhotos.

Assim, através desse trabalho, entendemos todos os obstáculos enfrentados pelos


canhotos todos os dias com objetos que não tem a ergonomia adequada. Além
disso, conseguimos propor uma solução para pelo menos amenizar um desses
problemas.

9. REFERENCIAL

CHAPANIS, Alphonse. A engenharia e o relacionamento homem-máquina. São


Paulo, Atlas, 1972.

LAVILLE, Antoine. Ergonomia. São Paulo, EPU/ EDUSP, 1977.

NIELSEN, Jacob; MACK, Robert L. Usability Inspection Methods. John Wiley &
Sons, 1994.

http://www.saepro.ufv.br/wp-content/uploads/2014.5.pdf

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