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Temas da Aula
Ansiedade normal
- Modelo de resposta a situações de ansiedade
- Manifestações da ansiedade
Perturbações da ansiedade
- Perturbação de pânico
- Agorafobia
Conclusão
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Ansiedade generalizada e pânico
Características gerais
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Ansiedade generalizada e pânico
Ansiedade normal
Performance
Ansiedade
Fig. 1
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Ansiedade generalizada e pânico
Activação SN autónomo
Resposta somática
(taquicardia, tensão muscular, boca seca)
Estratégias de coping
Adaptativas
resolução de problemas
(procura ajuda ou informação, planos,
confrontação)
redução da emoção
Perigo/ameaça (ventilação, evitamento, reavaliação positiva,
aceitação ou rejeição da responsabilidade)
Não-adaptativas
Resposta psicológica
uso de álcool ou outros tóxicos
auto-lesão deliberada
comportamento histriónico (com
exibição incontrolada das emoções)
comportamento agressivo
Mecanismos de defesa
(projecção, negação, regressão, formação
reactiva, recalcamento, deslocamento,
racionalização, identificação, sublimação)
1
Medo − resposta a um perigo concreto
Ansiedade – resposta a ameaças mais ou menos indefinidas
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Ansiedade generalizada e pânico
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Ansiedade generalizada e pânico
Manifestações da Ansiedade
Sintomas somáticos
Desassossego Palpitações
Enfartamento Taquicardia
Hiperreflexia Tremores
Midríase
Sintomas psicológicos
inquietação
angústia pânico
2
Ver anexo
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Ansiedade generalizada e pânico
Sintomas comportamentais
Perante uma situação de grande ansiedade pode ocorrer quer inibição, quer
agitação psicomotora.
Perturbações da ansiedade
• Marcada morbilidade
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Ansiedade generalizada e pânico
Perturbação de Pânico
A perturbação de pânico é caracterizada pela presença de ataques de pânico.
Caracteriza-se por:
Início brutal
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Ansiedade generalizada e pânico
Classificações da DSM-IV-TR-2000
A. Período discreto de medo ou desconforto intenso, durante o qual pelo menos 4 dos
seguintes sintomas se desenvolvem abruptamente e atingem o pico em <10 minutos
(1) palpitações, batimentos cardíacos ou ritmo cardíaco acelerado
(2) suores
(3) estremecimentos ou tremores
(4) dificuldade em respirar
(5) sensação de sufoco
(6) desconforto ou dor no peito
(7) náuseas ou mal-estar abdominal
(8) sensação de tontura, de desiquilíbrio, de cabeça ôca ou de desmaio
(9) desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização
(sentir-se desligado de si próprio)
(10) medo de perder o controlo ou enlouquecer
(11) medo de morrer
(12) parestesias (dormências ou formigueiros)
(13) sensação de frio ou calor
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Ansiedade generalizada e pânico
Agorafobia
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Ansiedade generalizada e pânico
Perturbação de pânico
Diagnóstico diferencial com Perturbações somáticas
Uma vez que esta doença apresenta muitas manifestações somáticas, a primeira
dificuldade é fazer o diagnóstico diferencial com doenças somáticas, a menos que
exista um diagnóstico prévio de perturbações de pânico. Numa urgência, é inevitável
realizar uma avaliação cardíaca a um indivíduo de 40 anos, com pré-cordialgia,
sudação intensa, sensação de lipotímia, pois a probabilidade de ter uma crise de
pânico é menor do que a de estar a desenvolver um EAM.3
Diagnóstico diferencial:
• Doença cardiovascular
Angina, enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão,
prolapso mitral, taquicardia supraventricular paroxística
• Doença pulmonar
Hiperventilação, asma, embolia pulmonar
• Doença neurológica
3
Estas avaliações apesar de necessárias aumentam a ansiedade (efeito iatrogénico) do indivíduo, na medida em
que ao realizar exames médicos mais aprofundados, poderá pensar que lhe detectaram uma nova patologia,
sustentando assim os seus medos (doença, morte).
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Ansiedade generalizada e pânico
Perturbação de Pânico
Diagnóstico diferencial com Perturbações Psiquiátricas
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Ansiedade generalizada e pânico
Co-morbilidade
Cerca de 91% dos doentes com perturbação de pânico e 84% dos doentes com
agorafobia têm pelo menos uma outra perturbação psiquiátrica:
• 15% perturbação depressiva major
• 15 - 30% fobia social
• 2 - 20% fobia específica
• 15 - 30% ansiedade generalizada
• < 30% perturbação obsessivo-compulsiva
Epidemiologia
• Farmacoterapia ISRS
Benzodiazepinas
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Ansiedade generalizada e pânico
• Psicoterapia cognitivo-comportamental
Breve introdução histórica: Os anos 80 marcam na nosologia4 psiquiátrica uma revolução. Neste ano,
surge a terceira revisão da DSM, na qual foi feito um esforço para rever a literatura, de modo a que se
passassem a utilizar metodologias e classificações comprovadamente científicas. Anteriormente, a nosologia
psiquiátrica era muito baseada em crenças ideológicas, com grande influência da psicanálise.
