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VIVA A SÃO PEDRO!

- A FORÇA DA DEVOÇÃO DESENHANDO


TERRITÓRIOS
DENISE DAVID CAXIAS 1

Resumo: O presente trabalho busca evidenciar a importância das práticas culturais/religiosas na


formação de distintas territorialidades e como essas, delineiam simbólica e politicamente, um
território. A Festa de São Pedro dos Pescadores no bairro de Jurujuba, cidade de Niterói, RJ, possui
uma procissão marítima tradicional e histórica que constitui em seu itinerário na enseada de Jurujuba
um território. O transporte dos símbolos referentes a devoção católica popular se constitui como uma
forma de controle cultural, religioso e politico reafirmando a devoção a São Pedro. A devoção a São
Pedro produz e re-produz práticas culturais/religiosas que, reafirmam as narrativas históricas sobre a
biografia do bairro, desenhando o seu próprio território na cidade, a Festa. Essa Festa será o nosso
exemplo para evidenciar a importância proposta.

Palavras-chave: Práticas culturais/ religiosas; Território; Festa

Abstract: This paper seeks to highlight the importance of religious and cultural practices in the
formation of different territorialities and how these, politically and symbolically, delineate a territory.
São Pedro dos Pescadores’ feast, at Jurujuba, in the city of Niterói, RJ, has a historical maritime
procession that constitutes in its itinerary, a territory. The transportation of catholic devotion symbols
establishes a way of cultural control, politically and religiously, reaffirming São Pedro’s devotion. This
devotion to São Pedro produces and re-produces cultural and religious practices that reaffirm
historical narratives about the neighborhood’s biography, drawing its own territory in the city, the
Feast. This feast will be our example to evidence the importance of the proposal.

Key-words: Religious and Cultural Practices; Territory; Feast

1 – Viva a São Pedro!


O bairro de Jurujuba (Fig.1) está localizado a borda leste da Baía de
Guanabara na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Neste bairro, tradicionalmente
reconhecido no estado pela Pesca, as relações sociedade-natureza estão muito
presentes no cotidiano dos moradores. A relação material com o território -
considerando-o como uma porção da natureza e do espaço sobre o qual uma
sociedade determinada reivindica e garante a todos, ou a uma parte de seus
membros, direitos estáveis de acesso, controle ou uso sobre a totalidade ou parte
dos recursos naturais aí existentes que ela deseja ou é capaz de utilizar
(GODELIER, 1984) – foi fundamental para a permanência e sobrevivência dos
moradores durante décadas, a Pesca é a representação vivida dessa relação. A

1- Mestranda no Programa de Pós-graduação em Geografia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.


E-mail de contato: denisecaxias@id.uff.br

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apropriação do espaço, através do seu uso para a busca de recursos de
subsistência e sobrevivência, é uma das formas de enraizar o poder simbólico no
território.

Fig. 1: Mapa: Regiões de Planejamento: Bairros e Regiões 2014


Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade – SMU / editado

Jucélio Francisco Soares2, de 65 anos afirma que:


A pesca é uma fonte de renda para praticamente todos os moradores
das comunidades de Jurujuba. Por mais que se trabalhe fora, de um
jeito ou de outro, convivemos com ela e dependemos dessa atividade
como complemento ou até como única fonte de renda.

Dessa forma, as condições de sobrevivência conduziram uma relação de


afeto, seja com a qualidade do ambiente em que vivem (o bairro margeado pela
Baía de Guanabara), seja pela consciência da importância da Baía como fonte de
subsistência.
As relações afetivas influenciam os indivíduos a vivenciarem e
compreenderem o mundo a partir de suas subjetividades, e assim, a materialização
de suas ações estão intrinsicamente vinculadas as suas crenças. Segundo Ribeiro
(2013), devido a uma grande Pesca de camarão concedida por São Pedro aos

2
Relato disponível no site do Governo do Estado do Rio de Janeiro, disponível em
<http://www.rj.gov.br/web/sedrap/exibeconteudo?article-id=2017991> . Acesso em: 10 jun. 2017.

