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USP-FFCLRP Introdução à Estatı́stica e Probabilidade I

DFM Matemática Aplicada a Negócios


Prof. Rafael A. Rosales 25 de agosto de 2010

Sumário
1 Eventos e Espaços amostrais 2
1.1 Eventos (Conjuntos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Espaços amostrais Ω . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Seqüência de eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Álgebras e σ-álgebras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Probabilidade 5
2.1 Espaços de probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Simetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Propriedades adicionais de P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

3 Probabilidade (Combinatória) 7

4 Probabilidade Condicional 10

5 Independência de eventos 11

6 Variáveis Aleatórias 12
6.1 Vetores aleatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

7 Esperança matemática e variância 15

8 Esperança condicional 17

9 independência de variáveis aleatórias 17

10 Extras 17

11 Modelos Probabilı́sticos Discretos 18

12 Modelos Probabilı́sticos Contı́nuos 20

13 Suplementos 20
13.1 Conjuntos enumeráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
13.2 σ-álgebras? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Exercı́cios de Probabilidade
Os exercı́cios marcados com “†” são mais difı́ceis e podem ser deixados para uma segunda
leitura. Cada uma das provas terão uma ou dois perguntas a este nı́vel. Os exercı́cios

1
marcados com “††” são ainda mais difı́ceis e alguns serão resolvidos em aula, porém
recomendamos a maneira de reto a sua resolução. A seção de suplementos contem tópicos
mais avançados e o seu estudo é opcional.

1 Eventos e Espaços amostrais


1.1 Eventos (Conjuntos)
Exercı́cio 1. Demonstrar as seguintes identidades utilizando a definição de cada operação,
considerando que para quaisquer dois conjuntos A e B, A = B se A ⊆ B e B ⊆ A.

A 4 B = (A ∩ B c ) ∪ (Ac ∩ B) (i)
c
A = (A ∩ B) ∪ (A ∩ B ) (ii)
c
A\B =A∩B (iii)
c
A =Ω\A (iv)
c
A∩A =∅ (v)
c
A∪A =Ω (vi)
A∪A=A∩A=A (vii)
(A ∪ B) ∩ C = (A ∩ C) ∪ (B ∩ C) (viii)
(A ∩ B) ∪ C = (A ∪ C) ∩ (B ∪ C) (ix)

Exercı́cio 2. (Leis de De Morgan) Seja {Ai : i = 1, . . . , n} uma coleção de eventos de Ω.


Mostre,
[n c \ n \n c [ n
c
Ai = Ai , Ai = Aci .
i=1 i=1 i=1 i=1

Exercı́cio 3. Sejam A, B e C eventos de Ω. Identifique as seguintes equações e frases,


unindo cada equação expressa na notação de conjuntos com a correspondente frase na
linguagem de eventos,

(a) A ∩ B ∩ C = A ∪ B ∪ C (i) A e “B ou C” são incompatı́veis


(b) A ∩ B ∩ C = A (ii) Os eventos A, B, C são idênticos
(c) A ∪ B ∪ C = A (iii) A ocorrência de A implica a de “B e C”
(d) (A ∪ B ∪ C) \ (B ∪ C) = A (iv) A ocorrência de A decorre de “B ou C”

Exercı́cio 4. Sejam A, B, C eventos de Ω. Mostre que A \ (B \ C) 6= A \ B ∪ C. Encontrar


uma expreção mais simples para A \ B ∪ C.
Exercı́cio 5. Sejam A, B e C três eventos em Ω. Encontrar as expressões para os seguintes
eventos:
(a) aconteceu somente A
(b) aconteceram A e B mas não C
(c) aconteceram os três eventos
(d) aconteceu ao menos um dos eventos
(e) aconteceram ao menos dois eventos
(f ) aconteceu só um dos eventos
(g) ocorreram só dois eventos

2
(h) não aconteceu nenhum dos eventos
(i) não aconteceram mais de dois eventos

Exercı́cio 6. Dois dados são lançados. Sejam os eventos E = {a soma dos dados é
impar}1 , F = {pelo menos um dado tem o número 1 na face superior}, e G = {a soma
dos dados é 5}. Descreva os eventos E ∪ F , E ∩ F , F ∩ G, E ∩ F c , e E ∩ F ∩ G.

1.2 Espaços amostrais Ω


Exercı́cio 7. Descrever os espaços amostrais, Ω, dos seguintes experimentos:
(i) uma moeda é lançada n vezes (n < ∞) [Dica: pense em um produto cartesiano.
Por que?]
(ii) duas bolas são retiradas de uma urna que inicialmente contem duas bolas pretas e
duas vermelhas. Considere todas as posı́veis situações: as bolas podem ser retiradas com
reposição ou sem reposição, e a ordem na qual são retiradas as bolas pode ser considerada
ou não.
(iii) seleciona-se um ponto, ao acaso, do quadrado unitário

{(x, y) : 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1}

(iv) Retiram-se cartas sucessivamente de um baralho de 52 cartas, ao acaso e com re-


posição, até retirar-se o primeiro rei. Registra-se o número total de retiradas.

Exercı́cio 8. † Um torneio de tênis começa com 2n competidores e apresenta n jogos.


Descrever o espaço Ω de todos os possı́ves resultados. [Dica: produto cartesiano]

1.3 Seqüência de eventos


Exercı́cio 9. †† Seja A1 , A2 , . . . uma seqüência de eventos. Defina

[ ∞
\
Bn = Am , Cn = Am .
m=n m=n

Neste caso Cn ⊆ An ⊆ Bn . As seqüências {Bn } e {An } são respectivamente decres-


centes e crescentes com limites


\ ∞ [
\ ∞
lim Bn = B = Bn = Am ,
n=1 n=1 m≥n
[∞ [∞ \ ∞
lim Cn = C = Cn = Am .
n=1 n=1 m≥n

1
Esta notação é a forma abreviada de {ω ∈ Ω : ω que apresentam soma impar}. Em geral {ϕ} denota o
conjunto dos eventos elementares {ω ∈ Ω : ω ∈ ϕ} onde ϕ é um predicado qualquer (da lógica de primeira
ordem).

3
Os eventos B e C são chamados lim supn→∞ An e lim inf n→∞ An respectivamente. (i)
Demonstrar a seguinte interpretação para B e C,

B = {ω ∈ Ω : ω ∈ An para uma infinidade de valores de n},


C = {ω ∈ Ω : ω ∈ An para todo n menos uma quantidade finita de valores de n}.

(ii) (esta parte realmente é de probabilidade) Se

lim sup An = lim inf An = A,


n→∞ n→∞

chamamos o evento limite A de limn→∞ An , ou simplesmente An → A. Demonstrar que


se A = limn→∞ An , então P(An ) → P(A) quando n → ∞.

1.4 Álgebras e σ-álgebras


Definição 1. Seja Ω um conjunto. A familia A de conjuntos de Ω é uma álgebra de
Ω se: (i) ∅ ∈ A , (ii) A ∈ A ⇒ Ac ∈ A , (iii) sejam A1 , A2 , . . ., An conjuntos em A ,
então ∪ni=1 Ai ∈ A . Dezimos que A é uma sigma álgebra (σ-álgebra) de Ω se A satisfaze
as condições (i), (ii) e em lugar de (iii) temos que para quaisquer A1 , A2 , . . . ∈ A ,
i=1 Ai ∈ A
∪∞

A diferença entre álgebra e σ-álgebra é que a primeira só apresenta conjuntos formados
por operações finitas. A noção de σ-álgebra será raramente utilizada neste curso, porém
é necessária para desenvolver a teoria de probabilidade de maneira consistente. Uma
justificativa relativamente informal disto é apresentada no apêndice.

Exercı́cio 10. Um dado equilibrado é jogado uma vez, e é observado o número da face su-
perior. Os resultados possı́veis são Ω = {ω1 , ω2 , . . . , ω6 } = {1, 2, . . . , 6}. São considerados
os seguintes eventos: A=“o resultado é par”, B=“o resultado é impar”, C=“o resultado é
um número primo”. Explique por que {∅, A, B, Ω} é uma álgebra de Ω, embora {∅, A, Ω}
não é uma álgebra de Ω.

