ANÁLISE DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA DE TRATAMENTO DE
SUPERFÍCIES PRÉ E PÓS TRATAMENTO CONVENCIONAL E SEU REUSO.
SPITZNER, Gabriel Braga da silva
ARAÚJO, Rogério
1 INTRODUÇÃO
A escassez de água, o alto custo do tratamento de efluentes e a iminente
cobrança pelo uso e descarte da água vêm preocupando a sociedade e incentivando pesquisas na área de otimização do uso da água e minimização de efluentes. O setor industrial é um dos setores que mais tem se preocupado e se empenhado em encontrar soluções para o problema da escassez, pois vivencia os dois problemas ao mesmo tempo, a alta demanda de água e o tratamento dos efluentes gerados. Com o conceito de usuário pagador, o qual foi introduzido pelas novas políticas de gerenciamento de recursos hídricos que estipulam a cobrança pela utilização dos recursos hídricos e também pela carga de poluentes lançados ao meio ambiente, os setores que fazem uso deste recurso serão levados a adotar estratégias para a racionalização do uso da água e reaproveitamento de efluentes (POLLO, 2004). As principais atividades geradoras de efluentes contaminados com metais pesados estão nas indústrias de extração metálica, fabricação de metais, acabamento de superfícies, chamada galvanoplastia, tintas e pigmentos, curtumes, fungicidas e ainda a manufatura de baterias (RENGARAJ et al, 2001). No âmbito geral, quanto à qualidade da água, prejudicada por fontes de poluição diversas, os problemas mais sérios de poluição referem-se aos efluentes industriais, os quais, devido à grande variedade de atividades desenvolvidas pelas indústrias, podem apresentar em sua composição os mais variados tipos de substâncias, das quais muitas são extremamente tóxicas e podem ter efeitos adversos sobre todos os seres vivos, caso as mesmas atinjam qualquer recurso hídrico (Mierzwa, 2002). Graduando Gabriel Braga da Silva Spitzner do Curso de Engenharia do Centro Universitário UNISOCIESC,spitzner10@hotmail.com; Professor orientador: Rogério Araújo do Centro Universitário UNISOCIESC, araujo@unisociesc.com.br;
Joinville – SC, 09 de Novembro de 2021.
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Deste modo, o trabalho busca avaliar a possibilidade da reutilização da água
de descarte de empresas galvânicas, de forma a aproveitar as mesmas no ciclo produtivo através de um estudo de dados obtidos de uma empresa Galvanoplastia da região de Joinville.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste tópico serão abordados assuntos que auxiliarão no desenvolvimento
do projeto e darão embasamento para o estudo a ser realizado.
2.1 REUTILIZAÇÃO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA
Segundo Mierzwa (2002), a nossa legislação, desde a sua implantação, tem
como principal objetivo minimizar os problemas de poluição, causados ao meio ambiente, devido à emissão de efluentes para os corpos receptores. As normas desenvolvidas incorporam o conceito conhecido como “comando e controle”, ou seja, órgãos federais e estaduais estabelecem padrões de qualidade para os recursos hídricos, bem como os padrões para a emissão de efluentes, os quais devem ser seguidos pelas indústrias e demais ramos de atividade, quando aplicáveis, sendo posteriormente feita uma fiscalização para verificar se as regras estabelecidas estão sendo cumpridas. A questão desses efluentes nos induz a uma reflexão sobre os meios atuais de produção e hábitos de consumo, fazendo-se necessária a adoção de novos valores e a reflexão acerca do modo de vida do ser humano. A dimensão ambiental vem sendo incorporada ao processo produtivo das indústrias e à gestão empresarial, inclusive como base para redução de custos e aumentos de lucratividade, por meio de medidas para minimização, reuso e reciclo dos efluentes líquidos gerados pelos diversos processos industriais (SANTOS; MIGUEL, 2002). Para Mierzwa (2002), no reuso de efluentes tratados, uma das principais preocupações é o processo de concentração de contaminantes específicos, que reduz o potencial de reúso e pode comprometer as atividades que empregam essa água. O especialista Giordano (1999) afirma que os processos de tratamento a 3
serem adotados, as suas formas construtivas e os materiais a serem empregados
são considerados a partir dos seguintes fatores: a legislação ambiental regional; o clima; a cultura local; os custos de investimento; os custos operacionais; a quantidade e a qualidade do lodo gerado na estação de tratamento de efluentes industriais; a qualidade do efluente tratado; a segurança operacional relativa aos vazamentos de produtos químicos utilizados ou dos efluentes; explosões; geração de odor; interação com a vizinhança; confiabilidade para atendimento à legislação ambiental; possibilidade de reúso dos efluentes tratados. A resolução do CONAMA nº 430/2011 dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para o lançamento de efluentes em corpos d’água receptores. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta resolução e em outras normas aplicáveis.
