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DIREITO PENAL

O Direito Penal é o ramo do Direito Público composto por um conjunto de normas jurídicas que
qualificam e tipificam certas condutas humanas, consideradas reprováveis e capazes de colocar em
risco a convivência em sociedade, como crime. Estabelece, também, as sanções (penas) que serão
cominadas aos agentes infratores, respeitando sempre os princípios constitucionais.

As normas penais podem ser:

1. Incriminadoras: que descrevem condutas puníveis e impõe as respectivas sanções.


2. Permissivas: são as que determinam a licitude ou a impunidade de certas condutas, embora
estas sejam típicas em face das normas incriminadoras.
3. Complementares ou explicativas: são as que esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam
o âmbito de sua aplicação.

São princípios do Direito Penal:

1. Legalidade: uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes de sua prática não
havia lei formal nesse sentido. O princípio da legalidade se divide em “reserva legal”
(necessidade de lei formal), e “anterioridade” (necessidade que a lei seja anterior ao fato
criminoso). A lei penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu. Somente lei formal
pode criar condutas criminosas e cominar penas. Obs.: Medida Provisória pode
descriminalizar condutas e tratar de temas favoráveis ao réu.
2. Individualização da pena: ocorre em três esferas: Legislativa (cominação de punições
proporcionais à gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas mínimas e
máximas); Judicial (análise, pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos antecedentes
do réu, etc.); Administrativa (fase de execução penal, oportunidade na qual serão analisadas
questões como progressão de regime, livramento condicional, entre outras).
3. Intranscendência da pena: ninguém pode ser processado e punido por fato criminoso
praticado por outra pessoa. Isso não impede que os sucessores do condenado falecido sejam
obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato.
4. Limitação das penas: determinadas espécies de sanção penal são vedadas. São elas: pena de
morte (exceto em caso de guerra declarada); pena de caráter perpétuo; pena de trabalhos
forçados; pena de banimento; penas cruéis. Obs.: Trata-se de cláusulas pétreas.
5. Presunção de inocência: ninguém pode ser considerado culpado se, ainda, não há sentença
penal condenatória transitada em julgado. Desse princípio decorre que o ônus da prova cabe
ao acusador. Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado, não
podem ser considerados maus antecedentes. Não se exige sentença transitada em julgado
(pelo novo crime) para que o condenado sofra regressão de regime, nem para que haja
revogação da suspensão condicional do processo. Obs.: O STF decidiu, recentemente, que o
cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenação em segunda instância por um
órgão colegiado (TJ, TRF, etc.).

Outros princípios: alteridade (deve causar lesão a um bem jurídico de terceiro); ofensividade
(necessário que ofenda, de maneira grave, o bem jurídico protegido); adequação social (deverá
afrontar o sentimento social); subsidiariedade (o Direito Penal não deve ser usado a todo o
momento, exceto quando os demais ramos do Direito se mostrarem insuficientes, ultima ratio);
intervenção mínima (só deve ocorrer quando se caracterizar como meio, absolutamente, necessário
à proteção de bens jurídicos ou à defesa de interesses indispensáveis da sociedade); ne bis in idem
(ninguém pode ser punido duplamente pelo mesmo fato); proporcionalidade (as penas devem ser
aplicadas de maneira proporcional à gravidade do fato); insignificância ou bagatela (as condutas que
não ofendam significativamente os bens jurídico-penais tutelados não podem ser consideradas
crimes).

Lei Penal no Tempo: o CPB adota a Teoria da Atividade, a qual considera praticado o delito no
momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do resultado. Nesse caso,
a lei é aplicada aos fatos praticados durante sua vigência. A lei penal não retroage, salvo para
beneficiar o réu. Dessa forma, a extra-atividade da lei penal benéfica, pode ocorrer de duas formas:
retroatividade da lei penal benéfica (lei nova mais benéfica retroage, de forma que será aplicada aos
fatos criminosos praticados antes de sua entrada em vigor), e ultra-atividade da Lei penal benéfica (a
lei mais benéfica, quando revogada, continua a reger os fatos praticados durante sua vigência). Nos
crimes continuados e permanentes: consideram-se como sendo praticados enquanto não cessa a
continuidade ou permanência, como consequência, se neste período (em que o crime está sendo
praticado) sobrevier lei nova, mais grave, ela será aplicada.

Abolitio criminis: lei nova passa a não mais considerar a conduta como criminosa (descriminalização
da conduta). Em decorrência, cessarão a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Leis excepcionais e temporárias: são ultrativas, ou seja, continuam a reger os fatos praticados
durante sua vigência, mesmo depois de expirado o prazo de vigência, ou mesmo após o fim das
circunstâncias que determinaram a edição da lei.