Exercı́cio 11. Mostre que {∅, Ω} é uma álgebra (de Ω).

Exercı́cio 12. Seja A um evento de Ω. Mostre que A = {∅, A, Ac , Ω} é uma álgebra.

Exercı́cio 13. Sejam A e B dois conjuntos em A . Mostre que A contem os conjuntos


A ∩ B, A \ B e A 4 B.

Exercı́cio 14. Mostre que uma σ-álgebra (de Ω) também é uma álgebra (de Ω).

Exercı́cio 15. Seja A uma σ-álgebra dos subconjuntos de Ω e suponha que B ∈ A .


Mostre que FB = {A ∩ B : A ∈ A } é uma σ-álgebra dos subconjuntos de B.

Exercı́cio 16. Sejam A e F duas σ-álgebras dos subconjuntos de Ω.


(i) Seja D = A ∩ F a coleção dos subconjuntos de Ω em ambos A e F . Mostre que
D é uma σ-álgebra.
(ii) Mostre que A ∪ F , a coleção de subconjuntos de Ω pertencentes a A ou F , não
é necessáriamente uma σ-álgebra.[Dica: utilice um contra exemplo]

4
(iii) Generalize o item (i): Se Fi , i = 1, . . . , n são σ-álgebras de partes de Ω, então
∩ni=1 Fi também é uma σ-álgebra.
(iv) Seja B uma classe de subconjuntos de Ω. Mostre que existe pelo menos uma
σ-álgebra que contem B. [Dica: qual a “maior” classe de subconjuntos de Ω?]
(v) Visando a plena utilização dos itens (b) e (c), como você definiria “a menor σ-
álgebra contendo B”, onde B é uma classe de subconjuntos de Ω?

Exercı́cio 17. Mostre que a famı́lia de todos os subconjuntos de um conjunto finito é


uma álgebra. [Dica: se A esta formado por todos os subconjuntos de Ω, então A ∈ A
realmente significa ‘A é um subconjunto de Ω’.]

2 Probabilidade
2.1 Espaços de probabilidade
Exercı́cio 18. Descreva um espaço de probabilidade para os experimentos (i) e (ii) men-
cionados no exercı́cio 7.

Exercı́cio 19. †† Uma moeda é jogada um número infinito de vezes. Descreva um espaço
de probabilidade para este experimento.

Exercı́cio 20. Descreva o espaço de probabilidade do seguinte experimento: uma moeda


não equilibrada é jogada repetidas vezes até aparecer a primeira cara.

2.2 Simetria
Exercı́cio 21. Um dado equilibrado e jogado duas vezes. Qual é a probabilidade de que:
(i) o número 6 ocorre só uma vez, (ii) ambos resultados sejam um número par, (iii) a soma
dos resultados é 4, (iv) a soma dos resultados é divisı́vel por 3.

Exercı́cio 22. Dois dados equilibrados são jogados simultaneamente. Qual é a proba-
bilidade dos seguintes eventos: (i) a soma dos resultados é 2, 3 ou 12, (ii) a soma dos
resultados é impar, (iii) o produto é impar, (iv) a diferença e impar, (v) o resultado de
um dado é menor que o outro, (vi) os resultados serem diferentes e o menor dos dois
números é r, para 1 ≤ r ≤ 6. [É importante distinguir os dois dados. No caso que isto
não seja tomado em conta, o espaço amostral Ω = {(i, j) : 1 ≤ i ≤ j ≤ 6}, apresenta 21
possibilidades, |Ω| = 21, cada uma com probabilidades diferentes do caso no qual os dados
são diferentes.]

Exercı́cio 23. Uma sala de aula tem 7 homens e 8 mulheres. (i) Se duas pessoas são
selecionadas ao acaso para sair da sala, qual é a probabilidade destas serem do mesmo
sexo? (ii) Em duas ocasiones diferentes uma pessoa é selecionada para sair da sala. Qual
a probabilidade das escolhas resultar em pessoas de sexo diferente?

Exercı́cio 24. Uma moeda equilibrada é jogada repetidas vezes. Qual é a probabilidade
de que na n-ésima jogada: (i) o resultado seja uma cara pela primeira vez, (ii) o número
de caras e coroas é o mesmo, (iii) ocorreram exatamente duas caras, (iv) ocorreram pelo
menos duas caras.

5
Exercı́cio 25. Uma moeda equilibrada é jogada quatro vezes. Qual é a probabilidades
de: (i) o resultado contem pelo menos três caras, (ii) o resultado contem exatamente
três caras, (iii) o resultado contém três o mais caras consecutivas, (iv) o resultado tem
exatamente três caras consecutivas.

Exercı́cio 26. Uma urna contem n bolas brancas, b, e n de cor laranja, l. Duas bolas
são retiradas ao acaso. (i) Encontrar P(bb) quando o espaço amostral é formado por todos
os pares não ordenados de bolas indistinguı́veis. (ii) Qual é a probabilidade de que a
primeira bola seja branca? e da segunda branca?. (iii) A metade das bolas são removidas
e colocadas em uma caixa. Se das bolas restantes uma é escolhida ao acaso, qual é a
probabilidade de que esta última seja laranja?. (iii) Um dado honesto com n lados é
jogado. Se a r-ésima face é o resultado, r bolas são removidas da urna e colocadas num
saco. Qual é a probabilidade de que uma bola removida ao acaso do saco seja de cor
laranja?

Exercı́cio 27. Um jogo de 4 xı́caras e 4 pires contém duas xı́caras brancas e dois pires
de uma cor, e os restantes de outra cor, por exemplo, preto e branco. (i) Qual é a
probabilidade de que exatamente uma xı́cara esteja sobre um pires da mesma cor?. (ii)
Qual é a probabilidade de que duas xı́caras estejam sobre pires da mesma cor?. (iii) Qual
é a probabilidade de que nenhuma xı́cara esteja sobre um pires da mesma cor se o jogo
consiste de quatro cores diferentes em lugar de só dois? [Dica: coloque primeiro os pires e
deixe estes fixos! (pense por que não faz diferença se também consideramos o casos onde
os pires são colocados ao acaso em qualquer disposição) ]

Exercı́cio 28. Para começar um jogo de azar com um dado, é preciso sacar um 6 no
primeiro lançamento. (i) Qual é a probabilidade de que o 6 resulte pela primeira vez sé
no terceiro intento?. (ii) Qual é a probabilidade de que sejam requeridos mais de três
intentos?. (iii) Qual é o número de intentos mais prováveis requeridos para obter um 6?

Exercı́cio 29. Encontrar a probabilidade de que em 24 laçamentos de dois dados não


ocorra o evento (6,6).

Exercı́cio 30. † No jogo crabs mencionado na sala de aula, qual é a probabilidade dos
seguintes eventos: (i) ganhar ou perder antes ou no segundo lançamento, (ii) ganhar ou
perder antes ou no terceiro lançamento, (iii) ganhar se no primeiro lançamento o primeiro
dado resulta em 2, (iv) ganhar se no primeiro lançamento o primeiro dado resulta em 6, e
(v) De ser possı́vel fixar o resultado de um dos dados no primeiro lançamento, qual seria
o número escolhido por você?

Exercı́cio 31. †† Uma urna contem três tickets marcados com “1”, “2” e “3”. Se os tickets
são retirados sem reposição, qual é a probabilidade de que exista um valor r (r = 1, 2, 3)
tal que na r-ésima retirada resulte um tiket marcado com r?

2.3 Propriedades adicionais de P


Exercı́cio 32. Demonstrar que a probabilidade de que ocorra exatamente A e B é P(A) +
P(B) − 2P(A ∩ B).

