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ALL THE YOUNG

DUDES
VOLUME 11

MSKINGBEAN89
Tradução de Bruna Mello e Paula Kiaer
Edição de Gabrielly Gonçalves

A tradução da obra pode ser encontrada no site Archieve four own no perfil @wolfuckingstar e no wattpad no perfil @paulak165.
Capítulo 73 : Quinto ano: Prata

Segunda-feira 1 de setembro de 1975

Hey, hey mama said the way you move -

Gon' make you sweat, gon' make you groove.

Ah ah child way ya shake that thing -

Gon' make you burn, gon' make you sting.

Hey, hey baby when you walk that way -

Watch your honey drip, I can't keep away…

Black Dog by Led Zeppelin.

Remus se mexeu desconfortavelmente enquanto esperava por um momento calmo


para atravessar a barreira. Estava grato que a Diretora não tinha vindo junto este
ano. Grato por ter tido um tempo sozinho para se preparar. Grant queria vir, mas ela
não permitiu e não quis dar uma passagem de qualquer maneira.

Eles conseguiram dar um adeus rápido trancados dentro de um banheiro em St.


Edmund's - um de seus muitos esconderijos. Nenhum deles disse nada do que
gostariam de dizer - na verdade, eles quase não falaram - mas, com alguns minutos
restantes, Remus prometeu que tentaria escrever.

"Eu sou péssimo escrevendo," Grant reclamou, "’Cê não pode me dar um número de
telefone?"

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“Er ... é uma escola bem antiquada. Não usamos muito o telefone.” Remus
engasgou. Ele pensou que poderia haver uma cabine telefônica em Hogsmeade, ou
talvez no próximo vilarejo, o que não era bruxo. Ele poderia tentar.

Agora, enquanto encarava a barreira e atravessava, ele teve a sensação usual de deixar
o mundo trouxa - e todos nele - para trás por mais um ano. Grant não existia deste lado
da plataforma. Grant nunca havia acontecido, e Remus era o mesmo Remus de
sempre.

Nada mudou, disse a si mesmo. Nada está diferente. A Diretora não tinha insistido que


cortasse o cabelo desta vez, então ele não estava começando o semestre parecendo um
delinquente. Estava mais alto - às vezes se perguntava se algum dia pararia de crescer
- mas além dessas coisas tolas e superficiais, tudo estava como antes. Como deveria
ser.

Ninguém iria notar, porque não havia nada para notar, Remus disse a si mesmo, com
firmeza. Nada mesmo. Ele esfregou a nuca, distraidamente, então - lembrando-se dos
dedos de Grant ter estado ali apenas algumas horas antes, limpou os lábios sem
graça. Merda.

"Tudo bem, idiota?!" James deu um tapa nas costas dele do nada.

"James, sério!" A Sra. Potter castigou seu filho, de pé ao lado dele. Ela sorriu para
Remus, “Olhe só para você! Você cresceu tanto!” Ela o puxou para um abraço, "Ainda
está muito magro para o meu gosto!" Ela começou a endireitar suas roupas, enchendo-
o de perguntas - tinha algo para comer durante a viagem? Veio sozinho? Queria ajuda
para colocar suas coisas a bordo?

Ao final desse ataque maternal, Remus estava sorrindo de orelha a orelha, relaxado
sabendo que tudo estava, de fato, bem. Nada estava diferente. Ele alegremente
embarcou no trem com James e Peter, conversando sobre seus verões e suas
animações para o ano que viria. James tinha um alfinete de prata em seu peito,
estampado com um grande 'C' (Remus sentiu o cheiro no segundo que James se

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aproximou, uma ardência irritante em seu nariz), ele havia realizado seu maior desejo
e agora era o capitão do time de quadribol.

Eles se sentaram em seu compartimento de costume e Remus puxou um livro de sua


bolsa, se acomodando com um suspiro de satisfação.

Então Sirius entrou, e o estômago de Remus caiu no chão.

Ele era quase o mesmo de sempre - em altura, ele quase alcançava James agora, e seu
ombro estava mais largo. O maxilar mais quadrado, e talvez seu nariz tivesse se
alongado - mas ele tinha o mesmo cabelo preto brilhante, os mesmos olhos
impressionantes e as maçãs do rosto salientes.

Ele ainda era Sirius, mas de alguma forma ... outro. Como se Remus o estivesse vendo
com novos olhos. O calor do desejo explodiu em seu peito do nada, estabelecendo-se
em suas bochechas como um forte rubor. Ele desviou o olhar, rapidamente, antes que
alguém percebesse.

"Senhores," Sirius os cumprimentou graciosamente, entrando na cabine como um


príncipe.

"Tudo bem?" Os outros dois sorriram e Remus balbuciou alguma coisa.

Sirius sentou-se diretamente em frente a Remus, seu cabelo e uniforme


propositadamente desarrumados - sem dúvida para a loucura de Walburga Black - e
esticou as pernas, como se não esperasse que fossem tão longas quanto eram. Seu
tornozelo bateu no de Remus, e Remus se levantou de repente, sentando-se ereto e
dobrando suas próprias pernas desengonçadas cuidadosamente sob o assento. Sirius
deu a ele um olhar engraçado, então um sorriso malicioso que causou um forte puxão
atrás do umbigo de Remus.

Oh Deus, ele pensou, não não não!

"Estava achando que você não ia aparecer", disse James, aliviado.

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"O herdeiro da casa Black não poderia faltar no primeiro dia de aula.” Sirius revirou
os olhos azuis escuros, levantando uma sobrancelha astuta, "Não poderíamos ter todo
o mundo bruxo sabendo que há conflitos na minha nobre família."

"Como você está?" James perguntou, sinceramente: "Eles fizeram... como você está?"

“Estou bem,” Sirius assentiu, um pouco tenso, “Não quero falar sobre isso
agora. Podemos apenas fingir que é um primeiro dia normal? "

"Sim, tudo bem, cara," James acenou com a cabeça, não convencido. “Pete estava nos
contando sobre a Califórnia”,

“Não conseguimos encontrar Phil”, disse Peter, “Em todos os lugares que procuramos,
os colegas dela diziam que ela havia se mudado, mamãe ficou ... bem, ela ficou
realmente chateada, foi uma merda. "

Remus sentiu uma pontada de culpa. Já fazia muito tempo, mas uma vez ele disse a
Philomena que ela poderia fugir se quisesse - 'ninguém disse que você precisa usar
magia'. Depois de seu próprio simples verão, feliz e sem magia, Remus estava
começando a invejar a irmã de Peter.

O trem havia saído da estação e os prédios cinzentos de Londres passavam


ruidosamente, logo dando lugar aos exuberantes campos verdes dos condados
domésticos.

"Como foi seu verão, Moony?" James perguntou de repente, e Remus percebeu que
Peter havia parado de falar há algum tempo.

"Foi bom," Remus havia praticado isso em sua cabeça no caminho para King's
Cross. Mas ele não contava com a aparência de Sirius... era difícil manter o
foco. ‘’Normal. Nada de emocionante. Hum. Futebol, lição de casa. Er ... éh, foi tudo
bem. Não foi ótimo. Mas ... bem, tudo bem, nada mal."

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Felizmente, a porta da cabine se abriu, interrompendo sua tagarelice. Lily Evans
estava parada na porta, sorrindo de alegria, seu cabelo como uma auréola de fogo.

"Evans!" James explodiu ansiosamente: "Você me encontrou!"

“Como se fosse difícil, Potter,” Lily revirou os olhos, “Vocês estão sempre no mesmo
vagão. De qualquer forma, não estou aqui por você, estou aqui por você!” Ela apontou
para Remus, ainda sorrindo,

"Eu?!" Remus franziu a testa, confuso por um momento, então se deu conta. Ele


suspirou pesadamente, querendo afundar na cadeira e desaparecer. Os outros três
Marotos e Lily estavam todos olhando para ele com expressões variadas, todos em
expectativa.

"Você recebeu, não é?" Lily disse, impaciente: "Vamos, temos que ir para uma
reunião no..."

"Merlin!" Sirius exclamou de repente, dando um tapa na testa comicamente. “Como


nos esquecemos?! Moony, você é um...”

“Um monitor!” James gritou. Remus abaixou a cabeça.

"Sim…"

"E você não nos contou imediatamente para que pudéssemos te zoar?!" O rosto de
Sirius se iluminou, e um pouco daquele antigo maroto, amante de travessuras,
apareceu.

"Você só está com inveja," disse Lily com altivez, "Vamos Remus, onde está seu
distintivo?"

“O distintivo!” Sirius começou a rir, “Eu esqueci do distintivo! Oh, por favor, Moony,


nos mostre o distintivo!”

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Os ombros de Peter e James também tremiam e Remus balançou a cabeça, tentando
parecer desaprovador.

"Está na minha mochila."

"Bem, coloque!" Lily disse: "Vamos, temos nossa própria cabine e tudo."

"Ei, Evans, sou capitão do time de quadribol, sabe,"

"Sim, Marlene contou." Lily disse, sem sequer olhar na direção de James, “Vamos lá,
Remus!”

“Ugh, ok. Mas o distintivo está bem no fundo eu o coloco amanhã.” Remus disse,


levantando-se.

"Ah, não, podemos procurar, se quiser?"

"Não, não precisa se incomodar com isso." Remus deu de ombros, sem olhar para ela.

"Ah, qual é," Sirius adulou, levantando-se e estendendo a mão para a mochila de
Remus, "Queremos ver você com seu lindo e brilhante distintivo ..."

"Não!" Remus retrucou, olhando feio para Sirius - graças a Deus, ainda era fácil ficar
irritado com ele - ele ergueu as sobrancelhas, para que Lily não pudesse ver, e disse
muito incisivamente, "Prata não combina comigo."

Os olhos de Sirius se arregalaram imediatamente em realização. Remus ergueu as


sobrancelhas e seguiu Lily para fora. Ele olhou para trás pela porta de vidro a tempo
de ver James removendo rapidamente o seu distintivo.

***

Ser monitor era tão ruim quanto Remus esperava. A carta foi uma surpresa tanto para
ele quanto para todos os outros - o distintivo havia caído de sua lista de leitura usual

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de Hogwarts em seu colo em uma manhã de verão. Ele sibilou de dor quando a prata
queimou seus dedos e a deixou cair no chão. Grant pegou,

"O que diabos é isso?!"

"Sou monitor." Remus disse, não acreditando em si mesmo.

“Um… um o quê?! Jesus, às vezes acho que te inventei dentro da minha cabeça.”

"Você não sabe nem da metade," Remus resmungou, "Meus amigos nunca vão me
deixar em paz..."

“Ha! Bem feito!" Grant mostrou sua língua rosa.

Remus apenas balançou a cabeça novamente e resolveu escrever uma carta para
Dumbledore sobre isso, exigindo que outra pessoa recebesse o posto. James seria
bom. Até Peter seria melhor do que Remus. Dumbledore não respondeu. Ele tentou
McGonagall, que respondeu, simplesmente dizendo que esta era a decisão
final. Remus decidiu tentar novamente quando o período letivo começou.  

No trem, Lily e Remus tiveram que comparecer a uma reunião extremamente


entediante com todos os outros monitores, liderada pelo monitor e monitora chefe
incrivelmente chatos. Depois disso, eles deveriam 'patrulhar' os corredores, impedindo
qualquer pessoa de se divertir. Infelizmente, Lily levou esse dever muito a sério, e
Remus teve a sensação de que seria um ano muito longo. Ainda assim, ele preferiria
sentar-se em um espaço confinado com Sirius - mas teria que fazer o possível para se
manter afastado por um tempo, até que tivesse pensado direito sobre essa última
revelação.

O banquete foi normal. Parecia menos festivo e alegre do que nos anos anteriores -
Remus não sabia se era sua própria confusão ou a palidez da guerra. Haviam menos
alunos do que o normal; assim como alunos recém chegados. Ninguém estava
mencionando isso.

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Depois do jantar, Lily fez Remus patrulhar novamente, e ele realmente não se
importou. Esperava que, se pudesse ficar longe por tempo suficiente, os outros já
estariam na cama; então ele não teria que vê-los até as aulas da manhã seguinte - se
James e Sirius saíssem cedo para o treino de quadribol.

"Você ainda não está usando seu distintivo", disse Lily, enquanto caminhavam por
todo o corredor do quarto andar.

"Sim, desculpe," Remus bocejou, "Eu vou encontrar amanhã, prometo."

"Então, como foi o verão?"

"Ah, ótimo!" Remus sorriu mais largo do que pretendia. Lily sorriu de volta para ele,
parecendo genuinamente satisfeita.

“Oh, isso é muito bom! O que você fez?"

“Hm ... Ah nada. Muita lição de casa.”

"Esquisito." Lily deu uma cotovelada nele, rindo, “Até eu não gosto tanto assim de
lição de casa."

***

Ele estava certo, quando voltou para a sala comunal, todos já tinham ido para a cama,
e o quarto dos marotos estava escuro e silencioso. Remus caminhou silenciosamente
para o banheiro, escovou os dentes e vestiu o pijama, então se arrastou até a cama,
fechando bem as cortinas. Parecia que ele tinha acabado de relaxar apropriadamente,
quando ouviu Sirius sair da cama. Ele conhecia cada um de seus companheiros de
quarto por seus passos agora. Gostava de saber – mas agora parecia um tipo peculiar
de tortura, conforme Sirius se aproximava e sibilava;

“Moony? Psst ... ei, mesmo você não adormece assim tão facilmente! "

Remus gemeu, rastejou até a beira da cama e abriu as cortinas.

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"O que??"

“Ah, vamos lá, por que você está nos evitando? É sobre a coisa de ser monitor? Você
sabe que estávamos apenas brincando, relaxe! Aqui, tenho algo para você.” Ele abriu a
mão. No escuro, Remus se inclinou e viu seu distintivo de monitor vermelho e
prata. Ele franziu a testa,

"Isso é uma piada?"

“Não, pegue! Confie em mim, Remus." Sirius olhou em seus olhos, e a mente de


Remus ficou completamente em branco. Ele aceitou o distintivo, esperou e sentiu ...
nada. Ele piscou e olhou para baixo,

"O que?!"

"Transfigurado," Sirius sorriu, parecendo animado. Seus dentes brilharam no


escuro. “É latão, agora. Fiz o mesmo com o de James. Acho que posso fazer com que
Mary roube o de Evans também, e aí eu transfiguro. Você vai passar muito tempo com
ela, então é melhor assim... "

"Obrigado…"

"Não seja bobo," Sirius balançou a cabeça, ainda sorrindo, os olhos suaves. “Qualquer
coisa pelo nosso Moony. Boa noite." Ele se virou e voltou para sua cama.

Remus caiu de costas em seus travesseiros, exalando pesadamente, ainda segurando o


distintivo com tanta força que machucou sua palma. Ele jogou as cobertas sobre a
cabeça e desejou que seu coração parasse de bater. Oh Deus, ele pensou,
sombriamente. Eu gosto de Sirius Black.

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Capítulo 74 : Quinto ano: Dor

Remus dormiu demais na manhã seguinte e teria perdido o café da manhã se Peter não
tivesse gritado seu nome cerca de cem vezes antes de sair. Quando a porta bateu,
Remus rolou de costas e olhou para um raio de luz que entrava por suas cortinas. Ele
tinha dormido mal, e se resignou a dormir mal todas as noites até tirar essa coisa
ridícula sobre Sirius de seu sistema.

A primeira coisa a fazer era parar de pensar nisso, disse a si mesmo severamente,


pulando da cama e indo direto para o chuveiro. O mais frio que ele pudesse
suportar. James e Sirius devem ter saído mais cedo para o quadribol. Uma memória de
Sirius em seu uniforme escarlate veio à tona; cabelo puxado para trás, rosto brilhando,
aquele brilho energético e competitivo em seus olhos. Remus grunhiu, e girou o
registro do chuveiro de morno a gelado.

Se forçou a pensar em outra coisa - Feitiços, ou Aritmancia, ou História ... sim, ele
descobriu que listar os nomes dos generais envolvidos em cada lado da Grande
Revolta Goblin de 1642 parecia acalmá-lo um pouco. Dava a ele algo para se
concentrar de qualquer maneira. Você não poderia ter pensamentos lascivos com
nomes como 'Krebshunk' e 'Frip o Desmembrador' passando pela sua cabeça.

Ele se vestiu e desceu para o café da manhã. A primeira aula deles era Transfiguração,
e você não podia se atrasar com McGonagall. No Salão Principal, Peter estava sentado
à mesa da Corvinal com Desdêmona, e eles estavam claramente se reencontrando
depois de um longo verão separados. Remus suspirou, lembrando-se da sensação. Era
ainda pior ver outros casais se agarrando quando você sabia o que estava perdendo.

Sirius e James estavam na mesa da Grifinória, ambos vestidos com o uniforme


escolar, mas decididamente amarrotados pelo treino. Sua linguagem corporal era
muito estranha; Sirius estava de costas para James, o nariz empinado, James parecia

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furtivo e nervoso - se Remus não os conhecesse bem, pensaria que eles estavam no
meio de uma discussão.

Ao se sentar em frente a seus dois amigos, ele descobriu que sua primeira impressão
estava correta. Ambos estavam sentados em um silêncio impassível, e estava claro que
Sirius estava sendo muito teimoso sobre alguma coisa.

"Bom dia." Remus disse, hesitante, pegando um pouco de torrada e geleia.

"Bom dia, vossa monitoresa," Sirius respondeu, com um meio sorriso. Ele estava
despejando colher após colher de açúcar mascavo em seu mingau.

"Oi, Moony," disse James, olhando para ele brevemente antes de se voltar para
Sirius. Ele parecia exausto, estressado. Não combinava com ele. "Sirius." Ele disse,
muito sério.

Sirius o ignorou. "Sirius" James repetiu, mais alto.

“Agora não, Potter. Estou ocupado."

"Você está brincando com o seu café da manhã." James franziu o nariz, "E, por favor,
não coma isso, meus dentes doem só de olhar."

Remus achou que parecia bom, na verdade. Ele gostava de coisas muito doces,
principalmente quando estava de mau humor. Mas manteve essa opinião para si
mesmo. Melhor não se envolver na discussão dos dois se pareciam tão preocupados.

Sirius terminou de despejar sua última colher de açúcar, mexeu vigorosamente, até
que a mistura adquirisse textura e cor de areia. Ele pegou uma colher cheia, então -
fazendo contato visual com James o tempo todo - enfiou na boca e mastigou. Remus
podia ouvir os grãos de açúcar sendo quebrados entre os dentes. James balançou a
cabeça,

“Você não precisa ser assim, eu não sou Regulus.” Ele disse, mal-humorado.

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Sirius fez uma careta para ele, então se levantou.

"Tenho que ir à biblioteca." Ele disse, a boca ainda cheia de mingau doce


demais. “Vejo você em Transfiguração.”

James suspirou pesadamente, observando-o sair. Remus deu um pequeno suspiro de


alívio, mas se sentiu imediatamente culpado por isso. Obviamente havia algo de
errado com seu amigo, e ele deveria estar tão preocupado quanto James.

"O que aconteceu?" Ele perguntou, esperando que soasse calmo e atencioso.

"Consegue ver ele mancando?" James disse, ainda observando Sirius sair do


corredor. Remus olhou. Ele tinha a mesma arrogância de sempre, o cabelo balançando
e seus ombros para trás - mas ... sim, Remus viu que James estava certo. Ele estava
andando um pouco estranho.

“Algo aconteceu no treino?” Remus franziu a testa.

"Não." James balançou a cabeça, "Ele está assim desde ontem."

Remus pensou, examinando suas memórias - Sirius estava sentado a maior parte do
tempo que Remus o vira e, mesmo assim, não estivera exatamente prestando atenção
nos detalhes. Na verdade, ele estava tentando fazer exatamente o oposto. Sua culpa
ganhou uma nova dimensão.

"Você acha que a mãe dele fez alguma coisa?" Ele perguntou, seu estômago revirando.

"Eu sei que ela fez." James respondeu, ferozmente, olhando para a mesa da Sonserina


agora. "Ele tentou se esconder nos vestiários, mas eu consegui ver nos chuveiro e ...
Merlin, Moony, se você visse ..."

"O que?"

James balançou a cabeça, como se desejasse poder sacudir a imagem.

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"Ela o massacrou."

Um arrepio percorreu Remus, o que foi dez vezes mais eficaz do que um banho
frio. De repente, ele tinha onze anos de novo e estava de volta ao vestiário de
quadribol depois que ele e Sirius caíram de suas vassouras. Um Sirius de onze anos
sussurrando 'Eu tenho cicatrizes ...' e levantando a bainha da calça para mostrar as
marcas prateadas longas e retas. Na época, Remus só pensou em como elas eram
diferentes de suas próprias cicatrizes - como eram limpas e uniformes, como se
tivessem sido feitas com uma lâmina de barbear. Mais tarde, Sirius descreveu as
cicatrizes como uma técnica disciplinar, mas eles nunca mais discutiram isso.

"Ele está bem?" Remus perguntou, trêmulo, não querendo mais sua torrada.

"Ele diz que está." James respondeu, “Mas ele não ... ele não quer falar sobre isso, ou
qualquer coisa. Ugh, eu não deveria ter mencionado Regulus assim. Ele é
tão teimoso.”

"O que podemos fazer?" Remus se preocupou, “Ele não pode voltar lá, não está
certo. Sua família pode fazer alguma coisa?”

“Eles tentaram, no verão passado”, disse James, tristemente, “mas não deu em
nada. Se eu conseguir fazer com que ele fale alguém; Dumbledore, ou mesmo
Madame Pomfrey, se eles pudessem ver o que aquela filha da puta faz ... talvez
possamos tirá-lo de lá.

"Ele não vai, no entanto." Remus suspirou. Sirius nunca mostraria uma fraqueza


assim.

"Você pode tentar, Moony?" James perguntou, desesperado: "Ele não fala comigo,
mas às vezes você consegue por um pouco de sentido na cabeça dele.”

"Eu?!"

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“Sim, sabe, eu acho que ele ouve você, às vezes. Ele sempre está tentando te
impressionar.”

Ah, por que James tinha que dizer uma coisa dessas?

Eles foram para Transfiguração e encontraram Sirius já lá, deliberadamente os


ignorando. Foi a mesma história pelo resto do dia, até mesmo na hora do almoço,
Sirius começou a conversar com Mary e Marlene, antes que James ou Remus
pudessem falar qualquer coisa. Ele as manteve entretidas com imitações bobas de
Peter e Desdêmona, de modo que elas ficaram histéricas com risos. James sentou-se, o
rosto sombrio, sua expressão não se alterando nenhuma vez. Eles não foram capazes
de encontrar Sirius sozinho até bem depois do jantar. Peter estava mais uma vez
visivelmente ausente, e Remus descobriu que ele e Lily estavam fora da rota de
patrulha naquela noite.

Ambos pegaram Sirius saindo do banheiro, e James parou na frente da porta, para que
ele não pudesse escapar para a sala comunal. Remus decidiu ir para a abordagem
direta.

"Ouvi que seu verão foi uma merda." Ele disse, olhando nos olhos de Sirius. Era mais
fácil, se você estivesse pronto para isso. Sirius bufou,

"O que James andou dizendo?"

"Que você está machucado, mas você é um idiota arrogante demais para admitir."

"Não estou machucado." Sirius rosnou, enojado. "Está curando."

"Esta manhã você estava sangrando!" James disse, com raiva, claramente perdendo o
juízo.

"O que?!" Remus disse, alarmado, "Deus, Sirius, você tem que ir até a Madame
Pomfrey!"

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“E ter a escola inteira sabendo como minha mãe gosta de se entreter?! Não, obrigado."

"Sim, porque Madame Pomfrey conta tudo para a escola ..." Remus disse, levantando
uma sobrancelha sarcástica. "Me deixe ver."

"Não! Godric, você é pior do que Potter! "

"Vamos, eu mostrei as minhas." Remus alcançou seu olhar de novo e o sustentou.

Ele viu Sirius pensando, calculando os benefícios, então lentamente cedeu.

"Eu não quero que James veja." Ele disse, olhando para baixo, envergonhado.

Remus se virou e olhou para James, cujos ombros caíram um pouco com
decepção. Ainda assim, estoico como sempre, ele acenou com a cabeça e prontamente
saiu da sala. Remus se sentia muito vulnerável, agora, sozinho com Sirius. Ele colocou
todos os pensamentos egoístas de lado e tentou se concentrar em ajudar seu melhor
amigo.

"Vamos então," ele acenou para Sirius, "Vamos ver, de uma vítima para outra." Ele
quis dizer isso como uma piada sombria, mas percebeu imediatamente que tinha sido a
coisa errada a dizer. Ele se amaldiçoou e resolveu calar a boca, a menos que tivesse
algo útil a dizer.

Sirius sentou-se na cama mais próxima, que por acaso era de Remus, e puxou a perna
da calça para cima. Remus teve que conter um suspiro de horror. James tinha usado
exatamente a palavra certa - massacrado. Essas marcas não eram claras e ordenadas,
como as cicatrizes anteriores. Eles eram cruéis, cruzadas, variando em profundidade e
severidade. As costas inteiras das panturrilhas pareciam ter sido cortadas com um
bisturi.

“Lacero?” Remus perguntou, tentando manter seu rosto impassível. Sirius estremeceu


ligeiramente com a palavra, mas acenou com a cabeça. "Vadia." Disse Remus. Sirius
riu.

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“Sobe por toda minha perna.” Ele disse.

"Porra." Remus respirou. Ele recuou e foi até a mesinha de cabeceira: "Tenho algo


para parar de doer."

"Não está--"

"Não minta," Remus comandou, puxando seu pote de essência de murtisco, "Eu
conheço dor."

Sirius aceitou isso. Remus voltou e entregou-lhe o frasco. Sirius olhou para o objeto,


então para Remus, com expectativa.

"Você coloca." Disse Remus. ele balançou a jarra, impaciente, "Vamos, não vou fazer
isso para você, não sou seu elfo doméstico."

Ele achava que estava indo muito bem, mas tudo iria desmoronar se ele tivesse
que tocar em Sirius, mesmo em algum lugar tão inocente quanto suas
panturrilhas. Sirius sorriu e alcançou a essência de murtisco. Pegou uma porção
generosa com os dedos longos e espalhou um pouco na perna. Remus viu pelo olhar
em seu rosto que funcionou imediatamente; suas feições relaxaram, parte da
intensidade deixando seus olhos. Devia estar sentindo muita dor.

"Caramba, você é incrível, Moony!" Sirius disse, animando-se enquanto continuava a


aplicar a essência. Remus corou e encolheu os ombros,

“É apenas magia, não é como se eu tivesse descoberto a coisa.”

"Sim, mas ainda assim ..." Sirius se levantou agora e começou a desabotoar as calças
para passar no resto dos cortes. Remus praticamente saltou para trás e correu em
direção à porta, balbuciando,

“Eu vou hum ... vou te dar um pouco de privacidade ... tenho que ir de qualquer
maneira ... lição de casa ...” sua voz estava muito mais alta do que ele queria.

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Ele praticamente desceu as escadas correndo e esbarrou em James.

"Ele está ok?!"

“Sim, sim ... Eu dei a ele algo para ele passar. Dê a ele um minuto, acho que ele vai
descer.”

"Brilhante, obrigado Remus."

“Eu não falei com ele sobre ir a um professor ou qualquer pessoa ...”

“Sim, mas ele está falando com a gente, agora,” James sorriu. “Sério, obrigado,
Moony, você é uma lenda! Vamos te recompensar ... Não devo dizer nada sobre isso
ainda, mas ... bem, eu prometo que vamos! "

Com isso, James deu um tapinha no ombro dele, então correu escada acima para ver
Sirius. Remus afundou em uma poltrona próxima e decidiu reavaliar algumas
coisas. Tinha que sair, caso voltassem. Ele deixou a sala comunal e foi para a
biblioteca, onde passou o resto da noite estudando meticulosamente as rebeliões
goblins. Afinal de contas, eles tinham NOMs este ano, e ele não podia permitir que
sua libido destruísse tudo pelo que vinha trabalhando.

Era quase a hora do toque de recolher quando ele sentiu pronto para voltar. Seus olhos
coçavam e suas costas doíam, e ele estava de mau humor - mas pelo menos não estava
mais pensando em Sirius. Bem. Na verdade, estava.

Saiu da biblioteca e caminhou rapidamente pelos corredores escuros em direção a


Torre da Grifinória. Ele estava pelo menos na metade do caminho quando ouviu um
tipo estranho de barulho - como um gemido - no final do corredor de
Feitiços. Suspirando para si mesmo, ele foi investigar. Lily o teria matado se ele não o
fizesse. Era como ele suspeitava. Dois sonserinos haviam encurralado um aluno da
corvinal do primeiro ano e o atormentavam, prendendo o menor no lugar com um
feitiço - Remus já estivera naquela posição várias vezes.

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“Expelliarmus,” ele gritou, e as duas varinhas voaram para suas mãos. Eles se viraram,
um de cabelos escuros, o outro louro. Bartô Crouch e Regulus
Black. "Ah, vocês dois..." Remus bocejou, encostando-se casualmente na parede.

O corvino saiu correndo, gritando um rápido 'obrigado!' para Remus.

"Loony Lupin!" Barty sorriu. Ele tinha um sorriso horrível, como se nunca tivesse


conhecido alegria ou felicidade.

“Cuidado com a língua, Crouch,” Remus sibilou, então lançou uma maldição nele.

Imediatamente, a língua de Barty começou a inchar, ficando roxa. O menino agarrou-


se a ela, desesperadamente, mas era um dos feitiços de ingurgitamento de James, e
não podia ser interrompido. “Melhor ir para a ala hospitalar,” Remus sorriu
agradavelmente. "Vou mandar suas varinhas para o monitor chefe da casa, informá-lo
de que estavam fora dos limites ..."

"Como você ousa!" Regulus ferveu, marchando até Remus. Ele era muito mais baixo -
quase da mesma altura que Sirius, mas isso não o impediu de se aproximar. O verão
claramente tinha feito mal a Regulus também - ele estava mais pálido do que nunca,
seus olhos escuros e vazios. “Escória imunda meio-sangue! Você pode ser um
monitor, mas ainda é apenas um covarde, sujo --- “

“Covarde, eu?!” Remus viu tudo em vermelho e largou as duas varinhas, em vez disso
usando as mãos para empurrar Regulus contra a parede segurando-o pelo pescoço.

A cabeça do garoto bateu na parede de tijolos e ele piscou, terror genuíno aparecendo
em seu rosto. Remus não se importou; na verdade, foi perfeito. "Eu posso ser um
meio-sangue," Remus sibilou, ameaçadoramente, "Mas pelo menos eu não fico parado
vendo minha família ser cortada em pedaços!"

Os olhos de Regulus se arregalaram e um olhar terrível e assombrado o dominou.

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"Eu disse a ele para parar de pressioná-la, mas ele não quis ouvir!" ele sussurrou, "Eu
não consegui impedir ..."

Enojado, Remus o soltou. Barty ainda estava sufocando, mais adiante no corredor.

"Você é um covarde, Regulus Black." Remus disse, muito baixinho, "Nunca se


esqueça disso."

Ele cuspiu nos pés de Regulus e foi embora.

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Capítulo 75: Quinto ano: A surpresa

So inviting - so enticing to play the part

I could play the wild mutation

as a rock ‘n’ roll star

I could do with the money (y’know that I could...)

I'm so wiped out with things as they are (y’know that I should…)

I'd send my photograph to my honey

- and I'd come on like a regular superstar.

Star- David Bowie

Sábado, 20 de setembro de 1975

Durante as três semanas seguintes, Remus conseguiu cair em uma rotina um pouco
mais confortável enquanto aprendia a navegar por seus novos sentimentos. A um
tempo atrás ele simplesmente teria tentado evitar Sirius; afastar e se esconder na
biblioteca ou em um de seus esconderijos. Mas ele aprendeu que isso nunca
funcionava no final, especialmente quando você compartilha um quarto. E, de
qualquer forma, ele estava grande demais para a maioria de seus antigos e minúsculos
refúgios.

Então, Remus tentou lidar com isso e, ao tentar, descobriu que era capaz. Não que
fosse exatamente fácil - mas ele tinha muito mais com que se preocupar. Além dos
deveres como monitor, que já o mantinham subindo e descendo o castelo para
patrulhas e reuniões, também era um ano importante para seus estudos.

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Com os NOMs chegando, os professores estavam sobrecarregando todos com mais
deveres do que nunca - e houve uma mudança notável no currículo. Em
Transfiguração, eles estavam aprendendo disfarces; em Feitiços, eles praticavam o
desarmamento; Poções era amplamente focado em identificar e neutralizar venenos; e
Defesa Contra as Artes das Trevas parecia não ser nada além de exercício após
exercício de feitiços de ataque e defesa. Eles estavam treinando para a guerra e todos
sabiam disso.

Trato das Criaturas Mágicas era um caso decepcionante. O professor Kettleburn era
um velho mal-humorado que gritava, e tinha metade dos membros faltando e um tapa-
olho. Ele não trazia nada para eles verem, ou contava histórias de seus encontros com
bestas fantásticas - preferia contar como tinha ganhado todos os seus vários
ferimentos, que eram sempre de formas horríveis.

Remus tentou ver isso pelo lado positivo - pelo menos sem Ferox havia uma distração
a menos. De jeito nenhum ele desenvolveria uma queda pelo rabugento e velho
Kettleburn. Sirius já era o bastante para lidar.

Embora ele conseguisse simplesmente sorrir através de seus sentimentos na maioria


das vezes, eles pareciam vir à tona nos momentos mais inoportunos. Ele estaria lendo
um livro e ali estava. Ou estaria completamente sozinho na biblioteca, e uma
lembrança surgiria, agitando suas entranhas. Isso o deixava frequentemente abalado,
com muito calor e confuso. Se fosse assim que James, Mary, Marlene, Peter e todos os
envolvidos na troca de beijos estúpidos, se sentiram nos últimos dois anos, então
Remus simplesmente não sabia como qualquer um deles era capaz de fazer qualquer
coisa. Parecia que sua mente e corpo estavam constantemente em guerra.

Ele não era estúpido; sabia que estivera atrasado para esse tipo de coisa. No verão
depois que ele completou treze anos, a Diretora o chamou em seu escritório e
perguntou nos termos mais vagos possíveis o quanto ele sabia sobre "relações
conjugais". Ele não tinha certeza do quanto deveria saber e não queria parecer idiota,
então apenas disse que sabia 'tudo'. A mulher acenou com a cabeça e disse-lhe para

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perguntar a um membro da equipe do sexo masculino se ele tivesse alguma dúvida.
Claro, ele nunca teve. Eles também conversaram uma vez com o vigário local sobre a
santidade do casamento e a natureza pecaminosa de "ceder aos desejos da carne" -
mas Remus ficou tão mortificado que bloqueou a maior parte daquilo.

'Desejos'. Isso não era algo que você deveria conversar seriamente - pelo menos não
com outros meninos, ele sabia disso. Fazer piadas era ok; pelo menos vocês estavam
em território seguro se apenas provocassem um ao outro. Mas você certamente não
poderia fazer perguntas.

Os outros marotos estavam à frente dele; em algumas noites perto da lua cheia, ele
havia sentido o cheiro de sua luxúria, ouvira seus momentos de frustração e vergonha
enquanto procuravam por baixo dos lençóis no escuro. Isso apenas o envergonhou.
Claro, Remus fazia, claro que ele já tinha..., mas aquilo era mais como manutenção,
tão casual quanto escovar os dentes.

Porém, desde o verão passado, as coisas nesse departamento mudaram. Tornando-se


mais urgentes. Como se beijar Grant o tivesse ativado de alguma forma; desencadeado
uma grande inundação de ... sentimentos. Remus raramente pensava em outra coisa,
ele estava constantemente no limite. Pela primeira vez, ele estava grato pelas vestes
negras esvoaçantes que eram obrigados a usar em Hogwarts, mas mesmo assim,
frequentemente se via tendo que ficar sentado mais tempo do que todos os outros,
tentando ter pensamentos neutros. Uma vez ele teve que cobrir seu colo com um livro
particularmente pesado, simplesmente porque McGonagall disse 'trabalho com a
varinha' muitas vezes.

Ele se sentiu mudado por dentro; essa mudança presente em todos os momentos -
sozinho ou em companhia. E Sirius. Por que tinha que ser Sirius?

Ok, ele sabia por quê. Era a maneira como sua camisa branca e fina da escola
repuxava em suas costas, a maneira como seu cabelo caía em seus olhos, fazendo com
que ele tivesse de puxá-lo para trás, embora nunca, nunca o colocasse atrás da orelha.
As mãos dele. A porra dos olhos dele ...

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Foram três semanas muito difíceis.

Remus estava grato por essa primeira lua cheia do semestre ter caído em um fim de
semana. Isso significava que ele poderia dormir e relaxar pacificamente enquanto
esperava o anoitecer, em vez de ficar sentado durante horas de aulas, com os ossos
doendo em assentos desconfortáveis de madeira. Sábado também era dia de treino de
quadribol (na verdade, desde que James se tornou capitão, todos os dias eram dias de
treino), deixando Remus completamente, e felizmente imperturbado.

Ele havia dormido a maior parte da manhã, então desceu as escadas para almoçar,
antes de retornar ao silêncio do quarto vazio. Tentou ler por um tempo, mas com dores
de cabeça e a inquietação, logo desistiu. Ele desejou que a lua se apressasse e viesse,
para que ele pudesse acabar logo com isso. Esperar era a pior parte. Ele fechou os
olhos, espreguiçando-se, mas decidiu que estava cansado de ficar deitado. Desceu da
cama e foi se sentar no parapeito da janela com um maço de cigarros. O último que ele
tinha do verão, dado a ele por Grant como um presente de despedida.

Grant. Se Grant estivesse aqui, em Hogwarts, Remus sentiria o mesmo por Sirius?
Provavelmente sim, ele suspirou para si mesmo. E Grant era tão astuto nesse tipo de
coisa que entenderia imediatamente. Talvez ele tivesse algum conselho. Se ao menos
tivesse como ligar para ele, ou até mesmo escrever uma carta - mas ele só tinha
permissão para enviar corujas para a Diretora, e se ela lesse?! Remus gostaria de ter os
espelhos compactos que James e Sirius tinham. Embora como diabos os explicaria
para Grant, não fazia ideia.

Remus terminou seu primeiro cigarro e começou outro. Era calmante. Maconha era
melhor; ele tinha experimentado depois de sua última lua cheia, mas não tinha visto
ninguém em Hogwarts fumando. Ele estava por fora das informações de qualquer
forma, já que não estava mais fornecendo cigarros. As distrações do verão passado já
haviam lhe custado mais que dinheiro.

A noite se aproximava e o estômago de Remus começou a roncar. Ele tentava comer


pouco antes das luas cheias, sabendo que a dor muitas vezes o faria vomitar. Nos dias

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seguintes, estaria faminto e poderia facilmente repetir três ou quatro pratos por
refeição. Estava prestes a se levantar e descer quando a porta se abriu.

Peter, James e Sirius entraram, com olhares curiosos em seus rostos. James parecia
muito sério e bastante cauteloso, como se tivesse que dar alguma notícia e não tivesse
certeza de como Remus reagiria. Remus sabia que não podia ser uma má notícia,
porque Sirius estava sorrindo de orelha a orelha, mostrando cada um de seus dentes
perfeitos e brancos como pérolas. Peter estava torcendo as mãos, como sempre, mas
ele também tinha um sorriso pequeno e malicioso - o olhar que ele tinha quando eles
estavam no meio de uma pegadinha particularmente diabólica.

“Ah Deus,” Remus disse, antes que James pudesse falar, “O que é agora? Por que
vocês não estão no quadribol? "

"Sem quadribol hoje!" Sirius disse, ainda sorrindo como um maníaco. A energia que
emanava dele era elétrica, ardente - ele estava claramente extremamente animado com
alguma coisa.

"Onde vocês estavam, então?" Remus perguntou, escolhendo olhar para James, para
manter sua voz controlada.

“Estavamos praticado outra coisa!” Peter explodiu, mordendo o lábio inferior.

Remus se recostou no parapeito da janela e olhou para James novamente, levantando


uma sobrancelha questionadora. James engoliu em seco, seu pomo de adão
balançando, então pigarreou,

"Moony", disse ele, "você deve se lembrar que tivemos uma ideia, no terceiro ano ..."

"Você tem ideias o tempo todo, Potter, seja específico," disse Remus, irritado,
acendendo seu terceiro cigarro. Seus ombros e pescoço doíam. Ele não estava com
disposição para brincadeiras durante lua cheia, eles já deveriam saber disso.

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"A ... para te ajudar com as ... eu sei que você disse para não fazermos, hum ..." James
passou a mão pelo cabelo, "Mas já fomos tão longe com tudo, e ... hum ... olha, eu
sinto muito, desculpe ..., mas ...”

"Fala de uma vez!" Remus suspirou, exalando fumaça. James parecia em pânico. Ele
olhou para Sirius, então olhou para seus pés e murmurou,

“Nósnostornamosanimagus...”

"O que?!"

"Ah, pelo amor de Merlin!" Sirius disse, dando um passo à frente, "Olha, Remus!"

E com isso, Sirius prontamente se transformou em um cachorro preto muito grande, e


Remus escorregou do parapeito da janela, em choque.

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Capítulo 76: Quinto ano: Moony & Cia

O cachorro - Sirius, o cachorro - latiu duas vezes e balançou o rabo entusiasmado,


enquanto Remus se levantava do chão. Ele olhou para James e Peter, que estavam
sorrindo timidamente. Olhou para o cachorro novamente, e ele se transformou
novamente em Sirius, parado diante dele com o mesmo sorriso louco.

"Vocês realmente fizeram isso." Remus disse, sem emoção, "Não posso acreditar que
vocês fizeram isso." Ele sentou-se novamente, sentindo-se um pouco vacilante.

"Você está bravo?" James perguntou, seus olhos enormes e sérios.

"Todos vocês conseguem se transformar?"

Peter e James se entreolharam e então assentiram. Remus respirou fundo, com o peito
apertado. "Vá em frente", ele sussurrou, "Me mostrem."

Imediatamente, James e Peter se transformaram em um enorme veado régio e um


gordo rato marrom. Os chifres de James arranharam o teto baixo do quarto, de modo
que ele teve que abaixar ligeiramente a cabeça. Sirius riu,

“Não podíamos escolher no que nos transformamos”, explicou ele. "Caso contrário,
Peter provavelmente teria escolhido outra coisa ..."

“Ei!” Peter disse, voltando a se transformar: "Ratos são criaturas altamente


inteligentes, eu pesquisei."

"Pena que você não é." Sirius respondeu.

"Nem todo mundo quer ser um grande vira-lata babão," James também se transformou
e deu um soco no ombro de Sirius.

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"Tudo bem, Bambi, se acalme," Sirius sorriu, despenteando o cabelo de Peter, "Só
estamos brincando, não é, cara?"

Peter sorriu de volta. Ele parecia muito feliz. Todos eles haviam conseguido. Remus
ainda estava sem palavras. Ele os observava como se fossem estranhos. Será que
realmente fizeram isso - algumas das mágicas mais difíceis, que exigia habilidade,
concentração e - acima de tudo - paciência, só para ele?

"Remus?" James perguntou, parecendo sério novamente, "Você está com raiva, não
é?"

"Eu ..." Remus franziu a testa, então balançou a cabeça, "Não, não, não estou com
raiva ... Eu só ..." Ele esfregou a nuca, fechando os olhos, "Eu sabia que fariam de
qualquer maneira, eu sabia que iam tentar, pelo menos. Vocês nunca me ouvem."

"Desculpe." James disse, desamparado. Até Sirius havia parado de pular.

"Não, não se desculpe!" Remus disse, rapidamente, abrindo os olhos, "O que vocês
fizeram é incrível ... vocês são incríveis. Eu só ... não sei o que dizer. "

Ele se amaldiçoou por não ser capaz de agradecê-los adequadamente - por sentir tudo
tão profundamente, mas não ser capaz de colocar nada em palavras. Qual era o sentido
de toda aquela leitura, se não lhe dava as palavras quando precisava delas?

Ele olhou para cima novamente, e encontrou Sirius o observando - seu sorriso estava
mais calmo agora, e a luz da compreensão brilhava em seus olhos. O coração de
Remus deu um pulo.

"Obrigado." Ele disse, baixinho, apenas para Sirius.

“Qualquer coisa pelo nosso Moony!” Sirius sorriu novamente, e de repente tudo
voltou ao normal, e o dormitório era apenas o dormitório deles, e essas pessoas
incríveis eram apenas seus amigos. "Vamos," Sirius disse, animado, dirigindo-se a
todos eles, "Vamos descer para jantar. Temos uma longa noite pela frente! "

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"Esta noite?!" Remus disse, surpreso, "Querem tentar hoje à noite?!"

É claro, ele pensou, é por isso que eles escolheram o último momento para se revelar.

"Não há hora melhor que o presente", sorriu James.

"Você não pode querer passar mais uma noite sozinho naquela casa horrível, sendo
que você não precisa, Remus?" Peter disse, sinceramente.

Remus pensou sobre isso enquanto seguia os outros pelas muitas escadas e corredores
até o Salão Principal. Ele não gostava de ficar sozinho, antes da lua ou logo depois
dela. Presumiu que o lobo também não gostava de ficar sozinho, a julgar pela dor que
isso lhe causava. Mas ele sempre fez isso sozinho. Nunca havia sido uma questão
antes.

Ele não falou nada durante o jantar, mexendo no prato com indiferença. Sirius o
cutucava de vez em quando, e Remus sorria para ele, mas voltava a brincar com suas
batatas assadas.

"Remus, você não está comendo", disse Marlene, preocupada, "Isso realmente não é
típico de você."

"Mm", respondeu ele, baixando o garfo, "não me sinto bem. Acho que vou para a ala
hospitalar. "

"Ah não, de novo?" Marlene inclinou a cabeça em simpatia, "Coitadinho."

Remus encolheu os ombros e se levantou para sair. Os marotos também se levantaram


e o seguiram para fora.

"Como vocês vão fazer isso?" Ele perguntou enquanto caminhava, sem ousar olhar
para nenhum deles.

"Pete é pequeno, ele pode nos colocar para dentro", disse James, ansiosamente,
"Então, vamos usar a capa - é mais fácil caber por baixo agora que podemos mudar."

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"Ok," Remus acenou com a cabeça, resolvendo, "Ok, se puderem entrar
sorrateiramente atrás de Pomfrey ... ela coloca um feitiço de trava na porta."

"Ótimo," Peter acenou com a cabeça, entusiasticamente, "Nós vamos fazer isso,
Remus, vamos!"

Fora da ala hospitalar, se virou e olhou para todos eles. Ajudava ser alto, em
momentos como este.

"Vocês sabem que eu posso matar todos vocês."

Eles olharam para ele sem hesitar. Sirius endireitou as costas,

"Você não vai."

Remus suspirou.

"Está bem. Vejo você em mais ou menos uma hora, então.” E com isso ele entrou na
enfermaria, sem olhar para trás. Seu coração martelava no peito - parte excitação,
parte terror.

Era perigoso; era tão, tão perigoso que sua cabeça doía. Mas ele havia dito "não" uma
vez antes, e esse foi o resultado. Só podia esperar que eles fossem rápidos e
inteligentes o suficiente para escapar, se as coisas dessem errado. E se eles não
pudessem escapar ... ele esperava que pelo menos um deles fosse corajoso o suficiente
para fazer o que fosse necessário para garantir que os três sobrevivessem, mesmo se
significasse que ele não fosse.

***

"Você vai ficar bem, querido?" Madame Pomfrey perguntou, examinando-o com
olhos preocupados. “Eu sei que a primeira noite é ruim ...”

"Está tudo bem, sério." Remus disse, sentando-se em sua pequena cama, como
sempre. "Não se preocupe comigo, vejo você de manhã."

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“Estarei aqui junto com o primeiro raio de sol,” a medibruxa prometeu. Ela deu-lhe
um beijo rápido na testa antes de sair apressada do quarto. Remus respirou fundo e
olhou em volta.

"Estão aí?" Ele respirou na sala vazia.

James apareceu de repente, puxando a capa. Sirius e Peter rapidamente o seguiram,


voltando de suas formas de animagos.

“Acho que nunca vou me acostumar com isso,” Remus piscou. ele mordeu o lábio
nervosamente e tentou sorrir, gesticulando para a sala suja, "Bem vindos à Casa dos
Gritos ..."

"Moony", disse James, parecendo profundamente perturbado ao observar os arredores,


"É horrível."

"É ok. É melhor do que uma cela.”

"É uma cela" disse Sirius, soando feroz.

“Quando vai acontecer?” Peter perguntou, de repente, parado atrás dos outros dois.

Remus girou os ombros com cuidado para ver como a dor estava passando.

"Não falta muito", disse ele, categoricamente, "quinze minutos, talvez."

Houve silêncio por um tempo. Quando Remus pôde sentir seu sangue começar a
ferver, e aquele formigamento revelador em seus músculos, ele de repente entrou em
pânico, "Ninguém nunca viu isso acontecer antes." Ele disse, olhando para todos
desamparadamente, "Eu não acho ... é muito, muito feio."

"Está tudo bem, Remus," disse James, suavemente, "Nós sabemos o que esperar."

"Eu posso gritar ... eu vou gritar."

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"Está bem." Sirius prometeu.

"Vocês estão com suas varinhas?"

“Sim,” todos eles as retiraram para mostrar a ele.

"Bom", ele acenou com a cabeça, olhando para as tábuas do assoalho. Suas costas
doíam, ele podia sentir cada vértebra empurrando contra a pele. "Se eu atacar ... se não
puderem me controlar ... vocês vão ter que ..." ele hesitou. Estava começando. "Se
transformem", ele gritou, caindo na cama, se retorcendo em si de frente para a parede,
"rápido!"

Suas terminações nervosas pegaram fogo e a transformação começou. Dói, sua mente
balbuciava, como uma criança chorosa, dói, dói, dói... ele começou a perder a cabeça
na agonia, ciente de que alguém estava gritando, até que ele não era mais Remus, e os
gritos viraram longos e sombrios uivos de angústia.

Ele finalmente se rolou, seu novo corpo, forte e poderoso ... ele farejou. Já conhecia
este lugar - sua prisão. Ele queria ser livre, queria sair e correr e caçar e matar ...
estava com tanta fome, com tanta energia. Estava prestes a uivar novamente, correr
para as janelas ou arranhar a porta. Farejou o ar. Não estava sozinho.

O lobo voltou seus olhos para os três animais presos com ele. Rosnou e saltou da
cama. Ele estalou as mandíbulas e se impôs, erguendo a cauda para mostrar domínio.
O animal preto rosnou, farejando o lobo. Ele deu um passo à frente e o lobo rosnou,
ainda incerto. O preto deitou-se aos pés do lobo, rolou e mostrou sua barriga. Amigo.
O lobo, sabendo ser o líder agora, parou de rosnar. Ele reconheceu o cheiro deles;
sabia que não tinham intenção de fazer mal.

Esta era sua alcateia - e ele não estava mais sozinho.

***

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Remus acordou engasgado e gaguejando enquanto voltava para seu corpo. Estava
escuro e empoeirado, como sempre, e seus ossos ainda estavam doloridos e cansados,
e sua cabeça ainda latejava. Mas não havia sangue; pelo menos ele não conseguia
sentir o cheiro - não conseguia sentir o gosto - e a dor estava passando rapidamente,
como água escorrendo por um ralo.

"Moony?" A voz de Sirius irrompeu, familiar e reconfortante. "Aqui,"

Remus se sentiu quente de vergonha quando Sirius lhe entregou um cobertor para se
cobrir.

"Obrigado", ele resmungou, envolvendo-se. Apertou os olhos quando sua visão ficou
turva, as formas de seus três amigos entrando em foco lentamente em vista, "Todo
mundo está bem?"

“Tudo bem,” Sirius sorriu, “Melhor do que bem! Funcionou, Moony! ”

"Aqui, vem cá" James se abaixou e ajudou Remus a se levantar, então o apoiou de
volta na pequena cama. Remus ainda se sentia fraco, como sempre, mas isso era tudo.
Sem cortes, sem arranhões - ele não havia se machucado de forma alguma.

Ele puxou o cobertor para mais perto do corpo e olhou para seus três melhores amigos
- as pessoas mais queridas do mundo. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele olhou
para baixo, rapidamente, envergonhado.

"Você está bem?" Sirius perguntou, parecendo preocupado, "Ainda dói?"

"Não," Remus balançou a cabeça, sorrindo, "Estou apenas sendo bobo." Ele enxugou
os olhos e olhou para eles novamente. James parecia tão nobre e orgulhoso como
sempre, seus óculos ligeiramente tortos, anéis escuros sob os olhos, mas sorrindo
mesmo assim. Peter estava rosa, vermelho de entusiasmo e Sirius estava totalmente
perfeito, reluzindo como se tivesse acabado de receber a taça de quadribol. Remus se
sentia muito frágil e patético, tão magro e nu na cama ao lado desses heróis. "Foi
ruim?" Ele perguntou, nervoso, "A transformação?"

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"Foi horrível." James disse, honestamente. Os outros concordaram.

"Você é tão corajoso, Remus." Peter explodiu.

"Mas depois," Sirius disse, ansioso para lembrar, "Depois foi incrível - você não tinha
certeza no começo, mas eu ..."

"Você se submeteu a mim." Remus disse: "Eu me lembro."

"Achei que você não conseguia se lembrar do que acontecia?" James perguntou,
inclinando a cabeça.

"Eu não consigo, normalmente," Remus franziu a testa, "Mas a noite passada foi
diferente ... Eu me lembro de tudo. Eu não era exatamente eu, mas também era eu.
Isso faz sentido?"

"Não," Sirius riu. Remus riu também.

“É melhor vocês entrarem embaixo da capa. Madame Pomfrey está a caminho.


Poderiam, er ... alguém me passar minhas roupas? "

Sirius foi o último a se esconder sob a capa, ele estava vivo em euforia, e ficava se
transformando de volta ao cachorro a todo momento, incapaz de ficar parado. Quando
eles absolutamente tinham que ir, Sirius apertou o ombro de Remus suavemente, uma
última vez.

"Eu não te disse, Moony? Eu não te disse ?!” Ele sussurrou, febrilmente.

"Você disse" Remus sorriu fracamente. Ele abaixou a voz, para que ninguém mais
pudesse ouvi-lo, e olhou para Sirius com cuidado, “Foi assustador? Eu era
assustador?" Ele não tinha ideia de como ele se parecia em forma de lobo.

A expressão de Sirius não vacilou.

"Não." Ele disse, com firmeza. "Você era lindo."

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Capítulo 77 : Quinto ano: Lindo

Claro, Madame Pomfrey estava completamente confusa com a noite milagrosa sem
machucados de Remus.

"Incrível!" Ela ficava repetindo: "Completamente incrível ..."

Remus a enganou com alguma teoria maluca de que ele estava 'amadurecendo', e
deveria ser isso. Ela não parecia convencida, mas a doce enfermeira ficou tão satisfeita
em encontrá-lo ileso que não fez mais nenhuma pergunta. Ela o manteve na
enfermaria para dormir durante o domingo, mas ao meio-dia ele se sentia tão alerta e
cheio de energia quanto quando a lua estava minguando.

"Não tenho motivos para mantê-lo aqui," Madame Pomfrey sorriu, ainda sem acreditar
muito. “Eu não acredito em entupir minha enfermaria com pacientes saudáveis.”

Remus praticamente correu de volta para a torre da Grifinória, subindo as escadas dois
degraus de cada vez. Ele não ficou surpreso ao encontrar os marotos ainda na cama,
embora James e Peter estivessem mostrando sinais de vida.

"Tudo bem, Moony?" James sorriu sonolento, puxando as cortinas da cama ao som da


porta do dormitório.

"Tudo bem," sussurrou de volta, não querendo acordar Sirius. Ele odiava quando
interrompiam seu sono, e hoje Remus ealmente sentiu ele que merecia dormir até mais
tarde. Além disso, 'você era lindo' estava soando em seus ouvidos dia todo, e ele não
ainda tinha certeza se seria capaz de falar com Sirius.

"Pomfrey disse alguma coisa?"

“Nah, ela não consegue descobrir o que ela fez de diferente. Nós escapamos impunes.”

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"Ótimo!" James bocejou: "Vamos ter que comprar alguns comprimidos 'energéticos'
ou coisa do tipo para a próxima vez – vai cair numa segunda feira."

“Vocês não têm que fazer isso todos os meses ...”

"Cal’boca, Moony," Peter resmungou, meio grogue, "Faremos o que quisermos."

Remus sorriu para si mesmo, recolheu seus livros e desceu para a sala comunal para
não os perturbar mais.

"Remus!" Marlene gritou: "Graças a Deus, eu estou presa nessa questão estúpida de


História ..."  

"Qual você escolheu?" Remus se acomodou em uma mesa com as meninas. "Rebelião


Goblin?"

“Revolta Troll.” Marlene suspirou tristemente. “Achei que seria mais fácil.”

"Mmm," Remus respondeu, vasculhando suas anotações para ver o que ele tinha sobre
a revolta dos trolls. Ele achava trolls muito chatos, mas obedientemente anotou tudo o
que o professor Binns dissera. Mesmo que Sirius tenha passado pela sua cabeça
durante toda a aula.

Lindo. Lindo. O que isso significava? Era uma coisa boa, obviamente. Uma palavra
que só poderia ser positiva. Mas fora Sirius quem dissera. Pior, ele dissera isso sobre a
forma de lobo de Remus. Então, poderia significar uma série de coisas - Remus criou
uma pequena lista das opções em sua cabeça.

Por exemplo, 'você era lindo' poderia significar:

1."Você era lindo noite passada, como um lobo, mas você não é lindo esta manhã


como um humano."

2."Você era lindo noite passada porque eu era um cachorro, e cães estão em uma boa
posição para julgar a beleza canina."

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3."Estou dizendo que você era lindo, embora não seja verdade, porque não quero ferir
seus sentimentos."

4.“Eu acho que você é lindo o tempo todo e gostaria muito de te beijar.”

Remus estava disposto a admitir que a opção 4 era a menos provável. Ele finalmente
encontrou as anotações e as passou para Marlene.

“Dê uma olhada e me diga se você não entender algo. Algumas coisas são um pouco
confusas, mas tenho alguns bons truques para lembrar as datas principais.”

"Você é um salva-vidas, Remus!" Marlene emocionou-se, parecendo aliviada.

“Pelo menos você terminou sua redação de Transfiguração,” Mary franziu a testa,
parecendo tão esgotada quanto Marlene. "Estou tão atrasada que vou ficar acordada a
noite toda."

"Você precisa de uma mão?" Remus perguntou, pegando seu próprio dever de


Transfiguração, que só precisava de uma rápida revisão antes de estar pronto para ser
entregue.

“Oh, não, obrigada ...” Mary corou, olhando para baixo, “Hmm ... Sirius prometeu me
ajudar, na verdade. Você sabe, porque ele é muito bom em Transfiguração.”

Marlene deu uma risadinha,

“E ele a convidou para ir a Hogsmeade com ele..."

"Ah, ele convidou?" Remus perguntou, sua boca de repente muito seca.

“Sim,” Mary sorriu, parecendo muito satisfeita consigo mesma. Remus não podia
culpá-la. Vaca sortuda. “Eu sei que terminei com ele antes”, disse Mary, em um tom
veloz “Mas éramos apenas crianças naquela época. E ele é muito mais maduro agora.”

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Lily bufou sarcasticamente, mas não tirou os olhos de seu trabalho. Remus apenas
sorriu e acenou com a cabeça, olhando para seu livro de Feitiços. Ele não estava mais
com muito humor para o dever de casa agora. Marlene e Mary continuaram a rir e
sussurrar sobre Sirius.

Remus deu uma bronca em si mesmo. Não era justo se sentir assim - não era justo com
Mary e não era justo com Sirius. Na verdade, era incrivelmente egoísta. Sirius não o
rejeitou ou tentou machucá-lo deliberadamente. Muito pelo contrário - Sirius tinha
saído de seu caminho para fazer Remus se sentir seguro e confortável em sua própria
pele. Era terrivelmente ingrato da parte de Remus ficar chateado com uma coisa
estúpida como essa.

Realmente, não era da conta dele com quem Sirius ia para Hogsmeade. O próprio


Remus nunca teve nenhum interesse em Mary Macdonald, então a sensação de
reviravolta em seu estômago estava completamente fora do lugar. E seus
amigos podiam ter namoradas, se quisessem. Era normal. Sirius merecia um pouco de
normalidade, depois do verão que teve.

Ele pensou sobre isso a noite toda e no dia seguinte. Sobre Mary, Sirius e 'você era
lindo' ... Sirius diria a Mary que ela era linda? Ela era linda, seria uma declaração justa
- não apenas suas curvas suaves e olhos castanhos chocolate, mas as sardas em seu
nariz, sua pele quente e morena - que nunca tinha sido marcada, e era como a de
qualquer outro adolescente em seu ano, mas brilhava como mogno. Sua risada, seu
humor, seu raciocínio rápido. Ela combinaria com Sirius.

A questão era, Remus decidiu, se um garoto dissesse a uma garota que ela era bonita,


não haveria dúvidas sobre quais eram suas intenções. Garotos dizendo a outros garotos
que eram lindos ficava um pouco mais confuso - especialmente quando nenhuma das
partes tinha todas as informações.

Afinal, Remus repetidamente disse a si mesmo, Sirius não tinha ideia do que ele tinha
feito durante todo o verão. Até onde Sirius sabia - até onde qualquer um em Hogwarts
sabia, Remus estava tão interessado em garotas quanto qualquer outro garoto de sua

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idade. Portanto, poderia ser facilmente lido como um elogio completamente platônico
e inócuo. Por outro lado, uma pequena e lisonjeira voz sussurrava,
Sirius sempre conheceu Remus melhor do que Remus se conhecia. Ele sempre foi
capaz de desvendá-lo - o problema de leitura, a licantropia - por que não isso
também? Era tão terrível assim ter esperança?

***

Sábado, 4 de outubro de 1975

Depois de uma semana de noites agitadas, Remus estava desesperado por alguém com
quem conversar. E desta vez não havia realmente ninguém com quem
ele pudesse falar. Todos conheciam lados ligeiramente diferentes de Remus, com base
nos segredos que conheciam. Os marotos sabiam que ele era um lobisomem - mas
apenas Sirius sabia sobre sua dificuldade com a leitura. Lily sabia sobre a leitura, mas
não sobre o problema do lobisomem. Mary e Marlene eram as que menos sabiam, e
ele gostava assim.

Havia apenas uma pessoa em todo o mundo que sabia sobre seu mais novo segredo - e
era quase impossível entrar em contato com essa pessoa. No entanto, Remus era mais
do que apenas um lobisomem com problemas de leitura e uma queda gigantesca por
seu melhor amigo. Acima de tudo, ele era um maroto; e nada era impossível para um
maroto.

Ano passado, Mary disse a ele que havia uma velha cabina telefônica trouxa nos
arredores de Hogsmeade que ainda estava em serviço. Tudo o que ele precisava fazer
era chegar lá sem que ninguém perguntasse para onde ele estava indo e certificar-se de
que Grant estaria esperando do outro lado, em Essex.

A primeira parte foi fácil - Sirius e Peter estariam ambos ocupados no próximo fim de
semana em Hogsmeade em seus respectivos encontros. James, embora já tivesse
convidado a Lily para sair várias vezes neste semestre, estaria livre, mas ele era muito

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menos intrometido do que Sirius. Remus achou que poderia fugir dele sem muito
esforço.

Mandar uma mensagem para o St. Edmund's era muito mais difícil e, no final, Remus
decidiu mandar uma coruja para a Diretora. Ele escreveu a ela uma nota rápida
explicando que não voltaria para o Natal - isso era completamente redundante, já que
até então ele não passava um Natal em St. Edmund desde os onze anos, mas serviu aos
seus propósitos. Ele incluiu um segundo envelope, endereçado a Grant Chapman, com
uma nota ainda mais breve dentro:

'Sábado, 4 de outubro, cabine telefônica na Station Approach. 12h.'

Depois disso, Remus só teve que torcer para que desse certo.

O fim de semana de Hogsmeade chegou e Remus tinha se esquecido de que, como


monitor, ele tinha certos deveres a cumprir, o que o atrasaria muito. Ele e Lily tiveram
que verificar todos os nomes do terceiro ano de sua lista de alunos que tinham as
permissões assinadas e, em seguida, conduzi-los até a aldeia.

Felizmente, James logo se cansou de seguir Remus, trazendo a retaguarda de uma


longa fila de garotos ansiosos de treze anos, e desapareceu para olhar os recém
lançados artigos de quadribol. No final, Remus não conseguiu chegar a Hogsmeade
até meio-dia e meia, então, quando Lily finalmente ficou satisfeita por eles terem
pastoreado cada terceiranista, ele teve que correr o mais rápido que pôde até os limites
da cidade, rezando para que ninguém o notasse.

Hogsmeade era a única aldeia por quilômetros e quilômetros, e havia apenas um


caminho que conduzia de e para lá. Remus suspeitou que essa estrada raramente era
usada, já que os bruxos tinham muitos outros meios de transporte. A alta cabine
telefônica vermelha parecia muito estranha, sozinha ali, cercada por colinas escocesas
verdejantes. Remus agradeceu sua sorte por estar desocupada - estava preocupado em
chegar e encontrar algum aluno nascido trouxa lá, segurando a linha. Mas não, ele
estava sozinho. Abriu a porta e entrou, digitando o número o mais rápido possível.

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Tocou apenas duas vezes, antes de uma voz estridente responder do outro lado da
linha.

“Hjhfrd…” parecia dizer.

"Oi ... oi, você pode me ouvir?" Remus disse em voz alta no receptor.

"E aí, Remus," a voz de Grant retornou, ligeiramente metálica, mas muito mais clara,
e tão atrevida e alegre como sempre. Remus se sentiu à vontade pela primeira vez em
semanas. "Caramba, tô esperando faz uma hora nessa caixa maldita."

“Desculpe,” Remus disse, “Foi mais difícil do que eu pensava escapar. Você recebeu
minha mensagem, então? "

"Recebi. Fiquei muito lisonjeado, devo dizer. Sentindo minha falta, é? "

"Claro." Remus disse, rapidamente - e ele percebeu que estava falando sério. Sirius


tinha sido uma distração de proporções épicas, mas ele tinha que admitir que se sentia
um pouco solitário sem Grant por perto. "Como você está?"

"O mesmo de sempre. Como tá a escola?"

"Bem bem…"

"E aí?"

"Hum ... eu queria te perguntar uma coisa."

"Vá em frente."

"Bem ... você sabe aquele dia em que estávamos ... hum, no início do verão, quando
estávamos sentados do lado de fora, e você ... você-"

"Te dei um beijão daqueles?"

Remus sentiu-se corar fortemente contra o receptor de plástico frio.

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"Sim. Er ... bem, eu queria perguntar. Hum. Como você... sabia? "

"Oh Deus," Grant suspirou pesadamente, "Quem é?"

"O que você que--"

“’Cê gosta de alguém, é? Um garoto chique da escola? E quer que eu te diga quais
sinais pra procurar, pra ver se ele te gosta de volta. "

Remus piscou. Isso era exatamente o que ele queria. “Bem,” Grant disse, “Desculpa
decepcionar, cara, mas eu num tenho é nada pra você. Nove em cada dez vezes
eles não gostam de volta, então não é bom alimentar esperanças. Oito em cada dez
vezes, eles vão te espancar, se você tentar alguma coisa. Espero que ele não esteja no
time de rúgbi, ou sei lá o que vocês jogam aí.’’

"Não. E eu não acho que ele iria ... ele não iria ... ele é meu amigo. " Remus terminou,
sem jeito.

"Ele fez alguma coisa pra te fazê pensar que é um de nós?"

Um de nós.

"Erm ... não exatamente."

“Têm namorada? Ou a escola é toda de meninos? Sempre quis ir pra uma assim. "

“Tem garotas aqui,” Remus suspirou. "E sim, ele hum ... bem, na verdade ele saiu com
uma garota hoje."

“Ah, bem, não parece que cê tá com sorte, cara. Quer dizer, ele pode ir para os dois
lados, mas num acho muito provável não, pra falar a verdade.’’

"É," Remus suspirou. Ele me chamou de lindo, ele queria dizer. Certamente ele não
poderia ser tão cruel a ponto de dizer uma coisa dessas e não estar falando sério?

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Através do silêncio que se seguiu, Grant riu baixinho do outro lado da linha,

“Ah Remus, amor. É merda, né não? "

"Eu não sei o que fazer." Remus respondeu, fechando os olhos e se encostando


desesperadamente na cabine.

“Cê não pode fazer nada. Fica tranquilo, não dura pra sempre. Cê vai superar – só
cuida de si mesmo.”

"Obrigado."

"Magina. Cê volta no próximo verão, certo? "

"Sim."

"Natal?"

"Provavelmente não."

"Pena. É uma merda ficar aqui sozinho. Tive que jogar futebol ontem.”

"Achei que você odiasse futebol."

"Nah, só disse isso pra você gostar de mim."

Remus riu.

Embora o telefonema não tivesse ensinado nada a Remus que já não soubesse, ele se
sentiu muito melhor com tudo. Ele voltou para Hogsmeade com passos acelerados,
ansioso para uma visita à Dedos de mel antes de encontrar seus amigos no Três
Vassouras. Grant estava certo - é claro que Sirius não era uma opção. Eventualmente,
os sentimentos de Remus por ele esfriariam.

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Essa nova perspectiva positiva não durou muito. Remus mal havia colocado os pés de
volta em Hogsmeade, quando Severus Snape apareceu, escapulindo de um beco entre
dois chalés.

"Lupin." Ele disse friamente. Ele parecia preocupantemente calmo e controlado, seus


olhos negros redondos fixos em Remus.

Aos quinze, Snape parecia ainda mais esquisito do que aos onze. A adolescência não
for gentil com ele; seus membros haviam ficado desengonçados, seu nariz ainda mais
torto, e ele tinha um terrível caso de acne, o que fez Remus se lembrar da brincadeira
de pó de coceira no primeiro ano.

"Tudo bem, Snivellus?" Remus bufou, passando, "Vasculhando as lixeiras de outras


pessoas, é?"

Severus caminhava ao lado dele, sorrindo.

"O que você estava fazendo, saindo de Hogsmeade?"

"Não é da sua conta, esquisito."

"Você saiu por quase uma hora."

“Você me seguiu?!”

"Você está tramando alguma coisa."

"Vá embora, ou eu vou te dar uma detenção."

"É uma piada completa você ter sido nomeado monitor." Severus disse, do
nada. Snape não tinha sido nomeado monitor da Sonserina. "Embora eu suponha que
você seja o melhor dos quatro.”

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"Olha, você não vai conseguir me irritar." Remus disse, com os dentes cerrados. Ele
andaria mais rápido se pudesse, mas seu quadril ruim estava doendo novamente. "Eu
até diria para você voltar para seus amigos, mas eu sei que você não tem nenhum."

"Eu sei sobre você," Snape sibilou, "Pirralho de orfanato."

“Esse pirralho de orfanato venceu você em Aritmancia ano passado. E História.”

"Vou descobrir o que você está fazendo."

"Bem, boa sorte." Remus sabia que tinha feito um bom trabalho cobrindo seus rastros
- mesmo que Severus descobrisse que ele havia feito uma ligação, porque isso seria
importante? “Eu realmente não sei o que te deixou tão nervoso, Snivellus. Não há
alunos do primeiro ano o suficiente para você amaldiçoar ou algo assim?"

"Há algo de errado com você." Snape disse, recuando agora que uma gangue de
sextanistas se aproximava, “Lily não acredita em mim, mas vou
descobrir. Portanto, tome cuidado, Loony Lupin."

Remus o xingou e marchou em direção à Dedos de mel, esperando que ele parecesse
menos perturbado do que se sentia.

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Capítulo 78 : Quinto ano: Desejando e
Esperando

"Ele quer uma festa, obviamente." James disse, caminhando entre as aulas uma tarde.

"Em nosso dormitório?" Remus perguntou, em dificuldade com sua mochila


ridiculamente pesada.

“Na sala comunal, eu acho. Ele quer todo mundo envolvido.”

"Claro," Remus sorriu com ternura e mudou sua bolsa de posição novamente.

“Quer que eu levite isso para você? Levitei Pete até a divinação, ontem.”

"Foi assim que ele conseguiu aquele hematoma?" Remus ergueu uma sobrancelha.

“Não é minha culpa, Sirius fechou o alçapão cedo demais. Enfim, essa festa de
aniversário - acho que ele quer que seja como a sua no ano passado.”

"Oh, não," Remus balançou a cabeça, "Não vou carregá-lo de volta de Hogsmeade
naquele estado de novo."

“Não, ainda será na sala comunal. Só quero dizer que ele quer álcool. Ele está fazendo
dezesseis...”

"Bem, eu também não vou segurar o cabelo dele quando ele começar a
vomitar." Remus disse com firmeza.

James bagunçou seu cabelo quando um grupo de garotas passou, todas olhando para
ele. Às vezes Remus ficava feliz por não ter interesse no sexo oposto, porque senão
andar por aí com o capitão de quadribol seria insuportável. Não era de se estranhar que
Peter gostasse tanto de exibir Desdêmona.

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A saga de Sirius e Mary estava atualmente em níveis toleráveis. Nada acontecera
durante a visita a Hogsmeade, pelo que Remus sabia - e Mary certamente teria
contado a ele se algo tivesse acontecido. Aparentemente, ela queria que ele 'provasse'
que podia ser um cavalheiro antes que ela consentisse em ser sua namorada.

"Um cavalheiro!" Sirius zombou, quando os marotos estavam sozinhos, “Eu falo cinco
línguas! Eu tenho um lema de família! Eu sei dançar a porra de valsa! Eu
tenho doze robes formais! O que mais ela quer??”

"Agora você conhece minha dor." James suspirou em resposta.

“Ela quer que você a respeite”, Peter tentou explicar.

"Eu a respeito!" Sirius disse, piedosamente, “Ela tem os melhores peitos do ano. Isso é


muito respeitável.”

Remus enterrou a cabeça nas mãos para esconder o fato de que estava sorrindo -
porque certamente Sirius nunca conseguiria uma namorada com essa atitude.

“Então,” James disse, agora que as garotas haviam passado e eles estavam quase no
Salão Principal, “O que acha da ideia? Uma festa grande, muito barulho, muita bebida,
muitas garotas?”

“Ah, sim, parece ótimo!” Remus respondeu, sem entusiasmo.

“Aww, eu sei que você é tímido, Moony, mas eu juro, um monte de garotas gosta de
você. Você só precisa saber como falar com elas.”

Remus achou isso um pouco engraçado, vindo de James 'ei, Evans!' Potter, mas ele
não disse nada. "De qualquer forma," James continuou sorrindo quando eles entraram
no salão. “Você pode ser o JD, você conhece todas as músicas.”

“O DJ,” Remus corrigiu.

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"Tanto faz. Tudo bem, Wormtail? " James deu uma cotovelada em Peter, que estava
sentado com sua namorada na mesa da Corvinal. Ela franziu a testa para James,

“Por que você começou a chamá-lo assim?? É um apelido terrível!”

"Nah," Remus sorriu, "Combina com ele da cabeça aos pés."

Peter mostrou os dois dedos para os dois e voltou para seu almoço. Todos estavam
brincando com apelidos, em parte porque queriam terminar o mapa até o Natal e
precisavam dos apelidos, em parte porque James e Sirius simplesmente gostaram da
ideia de ter codinomes. Eles fizeram um jogo de nunca se chamarem pelo nome duas
vezes, mas depois que 'Squeaker', 'Bigodes', 'Perebas' e ‘Queijadinho’ foram testados,
'Wormtail' acabou colando para Peter.

Remus estava amando cada minuto - agora eles sabiam como ele se sentia. Embora
tivesse que admitir, havia se tornado particularmente apegado a Moony.

Eles se sentaram à mesa da Grifinória. Sirius e Mary já estavam lá, conversando


animadamente.

"Fido," James acenou com a cabeça, enquanto se sentava.

"Rudolph." Sirius respondeu, com um aceno idêntico.

"Onde vocês dois estavam?" Mary perguntou: "Vocês não tinham um horário livre?"

"Biblioteca." Remus disse, pegando a concha de sopa, levantando-se para abrir a


tampa da terrina fumegante entre eles. Tomate - sua favorita. “Vocês dois estão agindo
como se não tivéssemos NOMs chegando.”

“Vou fazer minha revisão no Natal,” Mary deu de ombros, “Eu não estou tão
preocupada. Estou mais nervosa com as entrevistas de carreira.”

“Entrevistas de carreira?” Remus se sentou, alarmado.

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“Lily estava me dizendo,” Mary explicou, “Depois dos NOMs, temos que ir e ter uma
reunião com McGonagall sobre o que fazer depois que as aulas acabarem. Não tenho
ideia do que vou dizer - se essa guerra continuar, eu nem vou conseguir um emprego
como nascida trouxa.”

"Você vai," James disse ferozmente, "Nós vamos vencer."

“Bem, mesmo assim,” Mary deu de ombros, “eu não sei o que quero fazer quando
sairmos daqui. O único trabalho bruxo que conheço é o de professor, e definitivamente
não quero fazer isso.”

Uma coruja apareceu de algum lugar acima deles, pousando ao lado do prato de
Sirius. Ele revirou os olhos - era uma coruja da família Black.

"Pelo menos não é um berrador." James disse, alegremente, passando manteiga em seu


pãozinho. Sirius rasgou o envelope branco e Remus observou seus olhos azuis
piscarem ao ler o texto. Ele se levantou, olhando para a mesa da Sonserina. Mary,
Remus e James se viraram para olhar também. Regulus estava observando seu
irmão. Sirius fez contato visual com ele, ergueu a carta e sua varinha e disse:

“Incendio.”

Mary gritou quando o pedaço de pergaminho explodiu em chamas entre os dedos de


Sirius. Sirius se sentou novamente, satisfeito.

"Más notícias, então?" James perguntou, voltando para seu almoço.

"Uma convocação para passar meu aniversário com meu querido irmão."

"Bem. Isso é tão ruim? " Perguntou James.

"Sim." Remus disse, severamente. Ele não tinha esquecido os cortes violentos na parte


de trás das pernas de Sirius.

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"Porque você fez isso?" Uma voz atrás deles falou. Regulus havia realmente deixado a
mesa da Sonserina para confrontar seu irmão. Sirius o ignorou, ao invés disso
continuou a comer sua comida. "Sirius." Regulus disse, mais alto desta vez: "Por que
você queimou aquela carta?"

"Vamos, Mary," Sirius disse, levantando-se novamente, evitando cuidadosamente o


contato visual, "Vamos embora, temos Feitiços, não é?"

"Não era da mamãe", disse Regulus, com os olhos muito brilhantes e as bochechas
ficando anormalmente rosadas, "Eu mesmo escrevi, queria ver você."

Mas Sirius não estava aceitando nada disso e já havia se afastado da mesa, Mary em
seu braço.

"Posso falar com ele se quiser?" James se virou para Regulus.

O Black mais novo piscou algumas vezes, então olhou para James. Remus podia ver
seus longos cílios brilhando com lágrimas de raiva.

“Cai fora, Potter, ninguém perguntou a você. Se ele está feliz com aquela namorada
sangue-ruim, tudo bem. Eu não me importo!” E com isso, Regulus deu meia volta,
indo para seus amigos do outro lado do salão.

James suspirou pesadamente, brincando com sua sopa.

“Eles tem verdadeiro talento para o drama, esses Black’s.”

***

Quinta-feira, 30 de outubro de 1975

O aniversário de Sirius infelizmente caiu em uma segunda-feira naquele ano, então


eles decidiram fazer a festa no sábado que a precedia. Isso não era muito depois da
segunda lua cheia que os marotos passaram juntos na Casa dos Gritos, que fora tão

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bem-sucedida quanto a última, se não mais, porque todos estavam muito mais
preparados.

Remus conseguiu duas garrafas de Whiskey de fogo de um sétimo ano que uma vez
comprou cigarros dele - James pagou, é claro. O resto dos grifinórios estava bastante
acostumado com as festas dos marotos agora, e aqueles que não estavam interessados
estavam armados com feitiços silenciadores em seus dormitórios. Lily não achou isso
razoável.

"Sério, Remus, não podemos atrapalhar a casa inteira só porque é aniversário de


Sirius!"

"Por que não?" Remus bocejou. Já era tarde e eles patrulhavam o quarto andar
novamente. “Fizemos no ano passado. E no ano anterior.”

“O ano passado coincidiu com uma vitória no quadribol.” Lily disse: "Foi uma
celebração da casa."

"Bem, isso também é."

"Não, esta é uma celebração de Sirius."

"É. Todo mundo ama Sirius.”

"Hmph."

Era verdade - Lily era potencialmente a única Grifinória que não achava James e
Sirius pelo menos um pouco engraçados. Todo mundo adorava a ideia de uma
festa. "Você deve pôr um fim nisso." ela disse.

"Por que eu?!"

“Porque você é monitor, Remus. Por que você acha que eles lhe deram aquele
distintivo? "

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"Acredite em mim, não faço ideia." Ele bocejou novamente. Seus olhos coçavam de
cansaço, "Já patrulhamos o suficiente?" Ele resmungou: "Não vejo nenhum aluno há
muito tempo".

“Ah, acho que você esteja certo,” disse Lily, pegando seu bocejo. "Vou só checar o
banheiro das meninas aqui, então vamos voltar."

"Mm." Remus se encostou na parede e esperou enquanto Lily entrava para


investigar. Ela era muito meticulosa. Claramente amava ser monitora tanto quanto
James amava ser capitão de quadribol.

Remus definitivamente não estava gostando da responsabilidade. Como se ele não


tivesse o suficiente para fazer, com NOMs se aproximando, sem mencionar luas
cheias, uma guerra e se manter atento para vários ataques dos sonserinos. Falando
nisso.

"Vadiando do lado de fora do banheiro feminino?" Uma voz deslizou por trás


dele. Remus se virou para ver Snape virando a esquina. "Está esperando que a Murta
que Geme saia com você se você pedir com educação?"

Remus gemeu e revirou os olhos,

“Ah, se manda daqui. Eu realmente vou te dar uma detenção desta vez; você está fora
após o horário.”

"Tente." Severus estreitou os olhos.

"Volte para o seu dormitório."

"Me obrigue."

Remus estava fazendo o possível para manter seu temperamento sob controle este ano
- e ele estava indo muito bem, exceto aquela pequena altercação com Regulus. Mas
Snape parecia muito interessado em se tornar uma exceção. Desde o encontro deles

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em Hogsmeade, Remus notou o aluno sonserino observando-o; aparecendo por trás de
cantos ou seguindo-o nas salas de aula. Esta foi a última de uma série de emboscadas
recentes, e a paciência de Remus estava se esgotando.

Felizmente para Severus, naquele exato momento Lily completou sua inspeção e saiu
do banheiro.

“Sev!” Ela disse, parecendo meio surpresa, meio preocupada. Seus olhos dispararam


entre Snape e Remus, "O que está acontecendo?"

"Eu estava dizendo a Snivellus que ele está prestes a receber uma detenção por estar
fora depois dos limites ..." disse Remus, presunçosamente. Ele sabia que Lily era uma
das únicas pessoas com quem Snape se importava, e que a última coisa que ele queria
era perder o prestígio na frente dela.

"Não o chame assim!" Ela franziu o cenho. “Você realmente deveria estar na sua sala
comunal a esta hora da noite,” disse Lily a Severus, em tom de censura.

"Eu só queria ter certeza de que você estava bem", Severus disse, suavemente, "Não é
seguro vagar pelo castelo com delinquentes."

"Cuidado, Snape," Remus retirou sua varinha.

"Cuidado com o que, amante de trouxa?"

"Seu nojento, imundo ..."

"Parem com isso, vocês dois!" Lily gritou, puxando sua própria varinha, "Ou eu irei
transformar vocês dois em ratos e podem tentar a sorte com a Sra. Norris!"

Ambos olharam para ela, estupefatos. "Muito bem", disse ela, endireitando-se. “Agora,


Severus, volte para as masmorras. Remus, cale a boca e venha comigo. "

Com isso, ela saiu furiosa, as tranças saltando atrás dela como dois chicotes de cobre.

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Remus teve que andar muito rápido para alcançá-la e estava ofegante quando
chegaram ao topo da segunda escada.

"Não fui eu que comecei, você sabe", disse ele, "Ei, 'Snivellus tem me seguido o ano
todo, aquele esquisito."

“Eu não quero ouvir sobre isso!” Ela retrucou: "Eu nem me importo mais com quem
começou isso, você ou ele, acho que todos vocês são bullies horríveis."

"Lily!"

"Estou falando sério, Remus, vou te azarar!"

Garotas. Remus pensou, irritado, enquanto a deixava ir em frente, esfregando seu


pobre quadril. Loucas. Todas elas.

***

Sábado, 1 de novembro de 1975

Well you can bump and grind

If it’s good for your mind

You can twist and shout

Let it all hang out

But you won’t fool the children of the revolution...

Children of the Revolution - T-Rex

Os Sonserinos podem ter carreiras de alto nível pela frente. Os Corvinos


provavelmente mantinham a cabeça fria em uma emergência. E se você quisesse algo
bem feito, poderia contar com um lufano. Mas a Torre da Grifinória dava festas fodas
pra cacete.

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A notícia se espalhou, e um fluxo constante de alunos da Lufa-Lufa e da Corvinal
estavam se esgueirando pelo buraco do retrato - que deveria ser operado por Peter, que
ficou bêbado muito rapidamente e parecia extremamente hospitaleiro após alguns
Whiskys de fogo. Por volta das dez horas, a sala comunal estava lotada, coberta em
vermelho e dourado deslumbrantes, cheia de conversa, risos e música.

Remus começou como responsável pelo toca-discos, e implementou um sistema,


baseado no sistema de uma jukebox trouxa, usando uma combinação simples de
feitiço de levitação/locomoção. No entanto, as coisas rapidamente saíram do controle
e, no final, ele abandonou seu posto para se divertir. Sirius, que estava em seu terceiro
ou quarto uísque agora, estava se divertindo muito; sendo centro das atenções e
rodeado por meninas.

As garotas da Grifinória estavam derretendo sobre um exemplar de Marie Claire


a tarde toda, e Remus notou que todas estavam vestidas de maneira muito diferente
para a festa deste ano - as saias estavam mais curtas, as cores menos conservadoras e
as maquiagens eram de outro mundo.

Mary havia feito um feitiço em seus cílios que os tornaram longos e grossos, como
asas de morcego. Ela estava absolutamente deslumbrante em uma minissaia azul
escura e blusa branca com mangas compridas de sino, decotada para acentuar o que
Sirius chamou de 'os melhores peitos do ano'. Marlene também estava impressionante,
seu cabelo louro penteado para baixo pela primeira vez, ao invés do seu costumeiro
rabo de cavalo prático, em calças boca de sino branca e um top levinho com uma
estampa hippie. E mesmo depois da explosão de Lily na outra noite, ela estava
sorrindo e conversando com todo mundo, usando um vestido de crochê verde
esmeralda.

"Eu acho que esta noite pode ser a noite, sabe," James balbuciou, desabando no sofá
ao lado de Remus como um saco de batatas.

"Ah mesmo?" Remus refletiu, "E o que te faz pensar isso, Prancer?" (Ele estava
ficando sem renas do Papai Noel; eles teriam que escolher uma eventualmente).

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"Olha para ela!" James disse: "Ela está obviamente tentando chamar minha atenção."

"Como?"

"Olhe para ela!"

“Ah sim,” Remus deu um tapinha no joelho de seu amigo indulgentemente, “Sim, eu
definitivamente estou vendo. Ela está louca por você, cara. "

"Eu só preciso descobrir como impressioná-la ..." James bebeu o resto de seu
whisky. Remus não sabia quantos isso somava - mas não era seu trabalho ser babá de
ninguém.

"Você poderia tentar conversar com ela sobre Feitiços," Remus sugeriu, "Você estava
tendo dificuldades naquele encantamento de banimento na semana passada, e ela
acertou em cheio na primeira tentativa."

James olhou para ele como se ele fosse louco.

“Não, eu vou inventar algo. Algo para realmente laçar ela.”

Ele levantou e se afastou antes que Remus pudesse tentar dizer a ele que Lily Evans
provavelmente não queria ser ‘laçada’. E de qualquer forma, ele foi distraído naquele
momento por Sirius, que começou a dançar com Mary até os compassos finais da
música estridente do T.Rex. Sirius costumava brincar que o único tipo de dança que
ele conhecia era dança de salão - mas ali estavam as evidências de que isso era
mentira. Remus desviou o olhar rapidamente, corando.

"Bebida, Remus?" Marlene pousou ao lado dele, ocupando o lugar de James. Ela


agarrou uma garrafa de algo esverdeado.

"Que porra é essa?"

“Cerveja da Bruxa,” ela sorriu, se servindo. Ele tomou um gole do líquido verde


fluorescente - era muito doce, com um leve sabor de maçã. Definitivamente alcoólico.

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"Isso vai com certeza me deixar de ressaca", ele sorriu.

"Ugh, olhe para ele," Marlene suspirou, observando Sirius dançar, "Aqueles jeans
poderiam ser mais apertados?!"

Remus resmungou algo em seu copo, tomando outro gole. “Ela definitivamente vai
sair com ele de novo”, disse Marlene, “Mary sempre consegue o que quer”.

"Eu pensei que você gostasse de James?"

“Mm, bem, ambos são lindos, para ser honesta. Eu balanço entre os dois. Mas Potter é
tão louco por Lily que dificilmente parece valer a pena. Além disso, estou no time de
quadribol, não estou? Imagine o que falariam se eu fosse atrás do capitão.”

“Tem outros meninos,” disse Remus.

"Não como Sirius." Ela deitou a cabeça em seu ombro, meio grogue.

Ele terminou sua bebida de uma vez e permitiu que ela lhe servisse um pouco
mais. Ele estava pegando o gosto, o que é que fosse - Remus sempre gostou de coisas
doces. A música do T.Rex finalmente terminou, e o próximo álbum saiu da capa e
voou para o toca-discos.

Wishin' and hopin' and thinkin' and prayin'

Plannin' and dreamin' each night of his charms...

That won't get you into his arms…

"Oh Deus," Remus gemeu, "Quem colocou Dusty Springfield na pilha?!"

"Eu amo essa música!" Marlene se sentou, sorrindo.

Com certeza, o disco pop vibrante teve um efeito incrível em todas as outras garotas
da festa, quando todas começaram a dançar junto com a melodia, cantando

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alto. Remus considerou aproveitar aquele momento para subir as escadas para um
cigarro rápido, mas Marlene o colocou de pé,

"Vamos, querido, vamos dançar," ela jogou os braços em volta do pescoço dele, "Vou
fingir que você é um estranho alto e bonitão, e você pode fingir que sou Rachel Welch
ou algo assim."

Show him that you care just for him

Do the things he likes to do

Wear your hair just for him, 'cause

You won't get him

Thinkin' and a-prayin', wishin' and a-hopin'...

Remus estava cambaleante na melhor das hipóteses, mas depois de misturar bebidas a
noite toda, e com Marlene pendurada nele, rindo e balançando-o, tudo que podia fazer
era se agarrar para salvar sua vida.

"Sim, Moony!" Sirius gritou, enquanto ele e Mary se aproximavam deles, "Eu nunca
soube que você sabia dançar!"

"Ah sim, eu sou o próximo Fred Astaire," Remus ergueu uma sobrancelha irônica,
segurando a mão de Marlene sobre a cabeça dela enquanto ela girava, então lutou para
recuperar o equilíbrio.

"Vocês são um casal tão lindo," disse Mary, inclinando-se para Sirius. Remus
balançou a cabeça, bufando de tanto rir.  

So if you're thinkin' of how great true love is

All you gotta do is hold him and kiss him and squeeze him and love him…

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"Ei, Evans!" James havia ressurgido, aparentemente pronto para colocar em prática
seu plano. A sala inteira se virou para olhar para ele, de pé em cima de uma das mesas
de estudo com sua vassoura erguida.

"Ah não ..." Remus respirou.

"AH SIM!" Sirius aplaudiu.

"POTTER!" Lily Evans gritou: "Desça daí AGORA, você vai se machucar!"

"Olha isso!" James gritou, alegremente, emocionado com a atenção. Ele saltou em sua


vassoura e voou para cima em uma velocidade surpreendente.

“Ele nunca caiu antes,” disse Marlene, incerta, enquanto James iniciava a primeira de
uma série de loopings e mergulhos, cada um mais instável que o anterior.

"Mas ele já voou bêbado antes?" Mary rebateu.

"Ele está bem!" Sirius riu. Todos eles observaram enquanto James voava ao redor das
vigas, cada vez mais rápido, até que o pescoço de Remus doeu e ele correu o risco de
um torcicolo.

Evidentemente, Lily teve o suficiente também.

“Petrificus Totalus!” Ela comandou, apontando sua varinha para James. Ele parou


imediatamente, congelando no ar, mas Lily era incrivelmente hábil e mudou
perfeitamente para um feitiço de levitação, baixando-o lentamente para o chão. Ela o
colocou no tapete e ficou em pé sobre ele, com as mãos na cintura.

Ele piscou para ela, incapaz de falar, mas cheio de pura adoração.

"Seu idiota." Ela disse. “Dez pontos da Grifinória e uma semana de detenção!” E com


isso, ela o deixou no tapete e voltou para as amigas.

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Remus des-petrificou James e ajudou-o a se levantar, entregando a ele outro
whisky. A música tinha diminuído agora, parecia Fairport Convention.

“Que azar, cara,” ele disse, tentando soar solidário.

"O que você quer dizer?" James sorriu de volta, ligeiramente atordoado, mas não pior,
"Você não viu como ela olhou para mim?"

"Er ... sim ..."

"Apaixonada." Ele murmurou, cambaleando ligeiramente para trás, até Remus guiá-lo


até uma poltrona. "Totalmente apaixonada."

"Beba sua bebida, James."

“Saúde, Moony, você é o melhor.”

"Mmm," Remus respondeu, observando Mary envolver o pescoço de Sirius com os


braços e encostar a cabeça no peito dele enquanto dançavam lentamente. "Eu sou o
melhor."

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Capítulo 79 : Quinto ano: Lua Ciumenta

Quinta-feira, 18 de dezembro de 1975

"Eu gostaria dessa redação para... sim, Sr. Pettigrew, além daquela sobre as
armadilhas da maldição Gemino." McGonagall deu um sorriso fino que não era nada
simpático.

Peter ficou com uma aparência infeliz, mas toda a classe se sentia da mesma forma. A
carga de trabalho deles havia aumentado tanto nas semanas próximas ao Natal que
Sirius teve que fazer feitiços de encolhimento em seus livros, anotações e lições
apenas para caber tudo debaixo da cama. Remus sentiu que essa era uma solução a
curto prazo - se Sirius realmente pegasse tudo e organizasse de uma vez, ele não teria
nenhum problema em encaixar organizadamente em suas prateleiras. Remus, que
nunca teve coisas suficientes para que virassem uma bagunça, odiava
desordem. Algumas noites ele pensava que o estado da cama de Sirius causava ainda
mais distrações do que o menino dormindo nela.

Marlene estava particularmente angustiada quando eles saíram da sala de aula para
poções.

“Eu simplesmente não consigo resolver a parte da duplicação, é tão confuso!”

“Existe uma maneira fácil de acertar a pronúncia,” disse Remus, tendo problemas com
sua mochila pesada novamente. Seus ombros ficavam muito doloridos na semana da
lua cheia. "Posso mostrar a você antes de irmos embora para o Natal, se quiser."

"Ah sim, por favor!" Marlene assentiu com gratidão, “Você torna tudo mais fácil de
entender. Esta noite?"

"Não, não posso hoje à noite", disse ele, suavemente, "sexta-feira?"

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“Ah, ok ... eu tenho que terminar todas as minhas malas esta noite. Ainda tenho
presentes para embrulhar para mamãe e Danny.”

Este ano, Remus embrulhou cuidadosamente cada um de seus presentes de Natal no


momento em que os comprou, muito ansioso para esperar. Agora estava animado para
as duas semanas ininterruptas na casa dos Potter com Peter e James.

Sirius foi chamado para casa com um berrador no início do semestre. Remus estava
em conflito com isso; é claro que ele estava profundamente preocupado com seu
amigo, que com certeza passaria por momentos terríveis. Mas, por outro lado, duas
semanas sem Sirius ocupar todo o ar da sala seria um alívio bem-vindo para Remus,
cuja força de vontade estava começando a falhar.

Por exemplo, agora mesmo, enquanto ele estava do lado de fora das masmorras
conversando com Marlene, estava usando cada grama de sua energia para não olhar
diretamente por cima do ombro dela, onde Mary e Sirius estavam presos em um
abraço muito apaixonado, que beirava o obsceno.

Eles estavam assim desde o aniversário de Sirius; cada momento na companhia um do


outro parecia ser gasto com lutas entre suas línguas - para desgosto de James.

"Evans, você não pode impedir isso?" Ele perguntou, encostado na parede do lado de
fora. "Eu quero meu amigo de volta."

"Não há nada nas regras sobre demonstrações de afeto, Potter," disse Lily, fazendo
uma careta, "Você não acha que eu verifiquei?"

Felizmente, naquele momento, Slughorn abriu a porta de sua sala de aula e Remus
entrou correndo. Ele e Lily dividiam uma mesa na frente da sala, então pelo menos ele
não precisava ver Sirius e Mary se encarando durante toda a aula. A única graça
salvadora era que, pelo menos, Sirius não falava sobre ela quando estavam só os
marotos - como Peter fazia sobre Desdêmona ou James com Lily. Remus começou a

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ansiar pelas madrugadas no dormitório, quando ele poderia fingir que nada havia
mudado.

Poções era enfadonho, como sempre. Remus tinha planos de largar a matéria assim
que os NOMs terminassem - ele passaria de raspão, se conseguisse, e apenas graças a
Lily.

Slughorn deu-lhes mais uma tarefa para janeiro.

“Nesse ritmo, estarei escrevendo redações durante a ceia de Natal,” Lily suspirou
enquanto empacotavam suas coisas. "Eu mal posso esperar a hora que os NOMs
acabem, você pode?"

“Suponho que teremos que começar a trabalhar nos NIEMs assim que terminarem,”
Remus respondeu pessimista. “E Dirk Cresswell me disse que não receberemos nossos
resultados dos NOMs até o final do verão.”

"O que?! Ah não, isso vai estragar minhas férias. Papai quer levar todos nós para a
Cornualha e eu estava realmente ansiosa por isso.”

Remus acenou com a cabeça. Embora ainda não fosse Natal, ele também estava
ansioso pelas férias de verão. Dois meses longos, quentes e simples com Grant
pareciam uma felicidade absoluta. Ele havia escrito um cartão de Natal para Grant,
mas não tinha se decidido se deveria ou não enviá-lo. Não havia nada de interessante
dentro - apenas uma saudação festiva padrão - mas ele se sentia tímido. Grant poderia
pensar que era bobo. Remus estava carregando em sua mochila por uma semana.

"Então, o que você vai fazer esta noite?" Lily perguntou, enquanto eles saíam da sala
de aula a caminho do almoço.

"Hmm? Nada."

"Eu ouvi você dizer a Marlene que você estaria ocupado, e não estamos na rota de
patrulha esta noite ..."

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“Oh, er ... é outra coisa. Detenção."

“Remus, você nunca mais recebeu uma detenção,” Lily riu, “Qual é, o que é? Uma
pegadinha? Um caso secreto?"

Remus deu um sorriso misterioso, que ele esperava que fosse algo como o de Sirius e
James -

"Não faça me perguntas e não lhe direi mentiras."

“Apenas tente não quebrar nenhuma lei,” ela sorriu de volta, lhe dando uma
cotovelada suavemente.

Remus resmungou, como se nunca fosse considerar tal coisa. Na verdade, James,
Sirius e Peter eram os que estavam infringindo a lei. Ele era apenas um espectador
lobisomem inocente.

"Evans, Moony." James se juntou a eles quando chegaram ao Salão Principal. "Posso


almoçar com vocês, já que são as únicas duas pessoas na minha vida que não estão se
agarrando?"

"Ei, o que eu sou, nada?" Marlene o cutucou enquanto eles se sentavam.

“Minhas desculpas, McKinnon,” James curvou-se graciosamente, “Agradeço por


manter seu decoro. Ao contrário de alguns que eu poderia mencionar.” Ele enrolou o
guardanapo e jogou na cabeça de Sirius. “Pombinhos! Arranjem um maldito quarto,
estamos tentando comer! "

Não teve efeito.

"É muito corajoso da parte dela, agarrar ele por todo o castelo assim." Marlene
pensou: “Ou corajoso da parte dele, não tenho certeza. De qualquer forma, um sangue
puro e uma nascida trouxa, exibindo o relacionamento - "

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"O que isso deveria significar?" Lily disse, eriçada como um gato bravo, “Mary é tão
atraente quanto Sirius Black. O status do sangue não tem nada a ver com isso.”

"Bem, obviamente eu sei disso." Marlene disse, na defensiva: "Mas ... bem, veja por si
mesma." Ela olhou para a mesa da Sonserina.

Vários sonserinos, Regulus entre eles, observavam a excessiva demonstração de afeto


ocorrendo na mesa da Grifinória. Como nascida trouxa, Mary tinha sido um alvo
durante a maior parte de sua carreira escolar, mas estava claro que a desaprovação
aumentou desde que ela começou a sair com o herdeiro de uma das famílias puro-
sangue mais antigas da Grã-Bretanha.

Era profundamente enervante, a maneira como todos estavam olhando assim; olhos


estreitos e punhos cerrados. Todos eles, exceto Snape - que estava observando Remus.

"Puta que pariu." James murmurou. "Bando de esquisitos."

"Estou preocupada com ela." Marlene mordeu o lábio. "Se ela for encurralada nos
corredores e Sirius não estiver lá ..."

"Nós cuidaremos dela." James disse, galantemente. Ele olhou para Remus e Lily,


"Certo?"

"Claro," Remus assentiu imediatamente.

“Er ... sim,” disse Lily, mais lentamente. Ela tinha uma expressão engraçada em seu
rosto, quando James chamou sua atenção. Como se ela tivesse visto algo que a
surpreendeu. "Obviamente. Todos nós nos preocupamos com Mary, não vamos deixar
nada acontecer.”

***

"Ele está atrasado." Remus resmungou, envolvendo os braços ao redor de si e


andando. “Ele está agarrando MacDonald, ele não vem.”

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"Ele estará aqui, Moony, dê a ele um minuto."

“Eu não tenho um minuto!” Remus explodiu. Seus nervos estavam em frangalhos, não


tinha paciência para ser educado. "Eu preciso ir ver a Madame Pomfrey agora."

“Ok, então vá, nós te seguiremos”, disse James, “Se Black não aparecer, então eu e
Pete iremos sozinhos. Ainda funciona, sou grande o suficiente para controlar você.”

