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A antropologia, juntamente como a sociologia, é uma disciplina considerada recente

quando comparada com outras que já se estabeleceram como de suma importância na


explicação da realidade que nos cerca. Áreas de conhecimento como a física e a biologia
existem há séculos e possuem reconhecimento entre as ciências por se utilizarem de métodos
experimentais que permitem testar hipóteses conduzindo experimentos que são impraticáveis
nas ciências humanas como a antropologia, devido à questões relacionadas à ética de se
trabalhar na compreensão de significados inerentes aos comportamentos de pessoas que não
podem ser encaradas como meras cobaias de teste. A antropologia por sua vez começa a se
desenvolver no contexto do final do século XIX, onde o avanço da ciência era visível vindo
de um processo iniciado pelo iluminismo que emergiu na Europa, absorvendo diversos
valores e modelos das ciências que já haviam se desenvolvido nos séculos anteriores.

Na prática antropológica os caminhos metodológicos são orientados de acordo com o


campo escolhido pelo pesquisador. Ele determina o que é possível e o que não é, apontando
as possibilidades de exploração e toda uma miríade de caminhos para a pesquisa. O trabalho
de campo deve ser sistematizado, mas esse rigor não deve ser confundido com inflexibilidade
e a atenção deve ser constante em relação a imprevistos que são impossíveis de serem
explicitados de forma específica em manuais de metodologia. Dessa forma, pode-se afirmar
que o ato de pesquisar é incorporado na prática. Entretanto, existem certas posturas que
devem ser observadas na conduta do antropólogo, visando o desenvolvimento ético de sua
pesquisa e a relação esclarecida com os interlocutores que integram o grupo estudado e que
fornecem as informações necessárias à análise. A entrada no campo exige negociação entre o
pesquisador e os sujeitos, lembrando sempre que existem assimetrias entre esses dois atores e
mesmo que aparentemente pertençam a contextos parecidos não encontram-se em posições
de igualdade, pois o antropólogo fala de uma posição privilegiada detentora de um status
legitimado pela instituição da academia e pelo sabe que, geralmente, não é a mesma dos
pesquisados.

Essas prerrogativas éticas conduzem a diversas implicações que devem ser abordadas
na busca de uma atuação coerente e adequada que possa proporcionar resultados positivos
sem causar constrangimentos ou algum outro tipo de prejuízo aos grupos investigados. No
decorrer deste texto pretendo utilizar a obra Antropologia e ética: o debate atual no Brasil
em diálogo com os filmes Segredos da Tribo, de José Padilha e Napepe, de Nadja Marin, que
suscitam debates em torno da conduta antropológica em pesquisas realizadas na tribo
Yanomami, que pode ser encontrada na bacia amazônica na fronteira entre Brasil e
Venezuela. Além disso, refletirei sobre essas questões relacionando com minha experiência
de pesquisa, que resultou em um trabalho de conclusão do curso de Ciências Sociais e tinha
como título Os significados da religiosidade para jovens sem religião, que teve como
objetivo compreender os significados que jovens pertencentes a um certa rede de
sociabilidade atribuíam à religião na vida social. Essa temática continua sendo meu atual
interesse de pesquisa e me apropriarei das reflexões provenientes das obras citadas para
pensar nos desafios e formas de atuação em campo que empreenderei nesse estudo a ser
realizado.

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