6
Exercı́cio 33. Demonstre as seguintes propriedades

[ 
(i) Se P(An ) = 0 para n = 1, 2, . . . , então P An = 0,
k=1

\ 
(ii) Se P(An ) = 1 para n = 1, 2, . . . , então P An = 1.
k=1

Exercı́cio 34. Demonstrar as seguintes desigualdades, conhecidas como as desigualdades


de Boole,
n
[  X n \n  X n
P Ai ≤ P(Ai ), P Ai ≥ 1 − P(Aci )
i=1 i=1 i=1 i=1

Exercı́cio 35. † Mostre que se P(Ak ) ≥ 1 − ε para k = 1, . . . , n, então,


n
\ 
P Ak ≥ 1 − nε.
k=1

Exercı́cio 36. †† Demonstre o seguinte fato: se A1 , A2 , . . . e B1 , B2 , . . . são eventos do


mesmo espaço de probabilidade tais que P(An ) → 1 e P(B) → p, quando n → ∞, então
P(An ∩ Bn ) → p.

Exercı́cio 37. †† Demonstrar que


n
\  n
X n
X n
X
P Ai = P(Ai ) − P(Ai ∪ Aj ) + P(Ai ∩ Aj ∪ Ak )
i=1 i=1 i<j i<j<k

+ · · · + (−1)n+1 P(A1 ∪ A2 ∪ · · · ∪ An ).

3 Probabilidade (Combinatória)
Mesmo que seja possı́vel obter a resposta por outros médios, todos os cálculos necessários
para obter as probabilidades nesta seção devem utilizar argumentos combinatórios.

Exercı́cio 38. De quantas maneiras é possı́vel ordenar um conjunto de n elementos?

Exercı́cio 39. De quantas maneiras podemos escolher k elementos de um conjunto de n


elementos? (neste caso a ordem não é considerada)

Exercı́cio 40. Qual é o número de bijeções de um conjunto de n elementos a um conjunto


de m elementos?

Exercı́cio 41. Qual é o número de todas as relações (não unicamente as bijeções) de um


conjunto de n elementos a um conjunto de m elementos?

Exercı́cio 42. Qual é o número de subconjuntos de um conjunto de n elementos?

Exercı́cio 43. Suponha que você tem dois pares de meias vermelhas, três pares de meias
beije, e quatro com um atrativo motivo de arco-ı́ris. Se são escolhida duas meias ao acaso,
qual é a probabilidade destas serem do mesmo par?

7
Exercı́cio 44. Um estudante do DFM tem a livros de álgebra, b sobre bancos de dados, e
c de cálculo. Se os livros são colocados numa prateleira ao acaso, qual será a probabilidade
dos eventos: (i) os livros sobre um mesmo tema não estam separados, (ii) os livros sobre
um mesmo tema estam em ordem alfabético mas não são necessariamente adjacentes, (iii)
os livros sobre o mesmo tema são adjacentes e seguem o ordem alfabético.
Exercı́cio 45. Um jogo de cartas é bem embaralhado e uma mão de 13 cartas é oferecida
a quatro jogadores. Encontrar a probabilidade de que: (i) cada jogador tenha um ás, (ii)
um jogador tenha todos os asses. [Dica: usualmente em um jogo com cartas, a ordem
na qual as cartas são entregues não é importante. Lembre também que as cartas são
inicialmente entregues sem reposição. Como contamos os eventos?]
Exercı́cio 46. † Suponha que as pessoas tem a mesma probabilidade de nascer em qual-
quer dia do ano. Dado um grupo de r pessoas selecionadas ao acaso, das quais é sabido
que nenhuma nasceu no 29 de fevereiro, mostrar que a probabilidade de que ao menos
duas destas tenham aniversário em dias consecutivos ou no mesmo dia é pr , onde
(365 − r − 1)!
pr = 1 − 365−r+1 , (2r < 365).
(365 − 2r)!
Deduzir que para r = 13, a probabilidade de conseguir dois aniversários consecutivos é
1/2.
Exercı́cio 47. Uma urna contem 4n bolas, n das quais são pretas, n roxas, n azuis e n
marrons. Se r, r ≥ 4, bolas são retiradas sem reposiçãoão, qual é a probabilidade de que:
(i) ao menos uma bola é preta? (ii) exatamente duas bolas são pretas? (iii) existe ao
menos uma bola de cada cor?
Exercı́cio 48. †† De quantas maneiras diferentes r bolas distintas podem ser distribuı́das,
ao acaso, em n urnas numeradas de 1 a n? Qual é a probabilidade de que pelo menos
uma urna tenha duas bolas? Qual é a probabilidade de cada uma conter no máximo uma
bola?
Exercı́cio 49. Um indivı́duo tem n chaves, das quais somente uma abre uma porta. Ele
seleciona, a cada tentativa, uma chave ao acaso sem reposição e tenta abrir a porta. Qual
é a probabilidade de que ele abra a porta na k-ésima tentativa (k = 1, 2, . . . , n)?
Exercı́cio 50. † Dez pessoas são sentadas ao acaso numa mesa redonda. Qual a proba-
bilidade de que dois pessoas de um casal em particular estejam sentadas uma ao lado da
outra? [Dica: enumere as cadeiras do 1 até o 10 ao igual que dez cartas bem embaralha-
das, as quais serão repartidas entre as dez pessoas. O número total de resultados é igual
a todas as permutações de 10 elementos. Conte o número de eventos “favoráveis”.]
Exercı́cio 51. Você encontra-se jogando Poker e recebe 5 cartas. Um full house consta
de três cartas do mesmo valor e duas de outro, por exemplo (2♣, 2♦, 2♠, 4♦, 4♥). Uma
quadra esta formada por quatro cartas do mesmo valor e uma quinta carta de qualquer
outro valor, por exemplo (5♣, 5♥, 5♠, 5♦, K♦). O que é mais provável, que você receba
um full house ou uma quadra? [Dica: mesma observação que para o exercı́cio 45]
Exercı́cio 52. Seis números são escolhidos de um total de 49 (loteria). Qual a proba-
bilidade dos seguintes eventos (i) A = {os números escolhidos são 1, 2, 3, 4, 5, 6}, (ii)
B = {44 é um dos números escolhidos}. [Dica: A ordem das escolhas não é importante.]

8
Exercı́cio 53. Qual é a probabilidade de formar a palavra ABRACADABRA se as letras
A, A, A, A, A, B, B, C, D, R, e R são escolhidas ao acaso?

Exercı́cio 54. Um elevador carega 7 pessoas e para subsequentemente em 10 andares.


(i) Qual a probabilidade de que não desça mais de 1 pessoa no mesmo andar? (ii) Os
diferentes arranjos de descarga podem ser denotados como h3, 2, 2i, caso 3 pessoas tenham
descido juntas em um andar, duas tenham descido juntas em outro andar e finalmente as
duas restantes em outro andar. Calcule a probabilidade dos quinze possı́veis arranjos de
descarga desde a configuração h7i até a h1, 1, 1, 1, 1, 1, 1i.

Exercı́cio 55. Mostre as seguintes identidades

n   n/2  
X n k
X n
(i) (−) = 0. (iii) = 2n−1 , se n é par.
k 2k
k=0 k=0
n   n/2  
X n X n
(ii) = 2n . (iv) = 2n−1 , se n é par.
k k
k=0 k=0

Exercı́cio 56. Considerando as identidades

(1 + x)m (1 + x)n = (1 + x)m+n ,


(1 + x)m (1 + x)−n−2 = (1 + x)m−n−2 ,

mostrar que
k      m     
X m n m+n X m n+k n
(i) = . (ii) (−)m−k = .
j k−j k k n+1 m−1
j=0 k=1

Exercı́cio 57. † Mostre que


       
n n+k n n n+k n + 2k
=
r r + 2k r+k r+k r r + 2k

e interpretar esta identidade no triângulo de Pascal. O triângulo de de Pascal é apresentado


como um arranjo de coeficientes binomiais, Cnm ,

C00 1
C10 C11 1 1

C20 C21 C22 = 1 2 1

C30 C31 C32 C33 1 3 3 1

.. ..
. .

n n!
Onde Cnm = e C00 = 1, já que por definição 0! = 1.

m = m!(n−m)! ,

9
4 Probabilidade Condicional
Exercı́cio 58. Um dado viciado com faces 1, 2, 3 da cor laranja e 4, 5, 6 da cor azul tem
probabilidades
1 2
P(1) = P(3) = P(5) = , P(2) = P(4) = P(6) = .
9 9
Se o dado é lançado uma vez, qual a probabilidade de que de que a face superior mostre
um número par dado que esta é da cor laranja?