Remus não gostou da ideia, mas estava de muito mau humor. Ele estava prestes a sair
da sala quando a porta se abriu, quase o acertando no rosto,

“Ops, desculpe o atraso!” Sirius disse. Seu cabelo estava fora do lugar e suas


bochechas estavam rosadas. Remus o encarou com aversão,

"Eu tenho que ir." Ele disse, com os dentes cerrados.

"Sim, eu sei, sinto muito, Moony." Sirius tentou um sorriso encantador. “Eu estava


apenas com Mary, e -”

“Não tenho tempo para isso!” Remus saiu imediatamente, marchando propositalmente


escada abaixo. A qualquer momento do mês - qualquer hora, exceto na lua cheia -
Remus seria capaz de manter tudo sobre controle; seu desejo por Sirius, seu ciúme de
Mary, sua solidão e falta de alguém com quem conversar. Mas agora era demais.

Ele mal falou com Madame Pomfrey durante todo o caminho até a Casa, e quando
eles estavam na metade do caminho ele percebeu que podia sentir o cheiro de seus
amigos - os três - seguindo-os sob a capa da invisibilidade. Esforçando-se para
controlar seu temperamento e parecer calmo, ele re-focalizou seus pensamentos para o
Natal com os Potter; o cheiro de cravo e laranja, as groselhas suculentas no bolo de
frutas da Sra. Potter, glacê branco aveludado, o calor da lareira. Já se sentia muito
melhor até o momento em que Madame Pomfrey o trancou.

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"Eu realmente sinto muito, Moony," uma voz disse, momentos antes de Sirius, James
e Peter aparecerem do nada. Sirius deu um passo à frente culpado, "Não vou fazer isso
de novo."

“Está tudo bem,” Remus deu de ombros, ouvindo o clique em suas juntas enquanto o
fazia. “Você chegou a tempo. Está tudo bem."

"Vou te dizer uma coisa," Sirius sorriu para todos eles, "Beijar é realmente melhor,
uma vez que você pega o jeito."

James e Peter riram. Remus sorriu o mais educadamente que pôde. Ele desejou


desesperadamente poder contar a eles toda a verdade - que ele não era o menino
inexperiente e pedante que eles pensavam que era; que na verdade ele
sabia exatamente o quão divertido era ser beijado por horas - a impossível intimidade
de ter alguém a quem se segurar. Mais do que isso, que sabia a sensação de quando
tudo acabava.

"Onde ela pensa que você está agora?" James perguntou a Sirius,

“Detenção, obviamente. Tenho que manter minha personalidade de bad boy.”

"Claro que sim, Snuffles."

"Ah, cai fora, Buckeroo."

Remus fechou os olhos quando a dor percorreu seu corpo. Ele mordeu o lábio e rolou
na cama,

"Melhor se transformarem", disse ele aos amigos, "vejo vocês em breve."

***

Sexta-feira, 19 de dezembro de 1975

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"Caramba, Moony, não sou muito fã disso." Sirius estava dizendo baixinho, guiando
Remus de volta para sua cama.

"Mm, também não é minha parte favorita." Remus respondeu, estremecendo contra a


luz da manhã. "Desculpe, deve ser uma merda de assistir."

Ele deslocou um ombro novamente. O que aconteceria quando ele terminasse a escola
e Madame Pomfrey não pudesse mais consertá-lo? Ele teria que ir para um
hospital? Haviam hospitais bruxos?

"Foi uma ba noite, porém," James estava dizendo, em algum outro lugar da sala,
"Você está confiando em nós cada vez mais."

"Sim," Sirius concordou, "Acho que no ano novo podemos tentar sair daquele lugar
..."

"O que?"

“Começar a explorar - há hectares e hectares de floresta para explorar, Moony. Você


merece isso."

"Hmm." Remus não conseguia pensar direito, estava muito cansado, muito dolorido.

"Vejo você mais tarde," James sussurrou, assim que Remus adormeceu.

Quando ele acordou, já estava em uma cama de hospital, seu braço estava curado e ele
se sentia em forma. Além do mais, era o último dia do semestre e no dia seguinte ele
embarcaria no Expresso de Hogwarts de volta a Londres, depois partiria para os
Potters. Sorriu para si mesmo. Ele não conseguia se lembrar de ter sido tão feliz há
muito tempo. Quando ele havia acordado da lua cheia sem uma nova cicatriz? Quando
ele havia tido um Natal pelo qual ansiar com uma família amorosa? Ele poderia até
tentar dar uma volta na velha vassoura de James, se alguém o subornasse com um
pouco de chocolate.

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"Boa tarde, Sr. Lupin," Madame Pomfrey chamou. Ela deve ter algum tipo de sexto
sentido; ela sempre sabia quando ele estava acordado.

“Boa tarde”, ele respondeu, com a voz um pouco rouca. Ele e Sirius haviam uivado
juntos, ele se lembrou. Foi uma coisa adorável - como cantar.

“Outra noite muito boa!” A medibruxa se aproximou de sua cama: “Vou buscar um
almoço para você, mas então você está livre para ir. Feliz Natal, meu querido.”

"Feliz Natal", ele sorriu para ela. Ele iria deixar o presente dela em cima na cama - era
muito tímido para entregá-lo pessoalmente.

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Capítulo 80 : Quinto ano: Era a Noite Antes
do Natal

Sábado, 20 de dezembro de 1975

"Eu vou literalmente amaldiçoar vocês dois com um feitiço de bloqueio labial se
vocês planejarem fazer isso até chegarmos em Londres." Lily disse, erguendo sua
varinha para Sirius e Mary. Sua expressão inexpressiva era muito difícil de ler, e o
casal rapidamente se desvencilhou. Mary mostrou a língua, atrevidamente.

"Você também, Wormy!" James ergueu sua própria varinha, sorrindo para Lily como
um lunático.

Peter e Desdemona se separaram também, sorrindo timidamente.

A carruagem estava extremamente apertada. Remus estava espremido contra a janela


ao lado de James, com Sirius e Mary perto da porta. Na fileira oposta de assentos, Lily
e Marlene estavam espremidas ao lado de Peter e Desdêmona.

"Estamos apenas nos despedindo," Mary sorriu, deitando a cabeça no ombro de Sirius.

“São apenas duas semanas e vocês podem escrever um para o outro.” Lily respondeu,
espertamente.

"Er ... na verdade, melhor se nenhum de vocês escrever para mim." Sirius disse. "Não
é provável que eu receba as cartas, e a menos que queiram que minha querida mãe as
leia ..."

"Você tem o espelho?" James disse, sério: "Você ainda pode entrar em contato
conosco se precisar?"

"Sim, claro." Sirius sorriu para ele, de forma tranquilizadora, dando um tapinha no


bolso da jaqueta.

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Remus olhou para fora da janela, pressionando a testa no vidro frio. O trem desceu
lentamente para Londres. Eles passaram pela cabine que ele usara para ligar para
Grant e sentiu uma pontada de culpa por não ter telefonado novamente desde
então. Ele tinha estado tão ocupado com todo o resto que, no final, nem havia enviado
o cartão de Natal. Grant deveria estar estudando na escola secundária moderna local,
mas aos dezesseis anos ele poderia sair quando quisesse. Remus tentou convencê-lo
durante o verão a terminar seu CSE, talvez até mesmo fazer um GCE se pudesse, mas
Grant apenas riu dele, como se educação fosse uma das excentricidades peculiares de
Remus.

A Diretora geralmente conseguia trabalhos para os meninos de St. Edmund, nas áreas
em que eles demostravam aptidão para o trabalho manual, mas Remus não conseguia
se lembrar de Grant jamais mencionando as coisas em que era bom - apenas as que era
ruim, como matemática e inglês. E Remus não poderia exatamente contar a Grant
nenhuma de suas melhores matérias, não é? Os meninos que não conseguiam
trabalhos tinham que encontrar seu próprio caminho, assim que completavam dezoito
anos. Remus não tinha certeza -

"Ei, Moony, acorda, acorda!" Sirius praticamente latiu, arrancando Remus de seu


devaneio, "O carrinho está aqui, não quer perder o seu almoço, quer?"

"Ah, valeu," Remus voltou sua atenção para a carruagem barulhenta e quente, onde
James estava comprando pelo menos doze doces de padaria além de todos as balas e
chocolates que conseguiriam segurar.

“Nós nunca vamos comer tudo isso!” Lily repreendeu, sorrindo ligeiramente.

"Você claramente nunca viu Moony comer," James deu uma piscadela.

"Oooh, eu gostaria de ter seu metabolismo, Remus!" Desdêmona disse. “Minha mãe


está sempre me dizendo que eu deveria começar a fazer dieta”.

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"Não há nada de errado em ter curvas", disse Mary, dando uma grande mordida em
seu próprio doce. “Dá a eles algo em que segurar!”

Todas as meninas riram, até mesmo Lily, que estava corando muito. Remus desejou
que a viagem terminasse logo.

Claro, quando o trem parou em King's Cross, ele sentiu uma torção horrível em suas
entranhas quando Sirius ficou quieto, seu rosto contraído e pálido. As meninas e Peter
correram para recolher suas coisas, ansiosos para encontrar suas famílias na
plataforma. Remus e James foram deliberadamente lentos, esperando até que Mary
finalmente tivesse saído do vagão, então ajudando Sirius com suas próprias malas.

“Vamos nos falar todas as noites, certo?” James agarrou o ombro de seu melhor
amigo, "Se eu não ouvir de você, vou enviar ajuda."

Sirius sorriu agradecido.

"Eu vou ficar bem. Nada que eu não tenha feito antes.”

"Por favor, seja cuidadoso!" Remus explodiu, "Mantenha sua cabeça baixa, não seja
tão ... tão ... você!"

Sirius riu.

"Bom conselho, Moony."

Remus baixou o olhar, sorrindo timidamente. Ele queria abraçá-lo, mas era tarde
demais. Regulus estava parado na porta aberta, de braços cruzados.

"Pronto?"

Sirius assentiu e não se virou. James e Remus observaram os irmãos partirem. Eles


estavam quase da mesma altura agora. Regulus era mais esguio, talvez, mas de costas
eles poderiam ser gêmeos.

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"Ele vai ficar bem." James disse, e Remus instintivamente soube que ele estava se
tranquilizando, mais do que qualquer outra coisa. Depois de um momento, James
estava de volta ao normal. Ele agarrou a alça de sua mala (e a de Remus também, sem
dizer uma palavra) e exalou, "Vamos então, Moony - vamos para o Natal!"

***

Quarta-feira, 24 de dezembro de 1975

Também não nevou no Natal de 1975 - felizmente, nem choveu, o que significava
(para James, pelo menos) que as condições eram perfeitas para muitos e muitos treinos
de quadribol. Remus cedeu e fez o que foi instruído. Tirando a mente de ambos de
Sirius. Remus nunca teria grande paixão por voar, mas depois dos primeiros três dias
no ar, ele pelo menos não tinha mais medo de cair. Ele até conseguiu fazer uma goles
passar por Peter uma vez.

Entre os exercícios, os meninos desfrutaram de todos os rituais festivos que Remus


esperava de um típico Natal Potter; enfeites, luzinhas, papel de embrulho, madrugadas
comendo biscoitos amanteigados, jantares saudáveis e manhãs ensolaradas. O Sr. e a
Sra. Potter eram encantadores como sempre - embora fosse evidente que seu
envolvimento contínuo no movimento de resistência de Dumbledore estava cobrando
seu preço.

O Sr. Potter não se juntou a eles tanto do lado de fora, mas se trancou em seu
escritório. Quando ele emergiu, se movia rigidamente, as costas dobradas; não era
mais o criador de travessuras que fora apenas três anos atrás. A Sra. Potter, que ainda
era tudo que uma mãe deveria ser, com mais fios grisalhos do que Remus se lembrava,
e olheiras. Mas ela ainda sempre tinha um sorriso para seus meninos, quando eles
voltavam do frio.

“James, vá buscar seu pai, é hora do jantar - você falou com Sirius hoje? Envie-lhe o
nosso amor, está bem? Remus! Você está congelado, vá e fique perto do fogo um
pouco e se aqueça ... Eu coloquei uma costeleta extra para você, então certifique-se de

74
comer. Não sei como vocês continuam crescendo desse jeito ... Olá, Peter, amor, vai
ficar para o chá? Certifique-se de que sua mãe saiba ...”

Eles estavam falando com Sirius tanto quanto possível. Todas as noites Remus e
James se ajoelhavam na cama de James com o espelho aberto entre eles e esperavam o
amigo aparecer. Era sempre um imenso alívio quando o fazia - aqueles olhos azuis
perversos e sorriso atrevido, prometendo que ele estava bem.

"Reg está sendo um completo idiota, como sempre, e a mamãe é um deleite eterno,
mas nada fora do comum."

O problema era, Remus pensou, franzindo os lábios, nem ele nem James realmente
entendiam o que 'comum' significava na casa dos Black. Então, não havia como saber
quanto perigo Sirius estava correndo.

“Não posso dizer muito,” Sirius sussurrava, após suas breves atualizações, “Alguém
pode estar ouvindo. As malditas pinturas são espiãs aqui.” Ele parecia cansado.

“Gostaria de poder ir te buscar.” James dizia, desesperadamente.

"Eu também." Remus acenou com a cabeça. Todas as noites era o mesmo.

A última noite que souberam de Sirius foi na véspera de Natal (sequer era véspera da
véspera de Natal?  Remus se pegou pensando infantilmente. Algo que Grant poderia
dizer para fazer Remus rir.) A ironia de tudo, era noite, 23 de dezembro de 1975,
Sirius estava muito animado. Na verdade, Remus pode chegar a dizer que ele soava
positivo. Otimista.

“Eles estão sendo ok hoje, na verdade,” ele sorriu através do espelho compacto, “Na
verdade meio ... legais. Amigáveis. Papai sorriu para mim. Não sei se papai já sorriu
para mim. Eles continuam falando sobre superar nossos problemas como família ...”

"Isso é bom", James sorriu de volta, encorajando-os, "Talvez a guerra tenha lhes dado
algum sentido."

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“Vai haver um jantar tradicional de véspera de Natal amanhã à noite,” Sirius disse,
“Todos os Blacks em um só lugar – que alegria. Eu acho que consigo escapar no nosso
horário de sempre, apenas não riam dos meus robes estúpidos, ok? "

James e Remus sorriram e prometeram não rir. Eles foram para a cama naquela noite
sentindo-se tranquilos; ansiosos por seus próprios planos para a véspera de Natal.

Esses planos, é claro, envolviam mais prática de quadribol - mas felizmente apenas
uma hora disso. Depois disso, a Sra. Potter os chamou e pediu que pegassem a bela
porcelana do sótão, junto com a grande toalha de mesa de Natal,

“Com tudo que está acontecendo, estou tão atrasada este ano ...” ela murmurou,
mexendo uma tigela de picadinho pronto para tortas. Remus percebeu que as unhas
dela estavam roídas até o sabugo.

“Temos muitas pessoas vindo este ano, mãe?” James perguntou, enquanto ele
cuidadosamente descarregava a caixa de pratos e tigelas de porcelana, entregando-os a
Remus para um rápido enxágue na torneira.

"Mm ... bem, Darius, é claro, ele sempre aparecerá para um jantar quente se houver
uma oferta."

Remus fez uma careta, mas não disse nada. A Sra. Potter continuou, “Eu convidei os
Bones e os Tonks ..., mas todo mundo parece querer ficar sozinho este ano. Os
Pettigrews virão, imagino. Talvez algumas pessoas do ministério, amigos de seu
pai...”

"Dumbledore?"

"Não, querido, ele estará ocupado."

Remus estava feliz com isso. Dumbledore estava tão sério ultimamente, e seu nome
sempre parecia ser falado com uma sensação de pavor. Ele sempre trazia más
notícias. Os Potters eram pessoas tão legais, por que eles não poderiam convidar bons

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professores, como o Professor Flitwick, ou mesmo o Professor Ferox? Embora, Remus
meditou, enquanto limpava uma travessa grande, ele provavelmente era o
velho Sr. Ferox agora. Ou Leo - esse era seu nome de batismo, de acordo com
Mary. Leo Ferox. Sirius Black. Talvez Remus tivesse uma coisa por nomes legais.

Depois do jantar, James e Remus se reuniram na cama de James mais uma vez, no
horário habitual para o encontro com Sirius. Mas quando James abriu o espelho,
ninguém apareceu - apenas seus próprios reflexos.

“Ele tinha aquele jantar,” disse Remus, embora não parecesse certo. "Ele pode estar
atrasado."

Então eles esperaram. Depois de meia hora, a maior parte do qual eles passaram em
um silêncio ansioso, James tentou falar suavemente no espelho.

"Sirius?" Ele perguntou: "Você está aí?" Nada.

"Eu não estou gostando disso." Disse James. Remus não sabia o que dizer. "Vamos,"
James se levantou, "Vou avisar o papai."

O Sr. Potter franziu a testa quando ouviu, mas não ajudou muito.

“Não podemos tirar conclusões precipitadas, James. Você disse que estava tudo bem
ontem.”

“Sim, mas…"

“Já estive em banquetes da família Black antes”, disse Potter, pensativo, “Eles
enrolam - especialmente se Orion estiver presidindo. O homem gosta de se ouvir
falar. Não muito diferente de Sirius”

“Vamos esperar um pouco mais”, disse a Sra. Potter, alisando o cabelo do filho com
amor, “Vamos tomar um chá, hein? Venha e se sente perto do fogo.”
Eles fizeram isso. Gully, o elfo doméstico, entrou com a bandeja de chá, carregada
com o bule fumegante e um prato de biscoitos também, mas nem James nem Remus
estavam com vontade de comer. Estava ficando cada vez mais tarde - os Potters
tinham um relógio de pêndulo no corredor, e Remus podia ouvi-lo tiquetaqueando
impiedosamente. O espelho compacto estava aberto no colo de James, refletindo
apenas o laranja tremeluzente da lareira.

Até os pais de James pareciam nervosos agora. O Sr. Potter se levantou algumas vezes
e começou a andar. A Sra. Potter não parava de movimentar-se pela sala; endireitando
os enfeites na cornija da lareira ou reorganizando os presentes embalados com cores
brilhantes sob a árvore.

Às onze horas, uma coruja veio gritando da noite escura, em direção à janela da sala
de estar, e foi apenas o pensamento rápido da Sra. Potter e o rápido trabalho da
varinha que a impediram de quebrar o vidro. Era uma coruja-águia imensa e
imponente - o mesmo tipo que os Black’s usavam. Ela gemia, agitada e claramente
exausta de sua jornada. James arrancou o bilhete da perna dela e o abriu. Seus olhos se
arregalaram e ele deixou escapar um ruído estranho e estrangulado. Remus saltou para
ler por cima do ombro.

Ele está com problemas. Por favor ajude. RAB

"Effie, chame Dumbledore imediatamente." Disse o Sr. Potter, juntando-se a Remus


ao lado de James.

Remus começou a tremer. Ele nunca tinha conhecido terror como esse. Ele queria
gritar, chorar - bater em alguma coisa. James estava igual, ele poderia dizer - ficou
branco como uma folha, lendo a nota repetidamente.

"Precisamos ir", disse James, com a voz embargada, "precisamos ir buscá-lo agora."

"Nós vamos", disse o Sr. Potter, "apenas fique calmo."

Remus riu. Foi extremamente inapropriado, mas ninguém pareceu notar. Ficar calmo.

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Não havia tempo para mais nada. A lareira estalou ruidosamente, depois brilhou em
um verde esmeralda brilhante. O Sr. Potter colocou os braços em volta dos dois
meninos e os puxou para trás com força. Um caos de barulho e gritos ecoou pela
chaminé de outra lareira, em outra casa. E o corpo de Sirius Black saiu das chamas e
caiu no tapete aos pés deles.

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Capítulo 81 : Quinto ano: Imperdoável

Remus, James e o Sr. Potter correram para frente imediatamente. Remus caiu de


joelhos, alcançando Sirius primeiro. Ele estava deitado de bruços, o cabelo preto
escorrendo como sangue no tapete vermelho. Remus nem pensou, apenas o rolou. Seu
rosto estava pálido, seus olhos estavam fechados, mas ele estava vivo. Sim, Remus
podia ouvir o coração de Sirius, batendo forte atrás de suas costelas. Ele podia sentir o
cheiro do medo, misturado com adrenalina.

"Sirius?!" James estava lá também, pressionando sua cabeça no peito de Sirius para


ouvir,

"Ele está vivo." Remus disse, sua voz soando estranha. Estava segurando os ombros de
Sirius ainda, onde ele o havia virado, ele não podia soltar, suas mãos agarrando as
finas vestes de veludo.

"Effie!" O Sr. Potter estava gritando: "Rápido!" Ele se curvou sobre Sirius, "Afaste-se,
meninos, deem um pouco de ar para ele ..."

"Mmm." Sirius se mexeu, ligeiramente, seus cílios tremeram, mas nada mais.

"O que há de errado com ele?" Remus perguntou, desesperado. O Sr. Potter o estava
guiando para longe, o obrigando a deixá-lo ir. Ele rastejou para trás, como um
caranguejo quando a Sra. Potter entrou correndo. Ele sabia que suas pernas não o
sustentariam se ele tentasse ficar de pé, não ainda.

Euphemia Potter estava no tapete em segundos, puxando a cabeça de Sirius para o


colo dela. Ele deve ter feito outro barulho, porque ela começou a sussurrar para ele,
coisas doces, pequenas;

"Shhh agora, amor, estou aqui, você está seguro, shhh ..."

79
Remus sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, colocou as pernas sob o queixo e as
envolveu com os braços. O que estava acontecendo? Ele olhou para James, sentado em
frente a ele no chão da sala, tão chocado, tão assustado. Houve um * CRACK *
distante do lado de fora, e o Sr. Potter saiu da sala, voltando momentos depois com
Dumbledore. Ele parecia trazer o frio com ele; Remus sentiu um arrepio invadir seus
ossos, apesar do fogo que continuava a arder.

“Moody está lá fora”, disse o velho ao pai de James, “Com os feitiços de proteção,
tudo em seu arsenal. Ninguém mais virá aqui esta noite.”

Bom. Remus pensou. Bom. Tranque todos nós aqui, nunca deixe ninguém se


aproximar dele novamente.

"Como ele está, Effie?" Dumbledore estava parado perto da Sra. Potter, que ainda
estava acalentando Sirius. Ela estava realizando algum tipo de magia, seus olhos
fechados, varinha passando pelo corpo do garoto inconsciente, seus lábios se movendo
depressa, sem fazer barulho. Ela finalmente ergueu os olhos, mais abalada do que
Remus jamais a vira, uma raiva feroz em seus olhos.

"Ele vai viver." Ela disse. "Ele precisa de descanso."

"Foi …?" O Sr. Potter parecia nervoso. A Sra. Potter fechou os olhos novamente e
assentiu.

“Cruciatus.”

James cobriu o rosto com as mãos. Remus apenas se sentiu vazio - como se tudo que
já fez algum sentido para ele tivesse sido espremido para fora. A maldição da tortura.

"Rapazes." O Sr. Potter disse repentinamente, bruscamente, olhando para James e


depois para Remus, “Eu sei que vocês querem ficar, mas precisamos que vão para a
cama agora. Não há nada que possam fazer por Sirius no momento.”

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"Mas pai!" James começou, levantando-se trêmulo. Também havia lágrimas em seus
olhos.

"James!" Sra. Potter disse, do chão. "Não. Cama."

Ela não gritou, mas todos os homens na sala pareceram se encolher ligeiramente. Não
havia dúvida quanto a desobedecê-la.

Remus não tinha certeza de como havia se levantado, se Dumbledore o ajudou, ou se


fez isso sozinho. Ele também não tinha certeza de como saiu da sala em que Sirius
estava. Parecia que horas haviam se passado até estar no segundo piso, com
James. Gully estava acendendo velas por toda a casa, movendo-se silenciosamente. Os
retratos ao longo das escadas dormiam. James abriu a porta e Remus entrou sem dizer
uma palavra.

Eles deitaram na cama, lado a lado, sobre as cobertas, ainda com suas
roupas. Estiveram sentados na mesma cama apenas duas ou três horas antes,
esperando Sirius dizer se estava bem. No escuro, James e Remus se recompuseram,
dando um ao outro o tempo de que precisavam.

James quebrou o silêncio, é claro.

"Ele está aqui agora." Ele disse, sem emoção. "Ele está aqui agora e mamãe nunca vai
deixá-lo voltar, eu sei disso."

Remus assentiu, porque não haviam palavras. Não sabia se James tinha visto; ambos
estavam olhando para cima. Sua mente estava correndo, e ele disse a primeira coisa
que pareceu um pensamento coerente,

“É isso que acontece? Com essa maldição? "

"Eu não sei. Eu nunca vi isso."

"Não, claro que não."

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“Mamãe costumava ser uma curandeira. Se há alguém que pode ajudá-lo ...”

"E Dumbledore está aqui."

"Sim, exatamente."

"Se ele..." A voz de Remus falhou e ele parou de falar.

"Eu sei, cara." James sussurrou.

Eles não falaram novamente até de manhã.

***

Dia de Natal de 1975

Remus não conseguia acreditar que tinha adormecido. Ele se amaldiçoou por ser tão
descuidado, tão egoísta. Você não tem direito a ele, disse a si mesmo com raiva
enquanto se sentava, descendo da enorme e confortável cama de dossel de James, você
não tem o direito de se chamar de amigo dele, se você não consegue nem ficar
acordado quando ele... ele não sabia como Sirius estava.

Deixou James ainda dormindo e foi ao banheiro. Era de manhã; as cortinas foram


abertas, provavelmente por Gully, e a aguada luz do dia de inverno enchia a escada. A
casa estava muito quieta, ninguém mais havia acordado ainda. Não havia cheiro de
café da manhã cozinhando ou chá fervendo no fogão. Depois de ir ao banheiro e tomar
um banho rápido, Remus ficou parado sem jeito no corredor.

Ele não queria voltar para o quarto de James; isso parecia um pouco estranho,
especialmente quando ele tinha suas próprias coisas arrumadas em um dos quartos de
hóspedes. Sirius estava no quarto no final do corredor, Remus podia sentir o cheiro
dele. A Sra. Potter estava lá também. Ele não sabia onde o Sr. Potter estava.

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“Mestre Lupin,” uma voz estridente o sobressaltou da escada. Era Gully, seus grandes
olhos castanhos cheios de preocupação inocente, "Você quer café da manhã, Mestre
Lupin?"

Remus balançou a cabeça,

"Não, obrigado."

“É uma coisa terrível. Coisa terrível e ruim.” A criaturinha enrugada balançou a


cabeça tristemente, as orelhas murchando como as de um cachorrinho lamentável.

"Sim. Terrível." Remus sentou na escada, feliz por ter alguém com quem conversar.

“Estou dizendo a minha senhora, e meu mestre, nós tem que ter cuidado; nós tem que
proteger os nossos. Gully está pensando que nós tem que se esconder, Gully conhece
muitas famílias que está se escondendo agora.” A sobrancelha de Gully franziu, como
se estivesse tentando se lembrar de algo certo. “Mas, minha senhora, está me dizendo:
'Gully, nós é responsáveis. Nós é uma família boa e sortuda e nós tem muitas coisas
boa. ' A senhora me diz que precisamos cuidar de todos que puder. Ela diz que se nós
não fizer, nós não é digno de ser protegido.’’

"Não fizeram um bom trabalho protegendo Sirius." Remus arrastou o tapete com raiva
com o dedo do pé.

"Não", Gully balançou a cabeça redonda novamente, "Sempre, na guerra, as pessoas


se machuca"

Remus mordeu o lábio. Atrás deles, uma porta se abriu,

"Gully?" A voz fraca da Sra. Potter veio, "Você pode vir e sentar-se com Sirius
enquanto eu - oh, olá, Remus, querido."

Ela tinha ficado acordada a noite toda, isso estava claro, mas ela ainda tinha um
sorriso para ele.

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"Ele está bem?" Remus se levantou.

“Nenhum dano duradouro,” ela resmungou, seu sorriso diminuindo ligeiramente,


“Não por fora, de qualquer maneira. Ele ainda está dormindo, apenas com uma leve
dose de poção. Você gostaria de sentar com ele? Preciso deitar um pouco antes de
Monty chegar em casa.”

“Sim, sim, claro,” Remus começou a avançar, ansioso para ajudar de qualquer
maneira que pudesse. Ele cruzou o patamar rapidamente e entrou no quarto.

‘’Mande Gully me acordar assim que ele abrir os olhos’’ disse Euphemia, batendo
levemente em seu ombro. ‘’Dumbledore vai querer falar com ele. Ele queria ontem à
noite, mas eu não deixei. Pobre cordeirinho.”

“Ele estava consciente, então? Noite passada?"

"Sim. Por algum tempo”, Euphemia suspirou profundamente, oca de exaustão, “mas


ele não estava em condições de ser interrogado”.

Remus acenou com a cabeça, estupidamente.

A mulher fechou a porta atrás dela. O quarto estava escuro, mas tudo bem. Remus
podia enxergar; muitas vezes ele preferia dessa forma.

A figura deitada na cama não poderia ser seu amigo, Sirius Black. Porque Sirius Black
nunca dormia assim; virado para cima, com as mãos ao lado do corpo, as cobertas
cuidadosamente dobradas sobre o peito. Sirius dormia como um cachorro; todos os
lençóis bagunçados e pernas dobradas, de bruços, braços jogados.

Remus se aproximou com cautela. Seria assim, ele se perguntou, a manhã seguinte à


lua cheia? Era assim a sensação de ver seu amigo despedaçado? Era insuportável. Ele
se sentou na cadeira ao lado da cama, uma poltrona roxa fofa com um livro aberto em
um braço. Imperdoável: Cuidando das Vítimas de Maldições e Feitiços. Remus fechou
o livro, imaginando se a Sra. Potter precisara consultá-lo muitas vezes antes. Havia um

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lenço embaixo dele, úmido de lágrimas - Remus podia sentir o cheiro de sal. Deve ter
sido difícil para ela - como curandeira e como mãe. Ela tinha olhado para aquele
garoto de cabelo preto e visto James? Ela havia se perguntado que tipo de pais fariam
tal coisa?

Ele ficou sentado em silêncio, ouvindo a respiração de Sirius. Estupidamente, ele


pensou em Grant, que não poderia ajudar em nada, exceto que ele provavelmente teria
abraçado Remus, e Remus sentiu que um abraço era a única coisa que ele queria no
mundo, naquele momento. Os sinos da igreja ecoaram na colina da aldeia. Era dia de
Natal.

***

James entrou e se juntou a ele, depois de uma hora ou mais. Ele trouxe chá e Remus
aceitou agradecido. James ergueu as sobrancelhas escuras para Remus, questionando,
e Remus balançou a cabeça, não. James se sentou no braço da cadeira e eles não
falaram.

Demorou mais uma hora antes que Sirius se mexesse. Uma agitação silenciosa, então
um lampejo em suas feições, antes que seus olhos se abrissem, pesados de sono. Ele
levou um momento para focar, e a sala ainda estava muito sombria. Quando ele
finalmente percebeu as formas de James e Remus, sua testa franziu, então ele abriu
um sorriso,

"Puta que pariu", disse ele, com voz rouca, "Quem morreu?"

James riu,

“Idiota.”

“Babaca.” Sirius atirou de volta.

"Bundão."

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"Ei," Sirius se apoiou nos cotovelos, "Seja bonzinho, eu sou um inválido, você sabe."

"Vou te dizer uma coisa", James sorriu, "Você realmente sabe como fazer uma
entrada."

"Está em meu nobre sangue." Sirius sorriu, então vacilou, seus olhos repentinamente
sombrios. Todos ficaram quietos novamente. “Desculpe,” ele murmurou, olhando para
baixo.

"Chá?"

"Por favor."

"Gully!" James convocou o elfo doméstico, que ficou muito satisfeito em servir.

"Então," Sirius perguntou, a cor lentamente voltando às suas bochechas, "Vocês dois
fizeram vigília ao lado da cama por mim?"

"Na verdade, foi a mamãe quem ficou acordada a noite toda."

"Oh sim ..." O rosto de Sirius ficou distante, fechado. “Eu vou agradecer a ela,
obviamente. Desculpe por aparecer assim ...”

“Não seja estúpido,” James balançou a cabeça, “Ela faria qualquer coisa por você. Ela
te ama."

Os olhos de Sirius se encheram de lágrimas e ele desviou o olhar. Felizmente, Gully


reapareceu naquele momento com uma bandeja de chá carregada de xícaras, pires,
torradas, muffins, linguiças, ovos (mexidos, fritos e cozidos), salmão defumado,
arenque defumado e até cereais.

Nenhum deles comeu muito. Remus estava com fome - morrendo de fome, na


verdade, mas tudo tinha gosto de plástico, então no final ele apenas engoliu xícara
após xícara de chá escaldante - sem leite, sem açúcar. Ele não estava com raiva ainda -
raiva era sua resposta usual ao se sentir desamparado, ou triste, ou com dor, mas ele

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sentia que poderia vir mais tarde. Agora mesmo, ele queria ser qualquer coisa que
Sirius precisasse.

"Ah," ele disse, de repente, "eu deveria chamar sua mãe, James - assim que Sirius
acordasse."

""Deixe-a dormir," Sirius disse, recostando-se nos travesseiros.

"Não, ela queria que eu avisasse, para que ela pudesse chamar Dumbledore."

"Para que?" James perguntou, perplexo. "Está tudo bem agora."

“Ele queria fazer algumas perguntas-”

"Não!" Sirius disse.

James e Remus se viraram para olhar para Sirius, que havia empalidecido novamente,
seus olhos grandes e assustados. “Por favor”, disse ele, “ainda não, apenas ... me deixe
ter o Natal, ok? Eu não quero falar sobre isso."

"Ok cara, está tudo bem ..." disse James, suavemente, inclinando-se para dar um
tapinha no ombro de Sirius. “Não vamos acordá-la. Você pode fingir que está
dormindo, se quiser. O que você quiser.”

"Obrigado." Sirius relaxou novamente. "Desculpe."

“Pfft.” James soprou o cabelo da testa. "É Natal, não é?"

87
Capítulo 82 : Quinto ano: Consequências

Ninguém ficou bravo por eles terem tentado proteger Sirius. A Sra. Potter se levantou
da própria cama quando o Sr. Potter voltou de onde quer que ele estivera, e os dois
concordaram que Dumbledore certamente chegaria por conta própria, eventualmente,
e qualquer coisa que ele quisesse perguntar a Sirius poderia esperar.

Eles salvaram o resto da manhã da melhor maneira que puderam. O Sr. Potter se
ofereceu alegremente para aparatar todos os presentes até o quarto de Sirius, mas ele
não quis.

“Minhas pernas funcionam bem!” Ele insistiu: “Quero descer e ver a árvore!”

Então, todos se recompuseram, se vestiram ou trocaram de roupa, e se reuniram meia


hora depois na sala de estar. Remus não pôde deixar de encarar o pedaço do tapete
onde vira o corpo de Sirius cair menos de doze horas antes. A dor era aguda e
assustadora. Precisava olhar para o Sirius consciente e real; embrulhado em cobertores
com uma caneca de chá nas mãos e outra no sofá em frente a ele, apenas para se sentir
normal novamente.

Abrir os presentes ainda foi tão alegre e natural como sempre. Em caos, sem ordem
certa, eles simplesmente rasgaram o papel de embrulho até estarem cercados por ele,
tiras de cores vivas. Não importava o que alguém ganhasse, apenas a lembrança de ter
recebido algo bom naquela manhã horrível. Os Potter, é claro, tinham comprado algo
para Sirius e Remus, e prometeram ao mais velho que ainda mais por vir -

“Vamos comprar alguns posters legais, para iluminar o seu quarto”, disse a Sra.
Potter, “Qual time de quadribol você torce, querido? Ou talvez uma daquelas estrelas
do rock de que vocês gostam?”

Sirius olhou para ela como se tivesse acabado de receber o presente mais maravilhoso
de sua vida. Talvez ele tivesse.

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“A maioria das minhas coisas está em Hogwarts,” ele disse. “São apenas roupas em
casa ...” Ele parecia um pouco envergonhado, e Remus sabia que ele também estava
pensando nos pôsteres grosseiros que ele havia afixado permanentemente nas paredes
de seu quarto. Você pode ter certeza de que ele não faria isso em seu novo quarto no
Potter's.

“Bem, você pode pegar emprestado algumas das coisas de James por um
tempo. Talvez façamos compras no ano novo.”

Eles se sentaram para um tranquilo almoço de Natal. Evidentemente, alguém havia


desconvidado os convidados planejados - o que para Remus foi uma bênção. Ele já
estava desgastado de tanta preocupação e sono insuficiente; não precisava que Darius
Barebones fosse adicionado na mistura. Ele pensou nos Pettigrews e se perguntou se
Peter estava preocupado ou se sentindo excluído.

Gully estava prestes a acender o pudim de Natal flambado quando o * CRACK * da


aparição soou do lado de fora do portão da frente. Dumbledore. Sirius se sobressaltou
e parecia que queria se levantar da mesa, mas ficou parado. O Sr. Potter sorriu para
todos eles de maneira tranquilizadora e foi até a porta.

Todos ouviram atentamente.

“Albus! Feliz Natal,"

“Fleamont. Presumo que Sirius já descansou? "

"Sim, estávamos prestes a te..."

"Eu pedi que você me contatasse assim que ele acordasse."

“Entre, Dumbledore. Junte-se a nós para comer sobremesa.”

Dumbledore entrou na sala. Ele estava vestindo túnicas sombrias em um marrom


terroso profundo, como sangue seco. Aparentemente sua noite havia sido tão longa

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quanto a deles. Ele foi seguido por um homem atarracado que parecia um buldogue
grisalho. Tinha uma massa de cabelos ruivos acinzentados e olhos negros malvados
que disparavam furtivamente ao redor da sala, como se estivessem procurando por
problemas.

"Albus, Alastor," a Sra. Potter se levantou, acenando com a varinha. Mais duas


cadeiras apareceram na mesa de jantar, assim como pequenos pratos, garfos,
guardanapos e taças. "Não vão se juntar a nós para comer um pudim?"

"Agora não, Effie," O homem atarracado - Alastor - grunhiu, "Em serviço."

Euphemia deu a ele um olhar, não muito diferente do olhar que ela deu a James na
noite anterior. O homem pigarreou e sentou-se rapidamente. Remus sorriu. Ele tinha
que descobrir exatamente como ela fazia isso. As mães tinham sua própria magia,
parecia. Dumbledore assumiu seu lugar com mais decoro. Sua expressão, como
sempre, ainda calma como um lago e impossível de ler. Ele olhava para Sirius.

Lá estava, Remus sentiu tudo se firmar ao seu redor, sendo recebida como uma velha
amiga. Raiva. O desejo de pular sobre a mesa e sacudir Dumbledore até deixá-lo sem
sentido era tão forte e tão tangível que ele se pegou agarrando o assento de sua
cadeira.

O estranho - Alastor - se virou para olhá-lo. Remus se sentiu sendo examinado por


aqueles olhos escuros e perceptivos. Oh. Ele sabia que Remus era um lobisomem -
Remus não tinha certeza de como ele sabia que Alastor sabia, mas ele sabia. Não havia
dúvida. Ele ergueu o queixo e o encarou de volta. Alastor sorriu levemente, como se
isso tivesse confirmado algo que ele esperava, então se virou para Dumbledore.

"Sirius," o diretor disse baixinho, "Como vai você?"

"Bem." Sirius assentiu, olhando para o grande pudim escuro no centro da mesa. Gully


estalou os dedos e este pegou fogo, a chama azul tremeluzindo como um estranho
vapor mágico.

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"Eu gostaria de discutir os eventos de ontem à noite com você," Dumbledore
pressionou, "Eu sei que não foram agradáveis, e você pode querer esquecer, mas
qualquer coisa que você me disser pode ser útil, entende?"

"Sim. Ok." Sirius acenou com a cabeça, a expressão inalterada.

A chama morreu e Gully estalou os dedos novamente. O pudim se dividiu


ordenadamente em oito porções. Era saboroso, úmido e enjoativo, a fruta e o conhaque
ficaram presos em sua garganta. Eles comeram em silêncio por um momento, antes
que o Sr. Potter sentisse que precisava falar.

"Não está vendo sua família hoje, Moody?"

Alastor balançou a cabeça.

“O trabalho vem primeiro. Estarei aqui enquanto precisarem de mim.”

“Estamos muito gratos.” A Sra. Potter disse, a gentileza voltando ao seu tom.

“Alastor é um auror,” o Sr. Potter explicou aos meninos. Remus viu a luz de


reconhecimento nos olhos de James e Sirius, e fez uma nota mental para perguntar
mais tarde. Se ele tivesse que adivinhar, ele assumiria que significava algum tipo de
guarda-costas bruxo. Ele pensou em Charles Bronson em Desejo de Matar, e imaginou
Alastor Moody com uma arma.

Depois que a sobremesa foi comida, todos voltaram para a sala. Sirius se sentou no
sofá, com James e Remus de cada lado. Haviam se sentado na mesma formação do
Natal passado, quando Dumbledore chegou para anunciar a morte dos Frasers. Remus
não tinha pensado nos Frasers desde então, não de verdade – só pensara como fora
parte do cenário cada vez mais escuro de uma guerra com a qual ele preferia não se
preocupar. Haviam tantas coisas para distraí-lo.

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Uma dessas distrações estava sentada ao lado dele, agora. Seus joelhos batiam juntos
ocasionalmente; Sirius não parava quieto. Remus tentou não recuar, caso fosse mal
interpretado.

“Espero que não demore muito.” Dumbledore sorriu agradavelmente, como se isso


não fosse nada além de uma conversa amigável. "Sirius, só precisamos saber qualquer
coisa que você possa se lembrar sobre os eventos que o levaram a chegar aqui às onze
e quinze da noite passada."

"Essa era a hora?" Sirius piscou, "Eu pensei que fosse mais tarde."

Dumbledore cruzou as mãos no colo e sorriu.

"No seu tempo, por favor."

"Er ..." Sirius pigarreou e olhou para James, que sorriu para ele de uma forma
fraternal. Sirius olhou para Dumbledore novamente, “Eu pensei que ficaria bem. Eu
nunca me dei muito bem com minha família ... já que estou na Grifinória, sabe. Mas
eles estavam ... eu pensei que ficaria bem. Temos um jantar em família todos os anos
na véspera de Natal - toda a família.”

"Quem estava lá?" Moody perguntou. Ele estava fazendo anotações, uma pena


pairando bem na altura do peito, rabiscando rapidamente em um pedaço de
pergaminho flutuante.

“Todos os Blacks,” Sirius olhou para ele, “E os Lestranges. Os Malfoys - Narcissa e


seu marido, pelo menos. Não Andromeda, obviamente. Os ... os Goyle chegaram mais
tarde. E os Notts. Os Crabbes. Bartô Crouch estava visitando, ele é amigo do meu
irmão.”

“Crouch?!” Moody pareceu surpreso. Dumbledore sorriu novamente, inclinando a


cabeça,

"Esse seria Bartimus Junior, é claro."

92
"Sim," Sirius assentiu. "Pirralho idiota."

"Reunião grande, hein, Alvo?" Moody murmurou.

"Bastante. Por favor, Sirius, continue. "

“Então ... sim, tudo estava normal, de verdade. Normal para nós. Jantar, dançar. Coisas
esnobes. Eles…." Ele fez uma pausa, parecendo envergonhado, “Eles brindaram a
Voldemort. Mas eu não, professor, eu juro! Foi meio que uma brincadeira, nem sei o
quão sério eles estavam sendo. Papai estava um pouco bêbado.”

A expressão de Dumbledore não mudou. Sirius estava olhando para os próprios pés


agora, e continuou falando, cada vez mais rápido.

“Eu deveria falar com James às oito, então tentei escapar. Mas minha prima - Bellatrix
- ela me achou e me encurralou na biblioteca. Ela disse que eu estava quase na idade,
era hora de começar a levar mais a sério meu papel de herdeiro, deixar meus amigos
para trás e crescer. Eu disse a ela para ... bem, não foi muito legal. Ela chamou meus
pais, Reg entrou também. E Crouch.

“Eu não estava preocupado, porque ... bem, todo mundo sabe que Bella é um pouco
maluca, então eu pensei que eles apenas diriam a ela para ficar fora disso. Mas eles
não fizeram; eles ficaram do lado dela. Papai disse ... ele disse que queria que eu o
deixasse orgulhoso pela primeira vez. Eu disse a ele que estava tentando, mas. Mas... "

Sirius parou para respirar. O silêncio foi uma agonia. Ele continuou.

"De qualquer forma. Eles queriam que eu jurasse lealdade a Voldemort. Eu pensei que
eles estavam brincando. Eles estavam falando todas essas coisas malucas, sobre
nascidos trouxas e traidores de sangue, e ... então Bellatrix me mostrou seu braço - ela
tem uma tatuagem,” ele olhou para cima, como se percebesse que essa informação era
útil, “É a marca negra, senhor, o crânio e a cobra. Ela disse que escolheu um lado e
que era hora de eu escolher o meu. Eu disse não. Eu disse que não tantas vezes.” Ele
fechou os olhos, olhando para baixo novamente.

93
"E eles machucaram você, por isso?" Dumbledore perguntou: "Eles tentaram persuadir
você?"

"Sim."

“Bellatrix fez isso?”

"Não."

"Sua mãe? Seu pai?"

A respiração de Sirius estava muito superficial, mas ele continuou. E assentiu.

"Eles se revezaram."

A Sra. Potter se levantou repentinamente e saiu da sala. Remus não a culpou. Seu


desejo de quebrar algo estava atingindo níveis críticos.

"Mas você conseguiu escapar?" Dumbledore perguntou, gentilmente.

Sirius acenou com a cabeça novamente,

“Depois de um tempo, devo ter parado de negar, porque ... bem, doía demais, eu não
conseguia dizer nada. Eles devem ter precisado que eu concordasse, porque me
deixaram lá, me trancaram na biblioteca. Mas há uma lareira lá, e pó de flu. Não sei,
talvez eles quisessem que eu fosse embora.” Ele parecia muito cansado agora. Mas a
história foi contada e havia um ar de alívio.

"Obrigado, Sirius." Dumbledore disse, muito suavemente. “Foi de grande ajuda. Não


vou atrapalhar mais o seu Natal.” Ele se levantou, suavemente, e olhou para o Sr.
Potter, "Sua oferta para abrigar Sirius até ele atingir a maioridade ainda está de pé, eu
suponho?"

94
"Tanto quanto quando ele tinha doze anos." Disse o Sr. Potter, endireitando as
costas. Ele era uma cabeça mais baixo que Dumbledore, mas naquele momento,
Fleamont Potter era o homem mais alto da sala.

"Excelente." Dumbledore acenou com a cabeça. "Verei vocês, meninos, em janeiro,


então."

"Espere!" Sirius pulou, "Professor - e meu irmão?"

"Você acredita que Regulus está em perigo?"

“Er ... eu não acho que eles vão machucá-lo. Ele é bom em fazer o que mandam, ele só
quer agradar nossos pais. Mas eles vão fazer com que ele se junte a Voldemort, ele
será marcado - ele faz dezesseis no próximo ano, e-”

"Regulus quer ir embora?"

"Eu... não. Não como eu.”

“Então não podemos forçá-lo. Ele não está em perigo imediato. Sinto muito, Sirius.”

Sirius baixou a cabeça e voltou a sentar-se. Dumbledore saiu, silenciosamente,


apertando a mão do Sr. Potter. Moody saiu também, voltando para sua guarda do lado
de fora do portão de entrada do Potter. Remus o observou pela janela. Que homem
muito estranho.

“Sr. Potter,” Sirius disse, educado de forma não natural, “Por favor, posso pegar um
pergaminho emprestado? Eu gostaria de escrever para Andromeda.”

"Claro, meu garoto." O Sr. Potter acenou com a cabeça. Ele conduziu Sirius e James
para seu escritório.

Remus ficou parado, sentindo que ele não era realmente necessário agora. Os Potters
estavam lá para apoiar Sirius; eles fariam o que fosse necessário. Ele, Remus, só era
realmente útil quando Sirius precisava de algum bom senso colocado nele

95
(verbalmente, é claro), ou quando uma pegadinha precisava ser resolvida. E haveria
muito tempo para essas coisas, uma vez que essa tempestade em particular passasse.

Mais uma vez, Remus desejou poder falar com Grant. Definitivamente havia uma
cabine telefônica na cidade; se ele quisesse, Remus poderia ligar para St. Edmund's, e
a Diretora provavelmente entregaria o telefone; ela não era uma carcereira. Mas
Moody era, e Remus não gostava muito da ideia de explicar por que ele queria fazer
uma viagem para a vila no dia de Natal.

Ele fechou os olhos e tentou imaginar o que Grant poderia dizer. Puta


merda! Provavelmente.

***

Eles foram para a cama cedo naquela noite. Não havia mais nada a fazer - James nem
mesmo sugeriu prática de vôo. Eles jogaram algumas partidas de xadrez indiferentes,
mas todos estavam bocejando tanto que no final foi ridículo tentar ficar acordado. Os
meninos se amontoaram na cama de James, até mesmo Remus. Ele tentou manobrar
para que James acabasse no meio, mas Sirius rastejou por cima deles e se jogou entre
seus dois amigos.

"Abre espaço, Moony," ele sorriu, com uma cotovelada forte nas costelas.

Remus se manteve o mais próximo possível da borda. Tocar Sirius sob as cobertas,


mesmo com o dedo do pé, era totalmente impensável. Isso é estranho, ele
pensou. Amigos não compartilham uma cama. Mesmo melhores amigos. Isso
é tão estranho...

Ele tentou dormir. James começou a roncar e a respiração de Sirius se


estabilizou. Remus relaxou. Ele definitivamente podia imaginar o que Grant diria sobre
isso. - Eu sabia que cês, garotos de internato eram tudo viado! Remus não pôde deixar
de rir um pouco, baixinho. Sirius rolou para encará-lo, olhos abertos, bem acordado.

"Do que você está rindo, Moony?"

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"Nada!" Remus sussurrou de volta, envergonhado. "Só não estou acostumado a
compartilhar a cama."

"Sim, o James ronca demais."

E é estranho, né?! Remus queria dizer, você não acha que somos estranhos??

"Mm." Foi tudo o que ele disse.

"Não consigo dormir." Sirius suspirou.

“Eu poderia chamar a mãe de James? Ela pode ter mais um pouco de poção. "

"Não quero mais poção." Sirius soava cansado e emburrado, como uma


criança. Remus estava feliz. Isso o tornava mais fácil de lidar.

"Bem. Então feche os olhos. " Ele instruiu.

“Eu fico pensando sobre o que aconteceu.”

“Oh. Desculpe."

"Não, não é assim, só quero dizer ... é estranho, mas enquanto eles estavam fazendo -
antes de eu meio que parar de pensar - eu estava pensando em você."

"Em mim?!"

"Sim. Eu estava pensando ... pelo menos agora eu sei como Moony se sente. Quando
estávamos pesquisando tudo aquilo para te ajudar na lua cheia, havia uma descrição
em um dos registros, escrita por uma bruxa que tinha licantropia. Ela disse que a dor
da transformação era semelhante à maldição cruciatus.”

“Ah. Eu nunca ouvi isso. Não acho que possa ser, acho que Cruciatus deve ser muito
pior.”

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"Talvez." Sirius concordou. “Mas ajudou um pouco. Eu pensei - se Moony pode fazer
isso, eu também posso”.

Remus não teve uma resposta adequada.

"Vá dormir, Sirius."

"Ok. Boa noite."

"Boa noite."

Ele esperou que Sirius adormecesse - apropriadamente, desta vez - então


cuidadosamente se levantou e voltou para sua cama.

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Capítulo 83: Quinto Ano: Janeiro

Throw me a line, I'm sinking fast Jogue-me uma linha, estou afundando rápido

Clutching at straws - can't make it Agarrando-se a palhas - não consigo fazer isso

Havana sound we're trying Som de Havana, estamos tentando,

hard edge, the hipster jiving hard edge, o hipster jiving

Last picture shows down the drive-in A última imagem mostra o drive-in

You're so sheer - you're so chic; Você é tão puro - você é tão chique;

Teenage rebel of the week Adolescente rebelde da semana

-Virginia Plain, Roxy Music 

Domingo, 4 de janeiro de 1976

O resto do feriado de Natal passou num borrão preto e branco. Os Potter organizaram
uma pequena reunião na véspera de Ano Novo, mas poucas pessoas
compareceram. Muitos de seu círculo próximo agora estavam trabalhando para
Dumbledore, explicou a Sra. Potter, e ocupados com o esforço da guerra. Fosse o que
fosse. Seus amigos mais distantes ou tinham virado as costas para os Potters (“nós
somos traidores de sangue”, James orgulhosamente declarou) ou simplesmente
estavam com muito medo de se associarem.

Moody estava impassível sobre a Sra. Potter querer levar Sirius ao Beco Diagonal,
mas ele precisava de sapatos para começar o novo período letivo, então todos eles
desceram para a aldeia uma tarde. Lá, Sirius havia se apaixonado perdidamente por
um par de Doc Martens pretos novos, com cadarços amarelos brilhantes. Remus

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estava com muita inveja; seu próprio par havia sido apenas uma imitação e se
desfizera há muito tempo.

No caminho de volta da cidade, eles passaram por alguns punks - uma visão muito
estranha nesta pequena vila do interior, mas Remus supôs que haviam adolescentes
por toda parte. Um deles tinha uma fileira piercings prata na cartilagem de uma das
orelhas. O outro tinha cabelos verdes.

A Sra. Potter havia proibido qualquer tintura de cabelo, mas na noite anterior ao início
das aulas, Remus cedeu depois de horas de súplicas de Sirius, e o ajudou a furar um de
seus lóbulos da orelha usando o alfineto do seu distintivo de monitor e uma
batata. Sangrou - muito, mas Sirius estava em êxtase.

Assim, ele se apresentou a Remus na manhã em que estavam partindo para Londres -
havia bagunçado o cabelo para aumentar o volume, jogou-o sobre um ombro para
mostrar seu novo brinco de ouro, ficou com as pernas separadas como um guitarrista,
as mãos nos bolsos, grandes botas pretas de couro.

"Perspectiva trouxa," ele sorriu para Remus, colocando um cigarro entre os dentes,
"Como estou?"

"Como um idiota." Disse James.

“Como uma estrela do rock.” Remus disse, gemendo por dentro. Ele estava


condenado.

Lupin havia pensado (na verdade esperava) que a experiência traumática de Sirius
pudesse ter esfriado seu ardor considerável por seu melhor amigo. Que pudesse fazê-
lo perceber que – como sua amizade era tudo o que teria – ele deveria concentrar suas
energias em ser apenas um bom amigo. Mas não. Sirius era um semideus, e Remus
não podia fazer nada além de adorá-lo. Seu pequeno idiota apaixonado, disse a si
mesmo.

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De qualquer forma, Remus estava feliz por estar voltando para Hogwarts, onde as
linhas estavam claramente traçadas e haviam exames nos quais se concentrar.

Sirius atraía olhares de todos em King's Cross. Não dos trouxas, mas dos bruxos - ou,
mais precisamente, das bruxas. Mary aproximou-se dele, seu par de botas de camurça
turquesa com salto estalando no chão e a deixando na altura dele.

"Olá, lindo!" Ela gorjeou e o abraçou com força, e Remus pôde ver a expressão em
seu rosto por cima do ombro dela. Ele parecia satisfeito.

Deve ser bom, depois de um momento difícil, segurar alguém assim em seus
braços. Especialmente alguém tão aberta emocionalmente quanto Mary. Remus
permitiu que sua própria dor atingisse o auge, depois diminuísse, lentamente,
enquanto concentrava-se em sorrir e ouvir Marlene contar a ele sobre o Natal dela.

A bordo do trem, eles entraram em seu vagão usual, e Remus ficaria eternamente
grato a Lily, que sugeriu que ele se juntasse a ela para patrulhar toda a extensão do
trem algumas vezes.

“Você parecia estar precisando de um pouco de ar”, ela sorriu para ele.

“Sim, valeu. Muito cheio lá dentro.”

"De saco cheio depois do natal com os marotos, então?"

"Pode se dizer que sim."

"Pobre Remus." Ela ligou o braço ao dele, inclinando-se ligeiramente contra o


menino. Era bom, como um mini abraço. Ela tinha um corpo pequeno e macio. Talvez
essa fosse a atração de todos para com as meninas.

"Eu ouvi sobre Sirius," ela disse, muito baixinho. "Ele está bem?"

“Sim,” Remus assentiu, “Acho que sim. Como você descobriu?"

101
“Er ... Sev me disse, na verdade. Eu não acreditei nele, mas com base no novo visual
de Sirius ...”

"Porra. Como ele sabia?”

Lily encolheu os ombros.

"Todo mundo sabe?"

“Só que ele foi expulso. E deserdado. Ninguém sabe o por quê.” Ela estava olhando
para ele, e Remus percebeu que ela queria que ele lhe contasse o porquê.

"É complicado." Ele disse: “Não acho que ele gostaria que todos soubessem”.

"Você é um bom amigo." Ela deu um tapinha no braço dele.

Sim, ele pensou, amargamente. Eu sou um ótimo amigo. Eu só penso em Sirius. A


segurança de Sirius. A felicidade de Sirius. As mãos de Sirius, o pescoço de Sirius, a
boca de Sirius, Sirius me jogando na cama e --- Pare. Não. Não é a hora. Puta merda.

“Ei!” Lily estava gritando, de repente, apontando para o longo corredor do trem em


movimento, "Se for você, Crouch, você vai se ver comigo ..."

Barty Crouch. O estômago de Remus revirou. Ele havia estado lá, na véspera de


Natal. Moleque nojento desagradável. O loiro de quatorze anos estava atormentando
algumas garotas do primeiro ano, levitando suas mochilas sobre suas cabeças. Lily,
sempre destemida, marchou, o ameaçando com detenção, perda de pontos, até mesmo
algumas azarações. Ele zombou dela, mas deixou cair as malas.

"Barty, o que você - oh." A porta do compartimento mais próximo se abriu e Regulus
Black apareceu. Seus olhos se estreitaram para Lily, "O que você quer, Evans?"

"Não há necessidade de ser tão rude", ela resmungou. Lily ergueu uma sobrancelha
para Crouch, “Fique longe de problemas, ou eu falarei com Slughorn. Você já está sob

102
gelo fino e sabe disso. Vamos, Remus’’ - ela olhou para Lupin, que ainda estava um
pouco atrás, na esperança de evitar cumprir seu dever de monitor.

A cabeça de Regulus girou com rapidez, ele olhou para Remus e toda sua arrogância
desapareceu. Ele parecia muito mais jovem.

"Lupin." Ele disse, rigidamente.

Remus apenas assentiu. Regulus abriu a boca uma ou duas vezes. Ele obviamente


queria perguntar. Remus queria bater nele. Mas não na frente de Lily. Se lembrou da
preocupação desesperada de Sirius com seu irmão e viu isso refletido nos olhos de
Regulus.

"Ele está bem." Remus deixou escapar.

Regulus piscou, acenou com a cabeça, então voltou para seu vagão, batendo a
porta. Barty coçou a cabeça em choque, parecendo muito confuso.

***

Quinta-feira, 15 de janeiro de 1976

Quando o segundo semestre começou, Remus percebeu que não precisava se


preocupar tanto. Ele nem mesmo teve que tentar evitar Sirius. Os NOMs estavam
chegando agora, seu início programado para maio, e se os alunos do quinto ano
pensassem que sua carga de trabalho havia sido pesada durante o primeiro semestre, o
pior com certeza ainda estava por vir.

Remus combateu esse estresse adicional gastando todas as horas livres que podia na
biblioteca ou na sala comunal aperfeiçoando seus feitiços práticos. Na terceira
semana, ele descobriu que havia se tornado o líder não eleito de uma espécie de clube
de revisão e lição de casa - um grupo de alunos do quinto ano, e até mesmo alguns
alunos mais jovens, começaram a procurá-lo para obter dicas ou conselhos sobre seus
próprios deveres..

103
"Lupin! Como são os movimentos que você faz para feitiços de locomotiva? Eu
continuo errando...”

“Remus, Remus, é 'Apar-E-cium' ou 'A-PAR-ecium’?”

“Ei, Lupin, você pode me mostrar como você fez essa linha do tempo, de novo? Eu
continuo esquecendo…"

Remus fingiu que achava a coisa toda uma obrigação enorme, mas estava
secretamente emocionado. Ele era bom em alguma coisa. Os marotos - quando viram o
grupo - acharam hilário e começaram a chamá-lo de 'professor'.

Um aluno em particular havia começado a se juntar a ele para sessões regulares de


estudo - um grifinório do quarto ano chamado Christopher Barley. Ele era quieto e
estudioso, com olhos escuros sérios e dedos longos e finos. Era tímido, mas quando
Remus disse oi a ele, o menino deu um sorriso incrível, que iluminou todo seu rosto.

Remus percebeu, depois da terceira ou quarta vez que esbarrou em Christopher em


algum lugar do castelo 'por coincidência', que o garoto mais novo tinha uma queda por
ele. Estou ficando melhor nisso, pensou ele, culpado. O sentimento, infelizmente, não
era mútuo. Remus ficou lisonjeado, é claro - era difícil não ficar - mas ele não
conseguia reunir nenhum sentimento além de simpatia por Christopher. Nenhum deles
era corajoso o suficiente para dizer qualquer coisa, o que era bom.

Além disso, Remus tinha seus deveres como monitor, que pareciam se multiplicar a
cada semana. Depois que um monitor da Lufa-Lufa (e nascido trouxa) foi enfeitiçado
antes do Natal durante uma patrulha noturna, e não foi encontrado até de manhã, os
chefes de cada casa exigiram que os monitores patrulhassem em pares o tempo todo.

Essas patrulhas tinham se tornado uma farsa noturna para Remus, já que ele passava a
maior parte do tempo tentando direcionar Lily para longe de onde os outros três
marotos estivessem trabalhando em algum plano nefasto. Isso havia funcionado na
maioria das vezes.

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O problema era que, desde o Natal, James e Sirius se tornaram mais ousados do que
nunca. Armados com o mapa do maroto e a capa da invisibilidade, eles navegavam
pelo castelo como dois piratas, pilhando e devastando. Várias vezes, Remus voltava da
patrulha e não os encontrava em suas camas - apenas para ver os dois garotos
voltarem uma hora depois, rindo e cheios de bravatas, contando a ele como quase
foram pegos dessa vez, quase.

O Quadribol também os mantinha ocupados e separados de Remus. A partida contra a


Sonserina havia sido a primeira do ano e resultou em um empate, o que significava
que ambas as casas estavam competindo implacavelmente pela taça. Com James agora
no comando, o time da Grifinória estava treinando duas vezes mais por semana, e
Potter arrancava Sirius da cama para correr todas as manhãs.

Na verdade, entre o desejo de Remus de estudar, seu grupo de discípulos e seus


deveres como monitor, seu escasso tempo livre quase nunca parecia coincidir com o
de seus amigos. Ele mal os via na hora das refeições, ou antes de dormir - exceto por
Peter, cuja única atividade extracurricular era sua namorada.

Então, foi uma surpresa quando em uma noite em meados de janeiro Remus esbarrou
em Sirius. Era uma patrulha de rotina, a última da semana de Remus e Lily. A lua
cheia chegaria em dois dias, e Remus astuciosamente manipulou as rotas para evitar
essas noites. Ele se ofereceu para assumir o controle e planejamento de quais
monitores fariam o que - e o resto deles haviam ficado obviamente aliviados. Todos
eram bons em seus trabalhos, é claro, com um forte senso de justiça e imparcialidade,
combinado com a coragem de fazer a coisa certa - mas poucos Grifinórios queriam
lidar com a parte administrativa. Remus aproveitou essa oportunidade, e até agora ela
o serviu bem.

"Vamos lá", disse Lily, enquanto desciam o lance de escadas da torre de Astronomia -
geralmente um ponto de encontro para atividades após o toque de recolher, esta noite
estava deserto - "Os principais ingredientes de uma poção calmante, liste eles."

105
"Err ..." Remus bufou, enquanto seu quadril estalava no último degrau. Ele estava feliz
por ter muita energia pouco antes da lua, "Moscas de outono, orvalho de um campo de
trevo, água do mar e ... hum ..."

"Ah, qual é, Remus!" Lily suspirou, exasperada, "Isso é coisa do quarto ano!"

"Eu sei, mas eu nunca consigo me - espere, você ouviu isso?"

"O que?"

"Sh!"

Tinha certeza que havia ouvido um suspiro, ou um arquejo, e agora, no silêncio


perfeito, ele estava ciente de que podia ouvir mais dois batimentos cardíacos
próximos, batendo forte. E o cheiro de outra coisa, algo excitante e inebriante. Ele
puxou a tapeçaria mais próxima, levantando sua varinha.

“Lumos!”

"Merda!"

"Mary!" Lily engasgou.

"Moony!" Sirius disse.

"O que vocês dois estão fazendo?!" Lily disse, imediatamente adotando sua voz
autoritária, que Remus pensou ser assustadoramente parecida com a de McGonagall.

"Não consegue adivinhar, Evans?" Sirius piscou para ela. Seus braços ainda estavam
protetores em volta da cintura de Mary, seu cabelo estava caído para a frente
desordenadamente e sua boca estava mais vermelha do que o normal. A blusa de Mary
estava desabotoada quase até o umbigo e ela tentava se cobrir às pressas.

"Devíamos dar a vocês dois detenção," Lily ergueu uma sobrancelha para sua amiga,

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"Oh, seja legal, Lily," Mary adulou, com um sorriso suave nos lábios, "Todo mundo
faz isso, só um pouco de diversão."

"Bem ... como esta é a primeira vez," Lily cedeu, "Vamos, estamos voltando para a
Torre agora de qualquer maneira."

"Mais cinco minutos?" Sirius perguntou, atrevido, para o horror de Lily. Mary riu e


deu um tapa de brincadeira nele.

"Travesso!" Ela riu, abotoando a camisa. "Vamos lá, não é como se nada mais fosse
acontecer esta noite."

Os quatro voltaram para a sala comunal da Grifinória juntos, as garotas rindo e


sussurrando juntas, ocasionalmente lançando olhares furtivos para Sirius, antes de
explodirem em risadas novamente. Sirius adorava isso, caminhando com uma
arrogância exagerada, colocando seu cabelo comprido atrás da orelha e piscando para
elas quando olhavam. Ele tentou chamar a atenção de Remus algumas vezes, como se
quisesse contar uma piada, mas Remus continuou olhando para frente e não disse
nada.

"Tudo bem, Moony?" Sirius perguntou, quando eles estavam todos em suas camas e
ainda não haviam se falado. Ele parecia um pouco preocupado agora. Ótimo, pensou
Remus.

"Sim." Remus respondeu, rolando e fechando os olhos.

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Capítulo 84: Quinto Ano: Sentimentos
Feridos

Segunda-feira, 18 de janeiro de 1976

Remus Lupin não tinha absolutamente nenhum interesse na Floresta Proibida em


qualquer outra época do mês. As aulas de Trato das Criaturas Mágicas tinham lhe
dado um respeito saudável pelos animais que viviam lá, e ele estava inclinado a não se
aproximar deles.

O lobo claramente sentia o contrário. James e Sirius - ou melhor, Prongs e Padfoot


como eram agora conhecidos - tiveram poucos problemas em conduzir o lobisomem
da Casa para a escuridão de veludo verde da floresta. As memórias de Remus das luas
cheias estavam melhores do que nunca - mas ainda não exatamente humanas e,
portanto, menos completas. Ele se lembrava de cheiros, formas, ruídos e até sabores,
às vezes.

“Não podemos impedir você de perseguir coelhos se quiser perseguir coelhos,” James
deu de ombros, quando Remus acordou naquela manhã angustiado com o sangue em
sua língua. "Você parecia muito feliz com isso na hora."

"Foi muito divertido," Sirius disse, lambendo os próprios lábios.

"Você estava me encorajando!" Remus acusou, puxando a calça por baixo do


cobertor. “Você deveria ser mais racional, já que tem autocontrole!”

“Sim,” Sirius deu de ombros, “Mas quando sou um cachorro, sou um cachorro. É o
que fazemos.”

Sirius era assim. Todo diversão e nenhuma responsabilidade.

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“Não se preocupe, Moony,” James bocejou, “Nós nunca deixaríamos você machucar
uma pessoa. E você se divertiu, eu juro.”

Ele não precisava que James lhe dissesse isso. Por mais que o Remus humano
preferisse permanecer indiferente, e se separar daqueles instintos básicos que o lobo
representava, ele não podia esperar pela próxima lua.

"É melhor vocês irem", ele bocejou de volta, "Veja se conseguem dormir um pouco
antes do café da manhã."

"Sim, tudo bem," James acenou com a cabeça sonolento, "Até mais, Moony."

"Tchau Prongs."

'Prongs' fora uma ideia de gênio tida em uma tarde, quando Peter esqueceu a palavra
para 'chifres'. Todos eles riram tanto que o nome pegou. Remus não tinha certeza de
onde 'Padfoot' tinha vindo. Provavelmente uma piada interna entre James e Sirius. De
qualquer forma, fazia sentido, e eles haviam se acostumado com seus novos nomes
confortavelmente, selando-os no mapa do maroto.

Madame Pomfrey deu uma olhada nele quando ele chegou, então apenas o mandou
embora.

“Eu nem preciso mais da maca”, ela se maravilhou, “e você está uma boa cor nas
bochechas. Descanse esta manhã, mas se você estiver com vontade, pode também
assistir às aulas da tarde.”

Ele se sentiu péssimo por mentir para ela sobre o motivo de sua recuperação
milagrosa, mas não havia como evitar.

Remus conseguiu dormir o resto da manhã e acordou um pouco cedo para o


almoço. Ele desceu para a sala comunal para se sentar perto de uma janela aberta e
fumar enquanto repassava suas notas de história para a tarde. Considerando todas as

109
coisas, ele pensou consigo mesmo, além do problema de Sirius, a vida estava indo
muito bem.

Sirius havia lhe pedido desculpas sobre o incidente na Torre de Astronomia - Remus
suspeitava que isso era resultado de uma conferência com James.

"Desculpe, Moony, eu deveria ter checado com você, ou usado o mapa ou algo assim,
eu sei que você odeia toda aquela coisa de garotas, e sei que você fez muito para nos
manter longe de problemas este ano ..."

Remus fez uma grande encenação sobre estar ponderando sobre seu pedido de
desculpas, então perdoou seu amigo, porque qualquer outra coisa seria altamente
suspeita. Ele ficou mortificado quando até mesmo Mary veio oferecer suas próprias
desculpas e ele resmungou que não havia se importado nem um pouco.

Ele gostava de Mary. Não queria se sentir assim sobre ela; nada disso era culpa da
menina, exatamente. E, como James costumava dizer, Sirius merecia um pouco de
diversão, considerando o ano que estava tendo.

"Oi, Remus!" Uma pequena voz interrompeu seus pensamentos. Ele percebeu que não
tinha sequer dado uma olhada em suas anotações ainda, e seu cigarro tinha queimado
até o fim, sem ter fumado.

"Oi, Christopher," Remus assentiu, franzindo a testa enquanto limpava a cinza da


manga. "Tudo bem?"

“Sim,” o menino mais novo sorriu e pulou para se juntar a ele no assento da
janela. Ele era menor do que Remus - mas todo mundo era. "O que você está
fazendo?"

"Revisando história." Remus disse, entre dentes enquanto acendia outro cigarro.

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"Legal!" Christopher sorriu. Remus ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. "Eu
não vou incomodar você, então." Christopher disse, esperançoso. "Se você estiver
ocupado."

"E você?" Remus perguntou, não querendo ferir seus sentimentos. Havia mágoas


suficientes no mundo e ele se recusava a ser responsável pelas de mais alguém, exceto
as suas.

“Hum, bem, nada realmente. Fim de semana vamos para Hogsmeade, no próximo.”

"Sim, eu sei," Remus se mexeu desconfortavelmente onde estava sentado. Certamente


Christopher não seria tão descuidado a ponto de convidá-lo para sair?! Ele teria que
cortar pela raiz de uma vez, "Eu, er ... eu vou com meus amigos, sabe."

"Oh, certo. Er ... James Potter e Sirius Black e aquele outro ...”

"Mm."

Ele poderia dizer que Christopher - como a maioria dos Grifinórios mais jovens -
oscilava entre a admiração e o medo no que diz respeito aos Marotos. Eles eram
simplesmente tão ousados e tão bem-sucedidos que era intimidante.

"Bem, eu só estava pensando, só isso." Christopher pigarreou, "Você sabe como


estávamos falando sobre aquele novo livro de Aritmancia, pensei que poderíamos ver
se algum lugar já estava estocando."

"Desculpe, Christopher," Remus disse, o mais gentilmente possível, "Eu realmente


estou ocupado ... er ... talvez outra hora?"

"Ok. Sim claro…"

Christopher parecia desanimado. Remus se sentiu mal, mas o que mais ele poderia
fazer? E realmente tinha planos - não com os marotos, na verdade; ele tinha outro
telefonema planejado com Grant. Após o incidente com Sirius e Mary, Remus

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rabiscou apressadamente um pedido para falar com Grant e o enviou para a Diretora
na manhã seguinte. Agora se arrependia um pouco, depois de ter se acalmado um
pouco - mas ainda estava ansioso para falar com Grant, se pudesse.

“Olá, Moony!” Sirius veio saltando pela sala comunal depois de passar pelo buraco do
retrato. Ele se encostou na parede ao lado de Remus e Christopher, sorrindo aquele
sorriso de Sirius Black.

"Oi Padfoot," Remus sorriu de volta - ele esperava não estar olhando para Sirius como
Christopher o olhava. Isso seria constrangedor.

"Então, fiz uma aposta para mim e para o Prongs," Sirius começou, ignorando
completamente Christopher, que se levantou e murmurou um adeus, antes de sair
apressado. Sirius não perdeu tempo antes de ocupar o espaço vazio no assento da
janela, "Quantos pelúcios precisaríamos para encontrar o diadema perdido de Rowena
Ravenclaw?"

"Que porra é um diadema?" Remus sorriu.

"É como uma coroa." Sirius roubou o cigarro recém-aceso de Remus e o levou aos
lábios. Remus teve que lutar para não gemer com a visão. Ele simplesmente pegou um
terceiro cigarro.

"Por que", disse ele, inspirando profundamente, "Você e James querem uma coroa?"

“Não sei,” Sirius deu de ombros, “Encontrar um tesouro parece uma caça ao estilo dos
marotos. Ei, o que aquele garoto queria? "

"Christopher."

"Ah, ele está no seu fã-clube?"

"Grupo de Estudos."

“Pfft. O que ele queria?"

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"Ele estava me chamando para sair," Remus respondeu secamente. Olhando pela
janela. Aparentemente não foi seco o suficiente - quando ele olhou de volta para
Sirius, sua boca estava aberta. Oh Deus, a boca de Sirius. "Piada, Padfoot," Remus
disse, com um sorriso de lado. Ele finalmente tinha aperfeiçoado seus sorrisos
sarcásticos.

Sirius bufou.

“Boa, Moony. Achei que você estava sendo sério.”

Remus considerou dizer 'não, você é  Sirius', mas aquela piada já se esgotara desde o
primeiro ano e só ganharia um soco no braço. Ele se contentou com um encolher de
ombros e mais uma tragada no cigarro.

“Mas se você quer sair com alguém,” Sirius disse, astutamente, “Com quem iria? Lily
ou Marlene?"

"Cala a boca." Remus revirou os olhos.

"Você está certo," Sirius continuou, coloquialmente, "Lily está comprometida - quero
dizer, ela não sabe que está comprometida, é claro ... então Marlene será! Hogsmeade
no sábado?”

"Você está me chamando para sair em nome de Marlene?"

"Talvez."

"Não."

"Posso fazer com que ela mesma convide você para sair, se quiser, só pensei que você
diria sim para mim."

Eu diria sim para você. Remus pensou, pateticamente.

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"Marlene não está interessada em mim." Ele disse. Ele havia decidido que isso era
melhor do que dizer 'Não estou interessado nela' - porque é claro que isso apenas
provocaria a pergunta 'por que não?'

“Claro que ela está, vocês são amigos, não são? De qualquer forma, você tem que vir,
estamos fazendo isso para apoiar James.”

"Agora James está envolvido." Remus apagou o cigarro e se levantou, colocando suas


anotações de história na bolsa. Elas obviamente não seriam mais lidas
agora. "Almoço?" Ele disse.

"Sim." Sirius assentiu, jogou seu próprio cigarro pela janela e se levantou. Eles se


dirigiram para o buraco do retrato. "Sim, James está envolvido," continuou Sirius,
enquanto caminhavam para o Salão Principal. “Todos nós precisamos estar presentes -
e idealmente unidos - para que ele possa convidar Evans para sair.”

"James convida Lily para sair uma vez por semana."

"Verdade," Sirius acenou com a cabeça, "Mas desta vez ele tem um plano."

"Oh?"

“Ele tem uma música e tudo.”

“James escreve músicas?!” A máscara de Remus caiu por um momento em surpresa


genuína.

"Bem," Sirius lambeu os lábios, "posso ter dado uma mão a ele ... de qualquer
maneira, todos nós precisamos ter encontros, para plantar a ideia na mente dela. Como
aquela coisa de psicologia trouxa. "

"Por mais que eu adorasse ver James fazendo papel de idiota em nome do amor
verdadeiro," Remus riu, "Estou ocupado no sábado."

"Fazendo o que?"

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"Não é da sua conta,"

"Olha, Moony," Sirius suspirou, "É por isso que as garotas não se cansam de você, tão
misterioso."

Remus não tinha certeza se Sirius estava fazendo uma piada cruel, então ele deixou
pra lá. Eles caminharam em silêncio por um tempo. "Ei, Moony?" Sirius começou
novamente.

"Sim?"

"Você gosta de Mary?"

"O que?!"

Eles pararam do lado de fora do refeitório, e Remus se virou para encarar Sirius em
estado de choque. Sirius parecia envergonhado, brincando com seu brinco,

“Bem, você tem estado um pouco ... afastado desde que começamos a sair. E eu quase
não vi você desde o, er ... o fiasco da tapeçaria.”

Remus bufou.

"Não. Eu não gosto de Mary.”

"Ok, bom," Sirius sorriu para ele. "Então você vai ser o par de Marlene?"

"Ainda ocupado, desculpe."

***

Sábado, 31 de janeiro de 1976

Lembrando que a última vez que ele tentou fazer uma ligação particular, ele foi
seguido, Remus pediu emprestada a capa de James para a viagem para
Hogsmeade. Bom e velho James - você pode contar com ele para não fazer um monte

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de perguntas. Especialmente quando ele está distraído por seus nervos ao convidar
Lily para sair.

“Sim, 'claro, Moony', claro ...” ele murmurou, olhando para si mesmo no espelho,
“Está embaixo da cama. Ei, você acha que meu cabelo precisa de um corte? Parece um
pouco desarrumado? "

“Está desarrumado,” disse Remus, de debaixo da cama, “Mas um corte não vai
ajudar. Não se preocupe, as meninas acham que é encantador.”

"Sim? Sim você está certo…"

"Você já a convidou para sair antes," Remus disse, emergindo com a capa e tirando a
poeira de suas vestes, "Por que você está nervoso?"

"Porque estou muito louco por ela." James respondeu, sem perder o ritmo. "Você sabe
quando você simplesmente não consegue tirar ela da sua mente, e na sua cabeça tudo é
ótimo, e tudo está indo do jeito que você quer - mas então lá está ela, na sua frente, e
... bem, tudo vai para a merda, porque ela é muito mais espetacular na vida real, sabe?
"

"Sim." Remus resmungou, mexendo no tecido da capa da invisibilidade enquanto


Sirius saía do banheiro.

No vilarejo, Remus desejou boa sorte a James antes de desaparecer no toalete do Três
Vassouras, jogando a capa e saindo novamente. Desta vez, ele foi capaz de chegar à
velha cabine telefônica trouxa exatamente na hora certa e digitou o número com
entusiasmo.

“Oi oi, feliz ano novo e tudo mais,” a voz de Grant sacudiu o fio. Remus sorriu,

"Feliz Ano Novo! Eu tinha um cartão para você, mas nunca o enviei. Desculpe."

"Cê só tem que lembrar do meu aniversário."

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“Oh! Er, ok, quando é? "

Grant latiu de tanto rir,

“Estou brincando, bobinho. Eu nunca te mandei nenhum cartão também.”

"Oh!"

"Cê ainda tá muito sério, então."

“Sim,” Remus riu, “Acho que sim. Como você está?"

"Uma merda." Grant respondeu, sua voz ficando ligeiramente alta enquanto ele
inspirava - Remus adivinhou que ele estava fumando. “Terrível, na verdade. Mas
num’é pra se preocupa’. Meu problema."

“Não, me diga, continue. Posso ajudar.”

“Só a Diretora. Num se preocupa’. Ei, como tão as coisa com o seu amante


mauricinho? Já superô?"

"Não." Remus suspirou, "Está pior."

"Sim, achei que fosse piora’ mesmo."

"Você disse que não iria durar!"

"Menti para cê si’ sentir melhor."

Remus não pôde deixar de rir. Graças a Deus ele tinha Grant.

"Sinto que estou enlouquecendo." Ele disse, sussurrando ao telefone os segredos que


não era capaz de dizer em voz alta. “Eu sinto que vou fazer uma loucura. Ele é tão…"

"Seja cuidadoso." Grant avisou: "Lembra o que eu disse."

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"Sim," Remus suspirou novamente. "Então, como foi seu Natal?"

"Porcaria. Tinha que ir pra casa da minha avó, mas vovô cancelou no último
minuto. Não queria que seu neto bichinha fizesse vergonha na frente dos vizinho. Da
próxima vez que eu ver ele, vou usar um vestido.”

"Desculpe, Grant." Remus disse baixinho, sentindo-se ainda pior por não ter enviado o
cartão.

“Aww cala boca,” Grant respondeu, e Remus pôde perceber que ele estava sorrindo,
“Como eu disse, é meu problema. Ei, talvez eu não fique aqui por mais tempo. Eu tô
er ... provavelmente vô cê mudado de luga’. Não tenho exatamente ido à escola...”

"Para onde você vai?!"

"Num sei. Acho que cansei de abrigos. Talvez vô para Londres, tenho uns amigos lá.”

"Como vou encontrar você?"

"Puta merda." Grant disse: “Esqueci como cê era doce. Me dá teu endereço e vô me


esforçá para escrever?”

"Eu ... não posso." Remus sentiu um rasgo horrível por dentro. “Eu realmente sinto
muito, eu gostaria de poder, eu realmente quero ... minha escola não é realmente um
tipo de escola normal e ... bem, não é possível.”

"Bem. É isso então.” Grant respondeu.

***

Remus marchou de volta para a vila com o coração pesado. Toda aquela obsessão por
Sirius havia dado em nada, e agora ele corria o risco de perder alguém tão importante
quanto. Alguém que realmente gostava dele também. Aparentemente Remus apenas
ficava interessado em pessoas que não poderia ter. Ele iria procurar feitiços
localizadores, o mais rápido possível, decidiu. Não iria perder Grant assim.

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Ficou levemente animado ao entrar no Três Vassouras ao ver Snape sentado em um
canto, sozinho, olhando ao redor. Remus voltou direto ao toalete, removeu a capa e
saiu, tendo a certeza de que chamaria a atenção de Severus. O garoto sonserino quase
caiu do banco do bar de surpresa. Remus sorriu maliciosamente enquanto caminhava
para se juntar aos amigos.

Eles estavam todos lá - Peter e Desdemona, Sirius e Mary, Marlene, James e Lily. Lily
parecia muito rosada, mas muito presunçosa, e James estava olhando para o fundo de
seu copo vazio. Ele estava ensopado e tinha um cheiro adocicado. Evidentemente, a
serenata não tinha ido bem.

"Moony!" Sirius explodiu, convidativamente, "Você perdeu toda a diversão!"

“Sim, desculpe,” Remus sorriu para todos educadamente, puxando sua própria
cadeira. Sirius acenou para a garçonete bonita pedindo outra cerveja amanteigada. "Er
..." Remus olhou para James e depois para Lily. "Como estão todos?"

Peter soltou uma risadinha estranha e aguda, então tapou a boca com a mão. Sirius
ergueu uma sobrancelha.

"Oh, muito bem, Moony, muito bem ... Eu só estava dizendo, já faz um tempo que os
marotos não pregam uma peça de verdade."

"Você colocou bombas de fedor debaixo do tapete na sala comunal da Sonserina na


semana passada." Disse Lily.

"E ontem você inverteu as lentes de todos os telescópios da Torre de


Astronomia." Marlene disse.

"E você disse que amanhã você estava planejando-" Mary começou, mas Sirius
revirou os olhos,

119
"Sim, sim, mas essas coisas são brincadeira de criança." Ele disse,
decididamente. “Além disso, éramos só eu e James brincando. Uma brincadeira de
maroto adequada precisa de nós quatro.”

“Remus não quer se juntar às suas brincadeiras idiotas,” disse Lily.

"Sim eu quero." Remus respondeu - em parte porque ele estava de mau humor e se


sentia a fim de contrariar, em parte por solidariedade ao pobre James, que tinha
cerveja amanteigada pingando da ponta do nariz.

120
Capítulo 85: Quinto Ano: Bombas de Bosta
e Armários de Vassoura

Like a flash out of hell!

And when she's shaking her - ooh!

Everyone fell

at her feet

And that's neat

and she took me complete-ly

By surprise with her ultrasonic eyes

That were flashing like hysterical danger signs!

That said ‘beware where you tread’,

Or you'll go out of your head!

Look out!

She's a hell raiser, star chaser, trailblazer

Natural born raver, yeah, yeah, yeah, yeah, yeah

She's a hell raiser, star chaser, trailblazer

Natural born raver, yeah, yeah, yeah

Look out!

121
- Hellraiser, The Sweet

Segunda-feira, 23 de fevereiro de 1976

Para começar, era uma pegadinha simples - bombas de bosta à moda antiga. Mas o
bom humor de Sirius com a perspectiva de todos os quatro marotos trabalhando juntos
novamente, significava que a ideia continuou crescendo e se expandindo, até que, de
alguma forma, se tornaram quatrocentas bombas de bosta, um feitiço de atraso
temporal e todos os quatro fora da cama após o toque de recolher.

Eles já haviam adiado por tempo suficiente. Mesmo que Remus concordasse em


deixar de fazer o dever de casa por uma noite, eles teriam que reunir os materiais (ele
não perguntou de onde eles conseguiram quatrocentas bombas de bosta. Melhor não
saber), e então encaixar entre o plano entre os treinos de quadribol e as patrulhas como
monitor. Então veio a lua cheia. Ao todo, a primeira noite em que todos estiveram
disponíveis acabou sendo no final de fevereiro.

"Faz tempo!" James sorriu enquanto desaparecia sob a capa.

A habilidade de Peter de se transformar em um rato era incrivelmente útil,


especialmente quando ele podia encolher e descansar no ombro de James sob a capa
da invisibilidade. Infelizmente, por mais altos que fossem agora, três ainda era muito
para caber corretamente.

"Vocês dois usem a capa," Remus suspirou, puxando-a depois de tentar se agachar o
suficiente para que não mostrasse seus tornozelos, "Vou mostrar meu distintivo de
monitor se alguém perguntar o que estou fazendo."

“Mas acaba com toda a diversão.” Sirius reclamou, ligeiramente abafado sob o tecido.

“Tenho certeza de que você ainda encontrará uma maneira de se divertir,” disse
Remus. "Vamos lá.”

122
Eles deixaram o dormitório e desceram as escadas para deixar a Torre da
Grifinória. Remus teve que andar devagar para que os outros pudessem acompanhá-lo,
mas ele estava ansioso para acabar logo com isso. Foi uma boa ideia e tudo mais - mas
ia levar a maior parte da noite se eles quisessem todas as suas bases cobertas, e ele
acordaria cedo na terça-feira.

"Oi, Remus!"

Assim que dobraram uma esquina, eles esbarraram em Christopher. Isso estava


ficando ridículo. Para onde quer que ele se virasse, se Snape não estava olhando para
ele, então Christopher estava. Remus se recompôs e sorriu amplamente,
profundamente consciente de que os três marotos estavam atrás dele, invisíveis.

"Olá, Christopher, como vai?"

"Bem!" O menino respondeu, encantado: "Eu estava indo para a sala comunal, quer de
jogar xadrez?"

"Er ... desculpe, estou em patrulha." Remus bateu em seu distintivo de metal.

"Oh, certo. Onde está Lily, então? "

"No banheiro." Ele disse, rapidamente. "Estou apenas esperando por ela."

"Vou esperar com você!" Christopher sorriu. Remus lutou contra a vontade de dar um


tapa na testa em descrença.

"Oh, não", ele riu, tentando manter seu tom amigável, "Não, vá para a sala comunal ...
é quase toque de recolher, eu não quero ter que lhe dar uma detenção!"

"Oh, ok então." Christopher assentiu. Remus sempre o desapontava. “Vejo você mais


tarde, talvez? Esqueci de dizer que estou tão animado com a sua festa!”

"Minha o quê?!"

123
Houve um gemido baixo de aborrecimento logo atrás de Remus. Felizmente,
Christopher não pareceu ouvir.

“Sua festa de aniversário! Mal posso esperar, não pude ir à festa de Sirius Black em
novembro, tinha uma redação de Poções para entregar, mas este ano vou me certificar
de tirar tudo do caminho!”  

"Ótimo," Remus respondeu, levantando o polegar. Vá embora, pelo amor de


Deus! "Vejo você lá, então."

Christopher saltitou, bastante feliz. Remus sorriu e se virou para os garotos invisíveis


por cima do ombro.

"Minha festa, hein?"

“Era para ser uma surpresa!” James sussurrou.

“Quem é aquele idiota, afinal?!” Sirius perguntou.

"Deixa ele em paz," Remus resmungou, "Ele só é amigável."

"Um professor tão benevolente." James riu. "O próximo passo é ele começar a trazer
maçãs para você."

"Bem, um de vocês deveria dizer a ele que eu prefiro chocolate, então," Remus
respondeu, despreocupado, enquanto eles avançavam pelo corredor

Eles distribuíram as bombas de bosta o mais rápido que puderam, e Remus executou o
encantamento de atraso temporal - algo com que ele vinha brincando há algum
tempo. O truque era garantir que as bombas de bosta estivessem espalhadas
igualmente por todo o castelo, a fim de causar o máximo de caos.

“Eu espacei os tempos em intervalos de uma hora,” Remus explicou calmamente, “Eu
acho que Filch deve levar cerca de uma hora para limpar a primeira parte, então assim
que ele terminar a segunda irá explodir ... então a terceira.”

124
"Nunca mais vamos tirar sarro de você, Moony," Sirius prometeu. "Você é uma lenda
do caralho."

"Sim, contanto que ninguém saiba que fui eu." Ele riu: “Tenho que manter minha
reputação”.

"Ooh sim, não podemos deixar o pequeno Christopher descobrir que seu herói é um
menino mau, podemos?"

Remus deu-lhe uma cotovelada forte na lateral.

"Se apressem", disse Peter - agora humano -, torcendo as mãos, "prometi que tentaria
dizer boa noite a Dezzie antes do toque de recolher ... podemos colocar no andar da
Corvinal a seguir?"

"Ah, o amor jovem," James riu, "Dando um beijo de boa noite em sua namorada
enquanto seus amigos fazem armadilhas bem onde ela vai sair..."

“Ela acha engraçado,” Peter deu de ombros, levemente rosado.

"Ei, Pete, até onde você chegou com Desdêmona, afinal?" Sirius perguntou
bruscamente.

Peter piscou descontroladamente algumas vezes. Ele não estava acostumado a ser


abordado por Sirius - que ultimamente vinha fazendo todo tipo de pergunta desde o
início de seu relacionamento com Mary. Remus teve a impressão de que Sirius via
tudo como uma extensão da competição de amassos.

"Err ... o que você quer dizer?"

"Sabe," Sirius continuou, fazendo malabarismos com algumas bombas de bosta


descuidadamente, "Por cima ou por baixo das roupas, acima da cintura ou abaixo
do..."

125
"Nada disso!" Peter estava vermelho brilhante agora. "E ... não é da sua conta, de
qualquer maneira."

"Ah, qual é, vou te dizer o quão longe eu cheguei com MacDonald."

“Eu não quero saber -”

"Ela me deixou tocar-"

“Ok, terminei!” Remus disse alto. “Próxima parada, Corvinal!”

Demorou quase mais uma hora e já havia passado do toque de recolher quando
terminaram tudo.

"Em retrospecto," James bocejou, "deveríamos ter começado colocando mais longe da
sala comunal e fazendo nosso caminho de volta."

Remus acenou com a cabeça sonolento.

“Mas nós conseguimos!” Sirius aplaudiu. "Os marotos estão de volta!"

“Nós nunca fomos a lugar nenhum,” Peter murmurou. Ele ainda estava aborrecido por
ter sido colocado no holofote mais cedo.

Eles estavam na metade do caminho quando Remus sentiu o cheiro da Sra. Norris. Ele
silenciou os outros, e Peter rapidamente se transformou em um rato, mais por
nervosismo do que qualquer outra coisa. James estava levantando a capa para cobrir
todos eles, quando o gato apareceu, miando desdenhosamente para eles. Sirius, ainda
cheio de energia, piscou para James,

"Olha isso!" e se transformou em um cachorro. Ele latiu três vezes, e a Sra. Norris deu
meia-volta e saiu correndo. Sirius voltou, rindo histericamente.

"Quem está aí?!" A voz de Filch ecoou na mesma esquina.

126
"Você atraiu ele agora!" Remus gemeu, "Seu idiota!"

"Corram!" James disse, e partiu a toda velocidade em direção à sala comunal, Peter


guinchando atrás dele. Remus tentou acompanhar, mas seu quadril não permitiu, e ele
logo ficou sem fôlego. Sirius ficou para trás com ele, para seu aborrecimento,

"Vai!" Ele ofegou, acenando com a mão para Sirius, "Eu posso me safar de algum
problema, mas você não vai, não fique para trás ..."

"Bobagem, Moony," disse Sirius, olhando em volta rapidamente. Seu rosto se


iluminou: "Aqui!" Sirius agarrou Remus pelo pulso e o puxou para um armário de
vassouras próximo, fechando a porta o mais silenciosamente possível.

"Perfeito." Remus sibilou, irritado, puxando sua mão de volta, "Agora, se formos


pegos, eles saberão que estávamos tramando alguma coisa."

"Ah, relaxa, hein?" Sirius retrucou, “O pior que vamos conseguir é uma


detenção. Você costumava receber um monte de detenções, você costumava
ser divertido.”

“Bem, sinto muito se minha ideia de diversão não envolve passar a noite toda presa em
um armário com você!” Remus sussurrou de volta, calorosamente. Estava escuro e ele
sabia que Sirius não podia vê-lo tão bem quanto Remus podia ver Sirius.

“Lumos!” Sirius sussurrou, acendendo a ponta da varinha e remexendo no bolso. Não


havia muito espaço, e ele continuou empurrando no quadril de Remus.

"O que você está fazendo agora!?" Remus retrucou, tentando se afastar o máximo
possível. Por que ele não podia ter acabado preso com James? Ou Peter? Peter teria
sido perfeito.

"Acalme as tetas" Sirius resmungou, "Eu tenho o mapa ... espere ... aha!" Ele retirou o
pergaminho em branco do bolso de trás e bateu nele com a varinha, "Eu juro
solenemente não fazer nada de bom ..."

127
Nada.

Sirius pigarreou, “Aham. Eu juro solenemente não fazer nada de bom... Moony, está
quebrado.”

“Ou isso é apenas um pedaço de pergaminho velho e outra pessoa está com o
mapa.” Remus sugeriu.

"Potter! Porra, eu vou matar ele. "

"Não, é bom." Remus disse, pensando rápido, “Se James estiver com ele, então ele
pode nos encontrar. Ou pelo menos ele pode saber onde estamos.”

“Oh, sim, suponho que você esteja certo. Acha que devemos esperar, então? "

"Bem, já que você nos encurralou, não acho que temos escolha."

Sirius suspirou pesadamente. Remus sentiu a respiração contra sua clavícula. Ele


tentou se afastar de novo, sentindo um aperto alarmante nas calças.

"Godric," Sirius bufou, "Qual é o seu problema?!"

"O que?!" Remus reagiu surpreso.

"Você tem tentando impedir essa pegadinha há muito tempo, evitando a mim e a
James desde o Natal..."

“Estive estudando e você tem o quadribol! Não temos mais 12 anos, não podemos
passar todo o tempo juntos.”

“Parece que você passa muito tempo com Evans.”

"Somos monitores juntos, ela me ajuda com poções."

"E o humor?"

128
"Que humor?"

"O seu! Você esteve rabugento o ano todo.”

Remus ficou bastante irritado por ser chamado de 'mal-humorado' pela rainha do
drama da Torre da Grifinória, mas ele segurou a língua. Não adiantava de nada entrar
em uma briga, não quando se estava tão perto que seus joelhos estavam batendo um
no outro.

"Não é nada. Estresse por causa dos exames.”

"Eu não acredito em você." Sirius disse, desafiadoramente. Sua varinha havia


apagado, mas ele estava olhando diretamente para Remus. Talvez ele pudesse ver no
escuro. Os cães podiam, não é? Seus olhos queimaram. "Algo está errado, Moony, me
diga."

"Nada está errado. Deixe isso pra lá, ok? "

"Ok." Sirius respondeu, sua voz mais suave agora, menos agressiva. “Ok, mas eu
gostaria que você me contasse. Você costumava me contar seus segredos.”

"Olha, este não é o momento." Remus sussurrou, fechando os olhos e virando a


cabeça. “Estamos prestes a ser pegos fora da cama e provavelmente pegaremos um
mês de detenções. Precisamos ficar quietos.”

Ele sentiu Sirius acenar com a cabeça, e eles não disseram mais nada.

Poderia inventar uma desculpa, Remus pensou, para seu humor. Se o estresse sobre as
provas não funcionou, talvez pudesse mencionar a guerra. Os marotos não haviam
discutido isso em detalhes, e isso estava na mente de Remus, então ele esperava que
fosse mais crível. Mas ele não queria relembrar Sirius, depois de tudo que ele já havia
passado. Ele havia considerado mencionar toda a perseguição de Snape - mas estava
igualmente preocupado com a reação de Sirius a isso. Ele estava se metendo em

129
problemas o suficiente, ultimamente, e Remus não queria que ninguém fosse atrás de
Severus por causa dele. Ele lidaria com isso sozinho.

Algumas noites, quando não conseguia dormir, Remus até cogitava sobre a
possibilidade de dizer que que tinha uma queda por Mary. Ele tinha certeza de que
Sirius seria compreensivo, e parecia uma saída fácil. Ou então ele poderia fingir que
Grant era uma menina e contar a eles tudo sobre isso. Mas decidiu não fazer isso e
sentiu-se culpado por ter tido a ideia. Era desonesto, na melhor das hipóteses, e
desrespeitoso na pior, mesmo que Grant nunca descobrisse.

Não havia nada a fazer a não ser esperar que passasse.

Deus, estava quente, espremido em um armário como aquele. Remus fez de tudo para
manter as costas pressionadas com força contra a parede. Quase não havia espaço; se
Sirius desse um passo à frente, eles estariam se tocando, e se - horror dos horrores -
eles entrassem em contato em qualquer lugar abaixo da cintura, ele descobriria que
Remus estava rígido como uma vara.

Era uma tortura.

"Moony?" Sirius sussurrou, tão baixinho que Remus pensou que ele poderia ter
imaginado. Mas ele estava olhando para ele, um olhar estranho em seu rosto, "Você
está-"

De repente, felizmente, a porta se abriu, revelando James sorrindo para eles, Wormtail
em seu ombro.

"Estão se divertindo, rapazes?"

Remus poderia tê-lo beijado.  

“Nosso herói,” ele sorriu fracamente.  

130
Capítulo 86: Quinto Ano: Doce Dezesseis

Terça-feira, 9 de março de 1976

Foi um milagre de proporções épicas que nenhum deles foi pego - e ainda mais
milagroso que sua pegadinha ocorreu sem problemas no dia seguinte, resultando em
uma manhã de folga enquanto Filch lidava com o fedor terrível. O resto das aulas
ocorreram ao ar livre, sob o sol do início da primavera, o que, para os marotos, foi
uma vitória.

Além disso, Sirius mal conseguiu conter sua alegria quando todos voltaram para suas
salas comunais naquela noite para encontrar um aviso fixado no quadro de cortiça
lembrando aos alunos que cães não estavam na lista de animais de estimação aceitos
em Hogwarts. Isso causou uma grande confusão entre o resto dos estudantes, é claro,

“Eu nunca vi um cachorro! Quem tem cachorro?”

"Se um dos sonserinos trouxer um cachorro, quero trazer meu coelho de casa!"

"Acho que vi um no terreno, na verdade - talvez seja um vira-lata?"

Desnecessário dizer que Sirius e James estavam com o melhor dos humores.

"Vou farejar ele pra fora!" Sirius anunciou,

"Aposto que ele está bem debaixo de nossos narizes!" James riu.

“Pode estar mais perto do que pensamos!”

Remus riu também, tentando mascarar seu desconforto. Sirius até agora não disse nada
sobre a meia hora naquele armário de vassouras. Remus só podia presumir que:

131
        a) Sirius não viu nada fora do comum e, na verdade, Remus estava mais uma vez
pensando demais nas coisas (provavelmente), ou;

        b) Sirius agora sabia tudo sobre Remus, seus desejos mais sombrios e segredos
mais profundos - e preferia não falar sobre isso porque a coisa toda era muito
embaraçosa (menos provável, mas mais assustadora).

De qualquer forma, Remus se dedicou a seus deveres escolares, a suas obrigações


como monitor e, no geral, a ser um aluno modelo. Isso pelo menos garantia que ele
estivesse fora do caminho de Sirius - Sirius evidentemente decidiu fazer o oposto.

Ele nunca foi exatamente o melhor em seguir regras, é claro. Mas até James admitiu
que neste ano Sirius parecia estar tentando quebrar algum tipo de recorde. Black
estava em detenção quase todas as noites, raramente concluía seu dever de casa
(embora pudesse fazê-lo com um braço amarrado nas costas, se quisesse) e dividia o
resto de seu tempo entre fazer travessuras e ver até onde poderia enfiar sua língua na
garganta de Mary MacDonald. Não que Mary parecesse se importar muito.

Estava tudo bem. Tudo do jeito que deveria ser.

Mas não era fácil. Assim como era um alívio em estar longe da única pessoa com
quem ele não conseguia ser sensato – também era muito angustiante ficar longe da
única pessoa com quem ele não conseguia ser racional. Marlene e Lily eram adoráveis
- gentis, engraçadas, inteligentes e generosas. Mas não eram um substituto para os
marotos.

Ele até tentou passar um pouco mais de tempo conversando com Christopher -
fazendo-lhe perguntas sobre sua casa ou sobre as músicas de que gostava. Foi pior do
que ele esperava. Christopher era um bruxo puro-sangue, que não conhecia nenhuma
música trouxa e não parecia interessado em ouvir nenhuma. Além disso, ele havia
percebido seu erro em estragar a surpresa de aniversário de Remus, e não parava de se
desculpar, o que era incrivelmente irritante.