Lei Penal no Espaço: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional.
Extraterritorialidade: consiste na aplicação da lei penal brasileira a um crime praticado fora do
território nacional. Modalidades:

1. Extraterritorialidade incondicionada: aplica-se aos crimes cometidos contra a vida ou a


liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio ou a fé pública da União, Estados,
Municípios, e de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público; contra a administração pública, por quem está ao seu serviço;
genocídio;
2. Extraterritorialidade condicionada: aplica-se aos crimes, que por tratado ou convenção, o
Brasil se obrigou a reprimir; praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras;
3. Extraterritorialidade hiper-condicionada: crime cometido por estrangeiro contra brasileiro,
fora do Brasil.

Lugar do crime: o CPB adota a teoria da ubiquidade, a qual considera praticado o crime no lugar em
que ocorreu a conduta (ação ou omissão), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado. O território marítimo e aéreo do nosso país se estende em 12 milhas. A zona econômica se
estende até 200 milhas, em caso de mar aberto ou espaço aéreo subjacente, prevalece, para fins de
aplicação da lei penal, a legislação da bandeira ostentada (Lei do Pavilhão). As aeronaves e
embarcações públicas, brasileira ou estrangeira, aplica-se a lei do pais de origem, por força de
tratados internacionais. A sede das embaixadas faz parte do território nacional, e não mais uma
extensão do território estrangeiro, salvo a incidência de convenção, tratado ou regra de direito
internacional. Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes: contra a
vida ou liberdade do presidente da república; contra o patrimônio, administração ou a fé pública,
bem como de seus agentes; de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no brasil; os
crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; praticados por brasileiros;
praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras de propriedade privada; A pena cumprida no
estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime.

Imunidades: são regras específicas de (não) aplicação da lei penal a determinadas pessoas, em
determinadas circunstâncias. Tipos de imunidades:
1. Imunidades diplomáticas: se baseiam no princípio da reciprocidade. Conferidas em razão do
cargo, não da pessoa. Previstas na Convenção de Viena, incorporada ao nosso ordenamento
jurídico. Obs.: com relação aos cônsules, a imunidade só é conferida aos atos praticados em
razão do ofício.
2. Imunidades parlamentares: prerrogativas dos parlamentares, garantias conferidas para que
possam desempenhar suas funções de forma livre. Possui duas espécies:
1.1. Imunidade material: Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Obs.: a imunidade material dos
vereadores só abrange os atos praticados na circunscrição do município.
1.2. Imunidade formal: relacionada às questões processuais. São duas espécies:
1.2.1. Imunidade formal para a prisão: desde a expedição do diploma, os
membros do Congresso não poderão ser presos, salvo em flagrante de
crime inafiançável. Os autos da prisão deverão ser remetidos à Casa
respectiva (Senado ou Câmara), dentro de 24h, que pelo voto da maioria
de seus membros, deverá resolver sobre a prisão.
1.2.2. Imunidade formal para o processo: possibilidade da Casa respectiva
(Senado ou Câmara) sustar o andamento de ação penal contra um de
seus membros (Senadores ou Deputados), relativo a crime praticado
após a diplomação.

Infração Penal: é a conduta praticada por pessoa humana, que ofende um bem jurídico penalmente
tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena. Espécies de infrações penais:

1. Crime: infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção (conceito formal). É
todo fato típico, ilícito e culpável (conceito analítico). Características: admite tentativa;
tempo máximo de cumprimento de pena é de 30 anos; aplica-se a hipótese de
extraterritorialidade (aplicação das leis brasileiras aos crimes cometidos no exterior).
2. Contravenção: infração penal a que a lei comina pena de prisão simples ou de multa.
Características: não admite tentativa; a prática de contravenção no exterior não gera efeitos
penais, inclusive para reincidência; tempo máximo de cumprimento de pena é de 5 anos; não
se aplica a hipótese de extraterritorialidade.

O fato típico se divide em:

1. Conduta: ação praticada de forma voluntária e consciente (vontade), podendo ser: positiva
(ação) ou negativa (omissão). O CPB adotou a teoria finalista da ação, a qual não existindo
dolo ou culpa na conduta humana, o fato é atípico;
2. Resultado: pode ser naturalístico (é a modificação do mundo exterior provocado pela
conduta do agente), ou jurídico (se dá com a lesão ou perigo de lesão a um bem tutelado,
incapaz de promover mudança no mundo exterior, p.ex. ameaça). Embora, para que haja
crime é necessário que o resultado seja previsto em lei;
3. Nexo de causalidade: vínculo entre a conduta do agente e o resultado;
4. Tipicidade: é a adequação da conduta do agente ao texto normativo. Só haverá tipicidade se
houver lesão significativa à bem jurídico relevante, afasta-se pelo princípio da insignificância,
por exemplo;
Superveniência causal: se, relativamente independente, exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou; junto a
conduta do sujeito podem ocorrer outras condutas, condições ou circunstâncias que interfiram no
processo causal (causa); a causa pode ser preexistente, concomitante ou superveniente, relativa ou
absolutamente independente do comportamento do agente.
Etapas do crime (iter criminis): fase interna (cogitação) e fase externa (atos preparatórios, atos
executórios e consumação). São elas:
1. Cogitação: momento em que o agente pensa sobre a possibilidade da ação pretendida, que
culminará no resultado desejado.
2. Atos preparatórios: o agente reúne meios necessários para a prática da ação cogitada.
3. Atos executórios: etapa em que o agente põe em prática as ações que foram pensadas e
preparadas. Para o CPB, só há crime a partir da fase de execução. Logo, a cogitação e os atos
preparatórios não são puníveis criminalmente.
4. Consumação: instante em que o agente atinge seus objetivos, obtendo êxito na sua conduta.
Ilicitude (antijuridicidade): é a condição de contrariedade da conduta perante o Direito, afastada a
ilicitude, não há crime. Em regra, toda conduta típica é ilícita. Exceto se houver causa de exclusão da
ilicitude, as quais são:
1. Estado de necessidade: quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Obs.: não pode alegar estado de necessidade
quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo, podendo, nesse caso, a pena ser reduzida de
um a dois terços.
2. Legitima defesa: quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Cabe ressaltar que, nesses casos, o
excesso é punível.
3. Estrito cumprimento do dever legal: ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz em
cumprimento a um dever previsto em lei. Se um terceiro colabora com aquele que age no
estrito cumprimento do dever legal, a ele também se estende essa causa de exclusão da
ilicitude.
4. Exercício regular de direito: ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz no
exercício de um direito seu. Dessa forma, o agente não cometerá crime. Ex.: lutador de vale-
tudo que agride o oponente.
5. Coação Irresistível e Obediência Hierárquica: pune-se apenas o autor da coação irresistível (o
constrangimento sobre grave ameaça), ou o autor da ordem ditada (ordem oriunda de
subordinação de cunho administrativo).

Culpabilidade é o juízo de reprovação de determinada conduta, não bastando que o agente pratique
uma conduta típica e ilícita, também é necessário que seu comportamento seja reprovável.
Elementos da culpabilidade:

1. Imputabilidade: trata-se da capacidade biopsicológica de compreensão da ilicitude penal, e


determinar essa conduta conforme essa compreensão (menoridade penal, doença mental,
retardamento, imaturidade do desenvolvimento mental, embriaguez decorrente de caso
fortuito ou força maior). Nesse caso, a pena pode ser reduzida (caso o agente tenha
discernimento parcial em relação a conduta), ou substituída por medida de segurança.
2. Potencial consciência sobre a ilicitude do fato: o desconhecimento da lei é inescusável,
contudo, se o agente agiu com erro de proibição, se inevitável, isenta de pena, se evitável
poderá diminuí-la.
3. Exigibilidade de conduta diversa: somente deverão ser punidos comportamentos que
poderiam ser evitados. Exemplo: estado de necessidade; coação moral irresistível (a coação
física irresistível exclui o fato típico, por ausência de vontade); obediência hierárquica
(prevalece que só se aplica aos funcionários públicos).

Crime consumado: ocorre quando todos os elementos da definição legal da conduta criminosa estão
presentes. O agente percorreu todas as etapas do iter criminis.
Classificação dos crimes:

1. Quanto ao sujeito ativo


1.1. Crime comum: é aquele que não exige nenhuma qualidade específica do sujeito
ativo para sua prática, p.ex.: homicídio.
1.2. Crime próprio: é aquele que exige determinada qualidade do sujeito ativo para
sua prática. A doutrina admite a autoria mediata, a coautoria e a participação
nos crimes próprios, p.ex.: peculato.
1.3. Crime de mão própria: é aquele que somente pode ser praticado pela própria
pessoa, por si mesma, p.ex.: falso testemunho e a falsa perícia.
2. Quanto à necessidade de resultado naturalístico para sua c onsumação
2.1. Crime material (crime de resultado): se caracteriza pela produção de um resultado
naturalístico (que modifique o mundo exterior), caso contrário, tem-se apenas uma
tentativa, p.ex.: crime de dano.
2.2. Crime formal: têm sua consumação independe da existência de um resultado, ainda
que este venha a acontecer, p.ex.: ameaça.
2.3. Crime de mera conduta: são aqueles que não produzem um resultado concreto,
por isso não se pune o resultado, mas sim a conduta, p.ex.: porte ilegal de arma.
3. Quanto à necessidade de lesão ao bem jurídico para sua consumação
3.1. Crime de dano: é aquele em que se exige, para sua configuração, a efetiva
ocorrência de lesão ou de dano ao bem jurídico protegido pela norma penal,
p.ex.: o crime de dano.
3.2. Crime de perigo: é aquele que, para que se considere consumado, exige apenas
que o bem seja exposto a perigo, p.ex.: omissão de socorro.
4. Quanto à forma da conduta
4.1. Crime comissivo: é aquele que é praticado por um comportamento positivo do
agente, isto é, um fazer.
4.2. Crime omissivo: é aquele que é praticado por meio de um comportamento
negativo, uma abstenção, um não fazer. Obs.: omissivos por comissão: trata -se
de crime em que há uma ação de outrem, que provoca a omissão.
5. Quanto ao tempo da consumação
5.1. Crime instantâneo: é aquele que se consuma imediatamente, em um instante
definido, p. ex.: furto.
5.2. Crime permanente: é aquele cuja consumação se prolonga no tempo, p.ex.:
extorsão mediante sequestro.
6. Quanto à unicidade ou não do tipo penal
6.1. Crime simples: é aquele que é formado por um único tipo penal, não resultando
da reunião de outros tipos, p.ex.: furto.
6.2. Crime complexo: é aquele cujo tipo é resultante da junção ou fusão de outros
tipos penais, p.ex.: latrocínio (furto + homicídio).
7. Quanto à dependência de outro crime para existir
7.1. Crime principal: é aquele que existe independentemente da ocorrência de outro
delito, p.ex.: homicídio.
7.2. Crime acessório: é aquele cuja ocorrência depende de um crime anterior, p.ex.:
receptação.
8. Quanto à forma de utilização do princípio da consunção
8.1. Crime progressivo: é aquele em que o agente, para atingir o seu objetivo,
precisa praticar um crime menos grave que é o caminho para a prática de outro,
p.ex.: o caso do homicida que se utiliza de uma faca para a execução do crime
(primeiro pratica várias lesões corporais para se atingir o homicídio; responde
apenas por homicídio, no qual o crime mais grave deve absorver o menos grave
/ crime-fim absorver o crime-meio.
8.2. Progressão criminosa: é aquele em que há modificação do elemento subjetivo
do agente, que passa pela realização de dois ou mais tipos penais, ocorrendo a
absorção pelo crime-fim. É o caso do sujeito que vai até a casa da ex-namorada
para lhe dar uns socos e, lá chegando, resolve matá-la. Nesse caso, há uma
modificação do dolo, no qual o crime de homicídio absorve o crime-meio, o de
lesões corporais.
9. Quanto ao número de atos exigidos para sua consumação
9.1. Crime unissubsistente: é aquele que se realiza com um único ato, como a injúria.
9.2. Crime plurissubsistente: é aquele cuja prática exige mais de uma conduta para
sua configuração, no qual a conduta do agente pode ser fracionada,
possibilitando a interrupção da execução, p.ex.: estelionato.
10. Quanto à necessidade de mais de um sujeito ativo
10.1. Crime unissubjetivo ou de concurso eventual: é aquele que pode ser
praticado por apenas um indivíduo, p.ex.: furto.
10.2. Crime plurissubjetivo ou de concurso necessário: é aquele cuja realização
típica exige mais de um agente, p.ex.: associação criminosa, rixa, etc.
11. Quanto ao lugar
11.1. Crime à distância ou de espaço máximo: é a infração penal cujo iter
criminis abrange mais de um país. Ou seja, é aquela infração penal que, em seu
desenvolvimento, percorre mais de um território soberano.
11.2. Crime plurilocal: é aquele que percorre, em sua prática, mais de um
lugar, mas dentro do mesmo território soberano.

Crime tentado: se dá quando o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente.
O CPB adota a teoria objetiva da punibilidade da tentativa, na qual o agente responde pela pena do
crime consumado, diminuída de um a dois terços. Tratando-se de crime omissivo é incompossível a
figura da tentativa. Divide-se em:

Tentativa Perfeita: acontece quando o agente exaure toda a sua potencialidade lesiva e o crime não
acontece por circunstâncias alheias a sua vontade.

Tentativa Imperfeita: acontece quando o agente não exaure toda a sua potencialidade lesiva e o
crime não acontece por circunstâncias alheias a sua vontade. Tentativa Cruenta ou Tentativa
Vermelha: Acontece quando o atinge o alvo (acerta o alvo). Tentativa Incruenta ou Tentativa Branca:
Acontece quando NÃO o atinge o alvo ( NÃO acerta o alvo). Inexiste a figura da tentativa nos casos
de contravenções penais.

Interpretação da norma penal: o intérprete é o mediador entre o texto da lei e a realidade, consiste
em extrair o significado e a extensão da norma em relação à realidade; é uma operação lógico-
jurídica, que se dirige a descobrir a vontade da lei, a fim de aplicá-las aos casos concretos da vida
real. Princípios para a solução dos conflitos aparentes de normas:

1. Especialidade: determina que a lei especial derroga a geral. Considera se lei especial aquela
que contém todos os requisitos da lei geral e mais alguns chamados especializantes;
2. Subsidiariedade: se dá quando de uma ação ou omissão caracteriza-se dois ou mais tipos
penais, sendo que, a norma mais ampla, mais gravosa, denominada norma principal,
afastará a aplicação da norma subsidiária (menos grave);
3. Consunção (absorção): ocorre quando um fato definido por uma norma incriminadora é
meio necessário ou fase de preparação ou execução de outro crime;

Sujeito ativo: é a pessoa que, de alguma forma, participa do crime (autor ou como partícipe). Obs.:
Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de crimes ambientais.