No entanto, nem todas as doenças têm uma etiopatogenia conhecida, sendo que muitas classificações
actuais se baseiam em agrupamentos de sintomas, que caso tenham consistência permitem o diagnóstico.
Foi nesta revisão que se começou a separar a perturbação de pânico das outras perturbações de
ansiedade, pois foram encontrados uma série de indicadores que a tornavam mais biologicamente determinada,
menos influenciada por factores subjectivos e com uma excelente resposta aos inibidores selectivos da
recaptação da serotonina (ISRS).
Verificou-se (por acaso) que os indivíduos depressivos com ataques de pânico, que faziam terapêutica
com clomipramina – um dos primeiros antidepressivos tricíclicos, essencialmente serotoninérgico, que surgiu nos
anos 60 – melhoravam significativamente relativamente aos ataques de pânico. A partir deste momento começou
a utilizar-se este fármaco na terapêutica da perturbação de pânico, com muito bons resultados. Mas foi
principalmente com o aparecimento dos ISRS (ex: Prozac ® – apesar de não ser o primeiro, é o mais conhecido)
que de facto ocorreu uma grande melhoria no tratamento da perturbação de pânico.
4
A nosologia (do grego 'nósos' = "doença" + 'logos' ="tratado" => "razão explicativa") é o ramo da patologia
classifica as doenças do ponto de vista explicativo, isto é, da sua etiopatogenia.
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Ansiedade generalizada e pânico
Prognóstico
Grande parte das pessoas tem boa resposta ao tratamento, sendo que cerca de
80-90% melhora significativamente (livres de sintomas ou sintomas ligeiros). A
coexistência de outras doenças psiquiátricas, como perturbações da personalidade e
sintomas fóbicos e depressivos, bem como um deficiente ajustamento social, são
factores que podem piorar o prognóstico.
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Até porque a administração de benzodiazepinas a longo prazo leva a clara dependência física e psicológica. Os
serotoninérgicos não provocam nenhum tipo de habituação. Contudo, a sua suspensão deve ser lenta, para
permitir uma adaptação dos níveis de serotonina, evitando uma desregulação metabólica.
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De acordo com a experiência clínica do docente.
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Ansiedade generalizada e pânico
- Ansiedade
- Tensão
- Agitação interior
- Irritabilidade
- Hipersensibilidade ao ruído
- Dificuldade de concentração
- Preocupações
2. Sintomas somáticos
Gastro-intestinais Cardiovasculares
- Boca seca - Dor pré-cordial
- Dificuldade em engolir - Palpitações
- Mal-estar abdominal - Sensação de falha dos batimentos
- Meteorismo
- Diarreia ou obstipação
Genito-urinários Respiratórios
- Polaquiúria ou urgência - Aperto torácico
- Disfunção eréctil - Dispneia inspiratória
Não se encontram
tão presentes nas - Taquipneia
perturbações agudas
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Ansiedade generalizada e pânico
- Dismenorreia
- Amenorreia
Neuro-musculares
- Tremores
- Picadas
- Zumbidos
- Tonturas
- Cefaleias
- Tensão ou contracturas dolorosas
3. Perturbações do sono
- Insónia
- Terror nocturno – mais vulgar nos quadros agudos
4. Outros sintomas
- Depressão
- Obsessões
- Despersonalização
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Ansiedade generalizada e pânico
Co-morbilidade
Epidemiologia
Terapêutica
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Ansiedade generalizada e pânico
Farmacoterapia
Prognóstico
• Geralmente é uma perturbação crónica
• 30% recuperação completa
Estudos a longo prazo
• 40% sintomas ligeiros
• 20% sintomas moderados
Estudos a longo prazo
• 10% sem alteração
Os quadros variam desde perturbações ligeiras até perturbações bastante
incapacitantes.
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Ansiedade generalizada e pânico
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O termo neurose englobava classicamente um grupo de perturbações psiquiátricas crónicas ou recorrentes que
não apresentavam características psicóticas (alucinações, ideias delirantes ou perda da capacidade de insight
(compreensão interna)). Englobavam a neurose ansiosa, as neuroses fóbicas, a neurose obsessiva-compulsiva,
a neurose histérica, a despersonalização e a hipocondria.
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Ansiedade generalizada e pânico
Psicogenia:
Freud definiu diferentes tipos de ansiedade:
- ansiedade de fragmentação: perda da unidade do Eu face a grandes
ameaças indefinidas, relacionadas com as vivências infantis (antes dos 2-3 anos).