132
Remus já havia prometido a James que ficaria surpreso quando a festa fosse revelada
em sua homenagem. Ele tentou dissuadi-los, é claro - mas ele vinha implorando por
moderação desde o primeiro ano e sabia que provavelmente não conseguiria.

“Não façam um alvoroço por minha causa!” Ele disse, no jantar do dia anterior, "Lily
vai enlouquecer..."

"Errado", disse James, presunçosamente, "Lily enviou metade dos convites!"

“Convites?!”

“Sim, tivemos muitos interessados. Consideramos cobrar a entrada, na


verdade.” Sirius explicou, os olhos brilhando sobre a mesa.

Remus olhou para sua comida, rapidamente. Havia decidido não fazer contato visual
com Sirius nunca mais. Não seria fácil, mas era o único jeito; disso ele estava
convencido.

"Sua pequena gangue da biblioteca queria vir," James continuou, "E eles não são
todos grifinórios, então tivemos que abrir para outras casas ... então há esse grupo
estranho do sétimo ano que disse que você é uma ‘lenda total', não tenho ideia do que
se trata, você tem uma vida dupla secreta ou algo assim, Moony?

Remus encolheu os ombros. Ele ainda tinha alguns alunos pedindo cigarros, embora
ele não os vendesse mais.  Normalmente não se importava em emprestar cigarros,
desde que eventualmente reembolsado.

"Bem, de qualquer maneira," James empurrou os óculos para cima do nariz, "Você
simplesmente tem fãs demais, Moony, e não podemos decepcioná-los, podemos?"

"Ok. Mas sem bebida.” Remus suspirou. "É uma noite no meio da semana."

***

Quarta-feira, 10 de março de 1976

133
Choveu na manhã do aniversário de Remus, mas ele não se importou. Ele acordou
com uma pilha de presentes dos Potters - todos os tipos de coisas adoráveis como
doces e um bolo de aniversário feito em casa, além de um caderno com capa de couro
e uma pena que combinavam. Haviam cartões de todos - incluindo um do Professor
Ferox, o que fez Remus corar dos pés à cabeça.

No café da manhã, os marotos conduziram quase toda a escola em uma versão de 'feliz
aniversário', que acabou chegando a cinco bis antes de Remus tentar rastejar para
debaixo da mesa para escapar. Os sonserinos franziram o cenho, o rosto de pedra
impassível, e em um surto de joie de vivre de aniversário, Remus realmente mostrou a
língua para Snape.

Os marotos, então, empilharam seu prato com uma fatia de torrada para cada
cobertura disponível e entregaram seus próprios presentes. Sirius e James estavam em
suas vestes de quadribol, prontos para um treino matinal antes das aulas.

“Realmente temos que ir, Potter?” Marlene choramingou, olhando para o teto


encantado que estava cinza e garoava.  

"Sim, se quisermos aquela taça." James afirmou, servindo a ela outra caneca de


café. "E relembrando, depois do último sinal, temos a ... você sabe o quê." Ele piscou
para Marlene tão elaboradamente que Remus quase caiu na gargalhada.

"Bem discreto, Potter." Marlene ergueu uma sobrancelha.

"Certo, eu tenho que ir para a biblioteca," Mary disse alegremente, saindo do colo de
Sirius, "Tenho que devolver aquele livro de Adivinhação antes que Pince mandem me
pendurarem e esquartejarem."

"Vejo você depois do quadribol?" Sirius perguntou, ainda segurando Mary pelos


quadris.

"Nah," ela balançou a cabeça, os cachos saltando, "Estou muito atrasada em História,


pensei em aparecer em uma das aulas de Remus."

134
“Sessões de estudo.” Remus corrigiu, rapidamente, com cuidado para não olhar para o
casal por muito tempo.

"Como quiser, Professor Lupin," ela sorriu para ele descaradamente.

"Ei," Sirius puxou-a para chamar a atenção dela, "Achei que você fosse se sentar nas
arquibancadas de quadribol e fazer sua lição de casa?"

"Bem, eu disse que poderia," Mary se contorceu, "mas está congelando hoje e Remus
é muito bom em explicar..."

"Ta bem." Sirius disse, com raiva, jogando o cabelo para fora e cruzando os
braços. "Faça o que quiser, não me importo."

‘’Ei, não comece com isso Sr. Black." Mary franziu a testa, "Você vai perder, isso eu
prometo."

Sirius não ergueu os olhos. Mary colocou a mão no quadril, "Me dê um beijo de


despedida, então?"

Sirius não se moveu. O rosto de Mary ficou sombrio. "Ok." Ela respondeu, com uma
pequena batida de pé. "Eu vou te ver quando eu bem quiser então." E saiu marchando.

Todos os outros na mesa olharam ao redor sem jeito, e agora Remus não era o único
evitando o olhar de Sirius. Felizmente, Sirius estava, pela primeira vez, em sintonia
com os sentimentos dos outros e se levantou.

"Vejo você no campo." Ele murmurou para James enquanto saía do salão, robes
vermelhos balançando atrás dele.

"Bem." Marlene disse: “Mal posso esperar para ouvir sobre isso nas próximas duas
semanas. Espero que eles façam as pazes em breve.”

Todos na mesa concordaram.

135
***

“A questão é,” Mary disse a Remus mais tarde naquela noite, enquanto pintava as
unhas em um tom escuro e perverso de vermelho, “Sirius e eu simplesmente temos
personalidades de fogo, sabe? Na Witch Weekly, isso significa que nosso
relacionamento tem muita paixão.”

"Mm." Remus respondeu, tentando se desligar, enquanto propositalmente começava a


desenhar linhas em seu mapa astronômico.

“E obviamente, paixão é muito bom, em um relacionamento,” ela continuou,


assoprando as unhas. "Quer dizer ... é muito bom, esse lado das coisas." Ela sorriu
para si mesma, daquele jeito horrível, presunçoso, satisfeito e feliz que ela sempre
fazia quando falava sobre Sirius. “Mas ele precisa aprender que eu tenho
minha própria vida, sabe? Quero dizer, estamos nos anos setenta!”

"É, ótimo." Remus acenou com a cabeça, sem olhar para cima.

"Remus?" Christopher apareceu ao seu lado, “Você está fazendo um mapa


astronômico? Posso assistir?”

"Eu realmente não sou muito bom em Astronomia, Chris," Remus respondeu,
tentando se concentrar em suas falas, "É melhor se você apenas ler o livro -"

"Ah não, aposto que você é ótimo!"

"Eu sou realmente n-"

"Remus?" Mary disse, inclinando-se sobre a mesa, sacudindo seu pincel e espalhando


uma minúscula gota de esmalte vermelho em seu pergaminho: “Você está me
ouvindo? Eu perguntei se você sabe por que Sirius- "

"Lupin, Lupin!" Um terceiranista saiu correndo do buraco do retrato, "Perdi suas


anotações sobre unicórnios, realmente sinto muito, mas-"

136
"Olá, Lupin, posso pegar um cigarro?" Um sextanista apareceu.

Remus franziu o rosto. Uma dor começou atrás de seus olhos.

“Só - todos podem ficar quietos?!” Ele disse, muito mais bruscamente do que
pretendia. Ele olhou para cima e viu todos olhando para ele, olhos ligeiramente
arregalados. "Er ... estou com dor de cabeça, vou deitar." Ele levantou.

"Oooh!" Mary disse, levantando-se também: “Você não pode! Desculpe, Remus, mas


os rapazes estão lá planejando ... er ... quero dizer, fazer ... er ... quero dizer ... - ela
mordeu o lábio. "Eu deveria te manter aqui ..."

Remus respirou fundo.

"Está bem. Eu vou para a ala hospitalar, então.”

Recusou todas as ofertas para acompanharem ele, apressando-se o mais rápido


possível, o crânio latejando intesamente a cada passo. Não adiantava, ele teria que
começar a ser rude com as pessoas - pelo bem de sua própria sanidade, se nada
mais. Desde quando ele se tornou o melhor amigo de todos, afinal? Ele não era apenas
o mesmo pirralho magricela e mal-humorado que sempre fora?

O silêncio frio da enfermaria era tão reconfortante que Remus poderia começar a
chorar. Por mais que ele normalmente se sentisse em casa no brilho vermelho e quente
da sala comunal da Grifinória, era nos tons de cinza suaves da ala hospitalar que
Remus se sentiu pela primeira vez verdadeiramente em paz em Hogwarts. Ele ficou lá
curtindo por um momento, os olhos fechados. Se pudesse, ficaria aqui a noite toda.

"Olá, Remus querido," Madame Pomfrey sorriu, saindo de seu escritório, "Está tudo
bem?"

"Eu er ..."

137
Ah não. Ele realmente iria chorar. Ele engoliu em seco, desamparado, e levou o punho
à testa.

"Remus?" A enfermeira veio um pouco mais rápido, sua testa franzida de


preocupação. Ela ainda era um pouco mais alta do que ele, mas eles estavam cara a
cara, praticamente.

"Desculpe," ele engasgou, sua voz tensa e estranha enquanto lutava contra as lágrimas,
"Eu ... estou com dor de cabeça."

"Sente-se," Madame Pomfrey disse gentilmente, apontando para a poltrona mais


próxima, ao lado de uma cama desocupada. "Eu tenho a coisa certa."

Ela convocou um pequeno frasco de estanho de seu escritório. Ele voou para a palma
de sua mão e ela o desarrolhou e deu a ele. “Tome dois bons goles disso - não se
preocupe, é bom e doce.” Seus olhos brilharam um pouco.

Remus engoliu a poção e sentiu toda a tensão e dor deixar seu pescoço e cabeça de
uma vez, como água lavando.

“Obrigado,” ele abaixou a cabeça, sua voz ainda estava grossa. "Desculpe. Exagerei


um pouco.”

“Querido,” Madame Pomfrey cacarejou, “Eu te conheço há cinco anos, e nenhuma


vez você exagerou. Tem certeza de que está bem?”

"Sim, melhor agora, obrigado."

"Quero dizer ... no geral?" Ela pressionou: "Ouvi dizer que você tem acendido a vela
pelas duas pontas - passando muitas horas na biblioteca - e tem seus deveres como
monitor e sua ... bem, sua saúde."

“Estou bem,” Remus esfregou os olhos ferozmente. "De verdade. Apenas ... talvez


apenas cansado. Vou para a cama agora.”

138
“Feliz aniversário, Remus,” a medibruxa disse, enquanto se levantava para sair.

"Obrigado." Ele acenou com a cabeça, educadamente. Mas então ela fez algo muito
estranho. Ela estendeu a mão e o abraçou. Com muita força e não por muito
tempo. Foi lindo.

"Se cuide." Ela disse, quando ele saiu.

Ele voltou devagar e desejou ter uma capa de invisibilidade própria. Ajudaria muito se
não tivesse que lidar com Severus o seguindo, ou ter que terminar uma partida de
azarações entre dois primeiranistas ineptos. Quando ele finalmente alcançou o buraco
do retrato na Torre da Grifinória, ele realmente queria dormir cedo. Mas, claro, os
marotos tinham outros planos.

“FELIZ ANIVERSÁRIO REMUS!” A sala comunal inteira explodiu, assim que ele
apareceu.

Eles haviam feito um trabalho incrível. Haviam fitas penduradas em cada viga, retrato
e decorações - e confetes generosamente espalhados sobre todo o resto. Alunos e
amigos de Remus de todas as casas e anos sorriram de volta para ele, um bando de
fadas de verdade flutuando sobre suas cabeças. As mesas estavam repletas de
sanduíches, bolos, pastéis e salgadinhos, além de uma enorme tigela de ponche de
aparência muito suspeita.

Ele sorriu o mais amplamente que pôde ao entrar na sala,

"Meu Deus!" Ele disse, esperando estar fazendo uma boa cara de 'surpresa', "Vocês
são loucos!"

Eles riram e ansiosamente o conduziram para a sala, onde ele se viu cercado por
aplausos e tapinhas nas costas e votos de aniversário. O toca-discos começou a tocar, e
a festa de dezesseis anos de Remus começou para valer.

139
"Acho que está maior do que a festa de Sirius," disse James, entregando a Remus um
copo do ponche de aparência arroxeada, "Mas não diga a ele que eu disse isso."

“Não sei por que todas essas pessoas estão aqui ...” Remus respondeu, olhando ao
redor surpreso. Todos de cada uma de suas classes; seu grupo de estudo - algumas
pessoas com quem ele havia falado apenas algumas vezes antes.

“Porque você é Moony, obviamente. O rosto aceitável dos marotos.” James o


cutucou. "Uau, olhe para Evans ..."

Lily estava linda, em uma minissaia marrom e sandálias de cunha alta. Ela estava
dançando com Marlene e Mary em um pequeno grupo de três, rindo e levantando as
mãos acima da cabeça.

"Por favor, me diga que alguém confiscou sua vassoura esta noite." Remus disse para
James, que riu bem-humorado.

“Não se preocupe, não estou planejando ficar bêbado de novo tão cedo. Vou tentar me


fazer de difícil esta noite.”

"Ela vai gostar disso." Remus respondeu.

Ele examinou a sala em busca de Sirius, que parecia estar desaparecido. Lá estava
Peter, aninhado em uma poltrona com Desdêmona. Lá estava Christopher, tendo uma
conversa muito séria com uma garota do terceiro ano da Corvinal, ocasionalmente
erguendo os olhos para sorrir para Remus. O resto do time de quadribol da Grifinória
estava amontoado em torno do ponche, desafiando um ao outro a beber shots cada vez
mais fortes. Nada de Sirius.

James deve ter visto ele olhando.

"Ele está deprimido em algum lugar, por causa de Mary." Ele explicou: “Eu disse que
se ele não fosse se animar, era melhor não descer e acabar com a animação de todo
mundo. Eu levei alguns drinques para ele, mas não está funcionando.”

140
"Oh, certo. Ainda não fizeram as pazes, então?” Remus observou Mary, ainda
dançando, chamando a atenção de quase todos os garotos no salão.

“Parece que não. Achei que se eu fosse mais firme talvez ajudasse, mas não sou tão
bom nisso quanto você. Então ele está emburrado. Mas não ligue para ele, Moony,
aproveite sua festa! "

Ele tentou. O bolo que a Sra. Potter mandou era glorioso - chocolate saboroso com
glacê branco e granulado colorido. As velas foram encantadas para queimar a noite
toda sem pingar cera, e só se apagaram por alguns instantes depois que Remus as
soprou. Ele não dançou, embora Marlene e Lily tenham tentado arrastá-lo algumas
vezes, mas ele se misturou, agradecendo as pessoas por terem vindo e tendo uma boa
conversa com os alunos do sétimo ano sobre quais NIEMs fazer.

“Você deveria ser professor.” Um deles disse, o que Remus achou muito gentil, mas
completamente insano.

Devia ser quase meia-noite quando ele deu um tapinha no bolso de trás em busca do
maço de cigarros e descobriu que haviam sumido. Suspirando, ele pensou em deixar
pra lá - mas ele tinha bebido o suficiente agora, e realmente queria fumar mais do que
qualquer coisa. Ainda havia uma caixa no fundo de seu baú, se Sirius não os tivesse
roubado. Ele decidiu ir e olhar.

No meio da escada, ele esbarrou em James novamente.

"Desculpe, Moony," o garoto de cabelo preto disse, parecendo um pouco bêbado e um


pouco irritado. "Ele está descendo, agora."

Remus olhou por cima do ombro de James para ver um Sirius carrancudo seguindo-o
escada abaixo.

"Não vai para a cama, vai?" Perguntou James.

"Não," Remus balançou a cabeça, quase ficando mudo, "Cigarros."

141
"Péssimo hábito." James disse com um sorriso torto. Ele olhou por cima do ombro,
"Vamos então, Black."

"Só um segundo," Sirius disse, olhando para Remus, "Eu só quero dizer feliz
aniversário para Moony."

"Tudo bem, mas se apresse." James disse, balbuciando, "Remus, diga a ele para
engolir seu orgulho estúpido e maldito, descer lá e beijar Mary, hein?"

“Ok, Prongs.”

James empurrou a porta e, por alguns segundos, luz e ruído invadiram a escada, antes
de silenciar novamente quando ele a fechou atrás de si. Sirius e Remus estavam
sozinhos.

"Feliz aniversário, Moony." Sirius disse, descendo alguns degraus para ficar no


mesmo nível de Remus.

"Valeu," Remus sorriu, tão casualmente quanto pôde. "Você er ... você está bem?"

"Sim, tá tudo bem." Sirius disse, embora fosse claramente uma mentira. Ele estava
brincando com um copo vazio. "Desculpe se eu estraguei sua festa."

"Você não estragou. Está ótima.”

"Que bom."

Silêncio. Sirius olhou para baixo e depois para Remus novamente. "James acha que
preciso ir e fazer as pazes com Mary."

"É provavelmente uma boa ideia."

"Você acha?"

"Bem, sim?" Remus estava confuso. “Você ... hum. Você gosta da Mary, eu pensei.”

142
Sirius deu de ombros, olhando para Remus novamente, os olhos azuis escuros,
salpicados de prata gélida e afiada. Seus lábios estavam brilhantes e vermelhos de
tanto beber, e ele tinha aquele olhar ligeiramente petulante que tinha quando não
estava sorrindo. Remus quase quis desviar o olhar, ele era tão lindo. Não poderia estar
certo, olhando um para o outro assim. Não poderia terminar bem.

"Eu gosto da Mary." Sirius disse, inclinando-se levemente para frente. Remus podia


sentir sua respiração em sua pele.

“Então vai lá e beija ela, seu idiota.” Remus disse, apressado, tentando dar um passo
para trás, mas batendo contra a parede atrás dele. Realmente era uma escada
estupidamente estreita – era uma situação muito parecida com o armário de vassouras.

"Eu vou," Sirius disse, mordendo o lábio levemente. Oh Deus, Remus pensou. "Eu
vou em um minuto."

Remus engoliu em seco.

"Você já beijou alguém, Remus?"

"Não, você sabe que não." A mentira veio facilmente agora.

Sirius acenou com a cabeça, olhando para ele novamente, aquele olhar avançado e
conhecedor.

"Não é tão assustador quanto você pensa." Sirius disse.

Remus não aguentou.

Ele pode nunca saber o que aconteceu com ele naquele momento. Era tudo demais e
ele agarrou a nuca do outro garoto e o puxou para frente, pressionando seus lábios
com força contra os de Sirius. Foi assustador - e incrível. Ainda mais quando Sirius
começou a beijá-lo de volta, abrindo os lábios e permitindo que Remus deslizasse sua
língua dentro. Foi tudo ao mesmo tempo surpreendente, incrível e familiar. Ele não

143
conseguia pensar – era como se todos os neurotransmissores em seu cérebro tivessem
entrado em curto-circuito ao mesmo tempo, estalando e chiando; enviando
faíscas. Sim, foi o único pensamento coerente que ele teve; sim sim sim sim.

Eles voltaram a si ao mesmo tempo, ambos se afastando. Remus puxou sua mão de


volta, Sirius olhou para ele com os olhos arregalados. Remus desviou o olhar primeiro.

"É melhor eu-" Sirius começou a voltar para a sala comunal,

“Sim, eu só estava ...” Remus recuou, subindo as escadas.

Sirius desapareceu de volta para a festa e Remus exalou profundamente, sentindo que
poderia afundar no chão. Ele passou os dedos pelos cabelos e limpou a boca. Ele
esfregou os olhos e lutou contra a vontade de socar a parede. Ele estava de
brincadeira?! Sirius pensaria que estava completamente louco - ou pior. Nunca havia
feito nada parecido antes. Talvez ele estivesse louco.

Tinha que pedir desculpas. Tinha que consertar, antes que Sirius contasse a James -
antes que todos soubessem.

Remus ajeitou a camisa e desceu as escadas, na esperança de alcançar Sirius para se


desculpar - explicar de alguma forma. Ele voltou a entrar na sala comunal, ainda
vibrante com luz e música, e viu algo que o fez parar. Ele se encolheu, incapaz de
desviar o olhar.

Sirius estava beijando Mary.

Ele a empurrou contra a lareira de mármore, e parecia que ela estava empurrando
contra ele com igual ferocidade, seus corpos pressionados juntos, cabeças
balançando. Os braços dela estavam pendurados ao redor do pescoço dele, os dedos
finos e escuros enrolando em seu cabelo. Todos aplaudiram e gritaram alegremente.

Remus girou nos calcanhares e marchou direto de volta para a torre. Ele ignorou
James e Peter, que planejavam ir para a cozinha em busca de mais

144
suprimentos. Apenas balançou a cabeça, mudo, e continuou subindo as escadas para o
quarto. Ele fechou as cortinas em volta da cama e se deitou, sentindo-se estranho.

Ele cobriu o rosto com os braços e pensou nos dois juntos. Ele pensou nos olhos de
Sirius e na curva dos quadris de Mary até cair em um sono profundo.

145
Capítulo 86.2: Sirius, 1976

"Qual é, cara, é o aniversário do Moony. É só descer e pedir desculpas pra ela, aí todo
mundo fica de boa e a gente aproveita a festa." Disse James. "De qualquer jeito, é uma
briga boba."

"Sim, eu sei." Sirius resmungou. James era sempre tão legal, mesmo quando Sirius
estava sendo infantil. Mary nunca deixava que saísse impune quando agia desse jeito,
o que o irritava ainda mais. Ele sabia que estava errado, de qualquer maneira.

"Então você vai descer?" James disse, levantando-se da cama e indo em direção à
porta.

"Acho que vou ..." Sirius odiava perder uma festa, mas estava se sentindo bem
estúpido por ter exagerado na briga. Ele nem esteve lá para a "surpresa”, que era sua
parte favorita, e tinha sido ele quem dera a ideia em primeiro lugar. Melhor compensar
Moony de alguma maneira.

"Vamos, Pads," James o persuadiu a sair da porta, "Eu não vou trazer mais nenhuma
bebida aqui."

"Tá," Sirius se levantou também.

"Bom garoto", James deu um tapinha nas costas dele, então se dirigiu para as escadas.

No meio da passagem escura, eles encontraram Remus. James foi em frente, mas
Sirius aproveitou a oportunidade para se desculpar em particular. Era tão difícil
encontrar Moony sozinho ultimamente; ele havia se tornado tão popular.

Sirius sentia um pouco de falta dele. Costumava sentir como se Remus pertencesse a
ele, de certa forma – não de um jeito possessivo e esquisito – mas ele sentia que tinha

146
a confiança de Remus, pelo menos. Este ano, Moony havia se afastado um pouco e
Sirius não tinha certeza se tinha feito alguma coisa.

"Feliz aniversário, Moony." Ele disse, tentando soar alegre.

Ele desceu um pouco as escadas, para que eles ficassem cara a cara, e Remus pudesse
ver que Sirius realmente lamentava o que aconteceu.

"Valeu," Remus sorriu para ele. Sirius se perguntou o quão bêbado ele estava - Moony
conseguia virar copos como se fossem água, enquanto o próprio Sirius era meio fraco
para bebida. "Você er... você está bem?"

Só ele mesmo para ser gentil, e pensar primeiro nos outros. Mesmo que fosse seu
maldito aniversário. O sentimento de culpa ameaçou dominar Sirius.

"Sim, tá tudo bem." Ele disse, sinceramente. "Desculpe se eu estraguei sua festa."

"Você não estragou. Está ótima.”

"Que bom."

A frase pairou no ar por um tempo. Sirius olhou para baixo e depois para Remus
novamente. Por que as coisas estavam tão estranhas entre os dois ultimamente? Os
dois costumavam se dar tão bem quanto ele e James, mas algo mudou, e Sirius ainda
não conseguia entender o que era.

Remus colocara uma distância estranha entre eles, tão silenciosa e tão imóvel que
parecia praticamente física. Isso o deixava inquieto e agitado, como se estivesse
perdendo algo que queria. Embora, talvez, fosse apenas a briga com Mary.

"James acha que preciso ir e fazer as pazes com Mary."

"É provavelmente uma boa ideia." Remus sempre dizia a coisa certa; você podia
confiar em Moony. Ele nem sempre seria gentil sobre, como James, mas, de alguma

147
forma, Sirius não se importava em tomar um sermão de Moony – ele parecia saber
muito mais sobre o mundo.

"Você acha?"

"Bem...sim? “Você ... hum. Você gosta da Mary, eu pensei.”

Exato - Moony era tão bom em resumir um problema aos seus componentes mais
simples. Se você gosta de alguém, você se desculpa quando a chateia. Obviamente.

Remus o estava observando cuidadosamente - ele estava sempre prestando atenção,


observando tudo. Provavelmente por isso era tão inteligente. Sirius encontrou seus
olhos. Fora o mais próximo que estiveram desde aquela noite no armário. Moony
ainda estava bravo com isso? Sirius achou que era engraçado na hora, algo pelo qual
daria boa risada - mas Moony estava tão sensível ultimamente, quem saberia o que ele
estava pensando? James achava que era tudo por causa de garotas; Moony nunca foi
de falar sobre coisas pessoais, e James achava que ele gostava de uma das garotas e
era tímido demais para dizer qualquer coisa.

Se fosse esse o caso, Sirius gostaria que Remus confiasse nele - ele sabia uma coisa ou
duas sobre garotas, afinal. Ele poderia ajudar. Um arrepio de excitação percorreu seu
corpo ao pensar nisso - ser o único que pudesse ajudar Moony.

"Eu gosto da Mary." Ele disse, inclinando-se ansiosamente. Remus tinha bebido um
pouco, talvez ele relaxasse e se abrisse se Sirius apenas dissesse as coisas certas.

“Então vai lá e beije ela, seu idiota.” Remus respondeu. Sempre com óbvia
simplicidade.

Sirius não tinha ideia do por que Remus era tímido com garotas, todo seu maldito jeito
era tão charmoso.

"Eu vou," Sirius disse, "Eu vou em um minuto." Decidiu ir em frente - resolver isso de
uma vez por todas. "Você já beijou alguém, Remus?" Ele perguntou, casualmente.

148
"Não, você sabe que não." Remus revirou os olhos.

Ah há, Sirius pensou, ele estava tentando agir como se estivesse desinteressado, mas
claramente havia algo acontecendo.

"Não é tão assustador quanto você pensa." Sirius disse, tentando ser encorajador.

De repente, Remus o olhava de forma estranha, com uma intensidade magnética -


como se ele estivesse prestes a dizer algo incrível; algo revelador, e era apenas para
ele, apenas para Sirius.

O ar ficou mais espesso e Remus o agarrou, puxando seus corpos juntos, e ah porra,
eles estavam se beijando! Moony o estava beijando, e ... parecia fazer sentido. Como
se estivesse destinado a acontecer. Era como se ele estivesse esperando por isso; mas
simplesmente não sabia ainda.

Estava tudo tão bom, e Sirius se inclinou ansiosamente, sem poder para resistir. Ele
colocou as mãos nos quadris de Remus, porque era isso que sempre fazia quando
estava beijando Mary, e então ... "Toujours pur, Sirius!" um grito terrível soou dentro
de sua cabeça, e ele se afastou imediatamente, horrorizado.

Remus piscou para ele, parecendo tão chocado quanto, e foi isso, o feitiço havia sido
quebrado. Ambos resmungaram algo sem sentido um para o outro e partiram em
direções opostas. Sirius desceu para a festa, sentindo-se quente, confuso e
envergonhado.

Black tropeçou na sala comunal, o coração disparado. Só tinha bebido alguns


drinques, mas estava com a cabeça leve agora, e o barulho não ajudava. Ele piscou,
procurando por James - sempre procurava por James quando algo grande acontecia, e
isso era grande pra caralho - Mary apareceu do nada,

"Aí está você!" Ela disse, com as mãos na cintura. Merlin, ela era deslumbrante. Uma
visão em lantejoulas douradas e turquesa, o vestido tão justo que exibia todas as belas
curvas.

149
“Aqui estou eu,” ele murmurou em resposta, momentaneamente encantado.

"Potter disse que você tinha algo para me falar?" Ela ergueu as sobrancelhas em
expectativa.

"Desculpa!" Ele deixou escapar.

Os lábios dela se curvaram em um sorriso e alívio o inundou. Ela jogou os braços em


volta do pescoço dele, e ele a agarrou com força pelas costas, grato por ter alguém em
seus braços. Bom. Isso era normal.

"Esse é meu garoto ", ela sussurrou timidamente, puxando-o para um beijo,
acariciando seu cabelo suavemente.

Ele a beijou de volta, com força, e forçou todo o resto para o fundo de sua mente.

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Capítulo 87 : Quinto ano: Manhã Seguinte

Quinta-feira 11 de março 1976

Olá, Grant.

E aí, Remus.

Como vai você?

Como eu vou? Como vai você, bobinho; é você quem está tendo uma conversa
imaginária comigo.

Sim, desculpe por isso.

Tudo bem, não estou ocupado. Eu nem sou real.

Você é real, eu só não consigo falar com você na vida real. Eu nem sei onde você está.

Não posso fazer nada sobre isso. E aí?

Eu beijei Sirius.

Puta merda.

O que devo fazer?

Como eu deveria saber? Eu não disse para você não fazer isso?

Sim, mas. Ele me beijou de volta. Por um minuto, pelo menos.

Tem certeza que apenas não imaginou isso?

Sim...

151
Remus desistiu naquele momento. Mesmo acordado, continuou deitado na cama desde
– pelo menos - cinco da manhã, alternando entre entrar em pânico e explodir de
alegria. Ele tinha que estar louco. Maluco. Sem juízo. Completamente perdido. Ele
pensou que falar com outra pessoa poderia ajudar - mas com quem ele poderia falar
tão cedo? Especialmente quando se tratava de um segredo que poderia muito bem
fazer com que fosse expulso, pelo que Remus sabia.

Incapaz de encontrar uma solução conversando com uma pessoa imaginária (ou pelo
menos uma versão imaginária de uma pessoa real), ele voltou à sua diversão anterior,
que era um pouco menos construtiva - tentando reviver os três minutos da noite
anterior, quando estava na escada com Sirius, sem reviver a parte em que os dois
fugiram um do outro.

Estava arrependido? Era muito cedo para saber. Por um lado, Remus podia muito bem
ter arruinado a melhor amizade que tinha – ou teve. Por outro lado, foi um beijo bom
pra cacete.

Na experiência limitada de Remus, fazia sentido pensar que, mesmo se você gostasse
insanamente de alguém, isso não significava que, quando finalmente se beijassem,
seria tão bom quanto imaginava. E Remus sabia que, às vezes, tinha uma imaginação
muito vívida - mas Sirius era Sirius. Não havia nada decepcionante sobre isso. Na
verdade, tinha sido perfeito.

Contanto que fingisse que a última parte não aconteceu.

Sufocando um gemido, ele se repreendeu e tentou pensar racionalmente. Pense como


uma redação. Exponha todos os fatos e apresente seu argumento.

Então, os fatos:

     a. Remus Lupin tinha beijado Sirius Black nos lábios.

152
     b. Sirius Black não lhe deu soco imediatamente.

     c. Sirius Black tinha beijado Remus Lupin de volta (apesar do que Grant imaginário
tinha a dizer)

     d. Sirius Black também beijou Mary MacDonald imediatamente depois, e com


considerável vigor.

     e. Sirius Black não tinha voltado para a cama.

Merda! Merda, droga, merda!

Remus saiu da cama, não adiantava ficar deitado, virando de um lado para o outro. Ele
tinha que sair da torre. A cama de Sirius estava vazia à sua esquerda. Se ele não estava
lá, provavelmente estava na sala comunal. Por precaução, Remus pegou a capa de
James.

Ele era bom em ficar quieto e se mover sem fazer barulho, mas não precisava se
preocupar. Sirius estava morto para o mundo - deitado no sofá, a cabeça jogada para
trás, a linha perfeita de sua mandíbula exposta. Mary estava enrolada contra seu peito,
uma colcha de retalhos jogada sobre os dois. Remus passou correndo, querendo ir para
o mais longe possível.

O banheiro dos monitores era provavelmente uma das partes mais estranhas do
castelo. Remus pensou que os alunos mais velhos estavam zoando com a cara dele
quando, no trem em setembro, lhe deram a senha. Ele fora uma vez, apenas uma vez,
no primeiro semestre, mas não havia conseguido nem ao menos pensar em realmente
remover todas as suas roupas em uma sala tão grande e aberta. E se alguém entrasse?

No entanto, naquela manhã em particular, era o único lugar em que ele tinha certeza
de que não seria encontrado - mesmo que os marotos decidissem usar o mapa; eles não
poderiam vir e encontrá-lo sem a senha.

153
Ele chegou ao quarto andar e sussurrou “completamente limpo” na entrada antes de
entrar. Ninguém estava lá; era muito cedo. Ele sempre se perguntava se havia algum
tipo de mecanismo para impedir que alguém entrasse enquanto você estava no banho -
ele não tinha visto nenhuma evidência disso e optar pela opção mais segura.

Tirando a roupa e ficando apenas de boxer e regata, Remus abriu a torneira e bombeou
um monte de bolhas na banheira do tamanho de uma piscina olímpica antes de
deslizar para dentro, ainda de cueca. O banheiro era um dos cômodos mais bonitos do
castelo, Remus reconheceu. Tudo era mármore branco limpo e torneiras douradas
cintilantes. Os vitrais retratavam uma série de lindas criaturas marinhas
cintilantes. Um cheiro adorável de tangerina estava subindo dos grandes montes de
espuma branca, e Remus finalmente começou a relaxar.

Ele nunca aprendera a nadar - os meninos de St. Edmund tinham aulas gratuitas nas
piscinas locais, mas a Diretora não o deixava ir. Ele não se importou - não queria que
os outros meninos vissem suas cicatrizes. Mas agora que estava mais velho, pensou
que gostaria de aprender. Sirius uma vez havia falado sobre férias em família no sul da
França, onde o mar era quente o suficiente para se banhar. Remus não conseguia
imaginar isso. O único mar que ele já havia visto foi em Southend - e uma vez em
Margate. Era muito frio, de uma cor verde-acinzentada suja. Não o azul cristal que
Sirius havia descrito.

Ainda assim, Remus sabia flutuar. Ele se deitou de costas e olhou para o teto abobado.

Se divertindo?

Na verdade, não.

Então, se ele retribuiu o beijo e depois saiu correndo e beijou Mary, onde isso deixa
as coisas?

Eu não sei, não é?! É por isso que você deveria me ajudar a descobrir!

Tudo bem, tudo bem, acalme suas tetas.

154
Você não diz isso. Sirius diz isso.

Olha, estou fazendo o meu melhor. Já te falei, nem sou real.

Talvez eu beije muito mal.

Talvez.

O Grant real é muito mais legal do que você, sabe.

Sim, de quem é a culpa? É você quem está falando sozinho, seu maluco. Encontre


alguém real para conversar.

Remus suspirou, carrancudo. Você poderia beijar mal e não saber


disso? Provavelmente. Ele não tinha experiência suficiente para saber. Não parecia que
tinha sido ruim – pareceu que eles se encaixaram.

Ele me beijou de volta.

Remus sabia, no fundo, que não tinha nada a ver com como ele fez. E sim, o fato de
ele ter feito.

Ele sabia - mas não estava pronto para lidar com isso ainda. Nem mesmo com uma
pessoa imaginária. Se fosse ser totalmente sincero, Remus sabia que Sirius tinha todo
o direito de fugir - ficar chocado, confuso ou até assustado. E havia um tipo louco de
lógica Sirius Black, por trás de beijar a primeira garota que ele conseguiu encontrar,
logo depois de algo assim.

Mais uma vez, Remus foi confrontado com a imagem de Sirius pressionando Mary
contra a lareira, aquelas mãos na cintura dela que estiveram na cintura dele apenas
momentos antes ... e, involuntariamente, esqueceu-se de se manter flutuando.

Gaguejando e sufocando enquanto afundava, Remus voltou à superfície e voltou a


tossir, a espuma laranja espalhando-se por toda parte.

155
"Remus, é você?!" A voz de uma garota ecoou pelo chão do banheiro.

Ele lutou para tirar o cabelo do rosto, piscando, e identificou o contorno borrado de
Lily Evans em um roupão acolchoado rosa. Remus esfregou os olhos com força, seus
pés encontrando o chão, e desengasgou,

"Oi, Lily."

“Cristo, você está bem? Achei que teria que mergulhar e te salvar!”

“Perdi o equilíbrio.”

“Eu não posso acreditar que você me ganhou no banho, pensei que seria a primeira a
acordar. Estou com uma dor de cabeça terrível.” Lily esfregou a testa com uma
expressão de dor.

"Sim, a ressaca tá forte," Remus respondeu, embora se sentisse bem. "Eu já estava


saindo ... er ... você se importa em se virar?"

"Oh está bem, desculpa!" Lily sorriu, virando as costas.

Remus se moveu para o lado e se levantou da água quente com alguma relutância. Se
sentiu bobo e infantil, pedindo a ela para não olhar - James ou Sirius provavelmente
não se importariam. Pegando uma toalha, a enrolou em torno de si mesmo, sobre os
ombros, ao invés de em volta da cintura. Isso não era exatamente viril, mas ele não
precisava de Evans lhe questionando sobre suas cicatrizes além de todo o resto.

"Ok." Ele disse, correndo para um cubículo de troca.

Ele ouviu Lily abrir as torneiras novamente, e um cheiro doce de lavanda encheu a
sala enquanto ele se secava e colocava o uniforme.

"Então, para onde você foi na noite passada?" Lily chamou, acima do barulho da água
corrente, “A festa deve ter ido até, pelo menos, umas duas da mnhã. Potter estava tão
bêbado."

156
"Devo ter ficado um pouco bêbado," Remus respondeu, "Fui para a cama à meia-
noite."

“Fraco!” Lily brincou. Ele ouviu as torneiras sendo fechadas e um leve respingo


quando ela entrou no banho. "Mesmo assim," ela continuou, "pelo menos Sirius e
Mary se reconciliaram, hein?"

"Sim, sorte a nossa." Ele respondeu, uniformemente, saindo de sua baia.

Lily estava balançando na outra extremidade da piscina, seu cabelo ruivo preso no
topo de sua cabeça, rodeada por um mar de espuma roxa. Ela sorriu para ele.

"Biblioteca." Ele disse, sentindo-se estranho, totalmente vestido no banheiro quente e


úmido.

“Claro,” ela riu e brincou, “Onde mais iria? Oh, você viu aquele aviso na sala
comunal? "

"Não", ele balançou a cabeça. Ele não tinha olhado para nada além de Sirius na sala
comunal.

‘’A data das reuniões sobre carreiras com McGonagall - meados de abril.”

"Ah, ótimo," Remus sentiu seus membros ficarem pesados, "Obrigado."

Foi um alívio sair do banheiro quente e, em vez da biblioteca, Remus decidiu sair um
pouco. Para as estufas e ao redor, talvez. Às vezes haviam alguns lufanos por lá
vendendo maconha e, embora fosse dia de semana e ainda não tivesse tomado café da
manhã, parecia uma ideia muito boa.

Isso é tudo culpa sua, você sabe.

Como assim?

Se você não tivesse me beijado no verão passado, eu ainda seria ...

157
Perdido? Confuso?  

Normal.

Isso é uma maldita duma’ mentira e você sabe disso. Querer transar é a única coisa
normal em você.

Justo.

Você está feliz por eu ter te beijado. Você amou cada minuto.

...Sim.

Você só está irritado porque Sirius não reagiu da maneira que você reagiu.

...Sim…

A questão é - por que diabos você esperaria que Sirius agisse como você?

Por que, de fato.

Esse foi o primeiro conselho útil que o Grant imaginário deu, e Remus se agarrou a
ele. Sirius faria o que Sirius precisava fazer. Não cabia a Remus decidir. Se
parabenizou por ser muito maduro em relação a tudo isso. Afinal, ele pensou, pelo
menos está feito agora. Pelo menos sabia como era. Seria possível sobreviver para
sempre, ele se perguntou, com um beijo?

Felizmente, haviam, de fato, três lufanos sentados na grama atrás das estufas, duas
meninas e um menino. Sorriam para ele daquele jeito amistoso e estúpido que dizia
que haviam começado cedo. Com palavras lentas e gentis, o parabenizaram pela
excelente festa. Ele se sentou com eles até que não pudesse mais ignorar suas pontadas
de fome, e cambaleou de volta ao castelo tonto para o café da manhã.

"Aqui está ele!" James gritou, enquanto Remus tomava seu lugar à mesa.

158
Peter, que tinha a cabeça entre as mãos e parecia um pouco verde, gemeu,

"Não tão alto, Prongs, estou te implorando."

"Ah, coma seus ovos, você se sentirá melhor." James sorriu. Remus empilhou seu
próprio prato com dois ovos fritos, duas salsichas, uma pilha de feijão cozido, três
fatias de torrada, duas fatias de tomate frito e três fatias de bacon. Se sentia muito
calmo e confortável agora. Poderia dizer a si mesmo que tinha sido o banho. Mas
obviamente não fora.

"Não sei dizer se você está de ressaca ou se é apenas aquele seu metabolismo
incrível." Marlene fez uma careta para o prato dele.

"Um pouco de ambos." Remus encolheu os ombros, acomodando-se.

“E mais alguma coisa,” James balançou o dedo, “Já esteve nas estufas, Moony? É
assim que você deseja entrar no seu décimo sexto ano?”

"Sim." Remus disse, de boca cheia.

Sirius estava lá, é claro, mas ele não havia dito nada ainda. Ele estava apoiando a
cabeça sonolentamente em um cotovelo, segurando uma grande caneca de chá com
leite. Remus o encarou intensamente, desejando que ele olhasse para cima, mas ele
não o fez. Mary não estava em lugar nenhum.

"McDonald está sendo uma covarde", explicou Marlene, "fingindo que está doente,
embora todo mundo viu ela tomando uma garrafa inteira de Cerveja da Bruxa
sozinha."

"Ela tomou?" Remus disse, "Uau, impressionante, ela provavelmente merece uma


folga então." Ele disse, sinceramente.

"Estamos todos nos sentindo mal, no entanto," disse Marlene, "Evans vomitou por,
pelo menos, uma hora antes de dormir."

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"Ela está bem?!" James perguntou, escandalizado.

"Sim, eu a vi esta manhã no banheiro dos monitores." Remus disse, engolindo seu


bocado. "Ela está bem."

"No banheiro, hein?" James ergueu uma sobrancelha. "Você tem que parar com seus
modos mulherengos, Remus, dê uma chance ao resto de nós."

"Ah sim, esse sou eu," Remus bufou, "O Casanova da Torre da Grifinória ..."

Ele só disse isso para fazer James rir, mas a cabeça de Sirius finalmente se ergueu,
seus olhos pousaram nele. Havia uma carranca quase imperceptível, franzindo sua
testa. Ele olhou para Remus como se ele fosse um encantamento que ainda não sabia
como pronunciar. Remus olhou de volta, firmemente, permitindo seu julgamento - ele
permitiria qualquer coisa a Sirius. Mais um momento e tudo acabou. Sirius desviou o
olhar, sem dizer nada.

160
Capítulo 88: Impasse

So messed up, I want you here Tão confuso, eu quero você aqui

In my room, I want you here No meu quarto, eu quero você aqui

Now we're gonna be face-to-face Agora vamos ficar cara a cara

And I'll lay right down in my favourite place E eu vou deitar no meu lugar favorito

And now I want to be your dog E agora eu quero ser seu cachorro

Now I want to be your dog Agora eu quero ser seu cachorro

Now I want to be your dog Agora eu quero ser seu cachorro

Well, come on… Bem, vamos lá ...

I wanna be your dog, The Stooges

Terça-feira, 16 de março de 1976

No momento em que a próxima lua cheia chegou, ficou claro que Remus e Sirius
haviam chegado a um impasse. Remus tentou ser indireto – alcançar o olhar do outro
durante as refeições, ou nas raras noites em que estavam todos juntos. Tentou ficar
para trás no dormitório para ver se Sirius ficaria para trás também. Mas sem sorte. Os
olhos de Sirius nunca encontravam os dele, e ele era sempre o primeiro a sair de uma
sala em que Remus estava dentro.

Sem realmente emboscar Sirius em algum lugar (o que ele se recusava a fazer),
Remus estava ficando sem opções. O pedido de outro telefonema para Grant foi
devolvido, com uma nota na letra da Diretora, pura e brutalmente clara, no

161
envelope. 'Destinatário não é mais conhecido neste endereço'. Ele estava
completamente sozinho.

Uma vez, Remus achou que estava perto de alcançar Sirius. Eles estavam saindo de
Feitiços, e James parou para falar com o Professor Flitwick, e Peter foi ao banheiro,
então Remus e Sirius se encontraram esperando sozinhos em um corredor
movimentado. Ele aproveitou a chance, dizendo baixinho,

"Olha, sobre a outra noite -"

"Sim, estávamos todos tão bêbados, né?!" Sirius riu alto - alto o suficiente para as
pessoas se virarem e olharem. "Loucos. Mal consigo me lembrar da metade!”

"Er ... sim, certo." Remus recuou.

Era uma completa mentira, ambos sabiam disso. Mas era um daqueles terríveis casos
em que nenhum dos dois deveria reconhecer a mentira; apenas continuar caminhando
sobre ela. Você não pode empurrar Sirius mais longe do que ele estava disposto a ir. E
ele claramente não estava disposto a ir ... lá.

Então, é claro, havia Mary. Se Sirius quisesse Remus da mesma forma Remus queria
Sirius, então certamente a coisa com Mary teria terminado. Mas não, Remus teria que
aceitar o fato de que não era 'a coisa com Mary'; era o relacionamento de seu melhor
amigo, e não iria a lugar nenhum tão cedo. Ela estava em todo lugar que ele estava e,
mais frequentemente que nunca, em seu colo.

Durante esse tempo, Remus flertou brevemente com a ideia de legilimência. Ser capaz
de ler a mente de Sirius ajudaria muito. Ele logo desistiu, achando muito mais difícil
do que qualquer outra coisa que já tivesse tentado. Além disso, com seu cronograma
de revisão agora em pleno andamento, ele tinha muito pouco espaço em sua cabeça
para novos feitiços.

Agora, na noite de lua cheia, Remus estava sentado sozinho na Casa dos Gritos,
esperando seus amigos chegarem e não tendo certeza se seriam dois ou três. Estava

162
ficando um pouco paranoico, na verdade, mas não era culpa de Sirius. Em uma
tentativa de escapismo, Remus estava passando mais e mais tempo nas estufas,
espairecendo e se enchendo de fumaça verde. Não era o ideal. Mas era melhor do que
beber, ele supôs. Melhor do que conseguir detenções por pegadinhas estúpidas.

Naquele dia em particular, ele havia fumado com o intuito de acalmar seus nervos em
torno da lua - e para ver se isso tinha algum efeito nas dores da
transformação. Embora só Deus soubesse como seria um lobisomem chapado.

Uma dor aguda queimou suas omoplatas e ele engasgou de surpresa. Bem, esse
experimentou já estava desaprovado então.

“Boa noite, Moony,” a porta se abriu e James colocou a cabeça para dentro.

"Está começando," Remus cerrou a mandíbula, "Depressa, entre."

James se transformou rapidamente e foi seguido para dentro do quarto por um grande
rato marrom e um cachorro preto. Remus fechou os olhos, aliviado.

A noite de lua cheia não foi diferente de qualquer outra que eles tiveram até
agora. Como animais, eles eram menos conscientes, ou talvez apenas menos
preocupados com seus problemas mais humanos. O lobo só queria correr e caçar, rolar
na vegetação rasteira, perseguir o preto e lutar contra o grande.

Na manhã seguinte, ele se sentiu renovado, revigorado – ou, pelo menos, se sentiria,
se não fosse pela agonia esmagadora de ossos retornando aos seus devidos lugares,
enquanto voltava à forma humana. Algumas coisas nunca mudam. Os marotos saíram
sorrateiramente, apenas vinte minutos ou mais antes de Madame Pomfrey aparecer
para levar Remus de volta à escola. Na ala hospitalar, ela lhe deu sua poção para sono
profundo de costume e ele só abriu os olhos bem depois do meio-dia. Isso sempre
seria um problema, ele percebeu recentemente. Não importava o quanto suas
transformações tenham melhorado, ele ainda perdia muito tempo.

163
Ele já havia verificado e descobriu que a lua cheia de maio não coincidia com nenhum
exame. Isso parecia muito estranho para ele, até que percebeu que devia ter sido
orquestrado dessa forma, por Dumbledore ou McGonagall. O que achou um pouco
embaraçoso. Eles não sabiam que ele já tinha assistido às aulas com o sangue fervendo
e os músculos doendo? Que ele havia terminado as redações depois de ficar acordado
por dois dias, com a cabeça latejando e tão cansado que só a adrenalina o mantinha em
pé? E ele, ainda sim, havia ultrapassado metade da classe. Remus
podia fazer isso. Eles apenas tinham que deixá-lo. Como ele conseguiria um emprego
depois da escola, se não conseguisse acompanhar?

Quando Remus abriu os olhos por volta das quatro horas, ficou muito surpreso ao ver
Sirius ali. sozinho.

"Bom dia", ele sorriu, suavemente, um traço de ansiedade ainda presente em suas
feições. Isso pode não ser por causa de Remus - Sirius costumava estar ansioso,
ultimamente. Se Snape era a sombra malévola de Remus, então Regulus era de
Sirius. Parecia que, mesmo que deixasse tudo sobre a Família Black para trás - menos
no nome - ele nunca estaria realmente livre do senso de obrigação. Ou da culpa. Esse
poderia ser o caso com todas as famílias, Remus refletiu. Ele não saberia dizer.

"Bom dia", ele acenou de volta, puxando-se para cima. "A noite foi boa, não foi?"

"Sim, ótima," Sirius concordou, ansioso por estarem em território familiar. “Não


posso acreditar que encontramos aquela cachoeira, Prongs acha que há uma caverna
atrás dela. Eu falei que se realmente houvesse uma, então provavelmente um troll
moraria lá. Eles gostam de cavernas, não gostam? "

"Eles gostam."

Não foi exatamente constrangedor. Eles conversavam assim o tempo todo. Mas,


geralmente, não lutavam para manter uma conversa. Muito pelo contrário, na
verdade. Sirius estava olhando para o teto, quando disse, do nada.

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"Estamos bem, não estamos, Moony?" Sua voz era baixa.

"Claro." Remus disse, apressado.

“Porque você - Você, James, Pete. Vocês são meus melhores amigos.”

"Sim. Você é meu melhor amigo. Vocês todos são."

"Tudo bem." Sirius parecia aliviado e Remus estava feliz por ter dito a coisa
certa. Mas seu rosto parecia ter ficado preocupado novamente. "Tem ... tem a Mary
agora, também."

"Mary." Remus repetiu.

“Sim, eu disse que iria encontrá-la. Pete vai chegar em breve.”

"Não, tudo bem. Assim que a Madame Pomfrey voltar, ela provavelmente vai me
deixar sair. Eu vou ... te ver esta noite? "

"Sim, claro," Sirius sorriu, parecendo mais confortável do que havia estado nas
últimas semanas. Nós nos entendemos agora. "Vejo você no jantar, cara." Ele disse
essa última palavra com uma masculinidade excessivamente brincalhona, que não era
nada habitual dele. Remus ficou surpreso por não ter recebido um soco no braço ou ter
seu cabelo bagunçado.

***

Quarta-feira, 14 de abril de 1976

O mês seguinte passou em um borrão de penas, livros e pergaminhos. Remus não


tinha certeza se ele e Sirius ainda estavam em desacordo, porque, simplesmente, não
tinha tempo para se preocupar com isso. Quando se viam - nas aulas, nos corredores,
ou bocejando boa noite um para o outro antes de dormir - tudo parecia perfeitamente
bem.

165
O grupo de estudo de Remus dobrou de tamanho, até que ele teve que separá-los por
assuntos diferentes para cada dia da semana. A maioria das sessões consistia em
examinar provas escritas de anos anteriores, compartilhar suas respostas e apontar
trechos importantes de seus vários livros didáticos. Remus sentiu que estava
aprendendo tanto quanto ensinava - e estava gostando muito.

"Por que você não está na Corvinal?" Christopher perguntou um dia, enquanto ajudava
Remus a arrumar a sala de aula disponível, na qual eles praticavam levitação. Estava
uma bagunça.

“Meu pai foi da corvinal, na verdade,” Remus sorriu suavemente. Isso não doia tanto
quanto antes. Haviam coisas mais importantes. "E o chapéu mencionou isso na minha
seleção, mas ... não era para ser."

"Parece que você teria se dado melhor lá." Christopher disse, consertando um tinteiro
quebrado e limpando a poça negra embaixo.

"Talvez," Remus deu de ombros, "Se você me conhecesse, não pensaria assim."

Eles terminaram o trabalho e Remus olhou para o relógio. "Merda, eu tenho que ir ...
desculpe, Chris, você ficará bem voltando para a Torre?"

“Privilégio puro-sangue,” Christopher disse, fazendo uma careta, “Eu não sou
incomodado. Aonde você vai?”

“Er ... é particular. Desculpe. Obrigado pela ajuda!"

Ele teve que correr para chegar a tempo à ala hospitalar. Madame Pomfrey o
repreendeu levemente,

“Nenhum exercício físico em luas cheias!” Ela disse, fechando sua capa "Você vai
ficar agitado, e tivemos um ano tão bom."

166
“Eu vou ficar bem,” ele acenou com a mão, um pouco casualmente demais. Talvez
devesse pedir a Prongs para arranhá-lo um pouco, para que ela não suspeitasse. De
jeito nenhum Prongs faria isso, no entanto.

Eles começaram a caminhar juntos para o terreno, uma viagem tão familiar que, agora,
podia faze-la enquanto dormia. “Eu poderia fazer isso sozinho, agora”, disse ele, em
tom de conversa, “Eu sei como tudo funciona bem o suficiente. Você só precisaria me
pegar de manhã. "

“Desculpe, querido,” ela balançou a cabeça, “Ordens de Dumbledore. Devo ter certeza


de que você está fora do terreno em segurança no horário. "

“Oh. Claro." Ele tentou não parecer ingrato. Claro, isso era uma preocupação - que ele
pudesse esquecer ou se atrasar. Então o que? Seria muito pior do que isso, ele pensou,
quando fizesse dezessete anos e tivesse que se registrar no ministério.

Dentro da Casa, Madame Pomfrey gritou,

"O que aconteceu?!" Remus retirou sua varinha.

“Oh, nada,” ela colocou a mão peito, “Eu ... eu vi um rato. Coisas horríveis. Desculpe,
querido, gostaria que pudéssemos encontrar um lugar melhor para você ...”

"Oh, está tudo bem ... vejo você pela manhã."

Quando a porta se fechou, ele se virou, “Pete? Aquele era você?"

"... Desculpe, Moony," a voz de Peter veio de cima. "Eu deveria estar vigiando ..."

Ele desceu a escada, seguido por Sirius e James, que estavam bocejando, e parecia que
haviam acabado de acordar.

“O que vocês dois estão fazendo aqui?!” Remus perguntou, surpreso, “E a partida?!”

167
"Estamos dormindo desde a última aula", explicou James, "Então, dormiremos mais
uma ou duas horas pela manhã ... e na hora do almoço, se pudermos."

"Loucos." Remus balançou a cabeça, "Vocês dois." Ele olhou para Sirius, para


verificar se eles ainda estavam jogando o jogo do contato visual.

"Qualquer coisa pelo nosso Moony." Sirius disse, segurando seu olhar por alguns
segundos antes de deixá-lo cair, desviando e esfregando o braço. Isso satisfez Remus,
embora ele soubesse que deveria se sentir culpado. Não sabia por que sentia tanto
prazer em assistir Sirius envergonhado.

"Chegamos cedo," Peter disse, sentando na pequena cama de Remus, "Não chegamos,
Remus?"

"Sim, acho que sim", ele se espreguiçou um pouco, para ter uma ideia de suas várias
dores e pontadas, "Sim, ainda falta um tempo."

"Oh, bom, posso voltar a dormir?" Sirius bocejou. Ele e James estavam acomodados


no chão, e Sirius estava descansando a cabeça no ombro de James. Vai se foder,
James, Remus pensou, antes de se conter. Ele se encostou na parede, constrangido.

"Ei, quando é a sua entrevista com McGonagall?" James perguntou, encolhendo os


ombros para afastar Sirius.

“Err ... Primeiro horário na próxima sexta, eu acho. Por quê?"

"O que você vai dizer?"

"Dizer?"

“Sobre as carreiras, idiota.”

"Oh, certo," Sirius reprimiu outro bocejo, seus olhos lacrimejando de cansaço. “Ugh,
eu não sei. Não gosto muito da ideia de um emprego. Papai queria que eu entrasse pra
política, então acho... que não vai ser isso.’’

168
“Minha mãe diz que é uma hora ruim para entrar no ministério”, disse Peter,
pensativo. “Mas Dezzie acha que é o melhor momento - quando a guerra acabar,
estaremos lá para reconstruir em primeira mão.”

"Bem, essa é uma maneira de ver as coisas." Sirius ergueu uma sobrancelha. Ele


cutucou James: "Vá em frente, nos conte quais são seus planos."

"Hm?" James olhou para ele inocentemente.

“Ah, qual é Potter, não me diga que você já não tem tudo
planejado. Puddlemere? Holyhead? The Cannons? Quem mostrou mais interesse até
agora?”

“Na verdade,” James ergueu a cabeça de uma forma muito digna, “Se você quer
saber, todos eles perguntaram sobre mim, de acordo com McGonagall. Mas estou
recusando - por enquanto, pelo menos.”

"Oh sim? Vai ter um ano sabático e viver de seus zilhões de galeões?”

“Não, seu idiota. Eu vou lutar.”

Houve uma pausa estranha. Sirius parecia profundamente perturbado. Remus o


quebrou.

"Você o quê, cara?"

“Bem,” James parecia estranhamente nervoso com isso, “A guerra não vai acabar a
menos que as pessoas a lutem. Mamãe e papai estão trabalhando tanto e ... bem, que
tipo de filho eu seria se não ajudasse? Dumbledore precisa de tantas pessoas quanto
puder. Além disso,” ele riu, trêmulo, “Se Wormy quer um emprego no ministério, é
melhor ter certeza de que o ministério ainda estará de pé, não é?”

"Então ... quando você falar com McGonagall, você dirá ..."

169
“Que o quadribol pode esperar? Que eu quero fazer tudo que puder para ter certeza de
que o mundo mágico seja seguro para todos, não apenas para os puro-sangue? Sim,
exatamente isso.” James terminou, simplesmente, olhando para suas mãos.

Silêncio novamente. Finalmente, Sirius murmurou,

"Então é isso que direi também."

“Cara, você não precisa ...”

“O que mais eu vou fazer? Me aposentar com a herança do meu tio e deixar você ter
toda a diversão? Até parece."

"Eu também!" Peter disse de repente, ansioso para ser incluído, "Eu posso ajudar!"

"Claro que você pode", James sorriu, "Você é um maroto, essa é basicamente a
melhor qualificação que você pode ter."

"E você, Moony?" Peter tagarelou, animado e de olhos brilhantes.

“Eu vou ... mmph” Tarde demais, aí vem, “Merda - se transformem! Rápido!"

Todos eles se levantaram, prontos para assumir suas formas animais.

A última coisa que Remus viu claramente foram seus três amigos, parados juntos,
pensando sobre o futuro deles.

170
Capítulo 89 : Quinto ano: A Semana
Anterior

Sexta-feira, 23 de abril de 1976

“Boa tarde, Sr. Lupin,” a Professora McGonagall sorriu quando ele entrou em seu
escritório.

"Boa tarde, professora." Ele respondeu educadamente, sentando-se na cadeira em


frente à mesa dela.

“Tudo pronto para seus exames?”

"Er ... acho que sim."

“Eu tenho muita fé em você,” ela sorriu - McGonagall apenas abria um sorriso quando
sentia que a situação merecia. Por esse motivo, Remus sorriu de volta.

A bruxa de meia-idade olhou para uma pilha de pergaminhos estendidos diante


dela. Notas de seus outros professores, talvez. Ela limpou a garganta, olhou para cima
e sorriu novamente, "Você recebeu resultados consistentemente altos durante seu
tempo em Hogwarts."

“Não o tempo todo,” ele murmurou, pensando naqueles meses perdidos no primeiro
ano.

“Você é um monitor,” McGonagall continuou, “Um jovem geralmente bem-


comportado e atencioso. Parece se destacar em Feitiços e História, e ouvi dizer que,
até mesmo, reuniu alguns alunos para ensina-los? "

“Eu só não me importo em ajudar”, explicou ele, envergonhado. “Se as pessoas


tiverem dificuldades.”

171
“Uma qualidade admirável, Sr. Lupin.”

"Er ... obrigado."

"Então", disse ela, rapidamente, "com todas essas coisas boas em mente, você já
pensou em uma carreira para seguir depois de concluir sua educação?"

Ele estava nervoso, percebeu. Mais nervoso do que esperava. Esfregou as palmas das


mãos úmidas na calça e tentou fazer contato visual.

“Vou ter que me registrar. No ministério.”

Ele a viu apertar os lábios, mas ela não interrompeu.

"E ... quero dizer, não sei muito sobre isso, não tanto quanto deveria, talvez, mas ... a
guerra ..."

"O que tem a guerra, Lupin?" Ela retrucou.

“Bem ... pessoas - bruxos - eles não querem empregar alguém como eu, com meus
problemas, então eu pensei -”

“Não podemos nos submeter a baixas expectativas dos outros sobre nós, Lupin. Você
fez grandes coisas em Hogwarts e não tenho dúvidas de que é capaz de coisas ainda
maiores.”

"Talvez", ele deu de ombros, "mas não terei a chance a menos que ... a menos que eu
me envolva, suponho."

"Se envolver." Qualquer traço de gentileza ou encorajamento havia deixado seu rosto.

"Sim."

172
"Sr. Lupin." A sobrancelha de McGonagall franziu. Ela parecia cansada, como se
tivesse trabalhado em um problema difícil o dia todo, "Você sabe que já falei com o
Sr. Black sobre seus próprios planos."

"Sim." Remus não tinha certeza do que isso tinha a ver com qualquer coisa.

"E tenho certeza de que você pode imaginar exatamente quais são os planos do Sr.
Black."

"Er ... eu poderia adivinhar ..."

Ele não precisava adivinhar. Todos eles haviam discutido isso na noite anterior, todos
os quatro sentados na cama de James.

James sempre foi o chefe do grupo - o líder. Sua bondade inata, sua confiança e sua
personalidade fácil garantiram isso desde seu primeiro encontro no Expresso de
Hogwarts. Mas agora, para Remus, pelo menos, ele parecia ter assumido uma nova
dimensão de heroísmo sábio em sua decisão de se juntar a Dumbledore e se colocar
contra Voldemort.

Se James estava fazendo isso, então todos tinham certeza de que era a coisa certa a se
fazer. Sirius havia falado longamente, e com alguma emoção, sobre seu próprio desejo
de vencê-los. Remus teve a impressão de que Sirius não via a guerra como política, e
sim como algo extremamente pessoal. Voldemort poderia muito bem ser sua mãe ou
seu pai. Peter sempre ficava animado para começar um novo projeto, e Remus tinha
que admitir que estava impressionado - Wormtail era geralmente o primeiro a apontar
os riscos de tal plano. Mas James fazia tudo parecer tão fácil; tão simples.

Quanto a Remus, nunca houve qualquer dúvida. Ele não tinha outras opções, pelo que
podia ver, e era o que tinha menos a perder dentre os quatro. Os três meninos com
quem dividia o quarto foram sua principal preocupação nos últimos cinco anos, e não
via razão para isso mudar quando deixassem a escola. E ele não podia negar, nem para

173
si mesmo, que ficar perto de Dumbledore parecia o caminho mais provável para se
chegar a Greyback.

Ele não disse nada disso para McGonagall, é claro.

A professora tirou os óculos, esfregou os olhos e cobriu o rosto com as mãos. Ela


suspirou, e o som atingiu Remus de uma forma dolorosa, na boca do estômago - ele a
havia desapontado.

“Sr. Lupin, eu tenho entrevistas com o Sr. Potter e o Sr. Pettigrew esta tarde. Devo
presumir que ouvirei as mesmas coisas deles? Nenhum de vocês tem ambições de
carreira além desta guerra terrível?”

Remus deu de ombros e olhou para os pés. Ela não mudaria de ideia.

"Haverá tempo para isso." Ele murmurou: "Depois."

Ela abaixou as mãos, recolocou os óculos e olhou para ele. Seus olhos estavam
vermelhos, ligeiramente inchados. Ela não estava lhe dando seu famoso 'olhar',
tentando enervá-lo para dar a resposta certa. A expressão que ela usava era algo
completamente diferente - uma que não combinava com ela de jeito nenhum. Ele não
gostou.

“Não me tornei professora para isso.” Ela disse, muito baixinho, com a voz tensa.

Ele não sabia o que dizer sobre isso. Sentiu pena - mas não queria dizer isso, para o
caso de ela aproveitar isso como uma forma de dissuadi-lo.

“Acho que Peter quer fazer algo no ministério”, ele ofereceu, “depois”.

“Bem, isso é um começo, pelo menos,” McGonagall sorriu tensamente, e reorganizou


seus papéis. “Agora, Sr. Lupin, vamos falar sobre os NIEMs, certo?”

***

174
Quinta-feira, 14 de maio de 1976

Trêmulo, Remus alcançou o topo das arquibancadas de quadribol. Ele encontrou seus


amigos, Lily, Mary, Peter e Desdemona, esperando animadamente enquanto a
multidão começava a aplaudir. Se sentou ao lado de Desdêmona, que estava usando o
cachecol vermelho e dourado de Peter,

"Oi Dezzie," Remus sorriu e deu um pequeno aceno. "Er ... você está com frio?"

"Estou tentando me misturar", ela riu, "Petey achou que eles não deixariam um
corvino se sentar aqui."

“Oh…”

"Você deveria estar aqui, Moony?" Peter perguntou, observando os jogadores


entrarem em campo com um par de binóculos, "Está se sentindo bem?"

"Oh não, você ficou doente de novo, Remus?" Desdêmona perguntou com simpatia.

"Ah, er, Remus estava apenas, er ..." Peter gaguejou, percebendo seu erro,

“Nas estufas.” Remus disse suavemente. "Estou completamente chapado."

Estava completamente sóbrio, mas Desdêmona era um tipo de garota inocente.

“Er ... ok ...” Ela sorriu educadamente, mas se afastou ligeiramente dele.

Ele escapuliu enquanto a Madame Pomfrey estava em seu escritório. Estava se


sentindo mal por isso e se desculparia mais tarde, mas precisava ver seus amigos
jogarem. Eles fariam o mesmo por ele. Hoje era Grifinória vs. Lufa-Lufa, e a multidão
que gritava do lado oposto estava vestida com um glorioso amarelo sol. Chovera
durante a noite (Remus sabia disso porque acordou com o cabelo e os pés molhados) e
o céu estava de um azul claro de primavera. Sabendo que James veria isso como um
bom presságio, Remus sorriu para si mesmo e aplaudiu junto com seus amigos.

175
Foi um bom jogo - ótimo para Sirius, que, particularmente, estava em boa forma. Ele
não errou um balaço, e a certa altura do jogo, deu um golpe impressionante bem na
hora de salvar o terceiro artilheiro da Grifinória, inclinando-se tanto que Remus teve
certeza que ele cairia no chão.

“Não vai haver outra festa se ganharmos, não é?” Lily disse entre os aplausos quando
James marcou seu quinto gol, "Não acho que podemos lidar com outra tão perto dos
exames."

"Não se James tiver algo a ver com isso," Remus disse, "Ele não vai querer jogar fora
as horas que tem passado na biblioteca."

"Biblioteca?!"

“Sim, ele está ficando lá todos os dias, quase,” Peter completou, “Revisando até seus
dedos caírem. Está sendo ainda mais nerd do que Moony atualmente.”

"Eu não acredito em você." Lily ergueu uma sobrancelha.

"Acredite." Remus riu, “Ele até mesmo impôs regras no dormitório para que pudesse
dormir o suficiente entre os exames. Temos que ficar completamente em silêncio
depois das oito horas.”

Outra comemoração rugiu - o sexto gol de James, o décimo segundo para a Grifinória,
no total.

"Ha!" Peter gritou: "Eles nunca vão alcançar agora!"

A grifinória venceu, é claro - Remus não tinha certeza se James já havia perdido um
jogo se quer. Assim que o apito final soou, todos os alunos da casa correram para o
campo para parabenizar seu time. Mary estava à frente, depois de correr alguns
minutos antes de todos os outros. Remus, como sempre, estava atrás.

176
Normalmente, ele não se importava, mas com a lua tão perto, ainda estava muito
dolorido e mancava mais evidentemente do que o normal. Provavelmente seria melhor
se esperasse que todos os outros descessem, ele pensou, menos pessoas notando sua
dificuldade. Madame Pomfrey sugeriu uma ou duas vezes uma bengala, para quando
seu quadril estivesse muito ruim, mas ele nem quis saber disso.

Remus estava quase no fim dos degraus de madeira frágil, podia ver James e Sirius no
centro de uma multidão vestida de vermelho no campo de quadribol. James ergueu os
olhos e acenou para ele, e Sirius percebeu, acenando também. Lupin sorriu
amplamente, torcendo para que eles pudessem ver, e levantou o polegar como forma
de parabéns.

Ao fazer isso, algo muito afiado e quente picou seu tornozelo, assim que ele o ergueu
para descer mais um degrau. Com um grito de surpresa e dor, Remus caiu para frente,
perdendo por completo o equilíbrio e caindo ruidosamente pelo resto da escada,
batendo com força no chão. Ai, ele pensou.

"Porra." Ele disse, olhando para as mãos doloridas e lascadas, enquanto tentava, ao


menos, ficar de joelhos. O problema de ser tão alto, ele pensou, era que havia mais de
você para se machucar.

Atordoado, confuso e grato pela maior parte da multidão estar de costas para si - ele
deve ter caído, pelo menos, oito degraus -, Remus ouviu um riso abafado. Se virando,
sentindo a dor subindo por seu lado esquerdo ao fazê-lo, viu três rostos escondidos
sob o andaime de madeira. Mulciber, Barty Crouch e Snape.

“Oopsie!” Crouch gargalhou, mostrando fileiras de dentes brancos e afiados, um


pouco pequenos demais para sua boca. "Pobre Lupinzinho!" Ele brincava com algo
pequeno e metálico.

"Babacas." Remus murmurou, se endireitando, obrigando seu corpo a ficar de pé o


mais rápido possível. Procurou a varinha no bolso da calça, rezando para que ela não
tivesse sido quebrada. Não, estava bem. Ele a retirou e apontou-a entre as lacunas dos

177
degraus. Seu tornozelo ainda latejava, uma coceira latejante e incômoda. "O que vocês
fizeram?"

"Não nos culpe por sua falta de jeito, Loony Lupin." Snape disse friamente, recuando
nas sombras. "E tire essa varinha da minha cara, antes que eu denuncie você por
intimidar alunos desarmados."

"Desarmados é o caralho!" Remus rosnou, ainda apontando sua varinha,


" Expelliarmus!"

Mas nada aconteceu. Eles realmente estavam desarmados.

"O que eu disse a vocês, senhores?" Snape zombou de seus companheiros, “Loony


Lupin é perigosamente louco. Com muita ênfase no ‘perigoso’ ...”

Crouch estava fora de si agora, rindo loucamente enquanto jogava a pequena ficha de
metal entre as mãos, como um malabarismo estranho. Era uma moeda? Não, Remus
podia sentir o cheiro agora, mesmo enquanto eles se afastavam. Deve ser um distintivo
de monitor. Um de prata.

“Ei!” Ele gritou de repente, mas os garotos apenas riram e continuaram andando.

No momento em que James e Sirius - que tinham visto Remus tropeçar, mas não
muito mais - o alcançaram, os três sonserinos já haviam partido.

"Puta merda, você está bem Moony?" James perguntou, ajudando-o a se endireitar,


oferecendo um braço.

“Tudo bem, sim ... devo ter tropeçado. Pernas longas estúpidas, hein? " Remus tentou
sorrir. Sirius estava lá e se recusava a mencionar qualquer tipo de ataque sonserino
com ele por perto. Black andava muito mais instável e imprudente hoje em dia. A
coceira quente e raivosa em seu tornozelo o estava deixando louco.

178
Ele esperava que a essência de murtisco ajudasse nisso também. Maldito Snape. Para
que ele havia feito isso? Nenhum dos três sonserinos eram monitores, então onde eles
conseguiram o distintivo? E mais especificamente, por que o maldito distintivo?!

As garotas haviam chegado ao local agora e causavam um tumulto, dizendo a Remus


para se sentar e respirar fundo, perguntando se isso ou aquilo doía. Não adiantava
dizer que nada doía, depois de cair de cabeça por vários lances de escadas, e não
adiantava dizer que tudo doía, mas que já havia sentido coisa muito pior. E o tempo
todo sua mente voltava para a dor em seu tornozelo e para a palavra que Severus havia
usado - perigoso. O que ele sabia? Ou o que ele achava que sabia?

“Remus, você realmente está terrivelmente pálido,” Lily estava dizendo.

Marlene colocou a mão na testa dele e ele a empurrou irritado,

"Estou bem." Respondeu.

"Tudo bem, deem a ele um pouco de ar, pelo amor de Merlin!" Sirius, que, até agora,
não tinha dito nada, de repente explodiu, empurrando todos para fora do caminho.

Remus olhou para cima, apertando os olhos através de algumas mechas de cabelo
soltas, para ver o rosto determinado de Sirius. Ele colocou as mãos nos quadris, em
uma imitação muito boa de James delegando atividades para uma pegadinha: “Vocês
vão para os vestiários, ou para o salão principal ou onde quer que devam ir. Moony,
vamos, vamos voltar para o castelo, vamos dar uma passada na ala hospitalar. Prongs,
você lega minha vassoura de volta. "

Remus quase abriu a boca para protestar - ele não poderia ir para a ala hospitalar, da
qual ele havia escapado há apenas algumas horas. Madame Pomfrey nunca o deixaria
sair novamente, uma vez que visse a confusão em que ele se meteu contra suas
ordens. Mas Sirius lhe oferecia uma saída, então concordou.

Ele aceitou a ajuda do braço de Sirius e se levantou, teso. Ai, pensou


novamente. Havia machucado gravemente um dos joelhos e seu quadril parecia pior

179
do que nunca. Ele cambaleou um pouco, mas o outro permitiu que se apoiasse
nele. Black ainda estava em suas vestes de quadribol carmesim, adornadas em
dourado, havia tirado o capacete e seu cabelo estava solto do rabo de cavalo. Cheirava
levemente a suor, ar fresco e grama.

"Eu vou também!" Mary gorjeou, levantando-se. Ela estava levando sua posição como
primeira dama da Grifinória muito a sério.

"Não, está tudo bem," Sirius disse, com firmeza, mas gentilmente, "Nós não
precisamos fazer um alvoroço, precisamos, Moony? Vamos lá."

Ele deu um beijo rápido na bochecha de Mary antes de levar Remus pelos últimos
degraus, para fora do campo de quadribol e de volta ao castelo.

Remus se afastou, assim que pensou que poderia andar sem ajuda, e Sirius o deixou,
mas manteve um ritmo constante ao seu lado, de modo que demorariam muito para
chegar.

"Não temos que ir ver Pomfrey se você acha que está bem." Ele disse, rapidamente:
“Achei que você gostaria de sair daquela confusão”.

"Sim ... valeu," Remus assentiu, cauteloso.

"Eu sei que você odeia que as pessoas se preocupem com você."

"Sim."

“Moony? Como você realmente caiu? Você nunca cai, mesmo depois da lua. "

“Ah, eu não sei. Não estava olhando para onde estava indo.”

Sirius pareceu aceitar isso por enquanto, e ambos continuaram andando. Devem ter
levado quase meia hora para percorrerem todo o caminho até a Torre da Grifinória. Às
vezes Remus desejava ser um lufano, para fins de acessibilidade. Finalmente lá,

180
Remus desabou em sua cama, todo dolorido e completamente exausto. Ele odiava
ficar assim na frente de Sirius. Não queria mostrar nenhum sinal de fraqueza.

"Eu só vou tomar um banho, tudo bem?" Sirius disse, baixinho. Remus assentiu,


fechando os olhos.

Assim que a porta do banheiro se fechou, ele procurou na mesinha de cabeceira a


essência de murtisco. Precisaria de mais após a próxima lua, embora este frasco
tivesse durado mais do que qualquer outro que ele teve, graças aos marotos. Levantou
a perna da calça e encontrou a picada de alfinete. Bastardos. Estava vermelha e
ligeiramente inchada, como uma picada de mosquito. A pele ao redor do profundo
hematoma, se tornava roxa. A essência murtisco não ajudou em nada. Era
definitivamente prata, então.

Remus se deitou e tentou ignorar a dor, permitindo que seus músculos relaxassem e o
sono assumisse o controle. Ainda estava deitado naquele estado sonolento e
ligeiramente febril quando Sirius saiu do banheiro, um sopro de vapor abafado se
arrastou pelo quarto junto com o cheiro fraco de loção pós-barba.

"Está dormindo?" Ele sussurrou, suavemente.

"Quase," Remus murmurou, abrindo um pouco os olhos.

Sirius fechou as cortinas, diminuindo a luz do quarto. Ele ficou parado ao lado da


cama de Remus e pegou o frasco de essência de murtisco.

“Para que é isso? Se cortou?"

"Não…"

“Moony, por favor me diga o que aconteceu? Obviamente não foi um acidente.” Sirius


franziu a testa, "Você não confia em mim?"

181
“Claro que eu confio em você,” Remus franziu a testa, “Eu só ... olha, não preciso que
você saia por aí procurando vingança, ok? É estúpido, e só vai ser pior.”

"Quem?"

“Três sonserinos. Eles me fizeram tropeçar - puxaram meu pé pela escada, só


isso. Idiotas covardes.” Seria melhor não mencionar a prata.

"Quais sonserinos?" A voz de Sirius estava dura.

"Não Regulus." Remus respondeu, apressado, “Snape, obviamente. Mulciber e


Crouch. Sirius,” ele disse, tão severamente quanto ele pôde, “Eu estou bem, ok? Por
favor, não torne isso pior.”

"Eu não vou." Sirius disse, embora parecesse incerto. Ambos ficaram em silêncio por
um tempo. Remus fechou os olhos novamente, as pálpebras pesadas. "Devo deixar
você dormir?" Sirius perguntou, sua voz gentil novamente.

“Sim, valeu,” Remus murmurou, relaxando novamente.

“Eu também estou exausto,” Sirius disse, levemente, com uma meia risada, “Depois
daquela partida. Estou com inveja de você por ter uma desculpa. Quase queria poder
apenas deitar aqui com você e não me levantar de novo até amanhã. "

Remus abriu os olhos novamente, para verificar o rosto de Sirius, mas ele estava
olhando para o outro lado. “Mas é melhor descer para o banquete. Não posso perder o
discurso de vitória de James.”

"Não chegue perto dos sonserinos," Remus disse, "Promete?"

"Prometo." Sirius concordou.

Ele saiu do quarto logo depois disso, e Remus adormeceu se sentindo satisfeito, pois
não importava o quanto Sirius odiasse a sonserina, ele nunca faria algo tão imprudente
que Remus não pudesse perdoá-lo.

182
Capítulo 90: Quinto ano: NOMs

When I see you walking down the street. Quando eu vejo você andando pela rua.

I step on your hands and I mangle your feet. Eu piso nas suas mãos e destroço seus
pés.

You’re not the kinda person that I even wanna meet. Você não é o tipo de pessoa
que eu gostaria de encontrar.

Oh baby, you’re so vicious! Oh, querida, você é tão cruel!

- 'Vicious', Lou Reed.

Quinta-feira, 3 de junho de 1976

Os NOMs eram tão assustadores e satisfatórios quanto Remus previra. Ele tentou
fingir que não eram diferentes dos exames habituais de fim de ano, mas isso era quase
impossível quando todo mundo parecia ter perdido a cabeça. James se tornara um
verdadeiro recluso, enfurnado na biblioteca ou atrás das cortinas da cama,
memorizando obsessivamente fatos e datas que passara o resto do ano ignorando.
Peter ocasionalmente ficava muito pálido e encarava, trêmulo, o nada. Marlene
começou a emboscar Remus em vários intervalos ao longo do dia, exigindo que ele a
questionasse sobre isso ou aquilo.

Apenas Sirius parecia calmo, o que era típico. Quando até mesmo James o ignorou,
ele se entretinha distraindo Mary. O que tinha o benefício adicional de distrair Remus,
o que era horrível, mas tolerável.

“Vão encontrar um armário de vassouras como todo mundo!” Marlene gritou, à beira
da histeria, jogando uma pantufa no casal. Eles estavam emaranhados juntos no sofá
em frente à lareira.

183
"Mas não há para onde ir, sabe" Mary desabafou para Remus na biblioteca, um dia
antes do início dos NOMs. "Sirius não me deixa entrar no dormitório, e os meninos
não podem entrar no nosso ... e não me atrevo a ser pega em armário algum, não nesse
castelo cheio de aspirantes a Comensais da Morte."

"O que?" Remus finalmente prestou atenção, "Alguém tentou machucar você, Mary?"

"Ah, o tempo todo", ela deu de ombros, com um sorriso cansado, "Já estou
acostumada. Pelo menos ser a única criança negra na minha escola primária me
preparou para alguma coisa.”

"Isso é horrível, Mary, sinto muito." Remus deu um aperto na mão dela, sentindo-se
genuinamente terrível. Mary era uma garota muito forte, ele sabia - você conseguia se
safar de falar quase qualquer coisa perto dela, talvez ficasse emburrada por um tempo,
mas te perdoaria logo em seguida. Mas ainda assim, aquilo era algo totalmente
diferente e, obviamente, a estava afetando.

"Você é tão doce, Remus," ela sorriu gentilmente, apertando sua mão de volta. "Mas
não se preocupe comigo. Eu tenho Sirius.”

"Mhm." Remus soltou a mão da menina, voltando aos deveres antes de perguntar
casualmente: "O que ele diz sobre isso?"

“Ah, você sabe, que ele vai me defender até a morte, que nada que eles façam vai ficar
entre nós, esse tipo de coisa... para ser honesta, eu acho que ele tem um complexo de
cavalheiro, quer ser o príncipe que vai me resgatar.”

"Bem." Remus fechou seu livro e olhou para ela, "Você não é nenhuma donzela em
perigo."

O rosto de Mary se abriu em um sorriso adorável. Ela realmente era muito bonita.

"Valeu, Remus, sabia que poderia contar com você para apoiar o argumento da
liberdade das mulheres. Certo, podemos revisar a prova de Defesa Contra as Artes das

184
Trevas novamente? O Professor Droskie deu a entender que teria algo ver com
lobisomens ou vampiros ... "

Remus nunca soube se fora o aumento dos ataques a nascidos trouxas - e, portanto, a
Mary - que causou o incidente ocorrido após o exame escrito de Defesa contra a Arte
das Trevas. Ele se deleitou, uma ou duas vezes, na possibilidade de que tivera algo a
ver com a perseguição incansável de Severus por Remus, mesmo que Sirius tivesse
prometido não retaliar. Gostava de imaginar que, James e Sirius agiram numa espécie
de indignação justa, na tentativa de provar que haviam escolhido um lado.

Na realidade, provavelmente foi uma mistura de motivos; nenhum deles nobre - a


ansiedade elevada para os NOMs, combinada com o alívio de terem acabado de
terminar uma prova. As tensões crescentes que vinham fervilhando durante o ano - na
verdade, por vários anos - entre a Grifinória e a Sonserina. O fato de Severus Snape
simplesmente ser um idiota irritante, James querendo impressionar Lily, e a agressão
impiedosa de Sirius contra qualquer um que sugerisse lealdade a ‘o outro lado’.

Em suma, ninguém estava agindo habitualmente naqueles dias e estava muito quente –
apenas esses dois fatores em si, poderiam ter sido suficientes para trazer a situação à
tona. Sirius estar bancando o aristocrata entediado e James estando ansioso para
agradá-lo não era novidade – e, mais tarde, até poderia, potencialmente, ser explicado
como um comportamento típico de adolescentes irritantes. Além disso, aqueles que
conheciam Sirius, e o que ele havia sofrido, tendiam a tentar mima-lo; permitiam que
se exibisse - e James era particularmente complacente.

O nível de crueldade era certamente novo e não podia ser explicado tão facilmente.

Infelizmente, com o passar dos anos, Remus veria mais e mais dessa crueldade - nem
sempre por parte de seus amigos, mas certamente de pessoas que ele pensava serem
‘boas’. Para Remus, este fora o dia em que a guerra realmente começou, no que diz
respeito aos Marotos.

185
Lupin não se considerava inocente, é claro. Ele poderia ter interferido. Até chegou a
largar o livro de Transfiguração quando Lily se envolveu – mas ele assumiu que ela
acabaria com tudo, daria uma bronca em James e seguiria em frente. Ele certamente
não esperava que Snape dissesse o que disse, ou que James fizesse o que fez a seguir.

Uma parte dele também tinha gostado. Parte dele gostou de ver Snape ser humilhado e
atormentado, sem Mulciber por perto para protege-lo. Foi horrível ver Lily tão
insultada, é claro, e quando James começou a pegar mais pesado, Remus teve que
morder o lábio para não gritar e rir junto com todos os outros. Ele sabia que deveria
ter feito algo para impedir. Deveria ter enfrentado seus amigos, assumido o controle e
sido uma pessoa melhor sobre toda a situação. Mas simplesmente não estava a fim.

Se sua intervenção teria melhorado ou piorado a situação - ou os eventos que se


seguiram - Remus talvez nunca soubesse. Mas ele gostaria de ter tentado.

***

“Você destruiu qualquer chance que tinha de sair com ela agora, cara.” Sirius riu,
enquanto Lily marchava furiosa para fora do salão de jantar ao ver James na mesa.

“Ótimo.” James disse com raiva, “Quer saber, eu cansei de perder meu maldito tempo
correndo atrás dela, e se é assim que ela se sente—”

"Não é assim que ela sempre se sentiu?" Peter perguntou, derramando molho em seu
prato melancolicamente. Outra vítima da briga com Snape - Peter e Desdemona
aparentemente tiveram uma discussão calorosa por causa disso. Ela achou que era
bullying; ela não conseguia ver o que Snape tinha feito de errado.

"Cala a boca, Pettigrew." Sirius revirou os olhos. Então se dirigiu a James: "Esqueça
ela, Prongs, ela sempre se achou melhor que todo mundo."

"Ei," Mary deu um tapa de leve em sua coxa, "Lily é minha amiga, se você não se
importa. Mas acho melhor você deixar ela um pouco sozinha, James. Ela está
realmente chateada. "

186
"Mesmo?" Remus perguntou, se sentindo culpado. Deveria ter impedido.

"Claro que sim!" Mary respondeu, cortando com cuidado suas batatas assadas: "Não
me pergunte por quê, mas Snivellus é o melhor amigo dela desde que eram crianças.
Eu já tentei fazer ela enxergar o quão babaca ele é, mas ela não entende. Acho que ela
tem pena dele e ele é perdidamente apaixonado por ela, obviamente.”

"Eca, ela não gosta dele, não é?!" James parecia escandalizado.

“Não,” Mary deu de ombros, “Mas eles são amigos do mesmo jeito. Ou pelo menos
eram. Ela não está falando com ele agora. "

Remus fez uma nota mental para verificar se ela estava bem - isto é, se Lily ainda
estivesse falando com ele. Sua explosão final definitivamente parecia um ataque a
todos os Marotos, não apenas a James.

***

Sexta-feira, 12 de junho de 1976

A prova escrita de Transfiguração era na semana seguinte, e Remus estava mais que
preparado. Havia um desejo ardente de superar James se, pelo menos, conseguisse
ultrapassar Sirius. Pensou que provavelmente poderia contar vantagem na escrita, se
não pudesse na parte prática. A prova duraria três horas e exigia muita concentração.

Remus apenas ergueu os olhos do papel duas vezes, ambas para verificar Sirius. Na
primeira, ele estava escrevendo sua redação, a pena movendo-se suavemente, como se
patinasse sobre o pergaminho, em contraste com o movimento apressado de James ou
Peter. Na segunda vez, ele estava recostado na cadeira, tentando chamar a atenção de
James. Remus suspirou. Era muito mais difícil se concentrar tão perto da lua cheia. Se
sentia mais animal do que o normal.

Estava realmente ansioso pela lua que se aproximava, por mais que soubesse que era
uma tolice. Seria a último do ano letivo, e todos os quatro estavam planejando

187
discretamente na semana anterior. Com os exames terminados seriam praticamente
invencíveis, com a sensação de ter mundo inteiro a seus pés. James jurou que viu um
unicórnio na floresta da última vez, e todos estavam lendo sobre como rastreá-los.
Remus não tinha certeza do que o lobo poderia fazer ao se deparar com um unicórnio,
mas não havia evidências de que ele atacaria. Centauros eram algo completamente
diferente - centauros aterrorizavam o lobo.

Quando o exame terminou, os alunos foram instruídos a recuar contra as paredes do


Salão Principal enquanto McGonagall magicamente coletava todos os papéis em
ordem alfabética (no uso mais elegante de accio que Remus já havia visto) e
reinstaurava as mesas das casas, prontas para o jantar. Do outro lado do salão, Snape
encarava James furiosamente.

"Não sei o que mais ele quer", James resmungou, "Já ganhamos detenção, não?"

"Algum professor viu vocês?" Mary perguntou, enquanto se dirigiam para seus
lugares habituais para o jantar.

"Nah, maldita Evans." Sirius gemeu.

"Minha querida amiga Lily." Mary disse, com firmeza.

"Tanto faz." Sirius grunhiu. "É melhor ela não arrastar isso até amanhã à noite."

"Por quê?" Mary perguntou, sorrindo quando o jantar apareceu nos pratos vazios
diante deles. Espaguete à bolonhesa. "Me levando a algum lugar legal, finalmente?"

"Eu acho o banheiro feminino do sexto andar legal." Sirius respondeu sarcasticamente.
“De qualquer forma, não. Tenho outra coisa. Negócio de Maroto.”

"Oh, sim, é claro", suspirou Mary, como se estivesse terrivelmente abalada, "esqueci
que tenho que compartilhar meu namorado com os namorados dele."

James e Peter sufocaram uma risada, mas Sirius se eriçou como um gato.

188
"Porra, pelo amor de Deus", ele cuspiu, olhando furiosamente para ela do outro lado
da mesa, "Por que você tem que dizer merdas assim?”

"Puro-sangue esnobe." Ela retrucou, docemente, girando espaguete no garfo.

“Por favor,” disse Remus, lutando contra uma dor de cabeça, “Peter e Desdêmona
estão discutindo esta semana. Vocês terão sua vez na semana que vem.”

Isso fez todos rirem e a atmosfera se acalmou. Remus estava satisfeito consigo
mesmo. Talvez estivesse realmente pegando o jeito de todo essa coisa de
relacionamentos, sem nunca ter que realmente ter estado em um.

Quando o jantar acabou, tudo estava bem de novo, e quando James se levantou para ir
para a detenção, Sirius disse que o encontraria mais tarde.

“Eu quero ter certeza de que Mary volte para a torre segura,” ele explicou.

"Você não precisa," ela disse, "Eu não vou sozinha, Remus está vindo também, não é,
Remus?"

"Sim," ele acenou com a cabeça, colocando sua mochila no ombro, "Eu finalmente
vou ler algo com um enredo, agora que os exames acabaram."

"Que vida emocionante você tem, Moony," Sirius sorriu. Ele pegou a mão de Mary,
"Mesmo assim, prefiro ir com você. Pra eu não me preocupar.”

"Como você pode ser tão idiota em um minuto e tão fofo no próximo?" Mary
suspirou, beijando-o.

Remus desviou o olhar, educadamente. Essa era a grande questão com Sirius, pensou.
Era exatamente nisso que você se metia estando com ele.

"Tudo bem, mas não demore muito", disse James, "A detenção é com Filch. Evans é
uma sádica, eu juro.”

189
"Não vai levar nem quinze minutos." Sirius o assegurou, e eles partiram, os três,
Remus andando um pouco atrás o caminho todo.

"Oh, pelo amor de Deus." Mary disse em voz alta, quando eles alcançaram o buraco
do retrato, e Remus olhou em volta para ver o que estava acontecendo. Ah. Claro.
Snape novamente. Em reflexo, pegou sua varinha. "Olha, ela não quer falar com você,
então cai fora!" Mary retrucou, ainda segurando a mão de Sirius.

"Black," Severus falou lentamente, "Diga à sua vadia trouxa para calar a boca."

"Do que você me chamou?!" Mary gritou, enquanto Sirius sacava sua própria varinha
e a erguia.

Esta é a hora, Remus pensou consigo mesmo, esta é a hora de ser um bom monitor.
Este é o momento de ser corajoso. Sirius tinha acabado de abrir a boca quando Remus
deu um passo à frente, parando entre os dois garotos de cabelos escuros.

"Parem com isso agora!" Ele disse, sua voz mais perigosa, "Snape, volte para seu
dormitório, ou eu vou te dar uma detenção. Black só... fica calmo, ok?

Sirius estava com o rosto vermelho e não abaixou a varinha. Snape ergueu uma
sobrancelha,

"Escute ele, Black, até mesmo Loony Lupin sabe que você não me venceria em um
duelo."

"Não foi isso que eu disse," Remus sibilou, "Cale a boca e se manda."

"Devo chamar alguém?" Mary perguntou, nervosamente, observando o rosto de Sirius.

"Não, está tudo bem ... apenas entre." Remus disse, observando-a rastejar pelo buraco
do retrato. Ele se virou para Sirius, "Vamos, você tem detenção agora, vamos ..."

"Sua aparência não tá muito boa, Loony Lupin." Severus disse, de repente. Remus se
virou, confuso. Que caralho?! "Tá chegando aquele seu período do mês, não é?"

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A implicação era clara. Remus estava sem palavras, chocado. Ele ficou boquiaberto,
procurando sua voz,

"Você ... você não sabe do que está falando!"

“Vocês todos sabem, é claro. Você, Potter e aquele pequeno roedor, Pettigrew? Vocês
sabem o que ele é? Eu sempre me perguntei por que três puro-sangue perderiam
tempo com uma escória imunda como ele, mas agora eu vejo - ele é seu projetinho de
estimação, não é, Black? "

“Confringo!”

“Expelliarmus!”

Remus e Sirius gritaram seus encantamentos ao mesmo tempo, mas Remus fora mais
rápido, e tinha a varinha de Sirius na mão antes que qualquer dano pudesse ser feito.
Ele se voltou para Snape agora.

“Eu não sei o que você acha que sabe,” ele disse, bem baixo, de pé em frente ao
menino Sonserino, apontando duas varinhas diretamente para seu rosto, “Mas seja o
que for, você está errado. Agora volte para as masmorras antes que eu convoque
McGonagall.”

Snape, que empalideceu ligeiramente, deu um aceno minúsculo antes de contornar os


dois Grifinórios e se esgueirar pelo corredor. Remus não desviou as varinhas dele até
que ele tivesse definitivamente ido embora, e não devolveu a de Sirius até o último
momento. Black a agarrou e o encarou com raiva,

"Por que você fez isso?!"

"Sirius! Você queria outra detenção?!”

“Você não ouviu as coisas que ele disse sobre Mary?! As coisas que ele disse sobre
você ?!”

191
"Claro que ouvi." Remus cruzou os braços, friamente. "E ele é um idiota completo.
Um idiota completo que você humilhou ontem, e que você me prometeu que não iria
atrás. "

“Sim, mas –"

"Você prometeu, Sirius." Remus o encarou. Ele viu a expressão nos olhos de Sirius –
acabara de perceber que estavam completamente sozinhos e parados muito perto um
do outro. Ele recuou, ligeiramente,

"Eu sei o que eu disse", respondeu, com a voz ainda rouca de raiva, "mas não vou
permitir que ele espalhe boatos sobre você! Ele merece provar do maldito remédio
dele.”

“Sirius,” Remus gemeu, “Por favor, apenas ... vá para a sua detenção e se acalme, ok?
Vejo você mais tarde."

Anos depois, Remus olharia de volta para essa conversa, com o benefício da
percepção tardia, e se repreenderia por ter abandonado a discussão e deixado as coisas
daquela maneira. Mas eles ainda não eram os homens que iriam se tornar, e por mais
que Remus gostasse de pensar que era maduro e intuitivo - estava prestes a aprender
que ainda não sabia nada sobre Sirius.

Além disso, ele não tinha a paciência. A lua estava se aproximando.

192
Capítulo 90.2: A pior memória de Snape

Encontrou-se parado no meio do Salão Principal, mas as mesas das quatro Casas
haviam desaparecido. Em seu lugar, havia mais de cem mesinhas, todas dispostas da
mesma maneira, e a cada uma delas se sentava um estudante, de cabeça baixa,
escrevendo em um rolo de pergaminho. O único som era o arranhar das penas e o
rumorejar ocasional de alguém ajeitando o pergaminho. Era visivelmente um dia de
prova.

O sol entrava pelas janelas altas e incidia sobre as cabeças inclinadas, refletindo tons
castanhos, acobreados e dourados na luz ambiente. Harry olhou atentamente a toda
volta. Snape devia estar por ali em algum lugar... era a lembrança dele...

E lá estava ele, a uma mesa bem atrás de Harry. O garoto se admirou. Snape
adolescente tinha um ar pálido e estiolado, como uma planta mantida no escuro. Seus
cabelos eram moles e oleosos e pendiam sobre a mesa, seu nariz aquilino a menos de
cinco centímetros do pergaminho enquanto ele escrevia.

Harry se deslocou para as costas de Snape e leu o cabeçalho da prova: DEFESA


CONTRA AS ARTES DAS TREVAS – NÍVEL ORDINÁRIO EM MAGIA.

Portanto Snape devia ter uns quinze ou dezesseis anos, aproximadamente a idade de
Harry. Sua mão voava sobre o pergaminho; já escrevera pelo menos mais trinta
centímetros do que os vizinhos mais próximos, e sua caligrafia era minúscula e
apertada.

“Mais cinco minutos!

A voz sobressaltou Harry. Virando-se, ele viu o cocuruto do Prof. Flitwick movendo-
se entre as mesas a uma pequena distância. O professor passava agora por um garoto
com cabelos negros e despenteados... muito despenteados...

193
Harry se movia tão depressa que, se fosse sólido, teria atirado as mesas pelo ar. Em
vez disso, parecia deslizar, como em sonho, atravessar dois corredores e entrar em
um terceiro. A nuca do garoto de cabelos negros se aproximou cada vez mais... e ele
ia se endireitando agora, descansando a pena, puxando o rolo de pergaminho para
perto para poder ler o que escrevera...

Harry parou diante da carteira e contemplou o seu pai com quinze anos.

A excitação explodiu no fundo do seu estômago: era como se estivesse olhando para
si mesmo, mas com erros intencionais. Os olhos de James eram castanho-
esverdeados, seu nariz era mais comprido do que o de Harry e não havia cicatriz em
sua testa, mas ambos tinham o mesmo rosto magro, a mesma boca, as mesmas
sobrancelhas; os cabelos de James levantavam atrás exatamente como os do filho,
suas mãos poderiam ser as dele e Harry não saberia a diferença; quando o pai se
levantasse, os dois teriam quase a mesma altura.

James deu um enorme bocejo e bagunçou os cabelos, deixando-os mais despenteados


do que antes. Então, olhando para o Prof. Flitwick, virou-se e sorriu para outro
menino sentado quatro mesas atrás.

Com um novo choque de excitação, Harry viu Sirius erguer o polegar para James.
Sirius sentava-se descontraído na cadeira, inclinando-a sobre as pernas traseiras.
Era muito bonito; seus cabelos negros caíam sobre os olhos com uma espécie de
elegância displicente que nem James nem Harry jamais poderiam ter tido, e uma
garota sentada atrás dele o mirava esperançosa, embora ele não parecesse ter
notado. E duas mesas para o lado - o estômago de Harry se virou de uma forma boa -
encontrava-se Remus Lupin. Parecia muito pálido e doente (a lua cheia estaria se
aproximando?), e absorto no exame: ao reler suas respostas, coçara o queixo com a
ponta da pena, franzindo ligeiramente a testa.

Isto significava que Wormtail devia estar por ali também... e, sem erro, Harry
localizou-o em segundos: um garoto franzino, os cabelos cor de pêlo de rato e um
nariz arrebitado. Wormtail parecia ansioso: roía as unhas, olhava fixamente para a

194
prova, arranhando o chão com os dedos dos pés. De vez em quando espiava
esperançoso para a prova do vizinho. Harry observou Wormtail por um momento,
depois o próprio pai, que agora brincava com um pedacinho de pergaminho.
Desenhara um pomo e agora acrescentava as letras "L.E.". O que significariam?

“Descansem as penas, por favor! “esganiçou-se o Prof. Flitwick. “Você também,


Stebbins! Por favor, continuem sentados enquanto recolho os pergaminhos. Accio!

Mais de cem rolos de pergaminho voaram para os braços estendidos do Prof.


Flitwick, derrubando-o para trás. Várias pessoas riram. Uns dois estudantes nas
primeiras mesas se levantaram, seguraram o professor pelos cotovelos e o
levantaram.

“Obrigado... obrigado “ofegou ele. “Muito bem, todos podem sair!

Harry olhou para o pai, que riscou depressa as letras "L.E.” que estava desenhando,
levantou-se de um salto e enfiou a pena e as perguntas do exame na mochila, atirou-a
sobre as costas, e ficou parado esperando Sirius.

Harry olhou para os lados e viu de relance, a uma pequena distância, Snape, que
caminhava entre as mesas em direção à porta para o Saguão de Entrada, ainda
absorto no próprio exame. De ombros curvos, mas angulosos, andava de um jeito
retorcido, que lembrava uma aranha, e seus cabelos oleosos sacudiam pelo rosto.

Uma turma de garotas separou Snape de James, Sirius e Lupin e, plantando-se entre
elas, Harry conseguiu ficar de olho em Snape enquanto apurava os ouvidos para
captar as vozes de James e seus amigos.

“Você gostou da décima pergunta, Moony? “perguntou Sirius quando saíram no


saguão.

“Adorei.” respondeu Lupin imediatamente. "Cite cinco sinais que identifiquem um


lobisomem. Uma excelente pergunta.”

195
“Você acha que conseguiu citar todos os sinais?” perguntou James, caçoando com
fingida preocupação.

“Acho que sim” respondeu Lupin sério, quando se reuniram aos alunos aglomerados
às portas de entrada para chegar ao jardim ensolarado. “Primeiro: ele está sentado
na minha cadeira. Dois: ele está usando minhas roupas. Três: o nome dele é Remus
Lupin.”

Wormtail foi o único que não riu.

“Eu citei a forma do focinho, as pupilas dos olhos e o rabo peludo” disse ansioso “,
mas não consegui pensar em mais nada...”

“Como pode ser tão burro, Wormy? “exclamou James impaciente. “Você anda com
um lobisomem uma vez por mês...

“Fale baixo.” implorou Lupin.