Sujeito passivo: é quem sofre a ofensa causada pela infração penal (vítima). Pode ser de duas
espécies: sujeito passivo mediato ou formal (é o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a
ordem pública e punir aqueles que cometem crimes); e sujeito passivo imediato ou material (é o
titular do bem jurídico lesado). Obs.: animais e os mortos não podem ser sujeitos passivos (pois não
são sujeitos de direitos); no crime de maus-tratos aos animais e vilipêndio ao cadáver, o sujeito
passivo é a coletividade.

Dolo: é a vontade consciente de realizar a conduta típica. O dolo pode ser:

1. Direto: quando o agente deseja obter a produção de um resultado típico, realizando todos os
meios necessários para alcança-lo;
2. Indireto: o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-
lo. Subdivide-se em:
2.1. Alternativo: o agente prevê mais de um resultado, e não se importa em produzir este
ou aquele (quer produzir qualquer um resultado).
2.2. Eventual: o agente prevê o resultado, não quer que ele ocorra, apesar disso, não se
importa, assumindo o risco de produzi-lo (prevê + assume o risco = FODA-SE).

Crime culposo: é uma conduta voluntária que resulta em um fato ilícito, não querido pelo agente,
mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente), e que
podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Só haverá punição a título de culpa,
caso haja previsão legal. Pode se dar por:

1. Negligência: quando o agente deixa de tomar todas as cautelas necessárias para que sua
conduta não venha a ocorrer (omissão).
2. Imprudência: o caso do afoito, daquele que pratica atos temerários, que não combinam com
a prudência que se deve ter na vida em sociedade (ação).
3. Imperícia: decorre do desconhecimento de uma regra técnica profissional para a prática da
conduta.

Modalidades de culpa:

1. Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas acredita que não irá acontecer (prevê +
acredita que pode evitar = FODEU).
2. Culpa inconsciente: o agente não prevê que tal resultado possa acontecer, apesar de ser algo
previsível.
3. Culpa própria: é aquela na qual o agente não quer o resultado.
4. Culpa imprópria: o agente quer o resultado, mas, por erro inescusável, acredita que o está
fazendo amparado por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. Obs.: crime
preterdoloso: ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo),
acaba por praticar crime mais grave, não com dolo, mas por culpa.

Crime impossível: o resultado não ocorre por ser absolutamente impossível sua ocorrência, em razão
da impropriedade do objeto, ou da absoluta ineficácia do meio. A conduta do agente não é punível.
Desistência voluntária: o agente, por ato voluntário, desiste de dar sequência aos atos executórios,
mesmo podendo fazê-lo. O agente não responde pela tentativa, apenas, pelos atos já praticados.

Arrependimento eficaz: aqui o agente já praticou todos os atos executórios que queria e podia, mas,
após isso, se arrepende, e impede que o resultado se produza. Nesse caso, o agente não responde
pela tentativa, apenas pelos atos efetivamente praticados.

Arrependimento posterior: ocorre quando o agente repara o dano provocado ou restitui a coisa.
Causa de diminuição da pena, de um a dois terços. Só cabe nos crimes em que não há violência ou
grave ameaça à pessoa e se a reparação do dano ou restituição da coisa é anterior ao recebimento
da denúncia ou queixa.

Descriminante Putativa se dá quando o sujeito, levado a erro pelas circunstâncias do caso


concreto, supõe agir em face de uma causa excludente de ilicitude.

Erro de proibição: ocorre nos casos em que o sujeito não compreende a ilicitude de sua ação,
representada pela falta de consciência ou, ainda, enxerga a conduta como permitida (falsa
percepção da realidade). Entretanto, ninguém pode se eximir de pena em razão da ignorância da
lei.

Erro de tipo: se dá quando o indivíduo não tem plena consciência do que está fazendo; imagina
estar praticando uma conduta lícita, quando na verdade, está a praticar um ilícito, ou seja, o
agente age, atua ou opera com a falsa percepção da realidade. Divide -se em:

1. Essencial: aquele que recai sobre o elemento principal do tipo penal. Classifica -se em:
1.1. Vencível/evitável: quando o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui
o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Ex.: um
caçador que, ao ver um vulto e o balançar no arbusto, atira para matar um animal,
porém acaba por matar outro caçador (homicídio culposo).
1.2. Invencível/inevitável: ocorre quando o agente não poderia conhecer a presença
do elemento do tipo. Qualquer pessoa, nas mesmas condições, cometeria o
mesmo erro, o qual exclui tanto o dolo quanto a culpa.
2. Acidental: nada mais é que um erro na execução do fato criminoso ou um desvio no nexo
causal da conduta com o resultado. Possui várias espécies:
2.1. Erro sobre o objeto (error in objecto): o agente incide em erro sobre a coisa visada,
sobre o objeto material do delito. O agente responde pela conduta praticada
(independentemente da coisa visada). Entretanto, se porta talco, pensando ser
cocaína, não comete crime algum.
2.2. Erro sobre a pessoa (error in persona): o agente pratica perfeitamente o ato, porém
contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com seu alvo. O agente
responde como se tivesse praticado o crime contra a pessoa visada.
2.3. Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): o agente alcança o resultado
pretendido, mas em razão de um nexo causal diferente daquele que o agente
planejou. Pode ser de duas espécies:
2.3.1. Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: com um só ato, provoca
o resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). Responde
por crime único doloso consumado.
2.3.2. Dolo geral: ocorre quando o agente, acreditando já ter ocorrido o
resultado pretendido, pratica outro ato, mas ao final verifica que
este último foi o que provocou o resultado. Responde por apenas
pelo crime originalmente previsto.
2.4. Erro na execução (aberratio ictus): o agente atinge pessoa diversa daquela que fora
visada, não por confundi-la, mas por errar na hora da execução. Pode ser de duas
espécies:
2.4.1. Erro sobre a execução com unidade simples (resultado único ou em
sentido estrito): o agente atinge somente a pessoa diversa daquela
visada.
2.4.2. Erro sobre a execução com unidade complexa (resultado duplo ou
em sentido amplo): o agente atinge a vítima não visada, mas atinge
também a vítima originalmente pretendida. Nesse caso, responde
pelos dois crimes, em concurso formal.
2.5. Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio
criminis): o agente quer atingir determinado bem jurídico, mas atinge outro, por
erro ou falha na execução. Pode ser de duas espécies:
2.5.1. Com unidade simples: o agente atinge apenas o resultado não
pretendido. Assim, respondendo apenas por um delito.
2.5.2. Com unidade complexa: o agente atinge tanto o alvo (coisa ou
pessoa) quanto à coisa (ou pessoa) não pretendida. Responde por
ambos os crimes, em concurso formal.
2.6. Erro determinado por terceiro: o agente erra porque alguém o induz a isso. Só
responde pelo delito aquele que provoca o erro (modalidade de autoria mediata).

Concurso de pessoas: verifica-se quando duas ou mais pessoas se reúnem, de forma consciente e
voluntária, concorrendo ou colaborando para o cometimento de uma infração penal. É necessário
que a colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou, pelo menos, tenha havido adesão
de um à conduta do outro. O CPB adota a Teoria Monista, na qual todos aqueles que participam da
conduta delituosa respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua culpabilidade. Há
exceções à teoria monista (Ex.: aborto praticado por terceiro, com consentimento da gestante. A
gestante responde pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124). Espécies:

1. Eventual: o tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais de uma pessoa.
2. Necessário: o tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-
se em:
2.1. Condutas paralelas: os agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma
finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP);
2.2. Condutas convergentes: os agentes praticam condutas que se encontram e
produzem, juntas, o resultado pretendido (ex.: bigamia);
2.3. Condutas contrapostas: os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex.
crime de rixa);

Autoria: o CPB adota a teoria restritiva, segundo a qual:

1. Autor: é aquele que pratica o verbo, faz a ação, praticando elementos do tipo.
2. Coautor: é aquele que pratica parte do tipo, ou seja, ele presta uma ajuda essencial,
dividindo tarefas para a execução do crime.
3. Partícipe: é aquele que contribui de qualquer outro modo, sem realizar elementos do tipo.

No entanto, a doutrina majoritária tem adotado cada vez mais a teoria do domínio do fato, que
surgiu para diferenciar com clareza o autor do executor do crime. Para essa concepção, autor é quem
controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação
e demais condições. Partícipe, por sua vez, será aquele que, embora colabore dolosamente para o
alcance do resultado, não exerça domínio sobre a ação majoritária, entendendo não ser cabível
coautoria em crimes culposos.
Teoria do domínio do fato: para esta teoria, o autor do fato seria aquele que tem poder de decisão
sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por:

1. Domínio da ação: o agente realiza diretamente a conduta prevista no tipo penal


2. Domínio da vontade: o agente não realiza a conduta diretamente, mas é o “senhor do
crime”, controlando a vontade do executor, que é um mero instrumento do delito.
3. Domínio funcional do fato: o agente desempenha uma função essencial e indispensável ao
sucesso da empreitada criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um
uma parcela significativa, essencial e imprescindível.

Espécies de participação:

1. Moral: o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga ou induz alguém a
praticá-lo;
2. Material: é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a
prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc.