Exercı́cio 59. Dois dados são jogados no cassino, porém e o seu resultado não é mos-
trado. Suponha que o cassino informa que a face superior de um dos dados é 1, qual a
probabilidade da soma dos dois dados ser maior o igual a 5? [Dica: quem é Ω? Se uma
das faces é 1, quais dos elementos de Ω não são possı́veis? quantos sobram?]

Exercı́cio 60. Durante o mês de novembro a probabilidade de chuva é de 0,3. O São


Paulo ganha um jogo em um dia com chuva com a probabilidade de 0,4; em um dia sem
chuva com probabilidade 0,6. Se ganhou um jogo em novembro, qual é a probabilidade de
que choveu nesse dia?

Exercı́cio 61. Pedro quer enviar uma carta a Marina. A probabilidade de que Pedro
escreva a carta é de 0,8. A probabilidade de que o correio não a perca é de 0,9. A
probabilidade de que o carteiro a entregue é de 0,9. Dado que Marina não recebeu a
carta, qual é a probabilidade condicional de que Pedro não a tenha escrito?

Exercı́cio 62. (“Urna de Polya”) Uma urna contém a bolas azuis e v de cor verde. Uma
bola é retirada ao acaso e seu cor é considerado. Subsequentemente a bola é devolvida
para a urna junto com b bolas do mesmo cor. (i) Qual é a probabilidade dos eventos:
(a) a segunda bola é verde, (b) a primeira bola retirada é verde dado que a segunda bola
foi verde. (ii) Se Vn denota o evento “o resultado da n-ésima retirada e verde”, mostrar
que P(Vn ) = P(V1 ) para todo n ≥ 1. (iii) Encontrar a probabilidade de que a primeira
bola retirada seja verde se na n-ésima retirada o resultado é verde. (iv) Mostre que para
quaisquer j, k, P(Vk |Vj ) = P(Vj |Vk ).

Exercı́cio 63. † Achiles e Orfeu (A e O, em breve) decidem jogar golf. De acordo as


suas habilidades A pode ganhar cada buraco com probabilidade 0 < p < 1 e O com
probabilidade 0 < q < 1 (q não é necessáriamente 1 − p). A probabilidade de que um
buraco qualquer seja empatado é 0 < r < 1. Suponha que o jogo acaba a primeira vez na
qual A ou O ganhe um buraco do outro jogador. (i) Mostre que a probabilidade un de
que A ganhe antes ou no n-ésimo buraco é
p(1 − rn )
un = .
(1 − r)

(ii) Dado que A ganha antes ou no n-ésimo buraco, mostrar que: (a) a probabilidade de
que o primeiro buraco resultou em empate é

r(1 − rn−1 )
.
(1 − rn )

10
(b) a probabilidade de que o primeiro buraco foi ganhado é
(1 − r)
.
(1 − rn )
(iii) Dado a que O ganha, qual é a probabilidade disto acontecer antes do terceiro buraco?

Exercı́cio 64. †† Um homem tem 5 moedas, duas das quais tem duas caras, uma tem
duas coroas e as duas últimas são normais.
(i) O homem fecha os olhos elege uma moeda e a lança. Qual é a probabilidade de que a
face inferior da moeda seja cara?
(ii) O homem abre os olhos e observa que a moeda mostra cara; qual é a probabilidade de
que a face inferior seja cara?
(iii) O homem fecha seus olhos de novo e lança a moeda uma segunda vez. Qual é a
probabilidade de que a face inferior seja cara?
(iv) O homem abre os olhos e observa que o resultado é cara; qual é a probabilidade de
que a face inferior seja cara?
(v) O homem descarta esta moeda, escolhe outra ao acaso e a lança. Qual é a probabilidade
de que o resultado seja cara?

5 Independência de eventos
Exercı́cio 65. Se A e B são eventos independentes, mostrar que Ac e B são independentes,
e então deducir que Ac e B c também são independentes.
Exercı́cio 66. Seja (Ω, A , P) um espaço de probabilidade, e A1 , . . . , An ∈ A eventos
independentes com pk = P(Ak ), k = 1, . . . , n. Obtenha a probabilidade de ocorrência dos
seguintes eventos, em termos das probabilidades pk : (i) a ocorrência de nenhum dos Ak ,
(ii) a ocorrência de pelo menos um dos Ak , (iii) a ocorrência de exatamente um dos Ak ,
(iv) a ocorrência de exatamente dois dos Ak , (v) a ocorrência de, no máximo, n − 1 dos
Ak .
Exercı́cio 67. (Independência a pares não implica independência coletiva) Um dado é
jogado n vezes. Seja o evento Aij =“a i-ésima e a j-ésima jogada tem o mesmo resul-
tado”. Mostre que os eventos {Aij : 1 ≤ i < j ≤ n} são independentes somente quando
considerados por pares, isto é, P(Aij ∩ Ajn ) = P(Aij )P(Ajn ) mas P(Aij ∩ Ajk ∩ Aik ) 6=
P(Aij )P(Ajk )P(Aik ) se i 6= j 6= k.
Exercı́cio 68. † Uma moeda honesta é jogada repetidas vezes. Mostre que os seguintes
enunciados são equivalentes (⇔):
(a) os resultados de lançamentos diferentes são independentes,
(b) dada qualquer seqüência de caras e coroas, a probabilidade de que a seqüência ocorra
nos primeiros m lançamentos é 2−m , sendo m o comprimento da seqüência.
Exercı́cio 69. †† Suponha que ter um menino ou uma menina tem a mesma probabilidade.
Suponha também que a Sra. M tem três filhos. Seja A o evento que a famı́lia tem filhos
de ambos sexos, e B o evento que a famı́lia apresenta pelo menos uma menina. (i) Mostre
que A e B são independentes. (ii) Serão A e B independentes se a probabilidade de ter
um menino ou uma menina não são iguais? (iii) O que ocorre se a Sra. M tem quatro
filhos?

11
Exercı́cio 70. †† Existem duas estradas para ir de A a B e duas para ir de B a C. Cada
estrada pode estar bloqueada, independentemente das outras, devido a um acidente de
transito com probabilidade p. (i) Encontrar a probabilidade de que uma das estradas
de A a B esteja aberta dado que não existe nenhuma estrada aberta de B a C. (ii)
Encontrar a probabilidade condicional se adicionalmente existe uma estrada direta entre
A e C, também bloqueada independentemente das outras com probabilidade p.

p p
A p B p C
p

(iii) Qual a probabilidade de chegar de A a D se agora a disposição entre estas cidades


segue o seguinte desenho embaixo?

p B p
A p D
p p
C

6 Variáveis Aleatórias
Exercı́cio 71. Considere a v.a. discreta X com distribuição de probabilidade P (X =
2) = 1/10, P (X = 3) = 1/10, P (X = 4) = 4/10, P (X = 5) = 2/10, P (X = 6) = 1/10,
P (X = 7) = 1/10. Determine (i) P (X ≥ 6); (ii) P (|X − 4| > 2); (iii) P (X = a), a é um
número primo.

Exercı́cio 72. Suponha que você é convidado a jogar um jogo definido de acordo as
seguintes regras: um dos números 2, . . ., 12 é escolhido ao acaso ao jogar um par de dados
e somando os resultados das faces superiores. Você ganha 9 reais caso o resultado seja 2,
3, 11, ou 12, ou perde 10 reais se o resultado é 7. No caso contrário a estas duas situações,
você não perde ou ganha nada. Se ξ denota o valor ganho (ou perdido) no jogo, quais são
as probabilidades P (ξ > 0) e P (ξ < 0)?

Exercı́cio 73. Seja X uma v.a. discreta com distribuição de probabilidade dada por
(
c2−x , x ∈ N,
P (X = x) =
0, x ∈ N̄.

onde N = {0, 1, 2, . . .}, e N̄ é o complemento de N. Determine: (i) O valor da constante c;


(ii) P (X ≤ 2); (iii) P (X > 5); (iv) P (X ser ı́mpar).