Harry tornou a olhar para trás ansioso. Snape continuava próximo, ainda absorto nas
perguntas do exame - mas esta era a lembrança de Snape, e Harry tinha certeza de
que se Snape decidisse sair andando em outra direção quando chegasse lá fora, ele,
Harry, não poderia continuar a seguir o pai. Para seu profundo alívio, porém,
quando James e os três amigos começaram a descer os gramados na direção do lago,
Snape os seguiu, ainda verificando as questões da prova e aparentemente sem ideia
fixa aonde ia. Mantendo-se um pouco à frente, Harry conseguia vigiar James e os
outros.

“Bom, achei que o exame foi moleza.” ouviu Sirius comentar. “Vai ser uma surpresa
se eu não tirar no mínimo um "Excepcional".

“Eu também.” disse James. Enfiou a mão no bolso e tirou um pomo de ouro que se
debatia.

“Onde você conseguiu isso?

196
“Afanei.” disse James displicente. E começou a brincar com o pomo, deixando-o voar
uns trinta centímetros e recapturando-o em seguida; seus reflexos eram excelentes.
Wormtail o observava admirado.

Os amigos pararam à sombra da mesmíssima faia à beira do lago, onde Harry, Rony
e Hermione haviam passado um domingo terminando os deveres, e se atiraram na
grama. Harry tornou a espiar por cima do ombro e viu, para sua alegria, que Snape
se acomodara na grama à sombra densa de um grupo de arbustos. Estava
profundamente absorto em seu exame como antes, o que deixou Harry livre para se
sentar na grama entre a faia e os arbustos, e observar os quatro sob a árvore. O sol
ofuscava na superfície lisa do lago, à margem do qual o grupo de garotas risonhas
que acabara de deixar o Salão Principal se sentara, sem sapatos nem meias,
refrescando os pés na água.

Lupin apanhara um livro e estava lendo. Sirius passava os olhos pelos estudantes que
andavam pelo gramado, parecendo um tanto arrogante e entediado, mas ainda assim
bonitão. James continuava a brincar com o pomo, deixando-o voar cada vez mais
longe, quase fugir, mas sempre recapturando-o no último segundo. Wormtail o
observava boquiaberto. Todas as vezes que James fazia uma captura particularmente
difícil, Wormtail exclamava e aplaudia. Passados cinco minutos de repetições desta
cena, Harry se perguntou por que o pai não mandava Wormtail se controlar, mas
James parecia estar gostando da atenção. Harry reparou que o pai tinha o hábito de
assanhar os cabelos, como se quisesse impedi-los de ficar muito arrumados, e que
também não parava de olhar para as garotas junto à água.

“Quer guardar isso?” disse Sirius finalmente, quando James fez uma boa captura e
Wormtail deixou escapar um viva “, antes que Wormtail molhe as calças de
excitação?”

Wormtail corou ligeiramente, mas James riu.

“Se estou incomodando.” retrucou e guardou o pomo no bolso. Harry teve a nítida
impressão de que Sirius era o único para quem James teria parado de se exibir.

197
“Estou entediado. Gostaria que já fosse lua cheia.”

“Só você gostaria “ disse Lupin sombrio por trás do livro que lia. “Ainda temos
Transfiguração, se está entediado poderia me testar. Pegue aqui... “E estendeu o
livro.

Mas Sirius deu uma risada abafada.

“Não preciso olhar para essas bobagens, já sei tudo.”

“Isso vai animar você um pouco, Padfoot “comentou James em voz baixa. “Olhem
quem é que...

Sirius virou a cabeça. Ficou muito quieto, como um cão que farejou um coelho.

“Excelente “disse baixinho. “Snivellus.”

Harry se virou para ver o que Sirius estava olhando.

Snape estava novamente em pé, e guardava as perguntas do exame na mochila.


Quando deixou a sombra dos arbustos e começou a atravessar o gramado, Sirius e
James se levantaram.

Lupin e Wormtail continuaram sentados: Lupin lendo o livro, embora seus olhos não
estivessem se movendo e uma ligeira ruga tivesse aparecido entre suas sobrancelhas;
Wormtail olhava de Sirius e James para Snape, com uma expressão de ávida de
expectativa no rosto.

“Tudo certo, Snivellus?“ falou James em voz alta.

Snape reagiu tão rápido que parecia estar esperando um ataque: deixou cair a
mochila, meteu a mão dentro das vestes e sua varinha já estava metade para fora
quando James gritou:

“Expelliarmus!

198
A varinha de Snape voou quase quatro metros de altura e caiu com um pequeno
baque no gramado às suas costas. Sirius soltou uma gargalhada.

“Impedimenta!” disse, apontando a varinha para Snape, que foi atirado no chão ao
mergulhar para recuperar a varinha caída.

Os estudantes ao redor se viraram para assistir. Alguns haviam se levantado e foram


se aproximando. Outros pareciam apreensivos, ainda outros, divertidos.

Snape estava no chão, ofegante. James e Sirius avançaram empunhando as varinhas,


James, ao mesmo tempo espiando por cima do ombro as garotas à beira do lago.
Wormtail se levantara assistindo à cena avidamente, contornando Lupin para ter uma
perspectiva melhor.

“Como foi o exame, Snivellus? “perguntou James.

“Eu vi, o nariz dele estava quase encostando no pergaminho.” disse Sirius
maldosamente. “Vai ter manchas enormes de gordura no exame todo, não vão poder
ler nem uma palavra.

Várias pessoas que acompanhavam a cena riram; Snape era claramente impopular.
Wormtail soltava risadinhas agudas. Snape tentava se erguer, mas a azaração ainda
o imobilizava; ele lutava como se estivesse amarrado por cordas invisíveis.

“Espere... para ver.” arquejava, encarando James com uma expressão de mais pura
aversão “, espere... para ver!

“Espere para ver o quê?“ retrucou Sirius insensível. “Que é que você vai fazer,
Snivellus, limpar o seu nariz em nós?

Snape despejou um jorro de palavrões e azarações, mas com a varinha a três metros
de distância nada aconteceu.

“Lave essa boca suja“ disse James friamente. “Scourgify!”

199
Bolhas de sabão cor-de-rosa escorreram da boca de Snape na hora; a espuma cobriu
seus lábios, fazendo-o engasgar, sufocar...

“Deixem ele em PAZ!”

James e Sirius se viraram. James levou a mão livre imediatamente aos cabelos.

Era uma das garotas à beira do lago. Tinha cabelos espessos e ruivos que lhe caíam
pelos ombros e olhos amendoados incrivelmente verdes, os olhos de Harry.

A mãe de Harry.

“Tudo bem, Evans? “disse James, e o seu tom de voz se tornou imediatamente
agradável, mais grave e mais maduro.

“Deixem ele em paz“ repetiu Lilly. Ela olhava para James com intenso desagrado.
“Que foi que ele lhe fez?

“Bom “explicou James, parecendo pesar a pergunta “, é mais pelo fato de existir, se
você me entende...

Muitos estudantes que os rodeavam riram, Sirius e Wormtail inclusive, mas Lupin,
ainda aparentemente absorto em seu livro, não riu, nem Lilly tampouco.

“Você se acha engraçado “disse ela com frieza. “Mas você não passa de um cafajeste
arrogante, Potter. Deixe ele em paz.``

“Deixo se você sair comigo, Evans “respondeu James depressa. “Vamos... sai comigo
e eu nunca mais encostarei uma varinha no Snivellus”.

Às costas dele, a Azaração de Impedimento ia perdendo efeito. Snape estava


começando a se arrastar pouco a pouco em direção à sua varinha caída, cuspindo
espuma enquanto se deslocava.

200
“Eu não sairia com você nem que tivesse de escolher entre você e a lula-gigante
“replicou Lilly.

“Sem sorte dessa vez, Prongs “disse Sirius, animado, e se voltou para Snape. “OI!

Mas tarde demais; Snape tinha apontado a varinha diretamente para James; houve
um lampejo e um corte apareceu em sua face, salpicando suas vestes de sangue.
James girou: em um piscar de olhos depois, Snape estava pendurado no ar de cabeça
para baixo, as vestes pelo avesso revelando pernas muito magras e brancas e cuecas
encardidas.

Muita gente na pequena aglomeração aplaudiu: Sirius, James e Wormtail davam


gargalhadas.

Lilly, cuja expressão se alterara por um instante como se fosse sorrir, disse:

“Ponha ele no chão!``

“Prontamente “e James acenou com a varinha para o alto; Snape caiu embolado no
chão. Desvencilhou-se das vestes e se levantou depressa, com a varinha na mão, mas
Sirius disse:

"Petrificus Totalus", e Snape despencou outra vez, duro como uma tábua.

“DEIXE ELE EM PAZ! “berrou Lilly. Puxara a própria varinha agora. James e
Sirius a olharam preocupados.

“Ah, Evans, não me obrigue a azarar você “pediu James sério.

“Então desfaça o feitiço nele!”

James suspirou profundamente, então se virou para Snape e murmurou um contra-


feitiço.

201
“Pronto. “disse, enquanto Snape procurava se levantar. “Você tem sorte de que
Evans esteja aqui, Snivellus...”

“Não preciso da ajuda de sangue ruins imundos como ela! “

Lilly piscou.

“Ótimo “respondeu com frieza. “No futuro, não me incomodarei. E eu lavaria as


cuecas se fosse você, Snivellus”.

“Peça desculpa a Evans! “berrou James para Snape, apontando-lhe a varinha


ameaçadoramente.

“Não quero que você o obrigue a se desculpar “gritou Lilly, voltando-se contra
James. “Você é tão ruim quanto ele``.

“Quê? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o quê!

“Bagunçando o cabelo só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar
da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando
qualquer um que o aborreça só porque é capaz... me surpreende que a sua vassoura
consiga sair do chão com o peso do seu ego. Você me dá NOJO.”

E, virando as costas, ela se afastou depressa.

“ Evans! “gritou James. “Ei, EVANS!

Mas Lilly não olhou para trás.

“Qual é o problema dela? “perguntou James, tentando, mas não conseguindo fazer
parecer que fosse apenas uma pergunta sem real importância para ele.

“Lendo nas entrelinhas, eu diria que ela acha você metido, cara “disse Sirius.

“Certo“ respondeu James, que parecia furioso agora “, certo...

202
Houve outro lampejo, e Snape, mais uma vez, ficou pendurado no ar de cabeça para
baixo.

“Quem quer ver eu tirar as cuecas do Snivellus?``

Mas se James realmente as tirou, Harry nunca chegou a saber.

203
Capítulo 91: Quinto Ano: A Semana
Seguinte

Anyone who ever had a heart Qualquer pessoa que já teve um coração

Wouldn’t turn around and break it Não iria se virar e quebrá-lo

And anyone who ever played a part qualquer um que já desempenhou um papel

Wouldn’t turn around and hate it Não iria se virar e odiar.

- Sweet Jane, The Velvet Underground.

Domingo, 13 de junho de 1976

Tudo dói, foi o primeiro pensamento de Remus ao acordar. O próximo pensamento foi
- onde estão eles?  Ninguém tinha vindo. Estava quente, quente demais para junho, e
seu coração não parava de bater com os resquícios da frustração do lobo. Ele se
levantou com dificuldade e cambaleou até a cama, pingando sangue.

Era para ter essa noite sido a última aventura, ele pensou, miseravelmente. Eles
deveriam perseguir unicórnios. O que tinha acontecido?

Imediatamente ele começou a se preocupar - algo terrível deve ter acontecido, algo
realmente terrível, para que nenhum dos marotos aparecesse. Qualquer um deles por
conta própria poderia ter sido capaz de se sentar com ele, pelo menos, apenas para lhe
fazer companhia. Até mesmo Wormtail.

"Bom dia, querido," Madame Pomfrey entrou no cômodo rapidamente. Ela estava


mais nervosa do que de costume, ele podia sentir o cheiro nela. Algo aconteceu. Só
que ele não podia perguntar o que, não é? "Oh, coitadinho, deve ter sido uma noite
difícil, hein?" Ela começou a curar suas feridas mais urgentes.

204
“O que você quer dizer com ‘noite difícil’?” Ele perguntou, tentando não soar muito
ansioso.

"Oh ... nada, querido, nada com que se preocupar."

Na ala hospitalar, ele teria tentado ficar acordado, mas Madame Pomfrey ficou ao lado
dele para ter certeza de que havia tomado sua poção para dormir, e ele apagou.

“Remus? ... psst ... você está acordado? "

Remus abriu os olhos, turvos e irritados, para ver a imagem borrada de James
flutuando à vista. Apenas a cabeça de James.

"Prongs?" Ele resmungou,

"Shh," James murmurou, mal movendo os lábios, "Pomfrey não vai deixar ninguém
entrar para ver você, tive que me esgueirar por baixo da capa. Você está bem?"

“Na verdade, não,” ele já podia sentir as novas cicatrizes, sem se mover. "O que
aconteceu? Vocês não vieram.”

Seu amigo tinha uma expressão nada familiar. Não familiar para as feições de James,
pelo menos. Seria vergonha?

"Eu realmente sinto muito, Moony."

"Por quê?! O que aconteceu?" Remus perguntou novamente, sua voz


endurecendo. "Não consigo me lembrar de nada."

"Foi ... Godric, não sei como te dizer."

"Tente."

Onde estava Sirius? Por que ele não estava aqui?! Remus queria gritar.

205
“Olha, por favor, não fique muito bravo com ele, ok? Ele é um idiota, um idiota
estúpido, mas eu não acho que ele percebeu, não acho que foi a intenção dele ... "

Ah. Isso veio à mente de Remus muito rapidamente.

"James. O que Sirius fez? "

James nunca fora desonesto desde que Remus o conheceu. E ainda assim, conforme a
história vazava dele, estava temperada com pequenas mentiras - se elas eram para
proteger Remus ou Sirius, não estava claro. Sirius não estivera pensando direito; ele
havia sido imprudente; ele não tinha intenção de fazer mal.

Mas ele havia causado muitos danos, quisesse ou não - e podia ter sido responsável
por muito mais.

"Ele ... contou ao Snape." Remus disse, tentando entender a situação, sentindo uma
sensação horrível, enjoativa e espinhosa começando em seu estômago e rastejando,
subindo.

"Não ... não exatamente," James piscou, umedecendo os lábios, "Ele contou como o
salgueiro funcionava, e Snape ... você sabe como é o Snape."

"Eu sei como Sirius é."

James acenou com a cabeça, como se aceitando que isso era justo.

“Ninguém se machucou. Sirius despejou tudo no último minuto e me disse, eu


consegui impedir Sniv - Snape - de chegar muito perto, mas ...”

"Ele me viu." Remus achou que poderia vomitar. Havia um rugido terrível dentro de


seus ouvidos, como se ele estivesse caindo em um poço escuro, um desfiladeiro
desesperado. Ele fechou os olhos. "Você pode ir embora, por favor, James?"

"E teríamos ido, eu e Pete, teríamos, mas Snape foi até Dumbledore, e você estava tão
arisco..."

206
"James! Eu quero que você vá." Ele sibilou, fechando os olhos.

"Mas Moony ..."

"Por favor."

"...Ok cara. Está bem. Mas eu vou voltar.”

Remus não disse nada, nem mesmo abriu os olhos novamente até ouvir a cortina
farfalhar e saber que estava sozinho. Eventualmente, Madame Pomfrey enfiou a
cabeça para dentro.

"Olá, querido," ela disse suavemente, "Eu tenho outra poção para dormir aqui ... agora
eu sei que você não quer, mas-"

“Me dê’’ ele estendeu um braço dolorido de uma vez. Qualquer coisa para fazer tudo
desaparecer. Qualquer coisa que significasse que ele não teria que pensar mais.

Ele deveria ter visto que algo assim estava chegando, mesmo que James não
tivesse. Sirius estava em queda livre desde o Natal, era apenas uma questão de quem
ele esmagaria quando finalmente acertasse o chão.

***

Segunda-feira, 14 de junho de 1976

Remus Lupin nunca, jamais perdoaria Sirius Black.

Foi uma decisão que tomou quase no mesmo instante em que acordou pela segunda
vez depois daquela noite terrível. O peso de tudo desabou sobre ele, e sentiu uma raiva
tão pura que queimava como uma febre. Essa era a sensação de ser traído.

Ele não sentia raiva dessa forma há muito tempo. No final do quarto ano, Remus
silenciosamente fez uma escolha de baixar suas defesas, de suavizar e relaxar - pelo

207
menos perto de seus amigos. Manter todos à distância - manter todos com um pouco
de medo de você - provou ser muito cansativo para aguentar por muito tempo.

Mas agora. Agora, Remus achou muito fácil. Ele mal falava com Madame Pomfrey,
exceto para exigir que lhe permitisse algumas noites extras na ala hospitalar.

“Sério, Remus, descansar é importante, mas ficar na cama o dia todo não é
saudável. Você precisa de exercício.”

"Não me sinto bem." Ele repetia, debaixo das cobertas. Era infantil, mas ela o deixou
ser infantil. Ela sabia o que tinha acontecido. Sentia pena dele. A enfermeira
resmungou e o inscreveu para outra noite.

Dumbledore foi o pior. O portador de más notícias, como sempre, ele havia chegado
na noite após o ocorrido, para oferecer sua própria perspectiva inútil sobre a
situação. Remus se sentou na cama, os braços cruzados, inabalável e imóvel.

"O Sr. Snape se acalmou consideravelmente, você pode gostar de saber." Dumbledore


disse: “Ele certamente teve um susto, mas foi persuadido a agir no melhor interesse da
escola e de seus colegas alunos”.

Remus bufou com isso. Dumbledore não reagiu.

“Então, nenhum dano foi feito. Seu amigo, Sr. Black ...”

"Não é meu amigo." Remus disse, sem olhar para Dumbledore. Ele encarava o nada.

“Remus ...”

"Ele foi expulso?"

"Não." Dumbledore disse, baixinho, “O que Sirius fez foi incrivelmente tolo,


incrivelmente perigoso. Mas foi um erro. Não tenho dúvidas de que está
verdadeiramente arrependido. Ele aprendeu uma lição valiosa, aqui.”

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"Oh, brilhante." Remus bufou de novo, apertando os braços como se fossem tudo o
que o mantivesse inteiro, “Contanto que o herdeiro Black tenha aprendido uma boa
lição de moral. Contanto que tenha beneficiado seu desenvolvimento pessoal,”

“Remus ...”

“Contanto que todos possamos olhar para trás e pensar, ah que parábola
excelente! Graças a Deus todos nós sabemos agora exatamente o que acontece quando
você envia seu inimigo atrás de um monstro mortal! "

"Remus!"

Ele parou, seu rosto estava quente, e finalmente olhou para Dumbledore. Olhos azuis
frios e marcantes o encaravam de volta. Remus se lembrou de seu primeiro
encontro. Também havia sido rude e estivera com raiva. “Você tem todo o direito de
sentir o que está sentindo.” Dumbledore disse, calmo como sempre. "E fique tranquilo,
Sirius será punido."

Remus queria resmungar algo sarcástico sobre a eficácia das detenções quando se
tratava de Sirius Black. Não fez isso. Dumbledore continuou. “Vou adverti-lo agora,
como fiz uma vez antes, quando uma brincadeira infantil saiu do controle. A raiva é
uma qualidade importante, mas todos devemos aprender a exercer o controle.”

"Um pouco tarde para isso."

“Você foi terrivelmente desapontado por alguém próximo a você, e eu sinto


muito. Mas você não pode deixar este incidente -”

"Pessoas próximas a mim me decepcionam desde que eu tinha cinco anos." Remus


disse, amargamente, “Estou acostumado com isso. De qualquer forma,” ele se
encolheu na cama, desejando que Dumbledore fosse embora e o deixasse em paz,
“Nós não éramos tão próximos”.

209
"É uma pena." Dumbledore respondeu. Então se levantou-se. “Porque todos nós
precisaremos uns dos outros mais do que nunca, em breve. Perdoe e esqueça, Remus.”

Remus não disse adeus, apenas rolou e tentou dormir.

***

Madame Pomfrey não o deixaria ficar três noites seguidas. Ele foi direto para a
Professora McGonagall ao invés. Bateu duas vezes na porta e entrou direto.

“Remus! Você está bem?”

"Me envie de volta."

"Perdão?" A chefe da casa dele se levantou de onde estava sentada atrás de sua mesa.

"Me envie de volta." Ele repetiu, com os punhos cerrados, “Para St. Edmund's. Os
exames acabaram, não preciso mais ficar aqui.”

“Remus, o semestre não acabou. A menos que você não esteja bem, não posso mandá-
lo para lugar nenhum.”

"Então, eu sou um prisioneiro?"

“Claro que não, seu garoto bobo. Sente-se."

Ele pensou em recusar, ou até mesmo sair correndo de novo. Mas ela era tão
implacável, e algo induzido nele desde cedo o forçava a obedecer às vozes elevadas de
mulheres mais velhas. A professora também se sentou, a cor de seu rosto se
esvaindo. Ela balançou a varinha e uma chaleira apareceu, junto com duas xícaras e
pires, "Chá, Sr. Lupin?"

"Não, obrigado."

210
“Tome,” ela resmungou, servindo-lhe uma xícara de qualquer maneira, “eu acho que
as conversas mais desagradáveis podem ser facilitadas com os refrescos certos. Sirva-
se de um biscoito.” Ela acenou com a cabeça para um prato que não estava lá um
momento antes.

"Estou bem. Eu só quero ir.” Ele disse, sua voz tão nivelada quanto poderia mantê-la.

"Sim, isso ficou claro." Ela tomou um gole de chá: "Mas não vou mandá-la de volta ao
St. Edmund's".

"Diga à Madame Pomfrey para me deixar dormir na ala hospitalar, então."

“Eu não farei tal coisa. Você tem uma cama perfeitamente boa na Torre da
Grifinória.”

"Eu não posso ir para lá."

"Grifinórios não fogem de nossos problemas, Sr. Lupin."

"Sim, mas os Sonserinos fogem de lobisomens." Ele retrucou e olhou para ela,


fixando-a com um olhar que pensava que quase havia aperfeiçoado, agora, “Eu teria
sido preso. Enviado para Azkaban, ou, ou ... ou abatido! Eu nem saberia que fiz algo -
e é tudo culpa dele! "

Oh não, ele tinha que parar por aí. Corria um sério risco de cair no choro, e isso não
poderia acontecer. Sob nenhuma circunstância Remus choraria por causa disso.

McGonagall foi gentil e esperou que se recompusesse. Ele respirou fundo algumas


vezes, deixando seus cachos caírem na frente de seu rosto antes de finalmente poder
olhar nos olhos dela novamente. “Não posso dormir em um quarto com a pessoa que
fez isso.”

"Isso é perfeitamente razoável." Ela disse, gentilmente.

Ele piscou.

211
"O que?"

“Eu não sou completamente sem coração, Sr. Lupin,” ela sorriu, “Acredite em mim,
eu sei como você deve se sentir - eu posso imaginar, pelo menos. E eu posso te dizer,
eu mesmo conversei seriamente com o Sr. Black - ele está fora do time de quadribol,
detenção pelo resto do ano, cem pontos perdidos ..., mas não podemos fazer nenhuma
mudança drástica em seus arranjos de dormir, não sem ninguém perguntando por
quê.”

Aquilo clicou. Nos últimos dias, Remus havia colocado sua dor no centro do
universo. Havia se esquecido que ninguém mais na escola sabia de nada.

"Ah." Foi tudo o que ele conseguiu reunir.

"Sinto muito, Remus," disse McGonagall. “É uma crueldade horrenda. Mas deve ser
suportado.”

"Isto me lembra." Ele procurou no bolso o distintivo de prefeito. Havia quebrado o


feitiço de transfiguração nele e o embrulhado em papel de seda, mas ainda estava
quente em sua mão. O colocou na mesa. “Pegue isso de volta. Dê para ... Não sei, dê
para James. Eu não posso mais fazer isso.”

“Remus,” McGonagall parecia triste agora, implorando, “Não deixe isso te


atrapalhar. Fale com seus amigos."

Ele encolheu os ombros,

"Posso ir?"

***

Ele foi à biblioteca. Onde mais iria? Seria muito simples para os marotos encontrá-lo
se quisessem, eles tinham o mapa. Não havia nenhum lugar para se esconder, exceto

212
talvez a Casa dos Gritos, e Remus faria qualquer coisa, menos passar mais tempo do
que o absolutamente necessário lá dentro.

Felizmente, todos os outros pareciam estar do lado de fora, aproveitando o sol do


início do verão, deixando a biblioteca praticamente vazia. Ele leu - ou tentou, de
qualquer maneira. Não era fácil se concentrar quando seu próprio cérebro o
interrompia continuamente.

Você nunca devia tê’ agarrado ele.

Olha, cai fora, não estou no clima.

Oh que graça! É cê’ quem fica tentando bater um papo.

Quero falar com Grant, não com você. Você é um substituto de merda.

Bem, cê’ tem que perguntar o que isso diz sobre tu, num tem? Encontre alguém real
para conversar, se qué’ tanto.

... O que isso tem a ver com o beijo?

Ooooh, é um 'beijo' agora, não é? Amassos é bom o suficiente para Grant, mas para o
grande e glorioso Sirius Black é 'beijar' lah-dee-dah!

Seja útil ou me deixe em paz.

Eu disse - ou o verdadeiro Grant disse - para não beijar ele. Cê’ pensou que
escaparia fácil quando decidiu ignorar, mas agora cê’ está pagando.

Você está dizendo que eu fiz isso.

É o que parece.

Isso não é muito gentil.

Eu devia ser?

213
Eu sinto falta de Grant.

Baita azar.

Eventualmente, começou a escurecer. Ele perdeu o jantar - não achou que conseguiria


comer na frente dos marotos, de qualquer maneira. E apenas esperou. Faltavam apenas
duas semanas para o fim do semestre. Poderia evitá-los por um longo tempo; já tinha
feito isso antes. Fique na biblioteca, levante cedo, vá dormir tarde. Mamão com
açúcar.

Remus foi expulso da biblioteca às nove horas e - morrendo de fome agora - fez um
desvio para a cozinha. Os elfos domésticos ficaram muito felizes em servir,
construindo um prato de sanduíches, batatas fritas e doces, o suficiente para alimentar
uma classe inteira. Remus comeu tudo e poderia ter comido mais. Mas era hora de
enfrentar a realidade.

Ele caminhou lentamente, como se isso pudesse ajudar, e foi surpreendido por Lily,
em patrulha de monitor.

"Oi," ela sorriu, "Está se sentindo melhor?"

"Sim, muito." Ele assentiu. "Como você está?"

Ela olhou para baixo, mexendo no cabelo.

“Oh, você sabe. Bem. Sev parou de espreitar fora da sala comunal agora, pelo menos.
"

“Desculpe por tudo isso ...”

"Não foi sua culpa", ela acenou com a mão, "Eu realmente pensei que ... ah, é
estúpido, mas pensei que talvez um dia ele fosse mudar de ideia sobre todas aquelas
bobagens de puro sangue, e quando o fizesse, eu ainda estaria lá. Como se tudo que eu

214
tivesse que fazer fosse continuar sendo amiga dele, e tudo daria certo. Estúpida." Ela
balançou a cabeça.

"Não é estupido." Ele respondeu, porque parecia uma coisa boa de se dizer.

“Sim, bem. Poderia ter evitado muita dor de cabeça,” ela deu de ombros,
estoicamente. “O que você está fazendo vagando por aí, afinal? Vá para a cama, você
não está bem!”

Ele sorriu para ela - ele não sorria há anos. Estava prestes a se virar e seguir em frente,
quando algo o fez mudar de ideia. Ele se abaixou e passou os braços em volta de Lily,
apertando-a. Ela retribuiu o abraço, o que só o fez apertar com mais força, até que ele
a ergueu do chão, e ela gritou, rindo,

"Deus, você é mais forte do que parece, Lupin!"

"Desculpe." Corou, colocando-a no chão.

"Não, foi bom", ela sorriu para ele, dando um tapinha em seu ombro, "Você está
bem?"

"Sim."

Ele não se sentia bem ao entrar na sala comunal. Felizmente, estava muito


quieto. Alguns alunos ainda tinham provas, outros estavam apagados após um longo
dia no sol quente. Os marotos não estavam lá, mas estiveram recentemente.

Remus sabia exatamente o que iria fazer. Tudo faz sentido na biblioteca, enquanto ele
meditava sobre o primeiro confronto, como uma peça que precisava ensaiar.

Ele subiu as escadas. Era bobagem, sabia, mas desde seu aniversário, ele se demorara -
só por um segundo - naquele degrau da escada, toda vez que subia para a cama ou
descia para tomar café da manhã. Este castelo guardava memórias - o mapa do maroto

215
havia lhe ensinado muito. E aquele degrau guardou a memória mais doce de todas. Ele
o saltou agora, decidido.

Empurrou a porta com alguma força, assustando os três garotos lá dentro, que estavam
sentados em suas camas. Peter estava de pijama, parecendo taciturno - Remus só podia
presumir que isso não significava nenhuma mudança com relação a
Desdêmona. James estava meio despido, mexendo em seu armário de cabeceira por
alguma coisa. Sirius estava reclinado, claramente prestes a fazer um comentário
sarcástico. Quando Remus entrou, ele se endireitou.

Remus foi direto para sua cama e pegou o pijama. Ele não falou, mas foi direto para o
banheiro, trancou, então lançou um feitiço silenciador. Não queria ouvi-los. Ele não
tinha certeza de como reagiria a isso.

Tomou banho. Escovou os dentes. Vestiu seu pijama. Remus estava mais do que


ciente de que havia perdido parte de sua autoridade ao vestir uma calça de pijama
folgada azul e branca e uma regata cinza, mas ele tinha algumas cicatrizes novas e não
queria se trocar na frente deles. Respirou fundo. Saiu, cruzando rapidamente quarto
em direção a sua cama.

“Moony, eu ...” Sirius começou.

Remus o ignorou e se virou para James,

"Obrigado por parar Severus, James." Ele disse, sem emoção. "Você salvou nossas
vidas."

“Er ...” James começou, mas Remus subiu na cama e fechou as cortinas com um
movimento rápido.

Bem. Ele pensou para si mesmo. É isso então.

216
Capítulo 92 : Quinto ano: Encerramento

Terça-feira, 30 de junho de 1976

"Sinto muito," disse Sirius Black, com olhos grandes e ansiosos, atrás de Remus
enquanto ele escovava os dentes.

"Desculpa," murmurou Sirius Black, baixo, na mesa do café da manhã, antes que
Mary chegasse.

"Eu sinto muito, Moony!" Suplicou Sirius Black, enquanto Remus se afastava


novamente.

"Me desculpa ..." sussurrou Sirius Black, enquanto Remus fechava as cortinas da
cama todas as noites.

Que ele sofra,  disse a parte mais cruel de Remus, a parte que mais se machucou. Ele
virava a cabeça, se afastava, trancava portas e fechava os olhos. Desculpas e sinto
muito não são bons o suficiente, expressava, com cada ação sua. Eu não sei o que é
suficiente.

James e Peter assistiam, com cautela, pelo canto dos olhos. Eles sabiam que não
deveriam se envolver - embora James, sem dúvida, suportasse o peso da angústia de
Sirius; as reuniões noturnas voltaram com força total.

As garotas perceberam que algo estava errado, mas não tinham certeza do quê - Lily
achou que estava nervoso em voltar para St. Edmund's, Marlene achou que estava
preocupado com os resultados dos NOMs. Remus concordou com as duas noções com
gratidão. Afinal, ele estava fazendo tudo que podia para agir de forma mais normal
possível. Se juntava aos marotos para as refeições, sentava-se em seu lugar de
costume, lia seus livros, jogava xadrez com Peter, gobstones com James. À noite, ele
subia as escadas para a cama.

217
Mas ele não falou com Sirius. Pelas duas semanas restantes de junho, Remus não disse
nada em sua direção. Nem mesmo olhava para ele, se pudesse evitar.

Ele tinha a sensação, depois da primeira semana, que talvez James não aprovasse isso
completamente. Potter estava furioso por Remus, é claro - pelo menos em relação aos
fatos - mas James poderia ser muito cego quando se tratava das falhas menos
desculpáveis de Sirius. James o teria perdoado após o primeiro pedido de desculpas.

Talvez Remus fosse um homem mais fraco. Mas não seria mais. Precisava voltar a ser
quem ele realmente era. Todos nós podemos aprender uma lição. Remus tentou ser
gentil e aberto, como todos os seus amigos ricos e bem-educados - onde isso o havia
levado? Ele se apaixonou por seu melhor amigo e quase foi morto. Estava com
vergonha de si mesmo - sonhando com Sirius daquela forma. Moony está
sonhando. Sirius acharia isso hilário.

Então começou a evitar James e Peter também.

Parou de ir às aulas – esse foi o primeiro passo. Não haviam muitas para ir, é claro,
com os últimos exames ocorrendo e toda a escola entrando em modo de férias de
verão. Ainda assim, ele tinha aulas introdutórias para os NIEMs em seu cronograma
para quase todas as matérias, exceto Poções - ele mal podia esperar para se livrar das
Poções.

As estufas eram um bom lugar para se esconder. Remus descobriu, no final do ano,


que havia gasto quase todo o seu dinheiro cuidadosamente economizado em cigarros e
maconha. E disse a si mesmo que estava tudo bem. Disse a si mesmo que não
precisaria de dinheiro para encontrar e destruir Greyback, apenas o cheiro certo e uma
lua cheia. Não que ele pensasse muito em Greyback. Ele tentou não pensar em nada
por muito tempo; a raiva deu lugar a um entorpecimento com o qual parecia mais fácil
conviver.

218
Quando não podia ir para o lado de fora, ia à biblioteca e fingia ler. Os alunos de seu
grupo de estudos o paravam ocasionalmente, mas ele sempre encontrava um motivo
para sair o mais rápido possível.

"Oi, Remus!" Christopher apareceu entre as pilhas uma tarde: “Que bom que achei
você! Você pode recomendar alguma leitura de verão? Eu estarei fazendo meus NOMs
no próximo ano!”

"O que?" Remus franziu a testa, meio grogue. Estivera apenas cochilando e ficou


irritado por ter sido acordado. Andava dormindo muito ultimamente, mas nunca
parecia se sentir revigorado. “Ah, Deus, eu não sei. Eles enviam a você uma lista de
livros.”

"Sim, mas achei que você poderia ter algumas boas dicas!" Christopher continuou,
implacavelmente alegre. "Especialmente em História, sobre o que você fez sua
redação final?"

"Hum ... A Revolta dos Goblins." Se moveu, tentando se acomodar sobre os


cotovelos.

"Legal! Ei, talvez eu pudesse escrever para você, durante o verão? Podemos trocar


notas e -”

"Olha, Christopher, não me leve a mal, mas você poderia, por favor, dar o fora?"

Ele se sentiria culpado por isso mais tarde, mas pelo menos o aborrecimento foi
embora.

Os marotos nunca tentavam encontrá-lo, pelo que sabia - ele havia pegado o mapa na
primeira chance que teve e o mantinha no bolso o tempo todo. Isso teve o benefício
adicional de ajudá-lo a se manter longe do Snape. A única coisa que Remus queria
evitar mais do que sua raiva por Sirius, era seu terror absoluto ao pensar em topar com
Severus.

219
Snape odiava Remus antes de tudo isso - ele era muito próximo de Lily, ele era amigo
de James, ele era o responsável por, pelo menos, metade das pegadinhas na
Sonserina. Desde o incidente, essa obsessão parecia ter se aprofundado. O menino
ainda sussurrava na hora das refeições, olhando para Remus o tempo todo, com um
novo tipo de ódio, um ódio que não cessaria. Se Sirius tinha aprendido uma lição
naquela noite horrível, então Remus tinha certeza de que Snape não o fizera.

Sirius estava muito ansioso. Se desculpava, de novo e de novo - nunca tentando se


explicar, o que era bom, porque se ele tivesse; se ele tivesse tentado dar uma
justificativa, Remus não achava que conseguiria se controlar. Já era preciso toda a sua
força para não pular sobre a mesa, ou no quarto, ou na sala comunal, sacudir, socar e
gritar com Sirius - seu bastardo, seu bastardo, seu bastardo.

As desculpas ele poderia lidar. Eram barulho de fundo. E não morderia a isca. Não que
ele não tivesse o que dizer - não que ele não repetisse o monólogo indefinidamente,
editando e o aperfeiçoando até que fosse uma grande torrente de derrota miserável,
circulando sua cabeça, alimentando seu humor.

‘’Desculpa’’ não é bom o suficiente. Sua culpa não é boa o suficiente. Eu preciso que
você sinta isso também. Eu confiei em você. Eu confiei em você até o último segredo,
eu ofereci a você cada pedaço de mim. O que mais eu tenho agora? Eu poderia te
matar. Eu poderia esmagar seus dentes para que você os engasgasse, poderia
envolver minhas mãos em volta da sua garganta e te sufocar, eu poderia rasgá-lo em
pedaços, poderia, poderia, poderia beijar você, seu bastardo de merda.  

Em seus sonhos, Remus dizia essas coisas e muito mais. E sempre, em seus sonhos,
Sirius o encarava com calma contrição, enquanto ele tirava as roupas e puxava Remus
para si. Parecia que a traição não era suficiente para matar o desejo, embora tornasse
mais fácil escondê-lo. Quando aquele miserável semestre de verão acabou, a única
pessoa que Remus desprezava mais do que Sirius era a si mesmo, por continuar a
amá-lo da mesma forma.

***

220
"Olá", disse Lily, gentilmente, enfiando a cabeça pela porta do vagão. "Gostaria de
saber onde você foi."

Remus grunhiu, um pequeno ruído que não era nem amigável nem rude. Lily
entrou. "O que você está fazendo aqui, sozinho?"

Remus deu de ombros, sugando seu cigarro como se isso o mantivesse vivo. Ele se
enrolou no banco enquanto ela ocupava o lugar oposto.

"Muito lotado, lá." Ele disse, a título de explicação.

"Eu sei como você se sente." Ela respondeu. “… McGonagall me disse que você
desistiu de ser monitor.”

"Sim." Terminou seu cigarro. Acendeu outro.

"Que pena. Você era bom nisso.”

"Mentirosa", ele sorriu. Seu rosto se iluminou também,

“Sim, ok, você era um lixo. Mas vou sentir sua falta nas minhas rondas.”

Ela deixou isso pairar no ar por um momento, antes de franzir a testa


novamente. “Remus? O que quer que esteja acontecendo com você e os outros
meninos, espero que melhore. Você parece tão infeliz.”

"Estou bem."

"Black está fora do time de quadribol."

"Mesmo?"

"O que ele fez?"

"Deixe isso, Evans, apenas vá embora."

221
"Sabe, você pode falar comigo, eu sei como é ser decepcionado por um amigo ..."

"Como o Snivellus está?" Remus rosnou. Ele gostaria de poder dizer a ela que não era
sua culpa, que ele não podia deixar de agir como um idiota - que se não agisse dessa
maneira, então ele não saberia como agir.

“Ele está ... bem, ainda não estou falando com ele, como sabe. Ele continua tentando,
no entanto. Ele ... hum ... ele tinha algumas histórias bem malucas, na verdade ... sobre
você ... "

Remus olhou para ela, finalmente. Ela parecia nervosa, com as mãos torcendo no
colo. Ela parecia um pouco assustada, na verdade. “Eu não acredito nelas!” Ela disse,
de repente.

"Não?" Ele ergueu uma sobrancelha. Deveria saber que esse momento chegaria.

“Quero dizer, só porque você é ... bem, você tem um monte de cicatrizes - desculpe - e
você fica doente muitas vezes, mas isso não significa que ... Eu realmente não tinha
pensado sobre isso, talvez seja apenas uma coincidência estranha, Sev sempre foi um
pouco paranóico ... e ...”

Ele poderia ter visto ela se contorcer daquele jeito por muito tempo, enrolando-se em
desculpas e perguntas não feitas. Mas por que se preocupar. Ele também podia ser
imprudente.

"Lily." Ele disse, gentilmente, apagando seu último cigarro. "Você não pode contar a
ninguém."

Ela parou de tagarelar e olhou para ele. Remus viu seus grandes olhos verdes se
arregalarem ainda mais, o olhar de surpresa em seu rosto fora tão cômico que ele
poderia chorar. Sua respiração engatou, então ela balançou a cabeça, decidida e
bastante séria.

"Eu não vou." Ela disse. "Prometo."

222
Capítulo 93: Verão 1976: Parte Um
(Londres)

Just a perfect day Apenas um dia perfeito

Problems all left alone Problemas deixados sozinhos

Weekenders, on our own; Weekenders, por nossa conta;

It’s such fun. É muito divertido.

Just a perfect day Apenas um dia perfeito

You made me forget myself Você me fez esquecer de mim mesmo

I thought I was someone else Eu pensei que era outra pessoa

Someone good. Alguém bom.

- Perfect Day, Lou Reed

Quarta-feira, 11 de agosto de 1976

St. Edmund's estava ainda menos suportável do que o normal naquele verão. Remus
estava com raiva quase o tempo todo. Estava muito quente e ele sentia falta de
Hogwarts e seus amigos e, acima de tudo, sentia falta de Sirius, mas também o
odiava. Era tudo uma grande bagunça. Sentia falta de Grant também; Grant, que
poderia ter tornado tudo um pouco mais organizado ou, pelo menos, oferecido algum
escapismo.

Mas, como uma conversa insatisfatória com outro garoto de St. Eddy, chamado Mike,
havia lhe contado, Grant deixara St. Edmund's logo após o Natal. Ele estava morando

223
em um apartamento em Mile End, aparentemente, embora Remus não tivesse mais
informações do que isso. ... e ele tinha dito que Remus poderia ir a qualquer momento.

Pelo menos não estou roubando mercearias ou ficando bêbado no parque desta
vez, ele pensou, enquanto planejava sua fuga. Em relação a rebeliões de verão, esta
talvez fosse a mais saudável.

Ele esperou até que a segunda lua cheia do verão tivesse passado - no dia dez de
agosto. No dia 11, esperou que Madame Pomfrey viesse e lhe curasse, e então
simplesmente saiu. Ele estava dolorido e extremamente cansado, mas na hora não
sentia que havia outra opção. Fez uma pequena mala, sem levar livros ou dever de
casa ou sua varinha ou qualquer coisa que o lembrasse de Hogwarts. Seria um trouxa
por alguns dias; por que não?

Tudo que Remus tinha que fazer era sair pelo jardim e rastejar pela cerca nos fundos,
assim como ele vinha fazendo há anos para chegar à cidade. De lá, ele simplesmente
caminhou até o metrô mais próximo.

A estação subterrânea de Theydon Bois ficava a cerca de oito quilômetros de


distância, mas ele fez o caminho facilmente em menos de duas horas, mesmo com o
quadril ruim. Não podia pagar uma passagem, mas não foi difícil ultrapassar as
catracas atrás de um grupo de trabalhadores de terno a caminho do trabalho.

Se sentou no trem e fingiu estar dormindo - para que o inspetor de passagens não o
incomodasse - enquanto ouvia o barulho estrondoso de seu vagão zunindo ao longo
dos trilhos, como uma grande minhoca abrindo caminho para o centro Londres.

A animação pulsou no peito de Remus quando ele alcançou Mile End, onde correu
para fora do trem para a estação mal iluminada de azulejos verdes e brancos.

Mile End fora atingida por uma bomba alemã durante a guerra e ainda não havia se
recuperado do choque. Era uma rua suja e extensa, cheia de entulho e jornais, crianças

224
brincando na rua, barulho por toda parte. O anonimato sombrio convinha a
Remus. Quem viria procurá-lo aqui? Quem o encontraria?

Ele vagou um pouco, sem saber o que fazer a seguir. A informação que ele recebeu era
apenas o nome de um prédio, sem endereço. Mas depois de perguntar numa banca de
jornal e, literalmente, seguir seu nariz, ele o encontrou.

Descobriu que Grant não chegou a ter um apartamento - não no sentido de ser o dono,
ou mesmo de o alugar. Pelo que Remus podia ver, era compartilhado com vários
outros rapazes e moças. E ele não estivera, exatamente, o esperando também.

"Puta merda!" Ele exclamou, quando uma das garotas finalmente o trouxe até a porta,
"O que cê tá fazendo aqui?!"

Remus se sentiu muito tolo. Ele não tinha certeza que tipo de boas-vindas esperava,
mas não era isso.

"Você disse que eu poderia visitar ..."

"Sim, desculpa," Grant agarrou seu ombro e puxou-o para dentro, "Desculpa, só tô
meio de ressaca ainda.”

Ele levou Remus para o que parecia ser uma cozinha. Cheirava vagamente a curry e
umidade. Haviam bolhas no papel de parede e buracos no piso de linóleo
amarelo. Grant ligou uma chaleira elétrica: “Uma das garotas fez um gato com um
gerador”, ele explicou, “Ela é mecânica ou coisa assim. Chá?"

Remus concordou. Chá geralmente ajudava.

Grant parecia diferente. Apenas um ano mais velho do que a última vez que Remus o
vira, estava mais magro no rosto. Havia perdido um pouco do brilho em seus olhos e
seu cabelo loiro estava ainda mais comprido; ainda cacheado, mas precisando
urgentemente ser lavado. Parecia ter quebrado um dente em algum ponto também, e
um hematoma da cor de mel velho marcava sua bochecha esquerda. Mesmo assim, ele

225
ainda tinha o mesmo sorriso amigável. Entregou a Remus uma caneca fumegante e
sorriu para ele.

"Cê’ tá ... bem, uma merda", disse ele, bebendo de sua própria caneca. "Tem dormido
mal?"

"Ah, não," Remus balançou a cabeça, "Acabei de sair do mêtro de St. Edmund's."

“Ah sim, como tá a Diretora? Te expulsô’, num é? Me expulsou, a vagabunda.”

“Nada disso,” Remus disse, “Eu só ... pensei em visitar. Ver como você estava.”

"Mike te contou onde eu estava?"

"Sim ... então quem é Mike?" Remus sorriu timidamente para ele por trás de sua
xícara de chá.

“Ah, cê sabe,” Grant sorriu, “Apenas uma companhia. Num podia ficar chorando por
você o ano todo, num é, garoto chique? "

"Ele é muito burro."

"Ele é?" Grant parecia ligeiramente divertido, “Eu nunca percebi. A gente num falava
muito.”

Remus riu com isso, e foi bom. Grant o fazia se sentir tão normal; ele nunca poderia
brincar confortavelmente sobre esse tipo de coisa com os marotos, mesmo quando
todos estavam se falando.

O apartamento era mais limpo do que parecia, mas ainda em péssimo estado. Haviam
seis deles morando lá, entre dois quartos e uma sala - que era visível através de uma
porta de contas do outro lado do corredor. Aparentemente, um dos meninos até dormia
no banheiro porque nenhum encanamento estava conectado de qualquer maneira; a
única torneira que funcionava estava na cozinha.

226
"Tem um banheiro no pátio", explicou Grant, "às vezes a gente entra para usar os
chuveiros do clube de boxe ao lado."

“Oi oi”, outro jovem havia acordado de seu lugar no sofá, “Faz uma xícara de chá pra
nós, Grant, querido. Quem é esse?" Ele estava sem camisa, tinha a pele escura e era
lindo. Possuía o mesmo olhar distante que Grant tinha agora.

"Amigo meu do abrigo", disse Grant, "Remus Lupin."

"De jeito nenhum que esse é seu nome." O estranho ficou boquiaberto.

“Pois é,” Grant respondeu em nome de Remus, “Vai pr’uma escola chique e tudo
mais, né não. Remus, esse é o Adz.”

"Caramba," Adz olhou para Remus, então de volta para Grant, "É um de nós?"

Grant entregou a Adz uma terceira caneca de chá, e examinou Remus, olhando-o de
cima a baixo, avaliando. Ele acenou com a cabeça, muito ligeiramente. Remus não
tinha certeza do que isso significava, mas tinha uma ideia. Reprimiu um bocejo. Grant
cacarejou com simpatia,

"Cê tá parecendo um morto." Ele disse. “Teve uma daquelas suas noites, né? Pode


deitar se quiser, eu expulso eles do quarto, ninguém vai te incomodá’. "

Remus acenou com a cabeça agradecido e foi conduzido para um quarto escuro e sujo.

“Ei, seus preguiçosos, levantem aí. Tenho um amigo aqui que precisa dormir. "

Remus murmurou um pedido de desculpas envergonhado para os quatro jovens que se


levantaram e saíram do quarto. As camas pareciam ser usadas rotativamente e
ninguém parecia incomodado com essa intrusão. Um dos meninos até deu uma
piscada para Remus.

Três tristes colchões de solteiro estavam no chão, cobertos por cobertores e


travesseiros velhos. Cheirava vagamente a mofo e fortemente a corpos sujos. Papelão

227
foi usado para tapar as janelas quebradas. Remus estava feliz por ser verão; poderia
estar muito frio, caso contrário. Apesar de tudo, ele dormiu facilmente, sentindo que
finalmente havia assumido algum controle sobre sua situação.

Grant o acordou algumas horas depois. Ele parecia um pouco melhor - como se tivesse
feito uma boa refeição, pelo menos. O estômago de Remus roncou.

"Wakey wakey", Grant cantarolou, segurando outra caneca de chá. Remus se sentou,


esfregando os olhos. Um pouco da dor que sobrou da lua cheia ainda estava lá, mas se
sentia melhor. Devia ser meio-dia, a julgar pelos raios de luz ardentes que passavam
pelas fendas do papelão.

"Obrigado", murmurou, bebericando o chá, movendo-se para que Grant pudesse se


sentar ao lado dele.

Eles ficaram sentados em um silêncio amigável por um tempo, as costas contra a


parede e as pernas abertas à frente deles.   

"Então," Grant disse finalmente, uma vez que julgou Remus suficientemente
acordado, e metade do chá bebido. "Quer me dizer por que cê tá aqui?"

Remus encolheu os ombros,

"Só visitando. Cansei daquele lugar.”

"Sim, bem, eu conheço essa sensação." Grant suspirou: "Cê não tem que voltar para a
escola em umas semanas?"

"Sim. Talvez." Ele sabia que precisava. Não havia outro lugar para ir.

"Cansou daquele lugar também, hein?" Grant o cutucou, provocando


suavemente. “Vai em frente, me conta o que aconteceu. Tá de coração partido? "

Remus olhou para ele, assustado. Grant riu, “Hum, achei que fosse isso. Quem é,
então? "

228
“Não é ...” Remus gaguejou, “Não é isso, é complicado. Meu amigo apenas ... me
decepcionaram.”

"É, sempre fazem isso", Grant assentiu sabiamente. “Aposto que são os piores nisso,
esses mauricinhos, hein? 'Especialmente conosco, camponeses.”

“Não foi nada disso!”

"Sei, sei." Ele acenou com a mão desdenhosa, “Fale pra si mesmo que é diferente, se
isso ajuda. Mas se quiser meu conselho, fica longe dos mauricinhos, a gente é só
diversão pra eles. Fica com seu próprio tipo.”

"Isso não é sobre classe." Remus disse, com raiva. Grant olhou para ele com simpatia,
como se fosse muito mais velho e mais sábio.

“Da uma olhada ao redor Remus,” ele disse, apontando para o quarto úmido em que
estavam, “A gente é britânico. Tudo é uma questão de classe.”

Remus olhou para sua caneca lascada de chá acinzentado. Grant provavelmente estava
certo. O que mais era essa guerra estúpida? Ele sentiu que deveria dizer outra coisa -
algo espirituoso ou inteligente. Mas apenas olhou para o chá e se sentiu triste. Ele
poderia perder o controle, se falasse qualquer coisa. Grant colocou sua própria caneca
no chão de madeira e tocou a mão de Remus.

“Cê vai ficar bem. Vai parar de doer depois de um tempo.”

"Eu…"

Não, não era bom, Remus tinha perdido. Ele fungou algumas vezes, tentando com
mais força do que nunca não chorar, mas as lágrimas vieram e ele estava muito
cansado. Grant colocou um braço em volta dele e Remus se apoiou em seu ombro,
chorando baixinho, soluçando de vez em quando, como uma criança. Grant beijou sua
cabeça, suavemente, e sussurrou em seu cabelo: “Não tenha vergonha de chorar”, o
que só o fez chorar ainda mais.

229
Foi uma coisa boa, talvez. Depois de finalmente se acalmar, sentiu como se tivesse
dormido um bom e longo sono. Ele enxugou o nariz na manga e se endireitou,
procurando outra coisa para conversar.

"Todo mundo aqui é... hum ... você sabe ...?" Ele perguntou, timidamente.

“Queer? Sim, a maioria de nós. Não tem nenhum outro lugar para ir. Os policiais nos
deixam em paz se a gente deixar eles em paz.”

"Polícia? Mas não é um crime!”

"É para alguém da sua idade." Grant ergueu uma sobrancelha. “A idade de


consentimento é vinte e um para nós, desviantes.”

"Ah, certo, sim. Mas eu não ... quero dizer, eu não ia ..."

Grant riu e bagunçou o cabelo de Remus,

"Você vai passar a noite? Pessoal aqui vai pra um pub em Soho. É seguro o
suficiente."

"Posso ficar, então? Só um pouco?"

"Não vejo por que não. Vamos, vamos te alimentar um pouco." Ele se pôs de pé,
parecendo mais magro do que nunca em seus jeans finos e compridos. Ofereceu a mão
a Remus e o puxou também.

O almoço foi feijão cozido com torrada - o pão estava um pouco mofado, mas os
pedaços mais verdes foram raspados. Depois, eles se sentaram na sala de estar com
alguns dos colegas de casa de Grant e fumaram maconha com Bob Dylan tocando ao
fundo. Tudo parecia distintamente trouxa, e Remus estava feliz com isso. Era tão
simples - ninguém o conhecia, exceto Grant, que mal o conhecia direito. Poderia ser
muito fácil desaparecer, se quisesse, Remus pensou consigo mesmo.

230
Depois de algumas tragadas profundas no baseado, Remus se viu deitado no carpete
bege levemente úmido, olhando para o teto manchado de tabaco. Grant gentilmente
colocou uma almofada sob sua cabeça. Ele estava sendo tão gentil, como um irmão
mais velho - embora eles tivessem praticamente a mesma idade e apenas um ano antes
estivessem se agarrando. Se Remus fosse totalmente honesto consigo mesmo, ele tinha
vindo preparado mais daquilo, mas estava eternamente grato por Grant não ter
insinuado nessa direção.

"Porra de um cachorro continua latindo," alguém disse ao fundo, tirando Remus


lentamente de seu estado de sonho.

"É um vira lata?" Alguém perguntou.

"Não sei. Mas é muito grande. Uma coisa preta horrível."

"Você disse que tem um cachorro preto lá fora?" Remus sentou-se, lentamente, uma
sensação de afundamento em seu estômago. Certamente não poderia ser.

"Sim," Adz respondeu, de pé na janela.

Remus se levantou e foi se juntar a ele. Certamente, lá estava. Ele recuou rapidamente


para trás da cortina, para que Sirius não o visse. Até onde cães podiam ver?

"Eu hum ... eu preciso ir ao banheiro, só um minuto." Remus murmurou, saindo do


apartamento rapidamente. Ele desceu correndo as escadas e saiu pela porta que dava
para o pátio, onde ficou parado na soleira, observando o enorme cachorro preto ainda
latindo para a janela.

"Olá, Sirius." Ele disse baixinho. O cachorro se virou e ficou quieto


imediatamente. "James está com você?"

"Oi, Moony," James saiu de trás de algumas latas, "Belo lugar você tem aqui."

231
"Olha, eu não estou no clima." Remus cruzou os braços. Ele se sentia um pouco
grogue por causa da maconha. "O que você quer?"

Sirius não se transformou de volta, mas ficou sentado ali, observando. Bom. Isso


tornava mais fácil para Remus ignorá-lo. Em vez disso, ele se dirigiu a James.

"O que você quis dizer com 'o que nós queremos'?" James ergueu uma sobrancelha,
"Estávamos preocupados com você! Sua Diretora ligou para a polícia trouxa e disse
que você fugiu. De alguma forma, Dumbledore descobriu e entrou em contato com
meus pais - acho que eles pensaram que você viria para a nossa casa. Sirius tinha
certeza de que você tinha ido para Londres, ele seguiu seu cheiro praticamente todo o
caminho desde o abrigo. "

"Você esteve em St. Edmund's?"

"Sim."

Remus se encolheu, envergonhado. Nunca quis que seus amigos soubessem como era
o lugar onde ele morava. Ele suspirou e estendeu os braços, como se se apresentasse
para uma inspeção.

"Bem, você me encontrou." Ele disse. "Como você pode ver, estou perfeitamente bem.
Agora pode ir embora. E diga ao seu cachorro para parar de latir." Ele não pôde evitar
deslizar uma farpa desagradável para Sirius. Seu desejo de machucá-lo não tinha ido
embora, aparentemente. Padfoot ganiu ligeiramente e abaixou a cabeça. James
ignorou, focando em Remus,

"Você não está perfeitamente bem. Sem contar o fato que você tá ficando em um


apartamento trouxa, ou o fato de que a polícia trouxa está te procurando. Temos que
trazê-lo de volta, agora. Dumbledore só pode evitar dizer ao ministério que você fugiu
por vinte e quatro horas, ele disse. Então eles vão colocar os aurores em cima de
você."

232
"O que? Por que??" Mas de repente Remus percebeu o porquê. Ele não era apenas um
adolescente fugitivo, como Grant e seus amigos. Ele era uma criatura perigosa à
solta. De repente, se sentiu muito, muito cansado. "Puta merda." Ele murmurou,
olhando para baixo.

"Venha para casa conosco, Remus." James estendeu a mão, "Papai disse que você
pode ficar pelo resto do verão."

"Eu não o perdoei." Remus disse, ferozmente, olhando para James porque ele não
conseguia olhar para Sirius. James parecia tão cansado quanto Remus se sentia.

“Eu sei, cara. Está tudo bem, ele entende.”

Isso o deixou mais furioso ainda, ele não queria que Sirius 'entendesse'. Ele queria ...
bem, ele não sabia o que queria – que ele implorasse de joelhos? Padfoot estava
fazendo um bom trabalho naquele momento.

Ele suspirou.

"Olha, eu tenho um amigo aqui, me deixa ir e dizer a ele que estou indo."

No andar de cima, ele chamou Grant do corredor. Ele não gostava de dizer um grande
adeus na frente de todos.

"Você está bem, Remus?" Grant disse do topo da escada, olhando para James e o
cachorro Sirius esperando no corredor.

“Sim, tudo bem. Olha, eu estou indo ... eu tenho que ir.”

"Ele é um amigo?" Grant olhou para James com desconfiança. "Você vai ficar


seguro?"

“Sim, ele é um amigo da escola. Está bem. Posso ligar para você, talvez? " Ele não
tinha ideia de como entrar em contato com um apartamento trouxa de uma casa bruxa.

233
"Cê pode voltar a qualquer momento."

"Obrigado. Sério, Grant, obrigado por tudo. Você é ... você é incrível.”

“Eu fico vermelho assim,” Grant passou os braços ao redor de seu corpo magro,
olhando para seus pés. "Nada que você não faria por mim."

"Certo." Remus concordou. Grant olhou para baixo das escadas novamente,

“Aquele cachorro é dele ou algo assim? Deveria ficar numa coleira.”

"Sim, provavelmente," Remus assentiu, esperando que Sirius pudesse ouvir.

“Não é perigoso, é? Odeio cachorros. "

“Ele é muito manso, não se preocupe. Entrarei em contato, ok?” Remus mordeu o


lábio, olhando de volta pela porta aberta para o ambiente lotado, "Você ficará bem ...
aqui?"

Grant encolheu os ombros e sorriu,

“Não se preocupa comigo, querido. Eu sempre caio de pé.”

Remus deu um passo à frente, colocando a mão no ombro de Grant para empurrá-lo
suavemente para trás, na sombra da escada, de forma que eles não pudessem ser vistos
por James e Sirius, ou através da porta. Ele o abraçou com força. Grant o abraçou de
volta, tão lindamente. Eles se afastaram e compartilharam um beijo breve e amigável,
antes de ambos sorrirem timidamente e se separarem.

"O que há com você, hein?" Grant bagunçou o cabelo de Remus, "Não fique longe por
muito tempo."

"Até logo." Remus concordou.

234
Capítulo 94: Verão 1976: Parte Dois (Os
Potter’s)

Eles pegaram o nôitibus de volta para a casa dos Potter’s. Foi a primeira experiência
de Remus com esse bizarro transporte bruxo, mas ele estava tão confuso por causa da
falta de sono e do resto da maconha, que se pegou cochilando na confortável poltrona
roxa. Sirius permaneceu como um cachorro até o fim, mas Remus se recusou a lhe dar
qualquer ponto extra por isso.

James o acordou quando chegaram - já era fim de tarde. Lupin parou do lado de fora
do portão da frente e o olhou nervosamente,

"Dumbledore está aí?"

"Acho que ele já foi", disse James, tranquilizador, "Er ... Moody pode estar aí ainda..."

"Por mim?"

“Er ... ele está falando com o papai ... olha, eu não queria dizer nada no ônibus, mas
tem sido um verão ruim, sabe, para a guerra. Estamos perdendo.”

“Perdendo?!”

"Sim ... vamos conversar sobre isso lá dentro - Padfoot." James estalou os dedos para
o cachorro preto. Instantaneamente, Sirius se transformou de volta em si
mesmo. Remus desviou o olhar imediatamente. Ainda era lindo, então. Seu bastardo,
seu bastardo.

Lá dentro, a Sra. Potter veio correndo,

"Remus!" Ela estendeu os braços para puxá-lo para um abraço,

“Euphemia!” Uma voz gritou da sala de estar.

235
"Oh ... pelo amor de Deus." A Sra. Potter murmurou. Ela deu um passo para trás e
olhou nos olhos de Remus, "O que Monty e eu demos a você no Natal de 1973?"

“Um tabuleiro de xadrez,” Remus respondeu rapidamente, olhando para a porta da


qual a voz de Moody havia vindo.

"É ele!" Effie gritou de volta, esticando os braços mais uma vez e o abraçando tão
firmemente quanto sua diferença de altura permitia. "Estávamos todos tão
preocupados com você, querido!"

"Estou bem." Remus disse, envergonhado.

“Nós pensamos que você estava ... bem, não vale a pena pensar nisso. Pessoas estão
desaparecendo ... marcas negras ... eu realmente não ...” ela parecia muito pálida e
desbotada, como se tivesse recebido um monte de más notícias ultimamente. Remus se
sentiu péssimo por aumentar os problemas dela. “Não importa”, a mulher continuou
rapidamente, sorrindo de novo, “Algo para comer? Ou você gostaria de um banho,
primeiro? Albus enviou suas coisas, elas estão em seu quarto de costume. "

“Minhas ... minhas coisas ?!”

“Da casa, querido. Dumbledore as enviou a primeira coisa esta manhã ... "

Tudo aconteceu tão rápido. Aquilo era mesmo necessário? Moody apareceu da sala de


estar. Olhou Remus de cima a baixo com um olho - o outro, parecia ter se machucado
recentemente; estava coberto por tapa-olho de couro. O efeito o fez parecer ainda mais
grisalho e assustador do que nunca.

"Lupin." Ele acenou com a cabeça, "Precisamos conversar."

“Não, Alastor,” a Sra. Potter surpreendeu a todos, quando se virou e se colocou entre
Remus e Moody, “Ele acabou de chegar, e olhe para ele - está claramente
exausto. Isso pode esperar até amanhã.”

236
"Effie, isso é uma questão de ministério -"

“Ah, eu não dou a mínima,” ela resmungou, calando-o com um aceno de dedo, “Ele
tem apenas dezesseis anos, não é maior de idade e está sob meus cuidados. Remus,”
ela se virou, sua voz gentil de novo, “Você pode ir lá pra cima, hein? Vou pedir a
Gully que mande um pouco de comida, mas não desça até estar pronto.’’

Remus piscou surpreso. Um adulto realmente queria deixá-lo sozinho? Essa seria a


primeira vez. Ele adquiriu um novo respeito por Euphemia Potter.

"Obrigado," ele murmurou, evitando o olhar feroz de Moody e passando por eles,
ignorando James e Sirius, indo direto para as escadas, subindo tão rápido quanto seu
quadril desajeitado permitia.

Todas as suas coisas foram cuidadosamente arrumadas em gavetas e armários em seu


quarto; como se vivesse lá. Ele se perguntou como seria ter um lugar como este para
chamar de lar - um lugar com um quarto próprio, um elfo doméstico e uma mãe. Ele
tirou a varinha do baú e a segurou por um tempo, apenas para senti-la.

Que dia. Remus se sentiu péssimo por deixar Grant, depois dele ter sido tão
hospitaleiro com o pouco que tinha. Haviam três quartos vazios na casa do Potter. E
Grant estaria compartilhando um colchão no chão esta noite.

Ele se sentou na cama e desejou que não fosse tão confortável. Poderia facilmente
dormir de novo, mas também estava com fome e não queria perder a visita de
Gully. Como por mágica, houve uma batida suave na porta.

"Entre,"

James colocou a cabeça para dentro,

"Oi ... Eu me ofereci para trazer a bandeja, espero que você não se importe?"

Remus fez um gesto impotente. James parecia constrangido, "Posso entrar?"

237
"Sim."

"Pa... Padfoot pode?"

"Não."

"Está bem."

James desapareceu e Remus o ouviu sussurrar, ' Dê a ele um pouco de tempo,


hein?’ antes de reaparecer e entrar no quarto com uma bandeja com o que parecia ser
sanduíches de presunto.

"Mamãe sugeriu sopa", explicou ele, sentando-se na cama, "mas eu disse que você
gostaria de algo com carne."

“Valeu,” Remus assentiu, pegando um dos pãezinhos e enfiando na boca. Pelo menos


assim ele não precisaria falar.

"Como você está se sentindo?" James perguntou, seus olhos cheios de preocupação.

Remus acenou com a cabeça, boca cheia, para indicar que se sentia perfeitamente
bem. James acenou de volta. É assim que vai ser, Remus pensou, taciturno, sem Sirius
para traduzir entre nós.

James e Remus eram bons amigos - melhores amigos. Tinham estado sozinhos


antes; tiveram conversas privadas e confidências compartilhadas. Mas de alguma
forma não era o mesmo. Sirius sempre fora o denominador comum, que entendia os
dois - preenchendo a lacuna, de certa forma.

"Olha", disse James, "me diga para ir embora, se quiser, e eu vou deixar você
descansar, mas ... eu preciso te dizer uma coisa, é importante."

"É sobre o Moody?" Remus perguntou, engolindo.

238
"Sim." James disse: "Sim ... ele vai querer te contar, mas papai e eu achamos que
deveria vir de um amigo primeiro."

"Ele está aqui a negócios do ministério, parece," Remus disse, cuidadosamente,


querendo entender tudo para que James não precisasse explicar, "Ele é um auror,
então ... houve um ataque?"

"Sim," James parecia estar lutando para manter o contato visual, mas ele era corajoso
e fez o que precisava ser feito. “Na verdade, houveram alguns, neste verão. E algumas
pessoas desaparecidas - pessoas do nosso lado. Então ... houve outro ataque, ontem à
noite, Remus.” Ele colocou ênfase nisso. Noite passada. A lua cheia.

"Um lobisomem." Remus respirou.

James acenou com a cabeça, sua boca em uma linha reta e sombria. Remus largou o
sanduíche. Seu estômago roncou em protesto, mas era apenas o lobo, querendo mais
do que merecia, como de costume. Teria que ficar com fome.

"Eu estava em St. Edmund," Remus disse, desesperado, "O tempo todo, trancado -
Madame Pomfrey me viu, não posso ter saído, olhe -" Ele ergueu a camisa
apressadamente, para mostrar a James a longa ferida cortes nas costelas.

James estremeceu e desviou o olhar. Remus lembrou que James raramente tinha visto
suas cicatrizes. Era Sirius, quem sempre fora tão fascinado.  

“Eu sei,” James disse, uma vez que Remus recolocou sua camisa, “E mamãe e papai
sabem - Dumbledore explicou tudo, ele disse a Moody que não havia nenhuma
maneira de você ter algo a ver com qualquer coisa. Mas ele vai querer falar com você,
de qualquer maneira.”

"Será que ... o ataque, alguém se machucou?"

"Sim. Algumas mortes. Alguns trouxas e uma família de bruxos.”

239
"Merda."

"Você está bem?"

"Eu honestamente não tenho uma resposta para você, Prongs."

"Certo. Desculpe."

"Como foi seu verão?" Remus perguntou, desesperado para adiar mais más
notícias. "Bom?"

“Sim, nada mal. Bem, a guerra está sendo ..., mas você sabe, muitos voos. Mary
também esteve aqui um pouco, para ver Sirius -” James parou abruptamente,
“Desculpe.”

"Como está Mary?"

“Ah, bem. Você conhece Mary. Ele hum ... ele a mandou para casa esta manhã, depois
que soubemos que você estava desaparecido. Foi ideia dele ir atrás de você, ele fez
quase tudo - até gritou com Dumbledore, eu não pude acreditar.”

"Ok." Remus disse, friamente. James franziu a testa,

“Moony, ele sente tanto.”

"Eu ouvi."

“Ele estava uma bagunça, quando soube que você tinha desaparecido, e sobre os
ataques - ele pensou em todo tipo de coisas malucas - que você tinha sido sequestrado,
ou fora alvo ou algo assim. Você não pode ... você não pode pelo menos falar com
ele? Ele está péssimo..”

"Eu não me importo como ele se sente." Remus mentiu. "Eu não quero falar com ele."

240
“Ele é um idiota,” James disse, “Eu sou o primeiro a admitir isso. Ele não pensa
direito, apenas faz o que quer que vem em sua cabeça. Mas ... bem, você tem que se
lembrar, a família dele - a maneira como o trataram, as coisas no Natal ...”

“Eu sei o que aconteceu no Natal.” Remus explodiu. "Eu também estava lá, James."

"Sim, eu sei, mas-"

“E eu senti pena dele, eu realmente senti. Tive pena dele quando éramos crianças e
todas as vezes que o machucaram e quando o expulsaram; eu passei muito tempo me
sentindo tão triste por ele. Mas isso ... isso. " Ele parou. As lágrimas estragariam
tudo. Nada de lágrimas.

James estava muito quieto.

"Vou deixar você descansar." Ele disse finalmente, levantando-se para sair.

***

Quinta-feira, 12 de agosto de 1976

Remus não saiu do quarto pelo resto da tarde, exceto uma vez para usar o
banheiro. Não era melhor do que St. Edmund's, pensou ele, com pena de si
mesmo. Comida melhor, obviamente, magia, e tranquilidade, mas ... bem, ele ainda
passava o tempo todo tentando evitar todo mundo, não é?

Moody ainda estava na casa, ele podia sentir o cheiro dele. O homem tinha um cheiro
estranho, uma combinação de magia muito forte e poderosa, pesada e metálica como
ferro, além de outra coisa - brasas de carvão ou madeira carbonizada. Ele não iria
embora até falar com Remus, então Remus permaneceu aonde estava.

O cheiro de Sirius era muito familiar - mais forte na casa que agora ele chamava de
lar, permeando todos os cômodos. Ele não ficou se deprimindo sozinho durante todo o
verão - não importava o que James dissesse, Sirius tinha os Potter, e Mary, e seu

241
melhor amigo e todos dizendo a ele o quão maravilhoso e sofrido ele era. Pobre
garotinho rico. Provavelmente nem havia sentido falta de Remus.

Exceto ... James tinha dito ...

Não. Remus endureceu sua determinação. Sirius tinha que pagar, mesmo que fosse
apenas com seu silêncio.

No dia seguinte, ele desceu para o café da manhã, mais por educação para com os
anfitriões do que por qualquer outra coisa. Tentou ao máximo sorrir para a mãe de
James e agradecer enquanto ela servia uma tigela de mingau para ele, mas fez uma
careta quando Sirius lhe empurrou o pote de mel. Lupin o ignorou e, pela primeira vez
na vida, comeu seu mingau sem açúcar. Tinha gosto de merda.

“Nós iremos para o Beco Diagonal hoje, eu acho”, disse a Sra. Potter, enquanto a
chaleira fervia. “Suas cartas chegaram esta manhã. Remus ... Sinto muito, mas você
terá que ficar aqui, querido. Vou comprar seus livros.”

“Eu recebo meus livros de segunda mão,” Remus disse, corando, “Do estoque de
Hogwarts. Não tenho dinheiro.”

“Ah. Bem, eu não me importo, já estou comprando os de James e Sirius. "

"Eu vou te pagar de volta!" Sirius interrompeu, ansioso, "Assim que eu tiver dezessete
anos, eu prometo."

"Eu sei, querido," a Sra. Potter deu um tapinha carinhoso no braço de Sirius.

"Eu não posso te pagar de volta." Remus disse, falando com a Sra. Potter, mas
encarando Sirius, cerrando os dentes. “Mesmo quando eu tiver dezessete. Eu não tenho
uma herança.”

Sirius baixou os olhos, cabisbaixo.

242
"Por que Remus não pode vir, mãe?" James saltou, rapidamente. "Ele nunca esteve lá
antes."

"Receio que não seja muito seguro, amor," a Sra. Potter suspirou, "Dumbledore e
Moody concordaram que... depois do ataque."

Remus deixou sua cabeça cair entre as mãos. Viu sua vida se desfazendo diante de
seus olhos - sempre seria assim. Lugares que não poderia ir, coisas que não poderia
pagar, amigos com quem não poderia falar. Quando a guerra acabar, você ainda será
um lobisomem queer com um monte de desvantagens. Aquela voz desagradável
voltou.  

"Espere", disse James, de repente, "Nossas cartas chegaram?!"

Remus ergueu os olhos, confuso. A Sra. Potter estava sorrindo maliciosamente, seus
olhos brilhando,

"Meu Deus", disse ela, puxando três envelopes grossos de seu avental, "Se você
demorou tanto tempo para ligar os pontos, estou muito preocupada com seus
resultados nos NOMs..." Ela entregou a cada um dos meninos suas cartas, e eles as
rasgaram.

Remus olhou para a lista de letras no pergaminho. Estranhamente, a coisa que mais o


surpreendeu foi o seu 'Aceitável' para Poções. Isso definitivamente era graças a Lily
Evans. História da Magia; Excelente, Cuidado de Criaturas Mágicas; Excelente,
Feitiços; Excelente ... e o resto; Excede Expectativas. Uma vibração de excitação
começou em seu diafragma. Esses foram resultados muito bons.

"Sim, Moony, seu lindo!" James comemorou, lendo por cima do seu ombro.

"C-como você foi?" Remus perguntou, timidamente. James entregou seu papel - ele


obteve quase inteiramente Excede as Expectativas e dois Excepcionais - um em
Defesa Contra as Artes das Trevas e o outro em Transfiguração.

243
"Vá e mostre seu pai!" Sra. Potter disse, depois de beijar seu filho alegremente. O Sr.
Potter ainda não havia deixado seu escritório, pelo que Remus sabia. James pegou um
prato de torradas para ele também.

Sirius estava olhando para Remus do outro lado da mesa, mordendo o lábio.

"Você foi bem, então?" Ele perguntou, hesitante. Remus acenou com a cabeça


secamente,

"Sim, estou feliz com as notas." Ele queria desesperadamente saber como Sirius tinha
se saído - principalmente para descobrir se fora melhor que ele em História da
Magia. Felizmente, ele não precisava perguntar. Sirius deslizou seu pergaminho pela
mesa. Remus esticou o pescoço para olhar.

Eles haviam alcançado exatamente o mesmo número de NOMs, em diferentes


disciplinas. As notas 'excelentes' de Sirius foram em Transfiguração, Defesa Contra as
Artes das Trevas e - incrivelmente - Estudos dos Trouxas. Remus tentou não sorrir
com isso. Em vez disso, ele olhou para Sirius friamente e disse.

"Te venci em História."

***

A Sra. Potter e os meninos saíram logo após o café da manhã, e Remus ficou
sozinho. Ele saiu, foi para o jardim e sentou-se na beira do muro baixo, olhando para
os acres de terreno aberto e verde. Puxou seus cigarros. Restaram apenas três. Ele
poderia ir para a cidade mais tarde e comprar alguns - tinha uns trocados no bolso de
trás. Estava muito alto para roubar, atualmente.

“Lupin."

Remus esperava que seus ombros não tivessem enrijecido muito visivelmente ao som
daquela voz rouca. Ele se virou, lentamente,

244
"Tudo bem, Moody?" Ele estava feliz por fumar o cigarro. Algo para se esconder
atrás.

"Posso me juntar a você?"

Remus encolheu os ombros. Moody se encostou na parede ao lado dele. "Dia lindo."

"Sim, ótimo..."

"Sem dúvida o garoto Potter já falou dos ataques lobisomem?"

Remus assentiu, apreciando a franqueza de Alastor. Vamos acabar logo com isso.

"Sim." Ele exalou, lentamente, fazendo um anel de fumaça. “O que você quer me


perguntar? Você sabe que eu estava preso."

"Eu falei com Albus e Poppy, ambos confirmaram seu paradeiro."

"Yippee." Remus disse sarcasticamente. Moody lançou-lhe um olhar severo com seu


olho ainda funcionando.

“Nós temos suspeitos, entretanto. Um em particular, alguém de quem você já deve ter
ouvido falar.”

Remus ficou frio, suas mãos começaram a tremer. Ele fingiu que estava apenas
sacudindo as cinzas.

"Greyback?" Ele perguntou, sua voz sem cor.

"Greyback." Moody confirmou. Remus apagou o cigarro e agarrou a parede com as


duas mãos, como se fosse cair.

“Eu não sabia que ele estava ... eu não tinha ouvido falar dele atacando ninguém há
muito tempo. Achei que estivesse no exterior, em algum lugar.”

245
"Tem feito sua pesquisa, não é?" Moody disse, com uma nota de desafio em sua voz:
“Não posso dizer que te culpo, rapaz. Eu gostaria de saber tudo o que pudesse. Ele não
tentou entrar em contato com você, então? "

"Não!" Remus ficou chocado. Que diabos?!

"Se você tem feito sua pesquisa corretamente - e Dumbledore diz que você é
inteligente - então você deve saber que Greyback tem uma inclinação particular por
crianças?"

"Mm." Remus teve que se impedir de tocar a antiga cicatriz no lado de seu corpo,
aquelas marcas de dentes de onze anos.

"Nunca se perguntou por quê?"

"Ele é um monstro." Remus disse, com firmeza. Ele se atrapalhou com seu maço de


cigarros - precisava de outro, para se manter firme. O que ele não daria por um
baseado.

“Ele é,” Moody concordou, “Mas ele tem um motivo, por mais louco que
pareça. Temos razões para acreditar que ele gosta de transformar as crianças pequenas,
para que possa aparecer quando elas tiverem idade suficiente - e fortes o suficiente -
para se juntar a ele.”

“Juntar-se a ele ?!”

"Na mente dele, ele é seu pai." Moody disse, como se não fosse nada: "Ele vai querer
que você ... assuma o negócio da família, por assim dizer."

"Isso é nojento." Remus se levantou, praticamente gritando.

"É." Moody respondeu, imperturbado. “Mas você precisa estar ciente. Greyback não


foi visto na Grã-Bretanha desde a última pessoa que ele transformou.” Aqui, ele deu a
Remus um olhar muito penetrante. “Mas uma família de bruxos foi morta ontem à

246
noite - todos exceto seu filho mais novo, que foi mordido, mas sobreviveu. Uma
marca negra foi lançada acima da casa.”

Ele estava definitivamente trabalhando com Voldemort, então. Simplesmente


brilhante.

"É por isso que não posso ir ao Beco Diagonal?"

“É melhor se você ficar longe de áreas povoadas por bruxos por um tempo. Até o
pegarmos.”

"Hogwarts?"

“Hogwarts é segura,” Moody disse, “Mas não Hogsmeade. Estou pedindo a


Dumbledore para mantê-lo longe. "

“Ah. Ok."

"E sem fugir mais."

"Isso não foi ... foi sobre outra coisa." Remus suspirou. Então ele pensou em algo. “O
que aconteceu com a criança? A que foi mordida? " Ele levou o cigarro aos lábios e
tragou - mas percebeu que não o havia acendido. Moody estalou os dedos, e ele
acendeu imediatamente.

"Em St. Mungus." O auror disse. "Sendo tratada. Vai ficar bem.”

"Ah, ela vai?" Remus poderia ter rido. E olhou para os campos novamente. O dia
realmente estava lindo. "Até a próxima lua, suponho."

“As pessoas certas chegaram a tempo. Faremos o que pudermos.”

As pessoas certas. Remus se perguntou se as 'pessoas certas' teriam sido responsáveis


por ele ser levado para St. Edmund's. “Temos um amigo em comum.” Moody disse,
do nada.

247
"Hm?" Remus franziu a testa para ele.

“Leo Ferox. Bom homem."

"Ah, certo - como você o conhece?"

“Nós estudamos juntos. Cruzamos caminhos no trabalho, algumas vezes - e é claro


trabalhando com Dumbledore. Ouvi dizer que você e seus amigos estão planejando se
juntar, certo? "

Remus teve a impressão de que Moody sabia a resposta para isso, e só queria
confirmar por si mesmo.

"Sim." Ele assentiu. "Eu sei que não sou James, ou ..., mas não sou ruim em duelos, e
se eu puder ajudar, eu quero."

"Se você for qualquer coisa como seu pai, será mais do que uma ajuda."

Remus acenou com a cabeça, taciturno. Como poderia saber se ele era parecido com
seu pai? Que coisa estupida a se dizer.

"Não sei sobre isso." Ele disse, amargamente: "Tenho algumas limitações que meu pai
não tinha."

“Pode ver dessa forma,” Moody inclinou a cabeça. “Mas pode ser visto de
outra. Quantos lobisomens você acha que temos do nosso lado? "

Remus franziu a testa, como se Moody o tivesse xingado. É por isso que Dumbledore
o manteve tão perto? É por isso que ele não alertou o ministério assim que Remus foi
dado como desaparecido? Não sabia se isso era melhor ou pior. Pelo menos alguém
achava que ele era útil.

248
Capítulo 95: Verão 1976: Parte Três: Paz
Reina

Não foi fácil para Remus manter Sirius à distância enquanto estava com os Potter. A
casa era grande o suficiente, mas isso não importava muito em uma casa de
família; algo que Remus estava apenas começando a aprender. A Sra. Potter deu
espaço a Remus durante os primeiros dias, mas depois de um tempo, ficou claro que
ela não tinha ideia da briga entre os marotos e esperava que os três passassem todo o
tempo juntos, como de costume.

Por mais que se sentissem desconfortáveis com esse arranjo, por suas próprias razões,
nenhum deles queria decepcionar ou preocupar Euphemia. Então, uma trégua
incômoda foi firmada, e Remus passou a maior parte do tempo lendo seu livro,
sentando-se perto o suficiente de James e Sirius para não parecer suspeito.

Grant disse que não doeria para sempre - e embora ele não soubesse todos os fatos
sobre a situação, Remus estava começando a acreditar nele. Ainda se sentia muito
zangado com Sirius - mas doía menos, já que as últimas semanas do verão se esvaíram
em uma inundação de sol e céu azul. Pelo menos, estava sendo capaz de ser civilizado,
e Sirius parecia grato. De qualquer forma, ele parou de tentar encurralar Remus em
uma conversa a cada cinco minutos.

Além disso, depois de sua conversa com Moody, Remus tinha outras coisas ocupando
sua mente. Há anos, vinha supondo que Greyback não o conhecia, que teria o
elemento surpresa a seu favor. Mas agora, parecia que Greyback também poderia estar
procurando por ele. Não diria isso aos marotos, não até que soubesse mais. Não
adiantaria nada deixá-los preocupados; se Moody disse que Hogwarts era segura,
então Remus estava inclinado a acreditar nele, por enquanto. Os Potter claramente
confiavam nele, e isso teria que bastar. Além disso; ele conhecia Ferox.

249
Ferox também estava na mente de Remus também. Mais uma vez, seu antigo
professor parecia a opção mais segura quando se tratava de fazer perguntas. Ele havia
entendido a necessidade de Remus de saber mais - mesmo que não soubesse o porquê,
exatamente. E ele não queria incomodar o Sr. Potter, não quando o senhor parecia já
ter o peso do mundo sobre seus ombros. Ele enviaria uma coruja para Ferox assim que
voltasse para a escola - e assim que a poeira baixasse com essa revelação recente.

Nesse ínterim, Peter os visitava todos os dias, e eles saíam em suas vassouras, ou
então se deitavam no gramado, fumando, ouvindo o toca-discos de Sirius e tomando
sol. Remus ficou muito bronzeado, o que o fez parecer mais saudável do que nunca, e
seu cabelo se tornar um tom mais claro.

No penúltimo dia das férias, faziam exatamente isso - estava quente demais para se
mover, e os quatro estavam deitados de costas, assando ao sol. Remus se posicionou
um pouco mais longe dos outros, apenas para mostrar a Sirius que ele não estava fora
de perigo. (Também porque Sirius tinha o hábito irritante de tirar a camisa e Remus
estava tentando não notar.)

“Então me diga de novo,” Peter bocejou para o sol, os braços atrás da cabeça, “Como
era o Nôitibus? Sempre quis andar nele.”

“Sonhe grande, Petey.” Sirius falou lentamente.

"Não foi tão bom", James respondeu, "Mal posso esperar até que possamos aparatar -
as aulas começam em janeiro."

"Eu vou ser um lixo nisso." Peter disse, desamparado "Dezzie tem lido os livros
teóricos, mas eu não consigo entender".

"Bem, é melhor do que depender daquele ônibus idiota." James tirou os óculos e


esfregou os olhos, "É bom para locais mágicos, mas o motorista ficava se perdendo no
caminho para St. Edmund."

250
O estômago de Remus embrulhou. Ele realmente odiava a ideia de que James e Sirius
estiveram lá. Sentiu como se eles tivessem visto alguma parte privada dele, uma parte
que preferia manter escondida. Como a primeira vez em que se transformou na frente
deles.

“Não acredito que perdi isso também.” Peter suspirou. “Havia um monte de


trouxas? Como foi?”

"Qual é, Pete," disse James, "É da casa de Moony que você está falando."

"Tudo bem." Disse Remus.

“Aposto que é ótimo morar com outras pessoas da sua idade”, disse James,
encorajando-o. A maior tristeza de James é que havia crescido como filho único.

"É ..." Remus procurou a palavra certa. "É barulhento. Você entrou? "

"Padfoot entrou, rastejou sob um buraco na cerca dos fundos."

"Não entrei no prédio, no entanto." Sirius disse, rolando para a frente. Os músculos de


suas costas se moviam suavemente sob sua pele e Remus teve que lutar para não
morder o lábio. "Uma vadia começou a atirar pedras em mim."

"A Diretora." Remus confirmou.

"Deve ter sido." Sirius acenou com a cabeça, obviamente satisfeito com a atenção, "Se
ela trata as pessoas do jeito que trata os cachorros, então não te culpo por fugir."

"Não foi realmente sobre ela." Remus disse, incisivamente.

"Foi sorte que Prongs e Padfoot encontraram você, né Moony?" Peter sorriu,


felizmente ignorante, "Caso contrário, você estaria perdido na Londres trouxa!"

"Eu não estava perdido." Remus disse, friamente, abaixando seu livro finalmente. “Eu
estava com um amigo.”

251
"Mas James disse ..."

“Eu disse que ele estava num apê, Pete, não sozinho. Ele estava com esse cara trouxa -
desculpe Remus, esqueci o nome dele ...? "

"Ele não nos disse seu nome." Sirius disse, do nada. Remus se sentou e semicerrou os
olhos para ele. Sirius o estava olhando de um jeito estranho, mas isso só fez com que
ficasse irritado.

"Não." Ele respondeu: "Eu não disse." Ele se levantou. "Vou entrar, está muito


quente."

James, que parecia ter percebido que a conversa havia tomado um rumo desagradável,
se levantou também.

“Sim, você está certo, Moony. Vamos todos entrar um pouco? Beber alguma coisa e
lavar a louça que a mamãe queria. Ela estará de volta em breve.”

A Sra. Potter havia saído à tarde para algum compromisso e o Sr. Potter estava
trabalhando. Gully estava em algum lugar da casa, é claro, mas nunca fazia sua
presença conhecida a menos que fosse convocado. Os meninos estavam praticamente
sozinhos.

"Eu vou para casa se vocês forem limpar as coisas ", resmungou Peter, lutando para se
levantar, "Limpeza eu já sou obrigado a fazer na minha casa."

"Se anima, Wormy", James deu um tapa em seu ombro suado, "Tem tortinha de geleia
na cozinha, você pode comer uma de marmelada, se quiser."

Os quatro caminharam de volta pelo gramado até a casa, parando no galpão para que
Sirius e James pudessem guardar suas vassouras primeiro. Pete foi direto para sua
torta, e Remus ficou para trás no pátio, entre eles, sentindo-se muito desconcertado e
agitado. Ele se sentou no muro de tijolos novamente e ouviu as brincadeiras alegres de
Sirius e James de dentro do galpão.

252
"Eu preciso polir o cabo de novo antes de guardar na mala ..."

"Porra Prongs, você já faz isso duas vezes por dia."

"Se chama cuidar do seu equipamento, Black."

“Eu chamo isso de frustração sexual.”

"Vai se ferrar!"

Houve uma briga, e Remus podia ouvir a risada alegre de Sirius enquanto os dois
garotos lutavam. "Espera só até que estejamos de volta à escola e eu possa amaldiçoar
suas bolas fora!" James riu,

“Não se atreva - alguns de nós usam nossas bolas!”

“Seu idiota! Eu vou - ah merda, cuidado ...”

"Ah!" Sirius gritou, “Droga! Isso doeu."

Os dois cambalearam de volta para a luz do dia, Sirius segurando sua mão.

"O que você fez?" James perguntou, espiando. Ele empalideceu ao ver a mão de Sirius
e recuou, "Desculpe, cara, você sabe como eu sou com sangue ..."

"Eurgh, está sangrando muito..."

“Ei, sai de perto de mim!”

"O que eu faço? Espero até sua mãe chegar em casa? "

“Não tem outra opção - não sei nenhum feitiço de cura ...”

"Ai, dói pra caralho ..."

"Ah, pelo amor de Deus," Remus se levantou, apertando os olhos. "Deixa eu ver."

253
Sirius e James se viraram para olhar para ele. Os olhos de Sirius piscaram para James,
então de volta para Remus, antes de se aproximar, a mão estendida. O corte foi muito
profundo, e o sangue estava escorrendo em filetes pelos longos pulsos brancos de
Sirius.

Remus engoliu em seco, "Você precisa limpar isso, vai infeccionar ... espera, tenho
algumas coisas na minha mala."

Ele conduziu Sirius pela cozinha, escada acima até o banheiro do primeiro andar e
abriu a torneira fria. Ele tinha um pouco de antisséptico em seu malão, sobras de St.
Edmund, onde, frequentemente, tinha que cuidar de seus próprios machucados quando
Madame Pomfrey não estava por perto. Remus o trouxe, junto com algumas bolas de
algodão e gaze.

"Vem aqui." Disse, sentando-se na borda da banheira e gesticulando para que Sirius


sentasse no assento do vaso sanitário fechado. Ele obedeceu, ainda segurando a mão
com cautela.

Era muito mais fresco no banheiro, tranquilizadoramente estéril, como a ala


hospitalar. Remus achou isso muito calmante. Sirius estava sereno e dócil, confiando
completamente nele com seus olhos vigilantes, como um animal de estimação.

"O que é isso?" Ele perguntou enquanto Remus despejava um pouco de desinfetante


no algodão.

“Antisséptico.” Ele disse: “Vai limpar a ferida”.

"É coisa trouxa?"

“Tenho certeza de que vai funcionar da mesma forma,” Remus ergueu uma
sobrancelha. Ele pegou o pulso de Sirius, segurando-o com mais força do que
realmente precisava. Sua pele estava quente do sol. Remus podia sentir seu pulso. "Vai
doer." Ele disse, enquanto pressionava. Sirius estremeceu, e Remus se lembrou do dia
após o Natal em que passaram no banheiro dos Potters, furando a orelha de Sirius.

254
"Vai doer??" Sirius entrou em pânico no último minuto, enquanto Remus estava
pronto para segurar o alfinete.

"Bem, nós o anestesiamos um pouco, mas sim, provavelmente." Remus disse, com


naturalidade. "Não seja uma garota."

"Seja gentil comigo, Moony!"

Os dois riram, e Remus o sacudiu com ternura;

"Fique parado, seu fracote."

Ele terminou de limpar o ferimento e, em seguida, enrolou-o em gaze, enfaixando-o


cuidadosamente.

"Provavelmente vai latejar um pouco." Ele explicou. “É pra ser apertado. Estanca o


sangramento.”

"Obrigado, Moony."

"Quando precisar." Remus foi se levantar, colocando as duas mãos na porcelana fria


da banheira. Sirius de repente estendeu a mão e tocou seu braço.

"Eu sinto muito."

"Eu sei." Remus respondeu. "Você disse."

"O que eu fiz ..." Sirius lambeu os lábios nervosamente, ainda segurando o braço de
Remus como se isso fosse a única coisa o mantendo no lugar.

"Não." Remus franziu a testa, sua determinação enfraquecendo.

"Mas temos que conversar -"

"Não podemos." Remus disse simplesmente. “Eu não posso, de qualquer maneira. Não


há palavras para o que você fez comigo.”

255
"Não." Sirius abaixou a cabeça. "Você está certo." Ele soltou, mas Remus não se
afastou, embora soubesse que deveria. Sirius passou a mão ilesa pelo cabelo em
frustração. "Eu sou um idiota." Ele disse.

Remus não refutou isso. Sirius continuou. “Foi um ano muito bom, não foi, o quinto
ano? Passar as luas juntos e as festas ... então eu fui e estraguei tudo. "

"Bem." Remus cedeu. “Eu também errei. Eu tornei as coisas ... as coisas ficaram


diferentes, depois do meu aniversário.”

"O que? Moony, não! " Os olhos de Sirius se arregalaram. Ele parecia tão sério e
sincero que Remus quis perdoar tudo em um instante. “Eu sei que eu não ... você não
fez nada de errado. Aquilo, o que aconteceu no seu aniversário, foi ... "

Remus prendeu a respiração enquanto Sirius procurava a palavra. “... foi muito


corajoso.” Sirius terminou.

Remus piscou. Corajoso?! O que diabos isso queria dizer? Sirius viu sua reação e
tentou cobrir seus rastros,

“Só quero dizer que você não deve se preocupar com isso. Não ... aquilo não mudou
nada, ok? "

"Ok." Remus olhou para baixo, então, sentindo-se mais corajoso, ergueu os olhos
novamente. “Nós nunca conversamos sobre isso.”

"Você é meu melhor amigo, Remus."

"Sirius, por favor ..."

“E eu sei o que eu fiz. Não tem palavras, não, então vou calar a boca e vou ... vou
mostrar em ações, ok? Vou provar que sinto muito, todos os dias. Eu juro, nunca mais
vou fazer outra coisa estúpida sem pensar novamente.”

Remus deu a ele um pequeno sorriso,

256
"Qual é."

Sirius sorriu também, parecendo aliviado.

“Tá, ok, talvez isso seja um pouco ambicioso demais. Eu nunca vou fazer nada para
machucar nenhum dos meus amigos, nunca mais, que tal? "

Remus respirou profundamente. O perdão seria um alívio abençoado.

"É um começo."

257
Capítulo 96: Sexto Ano: Setembro

Quarta-feira, 1 de setembro de 1976

“Este é o ano, rapazes. Este é o ano em que finalmente acontece. Seis anos de espera e


tudo será compensado.”

“Você não pode estar falando sobre o que eu acho que está falando,” Remus ergueu
uma sobrancelha por cima de seu livro.

“Ah sim,” James estava radiante como um bêbado, “Lily Evans definitivamente vai


perceber que ela é louca por mim. Eu posso sentir isso."

"Mas você tem certeza?" Sirius sorriu, "Você já teve essa sensação antes."

"Sim," James acenou com a cabeça, respeitosamente, "Você está certo, Padfoot. Mas
algo está diferente desta vez. Eu posso praticamente sentir o gosto. O amor com
certeza está no ar.”

"Ou luxúria," Remus murmurou, virando sua página, "Você provavelmente está
apenas captando os hormônios que vêm desses idiotas." Ele acenou com a cabeça para
Sirius e Peter, que estavam olhando para fora da janela do trem, procurando por suas
respectivas namoradas.

"Quem você está chamando de idiota, Moony?" Sirius respondeu, "Não posso evitar se
eu deixo as mulheres loucas de desejo."

“SIRIUS BLACK, EU VOU MATAR VOCÊ!” O grito furioso de Mary poderia ter
quebrado vidro. Sirius praticamente saltou meio metro de seu assento.

Remus deu um aceno satisfeito.

"Loucas com alguma coisa, isso eu não nego."

258
James gargalhou, quase engasgando com os feijõezinhos de todos os sabores que
estivera mastigando.

Ninguém estava mais feliz com a reconciliação de Remus e Sirius do que James. Ele
não disse nada diretamente, mas assim que reconheceu que seus dois melhores amigos
não estavam mais se mantendo à distância, ficou sorrindo de orelha a orelha, de volta
ao seu jeito travesso de sempre. E, portanto, voltando a suspirar por Lily Evans.

Lily entrou no compartimento neste momento, logo atrás de Mary, que entrou como
um redemoinho. Lily sorriu para Remus, que sorriu de volta enquanto a menina se
sentava ao seu lado, ambos se acomodando para assistir ao show.

"O que eu fiz?!" Sirius perguntou, afrontado.

“Você realmente não sabe, não é?!” Mary ficou parada com as mãos nos quadris, uma
expressão de nojo no rosto. Ela parecia espetacular quando estava com raiva, seus
brincos de argola de ouro tilintavam, seus olhos contornados de delineador kohl
estavam arregalados e ferozes. "Beco Diagonal?!" Ela bateu o pé.

Os olhos de Sirius se arregalaram.

"Droga."

"Vai se foder, Black!" Mary se virou e saiu correndo. Sirius levantou para segui-la


pelo corredor, assim que o trem começou a se mover,

“Ei, Mary, espere! Eu sinto muito...!"

Remus se virou para Lily,

"O que ele fez?"

"Esqueceu o aniversário dela," Lily sorriu, "Aparentemente, eles tinham um plano de


se encontrar no Beco Diagonal e ela esperou por duas horas ..."

259
"Oh merda," James deu um tapa na testa, "Eu tinha que lembrar ele ..."

“É um pior que o outro,” Lily bufou. "Godric salve as garotas estúpidas o suficiente


para se casar com qualquer um de vocês."

"Alguém viu Desdêmona?" Peter perguntou, distraidamente. Lily balançou a cabeça e


os meninos deram de ombros. Peter se levantou, “Vejo vocês mais tarde ...” e saiu.

"Puta merda." James disse: "O que aconteceu com os marotos?"

“Ei, eu estou aqui,” disse Remus, voltando ao livro.

“Meu único amigo verdadeiro!” James sorriu, "Você nunca vai me deixar por uma
garota, vai, Moony?"

“Sem chance,” Remus respondeu, virando a página novamente.

"Espere," Lily gritou, agarrando o ombro de Remus, " É por isso que eles chamam
você de Moony?!"

Remus deu a ela um sorriso de lado e assentiu levemente. Lily parecia surpresa,

“Não acredito que não descobri antes!”

“Espera aí,” James franziu a testa, “Descobriu o quê? É só uma piada, certo,
Remus? Uma coisa estúpida que inventamos quando crianças, nenhum grande segredo
ou coisa assim...”

“Prongs,” Remus balançou a cabeça, rindo, “Está tudo bem, ela sabe."

Os olhos castanhos de James se arregalaram e ele olhou para os dois. Lily riu, seus
olhos se tornando provocativos, e Remus de repente viu exatamente porque ela
deixava James tão louco.

“Você é um idiota, Potter. Mas pelo menos você consegue manter um segredo.”

260
"Bem, é claro," James endireitou as costas e estufou o peito, "Todos nós faríamos
qualquer coisa pelo Moony."

Remus ficou realmente comovido com isso e teve que erguer o livro para esconder o
rosto. Ele esperava que Lily soubesse que James estava sendo muito honesto, e não
apenas se exibindo para a aprovação dela. A porta do compartimento se abriu e
Marlene entrou. Ela havia cortado o cabelo em um bob elegante durante o verão, como
Mia Farrow. Combinou muito com ela. A menina sorriu e acenou com a cabeça para
os amigos, sentando-se ao lado de James.

"Sirius e Mary estão tendo um belo show de gritos lá fora, uma maluquice." Ela olhou
para Lily, então James, então Remus, "O que eu perdi?"

***

Mary perdoou Sirius quando chegaram a Hogwarts, com a promessa de que ele a
levaria para um dia em Hogsmeade em compensação. Remus havia ficado satisfeito -
ele poderia dizer isso de forma honesta, verdadeira, sem amargura. Sentiu que Sirius
havia traçado uma linha sob o beijo deles, no banheiro dos Potters e, cabia a ele,
honrar e respeitar esse limite.

Sirius gostava de Mary. Remus teria que superar isso, simples assim. E sim, tudo bem
que, as vezes, fantasiava sobre beijar a clavícula de Sirius, sobre tocar seus lábios por
toda a extensão desde da garganta até seu umbigo - e daí?! Isso era um problema puro
e inteiramente de Remus. Ele teria que concentrar sua atenção em outro lugar. Talvez
Christopher tivesse se tornado incrivelmente atraente durante o verão.

O banquete e a seleção foram tão magníficos e tranquilizadoramente previsíveis como


sempre. Os amigos conversaram sobre seus novos horários (Lily ficou extremamente
desapontada ao descobrir que Remus havia decidido abandonar Poções, mas ele
prometeu continuar dando a ela uma corrida acirrada em Feitiços), seus
verões (evitando cuidadosamente o aniversário de Mary) e a iminente pressão dos

261
NEWTs. Tudo perfeitamente normal, Remus pensou consigo mesmo enquanto
terminavam as sobremesas e se levantavam, bocejando, prontos para dormir.

“Estou exausto,” disse James, espreguiçando-se. “Dormir cedo hoje, hein,


Marlene? Teremos treino no primeiro -”

"Oh, não, não, Potter, você vem comigo." Lily disse, severamente. Ele piscou, como
se não pudesse acreditar na sua sorte. Ela franziu a testa, "Temos que levar os alunos
do primeiro ano para a cama - você já esqueceu que é um monitor?!"

"Ah, merda, sim - quero dizer, droga - quero dizer ... ops."

Lily resmungou, levantando-se,

“Vamos trabalhar no seu vocabulário também. Vamos." Ela olhou para os outros,


"'coração de leão' da senha."

Eles agradeceram e seguiram em frente, deixando James para trás, parecendo confuso,
mas agradecido.

Sirius se jogou no maior e mais confortável sofá da sala comunal, ocupando espaço
suficiente para três pessoas. Mary se juntou a ele com um sorriso indulgente,
colocando os pezinhos sobre as pernas dele. Peter e Marlene começaram uma partida
de xadrez no tapete em frente à lareira, e Remus pegou seu livro. Tudo como deveria
ser, ele sorriu pacificamente.