2.2 SISTEMAS DE TRATAMENTO CONVENCIONAL DE EFLUENTES
Segundo Valenzuela (2008), durante os processos de revestimentos
metálicos, tem-se a geração de grandes quantidades de efluentes com altas concentrações de compostos ácidos, aditivos, tensoativos, elementos e lamas metálicas, óleos e graxas, advindos sobretudo das seguintes operações: ● Limpeza dos lavadores de gases, após a sua saturação; ● Respingos e derrames, consequentes da transferência das peças entre os tanques; ● Descarga do fundo dos tanques, realizada para renovação completa dos banhos; ● Extravasamento dos tanques de preparação (que quando ocorre, o extravaso é acondicionado inicialmente em sistemas de contenção), lavagem e deposição eletrolítica. Conforme ROSSINI e BERNARDES (2006), os efluentes advindos de tratamentos de superfície contém concentrações de metais, concentrações essas, variando com o tipo de processo utilizado. Dentre os procedimentos utilizados para o tratamento de efluentes que contém metal pesado, destacam-se os processos 4
listados no Quadro 1, onde encontram-se listados suas principais vantagens e
desvantagens.
Quadro 1 - Vantagens e Desvantagens
Tabela 1 - Principais vantagens de desvantagens dos sistemas de tratamento
para remoção de metais pesados Tipo de tratamento Vantagens Desvantagens Baixo custo operacional; Tecnologia simplificada; Geração de lodo galvânico; PRECIPITAÇÃO QUÍMICA considerando eficiente para Custos para destinação do efluentes com elevadas lodo galvânico. concentrações de metais Não gera lodo galvânico; menor Nem toda a resina de troca período de tempo; Eficiência de iônica é adequada para a TROCA IÔNICA remoção de cromo superior a remoção de metais; Elevado 95% custo operacional. Sistema compacto; atinge a Elevado custo operacional; MEMBRANA DE eficiência de 95% para remoção suscetível a entupimento da ULTRAFILTRAÇÃO de cromo. membrana Elevado consumo de energia Atinge a eficiência de 97% para elétrica, devido a alta OSMOSE REVERSA remoção de metais pesados; pressão necessária; capaz de resistir a elevadas suscetível a entupimento da temperaturas membrana.