Exercı́cio 74. Considere o lançamento de dois dados simultaneamente. Para cada um dos
items a seguir determine Im(X), e P (X = x), ∀ x ∈ Im(X): (i) X: maior valor observado
no lançamento dos sois dados. (ii) X é a soma dos valores observados. (iii) X é o produto
dos valores observados. (iv) X é a diferença entre o maior valor observado e o menor valor
observado.

12
Exercı́cio 75. Seja X uma v.a. cuja função de distribuição é dada por



 0, x < 0,

1/3, 0 ≤ x < 1,
F (x) =


 1/2, 1 ≤ x < 2,

1, x ≥ 2.

Calcular: P ( 12 ≤ X ≤ 32 ), P ( 21 ≤ X < 32 ), P ( 21 ≤ X ≤ 1), P ( 12 ≤ X < 1), P (1 < X < 2),


P (1 ≤ X ≤ 2) e P (X > 1).

Exercı́cio 76. Cinco bolas são selecionadas aleatoriamente sem reposição de uma urna
contendo N bolas numeradas de 1 até N , N > 5. Seja X a v.a. que denota o maior valor
selecionado, determine a função de distribuição de X.

Exercı́cio 77. Quais são os valores da constante C para que as seguintes funções sejam
distribuições nos inteiros positivos 1, 2, . . .?
(i) Geométrica: P (X = x) = C2−x .
(ii) Logarı́tmica: P (X = x) = C2−x /x.
(iii) Quadrática inversa: P (X = x) = Cx−2 .
(iv) Poisson “modificada”: P (X = x) = C2x /x!.

Exercı́cio 78. Seja Ω = {ω1 , ω2 , ω3 }, com P(ω1 ) = P(ω2 ) = P(ω3 ) = 31 . Defina X, Y, Z :


Ω → R tal que

X(ω1 ) = 1, X(ω2 ) = 2, X(ω3 ) = 3,


Y (ω1 ) = 2, Y (ω2 ) = 3, Y (ω3 ) = 1,
Z(ω1 ) = 2, Z(ω2 ) = 2, Z(ω3 ) = 1.

Mostre que X e Y tem as mesmas distribuições. Encontra a funções de distribuição de


X + Y , XY , e X/Y .

Exercı́cio 79. Seja X uma v.a. definida em (Ω, A , P), e a uma constante. Mostre que
(i) aX é uma variável aleatória,
(ii) X − X = 0 é uma variável aleatória sempre igual a cero, e X + X = 2X.

Exercı́cio 80. Seja X uma v.a. com função de distribuição F . Qual é a distribuição de
Y = aX + b, onde a e b são constantes (∈ R)?

Exercı́cio 81. Seja X uma v.a. e seja g : R → R uma função continua e estritamente
crescente. Mostre que Y = g(X) é uma v.a.

Exercı́cio 82. O lançamento de uma moeda resulta em cara com probabilidade p. A


moeda e lançada até aparecer a primeira cara. Seja X o número total de lançamentos,
qual é a probabilidade P (X > m)? Encontrar a função de distribuição de X.

Exercı́cio 83. † Expressar as funções de distribuição de

X + = max{0, X}, X − = min{0, X}, |X| = X + + X − , −X,

em termos da função de distribuição F da v.a. X.

13
Exercı́cio 84. Seja X uma variável aleatória com densidade dada por

a(1 + x)
 se 0 < x ≤ 1,
f (x) = 2/3 se 1 < x ≤ 2,

0 caso contrário.

(i) Obtenha o valor de a. (ii) P (1/2 < X < 3/2).

6.1 Vetores aleatórios


A resolução dos problemas nesta seção requere que você saiba trabalhar com integrais
duplas. Se este não for o caso, continue com os problemas da próxima seção.
Exercı́cio 85. † As variáveis aleatórias ξ e η tem densidade conjunta
(
Kxa , se x < 1, y < 1, x + y > 1, a > −1,
fξ,η (x, y)
0, caso contrário.

(i) Calcule o valor da constante K. (ii) Determine a função de distribuição conjunta


Fξ,η (x, y). (iii) Mostre que é possı́vel construir um triangulo com lados ξ, η, 2 − ξ − η com
probabilidade 1. (iv) Mostre que o angulo oposto ao lado de comprimento η é obtuso com
probabilidade Z 1 a+1
x − xa+2
K dx.
0 2−x
(v) Se a = 0, mostre que a probabilidade em (iv) é 3 − 4 log 2.
Exercı́cio 86. (transformação a coordenadas poalres) Suponha que Z = (X, Y ) apresenta
distribuição uniforme no disco circular de raio 1, isto é,
1
fX,Y (x, y) = , quando x2 + y 2 = 1.
π
Mostre que a densidade conjunta das variáveis aleatórias R = r(X, Y ), Θ = θ(X, Y )
determinadas pelas transformações r = (x2 + y 2 )1/2 , θ = tan−1 (y/x) com inversas x =
r cos(θ) e y = rsen(θ), é
r
fR,Θ (r, θ) = , quando 0 ≤ r ≤ 1, 0 < θ ≤ 2π.
π
[Sugestão: utilice o teorema geral de troca de variáveis visto em Cálculo 2.]
Exercı́cio 87. †† Seja OA um segmento de R de comprimento a. Escolhem-se dois pontos
P1 e P2 em OA de forma aleatória e idependente. Denote por X1 e X2 os omprimentos dos
segmentos OP1 e OP2 respectivamente. Dentre P1 e P2 sejam Y1 , o ponto mais próximo
da O, e Y2 , o ponto mais próximo a A. Sejam M1 e M2 os comprimentos dos segmentos
OY1 e OY2 respectivamente. (i) Calcule a função de distribuição da variável aleatória M =
distância entre P1 e P2 . (ii) encontre a densidade de M . (iii) Determine a probabilidade de
que com três segmentos OY1 , Y1 Y2 e Y2 A seja possı́vel construir um triângulo. [Sugestões:
observe que X1 e X2 sao variáveis aleatórias independentes distribuı́das uniformemente
em [0, a], logo (X1 , X2 ) tem distribuição uniforme no quadrado Q = [0, a] × [0, a]. Além
disso, M1 = mı́n{X1 , X2 }, M2 = máx{X1 , X2 } e M = M2 − M1 = |X1 − X2 |.]

14
Exercı́cio 88. † Considere um circulo de raio r na origem. Suponha que um ponto do
circulo é escolhido ao acaso de maneira uniforme (ou seja, regiões da mesma área tem a
mesma chance de conter o ponto).

x
(ξ1 , ξ2 )

Se ξ1 e ξ2 denotam as coordenadas do ponto escolhido, então a densidade conjunta de


(ξ1 , ξ2 ) é (
c se x2 + y 2 ≤ r2
fξ1 ,ξ2 (x, y) =
0 se x2 + y 2 > r2 .
para algum c > 0. (i) Determine o p valor da constante c. (ii) Encontre as distribuições
marginais de ξ1 e ξ2 . (iii) Seja D = ξ12 + ξ22 (a distância de (ξ1 , ξ2 ) a origem). Calcule
P (D ≤ a). (iv) Calcule E[D].

Exercı́cio 89. Sejam X e Y duas variáveis aleatórias com densidade uniforme no disco
unitário, ou seja,

fX,Y (x, y) = π −1 , (x, y) ∈ C = {(x, y) : x2 + y 2 ≤ 1}.

(i) São X e Y independentes? (ii) encontre as densidades marginais fX (x) e fY (y). (iii)
Se X = R cos(Θ) e Y = sen(Θ), serão R e Θ independentes?

7 Esperança matemática e variância


Exercı́cio 90. Mostre, para toda variável aleatória X discreta, que: (i) Se existe uma
constante α tal que P (X ≥ α) = 1, então E[X] ≥ α. (ii) Se existe uma constante β tal
que P (X ≤ β) = 1, então E[X] ≤ β. Se X ≤ Y , isto é, {w ∈ Ω : X(w) ≤ Y (w)}, então
E[X] ≤ E[Y ].