Um capítulo depois, Sirius evidentemente ficou entediado.

"Quando vai ser nossa primeira festa, então?" Ele perguntou à sala em geral.

“Nossa primeira partida é em novembro,” disse Marlene do chão, com os olhos no


jogo. Você não podia desviar o olhar por um momento quando estava jogando com
Peter - ninguém sabia como ele fazia isso. "Você pode organizar a festa da vitória se
quiser, Black."

262
"Isso está longe." Mary ronronou “Halloween? É perto do seu aniversário. Podemos
fazer depois do banquete.”

O estômago de Remus roncou com a menção de um banquete. Ele largou o livro,

“Será que dá tempo de descer para a cozinha ...”

"Você não pode estar com fome," Sirius arqueou uma sobrancelha, "Você comeu três
porções de sobremesa!"

"Você provavelmente está certo." Remus suspirou e se acomodou na poltrona. Se


moveu para o lado, balançando as longas pernas, tirando os tênis sujos e voltando ao
livro. Era Dickens – Papéis de Pickwick - era engraçado, mas seco, de modo que você
tinha que realmente se concentrar para encontrar as partes engraçadas. Infelizmente, o
estômago cheio, um longo dia e uma lareira quente não ajudavam na concentração, e
Remus logo cochilou.

Deve ter se passado apenas meia hora, quando Remus acordou com o som de uma
risada rouca.

"Fique parado Potter!"

"Estou tentando!"

Remus piscou algumas vezes, confuso e grogue. Ele olhou ao redor para encontrar
Peter e Marlene rolando no tapete da lareira rindo, Mary parada ao lado de Lily perto
do buraco do retrato, onde James parecia estar executando uma dança irlandesa muito
complicada e vigorosa. Remus sorriu sonolento e se endireitou, com as costas
doloridas devido a posição toda dobrada em que havia cochilado. Ele virou para a
esquerda, apenas para estralar o pescoço, e pegou Sirius o observando com um sorriso
suave e inconsciente. Remus ergueu uma sobrancelha, o que pareceu quebrar o feitiço,
e Sirius piscou, então desviou o olhar rapidamente.

"O que aconteceu?" Mary estava perguntando, com as mãos nos quadris,

263
“O idiota estava se exibindo, como de costume. Seu feitiço atingiu uma armadura e
saiu pela culatra." Lily estava meio rindo, meio tentando encurralar James por tempo
suficiente para executar o contrafeitiço.

"Quem você estava tentando enfeitiçar?!" Sirius se levantou agora, cruzando a sala.

"Maldito Mulciber", disse James, uma carranca cômica em seu rosto enquanto suas
pernas voavam energicamente sob ele,

“Petrificus Totalus” Sirius disse, com um bocejo. James congelou e caiu no chão duro
como uma tábua.

"Black!" Lily suspirou

"O que?!" Sirius sorriu, "Eu só estava tentando ajudar!"

Remus riu, ainda se espreguiçando. Provavelmente era hora de dormir. Ele se levantou


devagar, enquanto Sirius, Mary e Lily ficavam ao lado de James, discutindo sobre
qual feitiço quebrar primeiro - o que dançava ou o petrificante - com Sirius a favor de
simplesmente levitá-lo até a cama como ele estava.

Assim que Remus estava indo em direção ao dormitório masculino, ele avistou
Christopher. O garoto quintanista estava descendo as escadas, com um distintivo de
monitor de prata brilhante preso orgulhosamente em seu peito. Infelizmente,
Christopher não tinha se tornado incrivelmente bonito durante o verão - na verdade,
muito pelo contrário. Ele obviamente estivera em algum lugar muito quente e
ensolarado durante o verão, e sua pálida pele inglesa estava chamuscada de um
vermelho vivo e descascando grotescamente em seu nariz.

Eles se encararam por um momento, antes que Christopher olhasse para seus pés e
depois se afastasse sem dizer uma palavra. Remus sentiu uma pontada de culpa. Ele
teria que se desculpar, em algum momento.

***

264
Quarta-feira 8 de setembro 1976

“Com seus NOMs agora para trás e seus NIEMs a frente em um ano, não caia na
armadilha de acreditar que este será um ano fácil. Seu sexto ano estabelece a base para
seus exames avançados, e o trabalho que fará será fundamental para determinar as
oportunidades disponíveis para você quando sair da escola ...”

Remus lutou para não bocejar. Ele poderia ter se sentido nervoso, preocupado e
estimulado a agir - e estivera. Na primeira vez que ouviu esse discurso. Eles estavam
na metade da primeira semana do sexto ano, e até agora todos os professores haviam
feito alguma variação dele. Esta manhã, a palestra estava sendo ministrada pelo
professor Flitwick e, portanto, tornou-se ligeiramente mais interessante por causa de
sua vozinha estridente.

Remus olhou pela janela. Esta noite era lua cheia e ele estava inquieto. Havia uma
sensação horrível sobre isso, assim como as pontadas e surtos de adrenalina
habituais. Seria a primeira lua cheia que ele passaria com os marotos desde aquela
noite terrível de junho. Era a primeira lua cheia depois do ataque do lobisomem em
agosto - desde que ele fugiu de St. Edmund's.

Os assassinatos pesavam em sua mente. A família se chamava Munday - ambos os


pais nasceram trouxas. Havia saído nos jornais e Remus tinha lido tudo o que podia
enquanto estava nos Potter. Procurou de cima a baixo por menções a Greyback, por
uma foto, uma descrição - qualquer coisa. Se este ... homem estava atrás dele, então
ele precisava estar armado com informações. Mas não havia nada. A imprensa não
estava publicando nada além do que Moody já havia dito a ele.

A carta para Ferox já estava escrita há quase uma semana. Estava queimando em um


buraco no bolso de trás de Remus. Ele estava esperando uma chance de esgueirar-se
para o corujal sozinho.

Caro Professor Ferox,

265
[Ele sabia que Ferox não era mais um professor, mas não sabia mais como chamá-lo e
não conseguia se referir a ele como algo tão familiar quanto 'Leo'.]  

Espero que não haja problema em escrever para você. Eu tinha algumas perguntas e
não conseguia pensar em mais ninguém que pudesse saber. Falei com Alastor Moody
enquanto estava com os Potter’s neste verão, e ele disse que você está bem. Espero
que você não esteja em nenhum lugar muito perigoso.

Moody me disse que a família Munday foi assassinada por Greyback. Ele disse que
Greyback poderia tentar me encontrar e fazer com que eu me juntasse a ele. Espero
que saiba que nunca me juntaria a esse lado. Eu quero estar preparada se ele vier
atrás de mim, no entanto. Você pode me dizer algo útil? Eu nem sei como ele é.

Lamento incomodá-lo com isso, mas você é a única pessoa a quem posso perguntar,
porque conheceu meu pai e me conhece.

Obrigado,

Remus J. Lupin.

Ele sabia que você deveria encerrar as cartas com 'sinceramente' ou 'atenciosamente',
ou algo assim, mas parecia tão bobo e formal. Ele temia que Ferox pudesse pensar que
ele estava se esforçando demais para parecer adulto.

“Moony? Acorda acorda!" Sirius balançou seu ombro.

"O que?!" Remus olhou para cima, piscando e atordoado. Sirius estava de pé sobre ele,
e todos os outros estavam guardando suas coisas,

“A aula acabou, idiota. Sua cabeça estava aonde? "

“Só me distraí,” Remus respondeu. Ele se levantou e colocou seu próprio sortimento


de penas e pergaminhos na bolsa.

O rosto de Sirius se suavizou. Ele se inclinou e disse muito baixo,

266
“É por causa de hoje à noite? Você está nervoso?"

Remus deu uma espécie de encolhida de ombros e um meio sorriso tranquilizador,

"Não mais do que o normal."

“Nós temos um período livre agora,” Sirius disse, alegremente - ele estava gostando
muito de seu horário de estudos para os NIEM, tendo abandonado quatro
matérias. “Quer dar uma passada nas estufas?”

“Nah,” Remus sorriu, “Tô ok. Na verdade ... tenho que ir ao corujal. Tenho uma carta
para enviar.”

"Ah é? Eu vou com você, James tem outra reunião de monitores. Eu juro que você
nunca foi a tantas reuniões,”

"É, eu meio que deixava tudo para a Evans, para ser honesto," Remus sorriu,
"Claro, eu não estava tentando impressioná-la."

Sirius riu,

“Certo - pelo menos você sabe onde estão suas prioridades, Moony. Para quem é a


carta?”

"Er ... você se importa em não perguntar?" Remus olhou para baixo enquanto eles
deixavam a sala de aula, caminhando com um passo um pouco mais longo do que o
normal para que Sirius tivesse que andar mais rápido para acompanhar. Era um truque
barato, mas devia haver alguns benefícios em ser alto.

"Ah, claro, cara." Sirius acenou com a cabeça respeitosamente, "Não se preocupe


comigo, só estou entediado, sabe."

Ele estava sendo extremamente flexível ultimamente, ansioso para fornecer a Remus
qualquer coisa que ele solicitasse. Remus pensou que provavelmente conseguiria fugir
de vê-lo agarrar a Mary na mesa de jantar do jeito que as coisas estavam.

267
Os dois caminharam até o corujal rapidamente - com a lua crescendo, os níveis de
energia de Remus estavam no teto - e então subiram pela última escada em espiral.

O corujal era um lugar lindo, para os padrões de qualquer pessoa (desde que você
ignorasse o cheiro de bosta de pássaro), com a melhor vista de qualquer outro lugar do
castelo. Era um espaço luminoso e arejado com vigas altas, repleto de sons suaves de
corujas empoleiradas. Sirius obedientemente recuou uma distância respeitável
enquanto Remus selecionava a coruja de aparência mais resistente (ele não tinha ideia
de onde Ferox estava, ou a que distância, e queria um pássaro que estivesse à altura do
trabalho), anexou sua carta e a soltou, através da enorme janela panorâmica.

Sirius estava se inclinando para fora da janela do lado oposto, olhando para a floresta
proibida.

"Até onde você acha que chegamos, no ano passado?" Ele perguntou: "Alguns
quilômetros, pelo menos ..."

“Pelo menos,” Remus concordou, juntando-se a ele no parapeito da janela.

“Acha que poderíamos alcançar aquelas montanhas? Devem haver cavernas,


aposto. Eu costumava querer morar em uma caverna, quando era pequeno. Eu e
Reggie íamos fugir de casa e virar homens das cavernas.”

“Esquisito,” Remus balançou a cabeça. "Seria congelante."

"Sim, bem, você não pensa nessas coisas quando tem sete anos, não é?"

“Imagino que não. Na verdade, nunca pensei em fugir, para ser honesto. Muitos
meninos realmente faziam isso, mas a polícia normalmente os trazia de volta. A
Diretora costumava dizer que se um de nós desaparecesse não era problema dela - ela
ainda receberia o salário, no final da semana.”

"Moony, isso é ..."

268
Remus riu e se afastou,

"Vamos, vamos sair daqui, estou com fome."

Eles começaram uma descida um pouco mais lenta pela escada em espiral, mas
tiveram que parar no meio do caminho quando ouviram passos subindo. O estômago
de Remus afundou quando viu que era Christopher. Ele havia se recuperado um pouco
da queimadura de sol, mas ainda tinha um brilho quente ao redor de suas bochechas e
nariz. O menino congelou quando viu Sirius, com Remus logo atrás dele.

Os dois garotos se achataram contra a parede o melhor que puderam para deixá-lo
passar.

“Oi, Chris,” Remus sorriu educadamente.

"Oi." Christopher respondeu, sem fazer contato visual. Ah. Ele definitivamente ainda


estava irritado com a maneira como Remus tinha falado com ele no final do último
semestre. Estava preocupado com isso - mas supôs que ele merecia um pouco de
frieza. O alfinete de prata brilhou nas vestes de Chris, e Remus tentou não
estremecer. Podia sentir em seus dentes, uma sensação vertiginosa e doente.  

“Parabéns por virar monitor,” disse, tentando soar amigável e encorajador.

"Sim ... obrigado." Christopher assentiu. Ele ainda não olhou para cima, exatamente,
mas meio que olhou para o espaço acima do ombro esquerdo de Remus, e deu um
sorriso fraco ao passar.

A proximidade com a prata era extremamente desagradável, e a cabeça de Remus


girou, deixando-o tonto. Enquanto Christopher passava pelos dois, Remus cambaleou
para frente e teve que segurar o ombro de Sirius para se manter equilibrado. Teve que
se concentrar em sua respiração para evitar desmaiar completamente até que
Christopher alcançasse o corujal, e mal percebeu que Sirius havia colocado um braço
forte em volta de suas costas para apoiá-lo.

269
Quando ele abriu os olhos, e a tontura havia passado, Remus pensou que só deveriam
ter se passado alguns segundos em que estavam assim, agarrados um ao outro na
escada escura. (Eu preciso parar de ficar preso em espaços confinados com ele, a
parte lógica do cérebro de Remus o repreendeu.) Percebeu que estava segurando o
ombro do outro com bastante força e se soltou rapidamente, afastando-se e ajustando
suas vestes.

"Desculpe", disse ele, "me pegou de surpresa",

"Tudo bem," Sirius sorriu, virando-se e descendo as escadas novamente, "Outra razão
para odiar monitores, hein?"

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Capítulo 97: Sexto Ano: Outubro

Sábado, 9 de outubro de 1976

"Ugh," Remus cambaleou quando a transformação se completou e seu corpo voltou à


forma humana.

"Essa não pareceu tão ruim?" James disse, acabando de se transformar.

“Depende do que você entende por ruim,” Remus fez uma careta, colocando as calças
rapidamente.

James desviou o olhar, educadamente para preservar sua modéstia, e Sirius, ainda um
cachorro, aproximou-se com a camisa de Remus na boca, oferecendo-a com a cabeça
inclinada. "Valeu, Padfoot," Remus sorriu. Ele queria afagar a cabeça do cachorro e
tinha que ficar se lembrando de que era Sirius.

"Graças a Merlin, é sábado," James bocejou, sentando-se no sofá surrado. Este


afundou tristemente, as molas chiando.

"Sim, se a Madame Pomfrey me deixar sair da ala hospitalar, provavelmente vou


direto para a cama," Remus respondeu, sufocando seu próprio bocejo e deitando em
sua cama.

“Você tem sorte,” Peter disse, aparecendo do nada em um canto distante da sala, “Eu
tenho que levar Dezzie para Hogsmeade às onze. Prongs, você não tem que levar os
terceiranistas para baixo?”

“Nah,” James bocejou de novo, ruidosamente, “Agora que Evans sabe sobre o
probleminha peludo de Remus, ela está realmente me dando uma folga. Aquele garoto
do quinto ano com queimaduras de sol vai fazer.”

271
"Evans não sabe de mais nada, sabe?" Sirius finalmente reapareceu, juntando-se a
James no sofá.

James balançou a cabeça, recostando-se no sofá e fechando os olhos. "Ei," Sirius


cutucou-o, "Temos que ir logo, não durma."

“Vocês podem ir,” Remus murmurou, “Descansem um pouco. Obrigado por virem e


tudo mais...”

“Vai para Hogsmeade, Moony?” Sirius perguntou, colocando James de pé, "Três


vassouras?"

“Não posso,” Remus balançou a cabeça, “Eu não te disse? Minha permissão foi
revogada. Depois dos ataques...”

"O que?!" Sirius parecia indignado, "Eles não podem punir VOCÊ por algo que aquele
bastardo fez!"

"Shhh!" Remus balançou a mão, franzindo a testa. Madame Pomfrey poderia estar


descendo o túnel - e, além disso, ele estava com dor de cabeça, “Não é para me punir,
é para minha segurança. Agora vão embora, todos vocês.”

Eles foram embora bem na hora, Madame Pomfrey entrou na Casa poucos minutos
depois. Ela o examinou rapidamente e, satisfeita, acompanhou Remus de volta ao
castelo. Ela lhe prescreveu algumas horas de sono na ala hospitalar, o que ele ficou
mais do que feliz em aceitar. Com todos os seus amigos em Hogsmeade, não havia
muito o que perder.

Acordou mais ou menos na hora do almoço, com o estômago roncando como de


costume. Madame Pomfrey havia evidentemente antecipado isso; havia um prato de
frios e pães na mesinha de cabeceira, junto com uma tigela de frutas e uma grande
taça de suco de abóbora, que ele esvaziou primeiro.

272
Remus estava tão faminto, na verdade, que não percebeu a carta apoiada na fruteira
entre duas maçãs até estar bem adiantado na construção de seu segundo
sanduíche. Quando ele viu que era endereçado a ele numa letra familiar depois de
diversas redações de Trato das Criaturas Mágicas devolvidas, ele quase derrubou o
prato da cama em sua ânsia de abri-la.

Caro Remus,

É um prazer ouvir você, não incomoda nem um pouco.

Não posso divulgar minha localização no momento, mas tenha certeza de que estou
tão seguro quanto possível. Fico feliz em saber que você está bem - Dumbledore me
contou sobre seus resultados NOMs. Estou incrivelmente orgulhoso de você, Remus,
sei que você deve ter trabalhado muito. Continue assim e eu prometo que nada pode
te parar.

É perfeitamente natural que você queira saber mais sobre Greyback. Eu só gostaria
de ter mais para lhe contar. Receio nunca ter trabalhado em nenhum caso
relacionado a lobisomens para o ministério - e se você quer minha opinião, ninguém
fez nenhuma pesquisa útil sobre licantropia desde seu pai - e como você sabe, ele
estava terrivelmente errado sobre um número das coisas.

Eu sei que Greyback era um bruxo perigoso antes de ser mordido, e é um dos homens
mais cruéis que eu já ouvi - exceto pelo próprio Voldemort. O conselho que o libertou
contra a vontade de seu pai acreditava que ele era um mendigo trouxa - eu diria que
ele se veste mal e é um manipulador habilidoso.

Desculpe, não posso te dizer mais do que isso. Quero enfatizar, entretanto, que a
coisa mais importante que sabemos sobre Greyback é que ele é perigoso. Se você tiver
a menor suspeita de que ele sabe onde você está, deve contatar Dumbledore
imediatamente. Apenas Dumbledore é confiável.

Boa sorte com seus NEWTs.

273
Ferox.

Remus leu duas vezes, então leu o primeiro parágrafo mais uma vez, apenas pela
emoção. 'Estou incrivelmente orgulhoso de você, Remus'. Que coisa maravilhosa. Não
havia nenhuma informação sólida ali, é claro. Nada que Remus já não tivesse
considerado - é claro que Greyback deve parecer um sem-teto; essa era a melhor
maneira de evitar chamar atenção para si mesmo. E Remus era a última pessoa que
precisava ouvir sobre como esse homem era perigoso. A carta parecia preciosa, do
mesmo jeito. Apenas os marotos haviam escrito para ele antes.

"Boa tarde, querido," Madame Pomfrey emergiu de trás da tela. Ela tinha um sexto
sentido para saber quando ele estava acordado.

"Olá", ele sorriu para ela, as palavras de incentivo de Ferox ainda em sua mente.

“Você está de bom humor”, ela sorriu de volta, “embora eu não te culpe - quase uma
noite perfeita! Você está livre para ir assim que quiser.”

"Obrigado," ele colocou as pernas para fora da cama imediatamente, então olhou para
cima, rapidamente, "Er ... Madame Pomfrey? Posso te perguntar uma coisa?"

“Claro, Remus,” ela respondeu, ocupando-se em desarrumar a cama dele agora que
ele a havia deixado. Ela fez isso com um movimento de sua varinha, era uma das
magias mais elegantes e perfeitas que Remus já havia visto.

“Eu gostaria de aprender sobre feitiços de cura. Apenas coisas básicas - eu não sou
bom em Poções - na verdade, eu larguei a matéria.”

"Mm, lamento ouvir isso", respondeu ela, arrumando sua cabeceira agora, "fazer
poções é uma habilidade útil."

"Certo, mas eu só quero ser capaz de me recuperar depois da lua cheia - assim que as
aulas acabarem, você sabe ..."

274
Madame Pomfrey parou o que estava fazendo e se sentou na cama para olha-
lo. Quando ele era pequeno, ficavam cara a cara quando a mulher se sentava. Agora,
ela tinha que olhar para cima enquanto ele se elevava sobre ela, e percebeu, pela
primeira vez, o quão pequena era. Remus nunca se esqueceria a manhã em que ela o
embalou em seus braços, e como ela o fez se sentir seguro desde então. Ele
provavelmente poderia levanta-la agora, se quisesse, e de alguma forma, a médica
ainda lhe dava a mesma sensação de segurança.

“Tudo bem, Remus,” ela disse, após examiná-lo, “Eu ensino a uma pequena seleção
de alunos os fundamentos da cura nas terças à noite. Você é bem-vindo para entrar, se
desejar, embora não haja uma qualificação nisso.”

"Eu não sabia que você fazia isso!"

Ela sorriu com ternura, levantando-se novamente e retomando o trabalho,

“É para preparar os alunos que desejam começar seu treinamento como curandeiros
assim que deixarem Hogwarts. Só posso presumir que a cura não foi sua carreira
escolhida quando você falou com a Professora McGonagall no ano passado,”

“Oh sim, certo ...” Ele esfregou a nuca, ligeiramente envergonhado. Ele nunca tinha
pensado em cura - principalmente porque ele achava que provavelmente envolvia
um monte de poções, mas também, porque tinha certeza de que ninguém iria querer
contratar um lobisomem para cuidar de pessoas vulneráveis.

A sala comunal estava quase vazia, era um belo dia ensolarado de outono e um fim de
semana de passeios em Hogsmeade. Remus entrou no dormitório ruidosamente,
permitindo que a porta batesse. James se sentou na cama, assustado,

"Puta merda!"

"Oh, desculpe!" Remus se encolheu, "Achei que estariam em Hogsmeade!"

275
"Estávamos indo," Sirius rolou em sua própria cama, bocejando, "Mas nossas camas
pareciam tão confortáveis ..."

"Droga, eu não queria dormir tanto." James se levantou, se espreguiçando. "Eu ia dar a


Rosmerta um pouco de dinheiro pelo Whisky de fogo do Halloween também."

"Não se preocupe, pedi a Peter para fazer isso." Sirius respondeu, deitado de costas,
sem dar nenhum sinal de que planejava se levantar. "É hora do almoço?"

"Sim," Remus sorriu, satisfeito por ter seus amigos numa tarde que ele esperava ser
muito monótona e solitária. "Vamos descer?"

"Só vou tomar um banho primeiro," James assentiu, caminhando sonolento em direção
ao banheiro. "Ugh, e eu realmente preciso começar aquela redação de Defesa Contra
as Artes das Trevas sobre patronos - algum de vocês fez isso?"

"Só o rascunho," Remus disse, folheando sua própria pilha de dever de casa, "Você
pode dar uma olhada se quiser, mas aposto que você sabe melhor do que eu de
qualquer maneira."

"Quase não tive tempo para a leitura", gritou James de dentro do banheiro. Ele nunca
fechava a porta e tratava todos os lugares como um vestiário de quadribol, "Com o
jogo chegando e essas patrulhas de monitores - não que eu esteja reclamando...
patronos parecem muito legais, eu queria ser o primeiro a fazer isto."

Remus não respondeu a isso, mas ele pensou que James provavelmente seria o
primeiro a lançar um patrono. Não apenas porque ele foi o melhor do ano em DCAT,
mas - de acordo com os livros que Remus havia lido até agora, pelo menos - parecia
que você precisava ser capaz de evocar um pensamento feliz em um prazo
extremamente curto. James parecia ser o mais capaz de fazer isso. Ele achou que
provavelmente conseguiria também - mas talvez não muito rapidamente. Fez uma nota
mental para pensar um pouco mais antes da aula prática.

276
"Então, a bebida está resolvida," Sirius estava dizendo - alto, para que James pudesse
ouvi-los por cima da água correndo, "Comida é fácil - e vai ser logo após o banquete,
de qualquer maneira, ninguém vai estar com fome, exceto Moony.”

"Vai se ferrar." Remus disse, alegremente, acomodando-se em sua própria cama, ainda


tentando ter pensamentos felizes.

“Decorações ...” Sirius continuou, sorrindo, “Bem, eu pedi a Avni da Lufa-Lufa para
fazer algo criativo com abóboras, então veremos como fica ... então tudo que
precisamos é música. Você vai fazer isso de novo, não vai, Moony? "

Remus encolheu os ombros,

“Eu poderia, mas da última vez todo mundo simplesmente colocou o que queria, de
qualquer maneira.” Ele não queria admitir que não estava particularmente ansioso para
a festa de Halloween. Não que não gostasse de se afogar em Whisky de fogo e ver
James se fazendo de bobo na pista de dança. Mas não conseguia se livrar da memória
da última festa na sala comunal da Grifinória, e como aquilo havia terminado para ele.

“Tudo bem,” Sirius estava o tranquilizando, “Só comece com as primeiras


músicas. Er... algo que dê para dançar, desta vez? "

Remus sorriu e ergueu uma sobrancelha,

“Dá para dançar Pink Floyd, se você realmente tentar.”

"Eu sei que você tem seus padrões, mas er ... Mary perguntou se você poderia tocar
um pouco do ABBA, talvez?" Sirius perguntou isso com um leve estremecimento,
como se isso lhe causasse dor física.

"Ah, Jesus," Remus se jogou de volta na cama, dramaticamente, jogando o braço


sobre o rosto, "Me poupe."

Sirius riu, o que fez até ABBA valer a pena.

277
"Merda! Mary!" James gritou do banheiro.

Sirius franziu a testa,

"O que?" Ele gritou de volta.

James saiu correndo do banheiro, encharcado e pingando nas tábuas do chão, uma
toalha em volta da cintura.

"Mary!" Ele disse, novamente, "Você deveria passar o dia com ela em Hogsmeade,
para compensar o aniversário!"

"Oh, merda." Sirius deu um tapa na cabeça, irritado, "Como eu


continuo esquecendo?!"

"Não é sua culpa, cara", disse James pegando outra toalha para secar o cabelo,
deixando-o ainda mais bagunçado no processo. "Você esteve ocupado."

Remus achava que isso era extremamente caridoso da parte de James, e uma bela de
uma mentira. Sirius era o menos ocupado dos marotos - ele mal se importava com o
dever de casa, não estava no time de quadribol, não fazia nada extracurricular e estava
estudando menos disciplinas do que Peter. Além de detenções e um compromisso
dedicado com pegadinhas, Mary era a única outra preocupação real de Sirius.

"Ah, tudo bem, ela vai me perdoar." Sirius suspirou, "Vou levá-la para sair na próxima
vez, e realmente farei algo louco no dia dos namorados."

"Falta meses para isso," Remus o lembrou.

Sirius encolheu os ombros. James balançou a cabeça, colocando os óculos e


procurando por roupas em sua cômoda,

"Seu funeral, cara", disse ele, "Você vai perder aquela garota se não tomar cuidado."

O coração de Remus deu um pulo.

278
Capítulo 98: Sexto Ano: Halloween

Terça-feira, 26 de outubro de 1976

Embarcar no Expresso de Hogwarts em setembro.

Ouvir David Bowie.

Ouvir T-Rex.

Natal com os Potters.

Vencer uma partida de xadrez.

Começar um livro novo.

Terminar um livro.

A voz de Grant ao telefone.

Uma pegadinha perfeitamente executada.

Derrotar Sirius em História.

Derrotar Sirius em qualquer coisa.

Correr pela floresta a toda velocidade com Padfoot.

O sorriso de Sirius Black.

Beijar Sirius...

“Ugh, concentre-se!” Remus murmurou com raiva para si mesmo enquanto caminhava


pelos corredores em direção à ala hospitalar. Um grupo de Sonserinos do primeiro ano
que, por acaso, estava passando, pulou com sua explosão e saiu correndo,

279
sussurrando. Ah, ótimo, Remus pensou, aposto que Snape já contou a eles tudo sobre
Loony Lupin. Falar sozinho vai realmente ajudar...

Estava a caminho de sua primeira sessão de estudos com Madame Pomfrey e com os
outros alunos que se preparavam para o treinamento de curandeiro, e usava o tempo
livre para listar todas as suas memórias mais felizes. Apenas uma memória em
particular continuava interrompendo. Se meu patrono for um cachorro preto, disse a si
mesmo, terei que deixar Hogwarts para sempre e nunca mais mostrar meu rosto.

“Olá, Remus! O que você está fazendo aqui?"

Havia chegado à ala hospitalar e encontrou Marlene esperando do lado de fora,


sorrindo para ele, segurando um grande livro contra o peito.

"Oi," Ele sorriu de volta, "Estou aqui para as aulas de cura."

“Ah, uau! Eu não tinha ideia de que você queria ser um curandeiro! " Ela sorriu.

"Er ... bem, quero dizer, eu só estava interessado ... e você?"

“Ah, sim, é tudo o que sempre quis ser!” Ela disse, orgulhosa.

Remus tentou não parecer muito surpreso. Parecia o tipo de coisa que ele deveria
saber sobre seus amigos - mas, então, Marlene sempre foi um pouco mais reservada
do que Lily ou Mary.

Secretamente, Remus sempre sentiu um carinho especial por Marlene. Ela era quieta e
tímida, como ele, menos abrasiva do que Mary e menos mandona do que Lily. Se
lembrou de uma vez, em um momento de confusão aos treze anos, ter decidido gostar
dela. Isso o embaraçava agora, mas tinha a sensação de que, se contasse, ela veria
graça nisso. Na verdade, agora que ele pensava sobre isso, Marlene tinha a boa
natureza inerente e a atitude sensata que provavelmente convinha a um curandeiro.

280
Além disso, durante a aula da Madame Pomfrey, Marlene era claramente a aluna que
se destacava. Ela parecia já saber metade dos feitiços, e a medibruxa disse-lhe com
aprovação que a menina tinha um dom natural. Marlene corou de orgulho com isso, e
Remus percebeu que era a primeira vez que a via tão confiante. Ela sempre aparentava
estar insegura antes.

"Caramba, eu deveria começar a ter aulas com você!" Ele disse, quando eles deixaram
a enfermaria mais tarde naquela noite.

"Ah, cale a boca", ela sorriu, timidamente, "Tenho certeza que você vai me vencer
assim que tiver a chance de me alcançar."

"Duvido", ele a cutucou. "Não quer ser uma batedora profissional, então?"

"Ha, sem chance!" Ela riu: “Você deveria ver o estado em que meu irmão está, e ele é
profissional há apenas alguns anos. No entanto, eu gostaria de ser curandeira para os
Cannons. Ou qualquer time que o Potter acabe – assim, eu ainda posso ver vocês
quando a escola terminar. "

"Vamos nos ver de qualquer maneira!" Remus disse: "Você não pode se livrar de nós
tão facilmente."

“Você é um amor, Remus,” ela deu uma cotovelada nele. “Ei, estou realmente ansiosa
por esta festa - os rumores são verdadeiros?!”

"Er ..."

***

O Halloween de 1976 cairia em um domingo, e devido à natureza da noite, os alunos


de Hogwarts receberam um dia de folga na segunda-feira. Isso, na mente de Sirius,
não poderia ser mais perfeito.

281
Os marotos haviam se tornado lendários em status, e circulavam rumores por todo o
castelo especulando sobre o que exatamente os quatro meninos poderiam ter
planejado. Houve menção de grandes quantidades de álcool, fogos de artifício em
potencial - Remus ouviu um lufano jurando cegamente que eles haviam
contrabandeado uma banda de verdade, com instrumentos e tudo.

“O que eles estão achando?” James riu, “Que eu estou escondendo uma banda debaixo
da minha cama? ... er ... mas eles podem estar certos sobre os fogos de artifício...”

"James!" Remus gemeu, "Você é um monitor!"

"Exatamente", ele sorriu, estufando o peito, "E eu tenho autoridade para sancionar
qualquer comemoração que achar conveniente."

Remus tentou incitar Lily nessa declaração - não querendo colocar James em
problemas, mas igualmente não querendo vê-la humilhada também.

"Olha, Remus, depois de seis anos eu estou aprendendo a seguir o fluxo no que diz
respeito a vocês," ela disse, sem tirar os olhos de seus gráficos de Aritmancia, "Se
Potter e Black quiserem uma festa, eles vão dar um jeito - vou apenas revisar os
feitiços de extinção de fogo e garantir que ninguém se machuque. Além disso,” - e ela
olhou para cima, agora - “acho que todo mundo precisa de um pouco de
animação. Com a guerra, sabe ...”

Então foi isso. Se Lily Evans concordava com uma festa, Remus supôs que ele
também estava de acordo. Além disso, era em parte para comemorar o aniversário de
Sirius também, que cairia na quarta-feira seguinte. E você tinha que ser capaz de uma
crueldade sobre-humana para privar Sirius Black de uma festa de aniversário.

Este era um ponto sensível para Mary, que havia sido esquecida duas vezes agora e
estava perdendo rapidamente a paciência com seu namorado volúvel e extremamente
distraído. O problema era que ela parecia pensar que Remus era a melhor pessoa para
desabafar sobre isso.

282
"Eu não sou uma idiota," ela suspirou, alguns dias depois de perdoar Sirius pelo
último evento (não depois de ter encantado todas as taças na mesa de jantar da
Grifinória para, de repente, jogar bebida no rosto dele), "Eu sabia como ele era antes
de começarmos a namorar, e minha tia sempre diz 'você não pode mudar um
homem’...’”

"Mm." Remus respondeu, esperando que isso soasse carinhoso e


solidário. Evidentemente soou, porque ela continuou falando,

“E, sabe, gosto do fato de ele não seguir as regras e não se importar com o que as
pessoas pensam. Eu meio que gostaria que ele se importasse com o que eu penso ... "

"Tenho certeza que ele se importa." Remus murmurou.

"Mas ele não demonstra isso... e, na verdade, ele não é o único garoto bonito em
Hogwarts." Ela disse isso com uma expressão irônica no rosto, enquanto um corvino
alto do sétimo ano passava por eles. Roman Rotherhide - Remus havia ouvido muitas
garotas cochichando sobre ele. O menino tinha cabelo louro e cacheado tão comprido
quanto o de Sirius e olhos castanhos escuros.

Mary lambeu os lábios, seus próprios olhos seguindo o corvino mais velho enquanto
ele saia da biblioteca. Remus fechou o livro com força,

"Vamos?"

***

Domingo, 31 de outubro de 1976

Na tarde da festa, Remus estava deitado em sua cama com as cortinas fechadas,
ouvindo Diamond Dogs pela centésima vez, tentando evitar todas as bobagens
acontecendo lá embaixo. As garotas pareciam ter unido forças e transformado a,
geralmente confortável, sala comunal da Grifinória em um cruzamento entre uma

283
liquidação desordenada e o balcão de cosméticos de uma perfumaria. Ele praticamente
podia sentir o cheiro do perfume de sua cama, e isso fazia seu nariz coçar.

Elas estavam 'se arrumando', Mary e Marlene disseram a ele, embora Remus não
pudesse entender o que isso significava exatamente - exceto que parecia envolver
muitos espelhos, muitas risadas e uma quantidade horrível de spray de cabelo.

James estava coordenando o teste para novos batedores para o time de quadribol e
Remus presumiu que Sirius estivesse com ele. Peter estava ajudando Dezzie a
'escolher um vestido' para a festa (embora Remus suspeitasse que fosse apenas uma
mentira; uma olhada no mapa do maroto disse a ele que Peter Pettigrew e Desdemona
Lewis estavam sozinhos no banheiro dos monitores).

Sozinho e exilado da sala comunal, Remus considerou a biblioteca - mas Christopher


estava lá, e parecia que ele estava sentado perto da entrada (um erro de principiante - a
luz era muito melhor no fundo, perto das janelas), o que significava que Remus teria
que dizer oi, e Christopher daria alguma resposta fria e encolhida de ombros, e
eventualmente teria que resolver tudo isso, mas agora ele não estava no clima, ok?!

Sentindo muita pena de si mesmo, ele se reclinou na cama e ergueu sua varinha,
preguiçosamente levitando o disco para fora da capa e para debaixo da agulha. Ele
puxou o toca-discos de seu lugar habitual na prateleira de Sirius e o colocou na ponta
da cama, esperando que, com as cortinas fechadas, ele pudesse tocá-lo alto o
suficiente para abafar a tagarelice aguda que subia as escadas.

‘In the year of the scavenger, the season of the bitch

Sashay on the boardwalk, scurry to the ditch

Just another future song for lonely little kids…’

"Oh, olá." Sirius enfiou a cabeça pelas cortinas. Remus se sentou.

284
"Oi", respondeu ele, inquieto, ligeiramente envergonhado, como se tivesse sido pego
fazendo algo que não deveria, "Você quer seu toca-discos de volta?"

"Nah," Sirius acenou com a mão. Ele abriu mais as cortinas, e para o horror de Remus,
entrou, engatinhando na cama. O menino se acomodou de costas ao seu lado e ouviu a
música com ele.

Eles ficaram em silêncio por um longo tempo, ambos olhando para o dossel vermelho
acima deles. Remus continuou dizendo a si mesmo que Sirius estava se comportando
perfeitamente normal. Ele ficava deitado na cama de James o tempo todo; não
significava nada.

Finalmente, para seu alívio, Sirius falou.

“Terminei com Mary.”

Ah. Então era só isso. Remus ergueu as sobrancelhas,

"Mesmo? Lamento, cara.”

Ele sentiu Sirius encolher os ombros ao seu lado,

“Nah, está tudo bem. Não é como se eu estivesse apaixonado por ela ou algo assim.”

"Tem muito mais peixe no mar."

"É" Sirius riu. Ambos ficaram quietos novamente. A voz fina e aguda de Bowie
estremeceu entre eles. A primeira música terminou e a onda estrondosa de Sweet
Thing começou. “Adoro esta música.” Sirius comentou. Remus murmurou em
concordância.

‘If you want it, boys, get it here thing,

Cuz hope, boys, is a cheap thing, cheap thing’

285
"Nós fizemos." Sirius disse, de repente. “Eu e Mary.”

“Vocês fizeram ... oh. Quando?"

"Durante o verão. Uma ou duas vezes desde que voltamos a Hogwarts.

"Certo. Isso é ... quero dizer, por isso que ela terminou com você? "

"Não!" Sirius fez uma careta para ele, “Obrigado pelo voto de confiança, mas eu não
acho que fui tão terrível. Só terminamos, só isso.”

"…Como foi?"

"O término?"

"Não! … Como foi… aquilo?!”

Sirius sorriu enigmaticamente,

“Ah sim ... foi bom. Ótimo. Não como eu imaginei, mas ... sim, bom.”

"Bem ... que bom, então."

“Ela é realmente linda. Mary."

"Sim, ela é."

‘Then let it be; it's all I ever wanted

It's a street with a deal, and a taste

It's got claws, it's got me, it's got you…’

“Lembra quando éramos crianças e estávamos convencidos de que Bowie era um


bruxo?” Sirius disse.

Remus sorriu carinhosamente com a memória,

286
"Sim, acho que ainda acredito um pouco que ele é."

“Um dia, quando todos nós morarmos em Londres, vamos procurar ele e então
poderemos perguntar.”

Remus começou a rir.

"O que?!" Sirius sorriu de volta para ele.

“Você não pode simplesmente encontrar alguém como Bowie!”

“Não vejo porque não. Podemos ir a um de seus shows, ou descobrir onde ele


mora. Tenha um pouco de imaginação, Lupin - quando formos maiores de idade,
poderemos fazer qualquer coisa.”

Rebel Rebel começou a seguir. Era praticamente a música tema de Sirius agora.

"Qualquer coisa." Remus sorriu. "Você já acha que pode fazer qualquer coisa."

"Você está me chamando de arrogante?" Sirius estreitou os olhos, sentando-se. Ele


estava sorrindo. Remus sorriu de volta,

"Vai negar?" Ele respondeu: "Seu ego é tão grande que tem órbita própria."

"Ai!"

"Seu ego é tão grande," Remus continuou, maliciosamente, "Quando você estava
fazendo com Mary, você provavelmente fechou os olhos e se imaginou!"

"Você me magoa assim, Lupin!" Sirius pegou um travesseiro e começou a bater


nele. Remus deu uma joelhada na canela dele, rolando para tentar impedir seu ataque,
mas Sirius foi mais rápido. Rindo, ele subiu em cima de Remus, forçando-o a se
abaixar, segurando seus pulsos sobre a cabeça. "Ha!" Ele comemorou,
triunfante. "Peça desculpas!"

287
"Não." Remus ergueu uma sobrancelha e lutou para se libertar. Sirius estava montado
nele agora, e se preparou contra os movimentos de Remus, empurrando de volta para
baixo.

"Você não pode escapar!" Sirius disse: "Peguei você, Moony!"

Seus olhos se encontraram e tudo ficou diferente. Remus percebeu a falta de espaço


entre eles, cada forma e ângulo do corpo de Sirius que tocava o seu. Ele tentou se
levantar, deliberadamente, testando, e Sirius empurrou de volta. 

"Sirius," Remus sussurrou, hesitante, ouvindo a tensão em sua própria voz. "O que
estamos fazendo?"

"Sh," Sirius balançou a cabeça. "Shh," Sirius disse novamente, inclinando-se para


frente agora, soltando os pulsos de Remus, "Só... só ..." Seu rosto estava enterrado no
travesseiro ao lado deles, Remus podia ouvir sua respiração acelerada com o refrão
inicial de Rock ' n 'Roll with Me.

‘You always were the one that knew…’

“Ok,” sussurrou Remus. Faremos isso.

Se era isso que Sirius queria, Remus não faria mais perguntas - ele achava que não
tinha sangue suficiente em seu cérebro para formular um pensamento, de qualquer
maneira; estava dolorido, tenso de desejo, e Sirius o pressionava, acertando as partes
de Remus que mais queriam contato. Empurrou a mão entre eles, atrapalhando-se com
os botões de seus jeans. Sirius enrijeceu um pouco, mas permitiu, deixando Remus
fazer tudo. Deixando Remus tocá- lo.

Ele ficou momentaneamente tímido com seu corpo - como deveria ser ossudo aos
olhos dele; como suas mãos eram estranhas. Mas logo não havia espaço para timidez,
Sirius continuou se movendo, e Remus estava perdido, completamente perdido na
estranha familiaridade de outra pessoa e no cheiro maravilhoso do cabelo de Sirius. 

288
Tudo acabou quase tão rapidamente quanto começou. Bastou o ângulo certo contra o
quadril de Sirius e Remus engasgou, se contorcendo, vendo estrelas, e um segundo
depois Sirius soltou um gemido abafado nos lençóis.

Nos momentos de silêncio que se seguiram, ambos ficaram sem fôlego e tensos. Então
Sirius se apoiou e saiu de cima, rolando de costas. Não disseram nada enquanto
levantavam as calças e endireitavam as roupas. Remus se recusava a ser o primeiro a
falar.

"Me deixei levar." Sirius disse, limpando a garganta.

Remus piscou.

"Certo ..." Ele engoliu em seco.

"Desculpe."

"O que? Não, está bem."

Sirius parecia estranho - Remus nunca o vira tão perdido antes.

"Eu vou tomar um banho. Não falta muito para a festa.”

"Certo." Remus acenou com a cabeça novamente, observando Sirius cuidadosamente


sair da cama e passar pelas cortinas. Ele parou e voltou rapidamente, parecendo um
pouco em pânico,

"Você não vai contar a ninguém?"

Remus bufou e balançou a cabeça.

"Como se eu fosse."

Sirius assentiu e fechou a cortina atrás dele.

289
Remus caiu de costas na cama, sua mente ainda se recuperando. Se ele não estivesse
tão confuso, ficaria furioso.

290
Capítulo 99: Sexto Ano: Festas e Pústulas

He's in love with rock'n'roll, woah

He's in love with gettin' stoned, woah

He's in love with Janie Jones, woah

He don't like his boring job, no

And he knows what he like to do

He knows he's gonna have fun with you

You lucky lady!

Janie Jones by The clash

Domingo, 31 de outubro de 1976

O banquete de Halloween de Hogwarts de 1976 foi tão terrível que a primeira coisa
que Remus fez imediatamente depois foi ficar o mais bêbado humanamente possível.

Não foi terrível de nenhuma maneira exterior, é claro. A comida estava deliciosa,
como de costume - um glorioso porco dourado assado com pedaços de maçã coberto
de creme doce. Foi terrível para Remus. Sirius não fora rude ou frio - ele nem estava
tentando evitar Remus. Era exatamente sua dedicação à normalidade que o tornou tão
desagradável. Ele sorria. Ele ria. Ele brincava. Ele chamava Remus de 'Moony' sem
nenhum traço de vergonha. Remus não teve escolha a não ser seguir seu exemplo -
afinal, ele prometeu não contar.

Além de que, ele não fazia idéia de como contar a alguém uma coisa dessas.

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"Oi, James, o Sirius já meio que foi para a sua cama e vocês meio que acabaram se
tocando um pouco?"

Oh Deus, e se ele tivesse?! Também havia Lily, é claro, a pessoa mais empática que


Remus conhecia depois de James - embora a ideia de falar com uma garota sobre esse
tipo de coisa fosse mortificante. Mary era a pessoa mais sexualmente experiente que
Remus conhecia - e ele absolutamente, cem por cento, não podia falar com ela sobre
Sirius.

Não que ela parecesse magoada. Quando a festa começou a todo vapor (Remus bebeu
três doses de whisky assim que a oportunidade apareceu), Mary desceu do dormitório
feminino usando um vestido de matar, vermelho e muito justo, o que fez até Remus
ficar encarando por alguns segundos. Roman Rotherhide, da Corvinal, foi o primeiro a
oferecer-lhe uma bebida, e os dois passaram o resto da noite totalmente absortos um
no outro, de uma forma ou de outra.

Remus se prostrou ao lado do toca-discos um pouco, deliberadamente colocando os


discos mais abrasivos e menos dançantes que conseguiu encontrar. We Will Fall, do
The Stooges, seguido rapidamente por Sister Ray e depois Captain Beefheart para
completar. Eventualmente, ele foi expulso por um grupo de meninas do quarto ano,
que se uniram contra ele segurando os LPs de David Cassidy e Bay City
Rollers. Depois disso, ele se dedicou à tigela de ponche.

Sirius estava se divertindo, obviamente. Ele e James eram anfitriões gregários, como


sempre, circulando como os bons herdeiros de sangue puro que eram. A sala comunal
continuou enchendo enquanto os alunos vinham de todo o castelo, e ficou tão quente
que Remus acabou pegando uma garrafa de Cerveja da Bruxa que ele encheu com
whisky, e sentou-se sozinho perto da janela aberta, fumando.

Marlene se aproximou em algum momento, para ver se ele estava bem, e para
perguntar se Sirius estava saindo com mais alguém, agora que ele e Mary haviam
terminado. Remus fez uma careta ao ver o olhar esperançoso dela e disse que não dava
a mínima. Ela franziu a testa, mas o deixou sozinho depois disso.

292
Por volta das nove horas, as coisas ficaram realmente nebulosas. A última coisa de que
se lembrava foi a performance perfeita de Peter e Desdemona em Paradise by the
Dashboard Light (só Peter para gostar de Meatloaf, de todas as músicas trouxa do
mundo). Remus se lembrava vagamente de sorrir estupidamente enquanto os dois se
jogavam pela sala, vermelhos e suando, mas se divertindo muito, cantando o dueto
com toda a força dos pulmões.

You gotta do what you can

And let mother nature do the rest

Ain't no doubt about it

We were doubly blessed

'Cause we were barely seventeen

And we were barely dressed...

A próxima coisa que Remus percebeu foi que estava no banheiro do dormitório,
curvado sobre o vaso sanitário, vomitando suas tripas fora. Ele deve ter chegado um
pouco tarde, porque sua camisa e calça estavam molhadas e fedendo. O banheiro girou
e balançou, e ele se deitou nos ladrilhos suaves e frios, enquanto os acordes de
fechamento de Rebel Rebel ecoavam pelas escadas.

“Oi, Moony! Acorda acorda, cara”a voz de James explodiu em sua cabeça latejante
algumas horas depois.

"Gnuuughh."

“Puta merda,” James suspirou, “Scourgify! Vamos lá, levanta, é a vez de Padfoot


vomitar... "

Remus piscou com a luz forte e tentou se levantar. Para começar, o banheiro era
pequeno, havia espaço apenas para uma pia, vaso sanitário e banheira. Não

293
havia realmente espaço para três garotos compridos de dezesseis anos de idade, dos
quais dois estavam tão bêbados que mal conseguiam se manter de pé. Remus recuou
para a pia enquanto Sirius se jogava sobre o vaso sanitário, vomitando
ruidosamente. Felizmente, seu cabelo estava preso para trás.

Remus piscou novamente, olhando estupidamente para ele por um tempo, antes de
James gentilmente puxá-lo pelo cotovelo,

"Vamos, Moony, meu velho amigo, hora de dormir, hein?"

"Mm." Ele murmurou, sentindo-se infantil e indefeso. Permitiu que James o levasse


para fora do banheiro e em direção a sua cama. Ugh  Os lençóis ainda estavam
amarrotados e a vitrola de Sirius ainda estava precariamente empoleirada aos
pés. James arrumou isso enquanto Remus subia sob as cobertas, ainda de jeans e
meias.

"Pfft, você deveria ser o responsável," James bufou, brincando, enquanto fechava as
cortinas da cama. "Boa noite, Moony."

"Jaaaaames ..." Sirius choramingou do banheiro. James resmungou e Remus fechou os


olhos.

A ressaca do dia seguinte foi tão horrível que Remus pensou que provavelmente
nunca mais beberia.

***

Quarta-feira, 10 de novembro de 1976

Na semana seguinte, Remus se tornava completamente nervoso sempre que Sirius


estava por perto. Eles nunca ficavam juntos sozinhos - e era difícil dizer isso estava
sendo planejado ou não por Sirius, ou se era apenas uma consequência de se viver
num internato. Certamente, Remus não fez nenhum esforço para encontra-lo sozinho -
quem sabia o que poderia acontecer?!

294
As explicações eram inúmeras, disso ele tinha certeza. Apenas precisava pensar sobre
isso. Talvez Sirius só estivesse com vontade - os dois eram adolescentes,
afinal. Remus estava prontamente disponível e não havia apresentado nenhuma
resistência. Talvez esse fosse o tipo de coisa que os meninos ricos faziam em
internatos. Qualquer lugar disponível se tornava um alvo. Podia até ser um pouco do
lado canino de Sirius aparecendo.

A pior parte era que Remus realmente não se importava com o motivo. Ele só queria
que acontecesse novamente. Tão culpado quanto sabia que deveria se sentir, ele
passava todas as noites deitado em sua cama desejando e desejando que Sirius viesse
rastejando. Ou que ele, Remus, tivesse a coragem de se levantar e ir pessoalmente até
o outro. Mas a coragem nunca veio, e depois de uma semana (que incluía o aniversário
de Sirius, um fim de semana em Hogsmeade, Bonfire Night e uma lua cheia) Remus
simplesmente teve que tentar desistir disso.

Como de costume, ao enfrentar uma crise, Remus compôs uma lista confiável para
ajudar a equilibrar seu pensamento. Este era intitulado: Razões para esquecer a
situação de Sirius.

Sirius claramente queria fingir que isso nunca aconteceu. Um bom amigo deve
respeitar seus desejos.

Remus queria ser um bom amigo, porque, afinal, perder um amigo era potencialmente
muito pior do que nunca tocar em Sirius novamente. Não era?

Sirius não estava escondendo sua atração profunda e permanente por garotas. Todas e
cada uma delas.

Este último era o ponto mais relevante. Um fator que havia contribuido para a
bebedeira de Remus na festa de Halloween foram as tentativas obstinadas de Sirius
em flertar com todas as garotas maiores de quinze anos. Tentativas extremamente
bem-sucedidas, diga-se de passagem. Tão bem sucedidas que, quando o próximo fim
de semana chegou, era de conhecimento geral que Sirius agora estava casualmente

295
saindo com Avni Chaudry, a lufana que havia encantado as abóboras para brilharem
no escuro.

Esta era uma situação familiar a esse ponto, e Remus, pelo menos, estava feliz por não
ser mais um monitor, e não correr o risco de tropeçar em Sirius e Avni se agarrando na
torre de Astronomia. Ele começou a evitar as estufas, no entanto.

A vida avançava lentamente. O grupo de estudo de Remus voltou a se reunir


lentamente, aproximando-se dele um a um na sala comunal, ou na biblioteca, para
perguntar educadamente se o assento ao lado dele estava ocupado, e então - depois
que ele confirmava sua disponibilidade – instalavam-se e perguntavam se não se
importaria de verificar algo para eles, ou de dar sua opinião sobre um ponto ou
outro. Remus não se importava. Era uma boa distração e muito mais saudável do que
ficar chapado, pelo menos. Christopher não participou, mas Remus supôs que ele
poderia estar ocupado com seus NOMs.

A terceira lua cheia do ano foi tão bem quanto as duas anteriores - James jurou que
havia avistado um unicórnio, realmente, desta vez. E as aulas com a Madame Pomfrey
se tornaram um prazer inesperado, a ponto de, agora, Remus ser competente em curar
pequenas cortes e hematomas. Sem uso de antisséptico a partir de agora.

Então, ele dizia a si mesmo repetidamente que, ele, Remus John Lupin, não tinha
nenhuma razão para estar infeliz. Tudo estava como deveria ser - até mesmo James e
Lily estavam se dando bem sem nenhum feitiço ou maldição sendo lançados. O vazio
estava apenas dentro dele – pois, sua vida exterior estava mais cheia do que nunca.

Diante de tudo isso, ficou bastante surpreso ao, em uma tarde tranquila na biblioteca,
receber uma carta. Na verdade, 'receber uma carta' parecia um exagero. Um avião de
papel o havia atacado na nuca, enquanto tentava se concentrar em converter uma
equação aritmética de Agripa para a forma Caldéia. Ele sibilou de dor e agarrou-o,
olhando ao redor. Estava sozinho, mas sabia exatamente quem era o culpado. Os
feitiços locomotores de James eram lendários. Remus o desdobrou, alisou e começou a
ler.

296
‘Marotos se reúnam! Ficamos adormecidos por muito tempo.

Esta noite. Meia-noite. Tapeçaria do jardim. Travessura.’

Ele não pôde deixar de sorrir. Eles não faziam uma brincadeira adequada há anos.

***

Quinta-feira, 11 de novembro de 1976 (meia-noite)

"Quem é?"

"Sou eu."

“Ah, oi, Moony, você encontrou a capa então. Sirius está com você? "

"Achei que ele estava com você!"

"Nah, eu tinha patrulha."

"E Wormtail?"

“Ele está aqui, no meu ombro. Nós não nos encaixamos de outra forma.”

"Vocês dois estão fazendo muito barulho."

"Padfoot!"

"Prongs."

"Como você chegou aqui sem a capa?"

"Eu andei, seu covarde."

"Sorte que Filch não viu você."

“Eu nasci com sorte.”

297
A 'tapeçaria do jardim' ficava no andar térreo, a apenas alguns metros da entrada das
masmorras. A partir disto, Remus presumiu que a pegadinha seria dirigida a
Sonserina. Não estava errado. James tinha uma grande caixa de madeira com ele, que
ele estava levitando graças a seu encanto de locomoção patenteado.

“Algumas plantas de bubotúberas acidentalmente cruzaram com uns cogumelos


explosivos,” ele sussurrou, enquanto desciam as escadas para as masmorras. "A
Professora Sprout me pediu para jogá-los na pilha de compostagem, mas achei que
seria um desperdício ..."

“Onde vamos colocá-los?” Sirius sussurrou de volta, animado.

"Bem, eu não sei a senha da Sonserina deste ano - algum de vocês sabe?"

Todos eles balançaram a cabeça, exceto Peter, que - ainda empoleirado no ombro de
James - deu um guincho negativo. James suspirou, apenas ligeiramente desapontado,
"Então eu pensei que provavelmente poderíamos espalhar eles por aí - eles estão quase
prontos para estourar, eu acho..."

Assim que alcançaram os níveis mais baixos, sombrios e cavernosos do castelo, Peter
se transformou de volta em si mesmo, e James largou sua caixa. Ele ergueu a tampa
para apresentar uma recompensa de, pelo menos, cem cogumelos grandes, amarelados
e de leve pulsação.

"Eugh." Disse Peter.

"Sim," James sorriu, tirando um cuidadosamente da caixa. Era mais ou menos do


tamanho de uma bola de tênis, “Não aperte, eles estão cheios de pus e prontos para
explodir”.

“Isso vai ser excelente.” Sirius sorriu, alcançando e pegando dois.

Eles rápida e eficientemente começaram a espalhar o fungo estranho e espinhento -


atrás de arandelas, sobre portas, sob tapetes e dentro de armaduras. A criação híbrida

298
latejava de forma desagradável em suas mãos, e Remus achou que James estava
certo; estavam prontos para explodir a qualquer minuto, deixando as masmorras
cobertas de pus amarelo fedorento.

Eles talvez tivessem na metade da caixa, quando as orelhas de Remus se aguçaram -


teve a estranha sensação de estar sendo observado. Virando-se, ele avistou os olhos
amarelos brilhantes da Sra. Norris, espiando pela esquina com aquele olhar
presunçoso e rancoroso em seu rosto achatado.

"Merda", ele sussurrou, "Rápido, olhem!"

"Ah, droga!" James disse: "Vocês três peguem a capa e se escondam, eu vou ..."

"Quem está aí?" A voz de Filch surgiu.

"Rápido!" James sibilou e começou a correr na direção oposta.

Peter, Sirius e Remus se entreolharam, antes de decidirem telepaticamente entrar na


porta aberta mais próxima - que por acaso era o banheiro das garotas.

"Aquela porra de gato maldito está atrás de mim," Sirius murmurou, "Desde que me
tornei um animago."

"Você pode falar!" Peter respondeu irritado, torcendo as mãos. Remus arrastou a caixa


de cogumelos atrás deles e estava procurando desesperadamente um lugar para
escondê-la.

“Empurre para a frente da porta!” Sirius disse.

“Eu não acho que vai ...”

“Locomoto!”

"Não!"

299
Sirius não era tão bom nesse feitiço quanto James. Ele sempre colocava um pouco de
força demais por trás. Tudo o que Remus pôde fazer foi abaixar-se e cobrir a cabeça,
quando a caixa de delicadas bolinhas de pus se chocou contra a porta do banheiro,
disparando até a última pústula com um ruído nauseante.

Peter desapareceu completamente, encolhendo-se até o tamanho de um rato no último


momento e correndo pelo ralo mais próximo em busca de refúgio. Sirius, sempre
confiante em suas habilidades, simplesmente ficou lá, parado, parecendo estúpido
enquanto galões mais galões de pus explodiam em seu rosto, cobrindo todo o banheiro
no processo.

Às vezes, era muito fácil não idolatrar Sirius Black.

300
Capítulo 100: Sexto Ano: Limites

I can’t help from crying

Oh no, boy, you ain’t done nothing wrong

You just make me feel so good it hurts me

Cuz I’ve been without you so long

And now I got a good kinda hurt

I got a good kinda hurt

Oh boy, you make me, you really make me come alive

-Good Kinda of Hurt, Pleasure Seekers

Sexta-feira, 12 de novembro de 1976

Eles foram pegos, é claro - apenas Sirius e Remus. O raciocínio rápido de Peter o
livrou, e James correu rápido o suficiente a tempo. Ele queria dizer a McGonagall que
tudo havia sido ideia dele, mas Sirius não permitiu.

A chefe da casa deu a eles um dos piores castigos que tiveram em anos - piorou ainda
mais pelo fato de que ela estava vestida com sua camisola de tartan e roupão, o que
não foi nem um pouco engraçado, mas extremamente assustador. Eles ficaram em seu
escritório, cabeças abaixadas, pingando pus até que ela os mandou para a cama. Vinte
pontos da casa perdidos e detenção até o Natal.

“Vocês dois têm uma hora livre antes do almoço amanhã,” ela disse, como uma farpa
de despedida, “Eu espero que se apresentem nas masmorras para limpar sua
bagunça. Sem magia.”

301
Sirius estava furioso e, depois de se lavar, foi para a cama sem dizer uma palavra. Pete
sentou-se na ponta do colchão, com o rosto pálido e preocupado.

"Eu realmente sinto muito!" Ele sussurrou para Remus, desesperadamente, "Eu entrei
em pânico, às vezes eu simplesmente perco o controle quando estou com medo ..."

"Ok," Remus respondeu, cansado, "É só detenção."

"De qualquer forma," James saltou de sua cama, "Eles não encontraram nenhuma das
bolinhas que escondemos, ainda ..."

James estava certo e, em uma reviravolta sublime do destino, as bolinhas de


bubotúbera explodiram cedo na manhã seguinte, quando a maioria dos alunos
sonserinos estavam indo das masmorras para o Salão Principal para o café da
manhã. Portanto, pelo menos a noite não foi uma completa perda de tempo.

"Foram vocês dois?!" Lily olhou para Remus espantada, quando ele disse a ela por
que não poderia encontrá-la na biblioteca antes do almoço, "Não Black e Potter, Black
e você?!"

"Não precisa parecer tão surpresa", ele franziu a testa, "sou capaz de ser um idiota
tanto quanto qualquer outra pessoa."

"Não, mas pensei que você e Sirius estivessem brigados."

"Porque você pensaria isso?!"

"Ah, algo que Mary disse..."

"O que Mary disse?" Remus sentiu uma onda de calor subir por seu pescoço - Sirius
disse algo a Mary? Algum lapso estúpido enquanto eles estavam se beijando?

“Eu não sei,” Lily pareceu levemente surpresa, “Pergunte a ela, eu realmente não
consigo me lembrar, eu só pensei que ela disse algo sobre vocês dois não estarem se

302
falando. De qualquer forma, você poderia tentar não destruir mais banheiros este
ano? A Grifinória já tem a menor quantidade de pontos entre as casas, e nem é Natal.”

Os ataques surpresa no corredor tinham perdido mais vinte pontos para Grifinória, e
uma noite extra de detenção para Remus e Sirius. James se sentia terrivelmente
culpado, mas o senso de cavalheirismo e honra de Sirius não o deixou confessar.

Claro, foi uma história muito diferente mais tarde naquele mesmo dia, quando ele e
Remus estavam do lado de fora do banheiro isolado, esperando Filch chegar com
baldes e esfregões.

"Maldito Wormtail, isso é tudo culpa dele."

"Não é não." Remus bocejou, encostado na parede. Não havia dormido o suficiente.

“O idiota fugiu como o verme que é!”

"Ei, seja legal," Remus franziu a testa, "Ele só fez isso porque alguém ficou muito
animado e explodiu todos aqueles cogumelos."

"Eu estava pensando rápido." Sirius ergueu o queixo, em desafio.

"Você não estava pensando."

"Bem, você não estava fazendo nada!"

“Eu estava tentando esconder a caixa! Se tivéssemos escondido a tempo e ficado


embaixo da capa, nada disso teria acontecido!”

"Bem, você não disse isso na hora!" Sirius disparou.

"Você não me deu uma chance!"

"Ainda sim ele não precisava ter fugido." Sirius cruzou os braços, encostado na parede
oposta.

303
Cansado e mal-humorado, Remus retrucou de volta,

“James fugiu também. Não vejo você xingando ele. "

Sirius olhou para ele, furiosamente. Como alguém ousava falar algo contra James
Potter na presença de Sirius Black. Remus revirou os olhos e encarou o teto até Filch
chegar.

Argus Filch era um dos adultos mais desagradáveis que Remus já conhecera. A
Diretora teria gostado dele. Um homem amargo, rancoroso e asqueroso de meia-idade,
Filch era um zelador e um bisbilhoteiro, que parecia odiar os alunos mais do que
qualquer um que trabalhava em uma escola deveria odiar. Isso era mais evidente do
que nunca quando ele tinha permissão para administrar detenções.

O homem deixou cair dois grandes baldes de madeira aos pés deles com um sorriso
malicioso no rosto e empurrou a porta. Durante a noite, o pus parecia ter secado e
deixado uma crosta espessa amarelada sobre a maioria das superfícies que havia
atingido. Remus torceu o nariz. Filch entregou a eles esfregões e escovas.

"Voltarei para ver como estão em duas horas." Ele disse: “Vocês devem terminar até
lá. Sem varinhas e sem brincadeirinhas.” Ele zombou enquanto os deixava.

Remus olhou para Sirius, que obviamente ainda estava irritado com ele. E endireitou
as costas,

"Vou começar por ali", o mais velho acenou com a cabeça para o outro lado do
banheiro, "Você vai lá." e então indicou o lado oposto.

"Ok." Remus deu de ombros, levantando seu balde e enchendo-o na pia. Sim, na


verdade, assim era perfeito. Eles ficariam cada um no seu lado e simplesmente
acabariam logo com essa estupidez.

304
Sirius ainda não estava falando com ele e virou as costas, trabalhando em
silêncio. Remus fez o mesmo. Dois poderiam jogar esse jogo. Sirius estava tornando
tudo muito mais fácil.

Remus nunca iria admitir, mas não se importava em limpar e, na verdade, achava isso
bem tranquilizador. Por mais nojento que parecesse o pus, ele saía do ladrilho branco
facilmente com um pouco de água e sabão, de modo que, o trabalho não era
fisicamente cansativo, até o momento de limpar as paredes. Isso era mais difícil
apenas por causa de todos os estiramentos e alongamentos, que o cansavam e faziam
seus ombros doerem.

Além disso, o pus de bubotúbera não era realmente pus de acordo com o livro de


Herbologia que Remus folheou com pressa antes de vir - no sentido de que não era
sujo ou tóxico. Na verdade, ele possuía várias propriedades curativas – e, embora essa
gosma fosse de uma linhagem cruzada acidental, provavelmente não poderia fazer
mais mal do que suco de abóbora.

O pequeno banheiro estava assustadoramente silencioso, com os dois meninos


trabalhando em silêncio e apenas o som ocasional deles enchendo os baldes ou
esfregando o chão. Remus também não se importava com a atmosfera fria - isso o
ajudava a se concentrar. Há um tempo, ele já sabia que seus sentimentos por Sirius
raramente atrapalhavam sua habilidade de ficar irritado com Sirius.

Quando a primeira hora acabou, eles haviam conseguido remover todos os vestígios
da bagunça e tudo o que faltava era fazer um enxágue final. Remus lavou o balde mais
algumas vezes e aproveitou a oportunidade para lavar as mãos e o rosto, que haviam
ficado quentes com o esforço. Sirius se juntou a ele na pia, mas ambos não falaram.

“Está quase acabado,” Remus tentou, hesitante.

Sirius bufou, irritado,

“Não graças ao Wormt-”

305
"Cale a boca sobre o Wormtail, ok?!" Remus disse, exasperado, "Vê se cresce!"

Sirius franziu a testa, mas não disse nada. O moreno lavou as mãos e o rosto também.
Remus tentou não assistir. Então, se voltou para sua própria parede e começou a jogar
a água limpa nela, tirando o que restava da espuma de sabão.

Uma sombra apareceu em seu ombro e ele se preparou para mais brigas.

"Falta um pedaço." Sirius bufou, mal-humorado, empurrando Remus para fora do


caminho e esfregando ele mesmo. Afrontado, Remus fechou a cara para ele,

“Pensei que ficaríamos em nossos próprios lados.”

"Sim, pensei que você faria um trabalho decente."

"Se você não ficasse respirando no meu pescoço o tempo todo!"

"Você é tão sensível," Sirius retrucou.

"Não, você só está agindo como um idiota." Remus deu uma cotovelada nele, mais
forte do que ele realmente pretendia.

Sirius o empurrou contra a parede e Remus escorregou, agarrando o moreano para se


firmar. Furioso, ele o empurrou de volta. “Idiota.” Ele disse.             

Sirius o beijou.

Sirius o beijou como ninguém; lânguido, firme e sem pressa. Remus respondeu


instantaneamente, as mãos agarrando o tecido da camisa dele, querendo correr os
dedos pelo cabelo do outro garoto. Mas Sirius se afastou antes que pudesse retribuir
direito, recuando, parecendo horrorizado consigo mesmo. Seus lábios estavam rosados
e brilhantes, ligeiramente separados. Remus teve que desviar o olhar.

“Remus, eu ... merda, desculpe. Não sei por que isso continua acontecendo comigo.”

306
"Tudo bem." Remus disse, sem olhar em seus olhos.

"Você sabe que eu não sou - "

“Sim,” Remus disse, “Sim, claro. Nem eu." Ele disse isso rapidamente e sem
pensar. Disse isso para impedir Sirius de dizer a palavra.

Ficaram em silêncio um pouco mais. O coração de Remus estava acelerado, mal


conseguia pensar direito. Ele estendeu a mão, pegando o fino tecido branco da camisa
de Sirius entre os dedos e puxando-o levemente, finalmente encontrando os olhos de
Sirius.

"Ninguém vai descobrir," Remus disse, baixinho, ecoando algo que já ouvira uma vez.

Sirius olhou de volta para ele, seus olhos queimando.

"Você não vai dizer nada?"

Remus balançou a cabeça enquanto Sirius se aproximava um pouco mais. Remus


continuou, se sentindo mais corajoso agora,

“Não. Nós ... nós não temos que parar. A não ser que você quei-"

Sirius o beijou na boca novamente. Ambos sabiam que haviam cruzado uma linha,
mas não havia como evitar agora, e era tão, tão bom, e seus corpos estavam duros um
contra o outro, as mãos se atrapalhando com as fivelas dos cintos, como se soubessem
que era o plano o tempo todo.

Quando acabou, eles se agarraram um ao outro por longos e exaustos segundos. Então


Sirius se retirou com cuidado, dando um passo para trás. Remus ansiava por puxá-lo
para perto novamente, para nunca mais parar. Tocou o cabelo de Sirius uma última
vez, fingindo colocá-lo de volta no lugar. Eles se olharam nos olhos, ousados e sem
nenhuma vergonha, por alguns segundos.

"Você é adorável." Sirius disse, tão suavemente.

307
Remus só pôde sorrir gentilmente de volta, não sabia o que dizer. O banheiro
esfriou. "Vamos," Sirius começou a abotoar as calças, desviando o olhar, finalmente,
"É melhor terminarmos esta limpeza."

Lupin acenou com a cabeça, ainda mudo, incapaz de fazer algo mais do que se
encostar na parede enquanto observava Sirius lavar as mãos novamente e pegar o
esfregão. A visão dele indo embora era muito familiar, e Remus explodiu,

"Você não -- não fuja, desta vez."

Sirius olhou para trás, um pouco surpreso, e algo mais.

"Eu não vou a lugar nenhum, Moony." Ele falou gentilmente.

"Ah, ok. Bom."

“Eu me senti mal com isso. Da última vez. Desculpe." Ele estava do outro lado do
banheiro agora, e talvez isso tornasse mais fácil falar. “Mas eu pensei que você estava
com raiva ou algo assim. Não sei."

"Não, eu não estava."

"Ainda somos amigos, não somos?"

"Claro! Sempre seremos amigos, Padfoot.”

Remus estava fazendo uma promessa, embora seu cérebro estivesse muito nebuloso
para realmente reconhecê-la no momento.

Sirius reconheceu, embora timidamente que, o que quer que continuasse acontecendo,
provavelmente aconteceria novamente. Ele havia assumido o papel de sempre -
impulsivo, expectante e irresponsável. Por sua vez, Remus assumiu seu próprio papel -
aquele que seria o responsável. Ele guardaria os segredos; ele aceitaria o que lhe foi
dado; ele seria o responsável. Se isso é o que Sirius precisa, Remus pensou, então é
isso que eu darei a ele. Não era nada demais.

308
Corajoso, Sirius o chamou uma vez, em outro banheiro, não muito tempo atrás. Remus
não sabia então se ele era ou não realmente, mas ele havia gostado de como isso soou
na época, e gostou ainda mais agora. Agora, com o gosto de Sirius ainda em seus
lábios, e os ecos de prazer ainda se instalando em seu corpo.

Enquanto observava Sirius terminar de limpar a parede oposta, encorajando a água a


descer pelo ralo com seu esfregão, e erguendo os olhos para sorrir de vez em quando,
Remus percebeu que, o que estivera esperando todo esse tempo era para
que Sirius fosse corajoso. Porém, o que havia percebido agora, com a clareza de um
raio é que ele, Remus, poderia ser corajoso pelos dois.

309
Capítulo 101: Sexto Ano: Novo Normal

Oh shadow love was quick and clean, life's a well-thumbed machine

I saw you watching from the stairs, you're everyone that ever cared

Oh lordy, oh lordy, you know I need some loving

I’m movin’, touch me!

John, I'm only dancing

She turns me on, but I'm only dancing

She turns me on, don't get me wrong

I'm only dancing...

John I`m only dancing by David Bowie

Meados de dezembro de 1976

Depois disso, aconteceu com frequência. Remus nunca iniciava; ele não


precisava. Sirius vinha até ele. Remus se veria puxado para uma sala de aula vazia ou
para o banheiro compartilhado - uma ou duas vezes, Sirius até se esgueirou
silenciosamente para sua cama, lançando um feitiço silenciador antes de forçar seus
ombros para baixo e passar as mãos sobre seu corpo, tremendo de desejo. Mas, nunca
sob as cobertas - isso seria queer. Então, ele sairia correndo assim que tudo acabasse.

Quase sempre acontecia de forma apressada. Remus sabia que isso era, em parte,
culpa da vergonha. E também, pelo fato de que ambos precisavam tanto disso - quando
estavam juntos, seus corpos zumbiam de vontade um pelo outro.

310
Não haviam duas vezes iguais. Às vezes, eles podiam ser confiantes e ousados, outras
vezes eram tímidos e um precisava do incentivo do outro. Às vezes, não era nem sobre
se satisfazer completamente, e eles se limitavam a apenas beijar - ou pelo menos a
ideia de beijar de Sirius, que era brutal, violenta e sem piedade. Os lábios de Remus
ficavam chamuscados, queimados em carne viva, por dias e dias.  

Depois, eles não conversavam sobre o que acontecia, mas - se o tempo permitisse – se
sentavam do ao lado um do outro e compartilhavam um cigarro em silêncio até que
estivessem prontos para cair lentamente de volta em suas brincadeiras de
costume. Naqueles momentos, Remus sentia que Sirius provavelmente teria preferido
estar com outra pessoa. Uma namorada ou - pior ainda - James.

Não sou eu quem ele quer, Remus dizia a si mesmo, lamentavelmente, só sou aquele
que está aqui. A pior parte é que ele sabia que isso era o suficiente. Se Sirius só viesse
até ele na escuridão e no silêncio, então que assim fosse. Era melhor do que
nada. Como se alguém como eu pudesse ter alguém como ele.

Lupin tinha que compartilhar, é claro. Quer fosse devido ao desejo de Sirius de


esconder o que estava acontecendo, ou se ele simplesmente não conseguia se
comprometer com uma pessoa, depois de Avni houveram outras. Uma coleção de
garotas bonitas, brilhantes e alegres; Florence e Daisy e Tessa e Eunice. Remus não
achava que nenhum desses encontros fosse sério e, pelo menos no começo, ele não
invejava que Sirius se divertisse. Nunca pedi por nada mais, dizia a si mesmo.

E Remus gostava de ser secreto. Ele nunca tinha sido alguém que gostava de atenção e
pensou que, mesmo se fosse um fato que o que estavam fazendo não era diferente do
que Sirius fazia com qualquer uma das garotas por quem se apegava, Remus ainda
preferiria que James e Peter não soubessem. Talvez ele pudesse contar a eles sobre
Grant, um dia, eventualmente - mas não sobre Sirius. Era muito complicado.

Ele gostava de saber que ele e Sirius poderiam estar em uma sala cheia de pessoas, e
ninguém tinha ideia do que andavam fazendo apenas na noite anterior ou, até mesmo,

311
duas horas antes. Gostava de escapar impune. Gostava de ver Sirius com uma garota, e
pensar que não importa, mais tarde ele pertence a mim.

Afinal, ele tinha permissão para ser feliz. Tinha permissão para ter algo só para si -
especialmente porque, em outras áreas da vida de Remus, portas se fechavam e coisas
eram tomadas de si.

Houve outro ataque de lobisomem durante a lua de dezembro, que caiu no início do
mês naquele ano. Testemunhas descreveram mais de uma criatura - estavam
trabalhando em bando. O ministério foi colocado em alerta máximo, e toda a escola
estava falando sobre isso. Os marotos não tocavam no assunto - nem mesmo
Sirius. Ele não podia culpá-los; teria arrancado a cabeça deles se tivessem tentado ser
simpáticos ou ser gentis a respeito.

Ainda assim, ele teve que aturar todo o resto; todos os outros alunos da escola que
começaram a usar joias de prata ou a falar sobre a melhor maneira de se defender de
um ataque de lobo.

“Deveriam cercar todos eles!” Ouviu um aluno do quinto ano contando para qualquer
um que quisesse ouvir no Salão Principal uma noite. “Manter eles trancados, longe das
pessoas normais!”

“Por que não podem marcá-los?” Avni sussurrou, na tarde seguinte, quando ela,
Sirius, Remus, Peter e Lily estavam assistindo o treino do time de quadribol da
Grifinória. “Quer dizer, já existe um registro e eles podem rastrear bruxos menores de
idade - por que não rastrear animais perigosos?! Não faz sentido.”

"Eles não são animais," Lily sibilou por entre os dentes cerrados, "Eles são pessoas."

Remus manteve os olhos no campo. Sirius também.

“Diga isso aos Mundays!” Avni respondeu, endireitando a saia e dando a Lily um


olhar superior, "Diga isso para esta última família atacada." Ela se aproximou de
Sirius no banco, abraçando seu braço,

312
"Sirius, querido, estou com frio ..."

"Entre, então." Ele grunhiu, se sacudindo para que ela o soltasse, os olhos ainda em
James, gritando algo para seu goleiro.

"Com licença?" Avni franziu a testa.

"Você me ouviu." Sirius respondeu, irritado, "Cai fora."

Nenhum deles viu Avni depois disso.

Mas isso não impediu outras pessoas de falar. Remus teve que dissolver seu grupo de
estudo mais cedo porque todos queriam saber se ele poderia recomendar algum bom
livro sobre 'espécies híbridas' e defesa contra criaturas das trevas. No final, tudo o que
pôde fazer foi dizer para procurarem o professor de Defesa contra Arte das Trevas, e
se eles não quisessem ajuda com o trabalho escolar, então deveriam deixá-lo em paz.

Lily encontrou Remus estudando até tarde naquela noite na sala comunal, tentando
recuperar o atraso no trabalho que ele perdeu enquanto estava na ala hospitalar depois
da lua. Estava exausto, dolorido e extremamente irritadiço, mas ela se aproximou e
sentou-se ao lado dele, apoiando a cabeça em seu ombro e um braço em volta de suas
costas. A menina cheirava bem e deu-lhe um aperto suave, suspirando suavemente
contra sua clavícula. Ela não falou, mas Remus sempre ficaria grato por isso.

Em meados de dezembro, as coisas pioraram. Remus recebeu duas cartas.

Caro Remus,

Espero que seu sexto ano esteja indo bem. Odeio ser o portador de más notícias, mas
como você já deve saber, houve um ataque durante a lua cheia da noite passada.

[Remus revirou os olhos com isso. Por que os adultos sempre achavam que os
adolescentes não liam as notícias? Especialmente quando eles estavam no meio de
uma guerra, que os afetava diretamente?!]

313
Não tenho dúvidas de que a Professora McGonagall falará com você em breve, mas
pensei em entrar em contato. Tenho conversado com Alastor Moody, que se preocupa
com sua segurança. Ele me disse que você fica com os Potter todos os anos no
Natal. Os Potter são pessoas excelentes, e eu sei que James é um amigo próximo, mas,
Remus, não se pode confiar que eles irão protegê-lo. Eles fariam tudo o que pudessem
- disso eu não tenho dúvidas, mas minha sensação é que, se Greyback tentasse
rastreá-lo, o único lugar em que ele não poderia te encontrar seria Hogwarts.

Não estou dizendo a você o que fazer, é claro. Mas eu imploro que considere sua
própria segurança e a segurança daqueles ao seu redor.

Muitas felicidades,

L. Ferox

Bem, Ferox estava claramente dizendo a ele o que fazer, mesmo que estivesse apenas
repassando instruções de Moody. O coração de Remus afundou quando terminou de
ler esta carta, mas o pior estava por vir:

Sr. Lupin,

Fomos informados de que, após seu décimo sétimo aniversário no ano que vem, você
terá a maioridade legal conforme definido por sua sociedade.

Embora a lei do Reino Unido declare que você ainda é uma criança, fomos
informados de que suas circunstâncias anulam essa legislação.

A partir de 10 de março de 1977, você não estará mais sob os cuidados do


Reformatório St Edmund's Para Meninos. Quaisquer itens ou ativos financeiros
mantidos em confiança serão devolvidos a você no prazo máximo de trinta dias úteis
após esta data. Não deve haver necessidade de retornar às instalações.

314
Desejamos a você o melhor em seus empreendimentos futuros.

Atenciosamente,

Sra. J. Orwell.

Porra. Remus leu esta carta apenas uma vez, então a enfiou no fundo de seu baú. Ele
não podia pensar nisso agora.

Contou aos marotos sobre a primeira carta - omitindo os detalhes sobre Greyback, é
claro. Ele precisava omitir; não havia outra maneira de explicar por que não poderia ir
a Londres para o Natal. Mais tempo para o dever de casa, disse a si mesmo. Ele seria o
único aluno a ficar; os alunos do sétimo ano, com os NIEMs chegando, provavelmente
ficariam para tirar vantagem em uma sala comum vazia. Ele poderia desfrutar de um
Natal bastante agradável na biblioteca, se quisesse. Além disso, um jantar de Natal em
Hogwarts não era, em nenhum aspecto, algo desagradável.

"Não é justo." James vociferou, quando ouviu: "Você não representa perigo para
ninguém, a lua cheia não é até o ano novo!"

"É a coisa do bando, no entanto," Remus respondeu, afrouxando a gravata e se


jogando na cama. Tinha sido um longo dia de aulas e ele tinha pelo menos três horas
de lição de casa pela frente. “Eles estão preocupados que eu seja capturado ou me
junte ou algo assim.”

"Eu pensei que Ferox gostasse de você," Sirius franziu a testa, deixando cair sua
mochila de livros descuidadamente no meio do quarto, "Ele deveria saber que você
nunca se juntaria a eles."

"Ele sabe," Remus disse, "Mas ele acha que eles podem me forçar ou ... bem, nenhum
de nós realmente sabe o que pode acontecer se eu encontrar outro ..."

315
James, Peter e Sirius trocaram um olhar desconfortável. Remus tirou seu suéter escolar
que coçava, para dar a eles um momento para pensar sobre isso. Quando reapareceu,
seu cabelo estava despenteado com a estática, ele deu a eles seu maior sorriso,

“Está tudo bem, de qualquer maneira, eu realmente não me importo. Será ótimo ter um
pouco de paz e sossego; estou ansioso para umas férias de vocês.”

James riu e balançou a cabeça. Ele pegou sua mochila marrom de quadribol,

“Nenhum de nós acredita em você, Moony. Certo, tenho treino, depois uma hora de
dever de casa e depois patrulha com Evans.” Qualquer outra pessoa poderia ter
desenrolado essa lista de obrigações com um ar cansado de martírio. Mas James
parecia estar tendo o melhor dia de sua vida. "Quer ir, Black?"

"Não, tá ok, Prongs," Sirius balançou a cabeça. Ele não tinha parado de olhar para
Remus desde que desabotoara a camisa da escola. "Pode ir, vou começar aquela lição
de Feitiços ..."

“Sei,” James sorriu, “Quem é esta noite, Florence de novo? Até logo." Ele desceu as
escadas, assobiando uma melodia alegre.

Sirius se virou para Peter.

"Você vai assistir ele, Pete, se estiver a fim?"

“Nah,” Peter balançou a cabeça. Ele parecia preocupantemente confortável sentado em


sua cama, encostado na cabeceira com suas anotações de Feitiços espalhadas diante
dele.

"Ah, certo, você provavelmente vai ver Dezzie?"

“Não,” ele balançou a cabeça, lambendo a ponta da pena, “Ela tem patrulha esta
noite. E ela diz que precisamos levar a sério nossos estudos, agora que somos alunos
NIEM ... Posso fazer meu dever de casa com vocês dois?”

316
Remus e Sirius se entreolharam. Sirius ergueu uma sobrancelha. Remus encolheu os
ombros. Sirius se levantou.

“Vou te dizer uma coisa - esqueci de devolver o livro à biblioteca. Melhor ir e - oh,


Moony, já que estou nisso, não tinha um livro que você falou que precisava ...”

"Oh, certo, sim!" Remus pulou também, lutando para vestir um suéter de lã limpo, "Er
... é um título complicado, é melhor eu te ajudar a encontrar."

"Oh, vocês querem ir para a biblioteca, então?" Peter perguntou, finalmente tirando os


olhos de suas anotações.

"Não precisa" disse Sirius, enquanto os dois corriam para a porta, "Não vamos
demorar ..."

“Não vai demorar?!” Remus murmurou, na escada.

"Eu tinha que dizer alguma coisa!"

Eles conseguiram passar pela sala comunal sem interferência, mas uma vez que
estavam fora nos corredores, ficaram um pouco perdidos.

"E quanto ao banheiro feminino do quarto andar -" Sirius começou,

"Não." Remus explodiu.

"Bem. Er… A sala de Feitiços está livre, eu acho? Às sextas-feiras, o Flitwick termina


mais cedo e não há clubes.”

"Como você sabe disso?!"

"Ah, cale a boca e me siga," Sirius sorriu.

317
Eles colocaram um feitiço de alarme básico na porta e empurraram uma mesa na
frente dela por precaução - mas as tardes de sexta-feira eram normalmente muito
seguras; todos queriam fingir que as salas de aula não existiam.

Depois de tudo, eles se vestiram, alisaram os cabelos e sentaram na mesa de Flitwick,


fumando.

"Vamos realmente ter que ir à biblioteca agora." Remus disse, soprando uma corrente
de anéis.

"Nah," Sirius balançou a cabeça, "É só dizer que eles não tinham o livro."

"Bem, isso seria bom, exceto que eu realmente estava planejando fazer minha redação
de Feitiços esta noite ..."

Sirius revirou seus lindos olhos e jogou seu lindo cabelo. Remus lutou contra a
vontade de suspirar.

A sala de aula ficava do mesmo lado do castelo que o campo de quadribol. Eles


podiam ouvir o som fraco, mas estridente, do apito de James em algum lugar abaixo
deles. Sirius exalou fumaça, melancolicamente. Remus se perguntou o quanto ele
sentia falta de jogar quadribol. Se perguntou se deveria perguntar, ou se isso seria
demais.

"Moony, você definitivamente não vem no Natal?"

"Sim. Tenho que confiar em Ferox. Ele me conhece, ele conhecia meu pai.”

“Ele conhecia seu pai? Você nunca nos contou.”

“Eu não tenho que te contar tudo,” Remus deu um estremecimento irritado, tragando
seu cigarro com força. “Eles trabalharam juntos, tivemos algumas conversas sobre, só
isso.”

"Bem, se você confia nele, então."

318
"Eu confio." Remus estava ciente de seu tom, mas não fez nada para moderá-lo.

"Está bem! Eu só ia dizer ...” Sirius engoliu em seco, “Bem, quero dizer, eu poderia
ficar também. No Natal. Aqui em Hogwarts. Se estiver tudo bem para você.”

"Oh." Remus franziu a testa, pego de surpresa e se virou para olhar para Sirius. "Você
quer?"

"Você não deveria ter que ficar preso aqui sozinho, James tem sua família - e Pete, se
ele ficar realmente desesperado."

“Sim, mas eles não esperam por você? Os pais de James? Eles são loucos por você."

Ele percebeu o sorriso de Sirius ao ouvir isso - um flash brilhante de euforia, que fez o
coração de Remus bater mais rápido.

“Eles podem ter um Natal em família, pelo menos uma vez, sem eu me enfiando lá.
Vamos, Moony, não quer dividir a sala comunal comigo? Vou ficar quieto e deixar
você estudar se é isso que você realmente quer.”

Ele deu um sorriso tímido e Remus apagou o cigarro, se inclinou e o beijou com
força. Ele ainda não tinha se acostumado a ser capaz de fazer isso.

"Até parece." Ele disse, se afastando, deleitando-se com o rubor quente nas bochechas
de Sirius.

319
Capítulo 102: Sexto Ano: Torta de Mince

Quarta-feira, 15 de dezembro de 1976

“Ok, então provavelmente não terei tempo para outro encontro até o próximo
semestre,” Remus disse ao seu grupo de estudo, olhando para o relógio de pêndulo
próximo. Eram quase nove horas da noite. Encarou os rostos ansiosos e teve que olhar
para seus papéis novamente - era enervante, comandar tanta atenção assim, "Mas eu
estou aqui quase todas as noites de qualquer maneira, então se vocês tiverem algumas
perguntas rápidas ..."

“Obrigado, Lupin,” o grupo disse em coro enquanto começavam a se arrumar e se


separar.

"Feliz Natal", ele acenou com a cabeça, enquanto eles se dispersavam para seus
próprios cantos da sala comunal, ou então para a cama.

Ele próprio desejava dormir cedo. Era a última semana do semestre e, praticamente, já


havia concluído todos os trabalhos, a menos que seus professores estivessem se
sentindo cruéis o suficiente para designar mais tarefas nos últimos dias antes do
Natal. Remus bocejou e espreguiçou-se, recostando-se na cadeira com os olhos
fechados.

"Aham." Alguém ainda sentado à mesa pigarreou sem jeito. Remus abriu os olhos,


envergonhado, e saltou para frente em sua cadeira.

"Oh, desculpe - pensei que todos tinham ido."

"Desculpe", respondeu Christopher, segurando um livro, "Eu só queria dizer ... Feliz
Natal."

320
Remus sentiu uma estranha sensação de alívio e culpa em seu estômago. Pobre
Christopher.

“Obrigado - Feliz Natal para você também. Grandes planos?”

O menino mais novo encolheu os ombros,

“Só família. E você?"

"Vou ficar aqui."

“Oh. Não sozinho? "

"Hum ... Sirius Black também vai ficar."

"Claro. Eu ouvi sobre as coisas com a família dele.”

"Mm." Remus não queria falar sobre Sirius com Christopher, muito menos sobre a
família Black. Christopher era puro sangue também, e provavelmente sabia mais do
que Sirius se sentia confortável.

"Bem," Christopher fez menção de se levantar, "Vejo você em janeiro, acho."

"Espere!" Remus disse rapidamente, estendendo a mão, mas sem tocá-lo. Christopher


se levantou, mas olhou para Remus, seus olhos esperançosos, o mais velho então
olhou para baixo, “Me desculpe pelo jeito que falei com você antes do verão. Eu fui
um idiota.”

Christopher não contestou isso. Mas ele sorriu,

"Está tudo bem. Espero que não tenha sido algo que eu ... fiz? "

"Não!" Remus balançou a cabeça com veemência. Ele desejou que Christopher se


sentasse. “Não, eu prometo, era apenas eu sendo um idiota mal-humorado. Haviam
outras coisas acontecendo, eu não deveria ter descontado em você. "

321
"Está bem. Bem ... obrigado por dizer isso.”

Remus sorriu, se sentindo um pouco melhor. Christopher mordeu o lábio e disse:


“Então ... você gostaria de uma visita a Hogsmeade no ano novo? A livraria está em
liquidação em janeiro, ou podemos apenas comprar uma cerveja amanteigada.”

"Desculpe, Chris, não posso." Remus se sentiu péssimo e viu a expressão no rosto de


Christopher murchar.

"Certo. Você provavelmente vai com Potter e Black e ... qual é o outro. "

"Peter. Mas não vou - na verdade, não posso ir para Hogsmeade, estou banido.”

“Oh. Mesmo?"

"Sim," Remus acenou com a cabeça sinceramente, grato por não ter que mentir.

"Tem a ver com o porquê de você não ser mais monitor?"

"...Sim." Ok, era uma mentira, mas quem poderia machucar?

"Uau, ok." Christopher ergueu as sobrancelhas e Remus não tinha certeza se ele estava
impressionado ou levemente preocupado.

"Moonyyyyy!" A voz de Sirius ecoou, descendo as escadas do dormitório dos


meninos, "James está jogando bolas de neve em mim, faz ele paraaaaar!"

Remus riu e começou a se levantar.

"Bolas de neve?" Christopher disse ironicamente: "Dentro do quarto?"

“Eles abrem a janela e a raspam do telhado.”

“Nos ajude, Moony!” Peter gritou: "Precisamos de reforços!"

322
"Não acredito que você é amigo desse grupo", disse Christopher, com uma pontada de
indignação, "Eles são tão imaturos."

"Eu também," Remus deu de ombros, arregaçando as mangas e se levantando, "Estou


indo, rapazes!" Ele gritou o mais alto que conseguia, marchando em direção à escada.

***

Domingo, 19 de dezembro de 1976

Foi um inverno extremamente frio naquele ano e a neve começou a cair cedo sobre o
castelo. Os marotos usaram isso a seu favor, e James aperfeiçoou um feitiço que
permitia às armaduras - que se alinhavam na maioria dos corredores das salas de aula -
cuspir bolas de neve de suas viseiras em vários intervalos de tempo. Remus gostava do
frio - ou talvez ele apenas gostasse de se agasalhar e se sentar perto do fogo. Pelo
menos, no inverno ninguém perguntava por que usava mangas compridas o tempo
todo.

E ele estava animado - talvez mais animado do que nunca para um feriado de Natal.
Amava rever os Potters, amava a casa deles e a vila vizinha, e ser testemunha do que
era uma família de verdade, pela primeira vez. Porém, ficar sozinho com Sirius por
uma semana inteira; isso era algo que ele nunca poderia ter imaginado que
aconteceria, mesmo dois meses antes.

Eles levaram James e Peter até a fronteira do terreno - o mais longe que Remus podia
ir.

"Você tem certeza?" James perguntou, uma última vez: "Ferox nunca disse que você
não era permitido, e mamãe e papai honestamente não se importariam ..."

“Ano que vem eu vou, espero,” Remus deu de ombros, “Tudo pode ter acabado até
lá. E eu não poderia viver comigo mesmo se alguma coisa acontecesse com sua
família por minha causa.”

323
"Black? Você realmente vai dizer não para as tortas de mince da mamãe? "

"Ah, mas eu não vou, meu querido Prongs," Sirius sorriu por trás de seu cachecol
vermelho e dourado, "Ela mandou algumas, a primeira coisa que fez esta manhã. Eu
tenho um prato cheio.’’

"Mimado, de novo," James sorriu. Ele abraçou Sirius, e então Remus, que ficou
surpreso com isso. Não conseguia se lembrar se eles já haviam se abraçado antes.

"Vão lá, entrem no trem, hein?" Sirius deu um soco no ombro dele, "Você terá Evans
só para você..."

James deu uma piscada para ele, então saiu correndo, Pete atrás dele, acenando para
Remus e Sirius. Os dois meninos que ficaram para trás, permaneceram ali por um
tempo, observando os alunos de mantos pretos marcharem pela neve branca, todos
conversando alegremente sobre seus planos para o feriado, os presentes que
aguardavam e sua ansiedade para ver suas famílias.

"Até mais, Remus!" Christopher sorriu para ele, com as bochechas rosadas enquanto
passava, "Tenha um bom natal!"

"Você também," Remus assentiu, sorrindo de volta. Se sentia muito melhor, agora que
tudo estava resolvido.

"Aquele garoto de novo." Sirius murmurou, "Quem é ele?!"

“Eu já te disse, ele é do quinto ano. Está no meu grupo de estudo.”

"Certo. Ele parece um puxa saco completo.”

"Ele é ok." Remus sorriu para si mesmo, esperando que Sirius não percebesse.

Uma voz desagradável veio atrás deles.

"O que há de errado, os Potters expulsaram você também?"

324
Remus alcançou sua varinha enquanto eles se viravam, e meio que esperava ver
Snape. Ficou surpreso ao descobrir que era Regulus Black parado ali na neve, o rosto
contraído pelo frio.

"Não." Sirius respondeu, calorosamente, "Só vou ficar aqui este ano."

"Por quê?" Regulus perguntou, sem rodeios. Ele estreitou os olhos para o irmão, como
se esperasse pela piada.

“Não é da sua conta. Agora vá, pequeno Reggie, tenho certeza de que a mamãe está
esperando. "

Regulus resmungou e ergueu uma sobrancelha, como se para mostrar que não iria
morder a isca de Sirius. Remus odiou isso e cerrou os punhos. Se Regulus viu ou
sentiu, ele não sabia, mas o menino lhe deu um olhar penetrante, e Lupin sabia que ele
estava se lembrando da última briga deles em janeiro. O garoto mais jovem
visivelmente endureceu, então falou diretamente para ele,

“Não é mais um monitor, Loony Lupin? Eu gostaria de saber porque? Algo a ver com
meu irmão delinquente, talvez? Certamente aquele mestiço gorduroso do Severus não
estava dizendo a verdade ...? "

Remus poderia ter avançado para cima dele, se não estivesse ocupado impedindo
Sirius de fazer o mesmo. Ambos na neve, Sirius rosnando,

"Retire isso, seu pequeno filho da -"

Felizmente, Remus era mais forte. Regulus foi embora, gargalhando, em direção a


Hogsmeade e o trem.

"Eu consigo amaldiçoar ele daqui." Sirius rosnou, assim que Remus o soltou.

"Eu prefiro que você não faça isso," Remus respondeu. Ele se voltou para o castelo
coberto de neve, "Olha", ele encorajou, "Temos o castelo praticamente só para nós."

325
"Sim," Sirius disse, distraído, ainda encarando os passos de seu irmão, "Vamos então,
vamos entrar. Minhas bolas estão congelando."

Seu mau humor durou até a hora do almoço, quando desceram ao Salão Principal.

"Caramba." Sirius disse, quando entraram no salão. Estava quase completamente


vazio, com apenas três alunos - um sonserino do sétimo ano e dois corvinos do sexto
ano - sentados na mesma mesa, na cabeceira da sala.

“Eu acho que é a guerra,” Remus sussurrou, enquanto eles se aproximavam da mesa,
“Os pais querem seus filhos em casa neste Natal.”

"Só você e eu então, Moony," Sirius sorriu, "Os órfãos da torre da Grifinória."

Apesar da pequena quantidade de alunos, o salão foi decorado com prata e ouro, fitas
brilhantes estavam penduradas como cabelos de anjo em cada viga, uma árvore
deslumbrante que parecia brilhar em algum lugar entre seus galhos e um bando de
tordos de peito vermelho alegres foram encantados para circular pelo salão,
assobiando melodias natalinas familiares. Remus achou que Flitwick realmente havia
se superado este ano.

Sirius sentou ao lado dele, ao invés de em frente a ele, como de costume. Eles não
conversaram muito com o resto do grupo; os dois corvinos estavam obsessivamente
questionando um ao outro sobre Aritmancia, e o sonserino estava em uma conversa
profunda com o Professor Slughorn.

“Lembra do primeiro ano?” Sirius disse, quando a comida apareceu – os elfos


domésticos claramente não estavam de folga para o Natal, "Éramos só você e eu no
Natal, também."

“Sim,” Remus sorriu para sua torta de escondidinho, aquecido pela memória. Ele
havia passado todo Natal com Sirius desde os onze anos. “Eletric Warrior.”

"Teremos que ouvir mais tarde."

326
Eles ouviram. Se deitaram no tapete em frente à lareira e deitaram de costas,
escutando o álbum no volume máximo. Sirius tocou Monolith duas vezes porque sabia
que era o favorito de Remus, e Remus tolerou três replays de Jeepster pelo bem de
Sirius.

You slide so good,

With bones so fair,

You’ve got the universe reclining in your hair,

Cuz you’re my babe…

Cheio, aquecido e contente, Remus silenciosamente adormeceu ao som da bela voz de


Marc Bolan e sua guitarra vibrante. Acordou um pouco mais tarde, com dores nas
costas. Ele virou a cabeça e descobriu que estava sozinho no tapete, e o disco havia
parado de tocar. Sentando-se tenso, Remus procurou por Sirius, que estava sentado um
pouco longe, enrolado em uma poltrona, sussurrando em seu espelho compacto.

Remus relaxou, apoiando-se nos cotovelos e observando-o suavemente por um tempo,


a luz do fogo aquecendo as feições de Sirius com um brilho fino, suavizando seus
ângulos mais agudos e o transformando em mármore grego. Ele era tão dolorosamente
lindo. Obviamente, todo mundo sabia disso. A beleza de Sirius não era apenas para
Remus, mas às vezes parecia que sim. Não tinha nada a ver com desejo por Sirius, era
algo muito maior. Isso deixava Remus louco.

Eventualmente, o moreno sussurrou um adeus para o espelho e o fechou. Sorriu para


Remus, e lentamente se desdobrou, esticando seus longos membros nas laterais da
poltrona. Remus assistiu, imóvel,

"Como James está?"

"Tudo bem," Sirius respondeu, aquele olhar crescendo em seus olhos que Remus
passou a reconhecer como um sinal de que algo maravilhoso estava para

327
acontecer. Ele se levantou da cadeira e caminhou até Remus. "Sentindo minha falta,
obviamente."

"Obviamente," disse Remus, repetindo sem se escutar, apenas o observando vir em


sua direção. Ele se elevava sobre si, a luz do fogo agora o iluminando como um
clarão, faixas de ouro cintilando em suas pupilas. Black caiu de joelhos montado no
corpo ainda caído de Remus e se inclinou para frente – apenas um pouco; de forma
que Lupin precisasse se esticar um pouco para fechar aquele espaço extra entre
eles. Ele não se importava. O esforço sempre valia a pena.

Estavam acostumados um com o outro agora - Remus achava que tinha sido bom no
começo, na primeira vez - mas depois de um mês de exploração secreta, eles
desenvolveram um conhecimento íntimo que Remus não sabia que você poderia ter
com outra pessoa. Se sentia tão sintonizado com os vários movimentos e reações do
corpo de Sirius quanto com o seu próprio. Conhecia a linguagem por trás de cada
suspiro, aperto, o código em seus beijos, ou as formas que Sirius traçava em sua
própria pele cicatrizada.

Isso tornava o momento em que se separavam ainda mais difícil. Sirius ficaria quieto
no início, e Remus apenas ouviria sua respiração, o aperto em seu peito, os suspiros da
calma esmagadora. E ele esperaria o momento se quebrar.

A risada, o sorriso atrevido, o tapa na coxa que dizia a Remus que estava tudo
acabado, e eles voltavam ao normal.

“Quer uma tortinha de mince? Estou morrendo de fome!"

Lá estava. Sirius levantou, agarrando sua calça jeans e enfiando-se nelas, antes de


acenar com sua varinha,

“Accio caixa de biscoito.” a grande lata azul marinho desceu voando as escadas e


atingiu Sirius com tanta força que quase o derrubou. "Ops."

328
“Seu manejo da varinha é muito brusco,” disse Remus, abotoando suas próprias calças
e vestindo uma camiseta. Estava muito quente para um suéter.

Sirius jogou para ele uma tortinha mince, sentando na poltrona, então esfregou o
joelho, estremecendo.

"Queimadura de tapete."

