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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

OS ASPECTOS PSICODINÂMICOS E SUBJETIVIDADE INDIVIDUAL DO


TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA MOCHIUTI

MARÍLIA, 2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................3
1.1. Transtorno de Personalidade Borderline...........................................................................3
1.2. Organização da personalidade e experiencia subjetiva da pessoa com Transtorno de
Personalidade Borderline..................................................................................................4
2. PROBLEMA DE PESQUISA...........................................................................................6
3. HIPÓTESE(S)...................................................................................................................6
4. JUSTIFICATIVA................................................................................................PARA A P2
5. OBJETIVOS........................................................................................................PARA A P2
5.1. Geral
5.2. Específicos
6. METODOLOGIA...............................................................................................PARA A P2
7. CRONOGRAMA................................................................................................PARA A P2
8. REFERÊNCIAS....................................................................................................................6
1. INTRODUÇÃO

1.1. Transtorno de Personalidade Borderline

O Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado por uma gigantesca gama


de sintomas, mas a classificação apresentada pelo DSM-5 parece esclarecer, mesmo que de
forma incompleta (o transtorno e a pessoa simplesmente não são encaixáveis em um rótulo e
nove critérios, assim, o diagnóstico é utilizado para a facilitação de um melhor tratamento
terapêutico), assim esse padrão é caracterizado por ≥ 5 dos seguintes: Esforços desesperados
para evitar o abandono (real ou imaginado); relacionamentos intensos e instáveis que se
alternam entre idealização e desvalorização da outra pessoa; autoimagem ou senso do eu
instável; impulsividade em ≥ 2 áreas que pode prejudicá-los (p. ex., sexo inseguro,
compulsão alimentar, dirigir de forma imprudente); comportamentos, gestos ou ameaças
repetidos de suicídio ou automutilação; mudanças rápidas no humor, normalmente durando
apenas algumas horas e raramente mais do que alguns dias; sentimentos persistentes de
vazio; raiva inadequadamente intensa ou problemas para controlar a raiva; e pensamentos
paranoicos temporários ou sintomas dissociativos graves desencadeados por estresse.
Também segundo o DSM-5, estresses durante a primeira infância, como abuso físico, sexual,
negligência e/ou separação dos cuidadores, podem contribuir para o desenvolvimento do
transtorno de personalidade borderline.
O presente trabalho, se permite investigar, além dos critérios do DSM, a encontrar na
abordagem de revisão proposta na APA em 2013, uma melhor representação do espectro
sintomatológico do TPB.
Dessa forma, os critérios diagnósticos para TPB, dentro dessa sistemática, se agrupam
nos seguinte tipos: (A) moderado ou grave comprometimento do funcionamento da
personalidade caracterizado pela dificuldade em duas ou mais das quatro áreas a seguir: (A.1)
identidade – autoimagem marcadamente pobre, pouco desenvolvida ou instável, por vezes
associada à autocrítica exagerada, sentimentos crônicos de vazio e sintomas dissociativos
decorrentes de estresse; (A.2) auto orientação – instabilidade em objetivos, aspirações, valores
ou planos de carreira; (A.3) empatia – déficits na habilidade de reconhecer as emoções e
necessidades dos outros, associada à hipersensibilidade interpessoal, e percepção seletiva dos
outros em termos de atributos negativos ou vulnerabilidades; (A.4) intimidade – relações
próximas intensas, instáveis e conflituosas, marcadas por desconfiança, carência e
preocupações ansiosas com abandonos reais ou imaginários. (B) quatro ou mais dos sete
traços de personalidade patológicos, sendo que pelo menos um deles deve ser: (B.1)
impulsividade, (B.2) assumir riscos ou (B.3) hostilidade; (B.4) labilidade emocional; (B.5)
ansiosidade; (B.6) insegurança de separação; (B.7) depressividade (esses quatro traços são
pertencentes ao domínio de afetividade negativa); (B.8) impulsividade; (B.9) assumir riscos
(esses dois traços são pertencentes ao domínio de desinibição); (B.10) hostilidade
(pertencente ao domínio antagonismo) (American Psychiatric Association [APA], 2013;
Esbec & Echeburúa, 2011).

