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Mvukiyingoma Evariste

Cientistas e Estrutura Cristalina

Universidade Rovuma

Nampula

2021
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Mvukiyingoma Evariste

Cientistas e Estrutura Cristalina


(Licenciatura Em Ensino de Física com Habilitações em Energias Renováveis)

Trabalho de Carácter Avaliativo, Referente a Cadeira


de Física de Estado dos Sólidos, Que Será
Apresentado no Departamento de Ciências Naturais,
Matemática e Estatística, Orientado pelo Docente:

dr. Fernando Murrula Oface

Universidade Rovuma

Nampula

2021
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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3

1. Cientistas ................................................................................................................................ 4

1.1. William Henry Bragg .......................................................................................................... 4

1.2. Max Von Laue ..................................................................................................................... 4

1.3. Patrus J. Debye .................................................................................................................... 5

2. Estrutura Cristalina ................................................................................................................. 5

2.1. Tipos de Rede ...................................................................................................................... 5

2.2. Direcções e Planos Cristalinos ............................................................................................ 7

2.2.1. Planos cristalinos e índices de Miller ............................................................................... 7

2.3. Distancia Interplanar e Defeitos .......................................................................................... 8

3. Conclusão ............................................................................................................................. 10

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 11


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Introdução
As observações da regularidade e perfeição geométrica de cristais macroscópicos forneceram,
já no século XVIII, os primeiros indícios de que os cristais são formados por uma colecção de
partículas organizadas de forma periódica1. A confirmação experimental directa deste fato
veio no início do século XX, através dos experimentos de difracção de raios-X e do
desenvolvimento de uma teoria elementar de difracção de ondas por um sistema periódico,
descobertas que valeram o prémio Nobel a W. H. Bragg e W. L. Bragg em 1915 e a M. T. F.
von Laue no ano anterior.
É desta feita que surge o estudo das estruturas cristalinas, é definida como como um conjunto
de átomos periodicamente distribuídos no espaço, formando uma rede.
Portanto, o presente trabalho debruçará sobre os cientistas que contribuíram para a descoberta
da estrutura cristalina, os tipos de redes cristalinas com os respectivos defeitos. Esta fornece a
base elementar para o entendimento de todas as demais propriedades dos sólidos.
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1. Cientistas
1.1. William Henry Bragg
William Henry Bragg nasceu em 2 de Julho de 1862 em Cumberland, Inglaterra. Seu pai,
Robert John Bragg, era oficial da marinha mercante e agricultor. A mãe de Bragg, Mary,
morreu quando o futuro Físico tinha apenas 7 anos, com isso, ele teve de ser criado por seu tio
em Leicestershire.
Em 1886 foi exigido que Bragg trabalhasse com aulas de Física também, matéria que ele era
até então ignorante. Bragg não era somente activo nos esportes, ele também lidava com
escolas e locais públicos como a Biblioteca Pública e o Museu e Galeria de Arte do Sul da
Austrália.
Alguns anos depois, Bragg concluiu que raios X e raios γ eram constituídos por um fluxo de
pares de partículas neutras ao invés de ondas electromagnéticas, postura que o colocou sob
muita controvérsia
Em cima da demonstração de Max von Laue de que raios X podem ser difractados por
cristais, Bragg e seu filho discutiram esse desenvolvimento. Com isso, seu filho conseguiu
formular a lei de Bragg, a qual simplifica o problema de Laue. Assim, o filho e o pai se
uniram para trabalhar com raios X, iniciando o campo da cristalografia por raios X, o que lhes
rendeu o prémio Nobel de Física em 1915.
Os trabalhos de Bragg e seu filho foram interrompidos para que pudessem contribuir para os
interesses de guerra. Posteriormente, foi dado sequência ao trabalho com cristalografia de
raios X e iniciado aulas com o objectivo de popularizar a ciência entre os jovens. Recebeu
diversas honras e medalhas. William Henry Bragg faleceu em 12 de Março de 1942 em
Londres (Penteado, 2016).

