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Idolatria Sexual
Masturbação
1. Entendendo o problema:
Nesse contexto, ao mesmo tempo que revelamos aos nossos aconselhados que o
problema é uma questão de adoração, devemos também revelar que existe uma esperança que
vai muito além dos vazios sucessos das meras mudanças de comportamento ou da aparente
inevitabilidade dos instintos animais e esta esperança é Cristo. Assim, apenas por meio do
aconselhamento noutético, ou seja, aquele fundamentado nas Escrituras é que o aconselhado
será confrontado com a realidade dos fatos que tem conduzido seus pensamentos, sentimentos
e ações, ou seja, o pecado, no caso, da idolatria sexual e terá a oportunidade de, com a ajuda do
Espírito Santo, tratar o ídolo escravizador, dentro da dinâmica do pecado sexual e dos demais
ídolos que têm se imposto conjuntamente.
Nesse sentido, as Escrituras deixam muito claro que o Senhor Deus é o autor da
sexualidade e que o desejo sexual criado por Ele era santo como Ele também o é. Precisamos
entender que o Senhor ao mesmo tempo que nos criou macho e fêmea, também nos fez para
sermos uma só carne e que exemplo maravilhoso Ele nos deixou, pois “Essa pluralidade e, ao
mesmo tempo, essa unidade essencial refletem a essência do Deus Triuno.“Façamos (plural) o
homem à nossa (plural) semelhança (singular)”.”(Street, pg 14).
Outrossim, o sexo deve ser entendido sob a perspectiva da adoração, a qual pode
ser erroneamente direcionada à própria pessoa, “eu controlo e governo minha vida”, à pessoa
com quem se faz sexo, “preciso ser amado por essa pessoa”, ao que se pode ganhar como sexo,
“preciso do prazer e do alívio que o sexo me proporcionam” e nesses casos o sexo nunca
funcionará do modo como Deus o criou.
O pastor Paul David Tripp em sua obra Sexo & Dinheiro nos ensina que o apóstolo
Paulo observa o sexo sob a perspectiva correta de adoração a Deus e para isso nos aponta quatro
princípios de adoração e dois mandamentos de adoração.
a) Princípio da Autoridade:
Inicialmente Paulo nos revela que há uma disputa por autoridade dentro de nosso
coração, entre seguir a Lei do Senhor ou entregar nossos desejos a outros mestres, e que nossa
vida sexual será moldada pelo mestre que escolhermos entregar nosso coração.
b) Princípio da Eternidade:
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Aquele que sofre com a escravidão dos pecados sexuais tem a tendência de enxergar
o momento presente como final, colocando o foco no prazer presente, conduzindo à
compulsividade de se viver ao máximo cada segundo, pois se está mais concentrado no que se
pode experimentar do que no modo como se vive.
c) Princípio da Unidade:
Paulo nos lembra que se somos do Senhor estamos unidos com Cristo como os
membros estão unidos ao corpo, assim levamos Cristo conosco onde quer vamos e no quer que
fizermos, por isso a pergunta de Paulo é tão séria e reveladora, amaremos a nós mesmos de tal
grande monta que até mesmo uniríamos o santo ao impuro?
A reflexão reveladora de que estamos unidos a Cristo todo o tempo é também fonte
da graça e da misericórdia Dele para conosco, pois nossos aconselhados poderão ter a certeza
de que não há lugar ou situação que os impedirá de dizer não ao que é impuro e sim a Cristo.
d) Princípio da Propriedade:
Por esse princípio o apóstolo Paulo nos lembra que somos habitação do próprio
Deus e que tudo que fazemos em nossa vida sexual fazemos como templo do Deus Altíssimo.
Ademais, nos lembra que “nosso corpo” nada tem de “nosso”, pois fomos comprados por alto
preço e isso implica que nossos corpos não são lugares de prazeres pessoais, mas lugares de
adoração a Deus. Por conseguinte, tudo o que fizermos e como fizermos em nossa vida sexual
deve considerar esse propósito.
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Paulo encerra esta secção de pensamento nos convidando para glorificar a Deus
com nossos corpos, ou seja, para experimentarmos o verdadeiro prazer e alegria que a graça do
Senhor nos devolve a viver, a mesma graça que nos permite uma vida sexual não focada em
nós mesmos, em nossos parceiros ou ainda nos prazeres momentâneos que podemos alcançar,
mas centralizada em Deus, para só então, experimentarmos uma vida sexual como Ele planejou
para nós.
Por fim conclui que dizendo que na bíblia não há especificamente nada a dizer sobre
a masturbação, pois não é necessário, uma vez que “... O problema da masturbação não é o ato
em sí...” (Black, 2005, p. 103), mas é revelador de um coração egocêntrico que adora a si mesmo
e não está disposto a amar a Deus e ao seu próximo. Pois o problema não é como lidamos com
nossos impulsos mas como santificamos nossos corações.
Quando lidamos com a idolatria sexual é preciso ter-se em mente que não se trata
de um único ídolo responsável por todo o comportamento do indivíduo, mas sim de um panteão
de ídolos que se acumulam e que necessitam da atenção do conselheiro noutético.
Primeiramente precisamos compreender que “...A cobiça sexual encontra sua fonte
primária num coração exigente de avareza cobiçosa...”, isto pois conforme a carta aos Gálatas
a carne só procura satisfazer a carne e nada mais. Assim, essa “...avareza expressa por meio de
expectavas e desejos de auto-satisfação é a expressão crua do pecado sexual.”
Por conseguinte, o autor propõe dois caminhos pelos quais essa avareza pode
assumir no desejo sexual: a) o desejo pela satisfação prazerosa, o qual poderá ser seguido por
lisonja, poder/controle, autograficação e conforto e b) desejo do consolo, o qual poderá ser
seguido pelos desejos de ira, autocomiseração, temor e descontentamento.
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Em mesma esteira quando observamos o quadro, percebemos que muitos dos frutos
percebidos, sejam eles criminosos ou não, estão diretamente relacionados a conjuntos de
desejos que elevados à condição de ídolos escravizam e cobram daqueles que os adoram seu
preço, o que por sua vez pode ser a liberdade chegando até mesmo a vida.
Nesse ponto, se faz necessário que observemos que as condutas exigidas pela
idolatria sexual não são estáticas, mas elas avançam conforme a exigência do ídolo cresce, em
outras palavras, conforme o escravo vai sentindo-se seguro em praticar o pecado mais ele o
pratica de forma ostensiva, até que suas consequências vão se tornando cada vez menos
importantes frente as promessas que o ídolo faz em seu coração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TRIPP, Paul David. Sexo e Dinheiro: Prazeres que Desapontam e a Graça que
Satisfaz. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. 173 p.
STREET, John D.. Purificando o Coração da Idolatria Sexual. São Paulo: Nutra
Publicações, 2009. 236 p.