MEMBRANA Atinge a eficiência de 98% para Elevado consumo de energia
ELETROLÍTICA remoção do cromo elétrica
PRECIPITAÇÃO Eficiência de remoção de cromo Elevado consumo de energia
ELETROQUÍMICA superior a 85% elétrica
Fonte: Adaptado Kurniawan et al (2006)
Para o tratamento de efluentes nas indústrias galvânicas, o processo mais utilizado é a precipitação química de hidróxidos metálicos, sendo que esse método mais comumente implementado, por ser de baixo custo e de fácil utilização, pois utiliza agentes alcalinizantes, sobretudo o hidróxido de cálcio (KURNIAWAN et al., 2006; SILVA et al., 2006). Para reduzir a toxicidade dos efluentes gerados em processos galvânicos, o sistema de tratamento convencional ocorre por meio das etapas de coagulação, floculação e decantação, gerando dessa forma o lodo galvânico (ROSSINI; BERNARDES, 2006). Pivelli (1999) sugere a classificação dos efluentes nas seguintes categorias: 5
● Despejos ácidos isentos de cromo, mas contendo outros metais (cobre,
cádmio, níquel, zinco, etc); ● Despejos ácidos contendo cromo; ● Despejos alcalinos isentos de cianetos; ● Despejos alcalinos contendo cianetos. Efluentes que contém em sua composição cromo e/ ou cianeto necessitam de um pré-tratamento, no qual ocorre a remoção de tais íons. Desse modo, o sistema de tratamento coleta separadamente efluentes alcalinos com e sem cianeto, assim como, coleta separadamente efluentes ácidos com e sem cromo. Sendo essas coletas realizadas separadamente, por motivos de segurança, pois podem ocorrer reações indesejadas e com grau de periculosidade. Na existência de efluentes alcalinos que contenham cianeto, e ao serem misturados com efluentes ácidos, podem fazer com que ocorra a produção de cianeto de hidrogênio (HCN – gás cianídrico), o qual em condições ambientes é altamente tóxico. De modo a diminuir o grau de toxicidade do efluente contendo cianeto, de forma geral, é realizado tratamento à base de hipoclorito de sódio. Como consequência, esse tratamento pode gerar compostos intermediários de grande periculosidade, onde o cloro existente no efluente residual, pode proporcionar riscos ambientais. Motivo esse que mostra a importância do tratamento e gerenciamento correto do resíduo gerado. Com relação a redução do cromo hexavalente em forma de cromo trivalente, é necessário a utilização de redutores e pH inferior a 3 (PONTE, 2002; BRAILE; CAVALCANTI, 1993). Seguindo os conceitos de Scarazzato et al (2017), alguns fatores têm contribuído para o desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas ao tratamento de efluentes da galvanoplastia. Esses fatores incluem maiores restrições de leis ambientais, as questões 33 econômicas relacionadas ao desperdício de materiais e a necessidade de reutilizar a água devido a ameaças globais de escassez. Nas últimas décadas, os processos de separação por membrana foram modificados e melhorados para o seu uso no tratamento de diferentes efluentes.
2.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
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Segundo a NBR 10004/2004, resíduos sólidos são classificados como
resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, comercial, agrícola, serviços de varrição e hospitalar, logo conclui-se que os resíduos hospitalares são classificados como resíduos sólidos. Estes têm uma tratativa específica e demandam ser gerenciados Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT: Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, de serviços de saúde, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também resíduos sólidos os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpo d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível - (ABNT, 1987).
O gerenciamento de resíduos nas empresas galvânicas deve seguir as
classificações e recomendações da NBR 10.004/2004. Por meio da classificação é possível realizar a separação, a qual envolve a identificação da atividade ou processo ao qual originou tal resíduo, de modo a obter as características e constituintes desses resíduos, os quais podem gerar danos à saúde e ao meio ambiente. A resolução CONAMA 275/01 foi criada buscando incentivar, expandir e facilitar a reciclagem de resíduos, de forma a reduzir o consumo de recursos não renováveis, consumo de matéria-prima, água e energia (OLIVEIRA et al, 2007).
3 METODOLOGIA
Neste tópico está descrito como foi desenvolvido o trabalho, o ambiente de
pesquisa e a metodologia adotada.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Este trabalho está definido como bibliográfico e exploratório. Bibliográfico por
se tratar de uma revisão de conceitos científicos e exploratórios pois foram levantados dados para a reutilização de efluentes da indústria de tratamento de superfícies através do método convencional. A verificação das informações que foram relatadas nos capítulos três e 7
quatro, teve como base todo o conceito teórico e as práticas laboratoriais.
3.2 AMBIENTE DA PESQUISA
Para integrar o estudo em relação a reaproveitamento de efluentes, foi
realizado a prática do mesmo em uma empresa de Galvanoplastia responsável pela pintura a pó e galvanização. A prática consiste em três visitas, para concluir todo o desenvolvimento proposto pelo trabalho. A empresa citada fica localizada na Rua Bento Torquato da Rocha, 435 no Bairro Vila Nova, na cidade de Joinville/SC.