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pescadores de Jurujuba em 1923, os comandantes Aragão, Ernani e Sacadura
deram inicio a primeira procissão marítima em torno da enseada de Jurujuba,
atraindo milhares de pessoas em todo o entorno para observarem esse itinerário
simbólico.
Ainda segundo Ribeiro (2013), a devoção ao Santo Padroeiro dos Pescadores
existe desde 1901, onde foi realizada a primeira procissão terrestre em homenagem
ao santo. Através de pesquisas realizadas no jornal O Fluminense, periódico da
cidade de Niterói, foi possível encontrar relatos de uma procissão marítima em
homenagem ao santo, desde 1913 (NOTICIAS religiosas, 1913, p.1). Independente
de uma data exata, o fundamental aqui é compreender a formação de um território
pela prática devocional, a mesma que constituiu as práticas culturais/religiosas que
delinearam uma territorialidade a partir de fronteiras porosas (CLAVAL, 1999),
sempre num movimento de permeabilidade de experiências simbólicas, espirituais e
sociais enfatizando a dimensão territorial da cultura, das práticas culturais-religiosas.
O presente trabalho busca elucidar a importância das práticas
culturais/religiosas na formação de territórios simbólicos na cidade, o exemplo em
tela, a Festa de São Pedro dos Pescadores, será o ponto de partida deste artigo. A
procissão marítima será a prática cultural/religiosa exemplificada, e mostrar-se-á
como esse itinerário, que, “por razões religiosas, políticas e culturais, assume uma
dimensão simbólica que fortalece a identidade” do bairro em tela (BONNEMAISON,
2012, p. 292), semiografa uma territorialidade na cidade de Niterói, “constituindo um
território que transporta a produção dos símbolos, como uma forma de controle
cultural, religioso e politico” (CORRÊA, 2004, p.17), reafirmando a devoção a São
Pedro.
Segundo Guarinello (2001, p. 972) “a Festa produz identidade” e essa mesma
identidade, “é dada pelo compartilhamento do símbolo que é comemorado”; Castells
(1999, p.22) considera identidade, como “o processo de construção de significado
com base em um atributo cultural”. O atributo cultural de Castells (1999) e o símbolo
que é comemorado de Guarinello (2001) retratam a devoção a São Pedro, que
define uma identidade coletiva inscrita na memória festiva.

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Hoje, a festa possui grande apelo turístico, devido principalmente à
diminuição do número de religiosos católicos e o aumento do número de religiosos
protestantes no bairro. Existe uma disputa evidente, como salienta Sousa (2010, p.
87) apud ALMEIDA et al ( 2016, p. 357) de que a memória festiva sendo “fruto de
uma disputa de sentidos, negocia e elege as narrativas válidas sobre a biografia de
um espaço”, e mesmo o bairro não sendo mais, majoritariamente católico, o atributo
cultural (CASTELLS, 1999), base da identidade histórica do bairro, prevalece sobre
outras formas de significado. A partir das entrevistas realizadas no bairro,
direcionada aos moradores, que, mesmo professando outras religiões,
demonstraram a importância simbólica e econômica da festa de São Pedro. Nesse
ensejo, vamos a Festa!

2 – Da estratégia militar à devoção: a Festa


O bairro é historicamente marcado pela presença militar possui cinco
fortificações militares, que foram fundados a partir do século XVI, cujo processo
histórico de ocupação foi estratégico:
A localização de Jurujuba é estratégica, consistindo em uma
península limitada por águas oceânicas e pelas da Baía da
Guanabara, pode se dizer que é uma área “isolada”, pois há uma
única via de acesso por terra a partir do bairro de Charitas. (RITTER,
2007, p.27)

Possui o maior complexo contínuo de fortes do país (Fig. 2), formado por
Forte de Santa Cruz da Barra, São Luiz, Pico, Barão do Rio Branco e Imbuí que são,
inclusive, abertos a visitação, como forma de atrativo turístico nos dias de hoje. No
inicio da ocupação portuguesa, os Fortes serviam de proteção contra tentativas de
outros países de se apropriarem da cidade do Rio de Janeiro/ Brasil.
Ainda carrega rugosidades, pois foi historicamente preservado por ter, em seu
processo de ocupação, indígenas, colônia de pescadores e hoje, possui um grande
potencial de atividade de maricultura (Fig. 3). A presença dos povos indígenas e
posteriormente a colônia de pescadores corrobora para uma compreensão de que o
território é forjado numa dialética entre as práticas essenciais a sobrevivência (a
Pesca), ou seja, a relação de trabalho e uso da terra e, as relações sociais e

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culturais apreendidas e construídas pelas representações míticas de um
determinado grupo social.