O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal, concurso material e crime
continuado. Há, também, três sistemas de aplicação da pena:

1. Sistema do cúmulo material: é aplicada a pena correspondente ao somatório das penas


relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente.
2. Sistema da exasperação: aplica-se ao agente somente a pena da infração penal mais grave,
acrescida de determinado percentual.
3. Sistema da absorção: aplica-se somente a pena da infração penal mais grave, dentre todas as
praticadas, sem que haja qualquer aumento.

Concurso material: o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Aplica-
se a pena no sistema do cúmulo material (somam-se as penas). Espécies:

1. Homogêneo: quando todos os crimes praticados são idênticos;


2. Heterogêneo: quando os crimes praticados são diferentes;

Concurso formal: o agente pratica uma só conduta e produz dois ou mais resultados. Aplica-se a pena
no sistema da exasperação (pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 até a metade). Espécies:

1. Homogêneo: quando todos os crimes praticados são idênticos;


2. Heterogêneo: quando os crimes praticados são diferentes;
3. Perfeito (próprio): o agente pratica uma única conduta e acaba por produzir dois resultados,
embora não pretendesse realizar ambos, ou seja, não há desígnios autônomos (intenção de,
com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um crime);
4. Imperfeito (impróprio): o agente se vale de uma única conduta para, dolosamente, produzir
mais de um crime; Exceção: nesse caso, aplica-se o sistema do cúmulo material benéfico
(quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu);

Crime continuado: o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por
determinadas condições são considerados pela lei como crime único. Obs.: em relação à prescrição
não há ficção jurídica, de maneira que as condutas serão consideradas autonomamente (a prescrição
incidirá sobre cada crime individualmente). Requisitos: pluralidade de condutas; pluralidade de
crimes da mesma espécie (devem tutelar o mesmo bem jurídico); condições semelhantes de tempo,
lugar, modus operandi. Aplica-se o sistema da exasperação, da seguinte forma:
1. Crime continuado simples: todos os crimes possuem a mesma pena. Nesse caso, aplica-se a
pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3;
2. Crime continuado qualificado: as penas dos delitos praticados são diferentes, de modo que
se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3;
3. Crime continuado específico: ocorre nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes. O Juiz poderá aplicar a pena de um deles (ou a
mais grave, se diversas), aumentada até o triplo.

Obs.: Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o sistema da
exasperação se mostrar mais gravoso deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material. Crime
continuado e conflito de leis penais no tempo, ou seja, se durante a execução do crime continuado
sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta última será aplicada, pois se considera que o crime
continuado está sendo praticado enquanto não cessa a continuidade delitiva. Crime continuado e
prescrição: por haver mera ficção jurídica apenas para fins de aplicação da pena, a prescrição é
calculada em relação a cada crime isoladamente.

Pena é a privação total ou parcial de um bem jurídico, imposta pelo Estado, por meio de ação penal
restaurando a ordem pública e evitando a reincidência. A pena orienta-se pelos seguintes princípios:
necessidade; retribuição; aflição e prevenção. Espécies de penas:

1. Privativa de liberdade:
1.1. Reclusão: cumprimento em regime inicial fechado, semiaberto ou aberto;
1.2. Detenção: cumprimento em regime inicial semiaberto ou aberto;
1.3. Prisão simples (cumprimento em regime semiaberto, aberto, apenas para os casos
de contravenção penal);
2. Restritiva de direitos:
2.1. Prestação pecuniária (pagamento em valor fixado pelo juiz a vítima);
2.2. Perda de bens e valores (confisco de bens e valores, revertidos ao fundo
penitenciário);
2.3. Prestação de serviços à comunidade ou entidade pública;
2.4. Interdição temporária de direitos;
2.5. Limitação de fim de semana;
3. Multa: consiste no pagamento de dias-multa ao Fundo Penitenciário, sempre que fixada na
sentença condenatória.

Tipos de regime de penas privativas de liberdade:

1. Fechado: o condenado fica sujeito ao trabalho no período diurno, conforme suas habilidades
aferidas em exame criminológico, ficando em isolamento durante o período noturno.
Cumprimento em estabelecimento de segurança máxima ou média;
2. Semiaberto: o condenado fica sujeito ao trabalho em comum durante o período diurno,
podendo ainda trabalhar externamente e estudar durante o período de cumprimento da
pena. Cumprimento em estabelecimento de colônia agrícola ou industrial;
3. Aberto: o condenado tem direito ao trabalho e ao estudo fora do estabelecimento de
cumprimento de pena. Durante o período noturno, ele deve permanecer recolhido, podendo
ser transferido para regime mais severo de cumprimento de pena, no caso de prática de
crime doloso ou atentado direto contra a execução da pena e multa acumulada.
Cumprimento em casa do albergado ou similar;
4. Regime Especial: reserva legal que beneficia as mulheres no cumprimento de pena, as quais
cumprem pena em estabelecimento penitenciário especial.