3.3 FLUXOGRAMA
O fluxograma apresentado na Figura 1, ilustra todas as etapas e
procedimentos necessários para desenvolver toda a pesquisa proposta, da concepção até a finalização do mesmo. Figura 1 – Fluxograma da pesquisa
Fonte: O autor (2021)
A Figura 1 mostra todas as etapas do trabalho de forma sucinta. Portanto iniciamos com uma breve introdução da qual vai abordar o que se pretende e os objetivos do mesmo, seguido do referencial teórico que descreve os conceitos em 8
relação ao tema com base em autores renomados cientificamente.
Foram realizadas visitas a indústria de Galvanoplastia, onde foram coletados os efluentes e levados até o laboratório da empresa onde iniciou todo o processo de tratamento e análises antes do procedimento, inicia-se então o pré tratamento, onde os cátions e ânions dissociados no efluente são captados pela resina, e após todo o processo de tratamento e análises, foi desenvolvido um relatório de pós e um comparativo no final. Após todo o experimento realizado, foi possível avaliar alguns aspectos desses efluentes reutilizados, como cor, pH, turbidez, chegando aos resultados esperados do qual foi possível desenvolver laudos pré e pós experimento, analisar a viabilidade econômica e ambiental e por fim avaliar o custo benefício da implementação de algum processo que permita o reuso da água de descarte.
3.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Na mesma empresa da qual foi realizada a coleta de amostra de efluente,
foram realizados alguns procedimentos experimentais. Do qual o de maior enfâse foi o ensaio de água de reuso classe 2, do qual lava os agregados, prepara o concreto, avalia a compactação do solo e o controle da poeira. Figura 2: Ensaios realizados 9
Fonte: O autor (2021)
A Figura 2 relata o ensaio de água de reuso classe 2, do qual podemos verificar que constam vários equipamentos, um ao lado do outro, medindo Ph, turbidez, e similares.
Foi realizado ensiaos de campos, para completar a pesquisa, para se obter
um resultado mais preciso e detalhado, o Quadro 1 mostra detalhadamente cada tipo de ensaio realizado em campo, o equipamento utilizado e uma breve descrição do método.
Quadro 1 – Ensaios em campo
ANÁLISE EQUIPAMENTO DESCRIÇÃO/MÉTODO 1 pH Phmetro Através de eletrodos de vidro, para qualquer amostra de água. Comparam o espalhamento de um feixe de luz ao passar pela 2 Turbidez Turbidímetro amostra com um feixe de igual intensidade ao passar por uma suspensão (amostra) padrão. A análise é realizada sob as concentrações iônicas. A condutividade elétrica do efluente varia com a concentração 3 Condutividade Condutivímetro de íons presentes. Portanto, a medida da condutividade pode ser associada à concentração iônica. Qualidade da água para consumo humano, estabelece seu 4 Cor Colorímetro padrão de potabilidade e dá outras providências. Métodos sugeridos para a determinação do íon fluoreto em água, o eletrodo e os métodos colorimétricos são os mais utilizados. Como os dois métodos estão sujeitos a erros devido a íons interferentes, pode ser necessário destilar a 5 Fluoretos Colorímetro amostra conforme instruído em 4500-F. B antes de fazer a determinação. Quando os íons interferentes não estão presentes além da tolerância do método, a determinação de flúor pode ser feita diretamente sem destilação. Fonte: O autor (2021)
3.4.1 Análise da água no processo
Após todos os procedimentos realizados, foi montado uma análise, ou seja,
um comparativo da água utilizada na indústria com a água pós-tratamento, assim analisando suas diferenças, para verificar se realmente é válida a implantação deste método de reutilização. Os resultados de todo o processo do tratamento dos efluentes foram relatados em forma de laudos. O primeiro laudo trata-se das condições do efluente pré coleta, antes mesmo de iniciar os tratamentos, para verificação de seus aspectos e similaridades, o segundo laudo relata todos os aspectos após todos os procedimentos de tratamento realizados. 10
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo mostra em detalhes todos os resultados obtidos na pesquisa, ou
seja, relata de forma clara o quais os indices que se obteu antes do tratamento da água e após o ensiao de água de reuso classe 2.
O laudo esta em fase de elaboração
REFERÊNCIAS
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13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Diário Oficial da União: nº 92, de 16/05/2011, p. 89. Online. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 04 maio. 2021.
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