Exercı́cio 91. Seja X uma variável aleatória com E[X 2 ] < ∞ e sejam a e b constantes
reais. Mostre que Var(aX + b) = a2 Var(X). [pode começar mostrando que Var(X + b) =
Var(X).]

Exercı́cio 92. Considere dois lançamentos consecutivos de um dado. Seja o X número


de vezes em que é obtida a face 1, x = 0, 1, 2; Y o número de vezes em que é obtida a face
6, y = 0, 1, 2; e Z = X + Y o número de vezes em que aparece ou uma face 1 ou uma face
6, z = 0, 1, 2. Determine Var(X), Var(Y ), Var(Z).
Será verdade que Var(X + Y ) = Var(Y ) + Var(Z)?

15
Exercı́cio 93. Para um grupo de n pessoas, determine o número esperado de dias do ano
que são aniversário de exatamente k pessoas, k ≤ n. [Dica: suponha que o ano tem 365
dias e que todos os arranjos são equiprováveis.]

Exercı́cio 94. Um homem possui em seu chaveiro n chaves e deseja abrir a porta de
sua casa experimentando as chaves ao acaso e independentemente. Determine a média e
a variância do número de tentativas se (i) as chaves incorretas são descartadas e, conse-
quentemente, não mais selecionadas; (ii) as chaves incorretas não são separadas, podendo
ser escolhidas novamente. Admita que apenas uma chave consegue abrir a porta.

Exercı́cio 95. Uma urna contém bolas numeradas de 1 a N . Uma pessoa retira uma
bola e a devolve, retira uma segunda bola e a devolve, e procede desta forma até obter
uma bola pela segunda vez, isto é, até obter uma bola já retirada anteriormente. Seja X o
número total de extrações necessárias para obter esta repetição, (i) obtenha a distribuição
de X [calcule P (X > k)], (ii) Mostre que
 1  1  2  1  2  n − 1
E[X] = 2 + 1 − + 1− 1− + ... + 1 − 1− ··· 1 −
n n n n n n
Exercı́cio 96. Cada membro de um grupo de n jogadores lança um dado (só uma vez).
(i) Se o grupo ganha um ponto por cada par de jogadores cujo lançamento tem o mesmo
resultado, encontrar a média e a variância do total de pontos do grupo. (ii) Encontrar a
média e a variância dos pontos totais do grupo se qualquer par de jogadores que lançam
o mesmo número k (k = 1, 2, . . . , 6), ganham k pontos.

Exercı́cio 97. Das 2n pessoas de um grupo de n cassais, morem exatamente m. Se as m


pessoas são selecionadas ao acaso, calcule o número médio de cassais sobreviventes. [Este
problema foi formulado por Daniel Bernoulli em 1768.]

Exercı́cio 98. 2 Suponha que depois de assistir uma peça de teatro, n pessoas recebem
os seus chapéus ao acaso (o funcionário encarregado é extremadamente descuidado). Con-
sidere as variáveis aleatórias Xi , i = 1, . . . , n, tais que Xi = 1P
se a i-ésima pessoa recebe
o seu próprio chapéu e Xi = 0 no caso contrário. Seja Sn = ni=1 Xi , isto é, Sn denota
o número total de pessoas que recebem o seu chapéu. Mostre que: (a) E[Xi2 ] = 1/n, (b)
E[Xi Xj ] = 1/n(n − 1) se i 6= j, (c) E[Sn2 ] = 2 (utilice (a), (b)), e (d) Var(Sn ) = 1.

Exercı́cio 99. Mostre que se Var(X) = 0 então X é constante; isto é, existe a ∈ R tal
que P (X = a) = 1. [Mostre primeiro que se E[X 2 ] = 0 então P (X = 0) = 1.]

Exercı́cio 100. Seja X uma v.a. discreta e g : R → R. Mostre que


X
E[g(X)] = g(x)P (X = x),
x

sempre e quando a soma do lado direito exista.


2
a última parte desta questã foi feita para o curso MAN em 2008

16
8 Esperança condicional
Exercı́cio 101. Mostre as seguintes propriedades da esperança condicionada
(i) E[aY + bZ|X] = aE[Y |X] + bE[Z|X], a, b ∈ R.
(ii) E[Y |X] ≥ 0 se Y ≥ 0.
(iii) E[1|X] = 1.
(iv) Se X e Y são independentes, então E[Y |X] = E[Y ].
(vi) E[Y g(X)|X] = g(X)[Y |X] para qualquer função g apropriada.
(v) E{E[Y |X, Z]|X} = E[Y |X]

9 independência de variáveis aleatórias


Exercı́cio 102. Sejam X e Y v.a. independentes, cada uma com valores -1 ou 1 com
probabilidade 1/2. Seja Z = XY . Mostre que X, Y e Z são independentes a pares. Serão
as três independentes?
Exercı́cio 103. Sejam X e Y v.a. independentes com valores nos inteiros positivos e com
a mesma distribuição P (X = x) = 2−x , x = 1, 2, . . .. Encontrar

(i) P (min{X, Y } ≤ x). (ii) P (Y > X).


(iii) P (X = Y ). (iv) P (X ≥ kY ), k inteiro positivo.
(v) P (X divide Y ). (vi) P (X = rY ), r racional positivo.

Exercı́cio 104. Três jogadores A, B e C se revezam para jogar um dado de acordo a


ordem ABC, ABC, A . . . (i) Mostre que a probabilidade de que A seja o primeiro em lançar
um 6, logo B e finalmente também C é 216/1001. (ii) Mostre que a probabilidade de que
o primeiro 6 seja lançado por A, o segundo por B, e o terceiro por C é 46656/753571.
Exercı́cio 105. (a) Sejam X e Y v.a. discretas e independentes. Sejam g, h : R → R.
Mostre que g(X) e h(Y ) são independentes.
(b) Mostre que duas v.a. X e Y são independentes se, e somente se, P (X = x, Y = y) =
P (X = x)P (Y = y) para todo x ∈ Im(X), y ∈ Im(Y ).
(c) Mais geralmente, mostrar que X e Y são independentes se, e somente se, P (X =
x, Y = y) pode ser fatorada como o produto g(x)h(y) de uma função de x e outra de y.

10 Extras
Exercı́cio 106. Definimos a função geradora de probabilidade da variável aleatória X
(inteira não-negativa) como sendo

ϕX (t) = E[tX ], t ∈ R.

(i) Verifique que ϕX (t) = φX (log(t)) e que φX (t) = ϕX (et ), onde ϕX (t) é a função geradora
de momentos de X. (ii) Mostre que
dϕX (t)
= E[X],
dt

t=1
dn ϕX (t)
= n! P (X = n).
dtn

t=0

17
Exercı́cio 107. Seja X uma variável aleatória. A função caracterı́stica de X é a função
ψ : R → C dada por
ψX (t) = E[eitX ],

onde i = −1. Lembrando que eitX = cos(tX)+isen(tX) e |a+bi|2 = a2 +b2 , verifique que
a função caracterı́stica é limitada por 1, isto é, |ψX (t)| ≤ 1, ∀ t ∈ R. A função caracterı́stica
de v.as. é de grande importância em teoria das probabilidades, dentre outros motivos, por
ser limitada e portanto sempre existir.

11 Modelos Probabilı́sticos Discretos


Exercı́cio 108. Sabe-se que os parafusos produzidos por uma certa companhia são de-
feituosos com probabilidade 0,01, independentemente uns dos outros (isto é, a fração
não-conforme de parafusos na produção é 0,01). A companhia vende os parafusos em
pacotes de dez unidades e oferece uma garantia de devolução do dinheiro caso existam
dois ou mais parafusos defeituosos no pacote com dez parafusos. (i) Qual a proporção
de pacotes vendidos para os quais a companhia deve efetuar devolução de dinheiro? (ii)
Supondo que o número de parafusos defeituosos num determinado pacote é independente
dos demais pacotes, qual a probabilidade de que uma pessoa que compra dez pacotes de
parafusos tenha que retornar à companhia para devolução do dinheiro?