Pode ser encontrada, por exemplo, nos psicóticos. O doente frequentemente
expressa o medo, tipo pânico, de perder o controlo sobre os impulsos e agir de
forma irracional e “louca” – é correlacionada com o mal-estar difuso e primitivo do
recém-nascido que se sente assaltado por necessidades e estímulos que, no seu
estado de desamparo, não controla.
- ansiedade de separação: terror antecipado pela perda de uma relação
humana importante – é referida a uma fase precoce do desenvolvimento (sobretudo
o primeiro ano de vida) em que a criança teme a perda do amor ou o abandono
pelos pais (figuras de referência) se falhar no controlo e orientação dos impulsos
segundo as normas ou pedidos daqueles.
- ansiedade de castração: as fantasias de castração que caracterizam o
desenvolvimento dos impulsos sexuais, são reflectidas na ansiedade de castração
no adulto – receio de lesão corporal ou diminuição das capacidades (tipo de
ansiedade mais vulgar). A ansiedade ligada ao Super Eu – culpa por um acto que se
julga errado e expectativa de ser descoberto – é, neste modelo, o resultado directo
do desenvolvimento final do Super Eu que marca a resolução do complexo de
Édipo8 e o início do período pré-púbere da latência.
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O Complexo de Édipo verifica-se quando a criança atinge o período sexual fálico na segunda infância (por
volta dos 3 anos) e dá-se então conta da diferença de sexos, tendendo a fixar a sua atenção libidinosa nas
pessoas do sexo oposto no ambiente familiar. É uma referência à ameaça de castração ocasionada pela
destruição da organização genital fálica da criança.
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Ansiedade generalizada e pânico
estímulos dolorosos ou perigosos. Assim, pode, por um lado, ser associada por
condicionamento a estímulos originalmente neutros e, por outro lado, fornecer uma
poderosa força de motivação para a aprendizagem de padrões de comportamento.
- condicionamento clássico: O condicionamento clássico, descrito por Pavlov, é
um tipo de aprendizagem em que um organismo aprende a transferir uma resposta
natural perante um estímulo, para outro estímulo inicialmente neutro, que depois se
converte. Este processo dá-se através da associação entre os dois estímulos
(incondicionado e neutro).
A nível da ansiedade, a um estímulo inicialmente neutro (ex: cães) é
associado o medo, levando à sua conversão em estímulo condicionado. Este
modelo de aprendizagem tem utilidade para explicar sobretudo as fobias simples
(ligadas a um objecto concreto). A nível terapêutico é necessário fazer a
dessensibilização desse estímulo, através de uma exposição progressiva e
controlada, em relação ao objecto fóbico, até a pessoa conseguir estar na presença
desse objecto.
- condicionamento operante: O condicionamento operante, conceito desenvolvido
por Skinner, descreve a relação entre o comportamento e as suas consequências.
Uma resposta operante é aquela que se produz sem a presença de um estímulo
condicionado, ou seja é um comportamento voluntário. Será então um processo
através do qual aprendemos a dar respostas de forma a obter um benefício ou a
evitar algo desagradável. A frequência das respostas irá depender das suas
consequências.
O reforço é um evento que sucede um comportamento e o incrementa. Os
reforços positivos são estímulos, recompensas, ou consequências agradáveis, que
fazem o comportamento repetir-se. Da mesma forma, os comportamentos que
evitam consequências negativas, ou desagradáveis, também tendem a ser
repetidos. Os comportamentos que produzem efeitos desagradáveis (punição), ou
não produzem efeitos agradáveis (extinção), tendem a ser evitados ou a
desaparecer, respectivamente.
Assim, de acordo com esta teoria, comportamentos que permitam evitar a
ansiedade tendem a ser repetidos (ex: na agorafobia, as pessoas tendem a
permanecer em casa, pois isso permite-lhes evitar a ansiedade que sentem quando
se encontram em locais onde não teriam socorro fácil caso necessitassem), tal
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Ansiedade generalizada e pânico
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Ansiedade generalizada e pânico
Conclusão
Temperamento Doença
+
Personalidade Perturbação
Vulnerabilidade de pânico
Ansiedade – traços genética Perturbações
• emocionalidade Perturbação
do humor
negativa de ansiedade
• preocupação generalizada
excessiva Perturbação
• reactividade Obsessivo-
stress compulsiva
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Ansiedade generalizada e pânico
Valorização Estímulos
Factores
cognitiva do externos e
inconscientes
estímulo internos
Activação emocional
A genética pode
influenciar os traços A nossa própria vivência
de personalidade ou da ansiedade e dos
pode ser um factor Ansiedade - estado comportamentos
directo que contribui subsequentes é um factor
para a valorização de retro-estimulação.
especial dos Comportamento
estímulos.
ANEXO
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Ansiedade generalizada e pânico
Bibliografia
Gelder, M.; Mayou, R.; Geddes, J.; Psychiatry, Oxford Core Texts; (3rd
edition, 2005)
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