"Você deveria ver minhas costas." Remus respondeu, como se estivessem discutindo o


tempo. Ele se acomodou no sofá em frente a Sirius.

Ambos comeram suas tortas em silêncio. Quando terminou, Sirius lambeu a fruta


pegajosa de seus dedos e limpou as migalhas de seu torso.

"Você não vai colocar sua camisa de volta?" Remus perguntou, dobrando a lata de sua
torta em porções triangulares organizadas.

“Nah. Ninguém está aqui.”

"Sim, mas ainda ..." Remus fez um gesto infrutífero. Sirius sorriu.

"Puritano."

Remus riu, sacudindo a lata dobrada para ele.

"Idiota."

329
Capítulo 103: Sexto Ano: Doze Noites

I sing with impertinence, shading impermanent chords with my words

I borrowed your time, and I’m sorry I called, but the thought just occurred

That we’re nobody's children at all.

After all. Afinal.

-After All, David Bowie

Quinta-feira, 20 de dezembro, 1976

Sirius estava cantando no chuveiro. Remus não tinha certeza se isso era uma coisa
nova, ou se ele fazia isso há anos e simplesmente não havia notado - normalmente,
costumava evitar os horários de banho de Sirius. De qualquer forma, enquanto Remus
se vestia, escutava e sorria. Ele não tinha uma voz ruim, de verdade - nada especial,
mas era afinada. Black estava obcecado por The Doors no momento e havia
aperfeiçoado uma imitação do grito americano profundo de Jim Morrison,

"C’mon, c’mon, c’mon now TOUCH ME BAAABE", berrou sobre o assobio das
torneiras. O que poderia ter sido cativante, até mesmo atraente, se ele não o estragasse
ao cantar os trompetes também, "BA-DAH Ba-daah ...!"

Sirius saiu do banheiro em uma névoa de vapor, sua pele corada e a camisa úmida
devido ao seu cabelo. "O que?" ele ergueu uma sobrancelha para Remus, "Sem
aplausos?"

Remus revirou os olhos, abrindo a porta do dormitório,

"Depressa, estou morrendo de fome ..."

330
Era estranho sair do isolamento da torre da Grifinória, onde já se sentiam em casa, e
entrar no resto do castelo, onde tudo era igual. Os dois chegaram cedo para o café da
manhã, e os dois corvinos, uma menina e um menino, sentaram-se mais perto deles
desta vez.

“Não é ridículo que sirvam tanta comida quando há apenas cinco alunos?” A menina,
que tinha grandes óculos de gatinho e um punhado de sardas, comentou: "Parece um
desperdício ..."

Os pratos à sua frente estavam cheios de ovos fritos, bacon, salsichas, pudim, feijão,
tomate frito e torradas - sem contar os cereais, mingaus e sucos de frutas.

"Nah," Sirius respondeu, observando Remus empilhar seu prato, "Você claramente
nunca viu o Moony aqui comendo."

"Cala a boca." Remus respondeu, sua boca já cheia.

Ainda assim, os corvinos assistiram, fascinados, até Lupin ficar com vergonha de
comer mais. Felizmente, naquele momento, uma distração chegou na forma das
corujas com o correio matinal. Uma pousou na frente de Remus. Três na frente de
Sirius.

"Você é popular." O menino da corvinal se inclinou. Ele era magro e pequeno, com


um nariz adunco.

"Não o encoraje." Disse Remus. Seu próprio pacote era macio e embrulhado em papel


cor de lavanda. Era de Lily, ele não tinha dúvidas. Sirius tinha cinco ou seis envelopes
em cores vivas - nenhum vermelho, Lupin notou com alívio. Nenhum berrador de
Walburga este ano.

“Nós vamos patinar no gelo antes do almoço,” a garota da Corvinal sorriu,


brilhantemente, “O lago está congelado. Querem vir?"

331
"Parece bom," Sirius acenou com a cabeça, colocando suas cartas, ainda fechadas, de
lado. Remus recolheu todas antes que deixassem a mesa do café da manhã e as levou
para o quarto com eles.

“Esses são todos cartões de Natal?!” Perguntou, folheando.

"Ah sim, acho que sim." Sirius deu de ombros, abrindo seu guarda-roupa e
vasculhando o fundo, puxando gavetas e sapatos velhos que não usava mais.

“De quem são?”

"Sei lá."

Remus franziu a testa, então avistou algo na mesa de cabeceira de Sirius. Outra pilha
de cartões não abertos. Ele começou a abri-los. Sirius claramente não estava
interessado.

'Caro Sirius, tenha um Natal maravilhoso, muitos beijos, Imelda.'

Hm.

'Ao menino que possui meu coração, Feliz Natal e todo o meu amor, S.'

'Querido Sirius, por favor, me encontre em Hogsmeade sob o visco para um beijo ... e
talvez algo mais? Emmeline. '

'Meu príncipe de cabelos negros, eu não posso descansar até estar em seus braços ...'

"Sirius."

332
"O que?" Veio sua resposta abafada. Ele estava meio enterrado no fundo do guarda-
roupa agora, de joelhos.

“Todas essas são de meninas ...”

"Aha!" Ele finalmente reapareceu, sentando-se nos tornozelos, segurando um par de


patins de gelo no alto, "Eu sabia que tinha trago um par durante o primeiro ano."

"Você está me dizendo que seus pés não crescem desde os onze anos?"

“Eles têm um feitiço de crescimento neles,” Sirius explicou, sacudindo-os, “Ficam


maiores para caber em mim. Só o melhor para os Blacks!”

"Inteligente. Esses cartões, no entanto ...”

“Ah, esses? Para que os abriu? Você quer ter cuidado. Um deles esguichou perfume
em mim. Perfume.” Ele fez uma careta.

"Essas são todas garotas que você ...?"

“Sério, Moony, estou lisonjeado. Tão lendário quanto tenho certeza de que minha
estamina é, não. Elas são só garotas. Me enviam essas bobagens o tempo todo.”

"O tempo todo?"

"Ah, qual é, você está com ciúmes?" Sirius bagunçou o cabelo de Remus, "São só
cartas."

"Se você diz…"

"Agora, vamos pegar alguns patins ..."

"Eu não quero, vou quebrar meu pescoço."

"Você vai ficar bem, vou te mostrar como fazer."

333
Remus pegou a pilha novamente e folheou-a.

"Devem haver vinte aqui, ao todo ..."

“Olha, Remus, por que não te encontramos uma namorada, então assim você não fica
tão interessado na minha vida amorosa.”

"O que?!" Remus olhou para Sirius. Ele estava sendo bastante genuíno, uma expressão
leve de preocupação em seu rosto. Seu coração afundou. Mesmo?

“Sim, acho que aquela sardenta da corvinal gosta de você. Ou Marlene! E a


Marlene? Ela é bonita, legal. Gosta de você."

“Ela se ofereceu para me beijar uma vez,” disse Remus, mas balançou a cabeça, “Mas
foi uma piada - Marlene não está interessada em mim. Eu não preciso de uma
namorada.”

"Não critique antes de tentar," Sirius piscou, "Certo, vamos ver o que podemos fazer
com esses patins ..."

Patinar no gelo era ligeiramente melhor do que pilotar uma vassoura, mas não
muito. O lago estava completamente congelado, mas Remus não conseguia se livrar da
ideia de que poderia rachar a qualquer momento, e continuou batendo no bolso para
verificar se conseguia alcançar sua varinha. Sirius, obviamente, possuía um dom
natural. O garoto da corvinal também - Arnold - e os dois logo estavam correndo um
contra o outro para cima e para baixo ao longo do gelo. Remus os observou, nervoso,
tentando não cair.

“Aqui,” a garota com sardas - Tina - deslizou até ele, sorrindo gentilmente, “Coloque
suas mãos nos meus ombros se quiser, e observe meus pés,”

Ele o fez, agradecido, de pé atrás dela enquanto ela o arrastava firmemente em um


pequeno círculo. Achava que estava pegando o jeito.

334
“Eu me pergunto se a lula está bem…” ele disse, depois de ficarem um pouco quietos
por um tempo.

“Ugh, eu nunca pensei sobre isso. Você acha que ela hiberna?” Tina olhou para o gelo
com algum interesse “Acho que nunca li nada sobre lulas”.

"Nem eu." Remus respondeu, soltando os ombros dela e tentando patinar alguns


metros sem ajuda. "O professor Ferox gostava dela acho, eu o vi alimentando ela uma
vez."

"Mesmo?" Ela o olhou, séria e curiosa, "O que ele deu de comer?"

Lupin encolheu os ombros,

"Não faço ideia. Mas parecia ser meio nojento. "

“Eu sinto falta de Ferox,” ela suspirou, “Ele realmente trazia vida para as
aulas. Acabei abandonando Trato das Criaturas Mágicas. Comecei a fazer um curso
extra em Finanças Goblin, ao invés disso.”

"Oh, isso parece ... er ... interessante."

"É sim," ela acenou com a cabeça, sem um traço de ironia, "posso te emprestar um
livro, se quiser?"

"Er ... obrigado ..."

Depois do almoço, Remus e Sirius voltaram para a torre. Ele percebeu que a pilha de
cartas havia desaparecido, mas não comentou. Lupin acendeu o pequeno fogo do
quarto e procurou um suéter mais grosso para vestir,

"Ainda com frio?" Black perguntou, bocejando.

"Congelando." Remus respondeu, colocando um segundo par de meias e erguendo as


mãos para o fogo.

335
“Você deveria ter se movido um pouco mais, faz o sangue esquentar. Mesmo assim,”
seu tom mudou; tornou-se astuto e provocador "Você teve uma boa conversa com a de
sardas?"

“Tina. Ela está interessada em Finanças Goblin.”

"Excelente, você pode se casar com alguém rico."

Remus jogou uma pantufa nele.

“Ei!” Sirius reagiu, rindo "Só estou tentando te ajudar a sair um pouco, Moony, você
deveria ter outros interesses além daquele maldito grupo de estudos."

“Acho que, no mínimo, eu estudaria ainda mais se começasse a sair com a Tina. O que
eu não vou fazer.” Remus soprou em suas mãos fechadas em concha, então as ergueu
contra o fogo novamente. O frio parecia entrar e se estabelecer ali.

Se virou para olhar para Sirius, que estava encostado na cabeceira da cama, o
encarando. Os lábios dele se curvaram em um sorriso malicioso.

“A cama está quente…”

***

Sexta-feira, 21 de dezembro, 1976

"Maldito Regulus."

"Foi há dois dias, supere isso."

"Ele é um idiota."

"Eu sei. Um pouco pra esquerda!”

“Não consigo ir pra esquerda, não tem espaço.”

336
"Cuidado! Aí não…"

“Oops. De qualquer forma, você deveria ter me deixado bater nele.”

“Você não ia bater nele, você ia acabar quebrando um dedo. Você não sabe socar.”

"Eu sei sim!"

“Não, você não sabe. Olha, você pode se concentrar? Você continua errando.”

“Eu dei socos em várias pessoas - oops, desculpe ...”

“Você brinca de lutinha com James. Não é a mesma coisa.”

"Ah, e você sabe dar um soco, não é Moony?"

“Sim, na verdade - aha, eu ganhei!”

"Não é justo. Não podemos chegar mais perto?”

"Não, é trapaça."

"Tudo bem, esqueci que você era um defensor das regras, monitor Lupin ..."

Remus cruzou os braços e deixou Sirius reclamar. Ele havia vencido de forma


justa. Estavam jogando esse novo jogo por cerca de duas horas agora, e Remus era, de
longe, o melhor. Nunca havia derrotado Sirius em nada na primeira tentativa. Era uma
sensação excelente e ele, com certeza, se vangloriaria sobre.

O jogo envolvia levitar vários itens que encontrassem na sala comunal -bolinhas de
gude, sapos de chocolate, penas, pantufas - e dispará-los rapidamente através dos
"gols", formados por vários buracos nos lençóis de Peter e James, que eles tinham
esticado em toda a sala, dividindo-a. (Remus fora contra cortar os lençóis de seus
amigos por conta do tédio, mas Sirius havia argumentado que eles não podiam fazer
buracos em seus próprios lençóis, que estavam em uso.)

337
A melhor parte é que eles não precisaram arrumar. Depois de terem jogado tudo
disponível através dos gols, tudo o que precisavam fazer era passar pelos os lençóis e
começar do outro lado. Eles faziam isso agora, indo para a metade da sala em que a
lareira estava. Era aconchegante.

“Eu me pergunto se é assim que é acampar,” Remus disse, pensativo.

"Nunca acampei." Sirius respondeu. "James acha engraçado que minha família nunca


fez isso."

“Eu sempre quis.” Remus pensou alto, começando a levitar uma bola de cristal que
alguém tinha deixado rolar descuidadamente para baixo do sofá. “Mas eu sempre
gostei da ideia de estar em qualquer lugar que não fosse St. Edmund's.”

Ele franziu a testa ligeiramente, tendo se surpreendido. Por que ele mencionou St.
Edmund's? Nunca havia falado sobre isso na frente de ninguém em Hogwarts. Sirius
não parecia perturbado.

"Sim, eu não culpo você." Disse então, olhando para a bola de cristal flutuante: "Você
vai quebrar isso."

"Não, não vou, estou levando para o sofá grande." Remus demonstrou, puxando sua
varinha para trás e depois sacudindo-a, mandando a bola de cristal zunindo pelo
buraco menor, que caiu com um 'baque' silencioso do outro lado. Então sorriu para
Sirius, que balançou a cabeça em descrença.

“É assustador como você é bom nisso. Se estivesse em uma vassoura, daria um bom
artilheiro."

"Não, obrigado. Sua vez.”

Sirius selecionou uma gobstone. Elas eram mais fáceis de levitar, mas muito mais
difíceis de mirar. Black era péssimo em entender seus próprios limites.

338
"Você jogava aquele jogo trouxa em St. Edmund's?" Sirius perguntou casualmente,
disparando a gobstone com muita força e errando o lençol completamente, jogando-a
por cima.

"Errou." Remus disse, "Que jogo trouxa?"

“Com toda a correria e chutes. Nós os vimos jogando quando ... er, durante o verão.”

“Ah. Futebol. Não, nunca gostei. Já tinha muitos hematomas.”

“Sim, desculpe, eu não pensei. Claro." Sirius ficou um pouco quieto depois


disso. Remus o conhecia bem o suficiente para reconhecer que ele estava construindo
algo - uma pergunta ou uma declaração. Nesse ínterim, Lupin começou a atirar penas
como dardos por cada buraco nos lençóis. Finalmente, Sirius reuniu toda a coragem de
que precisava, ou preparou as palavras que usaria. “É realmente horrível morar lá?”

Remus abaixou sua varinha. Ele nunca reclamou de St. Edmund's - não na frente dos
marotos, ou qualquer pessoa, exceto Grant, porque Grant sabia. Estava prestes a dizer
'Nah, era tudo bem, sério', e então encolher os ombros - mas algo o deteve. Seria uma
mentira, e não havia necessidade de mentir agora.

“Não é ... horrível, mas é ... barulhento. Você sempre tem que estar alerta, e ninguém
se preocupa muito com você. Eles têm que se certificar de que você não morra, ou vá
preso, ou passe fome ou sei lá, mas eles realmente não se importam.”

Não estava mais com vontade de jogar, então enfiou a mão no bolso de trás e tirou
seus cigarros, acendendo um com a ponta da varinha, em seguida, jogando a caixa
para Sirius. Sirius apenas segurou, passando o polegar sobre um pedaço solto de papel
laminado saindo da junta da dobradiça.

“Eu sei como é isso,” ele murmurou. Isso foi tudo que disse, e foi o suficiente na
hora. Sirius olhou rapidamente para cima e sorriu: "Olha o que eu sei fazer!"

339
Ele tirou um cigarro da embalagem e o colocou entre os lábios. Um olhar de
concentração brilhou em seus olhos por um momento, então Black estalou os dedos e
o cigarro se acendeu. Seu sorriso se alargou ao redor do cigarro, e ele olhou para
Remus em busca de elogios.

"Caramba," Remus sorriu, "Inteligente."

***

Sábado, 22 de dezembro, 1976

"O que você está fazendo?"

"O que parece?" Remus respondeu severamente, por cima de seu livro. Ele passou
algumas horas tranquilas sozinho na cama, até que Sirius entrou marchando,
cheirando a neve e chocolate quente. Ele tinha ido patinar no gelo novamente, e
Remus implorou para não ir dessa vez, procurando um pouco de sossego.

“Você não está estudando no Natal, né?!” Sirius se jogou ao lado dele na cama,
parecendo escandalizado.

“Não é Natal, não é nem véspera de Natal, é apenas um dia normal. E eu gosto de ler,
para a sua informação.” Lupin se afastou dele, rolando para trás e erguendo o livro
sobre a cabeça para ler.

“Como os tempos mudaram, hein Moony?” O moreno gargalhou, tirando as meias e o


suéter grosso de lã.

Era um dos que os Potter haviam comprado para ele - neste ano, suas roupas eram
muito mais práticas e confortáveis do que antes - quase nada especialmente feito sob
medida ou de alta costura. Black ainda era obviamente um aristocrata, nascido e
criado - isso estava claro em sua postura e em cada frase que pronunciava. Mas estava
mais feliz, e sua aparência refletia isso. “Eu me lembro de um menino que odiava ler e
fazer lição de casa e ...”

340
"Mm, e eu me lembro de alguém que amava e se destacava em todas as matérias ..."
Remus se virou para ele, finalmente. “O que aconteceu, não gostou da competição?”

“Pfft. Eu poderia ser muito melhor que todos vocês, se eu quisesse." Isso não era uma
ostentação. Sirius sempre fora excepcional quando se tratava de magia intuitiva e
intensamente diligente em pesquisas - quando convinha.

"Então, por que não é?"

"Prefiro focar em outras coisas", ele encolheu os ombros.

A conversa havia chegado a um beco sem saída - isso quase nunca acontecia com
Sirius, a menos que você mencionasse a família dele. E isso certamente tinha algo a
ver com os Blacks - ou pelo menos Sirius achava que tinha. Eles queriam que fosse da
Sonserina, então ele acabou na Grifinória. Eles queriam que fosse um bom herdeiro
puro-sangue, então ele se tornou amigo dos Potters e fugiu. Eles queriam que
obtivesse as melhores notas em seus exames para provar que os puro-sangue eram
melhores do que qualquer outra pessoa - então ele usava seus talentos,
exclusivamente, para os irritar.

Remus voltou ao seu livro. Duas linhas depois, Sirius deu um longo suspiro.

"Estou entediado."

“Vá e jogue xadrez com a dupla dinâmica.” Remus respondeu, relendo a segunda


linha.

“Ugh, não tão entediado. Passei a manhã toda com eles. Eles são legais, mas Merlin,
tudo é tão literal.”

"Fale com James então."

“Ele tem uns parentes visitando, ou algo assim. Vamos nos falar depois do jantar. De
qualquer forma, não estou com humor para conversar.”

341
Remus largou seu livro.

"Oh?"

"Eu não quero te atrapalhar, no entanto." Sirius disse inocentemente, chegando mais


perto.

"O livro pode esperar."

***

Domingo, 23 de dezembro, 1976

"Me ensina a dar um soco, então?"

"Sério?!" Remus suspirou,

"Mortalmente sério." O outro garoto balançou as sobrancelhas. Remus gemeu. “Ah,


qual é,” Sirius riu da cara dele, “Me mostra! Me ensine alguma coisa, Professor
Lupin.”

Estavam descansando em seus pijamas, na sala comunal. A torre da Grifinória ainda


estava sendo limpa todas as noites pelos elfos domésticos, mas as criaturinhas
engraçadas tiveram o bom senso de deixar os lençóis 'gol', mesmo que tivessem
arrumado todos os projéteis. O efeito era o de uma tela estranha bloqueando as janelas
do outro lado, exceto por cinco poças de luz do sol de inverno que entravam pelos
orifícios cortados.

"Ok, mas você precisa de algo para bater e não se machucar."

Eles acabaram encontrando um pedaço de parede vazia e realizando um feitiço de


suavização nele. Sirius ficou lá, ansioso, esperando instruções. "Faça um
punho." Disse Remus. “Não, ok, não desse jeito ... sim, coloque seu polegar ali, a
menos que queira quebrá-lo. Ok, agora você quer na altura dos ombros ... sim, então ...
er ...”

342
Remus eventualmente recorreu a demonstrar algumas vezes na parede, antes de
reposicionar fisicamente os braços de Sirius para obter o ângulo certo, "Pernas
separadas, não se incline tanto para frente ... ok, tente agora ..."

Demorou cerca de vinte minutos, mas no final Remus considerou Sirius pelo menos
competente o suficiente para causar um olho roxo.

"Onde você aprendeu isso?" Sirius ofegou, exultante com seu sucesso.

“St. Edmund's.”

“Oh, sim ...” Ele abaixou a cabeça.

"Não, não desse jeito," Remus balançou a cabeça rapidamente, percebendo que Sirius
provavelmente o estava imaginando enfrentando um grupo de trouxas enormes e
fortes. “Alguns dos meninos mais velhos me ensinaram, alguns verões atrás. Eles eram
um pouco rudes, gostavam de brigar, mas foram legais comigo.”

"Ah," os olhos de Sirius brilharam com a luz da compreensão, "Este foi o ano em que
você começou sua incursão no crime organizado?"

"Meu o quê?! Ah, sim, os cigarros. Sim, naquele verão.”

"Nunca vou esquecer você entrando no trem com aquelas botas."

“Ugh, não,” Remus cobriu os olhos com as mãos. Ele se encolhia cada vez que se
lembrava de como havia agido, "Eu era tão ridículo."

“Eu não acho. De qualquer forma, você tinha um bom motivo.” Sirius esfregou os nós
dos dedos, que pareciam vermelhos de bater na parede tantas vezes, e Remus lutou
contra o desejo de pegar sua mão e beijar cada dedo. "Você, er ... já aprendeu mais
sobre Greyback?" Black perguntou, hesitante, tirando-o de seu torpor.

"Sim, algumas coisas." Ele não queria se calar, mas o fez mesmo assim, sentando-se
novamente e pegando um jornal, só para ter algo para segurar.

343
“Moony, eu sei que você odeia falar sobre ele. Sobre isto."

"Não, tudo bem." Ele não estava enganando ninguém.

“Você não acha ... os ataques nos últimos meses ...”

Remus olhou para o moreno, apenas para verificar sua expressão. Ele parecia ansioso,
mas não assustado. Não com medo dele, pelo menos.

“Sim,” confirmou com um breve aceno de cabeça, “Foi ele. Moody me contou.”

"Merda."

"É. Merda."

"Você não acha que ele viria atrás de você?"

"Não vejo por que ele faria isso." A mentira descarada deveria tê-lo chocado ou, pelo
menos, causado uma pontada de culpa. Mas isso era justificável, Remus disse a si
mesmo, era para proteger seus amigos. Ele tocou a cicatriz em seu lado por cima do
pijama. O tecido era fino e, se pressionasse levemente, sentiria as covas e rugas
causadas por aqueles dentes horríveis em sua carne. “Não é como se ele pudesse fazer
qualquer outra coisa comigo agora. O pior já aconteceu.”

"Moony."

Não era uma pergunta ou um pedido, e os dois deixaram a palavra pairar no ar.  

***

Segunda-feira, 24 de dezembro, 1976

"Nós temos alguma maconha?" Sirius perguntou enquanto voltavam do café da manhã


na véspera de Natal. Eles se esquivaram de outro torneio de xadrez com os

344
corvinos. Remus realmente não achava uma ideia tão ruim, mas Sirius decidiu que
eles eram extremamente chatos e não deveriam ser tolerados.

"Quando você diz 'nós'," Lupin respondeu, secamente, "Você quer dizer eu?"

"Tudo bem, você tem alguma maconha?"

"Não."

"Mas você sabe onde tem."

"Talvez."

“Esse é o meu pequeno delinquente. Vamos então, me mostre.”

Remus suspirou,

“Teríamos que ir para fora, para as estufas - e provavelmente fumar lá também, não
quero que os elfos domésticos sintam o cheiro. Está muito frio, prefiro não ir.”

“Vamos, Moony. Você não sai há anos! "

"Eu sei, isso foi deliberado."

"Vamos." Sirius estava puxando-o pela manga agora, e porque não havia muito mais o
que fazer, e ele gostava da ideia um baseado, Remus permitiu. Eles convocaram suas
capas e deixaram o castelo, correndo pela fina camada de neve até as estufas. A frente
deles, enterrado em uma caixa de lata, Lupin desenterrou os baseados, embrulhados
em rolos de papel pardo. Teria que pagar de volta a quem pertencia - se descobrissem,
é claro.

As próprias estufas não tinham neve nos telhados; e estavam quentes o suficiente por
dentro.

"Podemos entrar lá?" Sirius sugeriu, tremendo.

345
"Você tá maluco? Sprout vem aqui duas vezes por dia para verificar as
mandrágoras. Tem que ser em outro lugar.”

"A Casa?"

"Nem fodendo." Remus rosnou, sem pensar. Sirius olhou para ele surpreso. Fazendo
com que balançasse a cabeça em resposta, se desculpando, “Eu odeio lá. Por favor, em
outro lugar?”

"Ok, desculpe ... er ... ooh, eu sei!" Black o agarrou pelo pulso desta vez, sua mão sem
luva ainda milagrosamente quente.

Remus descobriu para onde estavam indo antes de chegarem lá - e era realmente
brilhante. Eles estavam se aproximando da estátua da bruxa caolha e corcunda, quando
o aluno do sétimo ano da Sonserina dobrou uma esquina do outro lado do
corredor. Ambos pararam, provavelmente parecendo extremamente culpados.

"O que vocês dois estão fazendo?" Ele perguntou, inclinando a cabeça, os medindo.

"Só vamos dar um passeio." Sirius respondeu, altivamente, "É um castelo livre para
todos."

"Tanto faz." O sonserino revirou os olhos, entediado. Então continuou andando,


passando por eles, seus robes se arrastando no chão. Remus puxou o mapa, assim que
saiu de vista, e observou o pontinho com seu nome seguir em direção à
biblioteca. Perseus Flint.

"Bleugh," Sirius fez uma careta quando viu, "acho que ele é um parente ..."

Os dois entraram na passagem secreta, lançaram um feitiço iluminador e enrolaram


suas capas para que pudessem sentar-se confortavelmente no chão de pedra.

"Deveríamos ter trazido a vitrola", disse Sirius, "Poderíamos ficar bem confortáveis
aqui, não sei por que nunca pensei nisso antes."

346
“Você e suas fantasias de morar em cavernas,” Remus brincou, expondo toda sua
parafernália. Ele gostava de bolar, era um processo agradável. “Nós não vamos passar
o resto de Natal aqui.”

Os dois passaram as próximas horas lá, entretanto, com as mentes vagando,


murmurando piadas estúpidas um para o outro ou cantarolando canções meio
esquecidas. Na hora do almoço, estavam famintos e caminharam riram até o Salão
Principal. Sirius estava com os olhos vermelhos, pálido, com um sorriso vazio, e
Remus sabia que não estava muito melhor. Estava grato por Dumbledore não estar
lá; ele veria através deles em um instante.

Foram envolvidos em uma partida de xadrez depois do almoço, uma vez que a mesa
foi limpa, e Sirius realmente se tornou muito competitivo em sua tentativa de derrotar
Tina, que deve ter sido a campeã da Corvinal. Remus estava achando difícil se
concentrar e, eventualmente, deitou sua cabeça na mesa e caiu em um sono profundo.

Ele foi acordado cerca de uma hora depois.

"Você está roncando, Moony." Sirius riu.

"Você está bem?" Tina perguntou, seu rosto curioso olhando através do tabuleiro de
xadrez. Aparentemente, ela havia vencido.

"Hmm? Ah, sim ...” ele tentou sentar-se ereto, sentindo uma pontada nas costas ao
fazê-lo. "Desculpe, não devo ter dormido o suficiente na noite passada."

“Você parece muito pálido,” ela continuou. Seus olhos o percorreram analiticamente:


“Talvez você deva ir para a cama um pouco? Sirius disse que você esteve ocupado a
manhã toda com Herbologia, então não fico surpresa se você estiver cansado. "

Sirius começou a rir, compulsivamente, e Remus deu-lhe uma cotovelada forte nas
costelas.

"Sim, vou deitar, valeu."

347
Voltou para a torre lentamente, caso Sirius decidisse segui-lo, e depois porque seu
quadril doía por ter dormido em uma posição estúpida. Sua cabeça estava mais clara e
ele decidiu tomar um banho quente na banheira, para ver se isso ajudaria em alguma
coisa. Levou seu livro de Aritmancia para o banheiro com ele, esperando que isso o
impedisse de cair no sono novamente.

Remus só estava na água por dez minutos quando a voz de Sirius invadiu o
dormitório,

"Moony?"

"Estou no banho." Ele falou de volta. A porta se abriu, Remus resmungou, "Não disse
que você podia entrar ..."

"Nada que eu já não tenha visto." Sirius respondeu maliciosamente. Remus piscou -


Black estava realmente comentando sobre a recente virada que o relacionamento deles
havia tomado, ou era apenas mais um comentário casual? Talvez ele conversasse com
James no banho. Não ficaria surpreso se esse fosse o caso. Sirius encostou-se
casualmente na pia, "James me deu a senha do banheiro dos monitores, se você
preferir ir lá?"

"Estou bem aqui, obrigado."

"Ok. Eu tive uma ideia.”

“Ela envolve fumar maconha em um túnel?”

"Sim."

"Brilhante."

"Não apenas isso - eu estou afim de sair."

"É?" Remus sorriu, fechando os olhos e se inclinando para trás. Aqui vamos nós...

348
“O que você acha do Cabeça do Javali?”

Remus abriu os olhos.

"Parece uma loucura completa."

"Excelente!" Sirius sorriu, "Nós iremos depois do jantar, então."

Remus fez tentativas indiferentes de mudar sua ideia, mas quando um plano era
elaborado, geralmente ficava praticamente gravado em pedra. Principalmente se
envolvesse quebrar as regras da escola.

“Não tenho permissão para entrar em Hogsmeade ...”

"Moony, é véspera de Natal."

Então eles foram. Depois de dividirem um longo baseado no túnel (próximo a Dedos


de mel, obviamente - Remus não queria ficar chapado durante a longa caminhada pela
passagem), eles se arrastaram até a loja de doces (pegando alguns sapos de chocolate
no caminho), então para a rua escura e vazia.

O Três Vassouras era o único lugar que parecia acolhedor - mas Sirius calculou que
Rosmerta poderia entregá-los para McGonagall se os visse lá.

"O que seria uma besteira total", ele bufou, "Tenho dezessete anos, deveria ter
permissão para fazer o que eu quero."

O Cabeça de Javali não era tão convidativo quanto as Três Vassouras, mas ainda tinha
uma certa atmosfera. A clientela era privada, amontoada em grupos conversando entre
si, e o barman ranzinza os serviu sem questionar, e eles conseguiram encontrar uma
mesa sem muitos problemas. Havia um cheiro estranho pairando sobre o lugar - algo
que Remus gostava muito, mas não conseguia identificar. Isso despertou nele uma
espécie de desejo estranho, que ele tentou afogar com o whisky.

Eles beberam muito, e rapidamente, pegos na empolgação um do outro.

349
"Não bebo nada desde o Halloween." Remus disse, ousadamente.

"Ugh, eu estava tão louco naquela noite," Sirius riu, "Eu nem me lembro da metade."

"Eu lembro." Lupin se irritou. Sirius percebeu seu olhar e o sorriso sumiu de seu


rosto. Suas sobrancelhas franziram e ele olhou para seu copo meio vazio,

"Claro que me lembro dessa parte, Remus."

Ele se sentiu um pouco culpado depois disso. Uma pequena parte dele ainda queria
punir Sirius pela dor que ele lhe havia causado, mesmo que, no geral, quisesse
esquecer tudo e apenas ser feliz. O álcool, felizmente, é a solução ideal para esse
problema específico. Pelo menos, Remus achava isso. Então sorriu amplamente,

“A primeira vez que fiquei bêbado”, ele esvaziou o copo, “foi naquele verão que
comprei as botas e tudo mais - fiquei tão louco que pensei que fosse morrer.”

"Fiquei meio bêbado em um banquete de família quando tinha treze anos," Sirius
disse, pedindo mais dois copos com um estalar de dedos, "Mas não tão bêbado como
no seu aniversário aquele ano ... ainda assim, tudo é o mesmo para minha mãe, a
varinha saiu...”

Ele fez um movimento amplo e cortante com a própria mão da varinha, e imitou a voz
afiada e precisa de sua mãe, “Um herdeiro Black mostra comportamento adequado em
todos os momentos,” slash, slash.

Remus estremeceu, pensando nas panturrilhas de Sirius. Black olhou para ele de lado,
"Desculpe," disse, cruzando os braços enquanto os uísques chegavam, "Não é
engraçado, não sei por que ajo desse jeito.”

"Você está fora, agora," Remus disse, sério, "Você nunca mais precisa voltar."

“Sim,” Sirius balbuciou, curvando-se em sua cadeira, “É tudo problema de Reg


agora. Pequeno filho da mãe - sabe quantas vezes eu levei a culpa por ele? Quantas

350
vezes eu fiquei no meio ... ele costumava chorar por tudo, mas mamãe odeia choro, ela
diz que isso torna os homens maricas, diz que chorar os torna... - bem, tanto faz, mas
de qualquer maneira, Reg chorava, e eu faria algo pior para distraí-la, e então ela faria
o que sempre fez” slash, slash. Seus olhos estavam brilhantes e suas bochechas
rosadas, "Sabe, se algum de nós tivesse aprendido a não ficar triste, então talvez ...,
mas suponho que Reg aprendeu, no final, aquele filho da mãe com coração de gelo
fudido."

Ele deu um grande gole. “Desculpe, eu não deveria ficar choramingando. -


Principalmente para você. Você sabe tudo sobre a minha maldita falta de
autocontrole."

Demorou um ou dois minutos para Remus perceber que Sirius estava falando sobre o
incidente com Snape. Ele não queria falar sobre isso, a conversa já estava melancólica
o suficiente, e ele sabia o que acontecia quando você se deixava abater pela bebida.

“Tudo bem,” ele murmurou, “É provavelmente uma coisa boa, de qualquer


maneira. Eu quase nunca choro, acho que perdi a habilidade em algum
momento. Talvez eu seja como Reg.”

"Você não é como Reg." Sirius disse, com veemência, apertando seu joelho. Remus


sorriu para ele, entorpecido, e Black retirou sua mão rapidamente, olhando em volta
furtivamente para o caso de o gesto ter sido notado.

"Você consegue sentir esse cheiro?" Remus perguntou, se sentindo muito bêbado


agora. Ele se espreguiçou como um gato. Era tão familiar, tão profundo e fascinante -
como uma presa, ou ... não, estava apenas fora de alcance.

"Cerveja velha? Mijo?” Sirius sugeriu, fazendo-se rir.

"Não, é um animal ou algo assim ..."

"Desculpe, cara," ele deu de ombros, "Eu poderia me transformar em um cachorro e


cheirar, mas acho que estou bêbado demais para lembrar como se volta ..."

351
Ambos deixaram o pub, logo depois. O cheiro infectou Remus, inabalável e
irresistivelmente desejável, o fez se sentir mais do que bêbado - quase como um
lobo. Ele transferiu esse sentimento para Sirius e o empurrou contra a parede na
escuridão de um beco, o beijando com força, pressionando seus quadris contra
ele. Eventualmente, Sirius teve que afastá-lo, usando mais força do que o normal,

"Ei," ele sussurrou, "Não aqui, alguém vai ver ..."

Os dois se arrastaram de volta a Dedos de mel, através da porta e para o porão - ao


qual Remus teria ficado mais do que feliz, mas Sirius não iria tocá-lo novamente até
que estivessem dentro do túnel escuro e úmido. Eles não haviam ficado juntos assim
antes, depois de beberem, - e nenhum deles teve a presença de espírito o suficiente
para acender suas varinhas, então estava escuro como breu, mas Remus estava com
quente como whiky, e Sirius estava tão ansioso quanto ele agora que estavam
sozinhos, e era como antes, só que melhor, mais urgente, fluido e confuso, e Remus
sentiu uma onda de coragem, antes de se afastar e cair de joelhos, segurando Black no
lugar, e isso foi arrasador, mas Deus , valeu a pena ouvir aquele suspiro de surpresa,

"O que você...? - oh!”

***

Dia de natal de 1976

Como era de se esperar, os dois meninos acordaram no dia de Natal com uma forte
ressaca.

"Me diga que há uma cura, Moony," Sirius lamentou de sua cama, "É você quem está
fazendo aulas de cura..."

"É você que está fazendo Poções," Remus resmungou debaixo do travesseiro. “Dor é
coisa de poção, eu lido com cortes e escoriações.”

"Inútil."

352
"Cala a boca."

Mas não adiantava, ele estava acordado agora e não havia nada que qualquer um deles
pudesse fazer a respeito. Ele desceu dos lençóis, com a cabeça latejando duas vezes
mais rápido enquanto mancava pelo quarto até o banheiro. “Banho gelado,” ele
murmurou próximo a cama de Sirius, “Então café da manhã. Ovos fritos, confie em
mim.”

Não conseguiriam abrir os presentes, então deixaram para lá e, ao invés disso,


caminharam tropeçando em direção ao Salão Principal para comer, sem pentear o
cabelo ou fazer muito esforço para parecerem elegantes. Dumbledore estava lá, e
sorriu benevolentemente para eles enquanto se sentavam à mesa,

“Feliz Natal para todos!” Ele explodiu, alegre, aparentemente alheio ao


estremecimento de Sirius e Remus.

O café da manhã melhorou as coisas, de alguma forma - pelo menos acalmou seus
estômagos, e eles voltaram ansiosos para a torre para abrir os presentes. Remus
recebeu o sortimento usual de penas, chocolates, livros e suéters como de costume, e
ficou muito satisfeito em recebê-los. Nada da Diretora este ano - ele supôs que ela
decidira cortar os laços mais cedo, visto que depois de seu décimo sétimo aniversário
ele não deveria voltar para St. Edmund. Lupin afastou esse pensamento com um
cigarro.

James entrou em contato logo depois, através do espelho, e os dois lhe desejaram um
Feliz Natal,

"Vocês estão bem?" Ele franziu a testa através do vidro, "Vocês parecem um pouco
mal."

"Ressaca," Sirius resmungou.

"Que inveja." James respondeu.

353
"Esquisito." Disse Remus.

Depois, ele tirou uma soneca, ainda exausto da noite anterior, e acordou na hora do
almoço - e, na opinião de Remus, foi basicamente um dia de Natal perfeito.

***

Boxing Day 1976

"Por que é chamado de dia de boxe, afinal?"

“Ninguém sabe,” Remus bocejou sobre seu mingau, “É um dos grandes mistérios da
vida.”

“Deve ser uma coisa trouxa. Vou perguntar ao meu professor de estudos trouxas.”

"Você faz estudos trouxas?" O sonserino, Flint, estava virado para trás, olhando para
mesa deles e encarando Sirius.

Black jogou dois dedos para cima, então virou as costas, ignorando-o. Remus
continuou comendo, o açúcar mascavo derretendo em sua língua. Seus joelhos
estavam batendo embaixo da mesa e era delicioso.

De repente, as corujas chegaram, gritando no corredor com uma urgência


incomum. Haviam mais do que o normal também. Lupin percebeu que Dumbledore e
McGonagall não estavam no café da manhã. Tina, sentada do lado oposto, recebeu sua
postagem primeiro e a abriu.

“É da mamãe ...” seus olhos se arregalaram e ela se levantou da mesa imediatamente,


correndo para fora do corredor. Flint fez o mesmo, depois Arnold.

"O que está acontecendo?" Remus perguntou, enquanto Flitwick suspirava


pesadamente, balançando a cabeça. Ele entregou aos dois garotos restantes um
exemplar do Profeta Diário. Ambos se inclinaram juntos para ler.

354
'TROUXAS ATACADOS EM CRISE DE NATAL' berrava a manchete.

“Ontem à noite, enquanto milhares dormiam em segurança em suas camas na noite de


Natal, mais de cem trouxas por toda a Grã-Bretanha foram atacados em suas
casas. O escritório dos Aurores confirmou esta manhã que os ataques eram de
natureza mágica e tinham a intenção de causar danos.“

Estes, aconteceram em vários locais, aparentemente visando famílias com laços com o
mundo mágico - aqueles com parentes bruxos ou uma história de relações trouxas-
mágicas. As ofensas variam de azarações menores a - em alguns casos - o uso de
maldições imperdoáveis. Não há suspeitos no momento. O ministro da Magia deve
fazer uma declaração ainda hoje.”

A professora McGonagall chegou enquanto estavam lendo, com Flint, Tina e Arnold
atrás. Tina parecia estar chorando. Flint possuía uma carranca miserável.

"Todos vocês ouviram as notícias." A professora disse, sua voz mais fina do que o
normal; tensa e cansada. “Se seus pais solicitaram que voltem para casa, então
tomaremos providências imediatamente para garantir que vocês cheguem em
segurança.”

"Há algo que possamos fazer, professora?" Sirius se levantou. Flint revirou os olhos.

“Não, Sr. Black, obrigado. Simplesmente fique calmo e continue agindo


normalmente.”

“Por favor, Professor Flitwick,” Tina soluçou, “Eu preciso ir para casa agora, é minha
tia ...” Arnold colocou o braço em volta do ombro dela e sussurrou algo reconfortante.

"Vamos, Moony," Sirius murmurou, "Vamos ver se James sabe de alguma coisa ..."

“Eu não sei de nada!” James disse, assim que abriu o espelho para responder ao
chamado deles. “Papai foi para o ministério com Moody, eles me deixaram ler o
jornal, mas não há mais nada. Todo mundo sabe quem fez isso - comensais da morte.”

355
Sirius acenou com a cabeça, gravemente.

"Voldemort?" Remus perguntou, “Ele tem tantos seguidores? Mais de cem, dizia o


jornal, em todo o país, em uma noite ...”

"Deve ser mais do que qualquer um pensava." Disse James.

"Bem," Sirius se sentou, sua boca uma linha sombria, "Minha família sozinha seria
responsável por pelo menos vinte."

"Eles não são sua família", disse James, ferozmente. Ele e Black se encararam por um


tempo, e Remus se afastou ligeiramente, sentindo-se intrusivo. Os nervos de Sirius
estavam se deteriorando, Remus não precisava de sentidos aprimorados para perceber
isso.

"Se Reg for um deles, eu vou ..."

"Black!" James sibilou, “Ninguém sabe se foi qualquer um deles. Calma, ok? Moony,


você está aí?"

“Sim,” Remus voltou para a visão do espelho. James olhou para ele,

"Não deixe ele ser um idiota sobre isso, ok?"

“O que você quer que eu faça ?!” Lupin perguntou, perplexo. As crises familiares de


Sirius geralmente eram trabalho de James. O papel de Remus era diferente.

"Tente distrair ele!"

Remus pessoalmente não achou que essa fosse a melhor ideia. Isso não resolveria o
problema - e James, definitivamente, não aprovaria as técnicas de distração de
Remus. Sirius conversou com Potter um pouco mais, e ele os deixou sozinhos. Pensou,
ansiosamente, sobre seu último baseado, pousado em sua mesinha de cabeceira no
andar de cima. Provavelmente não era um momento apropriado.

356
***

Quinta-feira, 27 de dezembro, 1976

Arnold, Tina e Flint foram para casa no Boxing Day, então depois disso eram apenas
os dois (e os professores, é claro, mas estes pareciam estar em uma conferência sem
fim, o rosto de McGonagall ficando mais e mais cansado a cada vez Remus a via).

Sirius amuou. Ele não queria sair, não queria ficar no quarto. Não queria fumar, nem
beber, nem comer, nem jogar. Só queria mofar. Remus teria ficado muito contente em
deixá-lo lá, se, pelo menos, não afetasse tanto toda a atmosfera do castelo.

Ele tentou a ideia de distração de James.

“Quer jogar aquele jogo?”

"Nah, eu sou péssimo nele."

"Sim, mas não sou."

"Você joga, então." Ele se agachou na cadeira, os braços cruzados. Remus suspirou,

“Quer ir voar? Eu vou com você e tudo mais.”

"Não tenho a minha vassoura aqui."

“Podemos pegar emprestado no galpão. Hooch não vai se importar.”

"Nah, não gosto de usar vassouras de outras pessoas."

"Esnobe."

Sem resposta.

"Xadrez?"

357
"Chato."

"Dever de casa?"

Isso foi apenas recebido com um olhar sombrio.

"Quer um boquete?"

"Puta merda, Moony!"

"O que?! Estou ficando sem opções, Jesus. Só estou tentando te animar.”

"Eu não quero me animar."

"Sim, isso está claro." Ele brincou com um fio solto em sua manga, "Você quer ir para
os Potter?"

Sirius olhou para cima,

"O que?"

“Eu não me importo,” Lupin disse, honestamente. “Se você precisar vê-los. Se você ...
precisa de James. "

Por um momento, não teve certeza do que Sirius faria. Ele pareceu considerar a ideia,
e Remus desejou não ter sugerido isso. Mas, então, balançou a cabeça.

"Nah." Ele disse: "Que tipo de amigo eu seria se deixasse você aqui sozinho?"

Isso fez com que Remus se recuperasse. Ele puxou o fio da manga, partindo-o,

“Bem, você não está sendo muito amigável agora, para ser honesto. Eu sei que você
está de mau humor, mas - "

358
"Não estou de mau humor." Sirius cuspiu, com raiva, “Eu estou puto. Olha, você não
sabe como é ter uma família fazendo Merlin sabe o que - pessoas de quem sou
parente, Moony.”

"Ah Deus, troca a porra da fita, hum?" Remus gemeu, levantando-se para acender o
fogo, desculpe James, ele pensou, eu não sou você. "Pobre Sirius Black, o menino rico
e mimado com a família perversa."

"Ei, cuidado."

“Bem, sinto muito, mas já aturamos seis anos disso. Não, eu não sei como é, porque
não tenho família, muito menos uma família do mal. Você sabe o que eu tenho? Uma
matilha de lobisomens sangrentos, esperando eu atingir a maioridade para que eu
possa finalmente ir e me juntar a todos os outros monstros. "

“Moony…”

“Eu tenho um assassino de crianças lá fora esperando por mim. E nada, para ser
honesto. Eu não tenho os Potters, ou um tio - eu nem mesmo tenho um futuro
promissor. Então, se você não se importa, prefiro não ficar aqui sentado
ouvindo você reclamar do quão difícil sua vida é.”

Havia decidido, apenas da sua fala, que iria sair dali, mas esperava que não parecesse
assim. Ele não se deixava ficar com tanta raiva há muito tempo - e, como sempre, fora
Sirius quem trouxera isso à tona. Foi para a biblioteca porque não havia outro lugar
para ir, e porque seria o primeiro lugar que Sirius o procuraria. Era estranho andar
pelos corredores e escadas vazios. Podia ouvir os retratos sussurrando enquanto ele
passava, e não gostou.

Quando chegou à biblioteca, percebeu que não tinha um próximo passo planejado. Ele
tinha deixado todos os seus deveres de casa no dormitório, então não podia checar
suas anotações. Poderia convocá-los, ele supôs - mas isso, de alguma forma, derrotava
o ponto de uma saída dramática.

359
Remus apenas foi até a prateleira mais próxima e puxou um livro aleatório, sentando
na cadeira mais confortável que pôde encontrar. Era de poções. Que sorte a dele. Pela
primeira vez em alguns anos, Remus usou Letiuncula Magna para ler. Era mais fácil, e
sua cabeça estava bagunçada demais para se concentrar muito. Ainda assim, isso o
acalmou.

"Remus."

Ele fechou os olhos e inspirou, antes de olhar para cima.

"Desculpa por ter gritado, Padfoot."

"Desculpe por ficar reclamando." Sirius encolheu os ombros.

“Bem, tudo bem ficar com raiva às vezes. É normal." Remus sorriu, colocando o livro
de lado. Ele se levantou e foi até a entrada da biblioteca, onde Sirius estava parado,
com as mãos nos bolsos, como uma criança arrependida. "Eu fui um idiota, de
qualquer forma, não deveria ter dito aquelas coisas."

“Ah, elas eram verdades. Eu sou um pirralho rico e mimado.”

"Você é," Remus sorriu, despenteando seu cabelo perfeito, "Mas eu não me importo."

“Podemos fazer uma daquelas coisas que você sugeriu. Se você ainda quiser ...?”

"Qual? Xadrez?"

"Ah sim," Sirius ergueu uma sobrancelha, "Definitivamente xadrez."

***

Sexta-feira, 28 de dezembro, 1976

"Você quer conversar sobre aquilo?" Sirius perguntou, no final da tarde. Ele


finalmente havia permitido que Remus continuasse com seu dever de casa e estava

360
jogando paciência com um baralho que havia encontrado. Lupin nunca tinha visto
Sirius ocupado com uma atividade tão silenciosa antes, e ficava lançando olhares
furtivos.

"Hm?" Ele ergueu os olhos de seu livro de Herbologia, fingindo que estava


completamente absorto na identificação das pétalas.

"Você quer falar sobre aquilo?" Sirius repetiu, ainda olhando para suas cartas,
‘’Greyback?"

"Ah, isso." A garganta de Remus ficou seca. “Não, eu não quero. Mas, obrigado.”

"Se você diz ..." respondeu, levantando uma carta e colocando-a em outra pilha. “Você
falou que não achava que ele estava atras de você, mas ontem...”

"Sim, eu sei." sentiu seu pulso acelerar, “É só ... eu não quero pensar sobre isso
agora. Ok?"

"Ok então." Sirius ergueu os olhos e sorriu.

Remus sorriu de volta e sentiu uma onda de amor tão forte por Sirius Black que o
deixou tonto.

***

Sábado, 29 de dezembro, 1976

"Falta!" Remus comemorou, alegremente, enquanto os tênis de Peter passavam por


cima da linha do gol.

"Merda." Sirius suspirou. “Sabia que estava sendo muito ambicioso.”

"Devíamos deixar isso assim," disse Remus, reajustando os lençóis pendurados,


"Imagine jogar isso com mais pessoas."

361
"Evans faria a gente tirar tudo."

"Só depois de ela tentar, aposto."

"Você gosta dela, não é?"

Remus deu a ele um olhar penetrante,

“Isso de novo…”

"O que?!" Sirius sorriu, levitando uma maçã da fruteira que os elfos haviam deixado.

"Você está obcecado em me encontrar uma namorada."

"Eu não estou. Só não quero que você perca nada dessas coisas.” Sirius enfiou a maçã
no buraco maior e deu um soco no ar, "Sim!"

“Cinco pontos.” Remus respondeu, secamente, "Você ainda está perdendo por 20


pontos." Ele limpou a garganta, "E eu não estou perdendo nada."

"Eu sei que você não acha que está, Moony, mas só estou dizendo ..."

"Bem, não diga."

"Não fique bravo comigo."

"Eu não estou." Remus disparou um tinteiro nos lençóis com tanta força que errou, e
respingou no tecido branco uma mancha azul brilhante.

"Você parece muito irritado." Black abaixou sua própria varinha, virando-se para
ele. Remus não olhou.

“Eu não quero uma namorada, quantas vezes preciso repetir?”

"Eu sei que você diz isso, mas ... não posso deixar de pensar que deve haver uma razão
por trás disso ... acho que sei por quê." Sirius se mexeu, sem jeito, e Remus olhou para

362
ele, de lado, o coração batendo forte no peito. Deveria ter esperado isso,
eventualmente. "É por causa da coisa do lobisomem, não é?" O moreno perguntou.

Remus abriu a boca, então fechou novamente. Sério? Sério?! Ele se sentou com a


cabeça apoiada nas mãos e tentou não rir. Sirius confundiu isso com outra coisa e
disse, gentilmente, “Você está preocupado se uma garota descobrir, certo? Mas, quero
dizer, Evans sabe, e ela não se importa, então não vejo por que você não encontraria
outra pessoa ... e suas cicatrizes não são tão ruins quanto você pensa que são.’’

"Sério?" Remus bufou.

“Sim,” Sirius assentiu, encorajando-o, “Elas são legais. E você ... quero dizer, sabe,
você é bem bonito. Você é alto e você é ... “

Lupin olhou para ele, curioso. Sirius Black estava corando.

Jesus Cristo, Remus pensou, onde é que nos metemos?

***

Domingo, 30 de dezembro, 1976

"Até onde você acha que Pete e Desdêmona foram?"

"Ugh, por que você está pensando nisso?" Remus torceu o nariz no escuro.

"Não sei," Sirius respondeu, "Não consigo dormir."

Lupin rolou para o lado e olhou através do quarto, para onde Sirius estava deitado em
sua cama. Ele podia ver claramente seu contorno pálido, deitado de costas, olhando
para o dossel, os braços atrás da cabeça.

"Não está cansado?" Perguntou. Ambos haviam estado em sua cama, apenas uma hora
antes. Ele sentia a ausência intensamente, mas não havia nada que pudesse ser feito a
respeito.

363
“Acho que não. Continuo pensando em amanhã.”

"Amanhã?"

"Último dia do ano."

"Ah, sim." Seria o último dia sozinho deles também. Todo mundo voltaria no dia
primeiro de janeiro, e a bolha em que viveram nos últimos onze dias iria
estourar. "Fazendo resoluções?" Remus perguntou, bocejando.

“Na verdade, não. Só as coisas de sempre.” Ele parecia triste. "Coisas que eu deveria


parar de fazer."

"Bem." pensou rapidamente: "Por que você não pensa nas coisas que quer fazer?"

"Tipo o quê?"

“Ah, eu não sei,” Remus abafou outro bocejo, “Tipo, como você está sempre falando
sobre ir para Londres? Londres trouxa. Bem, quero dizer, não apenas um apê duvidoso
em Mile End.”

"Ah sim!" Sirius disse, animado, “Devíamos fazer isso, no verão. Podemos ir para a


Carnaby Street?”

"Não vejo porque não."

“Eu quero aprender a tocar guitarra.”

"Claro que você quer…"

“E ir acampar.”

"Mmm."

"E ir em um show do Bowie."

364
Remus sorriu, suavemente, ouvindo os sonhos de Sirius enquanto adormecia.

***

Segunda-feira, 31 de dezembro, 1976

"Você conhece algum feitiço de costura?" Remus perguntou, pensativo, bebendo uma


xícara de chá de sua poltrona favorita e olhando para os lençóis que teriam que tirar
hoje.

“Por que eu saberia feitiços de costura?” Sirius perguntou, do chão. Ele estava sentado


sobre um caldeirão com um livro ao lado, tentando criar seus próprios fogos de
artifício para celebrar a véspera de Ano Novo.

"Eu estava pensando nos lençóis ..."

"Pfft," Sirius acenou com a mão, "Eles nem vão notar."

"Temos que consertar aquela bola de cristal que quebramos também."

"Nah’’

“E provavelmente deveríamos procurar aquelas peças de xadrez que – er –


sumiram...” Dois dias atrás, eles haviam disparado acidentalmente um conjunto inteiro
pela janela. Eles convocaram a maioria das peças de volta, mas a rainha e dois
cavaleiros ainda estavam nos arbustos em algum lugar abaixo.

"Olha, todos sabiam que seríamos apenas nós dois aqui para o Natal," Sirius
respondeu, acenando sua varinha cuidadosamente sobre o caldeirão,
"Era responsabilidade deles trancar qualquer coisa que eles não quisessem atiradas
pela janela."

"E a cama de Peter?"

"Ela parou de fazer aquele barulho estranho, agora."

365
"Sim, mas ainda dá risadas quando você se senta nela."

“Ele vai descobrir como consertar, ou pedir a Desdêmona para ajudá-lo. Você se


preocupa muito."

BANG

O conteúdo do caldeirão explodiu no rosto de Sirius, jogando-o para trás e enchendo a


sala com uma nuvem de fumaça verde-limão. Remus correu para a janela, tossindo,
tentando não rir da expressão assustada do outro, o rosto preto de fuligem.

"Eu disse que deveríamos apenas perguntar a Flitwick."

A poeira baixou e agora toda a sala estava coberta com uma fina película
verde. Remus ergueu uma sobrancelha. Sirius sorriu,

“Deixe isso para os elfos domésticos? Vou tomar banho.”

Ele foi para Flitwick, no final, e o minúsculo professor de Feitiços ficou muito
satisfeito em dar alguns conselhos sobre como criar fogos de artifício perfeitos - sem
nenhuma poção ou caldeirões bagunçados. "Ele me fez prometer que não contaria a
McGonagall que me ensinou, no entanto," Sirius riu, "Ele realmente subiu na minha
classificação, o velho Flitters."

“Não posso acreditar que você foi sem mim. Eu sou o melhor em Feitiços.” Remus
murmurou, enquanto escalava a janela do quarto para se sentar na borda ao lado de
Sirius.

"Você estava dormindo!" Sirius o cutucou jovialmente.

"Mesmo assim." Remus resmungou, cruzando os braços contra o frio. Suas pernas


balançavam precariamente sobre a borda, mas ele não tinha tanto medo de altura
quanto antes. Agora, possuía o treinamento implacável de James e precisava agradece-

366
lo por isso. Havia tirado uma soneca antes para garantir que seria capaz de ficar
acordado até meia-noite – agora, faltavam apenas alguns minutos.

Estava muito quieto do lado de fora e, exceto pelo barulho ocasional de um animal
vindo da Floresta Proibida, ou o pio suave das corujas no corujal, eles poderiam estar
completamente sozinhos no mundo. Ambos se contentaram em ficar sentados neste
silêncio, enquanto os últimos momentos de 1976 se dissipavam sob um céu congelado
de inverno. Remus sentiu uma profunda sensação de satisfação e contentamento. Era
agridoce. Estava ansioso para ver James, Peter e as meninas novamente. Estava
ansioso pelo semestre da primavera. Mas, assim que o Expresso de Hogwarts chegasse
à estação na tarde seguinte, tudo o que ele e Sirius haviam compartilhado nas últimas
doze noites teria que ser arrumado e trancado até que fosse seguro voltar à superfície.

Sirius ergueu seu relógio de bolso - um que ele havia recebido dos Potter em seu
décimo sétimo aniversário. Ele o ergueu para que Remus pudesse ver
também. Faltavam cinco segundos. Sirius sorriu para ele e apertou seu joelho.

"Pronto?" Ele ergueu sua varinha.

Remus sorriu de volta e acenou com a cabeça.

"Pronto."

367
Capítulo 104: Sexto Ano: Má Lua Crescente

Gather 'round all you people

Watch me while you can

Been trawling too long, I've been losing out strong

For the strength of another ma

I've been hasty, wasty standing on the backstep

Waiting for the phone to ring

But this semi-acoustic love affair

Is driving me to the brink

I'm just looking for a friend

I'm just looking for a friend

You don't have to be a big wheel, you don't have to be the end

I'm just looking for, looking for a friend

- ‘Looking for a Friend’, David Bowie

Terça-feira, 1 de janeiro de 1977

368
"Lá vem eles!" Sirius estava praticamente pulando ao lado de Remus enquanto
observavam as carruagens sem cavalos se aproximando dos portões do castelo.

"Graças a Deus." Remus brincou, "Finalmente vou ter conversas inteligentes."

"Ah, cale a boca, você me ama." Sirius o chutou na canela.

Eu amo, Remus pensou lamentavelmente, eu realmente amo caralho. Mas é claro, não


foi isso que Sirius quis dizer.

James desembarcou das carruagens misteriosas como um soldado voltando da


guerra. Potter e Black sorriram tão abertamente um para o outro, que Remus pensou
que eles quem deveriam estar agarrando, não Sirius e ele. Lily e Peter desceram da
carruagem de trás, e Remus a abraçou e acenou para o menino.

"Bom Natal?" Lily perguntou: "Obrigada pelos chocolates!"

"Obrigado pelas luvas", respondeu e acenou para que ela pudesse vê-las, "Muito
quentinhas."

"Sim, obrigada pelas luvas, Evans," James acenou com as mãos cobertas de lã.

Lily corou profundamente e murmurou algo sobre não querer deixar ninguém de fora.

Mais cedo, Remus e Sirius haviam caminhado sozinhos por um castelo de corredores
vazios repletos de ecos, sussurros dos retratos e dos fantasmas assustadores à
deriva. Mas quando todos estavam juntos novamente, foi como se a escola tivesse se
transformado em um instante. As pedras sacudiam com as conversas de amigos se
reunindo, cada arco e coluna eram invadidas por alunos vestidos de preto. Remus
sentiu que estava acordando de um sonho estranho e silencioso.

A rapidez com que tudo voltou ao normal foi incrível - Peter e Desdêmona
começaram uma briga quase imediatamente, Lily azarou James no meio do jantar,
Mary tinha contos de seu mais novo namorado, para o qual Marlene estava revirando

369
os olhos. Sirius tinha olhos apenas para James, é claro, mas Remus estava bem ciente
dos olhares que ele estava recebendo - todos os cartões de Natal sem respostas teriam
consequências.

"Então, o que vocês dois fizeram?" James perguntou, a boca cheia de rosbife, "Vocês
não contaram muito quando conversamos ..."

Sirius e Remus olharam um para o outro apenas por um segundo, tempo suficiente
para o mais novo notar a faísca de pânico surgir no olho de Black e sorrir para James,

"Passei a maior parte tentando manter Padfoot longe de problemas, obviamente."

James e Peter riram, isso era tudo que precisavam. Sirius se recostou, ombros se
encolhendo e Remus o observou por baixo de seus cílios. Isso não ia funcionar. Era
tudo muito impossível.

Na noite anterior, pouco antes de cair no sono, Lupin havia tomado uma
decisão. Tinha que conversar com Sirius. A ironia não passou despercebida, a ironia
de que depois de dias e dias sem fazerem nada além de conversar, a solução parecia
ser conversar mais. Mas desta vez, faria Sirius ouvir.

Ele só precisava de uma oportunidade, o que sabia que não seria fácil. Oportunidade e
um pouco mais de tempo. Remus não tinha coragem o suficiente ainda. Agora mesmo,
cada música que ouvia o lembrava de Sirius; cada frase sentimental de cada
romance. Talvez não estivesse pronto para desistir de tudo.

Sirius certamente não estava. Lupin tentou questioná-lo, depois que todos já estavam
de volta a alguns dias, depois do outro ter aceitado um convite de Emmeline Vance
para Hogsmeade.

“Você não acha que devemos parar? Não é um pouco confuso para você? "

“Por que seria confuso? Não é a mesma coisa.” Black ergueu as sobrancelhas em


surpresa genuína.

370
"Ah." Remus disse, baixinho. Ficou feliz por estarem em um armário de vassouras e
por estar escuro, "Ah, não é?"

"Bem, não. Ela é uma garota. Você é Moony.”

“O que isso significa?”

“Significa apenas ... você sabe. Você e eu ... não somos ... e ela ... erm ... ah, pelo
amor de Deus,” o moreno ficou irritado e desistiu, “Eu simplesmente não consigo ver
nenhuma razão para pararmos, ok? É divertido, não é?”

"Sim." Remus suspirou.

"Olha, se alguém te convidasse para sair, estaria tudo bem, obviamente."

"Certo." Remus acenou com a cabeça, "Isso é legal da sua parte."

"Ah, vamos, não seja assim ..." Sirius começou a beijar seu pescoço, e Remus não
estava em posição de discutir depois disso.

Lupin tivera muitas oportunidades, na realidade. Porém, ele era tão fraco quanto Sirius
quando todas as cartas eram colocadas na mesa.

Além disso, era apenas um segredo - como o moreno havia dito uma vez, muito antes
de tudo ficar complicado; 'você não é Moony se não tiver um segredo'. Ele podia lidar
com segredos. Exceto. Estava ficando mais difícil - especialmente por volta da lua
cheia, quando seus nervos estavam mais instáveis e cada emoção queimava logo
abaixo da superfície. Então, ele veria Sirius com uma garota ou outra, observaria
enquanto ela tirava fiapos de seu suéter escolar ou endireitava sua gravata ou envolvia
seus braços em volta de sua cintura e sentiria uma vontade de despedaçá-la.

Às vezes ele pensava que deveria ser tão óbvio, com certeza todos conseguiam ver -
com certeza James conseguia ver? Remus estaria sentado, ou caminhando ao lado

371
deles, ou tomando café da manhã e seus olhos capturariam os de Sirius, e como
ninguém mais conseguia sentir isso?

Isso o fazia se sentir culpado. Lupin se perguntava se estava mentindo para Sirius


ainda mais do que Sirius estava mentindo para si mesmo. Sabia que estava sendo
desonesto sobre o que queria, sobre o quanto tudo aquilo significava para ele e, no
final, podia ver que o estava confundindo ainda mais. O melhor seria expor tudo e
depois lidar com as consequências.

Ainda não, entretanto. Talvez depois da lua cheia.

***

Quinta-feira, 6 de janeiro de 1977

Remus acordou do lado de fora. Algo estava muito errado. O céu estava azul e rachado
com as nuvens. Haviam árvores, galhos pretos e tortos. A brisa estava fria em sua pele
e a camada de folhas macia e fofa embaixo dele também. Não estava certo, mas estava
mais agradável do que o normal. Ele piscou contra a luz da manhã e olhou em volta,
para ver seus três amigos o olhando com cautela. Sirius tirou sua capa rapidamente, e
entregou a Remus,

"Aqui, está frio ..."

"O que aconteceu? Por que não estamos de volta a Casa?” Remus franziu a testa,
puxando a capa ao redor de si. Percebeu que James estava ofegante e segurando seu
braço de uma forma estranha, "Eu machuquei você, Prongs?"

“Não de propósito,” James balançou a cabeça, obviamente ansioso para manter Remus
calmo, “Você estava ... você ficava tentando se afastar de nós, só isso. Não
conseguimos fazer você nos seguir como normalmente fazíamos, nem mesmo
Padfoot. "

"Eu me lembro ..." Remus franziu a testa e se levantou, "Estávamos caçando?"

372
"Você estava." Sirius disse, olhando para ele de forma estranha, “Havia algo que você
realmente queria. Em Hogsmeade.”

“Em Hogsmeade ...?” Tudo voltou, o inundando como em um pesadelo. Aquele


cheiro. Ele o havia sentido pela primeira vez na véspera de Natal no Cabeça do Javali
e, mesmo naquele dia, soube o que era. Como pôde ser tão estúpido? "Tem certeza de
que não está ferido?" Remus perguntou, novamente, olhando para James.

Potter acenou com a cabeça fervorosamente, seu cabelo bagunçado balançando com a
brisa da manhã.

"Vamos lá," ele balançou a cabeça, "Temos que levar você de volta a casa antes que
Madame Pomfrey chegue lá..."

Ele os seguiu, pisando cautelosamente no chão pedregoso da floresta com os pés


descalços.

"Não estamos muito longe," Sirius disse, caminhando lentamente ao lado dele,
"Conseguimos meio que ... te guiar na direção certa ..., mas você continuou tentando
nos enganar."

"Vocês têm que voltar para o castelo," Remus disse, incapaz de encontrar seus olhos,
"Eu acho ... Acho que algo pode ter acontecido na noite passada."

"Nada aconteceu, Moony", disse Peter, "honestamente, não o perdemos de vista


nenhuma vez."

"Isso é bom," Remus assentiu. A cabana estava à vista agora, “Mas vocês ainda devem
ir. Confiem em mim."

Felizmente, eles foram; todos ainda abalados pelo que quer que tenha acontecido
pouco antes dele retornar ao seu corpo humano. Lupin entrou na Casa, se vestiu e
sentou-se silenciosamente na cama para esperar a Madame Pomfrey. Ela não veio. Em
vez disso, foi McGonagall quem abriu o alçapão, quase uma hora após o amanhecer.

373
“Sr. Lupin,” ela disse daquela maneira brusca que usava quando uma detenção estava
próxima.

"Onde está Madame Pomfrey?" perguntou, sentindo muito frio de repente.

“Ela está lidando com outra situação esta manhã, em Hogsmeade,” a professora disse,
seu rosto enrugado com preocupação, “Ela me pediu para atender você. Você está
ferido?"

"Não, eu estou bem. O que aconteceu em Hogsmeade?”

"Venha, Lupin," disse, voltando rapidamente para o túnel, "Se você estiver bem, então
devemos voltar para o castelo o mais rápido possível."

"Por favor," o menino teve que andar rapidamente para acompanhá-la, o que não foi
fácil quando seus ossos ainda estavam se acomodando em suas posições habituais,
"Por favor, professora, o que aconteceu em Hogsmeade?"

"Receio que não posso..."

“Foi um lobisomem, não foi? Um ataque?"

"Remus." A mulher se virou e o olhou. Os dois possuíam a mesma altura atualmente,


ele a olhava nos olhos e ainda estava crescendo. "Como você sabe?" Ela perguntou
bruscamente.

“Eu pude sentir o cheiro - do outro. Eu sabia que eles estavam por perto. Não fui
eu! Eu juro."

"Não, saberíamos se você tivesse escapado." Ela parecia muito certa disso, então não
se opôs.

"Foi ruim?"

"...Sim."

374
"Alguém está morto?"

"Temo que sim. Agora eu realmente não posso falar sobre isso, então vamos apenas
levá-lo de volta ao castelo, certo? Eu sei que Poppy geralmente mantém você na
enfermaria por um dia ou mais para descansar, mas você acha que poderia ir às aulas
como de costume hoje? Acho que seria melhor evitar qualquer suspeita.”

"Claro."

"Você pode vir até mim se não se sentir bem a qualquer momento."

"Eu vou ficar bem." Sua voz estava baixa e vazia. Nunca havia conhecido outro como
ele. Agora sabia que havia um por perto.

“Remus,” McGonagall disse, lhe dando um olhar severo, “Isso não foi sua culpa. Isso
não foi culpa de ninguém. Você entende?"

"Sim, professora." Era melhor apenas dizer aos adultos o que eles queriam ouvir, na
maioria das vezes. Talvez pudesse escrever para Ferox, ou até mesmo para
Moody. Remus queria desesperadamente falar com Sirius sobre isso em particular,
mas supôs que teria que esperar um pouco.

Lupin sabia de tudo agora. Havia outro lobo em Hogsmeade durante o Natal, e ele
estivera esperando a lua cheia. Eles tinham que estar do lado de Voldemort - do lado
de Greyback - porque, na opinião de Remus, pelo menos, você teria que ser louco ou
mal - ou os dois - para se colocar perto de outras pessoas durante a lua cheia. Deveria
ter contado a alguém que reconheceu o cheiro na véspera de Natal? Ele poderia ter
salvado uma vida? Não tinha certeza antes, e não queria ter problemas por ter saído
sem permissão.

O salão do café da manhã fervilhava com as notícias; as corujas voavam de um lado a


outro. Lily sentou-se deliberadamente ao lado de Remus e apertou sua mão por baixo
da mesa. Ele apertou de volta, agradecido e pensou como seria fácil se apaixonar por
ela se ele fosse esse tipo de homem.

375
“É horrível”, disse Marlene, chorando, lendo o jornal por cima do ombro de
Mary. "Aquela pobre mulher, assassinada em sua cama ..."

Fora um jovem casal que havia se mudado para Hogsmeade em novembro. Ambos


bruxos, mas ela era nascida trouxa. A mulher estava morta, seu marido – mordido -
aparentemente estava em St. Mungus. A foto do casamento deles estava na primeira
página do Profeta e deixou Remus nauseado.

"Ainda está solto?" Lupin perguntou, mantendo a mão que não segurava a de Lily na
mesa, para que ninguém pudesse vê-lo tremendo.

“Parece que sim”, confirmou Mary, ainda absorta no artigo, “ninguém conseguiu
capturar. Esta noite não é lua cheia, então estamos todos seguros por pelo menos mais
um mês, eu suponho ... esse é o problema com os lobisomens, se você não os pega na
lua, então como você pode pegá-los?"

"Deve haver um teste, ou algo assim," Marlene franziu a testa, "Um feitiço revelador."

"Sim", respondeu Mary, pensativa, "Talvez ..., mas então você pode acabar
encontrando o errado..."

"Bem, parece que todos eles estão do lado de você-sabe-quem de qualquer maneira,


então eu não acho que isso importe-"

“Vamos conversar sobre outra coisa.” Lily disse em voz alta.

"Sim," James acenou com a cabeça, "A próxima aula é de Defesa Contra as Artes das
Trevas - alguém já teve alguma sorte com seu patrono?"

Apenas James tinha tido, até agora. Meia hora depois, a classe ficou boquiaberta e
assistiu James produzir um espetacular veado prateado, que galopou
fantasmagoricamente ao redor da sala. O professor aplaudiu e convidou todos os
demais a tentar - com vários níveis de sucesso. Lily conseguiu um fragmento de algo,
mas ainda não estava claro o que era. Peter não teve sorte e (para surpresa de

376
ninguém) Sirius lançou algo distintamente em forma de cachorro, mas sem o brilho
sólido da criação de James.

Remus nem mesmo sentiu sua varinha estremecer. Não devia ter ficado surpreso - em
uma manhã como aquela seria impossível fixar um pensamento feliz por muito tempo,
além de que estava exausto de lua cheia.

"Você vai conseguir, Moony," Sirius o encorajou, dando um tapinha desajeitado nas
suas costas enquanto saíam da sala de aula. "Você sempre consegue."

Remus assentiu, imaginando qual teria sido o pensamento feliz de Sirius. Lupin


estivera usando várias memórias do Natal deles juntos, embora estivesse tendo
resultados ruins.

"Minha mente está em outro lugar, para ser honesto," disse baixinho, para que apenas
Sirius pudesse ouvi-lo.

"Claro," Sirius respondeu, tão baixo quanto, "Isso era esperado."

"Eu sabia sobre." Remus sussurrou, rapidamente, enquanto os últimos alunos saíam da


sala. Sirius parou, o olhando com aquele olhar horrível que ele tinha tido naquela
manhã. Remus agarrou seu braço, "Quer dizer, não exatamente, eu não sabia que isso
iria acontecer, mas ..."

Sirius fechou a porta atrás do último aluno e sussurrou um feitiço silenciador.

"Mas o que?"

“Lembra-se de quando fomos ao Cabeça do Javali?” Remus disse rapidamente, ainda


sussurrando porque não conseguia levantar a voz. Black acenou com a cabeça, "Eu
farejei alguma coisa."

"Eu pensei que você só estava bêbado..."

377
“Sim,” Remus acenou com a cabeça, “Eu pensei que fosse isso também - ou pensei
que era ... hum ... bem, você, porque eu queria ...” ele limpou a garganta, “De qualquer
forma, era definitivamente outro. Um lobisomem. Acho que era uma mulher.”

"Não o Greyback, então." Sirius disse, com um olhar de imenso alívio.

"Não."

"Bem, graças a Godric por isso." O menino agarrou o ombro de Remus. Seu rosto
voltou a ficar preocupado, com a mesma rapidez, "Mas Moony, se você pode sentir o
cheiro deles, você acha que eles poderiam..."

"Eu não sei. Acho que sim."

"Está bem. Ok, bem, eles não vieram atrás de você, então ... Tudo vai ficar bem.” Ele
ainda estava segurando-o pelo ombro, o mantendo no lugar, como uma âncora. Era
desesperadamente necessário, Remus pensou. Cada instinto nele dizia para correr.

Lupin pensou, por um momento, que Sirius poderia beijá-lo, mas eles tinham outra
aula e o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas havia voltado, batendo na porta
de sua própria sala de aula em confusão. Black pareceu desapontado (ou pelo menos,
Remus achou – poderia apenas estar querendo ver algo que não estava realmente ali) e
deu um aperto final antes de se separarem.

"Não diga a James!" disse, apressadamente, enquanto destrancavam a porta, "Por


favor, não conte a ninguém."

"Ok, Moony," Sirius balançou a cabeça lentamente, "O que você quiser."

378
Capítulos 105: Sexto Ano: Revelando
Segredos

Sexta-feira, 14 de janeiro de 1977

Remus se revirou sob os lençóis, incapaz de se acomodar. Sua cama em Hogwarts era


uma das mais confortáveis em que ele já havia dormido – competindo apenas com a
que ele usava nos Potter, de qualquer maneira. Raramente tinha problemas para dormir
nela. Mas havia passado as últimas noites quase inteiramente em claro.

Não conseguia parar de pensar no lobo em Hogsmeade, na pobre mulher morta e no


homem que acordaria em St. Mungus para descobrir que toda sua vida havia sido
destruída. Remus era um lobisomem desde que conseguia se lembrar - o pensamento
desse homem sendo forçado a se transformar pela primeira vez - provavelmente
sozinho, provavelmente ainda em luto. Era insuportável. Ele sentiu uma sensação de
culpa horrível e inabalável.

Então Remus não dormiu. Ele passou a maior parte da noite lendo, até não conseguir
mais manter os olhos abertos. Hoje à noite, não foi capaz nem de se concentrar em um
livro.

Rolou para ficar de barriga para baixo, pensando se isso ajudaria. Não, seu rosto
ficava todo espremido contra o travesseiro assim. Rolou de lado, mas isso fez seu
quadril doer. O outro lado deixava sua orelha muito quente. Ele gemeu em frustração,
baixinho.

"Ei, Moony," Sirius sussurrou, enquanto as cortinas se abriam, "O que há de


errado?" Ele rastejou para dentro silenciosamente, com um rápido lumos e um feitiço
silenciador. O moreno se ajoelhou no final da cama, o olhando.

"Desculpe, eu acordei você?" Remus semicerrou os olhos com o brilho desnecessário.

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"Sim, mas está tudo bem." Sirius moveu, sentando-se ao seu lado.

"Ah," Remus torceu a boca, envergonhado, "Olha, eu realmente não estou no clima
para ..."

“Ah, não, eu também não! Quer dizer ... bem, na verdade, agora que você mencionou
..., mas não, não é por isso eu vim. "

"Certo."

"Então, o que está acontecendo?"

"Não consigo dormir."

“Eu percebi. Quer um cigarro? "

"Acabou."

“Está tudo bem, eu tenho uns de Emmeline. Vamos lá, vamos descer? É tarde,
ninguém vai estar lá e Prongs vai ficar puto se fumarmos aqui.”

"Está bem." Remus fingiu ir com relutância. Secretamente, ele estava emocionado por


que:

1.Sirius estava preocupado com ele, e;

2.Sirius queria passar um tempo sozinho com ele sem acordar James.

O fato de que os cigarros oferecidos tinham vindo da atual namorada de Sirius era um
algo que Remus estava disposto a ignorar por enquanto. Lá embaixo, os dois se
acomodaram perto da janela, no pequeno sofá. Ambos dobraram os joelhos e
sentaram-se de frente um para o outro, de modo que se Remus esticasse um pouco,
seus dedos dos pés se tocariam.

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"Então," Sirius tragou, acendendo um cigarro com um feitiço não-verbal e passando
para Remus, antes de acender o seu. Provavelmente era algo que impressionava as
meninas. Isso o impressionou também, mas ele não iria demonstrar. "Qual é o plano?"

"Plano?" Remus franziu a testa.

“Você ficou acordado a noite toda nas últimas três noites e não tem um plano?! Tem
certeza que você é Moony??”

“Eu quero voltar para O Cabeça do Javali.” Lupin disse, prontamente.

Black deixou seus olhos piscarem, mas assimilou a notícia lentamente. Ele exalou a
fumaça, olhando pela janela escura para a lua minguante acima deles antes de voltar
para falar.

"Certo. Ok, acho que posso entender por quê.” Ele deu uma longa tragada no cigarro,
"Invisível?"

"Não." Remus balançou a cabeça, dando tragadas curtas e nervosas em seu cigarro,


"Não, se eles estiverem lá - se ela estiver lá, então eu quero conhecê-la."

“Remus. Não."

"Por que não?" atirou de volta, calorosamente. Ele estaria pronto para uma briga, se
Sirius quisesse. Isso seria bom; isso seria algo.

“Porque é perigoso?! Porque você nunca os conheceu antes e você não sabe como eles
são, e eles assassinaram uma mulher na outra noite?! Porque você ainda não tem
dezessete anos e se tiver que se defender com magia, pode ser expulso da escola??”

O moreno o olhava enquanto dizia tudo isso, incrédulo. Remus piscou em choque. Ele


apagou o cigarro e se levantou, usando sua altura contra Sirius,

“Você não pode me dizer o que fazer. Só não fique no meu caminho.”

381
“Não seja assim! Olha, eu entendo como você se sente...”

"Ha."

"Ok, eu não entendo," Sirius balançou a cabeça impacientemente, "mas eu quero que


você fique seguro!"

"Eu ficarei - são séculos até a próxima lua cheia, ela não terá nenhuma vantagem
sobre mim -"

"Você não acha que isso é exatamente o que Greyback quer?!"

"O que você está dizendo?" Remus rosnou. "Que estou sendo estúpido?"

"Não, não é estúpido, apenas ... imprudente."

“Sirius Black, me dando um sermão sobre imprudência? Muito engraçado isso.”

“Ei.” Sirius se levantou agora, com raiva.

Isso, vamos lá, algo dentro dele disse, vá em frente, experimente.

"Bem, é muito interessante você me dizer para eu não me colocar em perigo." Remus


continuou, sabendo que estava sendo cruel, "Você não estava tão preocupado com
minha segurança essa época no ano passado!"

O rosto de Sirius se desfez, ele olhou para o tapete e Lupin viu o que tinha feito.

"Isso ... isso não é justo, Moony." Sirius disse, baixo.

A vida não é justa, Remus queria dizer - mas sabia como isso soaria infantil e
petulante. Esta era uma discussão que nenhum dos dois iria ganhar, e ele estava
cansado, tão exausto de se preocupar e pensar e imaginar e não dormir.

"Eu tenho que conhecê-los." Ele disse, finalmente. “Eu acho que vou enlouquecer se
não fizer isso. Acho que já estou ficando louco.”

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"Está bem." O moreno se recuperou e passou a mão pelo cabelo. "Ok, e quanto a
Ferox, você tentou falar com ele?"

"Pensei sobre isso. Ele vai tentar me impedir. Moody também. É ideia deles não me
deixarem ir para Hogsmeade em primeiro lugar.”

“Tudo bem ... tudo bem, nós vamos, ok? Juntos. Contaremos a James e ...”

"Não quero que mais ninguém saiba." Remus disse, ferozmente, "É particular."

"Merlin, Moony, você não está tornando isso fácil -"

“Não é fácil! É difícil pra caralho, ok, mas eu tenho que fazer isso!”

"Está bem!" Sirius ergueu as duas mãos em um gesto pacificador.

Estamos discutindo, Remus pensou, estamos discutindo e é ele quem


está tentando me acalmar. Isso o deixou um pouco tonto e ele se sentou no sofá mais
próximo. O menino se inclinou para frente, a cabeça entre as mãos.

"Sinto muito", disse em voz baixa, "Eu sei que estou sendo ... é que tudo é tão ..."

"Eu entendo, Moony." Black sentou ao lado dele. "Estou tentando ajudar."

"Você não pode ajudar," disse, "Eu tenho que fazer isso sozinho, não posso arriscar
mais ninguém, tem que ser eu, eu tenho que ..." Remus começou a falar, e tudo saiu
em uma confusão de murmúrios privados de sono. “Se eu puder conhecê-la, então
talvez ... Eu tenho que encontrar Greyback um dia. Eu só sei que preciso. E eu quero -
não me juntar a ele, ou qualquer coisa assim, apenas para - para conhecê-lo. E para
entender. Por que ele fez o que fez e por que ... por que ele fez de mim quem eu sou.”

Lágrimas surgiram do nada e ele cobriu o rosto, envergonhado. Sirius estava quieto ao


lado dele.

383
"Moony..." ele colocou uma mão fria e hesitante em seu ombro, levemente, como se
Remus pudesse girar e atacá-lo como um animal selvagem, "Ele não fez de você quem
você é."

"Ele fez de mim o que sou." Oh Deus, ele estava chorando agora. Desejou não ter
começado toda essa conversa, desejou apenas ter mandado Sirius de volta para a
cama.

A última vez que ele chorou foi em uma situação semelhante - estava sentado ao lado
de um garoto que amava, dizendo algo que doía dizer. Grant o segurou e o fez sentir
que tudo ficaria bem. Remus sabia que não tinha o direito de esperar o mesmo de
Sirius.

Quando os ombros de Remus começaram a tremer com a emoção, Black se moveu


levemente, mas não foi a lugar nenhum. O mais novo o ouviu dar um pequeno ruído
estranho - que pode ter sido simpático, ou apenas confuso, mas ele se aproximou e
deslizou sua mão na de Remus e apertou seus dedos. Pateticamente, ele apertou de
volta enquanto chorava de raiva por Greyback, e pela pobre mulher assassinada e pela
terrível injustiça de tudo.

***

Sábado, 15 de janeiro de 1977

Remus acordou de madrugada, ainda enrolado no sofá, coberto por um cobertor de lã


que era mantido na cômoda no canto da sala comunal. Ele franziu a testa contra a luz
do sol, piscando e confuso enquanto lentamente se lembrava de onde estava. Sirius
ainda estava lá, na outra extremidade, sentado com a cabeça pendurada para trás no
sono, a boca aberta. Claro que Sirius não roncava.

Gostaria de poder observá-lo por um pouco mais de tempo na luz fraca do início da
manhã, mas ele tinha ficado encolhido a noite toda e precisava desesperadamente se

384
alongar. Remus se moveu com cuidado, seus membros rígidos rangendo como os
galhos de um teixo antigo. Sirius se mexeu, tossiu levemente e abriu os olhos.

"Bom dia", ele grunhiu, endireitando-se. "Que horas são?"

“Quase sete.” Remus respondeu, após uma rápida olhada no relógio de pêndulo.

"James estará de pé para o quadribol em um minuto."

"Sim."

"Você está bem?"

Remus colocou os pés descalços no tapete e esfregou sua perna esquerda adormecida.

"Eu dormi, pelo menos." Ele respondeu. "Desculpe pela noite passada."

“Pff.” Black acenou com a mão, bocejando, “Não foi nada. Eu tive colapsos muito
piores.”

"O que vocês dois idiotas estão fazendo aqui a esta hora?" James desceu as escadas
correndo, vassoura na mão. Ele olhou para os dois, observou seus pijamas e o cobertor
de Remus. "Vocês dormiram aqui?"

"Fomos obrigados" O moreno respondeu, se espreguiçando, "Qualquer coisa para


fugir do seu ronco."

James sorriu, balançando a cabeça.

“Esquisitos. Não quer vir comigo e dar uma volta rápida pelo campo antes do treino,
Padfoot? "

“Nah,” Sirius bocejou de novo, “Vou voltar para a cama. É sábado, Potter, seu
lunático. "

385
“Temos saída para Hogsmeade mais tarde, não durma demais.” James avisou
"Desculpe, Moony." Ele lhe deu um olhar de desculpas.

“Tudo bem,” Lupin respondeu, “Vocês vão e se divirtam. Eu tenho lição de


casa. Obviamente. A sala comunal ficará agradável e silenciosa.”

"Vejo vocês dois no café da manhã, então?" James perguntou, já na metade do


caminho para fora da sala, ansioso para ser o primeiro a entrar em campo.

A sala comunal começaria a encher logo - o time de quadribol da Grifinória primeiro,


então alguns dos alunos mais interessados em tirar seu dever de casa do caminho antes
do passeio para a vila de mais tarde. Remus olhou para Sirius,

"Você realmente vai voltar para a cama?"

Sirius ergueu uma sobrancelha.

"Sim. Quer vir?"

Pela primeira vez em dias, Remus riu.

***

"Oi Remus, posso sentar aqui?"

O menino olhou para cima com uma pequena carranca que tinha mais a ver com um
mapa astronômico complexo do que com ser interrompido. Ele sorriu assim que viu
quem era e acenou com a cabeça,

"Claro, Chris, faça sua escolha." Ele apontou para as cinco cadeiras vazias na mesa
que estava usando. Christopher sentou-se a apenas uma cadeira de distância. "Não
estava a fim de ir para Hogsmeade?"

386
"Ah, bem, eu sabia que você não poderia ir, e estou atrasado em algumas coisas, então
..." Christopher parecia ligeiramente nervoso. Ele estava com seus cadernos e
pergaminhos agarrados em seu colo, olhando o mais velho com cautela.

"Er ... você quer terminar suas lições?" Remus perguntou, vagamente divertido.

"Sim! Desculpe ...” Christopher rapidamente começou a espalhar suas anotações, sem


jeito, corando ferozmente.

"Você está bem, Chris?"

"Mm hmm, sim ..."

"Está bem. Bem, estou em Astronomia e fazendo uma bagunça com tudo isso. Você é
muito bom com estrelas e outras coisas, não é? "

"Sim. Quero dizer, não brilhante. Mas ok, sim, er ... quer que eu olhe? "

“Obrigado,” Remus deslizou seu mapa.

“Certo, posso ver onde você errou, está alguns graus fora ...” Christopher puxou sua
bússola e começou a traçar uma nova trajetória para Vênus. Remus ficou muito feliz
em deixá-lo continuar com isso e começou a folhear seu planejamento. Ele tinha
História para fazer, mas havia planejado perversamente deixá-la para o final, como
uma sobremesa. Provavelmente poderia dizer isso a Christopher para aliviar o
clima; era o tipo de coisa que Chris fazia também. Sirius apenas balançaria a cabeça
em perplexidade e o chamaria de nerd.

Estava prestes a dizer algo quando Christopher se adiantou.

“Comecei a ler alguns livros trouxas.” Ele disse, apressado, como se já estivesse


ensaiando para isso há um tempo. “No Natal.”

"Você leu?” Remus sorriu educadamente. Há anos vinha dizendo a Christopher que


ele estava se limitando ao não ler livros de autores não bruxos "Como foi?"

387
"Sim! Tem sido ótimo. Eu gosto mais de poesia ...” foi uma declaração bastante
inócua, mas Chris parecia estar revelando seu segredo mais obscuro. Suas bochechas
estavam vermelhas agora, e ele não o olhava quando falou. "Eu er ... eu gosto muito de
Oscar Wilde."

"Ah?" Remus respondeu, firmemente, imaginando para onde isso estava indo.

Ele achava que tinha uma boa ideia do que Christopher queria dizer, na verdade, mas
precisava ganhar tempo enquanto pensava em como reagir. Certamente eles não
falariam sobre isso aqui e agora, às três horas de um sábado em uma sala comunal
apenas meio vazia? Haviam alunos do primeiro ano jogando gobstones no tapete, pelo
amor de Deus!

"Sim, e ... e Christopher Isherwood." Chris continuou, valentemente. Ele era corajoso,


Remus decidiu. Essa era talvez a coisa mais corajosa que já havia testemunhado.

“Certo, sim ...” Ele limpou a garganta, desejando saber a maneira certa de
responder. "Você talvez goste de Truman Capote, também."

Christopher olhou para ele, meio ansioso, meio com medo.

"Eles são ... são o seu tipo de escritores também, então?" Christopher estava mordendo
o lábio com força agora, Remus estava preocupado que ele talvez fosse arrancar um
pedaço de sua boca.

"Um, sim."

Ele não sabia como se sentia sobre isso realmente. Já fazia algum tempo que tinha
uma ideia - mais do que uma ideia - sobre Christopher. Mas não esperava isso nem em
um milhão de anos. Christopher parecia incrivelmente aliviado e se inclinou,

"Há quanto tempo você sabe?" Ele sussurrou.

388
Remus se inclinou para trás, em pânico sobre quem poderia estar ouvindo. Ele olhou
em volta rapidamente e esfregou a nuca.

"Cristo." Ele respirou “Eu realmente preciso de um cigarro. Quer dar uma volta?”

Este foi talvez o pior momento possível para falar sobre isso. Mas isso não era culpa
de Christopher. Ele não sabia sobre a situação peluda, ou Greyback, ou a atitude
absurda de Sirius com relação à sua sexualidade, ou mesmo que os marotos estavam
planejando ir para a guerra em apenas um ano. Christopher só sabia uma coisa, e
Remus sabia que ele precisava de um amigo.

Os dois foram para a Torre de Astronomia, sabendo que provavelmente estaria vazia -
todos os casais estavam em Hogsmeade hoje. Eles se sentaram do lado de fora, com as
costas apoiadas no parapeito, Remus fumava e Christopher torcia as mãos no colo.

"Há quanto tempo você sabe?" Ele perguntou novamente.

"Desde que eu tinha quinze anos." Remus respondeu. “Antes do último verão. Você?"

“Hum ... eu acho que meio que sempre tive uma ideia. Mas. É, talvez apenas a alguns
meses.”

"Vai ficar tudo bem, você sabe." O mais velho disse, esperando que soasse
verossímil. Não era exatamente uma mentira - mas ele não tinha certeza.

“Os outros marotos sabem? Sobre você?"

Remus estremeceu, lembrando-se do calor da pele de Sirius contra a sua mais cedo
naquela manhã. Como ele havia segurado sua mão enquanto chorava. Como ele havia
saído mais cedo do café da manhã para encontrar Emmeline. Então apenas balançou
sua cabeça,

“Nah. Ainda não."

“Nenhum dos meus amigos sabe. Você é a única pessoa para quem eu contei.”

389
Remus não sabia o que dizer sobre isso. Nem todo mundo tinha um Grant, supôs. Ele
meio riu, meio suspirou.

“Desculpe, Chris. Gostaria de ter um conselho ou algo assim, mas também estou


tentando descobrir como lidar com isso.”

"Tudo bem. É bom saber que há mais alguém ... é assim com os trouxas? "

“Hm? Ah, bem ... Quero dizer, há trouxas que são queer, sim. Obviamente, Oscar
Wilde e tal. Eles costumavam poder te mandar você para a prisão, mas é ok
agora. Bem. Não é ok. Não é ... quero dizer, ainda é melhor não ser homossexual, eu
suponho. E com os bruxos?”

"O mesmo", respondeu Christopher, taciturno, "Melhor não ser."

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Remus acendeu outro cigarro. Estava se


tornando um hábito terrível; ele lutava para subir as escadas sem ofegar.

"Remus?" Christopher chamou.

"Sim?"

"Estou feliz ... er, estou feliz que se alguém tivesse de...saber ... então estou feliz que
seja você."

Deus. Remus pensou, por que você tem que ser tão doce?

***

No geral, havia sido um sábado muito agitado. E ainda nem havia acabado, Remus
disse a si mesmo enquanto permanecia deitado no escuro, o mais imóvel possível,
esperando a respiração de seus amigos se estabilizar, para saber que todos estavam
dormindo. Estava parado e quieto para tentar enganar Sirius - não podia se permitir
uma interrupção esta noite. Haviam lugares nos quais ele precisava estar.

390
Sim, ok; ele disse a Sirius que não iria para o Cabeça de Javali. Ou, pelo menos, que
ele não iria sem ele. Mas, Remus justificou para si mesmo, isso era muito importante,
e ele tinha que ir sozinho. Não poderia ser responsável por colocar mais pessoas em
perigo do que já havia colocado. E, na verdade, pensou, mal-humorado, enquanto
começava a rastejar para fora do quarto, a capa de James enfiada sob suas vestes,
quem era Sirius para exigir alguma coisa de Remus? O fato de que eles se pegavam de
vez em quando claramente não significava que possuía qualquer direito sobre o
outro. Sirius não poderia ter tudo do seu jeito.

Lupin se cobriu com a capa da invisibilidade na escuridão da escada, e então se


esgueirou silenciosamente pela sala comunal meio vazia e para fora do buraco do
retrato. Ele tinha o mapa e sua varinha, e nada mais.

Mais cedo do que esperava, Remus se viu do lado de fora da estátua da bruxa
corcunda, e então estava no túnel, caminhando a uma velocidade que raramente
conseguia. Não precisava acender sua varinha, como sempre fazia quando os outros
estavam com ele. Ele apenas avançou no ar frio, o cheiro de chocolate que ficava mais
forte a cada minuto nunca fora menos apetitoso.

Na Dedos de mel, ele foi capaz de passar pela frente da loja com poucos problemas,
embora tivesse um grampo de cabelo que pegou de Mary só por precaução. E de
repente, ele estava lá; sozinho em Hogsmeade. Remus continuou, era a única opção. Já
podia sentir o cheiro dela, ela ainda estava lá, ou estivera recentemente. Seu coração
começou a bater mais forte. Estava mais assustado do que jamais esteve em sua vida -
mais assustado do que no ano anterior, acordando para descobrir o que Sirius havia
feito.

Fora do Cabeça de Javali, ele finalmente parou para respirar. O cheiro estava muito
forte agora. A luz brilhava pelas janelas sujas do pub, e Remus podia ver que não
havia muito movimento lá dentro, embora houvesse clientes. Ele puxou a capa,
respirando o ar frio de janeiro.

Houve um movimento atrás dele; um ruído, como um suspiro de prazer.

391
"Aí está você! Quem é um menino bonito, então? "

392
Capítulo 106: Sexto Ano: A Longa Noite

Ela não era o que ele esperava. Bem, Remus não sabia o que esperar - mas certamente
não era isso. Ela era pequena, mas tinha o porte de alguém muito mais alto. Suas
feições angulares e agudas se tornavam mais severas por sua cabeça raspada e seus
enormes olhos cinzentos que se focavam nele com o brilho de um predador. A mulher
tinha uma boca larga e seu lábio havia sido cortado em algum momento e estava mal
cicatrizado. Ela também tinha cicatrizes; tantas quanto ele, mas quase invisíveis sob
um complexo rendado de pequenas tatuagens circulares, espiralando em sua pele
castigada pelo tempo em sequências indetectáveis.

“Remus Lupin,” ela disse, em uma voz baixa e rouca. Havia um sorriso horrível e
ameaçador que mostrava todos os dentes – dentes em mau estado, descoloridos e
desiguais. "Eu estive esperando por você, meu querido."

Ele puxou sua varinha imediatamente, adotando uma postura de duelo.

"Larga isso!" Ela rosnou, levantando a mão - suas unhas eram longas, amarelas e com
garras, imundas de sujeira.

Sua varinha caiu no chão e ele engasgou. Remus estava congelado no lugar. A mulher
estava a apenas alguns metros de distância e sua varinha poderia ser alcançada, mas
ele não conseguia mover um músculo. Ela riu, sua respiração pura e branca no ar do
inverno, “Eu vi você aqui na véspera de Natal,” ela disse, apontando para o beco
escuro, “Eu vi você lá, com o humano. Eu segui vocês dois.’’

"O que você quer?" Lupin perguntou, firmemente, olhando para ela. A mulher era
repulsiva, suja - sua capa era grossa e emaranhada de pele de animal, cheia de piolhos
e outros vermes. Ela fedia a floresta, podridão e sangue. Apesar disso, algo o atraia -
algo familiar, seguro e acolhedor. Bando, o lobo disse a ele, um rosnado baixo de
algum lugar lá dentro. Alcateia.

393
"Nós queremos você, irmão." Ela disse, dando um passo à frente.

A loba abaixou a mão, e ele sentiu uma espécie de estalo nos músculos e deu um
passo para trás, automaticamente.

"Nós?" Ele perguntou, encontrando coragem agora que podia se mover


novamente. Remus agarrou sua varinha e ela permitiu.

"Nós. A gente." Ela disse, avançando novamente. A mulher caminhava com um pé na


frente do outro, como um animal. Seus pés estavam descalços nas pedras, pretos de
sujeira.

“Quem são 'eles'?” Lupin perguntou, olhando para trás rapidamente. Ele estava quase
na porta. Se recuasse o suficiente, estaria visível por dentro das janelas do pub.

"Sua família, Remus Lupin."

"Ah, ok?" Ele perguntou, ainda distraído com seu progresso em direção ao


pub. Precisava se aproximar de pessoas. "Bem", tentou sorrir, "se somos uma família,
é melhor eu pagar uma bebida para você..."

"Você cheira a terror humano, Remus Lupin." Ela disse, inclinando a cabeça para o
lado.

"Desculpe", respondeu com um encolher de ombros. "Você quer uma bebida ou não?"

"Se isso te agrada."

"Ótimo ..." ele abriu a porta com algum alívio e entrou no pub encardido. Nunca havia
se sentido realmente "seguro" no Cabeça de Javali, mas nunca tinha ficado tão feliz
por estar cercado por outros bruxos; das trevas ou não. Haviam talvez cinco ou seis
deles, incluindo o velho barman de barba branca. Alguns fregueses ergueram os olhos
por debaixo dos capuzes quando os dois lobisomens entraram - mas se eles possuíam
alguma pista sobre a situação, não deram sinal disso.

394
A loba se sentou a uma mesa, sem tirar os olhos de Remus por um momento
sequer. Ele não pediu bebidas, apenas se sentou em frente a ela e colocou as duas
mãos sobre a mesa, sentindo que essa era a opção mais segura; esperando que ela visse
que não estava planejando atacar.

"Então. Você sabe meu nome. Qual é seu?" Ele não sabia de onde vinha essa atitude
arrogante - se era uma loucura momentânea ou apenas o resultado de sua própria
estupidez, mas era o que o mantinha seguro por enquanto.

“Livia.”

“Livia...?”

“Não precisamos de outros nomes. Pertencemos ao bando.”

"Certo, ok. Então ... você foi enviada pelo bando? "

"Fui enviado por meu pai."

"Greyback."

Ela não respondeu, apenas o encarou com seus olhos estranhos e violentos. Livia não
pertencia a ambientes fechados entre quatro paredes, ele sentiu. A cauda de sua capa
estava coberta de lama e sujeira manchava as partes visíveis de sua pele. De perto,
Remus podia ver que suas tatuagens não eram simplesmente círculos - eram fases da
lua. "Greyback é realmente seu pai?" perguntou, mantendo a voz baixa.

"Ele é nosso pai." A loba respondeu.

“Peça ou saia.” O barman alto e velho apareceu ao lado deles. Remus o olhou,


desejando saber como transmitir pensamentos.

"Er ... cerveja amanteigada, por favor."

395
Livia não disse nada, e o barman não a questionou, apenas estalou os dedos e a garrafa
apareceu. Ele se afastou arrastando os pés, de volta ao bar. Remus enxugou a borda da
garrafa com cuidado e tomou um gole. Estava muito doce e não gelada o
suficiente. “Ok,” ele disse para Livia novamente, “Você está no bando de
Greyback. Isso er ... deve ser bom? Você -"

"Eu chamei por você, Remus Lupin." Livia interrompeu, recostando-se na


cadeira. Remus estava convencido de que ainda não a tinha visto piscar. "Eu ouvi você
me chamando, você cantou tão lindamente."

"Você quer dizer na lua..."

“Eu esperei o máximo que pude, mas a caça estava boa demais e eu estava com fome
...” seus olhos brilharam intensamente, como se a memória ainda estivesse muito
fresca, “Por que você não veio até mim? Eles não o trancaram; segui seu cheiro por
dias depois. "

"Eu não sou um assassino." Ele disse. "Eu não caço."

Ela riu,

"Loucura. O que eles fizeram com você, meu pobre irmão? Meu pai me disse que você
tinha sofrido nas mãos dos humanos, mas eu não sabia quanto.’’

"Eu não sofro." Remus respondeu, indignado. “Tive sorte. Eles cuidam de mim.”

“Pobre menino,” Livia falou tristemente, “Você não sabe. Mas é claro que não é sua
culpa. ‘Como eles poderiam ver mais do que sombras se nunca foram autorizados a
mover suas cabeças?’”