Exercı́cio 109. Suponha que o número de erros tipográficos em uma única página de um
livro tem distribuição Poisson(1/2). (i) Calcule a probabilidade de existir exatamente dois
erros tipográficos em uma página. (ii) Calcule a probabilidade de que exista pelo menos
um erro em uma página. (iii) Suponha agora que o livro em questão possui 200 páginas.
Qual a probabilidade de não existir erros tipográficos neste livro?

Exercı́cio 110. Suponha que a probabilidade de que um item produzido por uma máquina
seja defeituoso é 0,1. Determine a probabilidade de que uma amostra de dez itens con-
terá no máximo um item defeituoso. Compare os resultados obtidos pelas distribuições
binomial e Poisson.

Exercı́cio 111. Seja X uma variável aleatória com distribuição Poisson(λ). Determine
P (X ∈ A), onde A = {0, 2, 4, . . .}.

Exercı́cio 112. Considere X ∼ Poisson(λ). (i) Mostre que E[X n ] = λE[(X + 1)n−1 ].
(ii) Calcule E[X 4 ]. (iii) Determine E[X!] para 0 < λ < 1. (iv) Determine E[cos(πX)] e
Var(cos(πX)).

Exercı́cio 113. Seja X uma variável aleatória binomial com parâmetros n e p. Mostre
que P (X = k) atinge o valor máximo para k = [(n + 1)p] ([x] denota o maior inteiro menor
ou igual a x).

Exercı́cio 114. Suponha que ensaios independentes, cada um tendo probabilidade p de


sucesso, 0 < p < 1, são realizados até que um total de R sucessos seja acumulado. Seja
X o número de ensaios necessários para se obter o total de R sucessos. Determine a
distribuição de X (dizemos, neste caso, que X possui distribuição binomial negativa com
parâmetros R e p).

18
Exercı́cio 115. Considere a variável aleatória X do exercı́cio anterior. Determine E[X]
e Var(X). [Observe que X = Y1 + Y2 + . . . + YR , onde Yi tem distribuição geométrica de
parâmetro p, 1 ≤ i ≤ R.]
Exercı́cio 116. Se ensaios independentes, cada um deles resultando em sucesso com
probabilidade p, são realizados indefinidamente, qual a probabilidade de que R sucessos
ocorram antes de M fracassos?
Exercı́cio 117. Sejam X e Y variáveis aleatórias binomiais com parâmetros (n, p) e (m, p),
respectivamente. (i) Determine a distribuição de X + Y . (ii) Determine a distribuição
condicional de X dado X + Y = n.
Exercı́cio 118. Sejam X e Y variáveis aleatórias Poisson com parâmetros λ e µ. Mostre
que: (i) X + Y é Poisson(λ + µ), (ii) a distribuição condicional de X dado X + Y = n é
binomial. Encontrar os parâmetros da distribuição em (ii).
Exercı́cio 119. Se X ∼ geométrica, então P (X = n + k|X > n) = P (X = k) para
k, n ≥ 1. (i) Isto é interpretado como perda de memória, por que? (ii) Mostre que não
existe outra distribuição nos inteiros com esta propriedade.
Exercı́cio 120. Uma urna contem N bolas das quais b são azuis e r (= N − b) são
vermelhas. Uma amostra aleatória de n bolas e retirada sem reposição da urna. Mostre
que o número B de bolas azuis na amostra da distribuição
  , 
b N −b N
P (B = k) = .
k n−k n
Esta distribuição é a distribuição hipergeométrica com parâmetros N , b e n.
Exercı́cio 121. †† (i) Mostre que se X toma valores inteiros não negativos, então

X
E[X] = P (X > n).
n=0

(ii) Uma urna contem b bolas azuis e r vermelhas. As bolas são removidas ao acaso
até aparecer a primeira bola azul. Mostre que o número esperado de bolas removidas é
(b + r + 1)/(b + 1).
Exercı́cio 122. † Em 1710, J. Arbuthnot observou que o número de meninos nascidos
em Londres superou ao número de meninas em 82 anos sucessivos. Supondo que os dois
sexos podem ocorrer na mesma proporção, e que 2−82 é pequeno, Arbuthnot atribuiu a
diferença observada à Providencia Divina. Suponhamos que o nascimento de uma menina
tem probabilidade de 0, 485 e que sexo resultante em cada nascimento é independente dos
outros. (i) Mostre que a probabilidade de que a ménimas sejam mais numerosas que os
meninos em 2n nascimentos é  
2n n n q
p q .
n q−p
onde q = 1 − p. (ii) Suponha que nasceram 20.000 pessoas em 82 anos sucessivos. Mostre
que a probabilidade de que os meninos superem o número de meninas em cada ano é ao
menos 0,99.
Exercı́cio 123. Sejam X e Y variáveis aleatórias Bernoulli(1/2) independentes. Mostre
que X + Y e |X − Y | são dependentes mas não correlacionadas.

19
12 Modelos Probabilı́sticos Contı́nuos
Exercı́cio 124. Se X é uniformemente distribuı́da no intervalo (0,20), calcule a probabi-
lidade de: (i) X < 3, (ii) X > 12, (iii) |X − 3| < 4.

Exercı́cio 125. Se X é uma variável aleatória normal com µ = 3 e σ 2 = 9, determine:


(i) P (2 < X < 5), (ii) P (X > 0).

13 Suplementos
13.1 Conjuntos enumeráveis
Denotamos por Q os números racionais, logo [0, 1] ∩ Q, são os números racionais em
[0, 1]. Se agrupamos estes números de acordo aos denominadores comuns, estes podem ser
ordenados da seguinte maneira
1 1 2 1 2 3 1 2 3 4 1
0, 1, , , , , , , , , , , , . . .
2 3 3 4 4 4 5 5 5 5 6
O fato de que 1/2 esteja repetido como 2/4, 3/6, 4/8, . . . não tem importância (podemos
omitir qualquer número que já esteja na seqüência de tal forma que cada racional em [0, 1]
seja obtido de uma única forma).

Definição 2. Um conjunto é enumerável se os seus elementos podem ser dispostos em


uma seqüência (permitindo repetições).

Teorema 1. Q é enumerável.

A demonstração deste Teorema utilizara o seguinte resultado.

Proposição 1. A união de uma seqüência de conjuntos enumeráveis é enumerável.

Demonstração. 3 Se os conjuntos são denotados por Si = {sij }, i, j > 1, então os termos


da seqüência
s11 , s12 , s21 , s31 , s22 , s13 , s14 , . . .
formada ao seguir as frechas no desenho
" "
S1 s11 , s12 , s@ 13 , s14 , . . .
  
  
  
S2 s21 , s@ 22 , s23 , s24 , . . .
 
 
 
S3 s31 , s32 , s33 , s34 , . . .



S4 s41 , s42 , s43 , s44 , . . .
contam (possı́velmente com repetições) todos os elementos de todos os conjuntos Si . Por-
tanto a união ∪i Si é enumerável.
3
O argumento utilizado na prova, conhecido como o argumento ‘diagonal’, é devido a Georg Cantor.

20
Para provar o Teorema 1, é suficiente tomar S1 , S2 , S3 , S4 , . . ., como os conjuntos
formados pelos números racionais nos intervalos [0, 1], [−1, 0], [1, 2], [−2, −1], . . . respec-
tivamente. Por que sera que que os racionais em [0,1] são enumeráveis? (Exercı́cio).

Teorema 2. R não é enumerável.