Fig.2: Fortes do bairro de Jurujuba


Fonte: Imagem do Google Earth editada

Fig. 3: Fazenda de Mariscos no bairro de Jurujuba


Fonte: CAXIAS, 2011

Além da estratégia militar, Jurujuba carrega em sua raiz histórica, a devoção


católica popular (representações míticas). A Festa que já pontuamos - São Pedro
dos Pescadores - acontece todo o dia 29 de junho, e atualmente são quatro ou cinco

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dias de comemoração, dependendo da estratégia de organização da festa, sempre
iniciando ou terminando no dia do santo celebrado.
Interessante na história da Festa, é que o relato jornalístico aponta que em
1913 aconteceu uma procissão marítima que saiu do Saco de São Francisco e
percorreu toda a enseada de Jurujuba. Até 1913 o bairro delimitado como Jurujuba
se estendia da sua atualidade até o bairro que hoje é São Francisco, analisemos o
mapa na Figura 4.
É possível identificar no mapa que logo após o bairro de Icaraí, lê-se: praia de
Jurujuba. A atual porção de terras que hoje compreende os bairros de Jurujuba,
Charitas e São Francisco eram apenas um território, o de Jurujuba. Ao longo dos
anos, devido a mudanças políticas na cidade de Niterói, esse amplo território
reduziu-se e hoje compreende apenas uma pequena parte destas terras, terras de
São Pedro.

Figura 4 – Mapa “Cidades de Rio de Janeiro e Nictheroy” – 1914


(Mapa recortado pelo autor pra melhor visualização da área)
Fonte: Aenishñslin, C., 1914 - Biblioteca Nacional

A devoção é histórica mas a religiosidade vai se modificando no tempo e


espaço. As mudanças no bairro, na cidade, nas multiescalaridades transformam as
tradições das diversas sociedades, e em Jurujuba não foi diferente. Ao perder parte

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de seu território e ser, dentro de Niterói, refúgio em meio ao caos urbano niteroiense,
Jurujuba é hoje um território-lugar próprio repleto de signos e significados -
representado nas mais variadas formas, seja pela Festa, seja pelas suas belas
paisagens ambientais e culturais. Assim, o modo de vivenciar e experimentar a
Festa também mudou.
Festejar é um ato solene. “É a suspenção das regras da vida normal, o
esquecimento de suas hierarquias, a sua inversão mesmo: é por isso que estão
disfarçadas, que zombam dos poderosos, parodiam-nos, queimando-os às vezes em
efigie.” (CLAVAL, 2014, p.8) É a solenidade de um cotidiano diferente, é sair-se de si
mesmo para encontrar-se a si.
Nas palavras de Ferreti (2007):
A festa religiosa ocorre em determinados momentos do calendário da
comunidade e se repete periodicamente. Constitui oportunidade para
expressar a capacidade de organização, a criatividade popular, a
devoção, o lazer. Nas festas a comunidade se revitaliza, se recria, se
encontra e se vê como um todo. (FERRETI, 2007, p.1,2)

Salientamos aqui que a Festa constitui um cotidiano, um cotidiano


extraordinário. Momento de efervescência coletiva, onde os sujeitos incorporam
suas subjetividades e as exteriorizam na materialização de suas ações. É Festa, é
Fé, é Cultura, é Devoção, é Identidade! São práticas culturais/religiosas alinhavando
o contexto cultural e identitário num território efêmero, mas fundante da tradição e da
narrativa que se quer permanecer sobre todas as outras num bairro que hoje, não é
mais, majoritariamente católico.
“As festas territorializam os espaços em que elas incidem ou ocorrem”
(ALMEIDA et al, 2016, p.356). Há uma disputa em jogo: que ator irá manter o
controle sobre o território da Festa? Ou que ator irá eleger a narrativa que será
válida sobre a biografia do espaço (SOUSA, 2010) em que a Festa incide?

3 – A procissão: a semiografia da Festa na cidade


A Festa de São Pedro dos Pescadores em Jurujuba era mantida pelos
próprios pescadores nas suas origens, no entanto, ao passar dos anos, a Igreja
Católica assume a Festa e passa a conduzir esse espetáculo. Num bairro

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majoritariamente devoto a São Pedro, essa condução não era, digamos, “difícil”.
Existia por parte da comunidade, principalmente dos pescadores, um apreço por
colaborar financeiramente para a realização desta.
O apreço e a consciência da importância simbólica da Festa ainda existem,
segundo entrevistas realizadas pela autora no mês de abril de 2016, constataram-se
algumas respostas3 que demonstram essa consciência simbólica coletiva. O que
representa a Festa de São Pedro pra você e para o bairro? Essa foi a pergunta feita
aos moradores, algumas respostas:
Fidel, sem religião, morador há trinta anos, responde: “não
representa nada”. Mas afirma: “é tradição em relação à igreja –
comemora o padroeiros dos pescadores”.
Condessa, evangélica, moradora há onze anos, diz: “representa
distração e lazer, por se difícil ter outra coisa”. Destaca: “é uma festa
simbólica e atrai muitos turistas e aumento de renda”
Barão, católico, morador há 67 anos, afirma que a Festa representa:
“símbolo do lugar, animação, chama a atenção dos outros, se findar
(a festa), acaba o lugar”.
Marta, espírita, moradora há 28 anos, responde que “a festa é um
meio de divertimento por não ter nada além da festa e da procissão”.
Alanis, católica, moradora a 58 anos, afirma que participou da festa
durante a sua adolescência, e que a realização da festa já faz parte
da vida cotidiana e é sempre bem-vinda. A festa, pra ela, ajuda a
divulgar a cidade e possui importância religiosa.
(Entrevistas Realizadas na rua, em abril de 2016, grifos nosso)