1.2. Max Von Laue


Max Theodor Felix Laue nasceu em Pfaffendorf, filho de Julius von Laue, um funcionário da
administração militar alemã.
Foi laureado com o Nobel de Física de 1914, pela descoberta da difracção dos raios-X em
cristais.
Em 1902 passou a trabalhar com Max Planck na Universidade de Berlim, especializando-se
em espectroscopia e radiação. Posteriormente foi professor da Universidade de Zurique
(1912) e Universidade de Frankfurt (1914).
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Neste ano recebeu o Nobel de Física, criando as bases da cristalografia e da espectroscopia


com raios-X. Max von Laue mostrava um grande interesse pelas teorias de Einstein sobre
relatividade e em 1907 começou a publicar artigos sobre essas teorias.
Em 1945 com o fim da guerra Max von Laue foi levado pelas tropas anglo americanas para a
Inglaterra, onde ficou confinado até 1946 (Huebener).

1.3. Patrus J. Debye


Petrus Josephus Wilhelmus Debije nasceu em Maastricht, nos Países Baixos, em 24 de Março
de 1884. Ele estudou matemática e física clássica, e, em 1905, formou-se em engenharia
eléctrica. Em 1907, ele publicou seu primeiro trabalho, uma solução matematicamente
elegante de um problema envolvendo correntes parasitas. Em Aachen, ele estudou com o
físico teórico Arnold Sommerfeld, que mais tarde afirmou que sua descoberta mais importante
foi Peter Debye.
Em 1912 introduziu uma modificação na teoria do calor específico para baixas temperaturas,
desenvolvida por Albert Einstein, incluindo as contribuições dos fônons, os quanta de
vibrações dos cristais.
Em 1923, juntamente com Arthur Holly Compton, desenvolveu uma teoria para explicar o
efeito Compton, a difracção dos raios-X quando interagem com electrões.

2. Estrutura Cristalina
A estrutura cristalina resulta da associação de um motivo (ou base) a cada nó da rede
cristalina. Cada motivo (um átomo ou conjunto de átomos ou íons) pode ser obtido por
translação ao longo da recta que une os nós da rede. A estrutura tem matéria, enquanto que a
rede é um conceito geométrico.

Como a estrutura cristalina perfeita é um agrupamento regular de átomos distribuídos em uma


rede cristalina, os arranjos atómicos podem ser descritos completamente pela especificação
das posições dos átomos em um modelo unitário repetitivo da rede, denominada célula
unitária.

A célula unitária é definida como a menor porção do cristal que ainda conserva as
características do mesmo.

2.1. Tipos de Rede


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Existem sete arranjos que podem representar as estruturas de todas as substâncias cristalinas
conhecidas, denominados sistemas cristalinos. Esses sistemas são: cúbico, tetragonal,
ortorrômbico, monoclínico, triclínico, hexagonal e romboédrico. As características dos sete
sistemas cristalinos são dadas no quadro mostrado na figura abaixo.

Sistema Cristalino Parâmetros da célula Geometria da célula unitária

Cúbico a=b=c α=β=γ=90°

Hexagonal a=b≠c α=β=90°, γ=120°

Tetragonal a=b≠c α=β=γ=90°

Romboédrico a=b=c α=β=γ≠90°

Ortorrômbico a≠b≠c α=β=γ=90°

Monoclínico a≠b≠c α=γ=90°≠β

Triclínico a≠b≠c α≠β≠γ≠90°

Fig. Células unitárias dos sistemas cristalinos e suas relações de parâmetros. Fonte: (Silva, 2015, p.
41).
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2.2. Direcções e Planos Cristalinos


As direcções cristalinas consistem de um linha de átomos. Ou seja, a linha de átomos exibida,
para ser uma direcção tem que ter um sentido, o qual poderia ser da esquerda para a direita ou
o inverso. As direcções na rede cristalina são determinadas através de um vector. O vector é
representado por suas coordenadas em relação ao sistema de eixos coordenados escolhidos.
Estas coordenadas são medidas em relação às dimensões da célula cristalina. A direcção é
dada com relação ao ponto escolhido e à origem do sistema.

Fig. a) Átomo em posição (1,1,0); b) linha de átomos sinalizando duas direcções cristalinas; c? Vector
indicando direcção cristalina [111].

2.2.1. Planos cristalinos e índices de Miller


O ordenamento de átomos da rede cristalina produz também planos atómicos, que são planos
ocupados pelos átomos da rede, como aquele constituído pelos átomos vermelhos indicados
na figura.

Figura 4.7: Plano de átomos (100) em rede cúbica simples.