1.2. Organização da personalidade e experiência subjetiva da pessoa com Transtorno de


Personalidade Borderline

Justamente por esta multiplicidade sintomática, que por vezes o transtorno confunde
com suas comorbidades, um diagnóstico diferencial adequado deve ser feito, para melhor
direcionar o tratamento terapêutico. Para que isto ocorra, os profissionais encarregados destes
diagnósticos têm a tarefa de se afastar da super simplificação idiossincrática do protótipo
psicopatológico borderline, apresentado em forma de assimilação direta Automutilação 
borderline (ZANDERSEN; PARNAS; 2019).
O critério mais prevalente neste transtorno é o chamado Distúrbio de Identidade, que
aparece de forma marcante, persistente e induz a uma autoimagem instável. E para que
possamos fazer um diagnóstico diferencial correto é necessário entender o que o conceito de
Impulsividade significa para o TPB. Ao passo que a impulsividade possa ser interpretada
como um comportamento caótico e incompreensível causado por desintegração interna (parte
do espectro esquizofrênico), é na verdade seu significado gramático que prevalece. Fazendo
esta interpretação corretamente, pode-se perceber, segundo Zandersen em seu estudo de 2019,
que a maioria dos pacientes borderline, portanto sofre de sintomas do espectro esquizofrênico
ou de Transtorno Obsessivo Compulsivo (ZANDERSEN; PARNAS; 2019).
Este “caos” diagnóstico pode ser compreendido pela visita à ontogênese do transtorno.
Durante o contínuo reforçamento em uma dinâmica contextual disfuncional, segundo
Winnicott, surge um falso self, que oculta o verdadeiro, mimetiza o ambiente e vive uma
dinâmica de “como se”, experimentando assim entre outros sintomas, a clivagem, mecanismo
de defesa do Ego (RIBEIRO et al.; 2018).
“Com frequência, essas pessoas erigem muralhas defensivas contra sua angústia de
desamparo e de desmoronamento psíquico (contra medos da perda de identidade, de
ameaças de indiferenciação com os demais) e conseguem constituir família e ter uma vida
profissional de êxito. No entanto, acabam usando mecanismos psicóticos ou perversos
como um recurso para fugir “para” o outro e “dentro” do outro, ou expressando sua
angústia nas somatizações e em transtornos narcisistas, com que congelam o afeto.
Através dos mecanismos de onipotência, de onisciência, de prepotência e de arrogância,
elas mantêm-se afastadas dos primitivos vazios de mãe. Diferentemente do que ocorre na
neurose – regida pela repressão –, os responsáveis por proteger o ego de experiências
contraditórias de si mesmo e dos demais objetos são os mecanismos de defesa mais
primitivos, como a negação, a idealização, a identificação projetiva e o controle
onipotente, relacionados com o processo de cisão (splitting).” (LEITE. 2018)

As comorbidades no Transtorno de Personalidade Borderline são diversas e


complexas. Os pacientes com frequência têm alguns outros transtornos, principalmente os
de maior incisão: transtornos depressivos, de ansiedade, do humor, de estresse pós-
traumático, de personalidade, alimentares e de abuso de substâncias (ZANARINI et al.;
1998).
Tamanha a ocorrência de comorbidades no Transtorno de Personalidade Borderline,
que pela revisão de literatura, foi possível encontrar dados e informações sobre algumas delas
em alguns estudos:
- Espectro de sintomas depressivos: 28% dos indivíduos apresentaram sintomas de
personalidade depressiva, 61% Transtorno Depressivo Maior, e 41% Distimia (CONCEIÇÃO
et al.; 2015).
- Espectro Autista: Em estudo conduzido, onde fora analisado aspectos referentes a
comportamentos de Sistematização/Empatia, uma grande proporção apresenta
comportamentos de sistematização dos controles, como mecanismo compensatório e não
encontrou significativa distinção nos controles de Empatia, quando comparado a indivíduos
com ASC (DUDAS et al.; 2018).
- Espectro Esquizoafetivo: 38% dos pacientes diagnosticados com TPB, apresentam
um subtipo psicótico e distúrbios da afetividade (SLOTEMA et al.; 2018).
- Transtornos Ansiosos: Entre 48% e 54% dos indivíduos com TPB experienciam
também transtorno do pânico, fobia social e TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático)
(CONCEIÇÃO et al.; 2015).
- Distúrbios Alimentares: A anorexia e bulimia estão muito comumente associados
ao TPB por seus sintomas, uma vez que induzem a sensação de preenchimento e de afirmação
individual (SILVA, 2018).
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático: 63,1% das pacientes reportaram ao
menos um acontecimento traumático na infância, enquanto 16,4% reportaram mais de quatro.
Isso se soma aos sintomas convergentes entre ambos os transtornos, que são: agressividade
para si e para com os outros, irritabilidade, intolerância a extremos emocionais disfóricos,
sensação de vazio, e alta reatividade a estresse leve (CONCEIÇÃO et al.; 2015).
- Convergência de sintomas entre e intra clusters de transtornos de personalidade:
Em todo o cluster B se vê histórico de abuso e negligência, sendo comum sintomas de um
transtorno se apresentem em outros, do mesmo, ou de outro cluster. Sua diferenciação
sintomática pode ser feita da seguinte forma, que divide os transtornos de personalidade em
cinco domínios gerais: afetividade negativa (vs. estabilidade emocional), distanciamento (vs.
extroversão), antagonismo (vs. agradabilidade), desinibição (vs. conscienciosidade) e
psicotismo (vs. lucidez) (CONCEIÇÃO et al.; 2015).
Além disto, segundo outro estudo, o TPB teve correlação de 56% com o cluster A, de
55% com o cluster C, e de 64% do Transtorno de Personalidade Antissocial, por falta de
amostras de histriônicos e narcísicos (TOMKO et al.; 2014).
- Transtorno de Personalidade Paranoide, Esquizotípica, Antissocial, Esquivo e
Dependente: Os valores de convergências sintomáticas foram, respectivamente, de 14,5%;
14,3%; 63%; 59%; e 45% (CONCEIÇÃO et al.; 2015).