Nesses relatos é nítido o sentimento de afeto que se construiu em relação a


Festa, Guarinello (2001) afirma que
Uma festa é uma produção social que pode gerar vários produtos,
tanto materiais como comunicativos ou, simplesmente, significativos.
O mais crucial e mais geral desses produtos é, precisamente, a
produção de uma determinada identidade entre os participantes. A
festa é, num sentindo bem amplo, produção de memória e, portanto,
de identidade no tempo e no espaço social. (GUARINELLO, 2001, p.
972)

A dimensão territorial da cultura e da identidade é percebida nas relações


sociais, culturais e simbólicas no cotidiano do bairro. Nas falas apresentadas
ressaltamos: tradição, festa simbólica, lugar, procissão. Essas palavras demonstram
como o

3
Os nomes dos entrevistados foram modificados para preservar suas identidades.

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discurso identitário orienta estas escolhas, de tornar normal, lógico,
necessário, inevitável, o sentimento de pertencer, com uma forte
intensidade, a um grupo. (...) O discurso tem tarefa de definir o
grupo, fazer passar de estado latente àquele de “comunidade” em
que os membros são persuadidos a terem interesses comuns, a ter
alguma coisa a defenderem juntos (MARTIN, 1994, p.23).

Essa memória coletiva se materializa no território através da repetição de


práticas culturais/religiosas, neste caso a procissão marítima. Observou-se durante a
pesquisa a preocupação para que “se nada der certo” a procissão não pode deixar
de acontecer, ou seja, esse itinerário é o ápice da comemoração ao santo. Como já
observamos para Bonnemaison (2012), “um lugar, um itinerário, uma extensão que,
por razões religiosas, políticas ou culturais, aos olhos de certas pessoas e grupos
étnicos assume uma dimensão simbólica que os fortalece em sua identidade é
denominado geossímbolo”. A procissão marítima (Fig.5) em homenagem a São
Pedro dos Pescadores de Jurujuba constitui esse itinerário.
Essa prática cultural/religiosa que se traça na Baía de Guanabara,
percorrendo toda a enseada de Jurujuba, compreendendo os bairros de Jurujuba,
Charitas, São Francisco, Icaraí, Ingá, Boa Viagem (onde passa pelo Museu de Arte
Contemporânea) retornando a Jurujuba pela Fortaleza de Santa Cruz da Barra
imprimi uma marca na cidade. A marca do “ato de festejar” que “enseja a
constituição de territorialidades que delineiam o território – um território encarnador
da cultura”. (CORRÊA, 2013). E partir dessa marca o grupo social preserva uma
memória social e cultural.

Fig. 5: Procissão Marítima


Fonte: Caxias, 2016

4 – Para não concluir...


Barbosa (2004) afirma que o

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território guarda os elementos mais recônditos e, ao mesmo tempo,
contribui para exteriorizar os significados de uma dada cultura. No
território estão presentes as cristalizações de símbolos, memórias,
valores que encarnam o sentido primordial da cultura. Porém, ele
mesmo não pode ser interpretado como uma demarcação rígida e
intransponível. O território também representa uma fronteira de
comunicação de culturas, reclamando a presença do Outro como
possiblidade de realização renovada da experiência social.
(BARBOSA, 2004, p. 100 e 101).

A dimensão territorial da cultura e da identidade pode ser analisada pela


forma como um grupo social se apresenta para os Outros, nesse sentido, a
procissão como um geossímbolo demonstra a forma da devoção católica popular a
São Pedro, apresentando de maneira clara que Jurujuba é uma comunidade católica
e devota de São Pedro, não importando a quantidade de fieis católicos, mas
ratificando que o ator que elegeu a narrativa válida sobre a biografia daquele espaço
é a Igreja Católica, na figura das organizadoras da Festa.
A experiência social no cotidiano banal do bairro se dá pelas tensões da
Festa e suas implicações nas mudanças estruturantes, como o caminho que o
ônibus faz ou o fato que carros não podem circular sem prévia autorização da
organização da Festa. Mas independente dessas tensões, a devoção do bairro de
Jurujuba a São Pedro continua a construir centralidade no imaginário popular da
cidade de Niterói e os moradores do bairro, devotos ou não, continuam a viver o seu
cotidiano extraordinário.

Referências:
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