Cada rede possui seu conjunto específico de planos, os quais são identificados por índices,
exemplo das direcções cristalinas. Os índices que identificam planos são denominados índices
de Miller. Um plano atómico, assim como um plano qualquer, é perfeitamente determinado
por três pontos. Tomamos, por simplicidade, os pontos onde o plano corta os três eixos
coordenados.
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Pegamos as coordenadas destes pontos, tendo como referência os parâmetros de rede.


Revertendo o sinal de todos os índices de um terno, nós obtemos um plano paralelo, como
uma imagem deste plano reflectida em um espelho localizado na origem. Quando um plano
passar pela origem, a determinação dos índices de Miller é feita deslocando-se a origem do
sistema de eixos ou criando um plano equivalente, paralelo que não passa pela origem.

2.3. Distancia Interplanar e Defeitos


Defeito cristalino é uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos
em um cristal. Na realidade, os cristais nunca são perfeitos e contêm vários tipos de
imperfeições e defeitos, que afectam muitas das suas propriedades físicas e mecânicas, o que,
por sua vez, altera propriedades de engenharia importantes, tais como a plasticidade (a frio)
das ligas, a condutividade electrónica dos semicondutores (condutividade dos semicondutores
depende das impurezas presentes) a velocidade de migração dos átomos nas ligas (a difusão
atómica pode ser acelerada pelas impurezas e imperfeições) a cor e luminescência de muitos
cristais se devem as impurezas ou imperfeições, assim como a corrosão dos metais.
As imperfeições nas redes cristalinas são classificadas de acordo com a sua geometria e forma
(Guy; 1976, p. 55).
O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das circunstâncias
sob as quais o cristal é processado. Os tipos de defeitos podem ser definidos como:
 Defeitos pontuais: irregularidades que se estendem sobre somente alguns átomos
(defeitos dimensionais - dimensão zero), podendo ser lacunas, intersticiais ou
substitucionais;

Fig. Defeitos pontuais: (a) lacuna e (b) auto-intersticial ou intersticial, na rede de um metal sólido
compacto (Guy; 1976, p. 55).
 Defeitos lineares: irregularidades que se estendem através de uma única fileira de átomos
(unidimensionais), podendo ser discordâncias em hélice ou discordâncias em cunha;
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Figura 7.6 - (a) Discordância cunha (aresta) positiva, numa rede cristalina. (b) Discordância cunha
(aresta) com indicação (Guy; 1976, p. 55).

 Defeitos planares: irregularidades que se estendem através de um plano de átomos


(bidimensionais, que incluem as superfícies exteriores e os limites de grão interiores),
podendo ser contornos de pequeno ângulo, contornos de grão, interface precipitado
matriz;

 Defeitos volumétricos: defeitos macroscópicos tridimensionais se estendem sobre o


conjunto dos átomos na estrutura ou no volume. Como exemplos destes defeitos pode-se
citar os poros, as fendas, os precipitados e as inclusões.

Fig. Defeitos volumétricas. Fonte (Guy; 1976, p. 56)


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3. Conclusão
No presente trabalho conclui-se que, as estruturas cristalinas um material cristalino,
independentemente do tipo de ligação encontrada no mesmo, caracteriza-se por apresentar um
agrupamento de seus átomos, iões ou moléculas, que se repete tridimensionalmente. A
repetição tridimensional nos cristais é devida à coordenação atómica no interior do material, a
qual, como já mencionado anteriormente, decorre de condições geométricas que são impostas
por ligações direccionais e compacidade.
Quando os átomos não têm direcções específicas de ligação, como os metais ou os compostos
iónicos, eles se comportam como esferas rígidas de raio definido e tendem a maximizar os
contactos com outros átomos (esferas), ou seja, tendem a preencher o volume disponível,
maximizando a densidade.
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Referências bibliográficas
Davies, M. (1970). Peter Joseph Wilhelm Debye. Biographical Memoirs of Fellows of
the Royal Society.

Guy, A. G. (1976). Essentials of materials science. McGraw-Hill,.

Huebener, R. (n.d.). Acessado em 09/07/2021 em Wikipédia:


https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Max-Von-Laue&oldid=59781522.

Penteado, M. (2016). Cientista da Semana, Lei de Bragg. Acessado em:11/07/ 2021,


em: http://adb.anu.edu.au/biography/bragg-sir-william-henry-5336.

Silva, A. (2015). Estruturas e Propriedades de Materiais Cerâmicos. Portugal.

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