2. PROBLEMA DE PESQUISA

Quais comorbidades estão associadas a psicodinâmica dos indivíduos com Transtorno


de Personalidade Borderline?

3. HIPÓTESE(S)

Há uma grande ocorrência de comorbidades no Transtorno de Personalidade


Borderline, mais especificamente as comorbidades patogênicas, expressas por meio de
sintomas convergentes, e não por meio de diagnóstico completo.

8. REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais- DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992 p.
CONCEIÇÃO, Isadora Klamt et al. Sintomas de TEPT e trauma na infância em
pacientes com Transtorno da Personalidade Borderline. Psicologia em Revista (Online), 2015.
DUDAS, Robert B. et al. " The overlap between autistic spectrum conditions and
borderline personality disorder": Correction. 2018.
ESBEC, E.; ECHEBURUA, E. New criteria for personality disorders in DSM-V.
Actas Españolas de psiquiatría, v. 39, n. 1, p. 1-11, 2011.
GARCIA, Claudia Amorim; GRYNER, Joana. A capacidade simbólica dos pacientes
borderline: prejuízos no espaço potencial. Cad. Pscanál., Rio de Janeiro, v. 33, n. 30,
p.233-257, novembro. 2014.
KERNBERG, Otto F. et al. Psicoterapia psicodinâmica de pacientes borderline. Porto
Alegre: Artmed, 1991. 212p.
LEITE, Carina Teixeira et al. Falhas ambientais e conflito: compondo uma escuta da
organização borderline. Revista Brasileira de Psicoterapia, v. 20, n. 1, p. 37-48, 2018.
MIRANDA, Gilda Cristina Nunes de Paiva - Bulimia e automutilações. Coimbra:
[s.n.], 2012. Dissertação de mestrado. Disponível na WWW:
http://hdl.handle.net/10316/26153
RIBEIRO, Ângela et al. “Um insuportável vazio”: falso self e a organização
borderline da personalidade, a partir de um caso clínico. Psicoterapia: Revista Brasileira de
Psicoterapia, Porto Alegre / RS, v. 3, n. 18, p.45-54, dezembro 2016.
SILVA, Tatiana Cristina da. Psicodinâmica da pessoa com transtorno de personalidade
borderline. 2018.
SLOTEMA, C. W. et al. Comorbid diagnosis of psychotic disorders in borderline
personality disorder: Prevalence and influence on outcome. Frontiers in Psychiatry, v. 9, p.
84, 2018.
TOMKO, Rachel L. et al. Characteristics of borderline personality disorder in a
community sample: comorbidity, treatment utilization, and general functioning. Journal of
personality disorders, v. 28, n. 5, p. 734-750, 2014.
ZANARINI, Mary C. et al. Axis I comorbidity of borderline personality disorder.
American Journal of psychiatry, v. 155, n. 12, p. 1733-1739, 1998.
ZANDERSEN, Maja; PARNAS, Josef. Exploring schizophrenia spectrum
psychopathology in borderline personality disorder. European archives of psychiatry and
clinical neuroscience, p. 1-10, 2019.

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