Os ideais do positivismo, marxismo e nova história
A consciência histórica nos possibilita perceber as transformações e nosso
poder como agente da história, como homens ativos e construtores da coletividade. No entanto, durante muito tempo os problemas vistos no ambiente escolar estavam quase sempre pertinentes ao mau comportamento e a individualidade dos discentes. Porém, com o passar dos anos, viu-se que a grande problemática entorno das questões de ensino-aprendizagem estava, também, associada com as metodologias utilizadas pelos docentes, tais como os ideais do positivismo, marxismo e nova história, que começaram a integrar uma nova maneira de pensar sobre o ensino, principalmente, o da história, tendo seus pontos positivos e negativos.
Diante desse cenário, deve-se ressaltar as diferentes abordagens que as três
principais linhas teóricas – positivismo, marxismo e nova história - possuem dentro do ensino de história. Segundo Auguste Comte, um dos grandes filósofos que defendia o positivismo afirma que, não se conhece completamente uma ciência enquanto não souber da sua história. Mas que história é essa? É uma história centrada nos grandes feitos políticos. Esse movimento historiográfico que surgiu no século XVIII e consolidou-se no século XIX buscava escrever uma história "oficial", factual, narrativa e linear, baseado em um ideal absoluto e contém uma neutralidade. Portanto, é perceptível que apesar do positivismo ter a concepção da subjetividade que é colocada em prática a partir da observação dos fatores e das hipóteses que seguem o problema ele admite apenas o que é real, não dando abertura para a liberdade de escolha dos assuntos a serem estudados, muito menos para possíveis questionamentos sobre a escrita dessa história. Ainda mais, a importância do sujeito produtor de cultura e de conhecimento é totalmente desconsiderada dentro desse pensamento que visa uma educação tecnicista.
Ademais, ao longo da história, as diversas narrativas se alteram
constantemente. O positivismo, com grande enfoque no corpo e espírito, contando a história baseadas em análises de documentos oficiais e que defende os heróis nacionais, se vê diante do marxismo (1840 e 1850) totalmente oposto, narrador da história através da visão de operários e perspectiva materialista, ou seja, a história é vista sob a perspectiva da luta de classes, do que os homens e mulheres produzem no tempo. Ter "consciência de classe", segundo Marx, faria as classes oprimidas (os trabalhadores) insurgirem-se contra a classe opressora, a burguesia. A eventual vitória do proletariado criaria uma ditadura, que teria o objetivo de eliminar todas formas de exploração e desigualdade, em suma, abolir as classes sociais e o capitalismo. Apesar de tais afirmações, alguns críticos apontam para a análise marxista do capitalismo, enquanto outros argumentam que o sistema econômico proposto pelo comunismo é impraticável. E por fim temos a nova história ou nova escola que começa com a escola dos Annales, que segundo Peter Burke fez uma verdadeira "revolução" na historiografia, ao tirar o foco do Estado e privilegiar os atores sociais, qual sejam as pessoas comuns, que mesmo não fazendo parte do governo, interagem (ou são excluídas) de alguma forma, dele. Passa a ser relevante também as relações de poder na família, escola e sociedade. A nova história busca um novo paradigma na: a chamada "cultura política", o poder como relação social, o que a distancia da história tradicional que via o poder como sinônimo de Estado, ela recusa a hipótese de um tempo linear, cumulativo e irreversível e pratica a dialética entre presente/passado/futuro. Já a Escola dos Annales, se condiciona a críticas à Escola Metódica e ao Positivismo. Ela deixa de trabalhar a história como evento para trabalhar como um processo, numa posição da verdade totalmente subjetiva. Sob um posicionamento marcado pela ampliação das fontes históricas.
Tendo uma relevância muito grande na construção de uma sociedade mais
justa e igualitária, a narrativa historiográfica entorno de como ensinar história é muito variada e possui muitos pontos de vistas. Dessa forma é de extrema importância o debate entorno dessa causa, pois esse assunto perpassa por fundamentos teóricometodológicos, no que se refere às implicações das linhas teóricas no processo de ensino e aprendizagem dentro de sala de aula.