"Platão?" Lupin sentou-se, curioso "Greyback permite que você estude filosofia


trouxa?"

“Meu pai não impõe limitações a mim. Meu pai deseja que eu seja livre, forte e sábia.”

396
"E uma assassina."

“Lobos não assassinam. Você sabe disso, Remus Lupin. "

"Mas não somos lobos, somos?" sussurrou. "Nem sempre."

"Nós somos o que somos." A mulher respondeu. Ela estava gostando disso,


percebeu. "Você pode usar esse uniforme e agitar seu galho idiota, mas você sabe que
tem mais em comum comigo do que com qualquer pessoa naquele castelo." A loba
lambeu os lábios, "Eu vim trazer você para casa, Remus Lupin."

"Porque agora?"

“É a hora certa”, ela inclinou a cabeça, “o pai prefere esperar até a nossa maioridade -
para que possamos ir a ele com uma verdadeira compreensão do nosso lugar no
mundo; o lugar que a sujeira humana nos impôs. Mas o tempo é curto para todos nós,
esses dias.”

"Eu não vou com você." Ele disse. "Eu pertenço a este lugar. Eu sou um bruxo."

A loba riu de novo, uma risada gutural e profunda que estremeceu em seu peito e o
contou sobre longos invernos frios em lugares difíceis e implacáveis.

“Um bruxo,” ela cuspiu a palavra, tristemente. “Pensar que uma besta magnífica como
você aspiraria ser tal criatura! Você não sabe metade do poder que possui, Remus
Lupin. Nem Dumbledore.”

"Ainda não vou a lugar nenhum."

“Meu pai suspeitou que você seria difícil. Ele está muito ansioso para conhecê-lo.”

Isso enviou um arrepio para a espinha de Remus. Ela sorriu novamente, lendo-o como
um livro. Ele engoliu, secamente, ignorando a cerveja amanteigada agora,

"Eu quero encontrar ele." Respondeu, rigidamente.

397
"No tempo certo" A mulher acenou com a cabeça, "Uma vez que você entender seu
lugar."

"Como ele é?" Remus mal murmurou a pergunta. Os olhos de Lívia brilharam e ele
teve a impressão de que ela não o via; ela estava imaginando algo maravilhoso.

“Ele é magnífico.”

"Você acha isso…?!" Lupin mal conseguia esconder a emoção de sua voz, "Você o
chama de pai depois do que ele fez com você?"

"Ele me elevou." Seus olhos focalizaram novamente, as sobrancelhas franzidas em


uma carranca, “Ele me deu o maior presente. E ele deu a você, Remus Lupin. Seu pai
está chamando você para casa.”

"E é para isso que você está aqui, não é?" Ele a olhou de cima a baixo. Livia deu de
ombros minimamente.

“Meu pai esperava que eu fosse a pessoa certa para persuadi-lo. Eu aprendi na véspera
de Natal que ele estava errado - não sabíamos que seus desejos estavam em outro
lugar.” Ela lambeu os lábios novamente, seus olhos o percorrendo, “Deve saber que
isso não será um problema. O bando não discrimina. Você encontrará alguém que lhe
agrade.”

"Eu não estou indo a lugar nenhum." Repetiu. “Você pode dizer isso a ele. E eu quero
que você vá embora antes da próxima lua. "

“Não se iluda, meu querido irmão,” ela arqueou uma sobrancelha, “Eu estou aqui a
pedido de meu pai. Vim falar com você e nada mais.”

"Você assassinou uma mulher!"

398
“Lobos não podem assassinar, Remus Lupin. Eu esperei por você. Quando você não
veio, eu segui minha natureza. Não é fácil, eu sei. Aprender que o mundo não é o que
parece é muito doloroso. Mas você aprenderá. E você virá até nós.”

Ela batucou um ritmo na mesa encharcada de cerveja com suas unhas nojentas, e mais
uma vez Remus se viu congelado no lugar. Livia sorriu e correu uma garra enegrecida
pelo braço dele, lentamente. Era horrível, vil, revoltante, lhe causava arrepios em sua
carne, mas ele não conseguia escapar.

“Eles vão te prender, exatamente assim,” ela sussurrou, “Eles vão te prender,
acorrentar e amarrar até que você esteja meio louco de fome. Você será espancado e
traído. Você ficará sozinho e viverá com medo. Isso é uma promessa, Remus Lupin. "

Seu coração batia forte contra sua caixa torácica, ele estava tonto de terror, mas ainda
não conseguia se mover, falar ou reagir. A loba cravou as unhas em seu braço, e
Remus não conseguiu gritar, mas lágrimas de dor brotaram de seus olhos enquanto
gotas de sangue escuro borbulhavam por sua pele ferida. “E você virá até nós,
rastejando, derrotado, e seu pai irá recebê-lo de braços abertos e com o amor do
bando. Você nunca ficará sozinho novamente.”

* CRACK *

Alguém aparatou no bar, chamando a atenção de Livia. Remus não conseguia virar a


cabeça para ver, mas ela o fez, ainda segurando seu braço com toda a força, o rosto da
mulher se tornou azedo e irritado.

“Argentum creo!” Uma voz rouca gritou, e Livia guinchou, se soltando de Remus e


cobrindo o rosto enquanto correntes de prata saíam do encantamento, enrolando-se em
seu pescoço e braços. Gemendo de dor, ela sibilou para ele,

"Eu te verei em breve, irmão!" Antes de aparatar, com um * CRACK * empolado.

399
As correntes de prata caíram no chão coberto de poeira como uma cobra brilhante, e
Remus caiu para frente, finalmente livre. Ele se afastou de seu salvador e vomitou, seu
braço latejava e a prata fazia sua cabeça girar.

“Finite.” A mesma voz rouca disse, fazendo as correntes (e o vômito) desaparecerem


em um instante, “Desculpe por isso, Remus.”

Leo Ferox sentou-se no assento oposto, onde Livia estivera segundos antes. Lupin
piscou para ele com os olhos marejados e balançou a cabeça, limpando a boca
rapidamente,

"Tudo bem ..." murmurou, sentindo-se fraco e abalado até o âmago. "Obrigado."

"Você está bem?" Ferox perguntou, seus olhos azuis cheios de preocupação paternal.

"Acho que sim, é apenas a prata ..." Remus assentiu, segurando o braço e tomando um
gole rápido de cerveja amanteigada para limpar o gosto amargo em sua
boca. "Sim." Então acenou com a cabeça novamente.

"Bom." O rosto de Ferox ficou sério. Ele estendeu o braço sobre a mesa e deu um tapa
na nuca de Remus. O garoto resmungou e se abaixou, mais por choque do que por
dor. Olhou para seu antigo professor, ferido. O homem lhe encarou de volta "Então,
você pode me dizer o que diabos você pensa que está fazendo!?"

"Eu estava ... ela era ..."

“Eu sei exatamente o que ela era. Nós estamos rastreando ela há semanas.”

"Nós?"

“Eu e o Moody” disse Ferox, impaciente, como se esse não fosse o ponto. “Eu não te
disse o quão perigoso Greyback era? Não fui claro!?”

"Você foi claro." Remus fez uma careta. “Mas eu posso fazer minhas próprias
escolhas.”

400
"Obviamente." O homem rosnou.

O barman alto e de barba branca apareceu no ombro de Ferox, com um copo de


Whisky de fogo. Ele aceitou e engoliu de uma vez. “Obrigado, Aberforth,” acenou
com a cabeça para o barman, que fez o mesmo e se afastou novamente. Ferox
balançou a cabeça, ainda zangado. “Você tem sorte por ele ter visto você. Você tem
sorte de ele saber o suficiente para entrar em contato com Moody antes de contatar
qualquer outra pessoa!”

"Por que, quem é ele?" Remus se virou para olhar.

"Não importa." Ferox retrucou, chamando sua atenção de volta. "Mas você tem sorte
para caralho."

“Ok, ok!” Remus olhou para suas mãos. Seu braço havia parado de sangrar, mas
estava doendo de forma muito desagradável. Quem sabia que tipo de sujeira ela tinha
sob as unhas. "Eu sinto muito."

"Não é bom o suficiente, Remus!" O homem suspirou profundamente. “Você foi


estúpido e descuidado, e poderia ter morrido! Você sabe o que eles querem? Você
sabe por que ela estava esperando por você?!”

"Sim." Ele respondeu, grosseiramente, cruzando os braços com cuidado para não bater
naquele que estava doendo "Ela me contou."

Ferox bufou, furiosamente,

“Eles querem fazer de você um deles!”

“Já sou um deles!” Remus gritou, levantando-se tão rápido que seu banquinho voou
para trás, batendo no chão sujo do pub e atraindo a atenção de todos. Ele não se
importou e começou a andar para a porta. Ferox o seguiu para fora. E Lupin andou
mais rápido, indo para a Dedos de mel, “Você não é meu pai. Você nem é mais meu
professor, então dê o fora e me deixe em paz!”

401
Seu terror havia se transformado em raiva tão rapidamente, sua cabeça ainda latejava
pela prata e por ter levado um tapa (assim como a porra Diretora, os adultos malditos
são todos iguais), seu braço doía e coçava mais do que nunca. E Remus não era rápido
nem nos seus melhores momentos. Ferox o alcançou facilmente e agarrou seu ombro,

“Ei! Olha, talvez eu tenha sido um pouco duro, mas ... Jesus Cristo, Lupin! Você deu
um susto em todos nós"

Remus parou ao ouvir isso,

"Todos?"

O homem suspirou novamente.

"Vamos. É melhor eu te levar de volta ao castelo. Há algumas pessoas esperando por


você.”

Antes de começarem a caminhar de volta, Ferox lançou um patrono, um pássaro


enorme e de pernas longas, para enviar uma mensagem a Hogwarts de que os dois
estavam seguros.

"Dumbledore sabe, então." Remus suspirou.

"Receio que sim."

"E McGonagall, suponho."

"Você estará enfrentando muitas detenções, Remus, não vou mentir para você."

Lupin bufou e olhou para Ferox apropriadamente pela primeira vez. Na verdade - ele
não precisou olhar para cima. Nos dois anos desde que se conheceram pela última vez,
o garoto havia alcançado sua altura. Estavam cara a cara. O antigo professor ainda
tinha cabelos dourados, ainda Era asperamente bonito e castigado pelo tempo, mas
não era mais o herói que Remus adorara aos treze anos. Ele era apenas um homem -
um soldado em uma guerra, como todos eles.

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"Eu realmente sinto muito." Lupin disse, "Eu sabia que era estúpido, não consigo nem
me explicar."

"Ah, você não precisa, rapaz", Ferox bateu com a mão em seu ombro, "É natural,
sabendo o que você sabe sobre ele."

"Eu nunca conheci outro ... lobisomem ... antes." Falou. "Eles são todos assim?"

Ferox olhou para ele de lado,

"O que você acha?"

Remus pensou sobre isso enquanto caminhavam e, eventualmente, balançou a cabeça.

"Não, suponho que não podem ser." Ele suspirou: “Existem pessoas boas e
más. Bruxos bons e maus. Por que os monstros deveriam ser diferentes?”

"Remus, meu velho amigo, se você pudesse fazer todo mundo entender isso, então não
acho que haveria uma guerra."

***

Ele foi levado direto ao escritório de Dumbledore. Remus nunca havia estado dentro
dele antes, e era quase tão indutor de ansiedade quanto encontrar Livia. Era uma sala
arejada de teto alto com retratos cobrindo as paredes e armários cheios de curiosidades
estranhas. Terrivelmente, Dumbledore estava sozinho, sentado em sua mesa,
escrevendo em um longo pedaço de pergaminho. Lupin ficou em silêncio por, pelo
menos, cinco minutos.

"Sr. Lupin." O diretor disse, finalmente. “Parece que sempre nos encontramos nas
condições mais desagradáveis.”

"Sim. Exatamente." Remus concordou. Havia tido uma noite muito ruim para se


preocupar muito com o que Dumbledore tinha a dizer. Eu disse que lutaria pela sua
maldita causa, velho, o que mais você quer?

403
O diretor observou sua indiferença cuidadosamente.

"Você fez uma coisa muito perigosa esta noite."

"Sim", ele ergueu o braço enfaixado.

"Você sabe que não é a isso que me refiro."

"Eu sei." Remus respondeu, abaixando a cabeça, tentando parecer arrependido. Se ele


não tivesse tido a chance de se acalmar com Ferox, então teria muito mais a dizer. Eu
sei, professor, você não está se referindo a nenhum dano corporal que eu possa ter
sofrido. Essa é claramente a menor de suas preocupações, considerando que eu estive
me destroçando por oito anos antes que alguém decidisse intervir.

Dumbledore, é claro, não sabia sobre o segredo dos marotos. Ele pode muito bem
saber sobre os esforços de Madame Pomfrey para ajudar Remus, mas se soubesse, não
demonstrou interesse.

Então Lupin calou a boca e recebeu sua punição, esperando que, eventualmente,
Dumbledore o liberasse e ele pudesse simplesmente voltar para a cama. Houve uma
palestra sobre responsabilidade e maturidade. Um lembrete severo de que a guerra é
maior do que ele e que seus próprios motivos pessoais não importavam. “Todos nós
temos que fazer sacrifícios ...” (sim, Remus zombou, interiormente, alguns mais do que
outros, provavelmente.)

"Você entende, Remus?"

"Sim, diretor."

Depois disso, ele teve que dar a Dumbledore um relatório detalhado de tudo que ele e
Livia discutiram. Não foi muito - Remus não pôde deixar de se sentir um pouco
decepcionado com o quão pouco ele havia aprendido sozinho. O velho parecia
satisfeito, entretanto - tanto quanto Dumbledore parecia estar uma coisa ou

404
outra. Vários dos relógios em um dos armários de vidro começaram a soar e Lupin
percebeu que eram três horas da manhã e reprimiu um bocejo.

“Sim,” Dumbledore acenou com a cabeça, como se Remus tivesse acabado de fazer
um ponto muito interessante, “Talvez isso seja o suficiente por esta noite. Você pode
ir para a cama, Sr. Lupin. "

Remus balançou a cabeça sonolentamente e se levantou, esfregando o quadril, que


estava rígido por ficar sentado em assentos de madeira duros a noite toda.

"Professor?" Ele chamou antes de sair. Dumbledore havia voltado a escrever cartas, e


não deu nenhum sinal de que havia ouvido o garoto, então Remus apenas continuou
de qualquer maneira, “Livia disse que eu não sabia metade do poder que tinha. E ela
podia fazer magia sem uma varinha, e magia sem palavras, e-”

“Os talentos dela não eram nada fora do comum, Sr. Lupin,” O diretor respondeu, sem
olhar para cima, “Ela claramente estudou as artes das trevas, e pode ser
particularmente talentosa. Não pense muito sobre isso.”

"OK então." Remus respondeu, ainda mais desapontado. "Er ... o professor Ferox


ainda está aqui?"

“O Sr. Ferox vai ficar em Hogsmeade por mais alguns dias. Boa noite, Remus. "

"Hum ... boa noite, diretor."

A Professora McGonagall estava esperando por ele fora do escritório. Ela parecia


furiosa, mas não disse nada.

"Tenho certeza de que você já recebeu bronca o suficiente por uma noite." A
professora disse, rigidamente.

"Ah," Remus suspirou, "Posso aguentar um pouco mais, se isso fizer você sentir
melhor."

405
Ela ergueu uma sobrancelha para ele, resmungou, mas continuou andando. Quando
chegaram ao buraco do retrato, a mulher parou e disse:

“Dois meses de detenção, todas as noites, exceto na lua cheia. E diga a esses meninos
para irem para a cama imediatamente.”

Ele rastejou até a sala comunal e encontrou James, Sirius e Peter lá, esperando em
seus pijamas. James estava andando de um lado para o outro perto da lareira, Peter
estava tentando não dormir, apoiando-se no cotovelo, e Sirius, que estava sentado
ereto em uma poltrona, levantou-se em um salto no momento em que o viu.

“Você acha que isso é uma brincadeira?!” Ele gritou, atravessando a sala, "Fugindo
por conta própria!"

"Por favor, não, Padfoot, estou exausto ..." Remus suspirou, estremecendo. Estava
ficando com dor de cabeça. Ele só queria dormir - chega de conversa esta noite.

"Você tem alguma ideia de como foi descobrir que você sumiu?!" Sirius gritou. Remus
ergueu uma sobrancelha para ele.

O moreno piscou e deu um passo para trás ligeiramente, olhando para baixo. "Para
todos nós, quero dizer."

"Eu posso imaginar." Lupin disse, “E me desculpe, mas, por favor, posso ir para a
cama? Você pode brigar comigo de manhã. "

"Sim, relaxa, Black." James se aproximou e colocou a mão no ombro de Sirius. O


moreno encolheu os ombros, agitado. Potter suspirou, tirando os óculos. “É tarde,
estamos todos cansados. Tem certeza que está bem, Moony? "

"Tenho." Remus acenou com a cabeça, muito, muito grato a James Potter.

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Capítulo 107 : Sexto Ano: Negociações

Domingo, 15 de janeiro, 1977

Ele acordou o mais tarde possível na manhã seguinte para adiar novos confrontos. Não
poderia falar com eles, ainda não, não até que sua cabeça estivesse em ordem. Eles
teriam tantas perguntas - algumas não conseguiria responder, outras, não queria. Lupin
tomou banho por mais tempo do que o normal - algo de Livia parecia se agarrar a ele,
então aumentou a pressão da água, tentando afogá-la. As marcas de garras que a
mulher havia deixado já estavam sarando, mas ainda coçavam sob seu suéter de lã
áspero.

Lavado e vestido, Remus foi até seu baú e procurou um pedaço de pergaminho antes
de rabiscar uma nota desordenada:

Se você ainda estiver na aldeia, gostaria de falar com você novamente.

Dobrou-a às pressas, enfiou no bolso e se dirigiu ao corujal. Os marotos estavam todos


no salão comunal, quase no mesmo estado em que estiveram na noite anterior. Remus
os olhou em pânico, então abaixou a cabeça e continuou andando.

“Moony, espere ...” os meninos o seguiram, todos os três, pelo buraco do retrato. Não
importava, não podiam discutir isso abertamente, ele sabia disso e eles sabiam
também.

"Vou ao corujal." disse, marchando a frente.

"Você não quer café da manhã?" Peter perguntou.

"Depois."

407
"Moony, podemos conversar sobre o que aconteceu ontem à noite?" James perguntou,
ainda parecendo muito cansado. Remus supôs que ele estava suportando o impacto da
frustração de Sirius. Bom; deixe outra pessoa fazer isso um pouco.

"Aqui não."

Infelizmente, todos o seguiram até o corujal – que, por acaso, estava completamente
vazio - exceto por corujas, é claro, a maioria das quais estavam dormindo.

"Para quem você está escrevendo?" Sirius perguntou imediatamente. Remus fechou os


olhos, suspirou e voltou a amarrar seu bilhete na coruja mais próxima.

“Ferox. Meu antigo professor.”

"Por quê?!"

Lupin largou o barbante que estava usando e resmungou quando teve que se curvar
para pegá-lo. Então, continuou a explicar, calmamente.

“Ele está em Hogsmeade. Eu o vi ontem à noite, mas quero vê-lo novamente.”

"O que ele estava fazendo em--"

Lupin resmungou novamente, se atrapalhado em sua terceira tentativa de amarrar o


bilhete na perna agitada da coruja. Sirius estava parado perto demais, inclinado sobre
ele, exigindo respostas e Remus mal conseguia se concentrar.

“Ele está trabalhando com Moody e foi convocado para me trazer de volta...”

“Convocado por quem?”

"Puta que pariu, me dê um minuto, ok?!" Explodiu.

Black deu um passo para trás, parecendo que gostaria muito de dizer algo, mas estava
mordendo a língua. James tocou seu ombro novamente. Remus ignorou os dois e

408
amarrou a carta ao pássaro - talvez um pouco apertado demais, porque a coruja o
bicou com raiva antes de voar em direção à aldeia. Ele poderia ficar lá esperando,
talvez não demorasse muito. Mas seu estômago roncou, então se virou para olhar para
seus amigos.

"Está bem. Café da manhã?"

“Você vai nos contar...”

“Sim, Padfoot, sim. Vamos hum ... pegar uma torrada e dar uma volta ou algo assim,
ok? "

Então foi isso que fizeram. Remus passou manteiga em, pelo menos, cinco fatias de
torrada no Salão Principal, embrulhou-as em guardanapos e enfiou todas nos bolsos de
suas vestes. Os outros três marotos o seguiram, observando com cautela, como se
ainda não tivessem certeza do que fazer com ele.

"Certo." Disse, uma vez que estavam do lado de fora: “Vocês todos precisam calar a
boca e me deixar contar, ok? Sem interrupções.”

Todos assentiram solenemente enquanto caminhavam. Ele viu Sirius apertar os


lábios. Difícil, Remus pensou, maldosamente. Você vai me ouvir, pelo menos uma
vez. Então, falou.

Havia achado muito mais fácil do que contar a Dumbledore - pelo menos sabia que,
com certeza, os marotos estavam ao seu lado. Ele tentou explicar tudo com o mínimo
de contexto emocional possível. Sabia que havia um lobisomem por perto. Foi
procurá-los, conheceu Livia, Ferox acabou intervindo.

“Moody falou comigo no verão passado”, explicou, finalmente, “Ele disse algo para
mim, e isso me fez ... apenas me fez pensar sobre o quão útil posso ser, só isso. Eu
tenho que parar de olhar para o meu problema como ... bem, como um problema. Se
vamos guerrear com criaturas das trevas, então, como uma criatura das trevas, eu
quero ser ...”

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"Você não é uma criatura das trevas." James disse, de repente, "Você é nosso Moony."

Remus encolheu os ombros. Não teria apostado que James fosse ser o primeiro a
interromper, mas agora estava muito feliz por ele ter feito isso. Então, deixou a pausa
no ar; não havia mais nada a dizer. James ainda estava olhando para ele, com uma
pequena ruga entre as sobrancelhas. O menino empurrou os óculos para cima do nariz,
claramente pensando muito profundamente. Peter, é claro, parecia ansioso. Ele estava
olhando para os próprios pés, esfregando as mãos. Remus não olhou para Sirius. Em
vez disso, procurou seus cigarros.

“Então,” Potter disse, depois de engolir em seco, “Ela se foi agora, não é? A
lobisomem?"

"Livia," Remus o corrigiu, o cigarro entre os dentes, "Sim, acho que Ferox a
assustou."

“Certo,” James acenou com a cabeça, muito mais confortável falando sobre ações
sólidas, “E aposto que com Moody no caso, ela não volta tão cedo, hein? Então, você
está com muitos problemas? Com Dumbledore? "

"Acho que não." Lupin suspirou, esfregando o quadril dolorido, "Eu acho que
Dumbledore estava mais preocupado comigo estragando seu plano de espionagem, do
que por eu ter quebrado qualquer regra."

“Ele não gostaria de te ver machucado. Ou qualquer um de nós.” James disse,


sinceramente. Ele observou a postura desajeitada de Remus, "Vamos, tem um banco
aqui perto, você pode terminar sua torrada lá."

Todos caminharam lentamente em direção à beira do lago, onde havia alguns bancos
de pedra. Estava muito frio para qualquer outra pessoa sair neste horário de domingo,
e Remus observou a névoa do fim da manhã se espalhar pela superfície escura da
água, enquanto mastigava os restos de suas torradas. Sirius não havia falado desde o
corujal, e Remus estava tentando não notar. Black se sentia traído - ele sabia disso,

410
tanto quanto sabia seu próprio nome. Se sentia traído mesmo que, realmente, não
tivesse o direito de se sentir assim. Isso não é sobre você. Lupin queria sibilar para o
Sirius triste e silencioso.

“Não posso acreditar que todos nós dormimos durante a noite mais emocionante do
ano, hein.” James o cutucou, tentando trazer um pouco de suavidade para a atmosfera
sombria.

“Não foi tão emocionante,” Remus sorriu de volta, dando a ele o que queria, “Eu fui
um merda. Se Ferox não tivesse aparecido... não sei.’’

"Você acha que ela poderia ter aparatado com você?" Peter perguntou, ainda torcendo
suas mãozinhas rechonchudas.

"Não sei." respondeu, “Eu acho ... eu tive a impressão de que, de certa forma, ela
precisava que eu concordasse. Como se tivesse que ser eu quem tomaria a decisão -
caso contrário, suponho que todos eles poderiam simplesmente se unir e me
sequestrar.”

"Bem então!" Potter disse, batendo em sua coxa, de forma triunfante, “Não há nenhum
problema, então, não é? Bem, quero dizer, não há dúvida.”

"Não, claro que não." Remus disse, rapidamente, "Eu nunca me juntaria a Greyback."

"Bem, então." James repetiu, satisfeito.

Lupin olhou para as mãos, ainda oleosas por conta torrada. Ele as enxugou nas pernas
da calça. Claro que não. Claro que ele nunca faria. Exceto. "Moony?" Potter chamou,
sentindo um estranho silêncio.

"Eu nunca me juntaria a ele." Remus disse, com cuidado. "E Livia era ... ela era
horrível, mas." Ele respirou, "Nem tudo que ela disse estava errado."

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"O que isso deveria significar?" Sirius explodiu. Lupin ainda não o olhou, seu corpo
ficando quente.

"Só que - bem, os bruxos nos tratam injustamente e ... e ... ugh, vocês não
entenderiam."

Black deu um pulo, como se tivesse sido ferido, a ponto de quebrar. Ele olhou para
Remus como se fosse começar a gritar. Então se afastou, em um ritmo impossivel de
ser seguido.

"Black!" James se levantou, "Ei!"

“Tudo bem." Remus acenou com a mão, "Desculpe, eu não deveria ter dito nada, não
posso explicar direito."

"Ele tem sido um idiota mal-humorado ultimamente." Potter bufou, ainda observando


o outro garoto ir embora.

"Vá atrás dele, se quiser," Lupin disse. “Honestamente, você é o melhor em acalmá-lo


quando ele está assim. Eu e o Wormy vamos encontrar você mais tarde, certo? "

"Ok ..." James disse, já se movendo, "Obrigado, Moony!"

"Aqueles dois são tão estranhos às vezes." Peter resmungou, observando James


correr. “Eu juro que nunca mais sei o que se passa com as pessoas. É tudo guerra isso
e guerra aquilo ...”

"Sim, é um pouco chato, não é." Remus respondeu. Ele quis dizer isso


sarcasticamente, mas o pobre Peter nunca foi muito rápido para entender.

“Sim, você sabe o que quero dizer, não é, Moony? Eu só acho ... temos apenas
dezesseis anos, não podemos pensar em outra coisa senão fazer a 'coisa certa' o tempo
todo? Costumávamos nos divertir.”

412
Lupin estava apenas ouvindo pela metade. Ele se espreguiçou, esfregando o quadril
novamente para ver se ele se moveria.

“Acho que preciso voltar para a cama, Pete. Ou a biblioteca. Por que você não vai ver
Dezzie?”

"O que? Você não sabia?!” Peter o encarou incrédulo, enquanto ajudava Remus a se


levantar.

"Sabia o que?" perguntou, arqueando as costas novamente para ter certeza que estava
tudo no lugar.

"Ela me deu um fora."

"Ah, merda." Lupin piscou, “Desculpe, cara! Foi ontem à noite também? "

“Semana passada.” Peter disse, com uma frieza incomum em sua voz.

"Desculpe!" Remus respondeu, envergonhado. Ele não achava que tinha realmente


falado com Peter sobre qualquer coisa nas últimas semanas - estivera tão envolvido
com Sirius, e a alcateia, e Sirius e Christopher ... ele decidiu que focaria mais em seus
amigos. Afinal, assim que fizesse dezessete anos, eles seriam tudo o que
tinha. "Eu realmente sinto muito, Wormtail." Disse, gentilmente: "Quer jogar xadrez?"

***

Segunda-feira, 16 de janeiro, 1977

Remus ficou genuinamente triste ao ouvir sobre Peter e Dezzie. Ela nunca fez parte do
grupo deles, mas era uma garota legal e deixava Peter feliz - ela havia dado a ele algo
que James e Sirius não haviam, e isso era especial por si só. O rompimento foi
ostensivamente devido a uma mudança de atitude. Eles namoravam desde os quatorze
anos, e aos dezesseis, parecia que Desdêmona queria abrir um pouco as asas.

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"Ela poderia mudar de ideia?" Remus sugeriu a um Peter carrancudo no terceiro jogo
de xadrez.

"Duvido," Pettigrew bufou. “Acho que ela tem uma queda por aquele tal de Roman
Rotherhide. Babaca. Cavalo para F3.”

"Eu pensei que Mary estava saindo com ele?"

“Mary sai com todo mundo,” Peter riu, maldosamente. "Ela é como a versão feminina
de Padfoot."

A resposta de Ferox chegou mais tarde naquele domingo à noite.

Remus,

Infelizmente, não posso convidá-lo para Hogsmeade, mas posso encontrá-lo para
jantar na segunda-feira à noite no castelo. Encontro você fora do Salão Principal às
18h.

Isso foi ok. Bom o suficiente - ele poderia perguntar o que precisava perguntar em
qualquer lugar. Como de costume, Remus foi para as aulas na segunda-feira e contou
aos marotos na hora do almoço. Sirius voltou a falar com ele, mas não
adequadamente. Para cada pequeno passo à frente, ele e Remus pareciam dar três
passos enormes para trás.

“Vou tomar chá com Ferox esta noite”, explicou. "Então, não vou ver vocês mais
tarde."

Ele sabia que James tinha treino de quadribol, e Peter o estaria assistindo, agora que
ele não tinha namorada. Sirius se endireitou.

"Devemos ir também?"

"Por quê?" Remus perguntou, fixando-o com um olhar frio. Black deu de ombros e


olhou de volta para sua sopa.

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Quando o relógio marcou seis horas, Lupin estava praticamente marchando pelos
corredores. Ele não queria parecer muito ansioso, então esperou no piso acima antes
de descer a escada principal, apenas um minuto depois da hora marcada. O que acabou
sendo um engano. Quando chegou lá, Mary havia encontrado Ferox e puxava
conversa.

"Remus!" Ela sorriu enquanto ele descia, "Olha quem está aqui!"

"É o Sr. Lupin quem estou aqui para ver," Ferox sorriu facilmente, apertando a mão de
Remus. Tudo parecia muito adulto.

"Estou tentando convencê-lo a voltar e nos ensinar de novo," Mary explicou


alegremente, "Sentimos falta dele, não é, Remus?"

"Er ... sim, claro." Lupin concordou. Mary sorriu e tocou seu antebraço, inclinando-se
para ele de uma forma muito familiar. Ele não conseguia se lembrar se ela já havia
feito isso antes.

"Você pode esperar aqui?" Ela perguntou a Ferox, ainda tocando Remus, "Marlene
descerá em um minuto, ela adoraria ver você ..."

“Temo que precisamos ir”, Ferox disse, gentilmente, “Talvez outra hora, Srta.
MacDonald. Remus, vamos? "

Remus seguiu Ferox escada acima, ao invés de irem em direção ao corredor, deixando
Mary lá embaixo. "Achei que poderíamos ter um pouco de privacidade", o ex
professor murmurou, "O professor Kettleburn gentilmente me emprestou meu antigo
escritório."

Remus só esteve no escritório de Trato das Criaturas Mágicas uma vez desde que
Ferox saiu - para solicitar uma extensão de uma redação depois da lua
cheia. Kettleburn era um tipo de homem espartano, que optou por não decorar a sala,
mas haviam pilhas de papeladas espalhadas por todo o lugar. Ferox arrumou isso
cuidadosamente com um assobio de sua varinha, antes de convocar bebidas e dois

415
pratos para o jantar. A comida apareceu exatamente como no Salão Principal -
presunto, ovo e batatas fritas desta noite.

"Meu favorito," Ferox sorriu, apontando para Remus começar a comer. Os dois
ficaram quietos por alguns minutos, e o aluno gostou da novidade de compartilhar um
jantar com um amigo, ao invés de com centenas de pessoas.

"Então." Ele disse, comendo o resto de sua gema de ovo com uma batata frita, "Eu
queria falar sobre Livia."

"Olhe para você", O professor acenou para ele, "Dois anos atrás, eu mal conseguia
faze-lo me dizer duas palavras sobre você."

Remus encolheu os ombros,

“Não há mais tempo para ser tímido, suponho. Há uma guerra acontecendo.”

"Eu sei muito bem disso, não sei?" Ferox suspirou. "Tudo bem, vá em frente, rapaz,"

"Está bem." Remus respirou fundo. “Eu não quero me juntar a ela - eles -


Greyback. Eu não quero fazer parte de seu ... seu bando, ou algo assim. "

O mais velho assentiu, mas não disse nada. Remus, encorajado, continuou, “Mas ... eu
acho que poderia encontrá-los facilmente. Eu acho que eles poderiam me encontrar. E
eles ainda me querem. É isso que Dumbledore quer, não é? Um atalho para os
lobisomens. Eu posso fazer isso. Sei que o que fiz foi estúpido - e não vou fazer de
novo, não enquanto estiver em Hogwarts, não até ter, pelo menos, a maioridade. Mas
... agora eu a conheço, agora eu sei como eles são, não tenho medo. Eu posso fazer
isso."

"Eu vejo. Dumbledore disse ...”

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"Não, mas não sou estúpido." Remus disse, com desdém, “Ele não me pediu para fazer
nada, porque ele nunca pede. Ele apenas garante que você saiba o que ele quer. Mas há
coisas que eu também quero.”

"E o que é isso?"

“Não vou me registrar, no meu aniversário.” Lupin disse, firmemente. “Não vou me


expor ao ministério. Eu investiguei - se eu fizer isso, terei que me apresentar a eles por
três dias, todos os meses. Eles vão me prender – eu acho, não ficou muito claro com as
informações que eles divulgam. Não consigo manter um emprego assim. Se
Dumbledore precisa de um espião, então ele precisa que eu não seja rastreável
também. "

"Entendo", disse Ferox novamente, "mas ..."

"Eu não terminei." Remus o cortou. "No futuro. Se vencermos. Eu quero anistia para


os lobisomens. Até para o bando de Greyback. Não Greyback, obviamente, mas seus
seguidores.”

"Remus, isso é completamente-"

"Não, não é." Lupin cruzou os braços. “Você não sabe. Livia pode ser uma idiota, mas
ela não está errada. A escolha entre liberdade sob Greyback ou prisão sob o ministério
é fácil de fazer.”

Ferox o olhou por um longo tempo. Remus bebeu seu suco de abóbora, com a
garganta muito seca. Seu coração batia tão rápido que ele pensou que o professor
poderia ouvir.

"Essas não são necessariamente coisas que Dumbledore pode fazer", ele disse,
lentamente.

"Besteira." Remus largou sua taça na mesa, um pouco forte demais.

417
"Eu posso levar para ele." O ex professor suspirou, parecendo derrotado, "Mas eu não
posso fazer promessas."

“Bem,” Lupin respondeu friamente, “Eu faço dezessete em dois meses. Portanto, esse
é o prazo.”

"Caramba." Ferox coçou a cabeça. Ele parecia impressionado, em vez de zangado


“Você me faz lembrar do Lyall agora. O que aconteceu com o garoto de cabeça quente
que estava sempre se metendo em encrencas? "

"Eu ainda tenho a cabeça quente." Remus disse simplesmente, “Acho que Lyall
provavelmente também tinha. Não é que eu ache que Dumbledore pode resolver todos
os meus problemas. Mas eu queria colocar todas as minhas cartas na mesa.”

"Justo." O homem acenou com a cabeça. "Tudo é justo no amor e na guerra, hein?"     

"Eu não saberia sobre isso." Respondeu.

Seus pratos desapareceram de repente, e então reapareceram, trazendo duas grandes


fatias de bolo de chocolate coberto com frutas. Eles comeram em silêncio, ambos
imersos em pensamentos, ocasionalmente trocando olhares.

"Como vai com o Moody?" Remus perguntou, casualmente. "Suponho que você


provavelmente não pode me dizer nada."

“Você provavelmente está certo.” Ferox assentiu. “Mas Moody está


bem. Completamente maluco, mas estou feliz por ele estar do nosso lado.”

"E Achilles?"

"Achilles está bem." O mais velho sorriu. “Ficando com um amigo meu. Falando nisso
- há quanto tempo o romance está acontecendo, hein, Lupin? "

"O quê?!" Remus o encarou com olhos arregalados. Ferox riu,

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“Com a senhorita MacDonald, lá embaixo? Eu teria pensado que você combina
melhor com Marlene, mas suponho que o coração quer o que quer, hein?’’

"Ah!" Relaxou, "Não, Mary é apenas uma amiga."

"Hm", O homem resmungou, obviamente não acreditando muito nele. "O que causou
essa mudança de personalidade, então?"

“Por que tem que ser sobre uma garota? Dois anos é muito tempo.” Remus disse,
irritado. “Não é como se eu tivesse mudado de repente. Olha, a primeira vez que disse
que ajudaria Dumbledore a lutar, foi quando eu tinha quatorze anos.” Ele tentou
explicar. "E então, no ano passado, James Potter disse que planejava se juntar também,
assim que saísse da escola, e todos nós dissemos que também iríamos, e eu ... É obvio
que eu iria, você sabe, mas só porque James e Sirius queriam. Eu mesmo nunca tive
um motivo, na verdade.”

“Todos vão sofrer, se você-sabe-quem ganha.” Ferox disse.

"Sim, suponho." Remus assentiu diplomaticamente. "Eu sei. Mas eu quis dizer ... bem,


eu nunca tive muito interesse nisso antes. Agora que conheci Livia, não acho que nada
vai ser tão bom para mim depois que a escola acabar, não importa quem esteja no
poder. Eu quero uma chance. Se eu viver.”

“Você não deve se comparar a eles, Remus. Ao bando"

“Eu realmente não posso evitar, posso? Todo mundo vai fazer isso por mim. Você
conhece meu amigo, Sirius Black?”

“Não muito bem.” O homem respondeu. “Os Potters o acolheram, não foi? Achei um
pouco estranho, conhecendo a família dele.”

"Exatamente!" Remus disse, triunfante, “Sirius é meu melhor amigo, e um Grifinório,


e os Potter o amam – mas, para todos os outros, ele ainda é um Black. Ele vai passar o
resto da vida tentando não ser, não importa quantas coisas boas faça. Porque as

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pessoas nunca esquecem coisas assim - elas pensam que o que você é, faz de
você quem você é. É o mesmo para mim."

Lupin estava lutando para continuar explicando. Ferox parecia completamente


perdido. Ele suspirou pesadamente, “Sinto muito que tenha que passar por você. Você
é a única pessoa que conheço e confio que tem alguma importância para
Dumbledore. A única pessoa que confia em mim.”

Ferox o observou novamente, com uma expressão firme.

“Eu vou tentar, Remus. Você está pedindo muito.”

Lupin franziu a testa. Ele pensou em Livia - seus pés descalços, suas roupas
esfarrapadas; sua tosse terrível e o olhar vazio em seus olhos. Não era jeito de se viver.

Poderia estar pedindo muito. Porém, Remus nunca havia pedido nada antes em toda
sua vida. Ele esperava que Dumbledore se lembrasse disso.

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Capítulo 108: Sexto Ano: Mary Mary

Mary, Mary, where you goin' to?

Mary, Mary, can I go too?

This one thing I will vow ya,

I'd rather die than to live without ya,

Mary, Mary, where you goin' to?

- ‘Mary’, The Monkees

Sexta-feira, 5 de fevereiro de 1977

O resto de janeiro pareceu passar rapidamente em um borrão, e Remus apenas tentou


voltar ao normal. A lua cheia caiu no início do mês e ele ameaçou trancar os marotos
fora da Casa se eles não prometessem ficar do lado de dentro desta
vez. Eventualmente, sabia que iria fraquejar e permitir que começassem a deixá-lo sair
novamente - mas ele sentiu que deveriam ter cuidado, pelo menos por um tempo.

A distância repentina entre Remus e Sirius era dolorosa, e tornou-se ainda mais difícil
pelo fato de que o relacionamento deles (se poderia ser chamado dessa forma) sempre
fora um segredo. Lupin recorreu à sua tática usual, enterrando-se em seus estudos,
enquanto Sirius se absorvia em Emmeline. Ele estava de mau humor, Remus sabia. E
pela primeira vez, não o culpou. Toda a situação complicada só provou para si que
eles deveriam que parar com isso o mais rápido possível. Estava se tornando
impossível permanecerem como amigos, e eles precisavam ser amigos antes de
qualquer coisa.

O problema era que Black não havia vindo até ele desde aquela noite em que
dormiram na sala comunal. Remus estava apavorado que isso significasse que já havia

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acabado - que Sirius havia chegado à essa conclusão por conta própria, e
simplesmente decidiu parar. E Remus não permitiria isso. Não poderia simplesmente
acabar, sem nenhum dos dois dizer nada a respeito. Poderia?

Você segurou minha mão. Ele queria dizer. Você me viu chorar.

No dia seguinte à lua cheia de fevereiro, Lupin estava deitado em sua cama de hospital
de costume, pensando nessas coisas. Ele tinha um corte no braço, no qual Madame
Pomfrey lhe disse para praticar seus feitiços de cura. Era muito básico, mas estava tão
cansado após sua transformação,

“Você tem que tentar, querido,” a medibruxa disse, sem compaixão, “Você queria ser
capaz de cuidar de si mesmo depois das luas, então você apenas terá que aprender a
encontrar a força.”

Ele cutucou o corte, que já se curava sozinho de qualquer maneira, fazendo outra
tentativa indiferente de consertá-lo. Nada. As marcas que Livia havia deixado estavam
desbotadas, quase rosadas, pálidas agora, e Madame Pomfrey pensou que
provavelmente iriam desaparecer com o tempo, já que não eram feridas inerentemente
mágicas.

"Você está liberado para sair", a mulher falou alto, de seu escritório. "Se você vai ficar
sentado aí lamentando ... Vá ver seus amigos."

Remus não se incomodou em dizer a ela que eram seus amigos - ou melhor, um amigo
em particular - que ele estava lamentando sobre. Mas nem pensou duas vezes quando
ela lhe deu permissão para ir. Levantou, se vestiu rapidamente e saiu apressado da ala
hospitalar,

“Vejo você na terça!” Ele gritou, ao sair.

Era depois do almoço, e havia apenas uma aula naquele dia na parte da tarde - Trato
das Criaturas Mágicas - para a qual Remus não estava muito no humor. Estava à frente
do resto da classe de qualquer maneira, e ninguém sentiria falta dele. O menino desceu

422
pelos corredores sem rumo por um tempo, ainda pensando em Sirius e Emmeline, e
como que ele poderia... espere um minuto.

Ele parou e franziu a testa, olhando para o retrato mais próximo. Algo estava muito
estranho. A pintura retratava um bruxo idoso com cabelo ralo e um cavanhaque bem
cuidado espiando por um grande telescópio dourado. Por alguma razão, o bruxo estava
usando uma enorme peruca encaracolada vermelha brilhante. Não parecia incomodá-
lo - ele apenas ajustava a visão em sua engenhoca, murmurando baixinho para si
mesmo. Remus bufou e olhou para o próximo quadro.

Este continha um grupo de jovens pastoras bonitas e rechonchudas cuidando de seu


rebanho - e todas elas usavam perucas vermelhas brilhantes também. O mesmo com o
próximo quadro - uma bruxa carregando uma cesta de frutas transbordando, cachos
escarlates caindo de sua cabeça. E o próximo - um monge de aparência sinistra, cuja
peruca vermelha, na verdade, ficava em cima do capuz. Nenhuma das pessoas nas
pinturas pareciam perturbadas, enquanto Remus seguia o rastro de bizarros enfeites de
cabeça até o mezanino do terceiro andar.

"Padfoot!" Remus engasgou quando encontrou o culpado.

Sirius estava à vontade, as mãos nos bolsos, conversando casualmente com uma
pintura de uma ninfa do mar risonha em uma grande moldura dourada. Quando ela viu
Lupin, ela deu um grito e mergulhou nas ondas abaixo.

"Aw, Moony, por que você a assustou?" Black resmungou, "Eu estava prestes a lançar
o feitiço."

"Isto é brilhante!" Remus sorriu, gesticulando para todas as pinturas pelas quais


passou, “Como é que você nunca me disse que estava fazendo isso? James está metido
nisso? "

423
"Sim, ele está cuidando da ala leste," Sirius acenou com a cabeça, passando para a
próxima pintura. “Nós acabamos de ter a ideia, voltando para a cama esta
manhã. Desculpe, pensei que você ainda estaria dormindo.”

"Madame Pomfrey me deixou ir ..."

"Ah, certo. Você provavelmente vai querer ir à biblioteca ou algo assim? Estou quase


terminando aqui, não há necessidade de você ficar. "

“Não, eu -”

"Ah merda!"

O grande relógio de pêndulo do salão havia começado a soar - todas as portas das
salas de aula estavam prestes a se abrir e os alunos sairiam correndo para a próxima
aula. “Eles vão saber que fomos nós!” Sirius disse, "Rápido!" Ele puxou a capa de
invisibilidade de James de suas vestes e a ergueu como uma tenda.

Remus correu para ficar embaixo dela, agachando-se levemente para compensar a
diferença de altura. Ambos recuaram contra a parede e esperaram. As portas
começaram a se abrir uma de cada vez, e torrentes de alunos encheu o espaço, antes
silencioso. Invisível e preso, Lupin percebeu que esta era a melhor chance que ele teve
em dias.

"Ei," ele sussurrou, diretamente no ouvido de Sirius. Sentiu o outro garoto ficar


tenso. "Você ainda está bravo comigo?"

"Como ass--"

"Você está me evitando."

"Não, eu não estou." Black o empurrou, de repente, quando uma garota do terceiro ano
chegou perto demais. Ele recuou direto no peito de Remus, de modo que,
praticamente, todo seu corpo o tocava. "James disse para lhe dar espaço." Ele

424
murmurou: " E você me deixou de fora da missão Cabeça de Javali, mesmo depois que
dissemos que iríamos juntos."

“Não era uma missão!” Lupin sussurrou, lutando para manter a voz baixa. As pessoas
estavam notando os retratos vandalizados agora, apontando e rindo ao redor deles. “E
eu nunca concordei em irmos juntos!”

“Bem, isso passou a mensagem de que você queria espaço!” Sirius atirou de volta. Ele
se virou para poder sussurrar no ouvido de Remus também. Eles ainda estavam se
tocando em alguns lugares, tentando não o fazer em outros.

"Eu sinto muito, ok?" O mais novo respondeu "Não achei que você fosse levar isso tão
a sério!"

"Eu não estou levando isso a sério!" Sirius balbuciou, mortalmente ofendido, "Você
faz parecer como se..."

"Como o quê?" Remus desafiou.

Podia sentir Black começando a se afastar, então o beijou. Foda-se. Felizmente, Sirius


o beijou de volta e, conforme os corredores se esvaziavam mais uma vez, o barulho
lentamente diminuindo, os dois garotos escondidos sob a capa permaneciam
completamente alheios.

Finalmente, Sirius se afastou e Remus permitiu.

"Então, agora você gosta de mim de novo." Sirius resmungou. "Não consigo te


entender, porra."

"Do que você está falando? Você estava me evitando! "

"Eu pensei que você queria que eu fizesse isso!"

"Bem ... sim, ok, eu queria, mas não até que tivéssemos pelo menos conversado."

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"Eu realmente não vejo o que há para falar," Black jogou a capa para longe. Seu
cabelo caiu suavemente de volta ao lugar, enquanto Remus, que estava bagunçado
graças a estática, teve de alisar o seu com as mãos. "Ou estamos fazendo... você sabe,
ou não estamos."

Deus, eu adoro discutir com você, Remus pensou, sentindo o calor subir por seu
pescoço, o desejo por Sirius quase queimando-o, eu poderia discutir com você para
sempre.

"Então?!" Black perguntou, se afastando, tirando-o de sua névoa luxuriosa. "Qual vai


ser?"

"Bem, é um pouco injusto me perguntar isso agora ..."

Sirius mordeu o lábio inferior e ergueu uma sobrancelha. Remus Lupin meio que
quase morreu ali mesmo.

"Vamos, então." Black sacudiu a cabeça, movendo-se em direção à escada mais


próxima, "Vou faltar Adivinhação, e o dormitório está vazio ..."

***

Quinta-feira, 10 de fevereiro de 1977

Que bagunça. No final da semana seguinte, eles estavam basicamente de volta ao


início novamente. Sem falar, apenas tocar. Sirius saia publicamente com Emmeline, e
à noite ele se esgueirava para a cama de Remus - desde que a barra estivesse limpa, é
claro. Black era nada se não discreto, neste caso pelo menos. Por outro lado, Lupin
estava achando essa parte mais difícil do que nunca.

Alguns meses atrás teria estado bem - ele havia estado bem. Apenas mais um segredo
para adicionar à lista, outra parte de si mesmo que não deveria deixar que os outros
vissem. Mas muita coisa aconteceu desde então. Lily sabia que ele era um lobisomem,
por exemplo - isso fora um alívio surpreendente. Compartilhar o segredo com ela

426
havia sido uma coisa boa; tinha certeza. Então havia Christopher, tão corajoso em
abrir sua alma, e tudo que Remus podia lhe oferecer em troca eram meias verdades.

No final das contas, Lupin poderia enfrentar um assassino cruel em um beco


escuro; poderia fazer exigências ao próprio Dumbledore. Mas ele não conseguia dizer
não a Sirius. Uma verdadeira maldita bagunça.

Em um momento de fraqueza absoluta, Remus se viu quase confessando tudo para


James. Eles estavam na biblioteca, procurando algum livro obscuro de Defesa Contra
as Artes das Trevas, quando Potter mencionou o Dia dos Namorados, que estava se
aproximando.

“Vou convidar Evans para ir a Hogsmeade neste fim de semana, obviamente,” ele
disse alegremente, “Ela vai dizer não, por tradição, mas estou conquistando ela, posso
sentir.”

"Mm." Lupin suspirou, passando o dedo pelas lombadas de couro flexível dos textos
antigos. Não que ele quisesse comemorar o Dia dos Namorados - era um dia estúpido
e feminino com o qual ele não queria ter nada a ver - mas se ressentia de
todo mundo querer fazer coisas nele.

“E Wormtail realmente chamou Dorcas Meadowes." Potter riu, agachando-se para


verificar uma prateleira inferior, “Você pode acreditar nisso? Às vezes acho que ele
tem mais coragem do que qualquer um de nós.”

"Quem é Dorcas Meadowes?"

“Você a conheceu, não é? Uma lufana de nosso ano.”

Remus deu de ombros.

"Suponho que Sirius vai levar Emmeline para Hogsmeade.’’ Disse.

427
"Sim, acho que sim." James respondeu, puxando um livro e abrindo-o para verificar o
índice. "Ou outra de suas adoráveis fãs, se ela o deixar antes disso."

"Hmph."

"O que?"

"Nada." Remus balançou a cabeça, pegando um livro ao acaso e fingindo ler.

"Não está julgando um pouquinho aí, está, Moony?" James adulou, sorrindo.

"Não, claro que não!" Lupin lutou para manter o rosto sério, "Padfoot pode fazer o que
quiser. Mas ... você não acha que ele ... sei lá, seja um pouco demais, todas essas
garotas. Como se ele estivesse se exibindo."

"Não são muitas garotas, ele está com Emmeline desde dezembro, não é?"

"Janeiro." Remus respondeu maliciosamente. “Ele ficou solteiro no Natal.”

"Bem então. Isso é bom. O resto está apenas flertando. Ele sempre gostou de atenção.
"

"Sim, mas..."

"Olha, você só precisa deixar Sirius ser Sirius. Ele é meio babaca às vezes, mas ele
passou por maus bocados. Deixe-o se divertir um pouco se ele quer." Potter se
levantou e o olhoude lado, avaliando. "Sabe, Moony, também não te mataria ter um
pouco de diversão."

"Ha." Remus bufou.

"Ah, cara!" James se inclinou por cima do ombro para ler o livro que Remus tinha
aberto, "Muito bem, você encontrou!"

428
Ter um pouco de diversão. Então, talvez Remus pudesse culpar James - pelo que
aconteceu a seguir, de qualquer maneira.

***

Sábado, 12 de fevereiro de 1977

Ela estava flertando com ele há anos - Remus sabia muito bem o que era flertar,
agora. No jeito que ela sorria, a cabeça inclinada para baixo. A maneira como ela
começou a passar a mão em seu peito quando ele a fazia rir (o que definitivamente
parecia acontecer mais do que o normal também). Aquela remexida fofa que as
garotas fazem quando estão arrumando a meia-calça. Eventualmente, eles se
encontraram sozinhos na sala comunal naquele fim de semana de Hogsmeade, pouco
antes do Dia dos Namorados, com o dever de casa terminado, sentados no sofá - e ela
apenas perguntou. O que era muito mais do que Sirius já havia feito.

Remus e Mary sempre foram bons amigos; ele gostava muito dela. Sua natureza alegre
e despreocupada sempre apelou para o lado sombrio dele; e sua confiança para sua
introversão. O menino havia ignorado o flerte completamente, achando-o levemente
lisonjeiro, mas de outra forma, desinteressante, até que ela decidiu ficar no castelo
com ele ao invés de ir para Hogsmeade.

"Por que você não está em um encontro, afinal?" Lupin perguntou, enquanto eles
terminavam as últimas anotações para suas redações de História.

“Eu queria passar mais tempo com você,” ela sorriu para ele, acomodando-se no sofá,
sua coxa tocando a dele. "Não posso deixar você aqui completamente sozinho."

“Não sou tão divertido quanto Roman Rotherhide, aposto,” Remus riu, ainda sem
acreditar na direção que isso estava tomando. A mão dela estava em seu joelho. Ela ia
deixar lá? Ah, caramba, não, ela não ia...

"Bem, eu não sei sobre isso", ela disse, com a voz baixa, inclinando-se para ele agora,
enquanto seus longos dedos se moviam lentamente para cima, "Eu gostaria de julgar

429
por mim mesma ..." ela piscou lentamente e se inclinou, beijando-o suavemente nos
lábios. Ele estava congelado no lugar. A menina sorriu descaradamente, “Bem? Você
gosta disso? "

Mary era muito bonita. Ele não era tão próximo dela quanto de Lily, então ele
raciocinou - onde estava o mal? O que quer que estivesse acontecendo com Sirius,
claramente não significa que nenhum dos dois poderia procurar em outro lugar. E
se Sirius podia fazer isso, então ele também podia. Era mais que justo.

Ele a conduziu escada acima.

“Você é adorável,” ela sussurrou, deitada em sua cama, olhos escuros. Remus passou
a mão por sua coxa macia. Entre as pernas, ela estava escorregadia como óleo quente.

Depois, ele não sabia o que fazer com isso. Certamente não havia nada do que
reclamar - ela era linda, e o calor do sangue dela ao redor dele era definitivamente
muito excitante. Mas não era o mesmo que aquelas noites escuras furtivas com
Sirius; não havia nada da rica complexidade, do entendimento seguro. Os seios macios
de gelatina de Mary não substituíam o aperto firme de Sirius. Seus doces suspiros
ofegantes não o despertaram da mesma forma que os quentes e ásperos gemidos de
Black.

Após todas as coisas serem ditas e feitas, embora Remus certamente estivesse feliz por
ter tido a experiência, não achava que fosse algo que estivesse muito interessado em
repetir.

***

Domingo, 13 de fevereiro de 1977

Apenas um dia após o experimento Mary, Sirius estava de volta. Era meio da tarde,
mas James e Peter estavam na biblioteca estudando para o próximo exame de Estudos
Trouxas. Tudo começou como sempre, em silêncio e em uma necessidade quieta e

430
desesperada. Sirius estava agarrando e puxando as roupas de Remus - então ele rolou e
pareceu parar. Então cheirou o travesseiro.

"Isso é…? Tem o cheiro...” ele inalou novamente. "O perfume de Mary?"

"Sim," Lupin respondeu, inquieto. Ele havia acabado de tirar a camisa e já estava se


sentindo exposto, não tendo certeza se eles estavam parando completamente ou apenas
tendo uma conversa casual. "Ela esteve aqui. Ontem."

“Ah. Certo. Você e ela?"

“Bem ... foi apenas uma coisa de um dia. Isso é ... ok? "

"Sim," os olhos de Sirius turvaram um pouco, como se sua mente estivesse


trabalhando muito rápido. "Sim claro. Bom pra você, cara!”

"Eu sei que vocês dois estavam ..., mas foi há muito tempo agora, e você está com
Emmeline, então..."

"Claro! Estou feliz por você, honestamente, Mary é ótima!”

"Sim, ela é."

Houve alguns momentos de silêncio e Remus considerou colocar a camisa de


volta. Mas então Sirius se inclinou, sua expressão mudando, como uma tempestade
passando. Ele tocou a cicatriz que começava em sua clavícula, arrastou o dedo ao
longo do caminho irregular até seu umbigo. Remus estremeceu.

"Então, como foi?"

"O- o quê?" Lupin só queria fechar os olhos, relaxar sob os dedos longos de Sirius.

"Sexo." Black disse.

Seus olhos se abriram, confusos. Ele queria saber?!

431
"Foi bom. Ela é, hum ... tão macia, sabe. Quer dizer, você sabe ...”

"Sim," Sirius respirou em seu pescoço, praticamente em cima dele agora, sua mão
trabalhando no cinto do outro.

Depois, eles se sentaram lado a lado e tudo que Remus queria fazer era colocar sua
cabeça no peito em chamas de Sirius, fechar os olhos e apenas ficar. Mas não fez
isso. Ele olhou para o amigo, que já estava acendendo um cigarro, a pele ainda rosada
e brilhante, e pensou consigo mesmo, com tristeza - isso nunca será suficiente.

432
Capítulo 109: Sexto Ano: Heniokhos

Sexta-feira 4 março 1977

"Eu vou enlouquecer." Marlene disse uma noite, quando a biblioteca estava


fechando. Ela pressionou os dedos nos olhos, exausta. De tanto passar as mãos nele,
seu cabelo estava bagunçado, como um dente-de-leão. “Achei que os NOMs eram
difíceis...”

“Isso rima”, Mary cantou alegremente, enrolando ordenadamente seu pergaminho.

“Útil, obrigado, MacDonald.” Marlene revirou os olhos.

"Foi você quem decidiu continuar em Poções." Mary deu um tapinha de leve na


cabeça da amiga com sua redação enrolada.

“É um requisito para a faculdade de treinamento de curandeiros.” Marlene


suspirou. "Eu gostaria de não ter que fazer isso."

"Eu não sei por que vocês odeiam tanto," Lily bocejou, colocando a bolsa no ombro,
"Poções é divertido, é lógico."

"Ah, cale a boca, Evans." Mary e Marlene disseram em uníssono.

Remus riu e colocou um braço carinhoso em volta da ruiva,

"Pobre Lily", disse ele, fingindo simpatia, "tão incompreendida em sua busca por
conhecimento."

Ela riu também, e todos saíram da biblioteca juntos. Eles estavam lá todas as noites da
semana - exceto quando Lily tinha deveres como monitora ou quando Marlene tinha
quadribol; então eram apenas Remus e Mary. O que era surpreendentemente bom -
Mary havia feito algumas piadas provocativas sobre o breve caso deles, mas não

433
mencionou que queria fazer isso de novo, e parecia estar saindo com Roman
Rotherhide mais uma vez. Remus ficou aliviado. Apenas um caso secreto era o
bastante.

Faltava muito para os NIEMs, mas os quatro decidiram reunir novamente seu grupo
de estudo este ano, a fim de revisar a primeira parte do exame. Ainda faltavam mais de
um ano para os exames finais, mas na opinião de Remus e Lily, não existia algo como
excesso de preparação, principalmente com os exames anuais em junho.

“Estou acabada”, disse Mary, quando se aproximaram do retrato da senhora gorda


(sua peruca havia sido removida pelo professor Flitwick apenas alguns dias antes - ela
aparentemente havia gostado muito dela). "Dia livre amanhã?"

"Se você quiser," Remus respondeu, pegando o bocejo dela, "eu disse que faria um
grande grupo de estudos no domingo, então um descanso cairia bem."

“Eu não sei como você faz isso, Lupin,” Mary balançou a cabeça em descrença. "Mas
isso é perfeito, deixa a noite de sábado livre."

"Você tem outro encontro com Roman, não é?" Marlene perguntou, parecendo um
pouco irritada.

"Sim, Marlene," Mary revirou os olhos, "Apesar de sua aparente desaprovação ..."

"Eu só acho que você deveria ir mais devagar, só isso!" A loira retrucou, passando os
dedos pelos cabelos novamente.

"Bem, como já discutimos antes, não é da sua conta com quem eu saio, não é?!" Mary
disse, arqueando uma sobrancelha para a amiga. Marlene adquiriu um tom incomum
de rosa choque e olhava para o chão. Remus encarou as duas garotas, surpreso. Ele
nunca havia visto elas falarem assim uma com a outra antes – geralmente, eram
melhores amigas.  

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“Vamos, estamos todos cansados” disse Lily, avançando. “Blatherskite” ela se dirigiu
à senhora gorda, que se afastou para que todos pudessem entrar.

"Evans!" O grito de James os alcançou antes mesmo que estivessem na metade do


caminho.

"Sim, sim, boa noite, Potter," A ruiva suspirou, balançando a cabeça. Remus percebeu
seu pequeno sorriso, embora ela tentasse disfarçá-lo por trás de seus longos cabelos.

"E Moony!" James continuous "Onde você esteve?"

“Fazendo amor furiosamente com todas nós, obviamente,” Mary disse, impassível,
empurrando Sirius para o lado para se sentar mais perto da lareira.

"É verdade," Lily sorriu, sentando-se no tapete da lareira, "Ele é um garanhão."

‘’Foi preciso nós três para satisfazê-lo!” Marlene saltou, parecendo um pouco mais
feliz.

"Ah meu Deus, por favor, calem a boca..." Remus gemeu, sentando-se em sua
poltrona de costume. "Estávamos na biblioteca, como se você não soubesse."

"Ah, claro," James piscou para ele. "Não diga mais nada, Casanova."

"Brr." Mary ergueu as mãos para o fogo, "Este castelo está congelando."

“A Escócia está congelando.” Sirius respondeu, monótono. Ele levitava um avião de


papel preguiçosamente pela sala, afundado na cadeira.

“É apenas março,” disse Lily, animadamente, “Vai começar a esquentar em


breve. Mal posso esperar pelo verão.”

“Nah, aí vai ser muito quente,” Mary suspirou, “Nosso apartamento é ridículo, mesmo
se você abrir todas as janelas. Mas acho que eu vou receber permissão para usar magia
esse ano - eu posso fazer isso se minha família for trouxa? "

435
"Ah, eu faço”, a ruiva confessou, mordendo o lábio, "A gente não pode?"

"Por que você não vem e fica comigo, Mary?" Marlene disse “Há mais espaço em
nossa casa, é mais fresco”.

“Bem, eu gostaria de viajar,” Mary pensou, ainda esfregando as mãos. “Não fazemos


isso desde que papai perdeu o emprego. Costumávamos ir à praia todos os
anos. Margate ou Skegness.”

"Ooh, eu fui para a Cornualha no ano passado", disse Lily, "Era lindo, acampamos
bem perto da praia."

“Conversas sobre campar novamente.” Sirius resmungou. "Não faça Potter começar..."

"Evans, eu já te disse o quanto eu amo acampar?" James disse, sorrindo loucamente de


sua posição na lareira. Ele estava brincando com seu pomo de ouro, jogando-o de
palma em palma, "É um dos meus maiores prazeres na vida."

"Estou falando sobre acampamento trouxa, Potter," Lily resmungou, alisando a saia
sobre os joelhos, constrangida, "Em tendas trouxas - sem encantamentos de extensão
extravagantes ..."

"Não pode ser tão diferente," James respondeu, sem se intimidar, "Esses dois nunca
nem mesmo acamparam," ele acenou para Remus e Sirius.

"Nós meio que acampamos, no Natal," Remus disse, lançando um olhar ousado para


Sirius, que deu a ele um sorriso lento e conspiratório.

"Ei!" James disse, de repente, jogando o pomo bem alto no ar, em seguida, estendendo
a mão para pegá-lo de volta, "Devíamos todos ir acampar!"

"O que?" Sirius disse, sentando-se.

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"Este verão!" Potter acenou com a cabeça, animado, "É nosso último verão antes de
todos nós termos que ser adultos - e todos nós seremos maiores de idade, temos que
fazer isso!”

"Todos nós?" Marlene perguntou, olhando para Mary.

"Todos nós", James confirmou. "O que você acha, Evans?"

"Bem ..." Lily olhou para ele, "Barracas separadas para meninos e meninas, certo?"

"Pfft, você não é divertida." Mary sorriu. Lily a chutou do chão e continuou,

“Ok, Potter - com uma condição ...”

"Qualquer coisa!"

"Barracas trouxas."

"Oh."

***

Sábado, 5 de março, 1977

Se você tem dezessete anos de idade, ou fará dezessete em ou antes de 31 de agosto de


1977, você é elegível para um curso de doze semanas de Aulas de Aparatação com um
Instrutor do Ministério da Magia, começando na segunda-feira, 4 de abril de 1977.

Por favor, assine abaixo se você gostaria de participar.

Custo: 12 galeões.

Remus olhou para o papel fixado no quadro de avisos da Grifinória e suspirou.

"Eu te empresto o dinheiro." Sirius disse, em seu ombro.

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"Eu prefiro que você não faça isso."

"Remus, sou ridiculamente rico."

"Estou bem ciente disso." Ele retrucou, irritado e olhou para o quadro


novamente. Remus queria aprender como aparatar por quase todo o seu tempo em
Hogwarts. "Está bem." Ele acenou com a cabeça, “Mas eu vou te pagar de volta. Eu
realmente vou.”

"Eu sei," Sirius o cutucou com o quadril, de brincadeira. "Você vai ganhar mais
dinheiro do que qualquer um de nós um dia, seu grande nerd."

"Ha." Remus bufou. "Não é provável, a menos que Dumbledore tome jeito."

"Dumbledore? O que ele tem a ver com isso? "

Lupin olhou em volta, furtivamente. A sala comunal não estava cheia, mas também
não estava vazia.

"Eu não posso te dizer aqui." Ele disse "Lá em cima?"

Sirius inclinou a cabeça, com uma expressão fingida de inocente que fez Remus cair
na gargalhada,

“Não para isso. Tire sua mente da sarjeta, Black.”

Os dois subiram para o quarto. Era agradável e tranquilo lá - Peter estava cumprindo


uma detenção em algum lugar com Filch e James estava patrulhando.

"Então?" Sirius foi direto para a cama de Remus, sentando-se de pernas cruzadas e


alerta, "O que está acontecendo com Dumbledore?"

Remus se sentou em frente a ele, não muito perto.

“Eu ... lembra que jantei com Ferox? Depois que conheci Livia.”

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"...sim claro." Sirius ficou sóbrio imediatamente. Eles não haviam discutido isso,
desde que fizeram as pazes.

“Ok, bem, não fique bravo comigo, mas… eu meio que fiz algumas exigências. A
Dumbledore.”

Sirius olhou para ele, sem expressão. Remus continuou, engolindo em seco, “Eu disse
a ele que se ele quer que eu os ajude, se ele quer que eu seja algum tipo de emissário
para os lobisomens, ou o que seja, então eu quero algo em troca. Proteção, para os
outros do bando de Greyback, em primeiro lugar"

Sirius abriu a boca, então - aparentemente pensando melhor – fechou-a novamente e


esperou. Remus continuou, observando-o cuidadosamente em busca de qualquer sinal
de raiva ou desaprovação, "E eu pedi para não ser forçado a assinar o registro, no meu
aniversário."

"Bem, isso é razoável, pelo menos," Sirius respirou. "Mas, Moony ... a outra coisa ..."

“Eu sei,” Remus concordou, “Eles são assassinos, alguns deles. Eu sei que são. Mas
eles são ... eu não acho que eles conheçam outro caminho. Acho que se quisermos
mostrar a eles que existem outras escolhas, maneiras melhores de viver, então ... isso
tem que começar com gentileza.”

"Gentileza." Sirius repetiu.

“Não perdão,” Disse, rapidamente, “Eu não estou dizendo que eles vão sair
completamente impunes, mas ... quero dizer, você tem que admitir, o ministério lidou
muito mal com a licantropia, até agora. Quando vencermos esta guerra, haverá uma
chance de tornar as coisas melhores. Para todos os bruxos. Até mesmo mestiços.”

Sirius estava olhando para ele, sua testa ligeiramente franzida. Seus profundos olhos
azuis focalizaram intensamente, como se estivesse procurando por algo no rosto de
Lupin. Então ele deu um leve aceno de cabeça.

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"Isso é muito importante para você, não é?"

"Sim." Remus disse, sem perder o ritmo.

“Você vai ter que convencer muitas pessoas.”

Remus concordou.

"Eu sei."

"Mas, nós vamos te ajudar." Sirius disse, sem quebrar o contato visual. "Eu, Peter e
James - Evans também, provavelmente, aquela garota ama você."

“Eu não poderia pedir a -”

"Você não precisa," Sirius balançou a cabeça. Ele se inclinou e beijou Remus tão, tão
gentilmente nos lábios, quase como um sussurro. "Qualquer coisa pelo nosso Moony."

Mais tarde naquele dia, Lupin estava a caminho da sala de aula de Flitwick - o gentil
professor de Feitiços havia permitido que ele a usasse em suas aulas de reforço, desde
que tudo fosse arrumado depois. Ele tinha um mapa da costa sul na bolsa e esperava
chegar cedo o suficiente para ter a chance de estudá-lo. Se todos fossem fazer uma
viajem naquele verão, alguém teria que organizá-la.

A primeira lua cheia do verão cairia no dia primeiro de julho, e Remus esperava ficar
mais uma noite em Hogwarts para isso. Ele já havia perguntado a James se poderia
ficar com os Potter na semana seguinte, e James, é claro, concordou
ansiosamente. Depois disso, todos sairiam em viagem para acampar, e então ... Remus
não tinha ideia de qual seria seu próximo passo. Voltar para Mile End, talvez; se Grant
ainda estivessse lá. Ele não podia simplesmente ficar na casa dos Potter para
sempre; não sabia o que aconteceria quando tivesse dezessete anos.

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“Oi Remus!” Christopher acenou, já esperando do lado de fora da sala de aula. O
coração de Remus afundou ligeiramente. Claro que Christopher chegou cedo. Ele
nunca perdia a chance de encontra-lo sozinho.

“Bom dia, Chris,” ele sorriu, educadamente. "Vamos entrar?"

Os dois enfeitiçaram as carteiras fazendo com que ficassem em formato de uma


ferradura, para que houvesse espaço suficiente para demonstrações práticas, depois se
acomodaram e pegaram seus livros.

"O que você vai fazer depois?" Christopher perguntou, ansioso.

"Jantar." Remus disse, suavemente, alisando seu mapa e localizando a


Cornualha. “Então detenção, eu temo, até tarde.” Era lua cheia - embora ele estivesse
em detenção mesmo quando não era. McGonagall nunca voltava atrás em uma
punição.

"É uma pena", suspirou Christopher, "Você está sempre em detenção esses dias."

"Sim," Remus riu, "Eu ainda sou meio delinquente."

Christopher riu, sem jeito. Ele tinha boas intenções, mas Lupin tinha a impressão de
que o garoto, raramente, se sentia confortável com o humor do estilo
maroto. Demorava para se acostumar.

"Você já leu isso?" Christopher empurrou um livro pela mesa, cobrindo a praia no


mapa que Remus estivera inspecionando. Ele suspirou e olhou para ele. O Auriga.

"Não," Remus balançou a cabeça, pegando-o e lendo a sinopse.

Após uma lesão em Dunkirk, Laurie Odell é enviado para um hospital de veteranos
para convalescença. Lá, ele faz amizade com Andrew, um objetor de consciência que
serve na ordenaça. Mas quando Ralph, um mentor dos tempos de escola, reaparece

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em sua vida, Laurie é forçado a escolher entre os doces ideais da inocência e os
distintos prazeres da experiência.

Oh, Remus pensou. É esse tipo de livro.

“É um livro trouxa.” Christopher explicou, animado “É muito bom. Você pode pegá-lo


emprestado, adoraria saber o que você acha!”

"Sim, vou tentar, valeu." Lupin acenou com a cabeça, escondendo-o rapidamente no


fundo de sua bolsa antes que alguém entrasse.

Naquele momento, houve uma batida na porta. Os dois meninos se viraram para ver
Emmeline Vance enfiar a cabeça para dentro. Ela era uma garota imensamente bonita,
com cachos dourados e grandes olhos verde-maçã. Outra corvina, ela também era do
sétimo ano e já havia saído com o próprio Roman Rotherhide. A menina sorriu,
entrando,

“Olá, Remus,” ela disse, em sua voz suave e feminina. Ele tentou ser educado, mas
sabia que soava frio.

“Olá Emmeline. Eu não esperava você. "

“Ah, não, eu não estou aqui para o seu grupinho de estudos,” ela sorriu novamente,
franzindo o nariz de uma forma que poderia parecer fofa ou cativante para qualquer
pessoa exceto Remus e Christopher. "Eu esperava que Sirius estivesse aqui."

"Ele não está."

"Sim, estou vendo!" Ela riu, guturalmente, jogando o cabelo sobre o ombro. "Mas ele
disse que me encontraria na torre da Astronomia meia hora atrás ..."

Remus apenas deu de ombros para ela, o rosto em branco. Emmeline


resmungou. "Bem, se você o vir, pode dizer a ele para me encontrar esta noite, após o
toque de recolher?"

442
"Ele está ocupado esta noite."

"Fazendo o que?! Ugh, ele não está saindo com aquela garota MacDonald de novo,
está? "

"Nunca dá para saber, com Sirius," Remus disse cruelmente, tentando não sorrir.

"Bem. Diga a ele que, se não tomar cuidado, ele vai me perder!”

"Oh, eu definitivamente irei."

Ela fechou a porta e Lupin bufou, balançando a cabeça.

"Você realmente sabe onde ele está?" Christopher perguntou, com uma pequena
carranca.

“Nah,” Remus respondeu, “Mas eu poderia adivinhar. Ele provavelmente está com


James em algum lugar. "

"Aqueles dois." Christopher suspirou, “Eles são engraçados, às vezes, mas eles


causam tantos problemas. Como diabos Potter conseguiu acabar como um monitor, eu
não tenho ideia. E Black, ele é apenas...”

"Ele é apenas o quê ?!" Lupin perguntou, bruscamente.

Christopher piscou, assustado.

“Eu sei que ele é seu amigo! Desculpe, eu só quis dizer ... ele é um idiota arrogante às
vezes. "

"Sim," Remus acenou com a cabeça, se soltando. Ele pensou na promessa de Sirius,


feita há pouco mais de uma hora em sua cama. Se outras pessoas não podiam
ver aquele Sirius, então eram elas quem estavam perdendo. Quem eram Emmeline e
Christopher no grande esquema das coisas?

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Não eram marotos; não eram importantes.

"Você não está errado." Remus deu de ombros. "Certo, por onde você quer começar?"

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Capítulo 110 : Sexto ano: Dezessete

Quinta-feira, 10 de março de 1977

“FELIZ ANIVERSÁRIO, REMU!”

Três adolescentes desajeitados, barulhentos e muito animados pularam na cama de


Remus ao amanhecer. Não era a mesma coisa de quando tinham onze anos. Por um
lado, as pernas de Lupin eram muito mais longas; por outro, eles eram todos muito
mais pesados.

" Sai de cima, seus idiotas," Remus resmungou, "Que horas são?"

"O tempo é imaterial", disse James, usando um chapéu de festa pontudo e colorido, "É
seu aniversário."

"Seu décimo sétimo aniversário!" Sirius acrescentou, usando um chapéu de festa de


bolinhas em um ângulo estranho na cabeça.

"Você é maior de idade!" Peter disse, lançando-se sobre o aniversariante com um


quarto chapéu, puxando o elástico sob seu queixo.

Remus olhou para todos eles, com o rosto impassível.

"Vocês vão me fazer usar isso o dia todo, não é?"

Eles acenaram com a cabeça, todos os três, em perfeita sincronia, as fitas em seus
chapéus cônicos balançando e piscando na luz opaca da manhã.

"É a prova d’água," Sirius explicou alegremente, "Então você pode até tomar banho
com ele." O moreno deu uma piscada e Remus esperava que não estivesse
corando. Black estivera em sua cama apenas algumas horas antes, por um motivo

445
muito diferente, e Remus estava achando as mudanças rápidas de humor cada vez
mais difíceis de lidar.

Apenas meia hora depois, e Lupin havia tomado banho (o chapéu ainda estava firme
em sua cabeça), aberto cerca de cinquenta cartões de aniversário desejando-lhe muitas
felicidades (“Eu não sabia que conhecia cinquenta pessoas!”) E comeu uma generosa
fatia do bolo de chocolate da Sra. Potter.

"E você receberá seu presente de verdade mais tarde", disse James, enigmaticamente,


"Na festa."

"Vocês são loucos", Lupin respondeu, enquanto desciam para a sala comunal, "Vocês
não deveriam ter tido todo esse trabalho."

"Cale a boca, Moony." Peter disse, bem-humorado.

“Feliz aniversário, Remus!” As meninas gritaram no salão de jantar. Todas usavam


chapéus de festa também, aparentemente graças à persuasão de Lily.

"Boa, Evans," James piscou para ela, cutucando-a de leve com o cotovelo, "Sabia que
você não iria decepcionar."

"Ah, nem vem, Potter," ela o empurrou de volta, parecendo muito satisfeita e um
pouco corada.

Os três rounds usuais de 'Feliz Aniversário' acompanharam seu café da manhã de


aniversário, e ele estava tão acostumado a isso que até se levantou e fez uma
reverência tímida quando finalmente terminaram. Então as corujas chegaram.

Havia um cartão de Ferox, o que foi inesperado - Remus não tinha certeza se eles
ainda estavam se falando depois do último encontro. Havia também uma nota de
Dumbledore.

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Ele rachou o selo vermelho cereja rapidamente sob a mesa e leu o mais rápido
possível.

Sr. Lupin,

Muitas felicitações pelo o dia.

Eu entendo que temos algumas coisas para discutir. Por favor, apresente-se no


escritório do diretor às 16h desta tarde.

Atenciosamente,

Albus Dumbledore

"Lá vamos nós." Ele suspirou baixinho. Sirius, que possuía o hábito irritante de ler por
cima do seu ombro, se inclinou,

"Você quer que alguém vá com você?"

Remus balançou a cabeça, mas sorriu para Black, tentando ser gentil,

“Nah. Obrigado por oferecer, mas acho melhor se eu fizer isso sozinho.”

Sirius acenou com a cabeça, parecendo perturbado do mesmo jeito.  

O dia passou lentamente, o encontro com Dumbledore se espreitando como uma


aranha malévola enquanto as horas passavam. Remus tentou imaginar o cenário em
sua cabeça - elaborando um roteiro, ou pelo menos algo coerente para dizer em defesa
de suas demandas selvagens. Nada lhe ocorreu, e às 15h45 daquela tarde ele se viu
caminhando muito devagar até a sala do diretor.

Em primeiro lugar, ele havia ficado louco por sugerir isso. Ninguém mais precisava de
uma razão para ajudar no esforço de guerra - James nunca faria isso. Mas então,
Remus supôs, não havia nada que James quisesse que Dumbledore pudesse dar a
ele. A menos que o diretor possuísse a chave do amor eterno de Lily Evans.

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Ele encontrou a escada já aberta e subiu com a mesma lentidão, lembrando-se, apenas
no último minuto, de arrancar o chapéu de festa de sua cabeça.

“Boa tarde, Sr. Lupin. Feliz Aniversário."

Dumbledore estava sentado em sua mesa, como sempre. Desta vez, não estava
escrevendo cartas; ele esperava pacientemente, com um sorriso benigno no rosto.

"Obrigado," Remus respondeu, cautelosamente, sentando-se na cadeira em frente. Ele


pensou por um momento antes de dizer, "Você se importa em me chamar de Remus?"

"Como quiser," Dumbledore assentiu. Ele parecia estar de bom humor. “Como se


sente, chegando à maioridade?”

"É ok."

"Eu tenho algumas coisas para você, enviadas para mim pela Sra. Orwell."

"A Diretora?!"

"De fato." Dumbledore apontou para uma caixa de sapatos, que parecia ter aparecido
de repente em cima da grande mesa de mogno. "Eu acredito que há alguns itens lá que
pertençam a você, que foram mantidos em custódia em St. Edmund's."

“Ah, uau ...” Remus tocou a tampa da caixa hesitantemente, mas não a abriu. Queria
estar sozinho para isso.

"Há também a questão da sua herança."

"Minha o quê?!"

“Seu pai deixou um testamento. Ele deixou algumas provisões para sua mãe e o resto
para você. Ele não era um homem rico, devo dizer, mas mesmo assim, o cofre em
Gringott's agora pertence a você.” Dumbledore tirou uma chave do bolso e passou-a
pela mesa.

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Remus a segurou na mão e pensou em Lyall – algo que não fazia há alguns meses.

"Obrigado." Ele disse, lembrando-se de seus modos.

"E há outras questões jurídicas, você sabe." Dumbledore cruzou as mãos na frente


dele, dedos longos e finos entrelaçados. Ele esperava uma resposta.

"O registro." Disse Remus.

"O registro." O diretor concordou, puxando um pedaço de pergaminho e o empurrando


sobre a mesa. Era um formulário.

Ministério da Magia: Declaração de Infecção Licantrópica.

Remus se sentiu enjoado. Havia uma linha pontilhada na parte inferior, aguardando


sua assinatura. Ele a segurou em suas mãos e olhou para Dumbledore.

"O que você quer que eu faça com isso?"

"Leo Ferox me fez acreditar que você já tinha uma ideia muito boa do que fazer com
isso, Remus." O velho respondeu, seus olhos sérios. "Você é um adulto, eu deixo isso
em suas mãos."

O menino pegou o pergaminho imediatamente, ergueu-o até o nível dos olhos e


rasgou-o em dois. Dumbledore sorriu novamente. "Admiravelmente resolvido."

"Ferox disse outra coisa também, eu imagino." Remus disse, tentando manter contato
visual, mas achando extremamente difícil. Dumbledore era exatamente como as outras
pessoas - ele cheirava tão fortemente a magia quanto qualquer outra bruxa ou bruxo,
mas nada mais. Ele não tinha nenhum diferencial.

"Ele disse. Acho que talvez você possa antecipar minha resposta.”

Remus sentiu algo murchar dentro dele, abrindo espaço para a raiva que se
aproximava.

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"É um não." Ele disse, sem rodeios.

Dumbledore inclinou a cabeça, gentilmente,

“Não inteiramente. Um pedido de paciência, talvez.”

"Com todo respeito," Remus percebeu a dureza em sua própria voz, e isso o
surpreendeu, mas o tornou mais corajoso, "Não há tempo para ter paciência."

“Nunca há, quando se é jovem.” Dumbledore respondeu suavemente. "Remus, eu sei


como as coisas devem parecer para você, acredite em mim."

“Você não a viu. Eles estão sofrendo. Agora mesmo."

“Muitas pessoas estão sofrendo, Remus. Você teve muito pouco tempo no mundo
mágico - “

"De quem é a culpa?!" O rapaz murmurou ferozmente. Dumbledore deu a ele um olhar


silencioso,

“Mas, depois que você fizer isso, verá, entenderá por que as atitudes estão muito longe
de mudar. O que você está pedindo –”

"E o que VOCÊ está pedindo?!" Remus gritou, incandescente, "A Ferox, e Moody e
aos Potters e –"

“Estou pedindo um enorme voto de confiança!” Dumbledore disse muito alto - ele não
gritou; você não poderia chamar aquilo de gritar, mas não era mais gentil. “De muitas
pessoas. E vou continuar pedindo até que a guerra seja vencida. Esse deve ser o nosso
foco, por enquanto.”

“Eu quero vencer a guerra,” Remus disse, ainda tentando controlar seu volume,


“Tanto quanto qualquer um. Mas também quero algo que valha a pena ganhar”.

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"Com tempo. Quando tivermos os recursos. Quando tivermos força para lutar outra
batalha.”

"Eu quero uma promessa."

"Eu estou ciente disso." Dumbledore disse, sua voz mudando quase


imperceptivelmente, uma carranca profunda revestindo sua testa. "Eu não posso te dar
uma."

"Bem." Remus se levantou. “Então eu estou prometendo a você. Eu não vou desistir."

Ele estava furioso e o diretor teve a ousadia de sorrir para ele.

"Eu não esperaria menos do filho de Lyall Lupin."

Remus queria gritar vai se foder, mas decidiu que, como já havia sido expulso de uma
instituição hoje, provavelmente era melhor evitar qualquer risco. Ele agarrou a caixa
de sapatos, se virou e marchou para fora.

Estava praticamente cego de raiva enquanto descia correndo a escada em espiral do


escritório de Dumbledore, a caixa de sapatos debaixo do braço e sua cabeça baixa, de
forma que não percebeu até já ter esbarrado em Sirius, que o esperava.

"Uau!" Black disse, empurrando ambas as mãos contra o peito de Remus em uma


tentativa de desacelerá-lo, "O que foi, Moony?"

"O que você está fazendo aqui?" Praticamente rosnou.

"Só esperando por você - eu sei você não queria companhia, eu só pensei -"

"Você nunca me escuta, porra!" Remus vociferou, passando por ele. Sirius agarrou seu
braço e não soltou, permitindo que o arrastasse pelo corredor,

451
“Eu sei, eu sou terrível,” ele estava dizendo, correndo um pouco para acompanhar os
passos mais longos de Remus, “Nunca faço o que me mandam, faço? Continue
gritando comigo, eu mereço - ei, quer me bater?”

Lupin parou e o olhou, o sorriso mercurial em seu rosto. Aquele típico sorriso de


Sirius Black.

"Não. Eu não quero bater em você.”

“Ah bom. Quer socar uma parede?”

"Não." Remus continuou andando, um pouco mais devagar.

"Quer ficar chapado?"

"Não."

"Bêbado?"

"...Talvez."

"Perfeito!" Black disse. eles agora caminhavam em um ritmo regular em direção ao


refeitório “Porque acho que é isso que metade da escola tem em mente depois do
jantar. O que está na caixa?"

"É..." Remus a segurou com as duas mãos, agora. Não era muito pesada, não podia ter
muito. Podia sentir folhas de papel deslizando por dentro. “Só algumas coisas, acho
que meu pai deixou para mim. Só vou abrir mais tarde.”

Sirius deu de ombros, facilmente,

"Justo."

***

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A alegria geral de Sirius continuou durante o jantar - salsichas e purê com molho de
cebola - até a sobremesa, quando Emmeline apareceu. Remus estava quase de bom
humor quando a menina apareceu na mesa deles e se espremeu no colo de Sirius. Ela o
beijou, na boca, por muito tempo.

“Feliz aniversário, Remus,” e então sorriu educadamente, assim que terminaram.

Ele acenou com a cabeça em resposta e pousou a colher. Ela não pareceu


notar. "Estou tão animada para a festa." Emmeline disse para a mesa.

"Vai ser boa", respondeu James, jovialmente, "os aniversários de Moony sempre são."

"Por que todo mundo chama você de Moony, afinal?" Ela perguntou, olhando para


Remus, que fez uma careta em sua direção,

"Nem todo mundo. Só meus amigos.”

Ela piscou e franziu a testa, as rugas em sua testa estragando sua beleza apenas
momentaneamente. Sirius apertou a cintura dela,

“Ei, Em, por que não encontro você mais tarde? Temos que fazer algumas coisas antes
da festa.”

“Ok,” ela sorriu novamente, “Lembre-se de sua promessa ...” então a menina o
agarrou novamente.

"Promessa?" Remus perguntou, quinze minutos depois, quando estavam no


dormitório. James e Peter estavam supervisionando a decoração da sala comunal, e
Sirius tinha inventado alguma desculpa para não ajudar. "O que você prometeu a ela?"

"Ah, só que eu a levaria de volta para o Salão Comunal da corvinal depois da festa."

Remus ergueu uma sobrancelha,

“Via Torre de Astronomia?”

453
Black riu, desabotoando a camisa para se trocar,

"Talvez. Por quê?"

"Nada." Lupin sentou em sua cama. A caixa de sapatos ainda estava fechada, na


mesinha de cabeceira. Ele não iria olhar hoje. Talvez nem amanhã.

"E você e Mary?" Sirius perguntou, selecionando uma camisa preta limpa de sua
cômoda bagunçada, "Essa coisa de vocês acabou, ou o quê?"

"Sim." Assentiu, observando-o. É isso, ele pensou, é agora que você conta a ele. “Foi
apenas uma experiência, mais ou menos… Você sabe o que eu quero dizer?"

"Hm?" Black murmurou, mais focado em abotoar sua camisa. "O quê, não foi bom?"

“Foi ok. Não tão bom quanto ...” ele engoliu em seco e disse rápido, “Não tão bom
quanto quando somos só você e eu.”

O moreno ergueu os olhos dos botões, encarando Remus do outro lado do


quarto. Lupin estava grato pela distância. A expressão de Sirius era difícil de ler, então
continuou. "É assim para você?"

Black voltou para sua cômoda, procurando por jeans agora. Suas costas se viraram, ele
disse calmamente.

"Sim."

"Perdão?" Remus disse, levantando a voz.

Sirius suspirou, mas não se virou. Ele fechou a gaveta, aparentemente decidindo que o
jeans que estava usando serviria.

“Eu disse sim. É melhor com você.”

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"Certo." Remus ficou tão surpreso com essa resposta que não conseguiu pensar em
mais nada para dizer. Infelizmente, isso deu a Sirius a oportunidade de falar em vez
disso. Ele se virou, jogando o cabelo comprido para trás, casualmente.

“Suponho que seja porque nos conhecemos tão bem, não? Certo, é melhor eu descer lá
e ajudar antes que Prongs venha atrás de mim com uma maldição de pernas de
gelatina! A gente manda Peter para te buscar quando estiver tudo pronto.”

Com isso, ele desapareceu escada abaixo.

***

Quatro horas depois, Remus estava muito bêbado. Não só bêbado, acabado. Doidão.


Completamente embriagado. A beira de um pt. Ele não conseguia se lembrar do
quanto havia bebido, e não se importava. Iria se divertir mesmo se isso o
matasse. Foda-se Dumbledore. Foda-se Greyback, Ferox, Livia, Emmeline e a porra
de Sirius Black. A festa estava no auge, todos agora usavam chapeuzinhos de
aniversário pontudos e brilhantes, cantando juntos com a música estridente. Remus
nem se importou em controlar os discos.

Ele cambaleou até sua poltrona e afundou-se nela com outra garrafa de algo
deliciosamente doce e forte. Estava se sentindo muito aquecido e com muito
sono. Preguiçosamente, ele permitiu que seu olhar vagasse até Sirius, tagarelando
perto do toca-discos, quadris jogados para a frente só um pouco, na medida
certa. Remus se permitiu encarar um pouco. Ele tinha esse direito. O primeiro beijo
deles foi há exatamente um ano. Era uma pequena memória boba, considerando tudo o
que aconteceu no meio, mas sentiu um pequeno ronronar de satisfação do mesmo
jeito. Filho da puta.

"Ele e Emmeline estão juntos há um tempo agora." Lily disse para Remus, vindo se
sentar no braço da cadeira. Seus olhos estavam arregalados e desfocados, ela tinha um
sorriso fácil. Lupin cuidadosamente assumiu o controle de suas características faciais e
sorriu de volta, como se não se importasse com o mundo.

455
"Você parece surpresa."

“Bem, eu tô um pouco. Eu não o via como o tipo de cara que quer


uma garota normal.”

Remus deu de ombros, porque não conseguiria falar sem falar muito. Lily continuou
mesmo assim. "E - eu sei que parece horrível, e eu sei que ele é seu amigo, então pode
me mandar calar a boca, mas eu meio que pensei ... você sabe, que ele só ia sair com
ela para irritar a família."

"O que você quer dizer?" Remus perguntou, dando um longo gole em seu Whisky de
fogo.

“Ahh, sabe,” Lily balbuciou, talvez até mais bêbada do que ele, “Todo mundo sabe
que Black tá numa guerra estranha com a mãe ... ele nunca fica com garotas puro-
sangue. Teve a Mary  ...” ela começou a contar as conquistas de Sirius em seus dedos,
“ela é nascida trouxa ... Evangelina, Florence, Avni ... agora Emmeline.”

"Pode ser apenas uma coincidência." Remus estava preocupado em não conseguir


controlar sua voz por muito mais tempo; estava ficando terrivelmente alta e nervosa.

“Pfff.” Lily riu, derramando um pouco de sua própria bebida. “Sssssrus Black nunca


faz nada por coincidência. Issss tudo é calculado com ele. " Ela riu para si mesma,
levando sua taça aos lábios, "Ele transaria com um vampiro se tivesse um em
Hog’arts."

O garoto se levantou de repente, os nós dos dedos estalando. Lily quase caiu do braço
do sofá de susto,

"Quee’qui foi?" Ela perguntou confusa, olhando turva para ele.

"Eu ... vou ficar vomitar." Remus disse, percebendo que realmente estava enjoado. Ele
fugiu e subiu as escadas o mais rápido que pôde e tropeçou no banheiro a tempo,
vomitando no vaso sanitário.

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Ele se equilibrou nos tornozelos, suando e com frio. Havia bebido muito, agora só
queria deitar, dormir e não pensar em nada. Remus escovou os dentes e lavou o rosto
com água fria. Se sentiu menos enjoado, mas não menos sóbrio. Ele vestiu a calça do
pijama e abriu a porta.

Sirius estava parado do outro lado, encostado na coluna da cama, com as mãos nos
bolsos. Ele parecia tão ele mesmo. Seus olhos se encontraram e se fixaram. Black
quebrou o contato primeiro.

"Vim verificar se você está bem."

Remus fechou a porta atrás de si, dando um passo à frente.

“Estou bem,” respondeu, cautelosamente, “Só um pouco bêbado, isso é tudo. Vou


dormir.”

"Olha, sobre as coisas que eu disse," Sirius começou. Remus se preparou, sem saber o
que estava por vir. "Eu realmente sinto muito." sua voz estava impotente. "Eu nem sei
por que, mas ... eu só sinto muito, ok?"

Ele colocou a mão no ombro de Remus, aparentemente em um gesto de desculpas. Ela


estava quente em sua pele nua, mas ele não encolheu os ombros. Só esperou que se
separassem logo, para que pudesse ir para a cama. Sirius voltaria para baixo, para a
festa. Mas em vez disso, o moreno o beijou. Sentindo-se um idiota, Remus o beijou de
volta avidamente, sentindo o gosto de pasta de dente e uísque.

Black o empurrou para frente, tropeçando um pouco, e se apoiou pesadamente nele,


agarrando seus ombros agora. Remus se afastou, de repente se lembrando do que
estava errado.

"Você está bêbado." Ele disse.

"Sim," Sirius murmurou, sorrindo, "Você também."

457
"Sim," Concordou e se afastou, deixando Sirius se equilibrar sozinho. Ele esfregou a
nuca. "Não acho que devemos ... acho que você vai se arrepender."

"Desde quando você se importa?" Sirius ronronou, inclinando-se novamente. Remus


deu um passo para trás bruscamente, pressionando a mão no peito dele para mantê-lo
afastado.

“Não, Sirius. E Emmeline?”

Black balançou a cabeça vertiginosamente, franzindo a testa.

"Foda-se a Emmeline!" Ele grunhiu. Remus revirou os olhos,

“Mas você já fode, não é, Black? Esse é o problema."

"Então ..." Sirius falou lentamente, a mente nublada com a bebida, "Temos que parar
nossa ... coisa, só por causa dela?"

"Nossa coisa!? Deus, Sirius, você é inacreditável. "

"O que?!"

"Siiiiiiiriuuuuuuuus ..." A voz embriagada de Emmeline ecoou escada acima, "Cade


vocêeeeeee?"

Ambos se viraram, olhando para as sombras.

"É melhor você ir." Remus disse, caminhando até sua cama. Sirius o seguiu como um
cachorrinho perdido, puxando o cós da calça de seu pijama com necessidade.

"Vamos lá, só ..."

"Não!"

“Siiiiriuuuuuuus…. Estou indo te pegar!"

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Remus o empurrou uma última vez,

"Vá, eu não quero ela aqui!"

Sirius o encarou mais um pouco, a bebida ainda confundindo suas reações, tornando-o
lento e estúpido.

“Ok, mas eu vou voltar… podemos conversar…”

"Não." Remus disse, novamente. “Nós já conversamos. Acabou. Boa noite, Sirius.”

459
Capítulo 111 : Sexto Ano: Separação

Remus acordou na manhã seguinte de ressaca e com uma enorme sensação de


alívio. Ele teve que estar bêbado para fazer aquilo, mas estava feito. Sem mais ciúmes,
sem mais preocupação, sem mais perguntas ansiosas. A chave agora, ele decidiu, era
manter distância e construir barreiras.

No momento em que ele terminou seu banho na manhã após seu aniversário de
dezessete anos, Remus tinha um plano de ação. Ele fecharia a porta para qualquer que
fosse seu relacionamento com Sirius – estava tudo bem em ver como uma lembrança
afetuosa, ou se sentir um pouco mais solitário, um pouco menos completo - mas isso
era totalmente necessário, tanto para sua saúde quanto sua sanidade.

Sirius não era o mundo inteiro, por mais que parecesse às vezes.

Remus demonstrou isso quase imediatamente. Ao sair do banheiro, ele trombou com
James - que parecia não ter tocado em uma gota de bebida alcoólica na noite anterior,
apesar de ter bebido tanto quanto todos os outros. Aquela boa sorte irritante de Potter
aparentemente se aplicava a ressacas também.

"Bom dia, Moony!" Ele sorriu, as bochechas rosadas em suas vestes de


quadribol. Hoje não era um dia de treino, mas por que isso deveria impedir James? Ele
ergueu a vassoura, "Quer dar uma volta no campo?" Essa era uma velha piada - ele
sempre perguntava, e Lupin sempre fazia uma careta.

Remus olhou para as duas camas feitas, e para as duas com as cortinas ainda fechadas,
onde (presumivelmente) Peter e Sirius ainda estavam dormindo.

"Sim." Disse Remus. "Vamos, então."

"Eh?!" James parou no meio do caminho.

460
Remus acenou com a cabeça, casualmente,

"Eu vou com você. Preciso melhorar no voo, pode ser útil quando terminarmos a
escola. Eu tenho sua velha vassoura em algum lugar, deixa eu procurar...”

Ponto para James. Após sua surpresa inicial, ele foi totalmente a favor da ideia, e até
segurou a língua quando viu o estado da sua vassoura empoeirada e abandonada. Ele
simplesmente se ofereceu para polir, então levou Remus até o campo de quadribol
tagarelando sobre exercícios básicos e simples para 'aumentar sua confiança'.

E não foi horrível. James era um professor muito paciente e Remus se sentia em mãos
seguras - o garoto de óculos nem mesmo riu depois da terceira vez que caiu. Depois,
Lupin sentiu que entendia Potter um pouco melhor. Era uma sensação muito saudável
voltar para o café da manhã, faminto, dolorido e cheio de energia. O primeiro
experimento havia sido tão bom, na verdade, que decidiu que diria sim a qualquer
coisa que seus amigos pedissem dele de agora em diante. Dessa forma, ele se manteria
ocupado até que Sirius voltasse a ser o que havia sido antes.

No café da manhã, eles foram recebidos por uma fileira de grifinórios de olhos
vermelhos e rosto doentio, todos se apoiando sonolentos nos cotovelos, Mary e
Marlene sentadas de costas, apoiando-se uma na outra.

“Cristo,” Mary semicerrou os olhos para James e Remus, “Vocês estavam


se exercitado?! Malditos lunáticos.”

"Você foi, Moony ?!" Sirius olhou para cima, estremecendo e esfregando o pescoço


aparentemente dolorido.

Remus apenas deu de ombros, então desviou o olhar. Black não tentou falar com ele
novamente.

Estavam no meio da refeição - Remus, como sempre, comendo metade de seu peso em
pão torrado, ovos, feijão cozido e bacon; todos os outros mexendo em seus próprios
pratos com expressões levemente enjoadas ou então segurando uma grande caneca de

461
café preto - quando Lily se endireitou, os olhos se arregalando de repente, como se
tivesse sido eletrificada.

"Ah merda!" ela disse, então chutou James por baixo da mesa, "Potter!" Ela sibilou,
"Nós não demos o presente a Remus!"

James sorriu para ela e Lupin ergueu uma sobrancelha,

“Você e James me deram um presente? Juntos?"

“Todos nós contribuímos,” Potter riu, “E não há necessidade de me bater, Evans, está
bem aqui,” ele retirou uma caixa de couro marrom de suas vestes. Era mais ou menos
do tamanho de sua mão, liso e de aparência cara, com uma borda dourada em
relevo. Parecia o tipo de coisa na qual as garotas mantinham suas joias mais caras.

"Vocês todos…?" Remus aceitou a caixa, curiosamente. "Espero que não tenham


gastado muito, vocês sabem que não posso..."

"Oh, cale a boca, Moony," Peter bocejou, cutucando seu mingau atordoado, "Nós
fizemos uma vaquinha - quase todos da Grifinória queriam contribuir."

"Não apenas Grifinória também," Marlene sorriu, "Quase todo mundo a quem
perguntamos, até mesmo alguns professores!"

Remus estava apenas olhando para a caixa agora, porque sabia que provavelmente
havia ficado vermelho. Alguma bolha quente e doentia de emoção queimava sua
garganta, então ele engoliu em seco, o que não ajudou.

"Abra, Remus!" Ele ouviu a voz de Lily. Ele levantou a parte de cima e a caixa se


abriu em um movimento agradavelmente limpo. O interior era de veludo azul meia-
noite, e aninhado entre as dobras estava o mais belo pedaço de tesouro que Remus já
havia visto.

462
Era um relógio de bolso dourado, com uma corrente longa e fina, polido em um brilho
profundo de forma que praticamente brilhava. A caixa era decorada com padrões de
espirais intricadas, semelhantes a videiras, em torno de um escudo no centro no qual
havia sido gravado, em uma caligrafia elaborada, suas iniciais: R.J.L

Ele o abriu com o mais leve toque e viu que o mostrador do relógio era em
madrepérola e brilhava maravilhosamente sob os ponteiros dourados que
tiquetaqueavam de forma reconfortante. A outra metade parecia conter uma bússola.

"Eu não achei que eles funcionassem em Hogwarts?" Ele murmurou,

"É especial!" Mary disse, ansiosa “Não aponta para o norte, ou para onde quer que as
bússolas normais apontem. Se você disser o nome de alguém que você ama, aponta na
direção da pessoa!”

"Experimente, Moony!" James encorajou.

Remus olhou para seus amigos, nervoso, então rapidamente levou o relógio à boca e
sussurrou,

"Lily Evans."

Imediatamente, a agulha girou no lugar, apontando diretamente para o outro lado da


mesa. Lily sorriu timidamente. James o chutou por baixo da mesa,

"Seu mulherengo maldito."