Demonstração. 4 Mostraremos apenas que os números reais em (0, 1) não são enumeráveis.
Seja {sn } uma seqüência arbitraria dos números reais no intervalo aberto (0, 1). A prova
consiste em mostrar que existe pelo menos um número real que não corresponde a nenhum
dos números sn . Observamos que os números sn podem ser expressados ao considerar
decimais sem fim utilizando a expansão decimal, por exemplo, o número 4,291. . . pode ser
escrito como 4 + 2/10 + 9/102 + 1/103 + . . .. Em geral qualquer número s ∈ R pode ser
expressado pela série

X ak
s=a+ = a, a0 a1 a2
10k
k=1

onde ak ∈ {0, 1, . . . , 9}, e a é a parte inteira de s. Esta representação é consistente se, por
exemplo, sempre é utilizado o número 0, 1999 . . . em lugar de 0, 2000 . . . para 1/5. Seja

s1 = 0, a11 a12 a13 . . .


s2 = 0, a21 a22 a23 . . .
s3 = 0, a31 a32 a33 . . .
..
.

Se ann 6= 1 seja bn = 1 e se ann = 1 seja bn = 2. Isto define bn para qualquer n > 1.


Devido a construção realizada, a expansão decimal sem fim

0, b1 b2 b3 . . .

converge a um número real b em (0, 1) o qual é diferente de qualquer sn , sendo que a sua
expansão difere da expansão de sn na n-ésima posição. Suponhamos, por exemplo, que a
nossa listagem {sn } é dada pelos números

s1 = 0.23115 . . . a11 = 2 6= 1 ⇒ b1 =1
s2 = 0.13789 . . . a22 = 3 6= 1 ⇒ b2 =1
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s3 = 0.83161 . . . a33 =1 ⇒ b3 =2
s4 = 0.91152 . . . a44 = 5 6= 1 ⇒ b4 =1

Assim b = 0, 1121 . . . ∈ (0, 1), o qual poderia levar a pensar que b = sN , para algum
N ∈ N, mas a expansão decimal de b difere da expansão de sN no N -ésimo decimal.
Concluı́mos que não é possı́vel dispor numa seqüência todos os números em (0,1), isto é,
R não é enumerável.

Exercı́cio 126. Será que o Teorema 1 e o Teorema 2 juntos permitem determinar se o


conjunto dos números irracionais é enumerável o não? (Qual é a definição de um número
irracional?)
4
Esta prova também é devida a G. Cantor.

21
Exercı́cio 127. Considere o espaço amostral Ω = {0, 1}N . Isto é, Ω tem eventos elemen-
tares ωk , k ≥ 1, da forma ωk = (a1 , a2 , a3 , . . .), onde ai ∈ {0, 1} para i ∈ N (ou seja,
Ω contem todas as seqüências infintas de 0’s e 1’s). Será Ω enumerável? [Dica: revise
cuidadosamente o Teorema 2]
Exercı́cio 128. Seja N o conjunto dos números naturais e S1 , S2 , S3 uma seqüência dos
subconjuntos de N. Construa uma seqüência de N que seja diferente de Sn para cada
n ≥ 1. (Você estara demonstrando que todos os subconjuntos de N formam um conjunto
não enumerável!)

13.2 σ-álgebras?
Esta seção, em especial a Proposição 2, contém material mais avançado e o seu estudo é
opcional.
Por que necessitamos de uma σ-álgebra? Mais especificamente, por que não pode-
mos simplesmente considerar todos os possı́veis subconjuntos de Ω para definir P? Do
exercı́cio 17 sabemos que o conjunto de todos os subconjuntos de Ω é uma álgebra quando
Ω é finito. A situação quando Ω não é enumerável é bem diferente. A seguir fornecemos um
exemplo simples o qual mostra a imposibilidade de construir uma função de probabilidade
simétrica em todos os subconjuntos de Ω quando Ω é não enumerável. Especificamente,
veremos que não é possı́vel incluir os conjuntos formados por uniões não enumeráveis.
Considere Ω = [0, 1], e suponha que temos interesse em definir uma probabilidade P
neste conjunto. Seguindo a prescrição usual, fazemos

P([0, 1]) = P(Ω) = 1. (1)

Se assumimos que P é simétrica, então P([0, 12 ]) = 12 , ou, por exemplo, P([ 34 , 78 ]) = 18 . Mais
geralmente, sob simetria,

P([a, b]) = b − a, 0 ≤ a ≤ b ≤ 1. (2)

Assim, em particular, se a = b, então

P([a, a]) = P({a}) = 0. (3)

Pelo outro lado, se [a0 , b0 ] e [a, b] são dois conjuntos disjuntos de [0, 1], então imediatamente
de (2) temos que
P [a0 , b0 ] ∪ [a, b] = P([a0 , b0 ]) + P([a, b]),

(4)
isto é, P é finitamente aditiva.
É possı́vel estender P a operações enumeráveis (estas permitem calcular as probabilida-
des de operações infinitamente delicadas como um limite). Sejam Ai = [ai , bi ], i = 1, 2, . . .
um conjunto enumerável de intervalos disjuntos de [0, 1], então

P(A1 ∪ A2 ∪ · · · ) = P(A1 ) + P(A2 ) + . . . (5)

Neste caso dizemos que P é enumeravelmente aditiva. Observamos agora que não é possı́vel
estender P a uniões não enumeráveis, pois claramente
X
P([0, 1]) = P({x})
x∈[0,1]

22
é uma contradição uma vez que lado esquerdo é 1, porém o lado direito é 0. Suponhamos
que os conjuntos Ai em (5) formam uma partição de Ω, isto é, Ω = ∪∞ i=1 Ai . É importante
ressaltar que neste caso não há nenhum problema pois o intervalo [0, 1] é uma união
enumerável.
Seja A = [a, b]. Sob simetria de P, observamos que se transladamos A por uma quan-
tidade fixa τ , a probabilidade do intervalo transladado devera ser igual a probabilidade
do intervalo original. Denotamos a translação de A por τ como
A ⊕ τ = {a + τ : a ∈ A, a + τ ≤ 1} ∪ {a + τ − 1 : a ∈ A, a + τ > 1},
assim,
P(A ⊕ τ ) = P(A) (6)
O próximo resultado mostra que não é possı́vel definir uma probabilidade P sobre todos
os conjuntos de [0, 1], se desejamos que esta seja consistente com as propriedades (2), (5)
e (6). Equivalentemente, existem conjuntos em [0,1], aos quais não podemos outorgar um
valor de probabilidade de maneira consistente, se queremos que a probabilidade satisfaga
as condições (2), (5) e (6).
Proposição 2. Não é possı́vel definir uma probabilidade P sobre qualquer conjunto do
intervalo [0,1] tal que esta satisfaça simultâneamente (2), (5) e (6).
Demonstração. Suponhamos que P(A) pode ser definida para qualquer conjunto A ⊆ [0, 1].
Consideramos primeiro a seguinte relação de equivalência em [0, 1]. Sejam x e y pontos em
[0, 1], então x ∼ y se e somente se y − x é racional. Esta relação determina uma partição
em [0, 1] de classes de equivalência. Seja H um conjunto de [0, 1] o qual consiste de um
elemento de cada uma destas classes de equivalência (é possı́vel formar este conjunto pelo
axioma da escolha5 ; um resultado fundamental da teoria dos conjuntos). Suponhamos que
0 6= H (se 0 ∈ H, então podemos substitui-lo por 1/2).
Sendo que H contem um elemento de cada uma das classes de equivalência, observamos
que cada ponto em (0, 1] esta contido na união
[
(H ⊕ τ )
τ ∈ [0,1)
τ racional

das translações de H. Dado que H contém só um ponto de cada classe de equivalência,
então os conjuntos H⊕τ para τ ∈ [0, 1) racional são todos disjuntos. Assim, da aditividade
enumerável temos que X

P (0, 1] = P(H ⊕ τ ).
τ ∈ [0,1)
τ racional
Porém, da invariância por translação temos que P(H ⊕ τ ) = P(H), logo
 X
1 = P (0, 1] = P(H),
τ ∈ [0,1)
τ racional

o qual implica a seguinte contradição: uma soma enumerável (infinita) da mesma quanti-
dade só pode ser igual a 0, ou ∞, ou ∞, mas nunca igual a 1.
5
Halmos, P. R. Teoria ingenua dos conjuntos. 1970, Editora Universidade de Sao Paulo. BCRP: 510.22
H194t 3678

23
Exercı́cio 129. Mostre que a relação ∼ definida em [0, 1] é uma relação de equivalência.

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