Progressão de pena, requisitos:


1. Fechado para o semiaberto: cumprir ao menos 1/6 da pena, e bom comportamento;
2. Semiaberto para o aberto: cumprir ao menos 1/6 da pena, aceitar condições impostas pelo
juiz, trabalhar e exame criminológico;

*Em caso de crime hediondo ou equiparado o cumprimento iniciará sempre em regime fechado, e a
progressão está condicionada ao cumprimento de 2/5 da pena (se primário), ou 3/5 da pena (se
reincidente).

Regressão é o oposto de progressão, transfere o condenado para regime mais rigoroso, nas
hipóteses: praticar crime doloso; falta grave; sofrer nova condenação desde que essa impossibilite o
regime atual.

Renúncia: ato pelo qual o ofendido abdica do direito de oferecer queixa. Independe da aceitação do
autor do delito, e deve se exercido antes do início da ação penal. Aplica-se à ação penal privada,
podendo ser a renúncia expressa ou tácita.

Perdão: antes do trânsito em julgado da ação penal privada, o ofendido pode exercer o perdão sobre
o autor do fato delituoso. Efetiva-se por meio de declaração expressa, necessitando do aceite do
autor do fato delituoso.

Retratação do agente: nos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia, a
punibilidade pode ser extinta mediante o exercício da retratação expressa (apenas nos casos em que
a lei permite).

Perdão judicial: pode o juiz conceder o perdão judicial. O perdão pode ser concedido de ofício pelo
juiz, ou em razão de requerimento feito pelas partes.

Remissão é instituto que possibilita redução da pena pelo trabalho ou estudo.

Detração é o abatimento da pena privativa de liberdade o período em que permaneceu em cárcere


durante o processo.

Dosimetria da pena: o CPB adotou o critério trifásico para a fixação da pena, ou seja, o juiz deverá
passar por três fases:

Destina a fixação da pena base: analisa as características do crime (culpabilidade, antecedentes,


motivação, circunstancias, consequências), não podendo fugir do mínimo e máximo fixado em lei.

Apuração das agravantes e atenuantes: atenuantes (desconhecimento da lei; motivo de relevante


valor social ou moral; cometimento do crime sob coação; confissão espontânea) e agravantes
(reincidência; motivo fútil ou torpe; contra criança, idoso ou deficiente; concurso de pessoas), não
podendo fugir do mínimo e máximo fixado em lei.

Apuração de causas de aumento ou diminuição de pena: permite diminuir aquém do mínimo, ou


além do máximo; deverá a juiz limitar-se a somente uma agravante ou atenuante, havendo mais de
uma, prevalecendo sempre a que mais aumente ou mais diminua.

Suspensão condicional também chamada de “sursis”, esse instituto foi criado com o intuito de
reeducar o infrator de baixa periculosidade, suspendendo a execução da pena privativa de liberdade.
Requisitos para concessão:

1. Sentença condenatória a pena privativa de liberdade não superior a 02 (dois) anos;


2. Impossibilidade da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos;
3. Não reincidência em crime doloso e circunstâncias judiciais favoráveis.

Livramento condicional é a fase mais benéfica da execução da pena, consiste na liberdade antecipada
do apenado, e depende do cumprimento de determinadas exigências. É aplicado após cumprimento
de parte da pena, mediante a observância de alguns requisitos. Se o condenado não é reincidente
em crime doloso, é necessário ter cumprido mais de um terço da pena. Se reincidente, é necessário
ter cumprido mais da metade. São considerados, ainda, fatores como o bom comportamento
durante o cumprimento da pena, e a reparação do dano causado, salvo efetiva impossibilidade de
fazê-lo. No caso de crime hediondo, é necessário o cumprimento de, pelo menos, 2/3 da pena.

Prescrição Penal é a perda do direito de punir do Estado pelo transcurso do tempo. Será
determinado de ofício, pelo juiz, ou por provocação das partes em qualquer fase do processo. A
pretensão pode ser durante a pretensão punitiva (antes da sentença) ou durante a pretensão
executória (após a sentença). A prescrição da pretensão punitiva ocorre da seguinte forma:

▪ Pena superior a 12 anos: prescreve em 20 anos;


▪ Pena entre 8 e 12 anos: prescreve em 16 anos;
▪ Pena entre 4 e 8 anos: prescreve em 12 anos;
▪ Pena entre 2 e 4 anos: prescreve em 8 anos;
▪ Pena entre 1 e 2 anos: prescreve em 4 anos;
▪ Pena inferior a 1 ano: prescreve em 3 anos;

Serão reduzidos pela metade os prazos prescricionais se, na data da conduta, o agente era menor de
21 anos ou maior de 70 anos na data da sentença. O prazo prescricional aumenta em 1/3, se o réu
for reincidente.

Interrompe a prescrição com o recebimento da denúncia; decisão confirmatória da pronuncia;


sentença condenatória recorrível; com a reincidência. Se a pena cominada for apenas de multa, o
prazo prescricional será de dois anos.

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