"Vocês todos são incríveis." Remus disse, esperando não parecer muito


emocionado. “Muito incríveis.”

Durante a primeira semana, o novo regime de Remus pareceu bastante


eficaz. Certamente o manteve ocupado. Ele disse sim a tudo; alegremente
abandonando tudo o que estava fazendo em um minuto para ajudar um aluno mais
jovem com seu dever de casa, ou convocar uma sessão de estudo em grupo quando a

463
turma dos NIEMs de Trato das Criaturas Mágicas entrava em pânico sobre
esfinges. Ele acompanhava Lily em patrulhas, discutia literatura com Chris, falava de
táticas de quadribol com Marlene e jogava partidas sem fim de xadrez com Peter (e
perdia todas as vezes). Ele era o anjo da torre da Grifinória.

Porque Sirius não era a única coisa que Remus estava ignorando.

A velha caixa de sapatos que Dumbledore lhe havia dado ainda estava embaixo de sua
cama, juntando poeira e fechada, como provavelmente estivera por muitos anos -
talvez em alguma prateleira no escritório da Diretora. Por que era uma caixa de
sapatos? Remus se perguntou, enquanto se revirava na cama todas as noites. Algo tão
mundano, tão casual. Isso fazia com que tudo o que estava dentro parecesse ainda
mais assustador. Se quisesse que algo fosse feito com uma praticidade quase cruel,
confie na diretora para fazer um excelente trabalho. A caixa não era nem de uma boa
sapataria, como a Clarks ou a Johnson's. Era uma marca econômica, como tudo o mais
que ele já havia recebido em St. Edmund's.

A caixa poderia conter inúmeras coisas; e não era que Remus não estivesse
curioso. Não era como se ele não tentasse imaginar o que havia ali. A escritura de uma
casa na qual ele poderia morar seria muito brilhante. Talvez algum dinheiro
antigo. Fotografias. Uma carta de seu pai, uma explicação - poderia conter respostas
para perguntas que nem havia feito.

Mas ele não abriu. Sabia que assim que abrisse a caixa, todo o mistério desapareceria
e ele ficaria com algo decepcionante. Porque não poderia haver nada dentro que
pudesse realmente satisfazê-lo.

Então, manter-se ocupado ajudou; certificando-se de ficar exausto a cada dia, para que
caísse direto no sono todas as noites, mesmo quando os outros meninos ficavam
conversando, tramando travessuras. Mas o próprio Sirius ajudou também. Por alguma
incrível reviravolta do destino, ele parecia estar dando espaço a Remus.  

464
Se Black se lembrava de suas palavras duras na noite da festa, ele não
mencionou. Mas não tentou ficar sozinho ou tratá-lo com qualquer tipo de
ressentimento ou desdém. Remus presumiu que Sirius: Estivera muito bêbado para
absorver qualquer coisa, ou acreditara na palavra de Remus e decidiu recuar em
silêncio.

Para Remus, com exames no horizonte, a opção 2 era de longe a mais preferível, então
ele decidiu acreditar.

A separação deles foi tão tranquila e completa que, logo, até mesmo Remus, teve
dificuldade em acreditar que eles algum dia tinham sido próximos. Certamente, para
todos os outros, deveria parecer que nada havia mudado. Sirius ainda era Sirius -
extrovertido, amante de garotas, atrevido, rebelde, devastador. E Remus era apenas
Remus - um maroto secundário, quieto, privado, estudioso e sofrido.

À medida que março se aproximava do fim, a festa de aniversário semanas atrás deles,
houve apenas um momento em que a situação quase chegou ao auge, mas foi
rapidamente esvaziada, com a ajuda de um fator inesperado.

Era o final da tarde de uma sexta-feira e Remus estava apresentando um workshop


introdutório de duelo. Christopher estava lá - Christopher nunca estava longe,
atualmente - mas a maioria da classe era formada por iniciantes e alunos muito mais
jovem. Eles estavam aprendendo alguns feitiços diversivos e básicos de
desarmamento, quando a porta da sala de Feitiços se abriu, mas ninguém entrou.
Todos se viraram para olhar e murmuraram 'Pirraça', antes de retornar às suas
posições de ataque. Mas Remus sabia.

Ele seguiu o cheiro pela sala e observou a porta aberta do escritório de Flitwick se
mover apenas levemente, como se alguém houvesse esbarrado na maçaneta ao
entrar. Flitwick confiou em Remus, e deixou seu escritório aberto para o caso de
precisarem de algum equipamento - ele mantinha vários colchões grandes que eram
bons para duelar, bem como um kit de cura de emergência. Remus pigarreou,

465
"Isso é bom! Continue praticando, lembre-se de pronunciar bem e alto... Eu já volto.”

Ele deslizou pelas bordas da sala ao dizer isso, então entrou no escritório.

"Sirius," Remus sibilou, "Saia, isso não é ..."

“Estou apenas me escondendo de Filch! Tenha coração, Moony! " Sirius puxou a capa


da invisibilidade, um sorriso familiar no rosto. O tipo de sorriso que, geralmente, o
fazia conseguir o que queria. Remus se irritou.

“Você está com a capa, esconda-se em outro lugar! Estou quase terminando aqui, de
qualquer maneira, eles estarão saindo em um minuto.”

“Bem, então não é grande coisa, é? Eu vou ficar até que todos eles saiam. Posso até
aprender alguma coisa!”

“Remus? Você está bem aí?” Uma batida na porta. Christopher.

"Sim, desculpa!" Remus deu a Sirius um último olhar furioso, antes de sair. Black


sorriu e desapareceu sob a capa novamente. Havia deixado a porta aberta, ele sabia
que Sirius se entediaria e sairia do escritório. Lupin o imaginou encostado
casualmente na parede, observando com um sorriso irônico.

Remus continuou ensinando da melhor forma possível, tentando ignorar a


distração. Se sentia terrivelmente exposto, sendo observado assim, sabendo que Sirius
estava tão perto. Quando a aula finalmente terminou, Remus conduziu todos para fora,
dizendo que a sala era necessária para outra coisa. Todos foram embora, conversando
animadamente sobre o fim de semana que viria. Todos, exceto Christopher.

“Eu vou te ajudar a arrumar,” ele disse ansioso, enquanto os últimos alunos saíam,
gritando suas despedidas.

466
Christopher e Remus fizeram o trabalho de reorganizar a sala de Feitiços, restaurando-
a em sua ordem normal. Ele podia sentir Black os observando o tempo todo, os
cabelos de sua nuca se arrepiando.

"Você leu aquele livro?" Christopher perguntou: "O Auriga?"

Remus estremeceu, mas acenou com a cabeça,

"Sim, foi bom."

Foi bom. Difícil de ler, em alguns pontos, preocupantemente identificável a sua


própria vida. Mas também foi um alívio.

"Ah, estou tão feliz que você gostou!" Christopher disse. Remus podia imaginar Sirius
fazendo uma careta para Chris, por ele estar tão animado com um livro. "E quanto ao
final?"

“Ah, sim, foi bom. Eu gostei."

"Mesmo?" Christopher torceu o nariz, “Eu não. Gostaria que Laurie tivesse escolhido


Andrew, você não?”

Claro que Christopher se identificou com Andrew - doce, estudioso e casto.

"Eu gostei de Ralph." Remus deu de ombros, “Mesmo se ele não fosse perfeito, ele era
mais ... sei lá. Emocionante?"

Remus achou que Ralph parecia realmente sexy pra caralho, na verdade - mas ele
imaginou Black o tempo todo, o que pode ter tido muito a ver com isso. Esperava,
sinceramente, que se Sirius estivesse bisbilhotando - e é claro que estava, ele era
Sirius, afinal – e que não estivesse entendendo uma palavra do que Christopher estava
dizendo.

"Achei que você gostaria mais dele", o mais novo respondeu, com uma nota de
tristeza. Ele estava parado ao lado de Remus agora, sua mochila sobre um ombro,

467
pronto para ir. Apenas vá, Remus implorou, interiormente. "Ele me lembrou um pouco
do seu amigo, Sirius Black."

“Ah?!” Isso chamou sua atenção. E a de Sirius também, Remus praticamente pode


senti-lo se endireitar.

"Sim," Chris sorriu timidamente, "Desculpe, mas é bastante óbvio que você tem uma
queda por ele."

Remus apenas piscou, mudo. Christopher riu suavemente, “É uma perda de tempo,


Remus, você não consegue ver isso? Sim, ele é ... lindo e tudo mais, mas ele é
claramente louco por garotas. Você deveria ... quero dizer, você merece alguém que se
preocupa com você tanto quanto você se preocupa com ele. "

"Christopher, eu não-"

Chris o interrompeu com um beijo - ele apenas ficou na ponta dos pés e beijou Remus,
como se fosse assim tão fácil. Seu primeiro instinto foi afastá-lo; isso não era
nada parecido com o que ele queria. Felizmente, foi apenas um breve roçar dos lábios.

"Oh, Chris ..." Remus respirou, "Eu ... você é um amigo tão bom, e ..."

Ah merda. Ele não deveria ter dito 'amigo'. Amigo era a pior palavra possível. Ele


praticamente podia ver o coração de Christopher se partindo. Mas durou apenas um
momento, antes que aquela pose de puro-sangue, com o lábio superior rígido,
assumisse o controle. O garoto balançou a cabeça e deu um passo para trás.

"Tudo bem. De verdade. Prefiro ser amigo do que não ser nada, se isso é tudo que
podemos ser.”

Remus se sentiu doer.

"Vamos," Chris sorriu, como se nada tivesse acontecido. "Hoje terá torta de bife e rim,
sua favorita."

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Eles deixaram a sala de aula - apenas os dois - e Remus fechou a porta
silenciosamente atrás de si, para evitar suspeitas.

469
Capítulo 112 : Sexto Ano: Aparatação

Sirius não apareceu para o jantar. Emmeline se aproximou e perguntou a James onde


ele estava, mas Potter apenas deu de ombros,

“Desculpe”, disse ele, “estávamos em uma missão mais cedo, mas eu o perdi de
vista. Espero que Filch não o tenha achado ...”

"E por que Filch estaria procurando por Sirius?" Lily perguntou, abaixando sua faca e
dando a James um olhar muito direto.

"Er ... tenho certeza que não sei." James disse rapidamente, olhando para seu purê de
batata como se fosse a coisa mais fascinante do mundo. Vinte minutos depois, os
monitores foram convocados para uma reunião de emergência para discutir um
problema no quinto andar - todas as armaduras aparentemente haviam começado a
cantar ópera.

Todos os alunos foram mandados para suas salas comunais pelo resto da noite, e
quando Peter, Remus, Marlene e Mary chegaram à torre, eles encontraram Black lá,
sentado em frente à lareira, fumando. Onde ele conseguiu os cigarros? Remus se
perguntou. Ele geralmente me pede. Sirius Black não era do tipo que compra seus
próprios cigarros; ele era um pedidor profissional.

"Tudo bem, Black?" Mary perguntou, alegremente.

"Sim, tudo bem." Sirius grunhiu, ainda olhando para o fogo.

"Não estava com fome?" Ela perguntou.

"Não." Ele inalou e bufou, como um dragão inquieto.

"Ah," Mary ergueu uma sobrancelha conhecedora, e olhou para os outros, "Está em
um de seus humores, aparentemente."

470
Ele não respondeu a isso. Remus frequentemente esquecia o quão bem Mary conhecia
Sirius. Ele admirava a maneira alegre e objetiva com que ela lidava com ele; seu
próprio instinto costumava ser mimar e ceder. Ele devia dar seguir o exemplo de
Mary, pensou.    

Quando Christopher voltou da reunião de monitores, Remus grudou nele como cola
pelo maior tempo possível. Em parte, porque sabia que o havia machucado e queria
mostrar a ele que nada havia mudado. Em parte, porque sabia que Sirius não chegaria
nem perto deles enquanto estivessem juntos. Os dois se sentaram no assento da janela
no fundo da sala, mais longe da lareira. Era o mesmo lugar que Sirius havia se sentado
com Remus apenas alguns meses atrás, o lugar no qual haviam brigado e depois se
reconciliaram. Mas ele não estava pensando nisso. Ele estava ouvindo o resumo de
Christopher sobre as instruções dos monitores,

“... e todo mundo sabe que Potter provavelmente teve algo a ver com isso, mas
obviamente não há nenhuma prova porque ele é basicamente um vândalo profissional,
e todos o amam, então ele se safa. Até mesmo Lily Evans desistiu, ela nunca briga
com ele como costumava fazer.’’

"Ah, sério?" Remus fingiu interesse, observando as costas da poltrona de Sirius.

“Sim,” Chris concordou, “Ela amoleceu com ele. Eu até perguntei o que ela achava
que deveria ser feito para punir quem havia causado a confusão, e ela deu uma
risadinha! Ela disse que na verdade era muito engraçado, e como não fez mal a
ninguém era pra eu ser mais leve! Eu costumava realmente admirá-la, você sabe. "

“Talvez você devesse relaxar,” O mais velho suspirou, “Parece que foi
engraçado. Todos nós estávamos precisando de umas boas risadas.”

“Os monitores devem cumprir todas as regras,” Christopher respondeu, com um eco


de McGonagall em sua voz, “Não apenas as chatas. De qualquer forma, se é assim que
você se sente, não sei por que me preocupo.”

471
Ele começou a se levantar,

“Chris,” Remus olhou para ele, “Vamos, não seja assim. Eu te questiono sobre Runas,
se quiser. "

"Não estou com vontade." Chris respondeu, rispidamente: "Vou para a cama." Ele saiu
em direção aos dormitórios. Lupin suspirou novamente e esfregou os olhos. Ele
esperaria alguns minutos e então subiria sozinho. Havia sido um dia difícil.

Mas é claro que não. Assim que Remus escovou os dentes e vestiu o pijama, Sirius
aproveitou a oportunidade. Ele estava parado no meio do dormitório com o rosto como
um trovão, braços cruzados. Lupin se sentiu um pouco em desvantagem, em suas
roupas noturnas e pés descalços, mas tentou permanecer estoico e assentiu.

“Olá, Sirius. Estou indo para a cama.” Ele tentou caminhar em direção ao seu lado do
quarto, mas Black o bloqueou.

"Você realmente me irritou, sabia disso?" Ele disse, furiosamente.

"Desculpe?" Remus recuou, carrancudo. Sirius continuou, praticamente esbravejando.

"Se você estava tentando me deixar com ciúmes, então eu acho que é baixo pra
caralho da sua parte, Remus."

Lupin revirou os olhos, o que ele sabia que irriaria Sirius ainda mais.

"Oh, claro." Ele disse, sarcasticamente “Tudo gira em torno de você, não é? Pelo amor
de Deus, você nem deveria estar lá! Por que você simplesmente não saiu com o resto
do grupo?!”

“Achei que você gostaria de descer para jantar comigo! Como eu ia saber que você
tem tido encontros secretos com aquele... aquele... "

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"Eu não tenho tido 'encontros secretos' com ninguém além de você, seu idiota." Remus
retrucou, “E você já fez eu me arrepender disso. Christopher é meu amigo e, de
qualquer forma, não é da sua conta, então mantenha o nariz fora! "

"Ok!" Sirius gritou, "Se é isso que você quer!"

"Eu disse isso, não disse?!"

Remus estava furioso, com tanta raiva que sabia que se ficasse muito mais tempo ali
diria algo do que se arrependeria. Ambos gostavam de ter da última palavra em uma
discussão, era uma das únicas coisas em que eram semelhantes. Como não tinha para
onde ir, ele passou por Sirius, foi até a cama e fechou as cortinas com tanta força que
quase arrancou os anéis da madeira.

Alguns momentos depois, ele ouviu os passos raivosos de Sirius descendo as


escadas. Bem, Remus pensou. Se ele não recebeu a mensagem antes, ele a recebeu
agora.

***

Segunda-feira, 4 de abril de 1977

Inconvenientemente, a primeira aula de aparatação do ano aconteceu na lua cheia de


abril. Remus já estava extremamente nervoso - daquele jeito trêmulo e suado - com
essas aulas; acrescente a isso o desafio que normalmente tinha para manter sua magia
sob controle nos dias anteriores à lua, e ele tinha certeza de que era uma receita para o
desastre.

“Posso acabar do outro lado do país!” Ele disse em voz baixa para Lily enquanto
faziam fila do lado de fora do Salão Principal.

“Você não pode,” ela o assegurou. “Eu perguntei à Professora McGonagall, eles


apenas suspenderam as proteções anti-aparição no Salão, então eu não acho que você
possa sair dele.”

473
"Mesmo? Ok, assim é melhor." Ele acenou com a cabeça, tentando se acalmar. Foi
infinitamente útil deixar Lily ciente do probleminha peludo. Ela tinha muito mais bom
senso do que James ou Sirius.

“De qualquer forma,” a ruiva sussurrou, “Você deveria parar de agir como se fosse um
coisa ruim, ser extra forte às vezes. Eu teria pensado que seria uma vantagem,
especialmente para alguém tão inteligente quanto você.”

Isso o impressionou de uma forma engraçada. Ninguém nunca havia sugerido que ele
tentasse ser positivo sobre seu problema antes. Bem, exceto por Livia. Você não sabe
metade do poder que possui, Remus Lupin.

Dentro do Salão, a Professora McGonagall apresentou os ansiosos alunos do sexto e


do sétimo ano ao alto e magro oficial do ministério que estava lá para ensiná-los a
aparatar. Remus, é claro, tinha lido bastante sobre o assunto e já sabia sobre os 'três
d's', mas esperava que houvesse mais do que isso.

Depois de muita pouca instrução, na opinião de Remus, os alunos receberam aros de


madeira e foram convidados a simplesmente 'tentar'. Ele encontrou o olhar Mary,
enquanto eles carregavam seus aros para um espaço livre. Ela fez uma careta com os
olhos esbugalhados e ele riu, o que o fez ganhar um olhar severo do instrutor. Não
querendo causar uma má impressão, Remus voltou a concentrar sua atenção no aro.

Era muito difícil se concentrar, quando todos ao seu redor estavam girando,
tropeçando e caindo, como cachorrinhos sendo treinados para rolar. Ainda assim,
Remus fechou os olhos e tentou.

Deliberação. Melhor não ir muito rápido; como pilotar uma vassoura. Devagar e


sempre é o que ganha a corrida.

Determinação. Ele realmente queria vencer Sirius.

Destino. O arco não estava nem tão longe. Ele o colocou mais para o lado, como
daquela vez com o Sr. Potter.

474
Remus tentou se lembrar de como se sentiu. A magia, puxando-o para frente - não,
mais como ... mais como seguir um canal, como água rodando até ralo de uma
banheira; se você pressionasse as pontas dos dedos contra os buracos, dava para sentir
o vácuo sugando ... era um pouco assim.

“CARAMBA!” Um grito surgiu, causando um lapso na concentração de Remus. Ele


abriu os olhos a tempo de ver James e Sirius sentados no chão, confusos, olhando um
para o outro, esfregando as cabeças. Ah não, Remus pensou, eles já conseguiram?   

“Idiotas.” Mary riu. Todo mundo estava rindo também, e Sirius parecia extremamente


aborrecido, enquanto se levantava e limpava o pó de suas vestes com uma fungada
digna.

"O que aconteceu?" Perguntou Remus.

“Os dois pularam ao mesmo tempo e se bateram.” Ela bufou. “Idiotas. Não estou


sentindo nada, você está? "

Remus balançou a cabeça. Ele fechou os olhos novamente e se concentrou o máximo


que pôde, sentindo o que quer que fosse que o puxaria da maneira certa. Pensou que
havia conseguido, tentou girar, mas não chegou a lugar nenhum. Pelo menos ele não
caiu.

Algo não estava certo. Isso era como a coisa estúpida do patrono de novo (ele ainda
não havia conseguido produzir um; era um dos únicos. Até Peter havia produzido um
pequeno pedaço de prata). Só que o truque para isso era ter um pensamento feliz - e
Remus aceitou que pensamentos felizes não eram seu forte. Isto, no entanto, isto
requeria determinação. E ele não era determinado?

Nesse momento, o instrutor de aparatação passou por perto e Remus sentiu o sopro de
sua magia. Era peculiar e forte - zumbia. Isso o lembrou de como a velha TV na sala
de recreação de St. Edmund's acumulava uma nuvem de estática na tela. Quando

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criança, Remus costumava erguer as mãos maravilhado, e acariciar a energia bizarra e
sobrenatural, como se pudesse absorvê-la

Houve um estalo na mente de Remus, como gelo se quebrando. Era isso! Remus


relaxou seu corpo. Ele não precisava procurar o canal certo ou tentar senti-lo -
ele já podia sentir. O salão todo estava cheio de magia espessa, como ferro e quente-
fria contra seus dentes. Ele sempre pôde sentir a magia, apenas aprendeu a ignorar ao
longo dos anos. Isso era mais difícil de fazer na lua cheia, mas neste cenário, isso
poderia não ser uma desvantagem, como Lily havia dito...

Ele fechou os olhos, inspirou e se moveu - parecia apenas um leve estremecimento,


um movimento de varinha ou o arquear de uma sobrancelha. Remus deixou a magia
fazer todo o trabalho, e quando abriu os olhos com um suspiro, ele estava dentro do
arco.

"Bravo!" O instrutor batia palmas delicadamente, sem fazer barulho.

"Boa, Moony!" James gritou do outro lado da sala, um grande hematoma em forma de


ovo crescendo em sua testa.  

“Muito bem, Remus!” As meninas aplaudiram.

Remus olhou para os próprios pés, envergonhado, mas emocionado.  

***

Sexta-feira, 15 de abril de 1977

Em meados de abril, parecia não haver limites para a confiança recém-adquirida de


Remus. Ele foi cauteloso com isso, é claro - não disse a ninguém (nem pensar!) para o
caso de o considerassem arrogante ou, pior ainda, perigoso. Mas ele sabia que algo
havia mudado. Por muitos anos, Remus considerou sua licantropia, as emoções e
sentidos incontroláveis que surgiram por consequência dela, como uma limitação de

476
sua magia. Se as últimas semanas haviam lhe ensinado algo fora que isso estava
incorreto.

Talvez esse mal-entendido fosse simplesmente devido ao fato de que muito pouco
estudo havia sido feito sobre lobisomens no mundo mágico. Ou talvez Livia estivesse
certa - Remus tinha sido instruído pelas pessoas erradas o tempo todo.

Agora, em particular, ele realizava vários experimentos, desde feitiços simples e


básicos até transfiguração e transmutação muito mais complexas. Tudo isso vinha
muito mais fácil quando ele relaxava, quando aproveitava qualquer magia que já
estivesse no espaço ao seu redor. Antes, lançar um feitiço era como tirar água de um
poço dentro dele, um balde pesado em uma corda. Após a descoberta da aparatação,
ele se sentiu como se estivesse em um lago o tempo todo - e tudo o que ele precisava
fazer era beber. Até começou a dar passos em direção à magia não-verbal.

Nesse meio tempo, ele tinha exames para se preparar, e embora sua força recém-
descoberta certamente fosse útil em seus exames práticos, Remus ainda precisava
completar vários testes escritos. Nessa tarde em particular, ele convenceu James (e,
por extensão, Peter) a revisar com ele. Era um belo dia de primavera, e os últimos
arrepios do inverno haviam durado o suficiente para que todos concordassem que seria
bom se sentar do lado de fora, para variar.

Eles se esparramam na grama, os livros abertos, James lendo com a língua entre os
dentes e uma pena atrás da orelha, Peter fazendo anotações sobre hinkypunks sem
entusiasmo.

“Não é justo”, ele reclamou, “Não é NIEM ou NOM este ano, por que temos que fazer
exames afinal?”

“É para a gente não perder o ritmo, Wormy’’ Potter respondeu, ainda concentrado em
seu livro. “Pense nisso como uma prática para os NIEMs.”

"Melhor não." Peter fez uma careta. "Moony, você tem as anotações para ..."

477
“Terças, quintas e domingos.” Remus disse, prontamente, sem tirar os olhos de sua
redação de Defesa Contra a Arte das Trevas.

"O que?" Peter coçou a cabeça.

“Terças, quintas e domingos.” Remus repetiu. “Esses são os dias que eu tenho o grupo


de estudo, e esses são os dias eu ajudar outras pessoas com os seus trabalhos. Preciso
do resto do tempo para pôr em dia minhas próprias coisas.”

"Ah, mas eu sou seu melhor amigo," Peter gemeu, "Por favor, Moony?"

“Menos tempo agarrando Dorcas, mais tempo organizando suas anotações.” Remus


sorriu. Era muito fácil ser estúpido quando você não tinha permissão para beijar as
pessoas que queria beijar. Falando nisso.  

"Tudo bem, rapazes?" Sirius veio passeando pelo gramado em direção a eles,


Emmeline trotando atrás dele. James olhou para cima e sorriu, Peter se moveu para
abrir espaço.

"Onde você esteve?" James perguntou: "Eu nunca mais te vejo esses dias".

"Não é minha culpa que você se tornou um deles, monitor Potter." Sirius respondeu
friamente, "Eu estava na detenção."

"Você está em detenção com mais frequência do que eu fazendo coisas de monitor",
James rebateu, não mais lendo seu livro, agora de volta ao modo maroto. Ele acenou
com a cabeça para Emmeline, que se sentou afetadamente ao lado de Sirius, alisando
sua saia, "Tudo bem, Em?"

“Oi James,” ela sorriu de volta para ele, “Peter, Remus. Vocês estão revisando?”

"Infelizmente," Peter gemeu. "Moony não está me ajudando, no entanto."

"Ah, se vire, pelo menos uma vez," Remus retrucou, não mais provocando levemente.

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“Eu acho que é uma boa ideia,” Emmeline disse, encorajando, “Tirar isso do caminho
antes de Hogsmeade neste fim de semana. Acho que é a coisa responsável a se fazer,
não é, Sirius? "

"Deve ser."

“Falando nisso,” ela continuou, ignorando sua rejeição, “O que você gostaria de fazer
em Hogsmeade? Eu te encontro lá, ou você me busca fora da minha sala comunal? "

“Ugh, eu não sei. Por que tem que ser uma grande coisa?”

Peter, apesar de seu desespero anterior, de repente ficou fascinado por suas anotações,
com a cabeça inclinada sobre o pergaminho.

“Outros meninos não se importam em fazer planos para sair com suas namoradas,”
Emmeline disse, sua voz quase estridente. Este era claramente um terreno antigo para
eles.

Peter, James e Remus começaram a se concentrar em seus livros e anotações como se


suas vidas dependessem disso. Sirius e Emmeline continuaram brigando de qualquer
maneira.

"Não sou como os outros meninos," Sirius rosnou, "Achei que você gostasse disso."

"Eu também." Ela atirou de volta.

"E daí? Sou um péssimo namorado porque não quero ficar atrás de você como um
idiota sentimental? "

"Não é isso que estou perguntando e você sabe disso!"

"Pare de reclamar então."

"Eu não estou recla ..."

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“Parece que sim. Reclama, reclama, reclama. "

Emmeline abriu e fechou a boca algumas vezes, claramente querendo dizer algo em
troca, mas não querendo que soasse como mais uma reclamação. Finalmente, ela se
sentou em silêncio, olhando para o chão. Os olhos dela pareciam um pouco mais
brilhantes do que o normal, e Remus finalmente sentiu-se amolecer em relação a
ela. Coitada.  

"Ah Merlin, não fique de mau humor." Sirius reclamou do silêncio da menina. "Se


você está com raiva, então vamos brigar, se você estiver bem, me beije - mas, por
favor, não fique assim."

"Ugh, e essas são as duas únicas opções com você, não são, Sirius?!" Emmeline
retrucou, ficando de pé e cruzando os braços sobre o peito.

"Sim." Ele respondeu, sorrindo aquele sorriso de Sirius Black.

"Ah!" Ela jogou as mãos para cima e saiu disparada, de volta ao castelo.

Depois que ela se foi, restou apenas um silêncio desconfortável. James pigarreou.

"Não foi muito legal, Pads." Ele disse sobre seu livro. "Ela está chateada agora."

"Ela está sempre chateada," Sirius lamentou, "E os meus sentimentos?"

"Não tenho certeza de que você tenha algum." Potter disse, sem perder o ritmo. "O que
você acha, Moony?"

Remus ergueu os olhos de seu próprio livro, esperando que parecesse incomodado e
desinteressado - como se não estivesse prestando muita atenção.

"Hm?"

"Padfoot tem sentimentos?"

480
Sirius alcançou seu olhar. Remus endireitou as costas e desviou.

"Definitivamente não."

Black se levantou sem dizer uma palavra e saiu.

"Sirius? Ei!” James se levantou, mas Sirius não olhou para trás. Potter então coçou a
cabeça, sentando-se inquieto. Ele ficou pensativo por um momento antes de olhar para
Remus. "Moony ... está acontecendo algo entre vocês dois?"

Remus olhou feio para ele.

"Pergunte a ele!"

"Eu perguntei. Ele não quer dizer nada.”

"…mesmo?" Remus estava genuinamente surpreso. Ele tinha quase certeza de que


Sirius o havia contado todos os mínimos detalhes. Ou então, realmente estava
envergonhado.

"Mesmo." James estava olhando para ele muito intensamente agora, "O que está
acontecendo?"

"Eu ... eu dormi com Mary." Pelo menos era verdade. Peter soltou um suspiro estranho
ao lado dele, mas Remus o ignorou. "Ele descobriu, só isso."

"Você o que?!" As sobrancelhas de Potter se ergueram em surpresa desmascarada. Ele


rapidamente reorganizou suas feições, limpando a garganta, “Ah, bom para você,
cara. Eu não tinha ideia de você e ela ... "

"Foi só uma vez." Remus disse, rapidamente.

"Está bem. Certo, bom. Por que Sirius está de mau humor com isso? Ele e Mary se
separaram há muito tempo.”

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"Não sei." Remus respondeu, taciturno. Então suspirou “Ah, vá em frente, Pete, pegue
minhas anotações emprestadas. Qual parte você não está entendendo? "

482
Capítulo 113 : Sexto Ano: A Caixa

As arquibancadas do campo de quadribol em um domingo eram um dos únicos


lugares nos quais havia garantia de paz e sossego em Hogwarts. Remus estava indo lá
todas as semanas desde seu aniversário, assistindo o final das sessões de treinamento
espartano de James, e tendo aulas de voo depois.

Esta manhã, porém, ao entrar mancando nas arquibancadas, ele descobriu que não
estava sozinho.

"Oi, Lily," Remus sorriu, surpreso, "O que você está fazendo aqui?"

Lily se virou e piscou, sua boca rosada aberta em um pequeno 'O', como se não
esperasse que mais ninguém aparecesse. Seus olhos dispararam para o campo, depois
de volta para Remus nervosamente, e ela deu um sorriso tímido,

"Oi! Er ... apenas assistindo Marls praticar. Apoio moral e tudo mais.”

"Ah, certo. Se importa se eu me juntar a você? "

Ela sorriu e mudou sua bolsa de lugar, como se para abrir espaço para ele, embora as
arquibancadas estivessem completamente vazias. Os dois se sentaram em silêncio e
assistiram ao treino por um tempo. James estava treinando os artilheiros e o goleiro,
então apenas metade da equipe estava lá hoje. Remus se lembrava vagamente da
iniciativa de James de realizar 'sessões focalizadas’, o que havia sido um alívio para o
resto do time da Grifinória, pois significava que eles não tinham realmente que treinar
todos os dias, mesmo que James o fizesse.

"Er ... Lily?" Remus disse depois de um tempo, "Você sabe que Marlene não está
treinando hoje?"

483
Ela olhou para os próprios joelhos, o cabelo caindo como folhas de cobre na frente de
seu rosto.

"Sim." A menina sussurrou.

"Então você está aqui para assistir...?"

"Não me faça dizer isso, Remus," ela parecia derrotada. E então levantou a cabeça,
empurrando o cabelo atrás da orelha, "Vá em frente, deixe essa passar."

"O que?!" O garoto estava entretido. Monitora Lily Evans, completamente


derrotada. Sirius adoraria isso.

"Me provoque, tire sarro de mim, diga que sou uma completa idiota ..." ela suspirou,
olhando para o campo, "Eu já sei disso tudo."

"Eu não acho que você seja uma idiota apenas por estar gostando de James." Remus
riu, cutucando-a jovialmente, "Mas ... quero dizer, é um pouco engraçado, depois de
todo esse tempo."

"Ugh, eu sei." Ela gemeu, "Eu não posso acreditar nisso."

"Ele sabe?"

"Não!" A ruiva o olhou, sem acreditar, "Eu absolutamente morreria!"

"Por quê?!" Remus riu de novo, “Honestamente, você não pode achar que ele vai te
rejeitar, né? Ele está esperando exatamente por isso há cinco anos!"

"Por isso mesmo!" Ela respondeu, gesticulando freneticamente com as mãos, abrindo


seus dedos em uma demonstração de exasperação. “Ele quer isso desde sempre, e eu
só quero isso por ... er ... bem, talvez faça um tempinho, pra falar a verdade ..., mas
nem de longe por tanto tempo quanto ele. Se eu ceder agora, tenho medo de quebrar
seu coração. Ele é tão intenso."

484
Ela mordeu o lábio, ainda o observando voar, soprando o apito e apontando
enfaticamente para os anéis de gol.

"Talvez você quebre." Remus concordou, "Mas acho que James Potter consideraria
uma honra ter seu coração quebrado por você."

A menina bufou,

“Remus, honestamente, você soa tão ruim quanto ele. Eu não sou essa ... não sei,
'garota dos sonhos' perfeita que vai entrar na vida dele e tornar tudo maravilhoso. Não
é um conto de fadas. Eu não sou um conto de fadas. Eu sou muito irritante. Sou uma
bagunça completa de manhã - pergunte a Mary - e odeio perder discussões, grito
quando estou com raiva e meu nariz escorre quando choro. Eu não sei nada sobre
quadribol e eu realmente não quero aprender também.”

"E?" Remus sorriu. “Tenho certeza de que ele já sabe a maior parte disso. E se ele não
souber, não acho que vai doer caso descubra. De qualquer forma, não é como se James
fosse perfeito. Eu já cheirei suas meias.”

Lily riu.

"Obrigada, Remus."

"Vai contar a ele?"

Ela franziu seu nariz sardento.

“Nah. Quero pensar um pouco mais primeiro.”

"Só vai ficar assistindo James voar em sua vassoura por horas a fio?"

Lily o empurrou, rindo,

485
"Se eu quiser! Ele é agradável de se ver, o que posso dizer? " Ela colocou a língua
para fora e voltou a ficar boquiaberta. Remus sorriu e trouxe à tona o único conselho
verdadeiro que tinha.

“Não demore muito. Fica mais difícil, quanto mais você espera.”

A menina o olhou, curiosa, e Lupin imediatamente se arrependeu de ter dito qualquer


coisa.

"Ah, é?" Ela disse "Você parece muito sábio sobre os caminhos do amor, de repente."

"Nah." O menino riu e esperou que tivesse sido convincente "Eu só leio muito."

***

“I could have given you all of my heart,

But there’s someone who’s torn it apart.

And he’s taken nearly all that I have got,

But if you want I’ll try to love again…”

"Black, da próxima vez que você decidir partir o coração de alguém, você pode fazer
isso fora da época de exames?" Lily gemeu quando Sirius entrou na sala comunal e
todos os rádios, toca-discos e gramofones em um raio de vinte metros começaram a
tocar a voz trágica de PP Arnold.

“Baby I’ll try to love again, but I know…

The first cut is the deepest…”

“O que você quer que eu faça a respeito?!” Sirius se enfureceu, invadindo a sala,


tentando silenciar todos os alto-falantes à vista.

486
Fora um melodrama doloroso e prolongado, mas Emmeline e Sirius finalmente se
separaram. E aparentemente ninguém tratava Emmeline Vance assim, então, em
retaliação, ela lançou um feitiço muito avançado nele, o que significava que toda vez
que entrasse em uma sala, canções de término começavam a tocar. Isso geralmente se
limitava a vitrolas, mas ocasionalmente, quando não havia mais nada ao redor, os
retratos também começavam a cantar.

"Apenas peça desculpas a ela e peça para ela retirar o maldito feitiço!" Lily respondeu.

“Cuz when it comes to being lucky, he’s cursed,

when it comes to lovin’ me, he’s worst…”

“Não tenho nada pelo que me desculpar!” Ele cuspiu de volta, com força
“Silencio! Silencio silencio, SILENCIO!”

A música finalmente parou. Quem sabe por quanto tempo. Remus não se envolveu, ele
só poderia piorar as coisas, e Sirius esteve de péssimo humor a semana toda.

“Tenho que dar crédito a garota,” Mary pensou “Ela é criativa.” Ela estava sentada no
colo de Marlene, que estava de bruços no tapete, Mary trançando seus longos cabelos
loiros. Cada vez que chegava ao fim, ela desfazia tudo, penteava com cuidado e
começava de novo. Às vezes, Remus achava que nunca entenderia garotas. Ainda
assim, Marlene, que normalmente odiava ser importunada, parecia estar gostando
bastante, ela parecia muito em paz.  

“Ah sim, vá em frente, fique do lado dela, vocês. Malditas mulheres.” Sirius se jogou


na poltrona em frente a Lily e se acomodou nela, olhando para o fogo. "Alguém tem
um cigarro?"

Remus tinha, mas não disse nada.

487
“Não estou surpreso por ela ter largado você,” Mary sorriu, “Você está sendo um
idiota miserável esses dias. Que bom que me livrei de você. " Ela deu a ele uma
piscadela de brincadeira, e sua carranca diminuiu.

"Eu sei que você me ama", ele murmurou.

“Vamos conversar sobre outra coisa.” Marlene disse, do chão. “Nada sobre exames ou


relacionamentos. Potter, como está indo com a viagem de acampamento? "

"Tudo resolvido - vocês só precisam aparecer", James sorriu, "Com suas barracas,
obviamente."

"Papai disse que posso pegar emprestado as da família, desde que eu cuide delas",
disse Lily, "São duas, cabem duas pessoas em cada.”

"Confortável." Sirius disse, sarcasticamente, "Com sete de nós indo."

"Oito," Peter ressaltou, "James disse que eu poderia levar Dorcas."

Remus gemeu interiormente com isso. Não que ele não gostasse de Dorcas; Dorcas era
legal. Mas ele estava ansioso por passar as férias de verão com todos os seus amigos
mais próximos, não com as namoradas dos seus amigos. Graças a Deus, Mary não iria
levar seu namorado mais recente. Porém, com Mary, a rotatividade era muito rápida
para fazer qualquer tipo de plano a longo prazo.

"Bem, eu esperava que vocês, meninos, trouxessem sua própria barraca, na


verdade." Lily respondeu, dando a Sirius um olhar gelado.

“Mamãe disse em sua última carta que há uma loja de suprimentos para
acampamentos trouxas no nosso vilarejo,” James disse, rapidamente, sempre o
pacificador, “Então todos nós iremos comprar os nossos assim que estivermos em
casa. Você definitivamente está vindo para ficar neste verão, certo Moony? "

488
"Se ainda estiver ok?" Remus perguntou, ansioso. Ele ainda não tinha um plano
b. Talvez James o deixasse ficar com uma das barracas depois. Ugh, que pensamento
deprimente.  

"Claro", James sorriu magnanimamente, esfregando as mãos, "Este verão vai


ser ótimo."

“Como vamos chegar à Cornualha?” Marlene perguntou. "Aparatando?"

"Se todos nós passarmos na prova, sim."

Eles olharam para Peter, com culpa. Pettigrew ainda não tinha conseguido chegar a
lugar nenhum sem se estrunchar, ainda.

“Estou realmente tentando”, disse ele, envergonhado. "Eu poderia pegar o nôitibus?"

"Vai ficar tudo bem", disse James, alegremente. "Eu prometo. Melhor verão de todos."

***

Mother

You had me

But I never had you

I wanted you

You didn’t want me.

Sexta-feira, 24 de junho de 1977

E realmente, Remus pensou consigo mesmo, ao deixar seu último exame do ano -
Trato das Criaturas Mágicas, discursivo - graças a Deus pelo eterno otimismo de
James. Era uma das únicas coisas que os motivavam a continuar, atualmente.

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Os exames continuaram como sempre - mais fáceis, talvez, pelo menos quando se
tratava de magia prática. Felizmente, ninguém esperava um patrono este ano. No
entanto, havia algo reconfortante em relação a um calendário, prazos e exercícios
cronometrados. Tudo fazia sentido e não encorajava muito pensamento
independente. Remus sempre ficava grato pela oportunidade de desligar seu
cérebro. Especialmente porque ele havia estabelecido um prazo muito pessoal para si
mesmo.

Assim que seu exame final terminasse (e hoje era o dia), ele abriria a caixa de
sapato. Já fazia quase três meses que estava embaixo da cama. Ele, nem ao menos,
olhava para ela. O que quer que estivesse lá seria perturbador, ele sabia disso. Mesmo
que não fossem nada mais do que algumas notas chatas da Diretora, trabalhos da velha
escola ou algo assim, ele sabia que só de pensar sobre todo o problema de St.
Edmund, seria colocado para baixo eventualmente. Remus disse a si mesmo que era
muito sensato e maduro; ele precisava de uma cabeça limpa para os exames.

Mas já era final de junho e não havia mais nada a ser feito. Claro, sempre havia algo a
fazer - os NIEMs começariam no ano que vem; ele devia ter uma vantagem
inicial. Falava-se sobre uma festa de fim de ano e poderia começar a se preparar para
isso. Ele realmente deveria pôr em dia suas leituras para as aulas de cura da Madame
Pomfrey também; estava terrivelmente atrasado em contusões.

Remus almoçou primeiro. As experiências desagradáveis geralmente eram melhor


enfrentadas com o estômago cheio. Haviam exames de Estudos dos Trouxas e
Adivinhação marcados para aquela tarde - James e Sirius estariam fazendo ambos.

“Moony, para que servem os balões de ar quente? Eu ainda não entendi ...” James
implorou, parecendo muito exausto.

"Você vai se sair bem," disse Lily, servindo-se de um pouco de suco de abóbora,
"Estudos dos trouxas deve ser fácil para você, após a Transfiguração avançada."

490
"Uau, obrigado Evans," James sorriu. Todos olharam para Lily, que corou e voltou
para sua comida.

“Eu ainda nunca vi nada em uma bola de cristal.” Peter suspirou profundamente.

"Diga a ela que você vê um sinistro," Sirius disse, alegremente, "É isso que estou
fazendo."

"Por que um sinistro?"

"Tenho a sensação de que ela pode realmente verá um amanhã à tarde, por volta das
duas horas." Sirius sorriu. James e Peter começaram a rir, para confusão das meninas.

Remus ficou do lado de fora do Salão Principal o máximo que pôde com seus amigos,
até que todos tivessem que fazer o exame. Adiar alguns minutos não vai doer ...

Mas, eventualmente, era hora de enfrentar a verdade. Afinal, quanto mais cedo o


fizesse, mais tempo teria sozinho para realmente processar tudo. Mesmo se não fosse
nada; mesmo se apenas tivesse que lidar com outra decepção. Ele tinha um bom livro
em mãos e acesso total à coleção de discos de Sirius, então a tarde não precisava ser
completamente desagradável.

Remus fechou as cortinas em volta da cama, mesmo estando sozinho no


dormitório. Ele soprou a poeira da tampa de papelão e isso o fez tossir.

“Scourgify” engasgou, apontando sua varinha para seus lençóis para livrá-los da
desagradável massa cinzenta. Não há volta agora. Tão rapidamente quanto se estivesse
arrancando um band-aid, ele levantou a tampa.

No início, tudo parecia completamente inofensivo. Tudo lá dentro era plano - papéis,


presumivelmente, organizados em envelopes marrons de vários tamanhos e idades.

Documentos de admissão em St Edmund's - Remus John Lupin, 5 anos 3 meses, data


de chegada 07/12/1965. Relatórios escritos por suas professoras primárias - todas as

491
notas eram 'ruins'. 'Mostra muita pouca aptidão para a academia’, dizia-se, 'Incapaz
de aprender. Pode ser adequado para trabalho não qualificado.’ Vadias
desgraçadas.    

Sua certidão de nascimento. Era trouxa - ele supôs que sua mãe não fora admitida em
St. Mungus. Remus descobriu que nascera em casa, em Bristol, entre todos os
lugares. O nome de sua mãe era Hope e seu pai estava listado como
'Desempregado'. Passou por tudo isso com impassível paciência, como um arquivista
vasculhando documentos relacionados a alguma história antiga, não sua própria
vida. Mas então vieram as fotos.

Eram em preto e branco. Trouxas; imóveis. Uma de um bebê gordinho vestido com


uma roupa de malha branca, com botões em forma de coelho. Remus supôs que fosse
ele, não havia nada escrito no verso, apenas o selo de onde a foto fora revelada. Havia
outra, que devia ter sido tirada quando ele chegou a St. Edmund's. Nela, foi capaz de
reconhecer algumas características - o olhar sombrio e cauteloso, a boca definida em
uma careta determinada. Ele estava olhando para cima - para quem estava tirando a
foto, provavelmente - e parecia assustado.

A última foto foi a pior. Era de uma família da qual ele não se lembrava.

Lá estava Lyall, alto, magro e desajeitado, cabelos desgrenhados e pequenos óculos de


armação metálica. Ele estava sorrindo - Remus nunca o imaginou sorrindo. Sentada
em uma poltrona floral ao lado dele estava uma mulher pequena, de aparência muito
jovem. Ela tinha o cabelo loiro platinado imaculado em uma colmeia adequada dos
anos 60, e estava usando uma blusa elegante que exibia seu belo porte. Seu nariz era
um pouco comprido e pontudo, mas ela tinha um rosto bonito. Em seu colo estava um
garotinho, rindo, o rosto todo enrugado de alegria. A mulher estava olhando para ele,
sua boca estava aberta - o que ela estava dizendo?

Remus largou a foto, sentindo-se tonto. Percebeu que estivera prendendo a respiração


por um longo tempo e exalou. Restava um envelope. A caligrafia não era da
Diretora. Não havia selo, entretanto, então talvez ela tivesse lido antes. Talvez seja por

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isso que ela não havia dado a ele. Preparando-se mais uma vez, Remus puxou uma
carta, dobrada ordenadamente três vezes. Estava escrito em um lindo papel timbrado
com um desenho floral nas bordas. A caligrafia também era bonita.

Meu querido menino,

Sei que não tenho o direito de deixar esta carta para você. Pode levar alguns anos
antes que a receba - se é que você a receberá. Espero que sim e espero que, quando o
fizer, tenha idade suficiente. Ainda assim, não espero perdão.

Não consigo pensar no que te dizer. Como eu posso explicar? Você foi meu lindo e
precioso menino desde o momento em que nasceu. Não - a partir do momento em que
senti você se mover dentro de mim. Seu pai e eu te amávamos muito e ter você
triplicou nossa felicidade mil vezes. Você era amado, meu pequeno Remus, rezo para
que não tenha se esquecido. Mas você é muito jovem, e eles me dizem que às vezes é
mais gentil se esquecer.

Quando o acidente aconteceu, prometi a você que faria tudo o que pudesse para
consertar as coisas novamente. Eu tive a ideia estúpida de que apenas te amar seria o
suficiente.

Então, quando Lyall nos deixou, eu tentei ser forte por você. Eu juro que tentei. Mas
eu nunca fui uma garota muito inteligente, e nunca tão forte ou prática quanto seu
pai. Você precisava de tanto e eu tinha tão pouco. Não tive família depois que me
casei com ele, sabe, eles me disseram para fazer uma escolha. Meus pais não
aprovaram e, mesmo depois que ele foi embora, eu sabia que eles não aprovariam
você.

Eu não posso dizer o quanto eu sinto muito por deixar você ir. No meu coração, sei
que é a coisa mais segura e o melhor para você, no final das contas. Sei que nunca
vou te esquecer e sei que sempre terei muito desejo de vê-lo novamente. Oro para que,
quando chegar a hora, não seja difícil para você me encontrar.

493
Todo meu amor,

Hope Jenkins.

Remus colocou a carta de volta no envelope e fechou a caixa. Ele a jogou a caixa


debaixo da cama, subiu por baixo das cobertas pesadas e se encolheu, como
costumava fazer em St. Edmund's. Sentiu como se um buraco tivesse se aberto dentro
dele, um grande vazio. Lágrimas escorreram de seus olhos e, porque estava sozinho,
ele as deixou vir.

***

Sábado, 2 de julho de 1977

Ele nunca havia pensado muito em sua mãe. Pelo menos, não desde que chegou a
Hogwarts, que parecia tão cheia de Lyall e todas as suas realizações e
erros. Obviamente, teria sido melhor ter uma mãe do que não, mas ele não tinha
certeza do que estivera perdendo todo aquele tempo. A Diretora não havia sido muito
maternal, mas ela não era paga para amar os meninos de quem cuidava.

Esta janela para a vida de Hope - para sua própria vida - era aterrorizante para Remus,
e ele desejou nunca ter lido a estúpida carta. Ainda assim, a leu mais de uma vez. Ele a
leu todas as noites, pelo resto do semestre, como se ler a palavra 'amado' pudesse fazê-
lo se sentir assim. Não poderia.

Os marotos ficaram mais duas noites em Hogwarts, por Remus. A primeira lua cheia
do verão caiu no dia 1º de julho, e seria mais conveniente (sem mencionar que seria
mais seguro para os Potter) se a passasse na Casa dos Gritos. Bem, ele deveria estar na
Casa dos Gritos, mas é claro que Wormtail, Padfoot e Prongs tinham outras
ideias. Livres de exames e animados com o verão, eles tiveram uma das melhores
noites de lua cheia em anos.

494
Ainda assim, Madame Pomfrey insistiu no curso normal de cuidados posteriores, e
nocauteou Remus com uma forte poção para dormir para garantir que descansasse na
manhã seguinte,

“Viajar de pó de flu pode deixar você enjoado na melhor das hipóteses”, ela avisou,
“Melhor prevenir do que remediar”.

Eles deveriam viajar naquela noite, usando a lareira no escritório de


McGonagall. Remus acordou logo após o almoço e descobriu que não estava sozinho.

"Oi, Moony," Sirius disse suavemente, sentado na cadeira ao lado da cama. Seus olhos
estavam escuros, parecia que estivera cochilando também.

"Oi," Remus repetiu, sentando e espreguiçando-se, "Devia estar na cama, você parece
acabado."

"Cale a boca, estou maravilhoso," Sirius respondeu, bocejando. “De qualquer forma,


James está destruindo o quarto tentando fazer as malas, eu não conseguiria
dormir. Com fome?"

"Sempre."

“Bom, tenho que garantir que você coma,” ele apontou para um prato na mesa de
cabeceira, carregado com frutas e sanduíches. Remus pegou uma maçã e a mordeu,
faminto.

Nenhum deles disse nada por um tempo, mas Sirius comeu algumas uvas. Desde
março, eles haviam se aperfeiçoado na arte de conversar sobre amenidades com o
mínimo de detalhes ou contato visual possível. Você poderia chamar isso de amizade,
se não soubesse o que acontecera antes.

"Eu me sinto um pouco mal." Sirius disse, do nada, olhando para os cadarços.

"Hm?"

495
“Eu me sinto um pouco mal pela maneira como falei com você, um tempo atrás. Sobre
seu amigo, hã ... Christopher? "

"Sim." Remus terminou sua maçã, até o caroço, que ele largou, pegando um sanduíche
em seguida. Queijo e picles. “Você foi um pouco rude, mas está tudo bem. Não pensei
muito sobre isso.”

"Ah, isso é bom." Sirius concordou. Ele olhou para Remus, então rapidamente desviou
seu olhar para fora da janela. "Eu pensei que talvez ... eu pensei que ele poderia ser a
razão pela qual você decidiu parar."

Remus não precisou perguntar o que ele quis dizer. Black estava sendo muito claro.

"Não." Respondeu, escolhendo suas palavras com cuidado. “Não tinha nada a ver com
ele. Eu te disse, ele é meu amigo, só isso.”

Sirius assentiu, bravamente.

“Sim, eu acredito em você. De verdade."

Ele ainda não entende, Remus percebeu, tristemente. Sirius ainda não sabia por que
eles não podiam simplesmente continuar do jeito que eram. Menino tão estúpido, lindo
e impossível.

“Olha, Sirius,” ele disse, ainda cauteloso, “Eu só ... eu tive um ano de merda, para ser
honesto. Talvez eu esteja tendo uma vida de merda, não sei. Há tantas coisas estão
acontecendo no momento que não consigo controlar. Então, do jeito que eu vejo ... se
algo está me deixando infeliz que eu possa controlar, então ... "

"Ah, certo. Eu entendo."

"Entende?"

"Eu nunca iria querer te fazer infeliz, Moony."

496
Isso não foi o que eu quis dizer. Remus pensou, não era isso que eu queria dizer. Mas
ele não tinha energia para mais. Não tinha recursos. Teria que servir, pelo menos até
que tudo parasse de ser tão cru.

"São vozes que ouço?" Madame Pomfrey veio correndo pela cortina do hospital,
alegre e com as bochechas rosadas, “Bem! Você está muito melhor. Ansiosos para o
verão, meninos?”

497
Capítulo 114 : Verão de 1977: Parte 1

Television man is crazy, saying we’re juvenile delinquent wrecks,

Oh man! I need TV, when I got T.Rex!

-All the Young Dudes, David Bowie, Mott The People.

Remus se sentia estranhamente livre, chegando à casa dos Potter com todas as suas
posses, movendo-as para um quarto temporário. Ele teria que contar a alguém o que
havia acontecido - e logo. Se pudesse conversar com o Sr. Potter sozinho, talvez ...,
mas os pais de James estavam mais ocupados do que nunca este ano, entrando e
saindo de casa em tarefas, ou realizando reuniões secretas às quais os meninos não
tinham permissão para comparecer.

"Mas todos nós somos maiores de idade", protestou James.

“Mas você ainda é meu bebezinho”, a Sra. Potter beijou a cabeça dele em um ar
materno, enquanto tirava os pratos do café da manhã.

James parecia altamente insultado por esse amimar, mas os olhos de Remus se
encheram de lágrimas e ele teve que sair de perto.

Eles tiveram uma semana para se preparar para o acampamento e, no primeiro dia,
partiram para a aldeia para comprar uma barraca. Remus nunca havia acampado em
sua vida, mas ainda se encontrava melhor equipado do que James, Sirius ou Peter, que
por sua vez estavam distraídos, apavorados e fascinados com cada item da loja. Coube
a Remus conversar com o lojista sobre coisas chatas como lençóis, pinos e
cordames. No final, se contentou com duas tendas marrons e laranja para dois,
ignorando a súplica de Sirius para que ele considerasse uma tenta psicodélica azul e
verde.

498
No dia seguinte, Remus teve que verificar se todos eles tinham roupas trouxas
apropriadas, visto que estariam em uma área trouxa para acampamento, então fizeram
um curso intensivo de culinária com Gully, o elfo doméstico.

"As meninas não podem cozinhar?" James resmungou, enquanto o cheiro fétido de


ovos queimados enchia o ar. A Sra. Potter, que estava assistindo com diversão,
aproximou-se e deu um tapa de leve na cabeça dele.

"Que tipo de homem que criei aqui", ela fungou, "Se você não pode cozinhar o café da
manhã para uma senhorita, não espere que ela passe a noite."

"Urgh, mãe!" James fez uma careta, com repulsa, enquanto Sirius e Remus se
dobravam de rir.

Os meninos ocuparam o resto do tempo planejando todas as coisas que fariam com
sua liberdade nas férias, e o resto do tempo indo na matinê no cinema local (havia um
filme de Bond passando e Airport '77, que era o favorito de Remus) e, claro, voando
em suas vassouras. Sirius havia ficado muito impressionado com sua recente melhora,
e eles conseguiram organizar um jogo de quadribol em pequena escala (sem o pomo,
Peter como goleiro).

Não havia sinal de Moody neste verão. O Sr. Potter explicou durante o jantar uma
noite que as medidas de segurança na casa deles haviam sido aumentadas e Moody
estava de volta ao escritório dos Aurores, administrando as coisas lá. Remus ficou
aliviado - ele havia juntado Moody a Ferox em sua mente, associando todos eles ao
encontro com Livia e a obstinação cruel de Dumbledore. No final das contas, depois
do ano que teve, o garoto estava ansioso para ficar algumas semanas longe de
qualquer pessoa que fosse mais velha que ele.

Foi decidido que todos iriam aparatar para a Cornualha, exceto Peter, que havia
falhado no teste. A Sra. Potter gentilmente se ofereceu para acompanhá-lo, antes de
desaparatar de volta para casa, mas Peter insistiu em pegar o noitebus. Dessa
forma,decidiu, poderia pegar Dorcas no meio do caminho.

499
Na noite anterior a partida, James, Sirius e Remus se espremeram na cabine telefônica
vermelha no final da rua dos Potter para coordenar o que Sirius estava chamando de 'o
contingente feminino'.

“Posso apertar os botões, Moony?” James perguntou, passando os dedos pelo teclado


prateado.

"Qual a parte do telefone que você tem que falar?" Sirius perguntou, segurando o
receptor perto dos olhos para inspeção.

“Ah, pelo amor de Deus, vocês dois, se acalmem...” Remus discou o número da casa
de Lily, pegando o receptor de plástico preto de volta. Tocou um pouco. Ele esperava
que Lily atendesse o telefone, e não um de seus pais.

"Boa noite, é da casa da família Evans." Uma jovem atendeu.

"Lily?"

"Quem está falando, por favor?"

"Er ... Remus Lupin."

Houve uma risada bufada muito rude, então a pessoa do outro lado gritou longe do
receptor;

"LILY! É para VOCÊ!”

Remus esperou, mudando de um pé para o outro, Sirius e James o observando


ansiosamente.

"Obrigada, Pet," a voz de Lily disse do outro lado da linha.

"Não demore muito, estou esperando a ligação de Vernon."

"Olá?" A voz de Lily ficou mais alta, diretamente no telefone.

500
"Oi Lily, é o Remus."

“Oi, Remus! Desculpe, era minha irmã. Vocês já estão prontos?”

“Sim, eu acho que sim. Pete já saiu, eu acho. E vocês?"

“Mary e Marlene chegaram aqui pouco antes do chá. Combinamos uma hora da tarde,
não é? "

“Sim, uma hora, fora da área de acampamento. Eu fiz James comprar um mapa.”

“Ah bom. Acho que mamãe está me deixando pegar emprestado um de A à Z.”  

"Legal."

James estava puxando a manga de Remus. Ele suspirou, “Er, Lily? James e Sirius


nunca usaram um telefone antes, você pode falar com eles por um minuto para que me
deixem em paz? "

Lily riu,

"Vá em frente, isso vai irritar Pet."

Remus encostou-se nas vidraças e observou James e Sirius brigarem pelo telefone,
revezando-se para gritar algo para Lily e então pressionar o fone nos ouvidos e ouvir
sua resposta, maravilhados. A noite começou a cair ao redor deles, e se alguém
passasse, veria três meninos da aldeia brincando em uma cabine telefônica, sem
nenhuma preocupação com o mundo.

***

Sábado, 9 de julho de 1977

A primeira vez de Remus aparatando fora de Hogwarts poderia ter ido


um pouco melhor, mas pelo menos ele não acabou em cima de uma árvore, como

501
James. Ele havia aparatado para, de fato, cerca de meia milha ao sul do acampamento,
na praia.

Remus Já havia estado no litoral antes, nas viagens de verão de St Edmund's - três
vezes para Margate, uma para Southend. Não podia dizer que gostava especialmente
dessas praias – ou, pelo menos, não gostava mais delas do que teria gostado de se
sentar no jardim dos fundos de St. Edmund's. Eram lugares movimentados e
barulhentos, cheios de crianças chorando, cães latindo, cheiros estranhos de açúcar e
brinquedos de parques infantis em cores vivas.

Esta praia estava quase deserta, exceto por algumas crianças - que eram como pontos
no horizonte, na verdade - empinando uma pipa rosa e azul. O dia estava quente o
suficiente, o céu era azul e a areia macia e amarela. Ele sabia que deveria começar a
caminhar em direção ao acampamento, para encontrar os outros, mas, em vez disso,
sentou-se por alguns minutos, apenas para olhar. O mar não era verde ou azul
brilhante, como nos livros ilustrados - era mais um tipo concreto de cinza. Ainda
bonito, brilhando sob o sol do meio-dia. À distância, Remus quase conseguiu
distinguir uma forma longa e escura no horizonte. Era a França? Poderia ser. Poderia
fingir que era.

Remus não tinha conseguido relaxar nos Potters. Se sentia como um visitante
lá; alguém que não pertencia. Ele não sabia onde pertencia. Agora que tinha dezessete
anos, poderia ir para qualquer lugar que quisesse. Seria bom morar aqui, na
Cornualha? Ele descobrira recentemente que nascera em Bristol e se perguntou como
seria lá; se era perto do mar também. Remus nunca pensou que moraria em outro lugar
que não fosse Londres. Uma vez, pensou que seria provável que nunca fosse deixar
Essex.

Eventualmente, ele se sentiu muito culpado e teve que ir procurar os outros. A


caminhada foi estimulante, e depois de um ano confinado em Hogwarts, era uma
emoção poder ir a algum lugar sozinho. O próprio acampamento ficava na metade da
praia, em um longo trecho de grama bem aparada. Algumas famílias já haviam

502
armado suas tendas, e as mães e pais estavam sentados do lado de fora em
espreguiçadeiras, absorvendo o raro sol do verão inglês com xícaras de chá e jornais à
sua disposição.

Mary, Marlene, James e Sirius estavam sentados em um banco de piquenique fora do


escritório local, que era pouco mais do que uma cabaninha de tijolos. Mary e Marlene
pularam quando o viram,

"Achamos que tínhamos perdido você!"

"Fui longe demais", explicou ele, "pousei na praia - não na água, felizmente."

“Todos nós nos embaraçamos, um pouco,” Mary riu, e cada um deles contou os
lugares estranhos nos quais haviam aparatado. Exceto por Lily, que havia chegado
exatamente no lugar que pretendia. Ela estava dentro do escritório, reservando lugares
para eles.

Feito isso, o grupo começou a procurar o lugar perfeito para armar suas tendas. James
e Sirius decidiram que isso precisava ser o mais próximo possível da praia. Então
havia a questão de realmente erguer as tendas, o que era infinitamente fascinante para
os dois meninos sangues puros.

Lily assumiu o comando, canalizando sua personalidade de monitora, lendo instruções


e gritando ordens.

“Não, não aquele gancho, eu disse aquele no canto... droga, Black, use o martelo


giratório, não a sua bota! Vamos, vamos, vamos, não temos o dia todo ...”

“Caramba, Evans,” James sorriu, ficando de pé com os braços para cima, segurando
uma das varas no lugar enquanto Mary e Marlene tentavam colocar a tela por cima,
“Você já pensou em ser instrutora de quadribol? Você seria incrível.”

“Por favor, não,” Marlene gritou, sua voz abafada sob o tecido pesado. "Vou largar o
time se tiver que aturar vocês dois soprando apitos para mim."

503
Demorou quase duas horas, mas foi muito divertido, e todos ficaram muito satisfeitos
consigo mesmos, uma vez que as quatro tendas estavam alinhadas, de frente para o
mar.

“Muito bem, rapazes,” Lily sorriu, sentando-se de pernas cruzadas na grama,


esperando a chaleira ferver, “E nenhuma mágica. Vocês dariam ótimos trouxas. "

Peter e Dorcas chegaram pouco depois, parecendo muito amarrotados e cansados da


longa viagem no ônibus.

“Ele parou em Guernsey duas vezes antes mesmo de partirmos para o sul ...” Dorcas
explicou, parecendo vagamente perturbada. Peter aceitou uma xícara de chá e ficou
sentado em silêncio, bocejando.

Assim que todos despertaram um pouco, Mary decidiu que era hora de ir para a
praia. Era cerca de três horas, mas ainda estava muito quente, e eles tinham horas de
luz do dia restantes. As meninas desapareceram em suas tendas para vestir roupas de
banho. Sirius e James estavam tão animados com a perspectiva de sungas trouxas que
as usaram o dia todo, e Remus - ainda de jeans e mangas compridas - não planejava
tirar a roupa sob nenhuma circunstância.

Ele tirou os tênis e as meias, quando chegaram à areia, mas ignorou os apelos do outro
para se juntar a eles no mar. Estava feliz o suficiente se sentando na margem, curtindo
o sol quente em suas costas e ouvindo os gritos das gaivotas lá em cima. As meninas
gritaram também, enquanto mergulhavam os pés na água gelada, e brincavam de
correr para a frente e para trás com a maré, desafiando-se a entrar. James foi
derrubado por uma onda quando não estava olhando - muito ocupado encarando as
longas pernas nuas de Lily. Bem, Remus a pegou lançando alguns olhares ansiosos
para ele também. Aqueles músculos eram muito difíceis de ignorar.

Sirius, como de costume, era um espetáculo à parte. Ele caminhou em direção as


ondas como se estivesse tão quente quanto a água do chuveiro, assim que chegou à
cintura, mergulhou, elegante e gracioso como um peixe. O moreno nadou com

504
braçadas longas e lânguidas e voltou parecendo mais feliz do que Remus o via há
muito tempo.

Depois, embrulhadas em toalhas, as garotas mostraram aos meninos como construir


um castelo de areia sem nenhuma magia, e James e Peter investiram muito na criação
de um complicado sistema de irrigação para garantir que o fosso do castelo fosse
abastecido adequadamente em todos os momentos.

De volta às barracas, eles prepararam o jantar – felizmente, Marlene e Dorcas se


ofereceram para supervisionar isso, fritando bacon em um pequeno fogão a gás
emprestado pelo pai de Lily. James e Lily foram para a loja - aparentemente para
comprar leite - e voltaram com uma caixa de cidra.

"Bebidas trouxas também?!" Sirius exclamou.

“Estamos tendo uma experiência completa, aparentemente,” Potter riu, e Lily fez o
mesmo, então corou e desviou o olhar.

Remus já podia ver para onde a noite estava indo, e se sentou o mais longe possível de
Black. Eles já haviam concordado que Sirius e James compartilhariam uma barraca,
Peter e Remus na outra, então, pelo menos, não haveria constrangimento ali. Apenas
precisaria tomar cuidado com a bebida.

Mary acendeu uma fogueira usando magia enquanto Lily estava fora ("ninguém diga
ela, certo? Não vou sentar aqui com minha bunda congelando enquanto Potter e Black
tentam esfregar gravetos."), e Marlene trouxera um rádio sem fio, então, depois que as
latas de cidra foram passadas, se tornou uma cena muito aconchegante.

"Há quanto tempo vocês dois estão namorando?" Dorcas perguntou a James e


Lily. Eles se separaram, olhando um para o outro com culpa.

"Não estamos!" Lily gritou, movendo-se para se sentar ao lado de Remus, como se


para provar isso. Mary e Marlene trocaram um olhar, e Sirius encarou James com
Confusão.

505
"Oh, desculpe!" Dorcas sorriu, alheia, "Eu só pensei ..., mas Sirius e
Mary, vocês costumavam sair, certo?"

“Um dos meus pecados,” Mary gritou, rindo. Black mostrou a língua para ela.

Marlene, que estava lendo um guia que comprou no centro de informações para
visitantes, pigarreou alto,

"Há uma ruína de castelo não muito longe daqui, podemos ir amanhã?" O que mudou
rapidamente o assunto para os planos para o resto da semana. Férias em acampamento
pareciam envolver muita caminhada, Remus percebeu. Ele esperava que seu quadril
estivesse à altura.

Depois de algumas latas, todos ficaram com um humor muito bobo. A bebida era
plana e clara, o que Lupin sabia ser um sinal perigoso quando se tratava de
cidra. Todos eles teriam dores de cabeça de partir o crânio pela manhã se não fossem
cuidadosos. Ele não tocou no assunto - todo mundo estava tão feliz, por que estragar
tudo se preocupando com as consequências?

Dorcas estava recostada no peito de Peter, usando-o como poltrona, cantarolando


baixinho com a música. Ele estava tentando colocar a mão sob a blusa dela e achou
que estava sendo discreto. Mary e Marlene estavam sussurrando uma para a outra,
explodindo em risadas de vez em quando. James e Sirius jogavam pedras no fogo - era
obviamente uma espécie de competição, mas Remus não conseguia descobrir quais
deveriam ser as regras.

Uma melodia familiar começou a tocar no rádio - Mott the Hoople. Lançara a alguns
anos, mas era um dos favoritos nas festas da Grifinória,

“Billy rapped all night about his suicide,

How he’d kick it in the head when he was twenty-five,

Speed jive, don’t wanna stay alive, when you’re twenty five…”

506
“Aumente o volume!” Mary cutucou Marlene, que acenou com a varinha para rádio,
preguiçosamente, e então abriu outra lata. Todos eles se calaram para ouvir,
balançando a cabeça e batendo os pés suavemente na grama. Quando o refrão veio,
todas as garotas cantaram junto daquela maneira suave e sussurrada em que as garotas
eram tão boas em fazer,

“All the young dudes, carry the news…”

Quando a música terminou, eles gritaram bêbados, rindo entre si.

"Eu amo muito vocês," Marlene disse, "Vocês são meus melhores amigos",

"O mesmo para você, McKinnon," Sirius sorriu através das chamas, erguendo sua lata.

"Shhh!" Ela balançou um dedo bêbado para ele, estupidamente, “Eu conheço seu jogo,


Black. Para sua informação, você não é meu tipo. "

Todo mundo riu disso, até Sirius.

"Quando vamos encontrar uma garota legal para você, hm Remus?" Lily perguntou,


pensativa, apertando-se contra ele para se aquecer e deitando a cabeça em seu ombro.

Ele sorriu fracamente, colocando um braço afetuoso ao redor dela.

"Sim, você merece um pouco de diversão, Moony," James piscou para ele.

Remus evitou o olhar repentino de Sirius, tomando outro gole de sua lata.

"Eu me divirto muito com vocês." Ele disse.

"Você já teve namorada, Remus?" Dorcas perguntou. Ela não quis dizer nada com


isso; ela não os conhecia muito bem. Mas houve um silêncio estranho do mesmo
jeito. Ou talvez Remus tenha sido o único que percebeu. Ele olhou para Mary
timidamente e sorriu.

507
“Nah,” respondeu.

"Aww," Dorcas murmurou, muito embriagada, "Por que?"

De repente, ocorreu a Remus. Marlene estava certa - ele amava essas pessoas, cada


uma delas. Qual era o objetivo manter segredos deles? Isso não dependia de Sirius,
isso não dependia de ninguém além dele. O garoto inspirou e olhou para o fogo
novamente.

"Eu sou gay." Ele disse.

Peter engasgou com sua bebida. Com o canto do olho, Remus viu James passar as
mãos pelo cabelo e se endireitar. Ele viu a boca de Mary se abrir e ouviu Marlene
soltar um soluço surpreso. Não ousou olhar para Sirius. Seu estômago se revirou e ele
se preparou para se levantar, ir embora e aparatar em algum lugar. Qualquer lugar.

Mas então Lily levantou a cabeça. Ela beijou sua bochecha e o abraçou com mais
força, antes de se acomodar novamente em seu ombro.

"Você ainda merece um pouco de diversão." Ela disse, decisivamente.  

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Capítulo 115 : Verão de 1977: Parte 2

Sweet handsome friend, I can tell you truly

that I've never been without desire

since it pleased you that I have you as my lover;

nor did a time ever arrive, sweet handsome friend,

when I didn't want to see you often;

nor did I ever feel regret,

nor did it ever come to pass, if you went off angry,

that I felt joy until you had come back;

nor [ever].

- Tibors de Sarenom

Duas horas depois...

Peter e Dorcas estavam se agarrando, rolando de costas na grama. Todos estavam


bêbados, mas os dois provavelmente eram os mais bêbados.

“Vão para a sua tenda, se vocês vão fazer isso!” James jogou uma lata de cidra vazia
neles.

"Você se importa, Moony?" Peter perguntou, com o rosto vermelho e os olhos turvos,


“Se formos para a nossa tenta? Você pode dormir com Prongs e Padfoot, não pode? "

509
"Ah, não se preocupe," Remus acenou com a mão, "Vou encontrar um lugar." Sirius
ainda não havia olhado para ele e tinha a sensação de que, depois das revelações da
noite, ele não seria particularmente bem-vindo.

Peter e Dorcas desapareceram, houveram risos abafados de dentro da tenda, então o


silêncio fantasmagórico e oco de um feitiço silenciador.

"Você pode dividir com a gente se quiser, Remus?" Mary disse, levantando-se para ir
para sua tenda. Lily acenou com a cabeça,

“Sim, nossa barraca é muito maior – fica com a gente.”

“Obrigado meninas,” ele sorriu - realmente estava grato. “Podem ir - ainda não estou
cansado. Acho que vou dar uma volta.”

Ele se levantou, seus membros rígidos e doloridos, e se dirigiu para o mar. Estava


totalmente escuro agora, longe do fogo, mas Remus sempre foi capaz de ver no
escuro. A maré estava barulhenta e mais alta do que nunca. Uma brisa fria soprou e ele
procurou um cigarro no bolso de trás. O acendeu e respirou fundo, fechando os olhos,
sentindo que agora podia realmente pensar.

Ele estava feliz por ter dito, não importa qual fosse a reação, mas ainda considerava ir
embora. Ok, então eles não estavam dispostos a chutar sua cabeça, mas quem saberia
como agiriam na luz fria da manhã, austeros e sóbrios. Era melhor ou pior do que ser
um lobisomem?

Ainda poderia aparatar, se quisesse; ir procurar Grant, talvez. Remus sentiu uma onda
de culpa. Ele não pensava em Grant há algum tempo - talvez não durante todo o
ano. O outro garoto havia sido tão bom com ele; acolhedor e disposto a hospedá-lo
indefinidamente. Ele deu a Remus um conselho excelente também, deveria tê-lo
seguido. Fique longe de garotos ricos.

510
"Tudo bem, Moony?" James se aproximou dele. Lupin se virou. Sirius estava com ele,
parecendo envergonhado. Parecia que Potter o havia arrastado contra sua
vontade. Remus não ficou surpreso.

"Tudo bem", ele acenou com a cabeça. Ele ofereceu um cigarro a James, que balançou
a cabeça, não.

"Só ... queria ver se você estava bem."

"Estou bem, obrigado."

"Que bom."

"Desculpe eu deixei as coisas estranhas."

"Você não fez isso!" Potter disse, um pouco ansioso demais, como se estivesse
esperando que tocasse no assunto primeiro. Sirius estremeceu, mas apenas Remus
percebeu. "Honestamente, cara, estamos felizes que você nos disse, de verdade."

Lupin apenas acenou com a cabeça e olhou para o mar, dando outra tragada no
cigarro. Atrás dele, ele ouviu James cutucando Black, obviamente tentando fazer com
que dissesse algo reconfortante e amigável, mas sem sucesso.

Potter então falou novamente, "Não fuja, ok, Moony?"

Remus se virou, erguendo uma sobrancelha. James estava sorrindo, “É, nós sabemos
como você é. Fica com a gente, ok? Está tudo bem. Nem Pete se incomodou.”

"Pete," Lupin bufou, "Ele está muito ocupado tentando se dar bem."

"Não posso culpá-lo." Potter riu e tocou em seu ombro, "Quer falar sobre isso?"

Remus balançou a cabeça, olhando para baixo. Ele apagou o cigarro e imediatamente


acendeu outro. Sirius queria um, ele podia perceber. Porém, estava se sentindo

511
mesquinho, e a menos que Black perguntasse, como um ser humano normal, ele não
conseguiria um.

"Obrigado, James." Remus disse, incisivamente, exalando fumaça, "Você é um amigo


de verdade."

"Sempre um maroto." Potter sorriu, cansado, então bocejou "Acho que vou entrar.
Vem?"

"Vou fumar outro depois desse." Levantou seu segundo cigarro.

"Vou querer um também." Sirius disse, rispidamente. James acenou com a cabeça,


sufocando outro bocejo, e se virou.

"Não voltem fedendo a cinza de cigarro, vocês dois." Ele falou por cima do ombro,
enquanto caminhava de volta para a fogueira na grama.  

Remus voltou seu olhar para o mar, mas entregou a caixa a Sirius. Ele o ouviu retirar
um cigarro, acender, tragar. E esperou.

“... Por que você disse aquilo?” Sirius disse.

Remus fechou os olhos e sorriu suavemente. Ele não queria brigar, mas estaria pronto
para uma discussão - sempre esteve.

"Por que eu quis. Eu só precisava saber o que eles pensariam, de uma forma ou de
outra.”

"É como se você tivesse ido e mudado tudo ao meu redor." Ele não soava
acusatório. Parecia magoado.

"Não foi minha intenção." respondeu.

"Você estava esperando que eu dissesse algo também?"

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"Não, eu não esperava nada." Remus explodiu. "Não tinha nada a ver com você, na
verdade."

“Ok, ok.” Sirius ergueu as mãos em sinal de rendição, ainda parecendo


desconfortável. “Só... só pensei que você poderia ter me contado primeiro, só
isso. Dada a... situação.”

Isso pegou Remus totalmente desprevenido, e ele finalmente olhou para Sirius,

“Quer dizer que você ainda não sabia!? Como você poderia não saber?!”

"Você disse que não era." Sirius encolheu os ombros. “Como eu disse que não


era. Achei que estávamos na mesma página, só isso.”

Remus percebeu que sua raiva estava voltando. Típico de Sirius, nunca pensando em
nada além de sua própria gratificação pessoal, nunca considerando que a outra pessoa
possuía sentimentos ou pensamentos.

"Obviamente não estávamos." Ele disse friamente. “De qualquer forma, não vejo


como isso importa agora. Se é só isso que o preocupa, não precisa. Você está
seguro." Lupin disse, rude. “Não vou contar a ninguém sobre nós, e duvido que
alguém suspeite de você, levando em conta sua considerável história com garotas. Não
vejo por que você se importa tanto com o que eu digo às pessoas.”

“Eu me importo.” Sirius protestou.

Remus fechou os olhos. Alguns meses atrás, isso teria soado maravilhoso. Mas Deus,


ele estava tão cansado.

“Remus?!” Sirius parecia meio irritado, meio assustado, "Eu posso me importar com


você e não ... você sabe, gritar aos quatro ventos."

“Querer transar comigo não é o mesmo que se importar.”

513
“Remus! Puta que pariu, só porque eu não… ainda não cheguei onde você
chegou. Isso não significa que eu não sinta o mesmo ... ugh, puta merda. " Sirius
amaldiçoou sua própria falta de articulação.

"E todas as meninas?" Remus resmungou.

"Isso ... isso é diferente."

"Ok." Suspirou, sua voz vazia. Ele estava disposto a deixar por isso mesmo. Black
não.

"Você não entende."

Remus não disse nada. Ele não viu que precisava entender. Ele apenas tinha que ser o
mais forte aqui.

Sirius continuou, uma mão no braço de Remus. “Quando penso em mim com elas, eu
consigo ... ver, sabe? Eu sei como vai acabar. Eu sei o que devo fazer. Quando penso
em mim e em você ... você sabe, o verdadeiro eu e você. É só que ... não consigo ver
como vai acabar. Só tentei não pensar muito nisso. Então, eu sei que fui meio filho da
puta, eu poderia ter lidado melhor com as coisas, mas eu juro, eu não queria que
acabasse assim.” Sua respiração estava fraca agora, Lupin podia ouvir sua frequência
cardíaca aumentando a cada segundo, "Eu não queria que isso acabasse, para ser
honesto."

Remus concordou. Ele empurrou a mão de Sirius, gentilmente, encarando o mar. Sabia


que Sirius estava olhando para ele, mas continuou olhando para frente.

“Olha, Sirius, eu não quero ser cruel, eu entendo tudo isso.” Ele realmente entendia -
ele não havia lidado com tudo isso, em sua própria cabeça? "Eu sei que não é fácil
para você."

Black fez um barulho de alívio com isso, e pareceu relaxar um pouco. Talvez eles
estivessem chegando a algum lugar pela primeira vez.

514
Remus continuou, “Mas ... é fácil para mim. Sou queer, ok? Sei que quando
começamos eu disse que não era e ... bem, não deveria ter dito isso, porque eu sou. E
não estou dizendo que você também é queer, ou tem que ser, nem nada, mas eu não
poderia continuar do jeito que éramos sem que você ... só, sei lá, reconhecesse isso.’’

Sirius o estava observando muito de perto enquanto dizia isso, pensativo. Remus sabia
como ele ficava quando estava pensando; quando ele estava resolvendo um
problema. Não era travesso, ou atrevido ou sarcástico, era profundamente solene e
sério. Era muito sexy, na verdade, mas Lupin tentou ignorar essa parte.

Finalmente, parando de pensar, Sirius deu um aceno curto.

"Ok então." Ele disse simplesmente.

"O que?!" Remus franziu a testa.

“Reconhecido para caralho. Mensagem recebida." Sirius apagou o cigarro na areia


molhada.

"Então... o que?" Ficou boquiaberto, "Nós apenas deixamos as coisas como estão?"

Black coçou atrás da orelha, olhando para baixo, um gesto estranho e tímido.

"Eu prefiro que não."

"Você prefere que não." Remus repetiu, pasmo.

"Não. Quer dizer, se você quer que eu saia por aí dizendo a todos que conheço,
desculpe, mas não sou tão corajoso quanto você. Eu preciso de mais tempo. Mas ... eu
poderia tentar.”

"Você poderia tentar." Este não era o resultado que esperava quando a conversa
começou. “O que você q—”

515
Sirius o interrompeu, colocando a palma da mão na bochecha de Remus para virá-la
em sua direção e beijando-o suavemente nos lábios.

"Quer dizer que eu vou tentar." Ele disse, enquanto se afastava. "Estou com saudades,


Moony."

Ah, então você vem e diz algo assim... Remus o agarrou, o puxando de volta. Era como
água depois de uma seca, abrigo em uma tempestade - eles eram o ponto de parada do
mundo girando e todos os outros clichês desleixados que você pudesse imaginar. Eles
se beijaram por um longo tempo e, quando se separaram, estavam praticamente
ofegando de alívio.

"Sem mais garotas?" Remus perguntou, ainda segurando Sirius no lugar, como se ele
fosse fugir.

"Sem mais garotas." Sirius concordou. “Vamos ver como isso se desenrola primeiro.”

"Oh, encantador." Lupin o soltou, satisfeito.

"Cala’boca," Black cutucou-o com o ombro, as mãos enfiadas nos bolsos. “Vamos,


vamos voltar para a barraca, hein? Estou congelando."

Os dois caminharam em direção às tendas e ao fogo moribundo, de costas para o


vento.

“Acho que estou bêbado,” Remus disse, trêmulo. Ele se sentia todo agitado. “Eu tomo
decisões ruins quando estou bêbado.”

Sirius riu e apertou seu ombro rapidamente,

"Eu sei. Eu prometo que essa não é uma delas.”

"Está bem." Estou confiando em você...

516
Infelizmente, eles descobriram que nenhuma das tendas estava mais disponível. A
tenda que Remus estava dividindo com Pete estava bem e verdadeiramente ocupada,
pelos sons. Black fez uma careta e lançou um novo feitiço silenciador sobre ela.

“Amadores.” Ele murmurou.

Havia um feitiço silenciador lançado sobre a tenda de James e Sirius também. Mary


colocou a cabeça para fora da próxima barraca, rindo,

"São James e Lily!"

"Você está falando sério?!" Sirius ficou boquiaberto. "Puta merda. Quer dizer ... uau,
eu meio que quero entrar e apertar a mão dele. "

“Tenho a sensação de que as mãos dele estão ocupadas,” Remus ergueu uma
sobrancelha.

"Quer entrar aqui comigo, Remus?" Mary perguntou, ainda embriagada.

"E quanto a Sirius?"

“Oh, certo ... ugh tudo bem, eu fico com Marls. Boa noite, rapazes.” Ela rastejou pela
grama até a tenda de Marlene.

Sirius e Remus se olharam por alguns momentos, antes de Black entrar primeiro. A
barraca das meninas era muito mais confortável do que a deles, cheia de cobertores e
travesseiros e um colchão inflável fofo.

"Sabia que deveríamos ter chamado as nascidas trouxas para ajudar." Sirius


resmungou, enquanto se acomodava. O colchão era velho e afundava um pouco no
meio, fazendo-os ficar juntos de uma forma quase cômica. No final, a única maneira
de ficar confortável era se enrolar em conchinha.

"Isso está bem?" Remus perguntou, enquanto colocava um braço em volta da cintura


de Sirius.

517
"Claro." Respondeu.

"Nós poderíamos apenas dormir ..."

“Sonoro Quiescis.”

"Ah ok…"

Bem. Já fazia um tempo.

Depois disso, Remus se sentiu mais acordado do que nunca. Seu cérebro zumbia com
perguntas, declarações, pensamentos, palavras. Parecia que havia saído do esconderijo,
como retirar um disfarce que estava usava a muito tempo. Ele queria entregar cada
pedacinho de si mesmo a Sirius; ele queria que Sirius o visse,

"Sirius?"

"Mmhh?"

"Há outra coisa que eu preciso te dizer."

"Ah Merlin," Black gemeu, rolando de costas, sonolento, "O que é agora?"

"Estou hum ... bem, eu sou um sem-teto."

"O quê?!" Sirius abriu os olhos e se virou imediatamente, "O quê??"

“Desde que fiz dezessete anos. Sabe, eu sou maior de idade agora, então ... "

"Então eles simplesmente expulsaram você?"

Remus acenou com a cabeça, feliz em compartilhar o problema.

"Sim, então, quando Hogwarts terminar no próximo verão, não tenho para onde ir..."

518
"Bastardos." Black disse com raiva e olhou para Remus muito seriamente, “Você pode
ficar comigo e com James, nos Potter. Eles não se importarão, eu sei que não. Então,
quando a escola terminar, vamos encontrar nosso próprio lugar.”

"Vamos?!" O garoto ergueu as sobrancelhas.

"Sim!" Sirius respondeu feliz, cruzando os braços atrás da cabeça, "Vai ser como na
escola - você, eu, James e Pete, todos juntos."

"Ah," Remus percebeu o que ele quis dizer. “Sim, parece ótimo. Tenho um pouco de
dinheiro que Lyall me deixou.”

“Pfft.” Sirius respondeu "Tenho dinheiro suficiente para todos nós, não se preocupe


com isso."

“Ok,” Disse "Eu não vou me preocupar."

"Vá dormir," Black continuou, "Ou você estará exausto amanhã."

“Ok,” Remus repetiu, fechando os olhos.

519
Capítulo 116 : Verão de 1977: Parte 3

Remus acordou e se espreguiçou sob uma lona brilhante, Sirius respirando levemente
ao lado dele. Estava um pouco quente e pegajoso, mas ele não se moveria por
nada. Deitado pacificamente sob os cobertores, ele ainda podia sentir o gosto do sal na
pele de Sirius, sentir seu batimento cardíaco. No fundo do saco de dormir, seus pés
estavam emaranhados.

Sirius se mexeu, franzindo o rosto antes de abrir os olhos.

"Bom dia."

"Bom dia."

"Porra, minha boca está seca."

"Sim, a minha também," Remus concordou, passando a língua pelos dentes. Toda


aquela cidra. "Eu posso ir buscar água na bomba?"

“Sim, nós dois iremos. Acha que mais alguém está acordado?"

Remus ouviu com atenção, então balançou a cabeça. Ele esperava que Sirius não
estivesse preocupado em ser pego - certamente ninguém poderia questionar que eles
compartilhavam uma barraca? O que mais eles poderiam ter feito? Provavelmente era
um pouco cedo para começar a interrogar Sirius, então Remus segurou a língua
enquanto eles se vestiam silenciosa e rapidamente, pescando na parte inferior da cama
por suas roupas, que pareciam ter se espalhado durante a noite.

Saindo e piscando com força contra a forte luz do dia, Remus pensou que tudo parecia
diferente. O mesmo; mas não exatamente como ele se lembrava antes. Mais
realista; sólido e ancorado.

520
Eles caminharam na direção da bomba d'água com seus cantis, e enquanto
caminhavam, eles acertaram o passo, e Remus sentiu como se seu coração fosse
explodir de alegria. Estúpido, realmente, uma coisa tão pequena. O acampamento era
adorável e pacífico, pardais disparando entre as árvores no alto e um ou outro
campista colocando a cabeça para fora e desejando um educado 'bom dia' aos meninos
quando eles passavam.

A bomba d'água ficava perto do chuveiro, e os dois se abaixaram para lavar o rosto
rapidamente, antes de encher os cantis, assim como os outros que haviam trazido.

"A loja vende doces de padaria," Sirius disse, pensativo, acenando com a cabeça na
direção de uma pequena cabana de madeira com um toldo listrado de azul e branco,
"Devemos comprar alguns para o café da manhã, e voltar para o acampamento como
heróis?"

“Boa ideia,” Remus sorriu, timidamente.

Eles compraram muitos pastéis da Cornualha, mas eles estavam recém saídos do
forno, escamosos, amanteigados e quentes, e Sirius não tinha controle de impulso.

De volta às tendas, ninguém havia se mexido ainda, aparentemente, então Remus e


Sirius decidiram que tomariam seu café da manhã na praia. Eles se sentaram em uma
duna de areia, lado a lado, mastigando pacificamente e depois lambendo a gordura dos
dedos.

"Eu poderia me acostumar com isso," Sirius disse com um sorriso, esfregando as mãos
na calça jeans, suspirando feliz com a vista. A areia foi lavada durante a noite pela
maré. Tudo estava perfeito e imaculado. “Nunca tive um feriado adequado antes.”

"Nem eu."

Remus enxugou as próprias mãos nas calças de veludo cotelê e remexeu na grama
inquieto.

521
"Oi," Sirius disse, "O que foi, Moony? A gente disse sem preocupação.”

"Desculpe."

"O que foi?"

“Eu estava pensando em algo. É estúpido, não se preocupe.”

Eles ficaram quietos novamente. Remus se mexeu um pouco mais. Ele suspirou. "Por


que eu?" Ele perguntou baixinho.

"Hm?"

“… Por que eu, em primeiro lugar? Por que não James, ou ...


literalmente qualquer outra pessoa? É só porque ... é porque eu deixei? Caminho de
menor resistência?”

"Óbvio que não." Sirius zombou, franzindo a testa. “O que você quer dizer com por
que não James? Eu não gosto de James.”

"Você ... oh."

"Acho que podemos pelo menos admitir que gostamos um do outro." Sirius ergueu
uma sobrancelha, passando o dedo pelo quadril de Remus através do tecido fino de
sua camiseta. Remus acenou com a cabeça,

"Sim. Eu apenas pensei. Não sei."

"A gente nunca se tocou, muito."

"O que?"

"Antes de toda a pegação" Sirius disse, com naturalidade. “Eu costumava lutar com


James o tempo todo, e costumávamos dividir a cama às vezes e tudo mais. Você
não. Você se mantinha separado. Nada de toque."

522
"Eu era tímido."

“Isso me deixou curioso, suponho. Num Natal, lembra quando Andromeda foi para os
Potter? Eu estava muito nervoso, convencido de que minha mãe viria me buscar a
cada cinco minutos, eu pulava sempre que batinham na porta.”

"Eu lembro." Remus disse, suavemente. "Terceiro ano."

“Bem, a porta bateu e eu estava apavorado, estávamos na escada, eu acho. Você meio


que apertou meu ombro e ... bem, foi muito bom. Significou mais, porque era você. Eu
senti que você ... sei lá, me escolheu ou algo assim. Não consegui tirar você da minha
cabeça por semanas. "

“Tínhamos quatorze anos!”

"E?"

"Você e Mary começaram a namorar pouco depois disso."

"Sim, olhe como isso acabou." Sirius bufou uma risada. Remus riu também, apesar de
si mesmo. "Então, no seu aniversário," Sirius disse, sua voz vacilando um pouco,
como se fosse uma coisa difícil para ele falar. "Você ... você me beijou."

"Eu beijei." Remus respondeu, firmemente. "Desculpe."

“Eu não imaginava, foi tão inesperado. Eu estive pensando em você, antes disso, mas
eu realmente não sabia ... Eu não sabia que estava pensando nisso. Então eu pensei ...
talvez fosse minha culpa, como se eu tivesse dado alguma mensagem, como se eu
tivesse enganado você ou algo assim. "

"O que?! Não! Acredite em mim, eu queria muito beijar você.”

“Oh. Bom. Porque eu me senti tão mal com isso, sabe - foi o seu primeiro beijo, e eu
fui e estraguei tudo. "

523
"Er ..." Remus suspirou, "Olha, enquanto estamos sendo honestos, você também deve
saber - não foi meu primeiro beijo."

"O que?!"

“Sim ... no verão anterior, eu meio que conheci alguém. Eu nunca disse a nenhum de
vocês. Eu não ... eu não queria que você soubesse que eu era gay. "

"Aquele menino." Sirius disse, de repente, "No apê trouxa, em Mile End."

"O nome dele é Grant." Remus explicou.

"Bem, eu odeio ele."

Remus riu.

"Tudo bem, ele é tão legal que nem vai se importar."

"Eu odeio ele ainda mais."

“Eu deveria tentar vê-lo neste verão. Ele tem sido tão bom para mim, você nem sabe
da metade.”

"Eu vou com você, se você quiser."

"... obrigado, isso é gentil."

"Moony," Sirius disse baixinho.

"Mm?"

"Eu realmente sinto muito por tudo."

"Tá tudo bem."

"Não tá."

524
"Tá sim."

“Não t—”

"Sirius! Pelo amor de Deus, você não pode nem se desculpar sem começar uma
briga. Estou te dizendo - está tudo bem. Eu estava sendo injusto. Acho ... acho que
estava te pedindo algo que nem mesmo entendo direito. Lealdade ou amor ou qualquer
outra coisa.”

“Eu amo você, Moony. Eu amo todos vocês; você, James, Peter.”

"Sim," Remus suspirou. Ele fechou os olhos, como se fosse reiniciar a


conversa. Quando ele os abriu novamente, Sirius parecia ansioso. Remus sorriu de
forma tranquilizadora, "Ansioso pelo sétimo ano?"

"Não sei. Um pouco assustador, não é? "

"Você quer dizer a guerra?"

"A guerra." Sirius concordou, “Outras coisas também. Último ano, antes de termos


que crescer.”

Remus riu, suavemente,

"Eu não acho que você vai crescer, Padfoot."

"Tenho sido tão egoísta." Sirius ficou melancólico novamente.

"Eu disse que está tudo bem."

“Não está, no entanto,” sua testa franziu levemente, enquanto ele procurava pelas
palavras que precisava. Remus prendeu a respiração, sem saber o que estava por vir,
mas de alguma forma sabendo que precisava ouvir. "Você tem tantos segredos, e deve
ser uma merda, esconder as coisas," Sirius começou, ganhando impulso quanto mais
falava, "E eu tornei tudo pior, só te dei mais coisas para esconder ..."

525
Eu adorei guardar seu segredo, Remus queria dizer, eu guardaria mais mil, por
você. Ele sabia que essa linha de pensamento só poderia piorar as coisas, então não
disse nada. Sirius arriscou estender a mão, agarrando a mão de Remus e segurando-
a. Remus apertou de volta.

“Não é que eu tenha vergonha de você, ou disso, é ... um milhão de outras coisas. Eu
gostaria de poder contar a todos, eu gostaria de estar pronto. Eu estarei, Moony, eu
prometo. "

Sirius olhou para ele, implorando. Remus o perdoou de todo o coração. Não era mais
difícil encontrar seus olhos.

"James parecia ... muito bem comigo sendo queer." Remus perguntou baixinho. Ele se
sentiu um pouco dissimulado, mencionando James - James pertencia a Sirius, não era
da conta de Remus interferir.

"Claro que ele sim, o lindo bastardo," Sirius bufou, "Porra de príncipe entre os
homens, não é? Eu sei. Eu sei que ele provavelmente ficaria bem com isso,” ele
agarrou os dedos de Remus, “Mas ... Ele é meu melhor amigo, e eu só não quero que
isso mude ainda. Eu não gostaria de ficar sozinho com ele e tê-lo pensando ... Mesmo
que ele não estivesse pensando sobre isso, eu estaria.”

“Ok,” disse Remus. Ele estava concordando com tudo, ele sabia que era estúpido. Mas
era tão fácil agora.

"Bom dia, rapazes!" Mary gritou do acampamento, Sirius puxou sua mão para trás,
rapidamente, dando a Remus um olhar de desculpas, "Obrigada pelos pastéis!"

Os dois se viraram e acenaram para ela. Sirius se levantou, estendendo um braço para


ajudar Remus a se levantar.

"Vamos lá", disse ele, com os olhos brilhando, "mal posso esperar para arrancar a
merda do Prongs por finalmente passar por cima da perna."

526
"Não na frente de Lily!" Remus avisou, "Ela vai azarar suas bolas."

"Bem, isso não pode acontecer, sou muito apegado a minhas bolas."

"Sirius?"

"Remus?"

“Isto não é apenas para o verão, é?”

Sirius olhou para ele e sorriu.

"Eu espero que não."

Felizmente, ninguém estava muito interessado no que quer que Sirius e Remus tinham
feito na noite anterior, porque a noite de todos os outros tinha sido tão agitada. Peter
deu a ele um olhar um pouco cauteloso, mas isso pode ter sido a ressaca. Mary estava
sorrindo para todos como um gato que pegou o rato, beliscando seu pastel e tentando
chamar a atenção de Lily.

Marlene estava enrolada em cobertores, parecendo muito verde nas bochecas e


soltando um gemido ocasional.

"Tudo bem, Marls?" Remus perguntou, gentilmente.

"Mmmmph."

“Pobre amor,” Mary resmungou, acariciando a cabeça loira de sua amiga gentilmente,
“Exagerou com a Velha Rosie, não foi? Ainda assim, poderia ser pior. Dorcas ainda
não voltou do banheiro.”

James e Lily estavam sentados um ao lado do outro, mas não muito próximos. Lily
havia puxado o cabelo para trás em um rabo de cavalo, e estava conscientemente
olhando para o chão, comendo seu pastel com uma espécie de resignação

527
silenciosa. James parecia absolutamente encantado, mas tentava não demonstrar
muito.

"Então ..." Mary sorriu amplamente, olhando para todos, "Vamos ficar com os novos
arranjos de dormir pelo resto da semana, vamos?"

"Me serve." Sirius disse, casualmente.

“A mim também,” Peter acenou com a cabeça, a boca cheia de carne picada.

Marlene ergueu os polegares em silêncio e nauseada. James e Lily olharam um para o


outro, então desviaram o olhar.

Assim que todos terminaram de comer, as meninas organizaram uma expedição aos
chuveiros. Os meninos o seguiram, com toalhas debaixo dos braços e Sirius provocou
James sem piedade.

"Não, vá embora, não vou te contar nada." James riu.

"Isso é puramente para fins acadêmicos," Sirius repreendeu, "Será uma questão de
interesse histórico, as gerações futuras precisarão saber quais feitos milagrosos você
teve que realizar para finalmente convencer Evans a ..."

“Nós só conversamos!”

"Oh, então o feitiço silenciador era para ...?"

James ficou vermelho e desapareceu dentro de um box de chuveiro. Sirius riu


triunfante.

"Ninguém quer saber sobre mim e Dorcas?" Peter perguntou, inocentemente

***

528
As ruínas do castelo ficavam a cerca de cinco milhas a pé, o que ninguém parecia
pensar que era muito longe. Marlene se animou um pouco depois de tomar banho e
comer, e todos decidiram que ar fresco era provavelmente o melhor remédio para uma
ressaca. Eles fecharam o zíper de suas barracas, enfiaram objetos de valor nas
mochilas - junto com algumas sobras de pastéis e garrafas de água - e partiram por
volta das onze.

Eles seguiram uma trilha ao longo da costa, que se curvava e gradualmente se tornava
um penhasco. A vista no topo era de tirar o fôlego, mas Remus estava lutando para
apreciá-la muito - seus olhos lacrimejavam e suas pernas queimavam com o esforço
de escalar colina acima. Sirius, Marlene e Mary correram para o topo; Marlene vindo
primeiro, apesar de seu enjôo. James surpreendeu Remus diminuindo a velocidade
para acompanhar seu próprio rastejar trôpego.

"Tudo bem aí, Moony?" Ele perguntou, alegremente,

"Brilhante," Remus ofegou, sem ter certeza se estava puxando para sarcasmo ou
apenas parecia como um péssimo mentiroso.

“Não estamos com pressa, vá com calma.”

"Hmmph."

“Padfoot não foi muito chato ontem à noite, certo? Sobre tudo ... er ... sobre as coisas
que você nos contou?"

Remus balançou a cabeça, concentrando-se na respiração, e o horrível ruído de


rangido e clique que começou a acontecer em seu quadril toda vez que ele avançava.

“Ótimo” concordou James, aliviado. “Só me preocupei que ele pudesse ser, você sabe
como era sua família com relação a esse tipo de coisa. Para ser honesto, estava
dividido em deixá-lo sozinho com você, mas achei que você saberia lidar se ele saísse
de ordem."

529
"Está tudo bem," Remus ofegou, "Não se preocupe."

"Ótimo." James disse novamente e parou, porque Remus havia parado. Apenas por um


momento.

Os outros seis haviam subido a colina agora e estavam desaparecendo pelo outro
lado. Eles estavam caminhando há apenas vinte minutos, Remus pensou
severamente. Ele se perguntou se poderia aparatar à frente - mas a parte da
'deliberação' seria difícil, sem um mapa ou sem ter visto o lugar antes. Ele estava
envergonhado por James ficar com ele, mas pelo menos não era uma das garotas.

"Desculpe", disse ele, enxugando o suor da testa, "Normalmente eu não fico ruim tão
longe da lua."

"Tudo bem," James deu de ombros, "Estamos de férias, não em uma marcha de rota."

“Você não quer alcançar Lily? Eu vou ficar bem."

“Estou dando a ela um pouco de espaço. Acho que ela está envergonhada.”

"Ela realmente gosta de você," disse Remus, encorajando-o, "Ela me contou."

"Eu sei", James sorriu, recebendo aquele olhar estúpido e sonhador enquanto olhava
para o topo do penhasco, "Não posso acreditar na minha maldita sorte." Ele pigarreou,
“Mas era só conversa, certo? Não diga nada para Black.”  

Remus riu, endireitando-se,

"Eu não vou." Eles começaram a andar novamente, com firmeza. O sol estava
atingindo seu ponto mais alto, brilhando acima deles de modo que eles tiveram que
apertar os olhos ou olhar para os pés.

"Nós conversamos sobre você, na verdade", disse James. “Bem, Lily fez. Eu escutei."

"Oh?"

530
“Sim - nada ruim, eu prometo! Acho que provavelmente era apenas a cidra e nós dois
estávamos divagando sobre como você era um bom amigo, e então ela disse algo
sobre ser corajoso e revelar seus sentimentos e viver honestamente, ou ... ah, não sei,
eu estava muito ocupado encatado por ela estar falando comigo.”

Remus sorriu para James e queria abraçá-lo em nome de Lily.

Eles chegaram ao castelo duas horas depois, uma boa meia hora atrás do resto do
grupo, que os esperava.

"Desculpe," Sirius disse, uma vez que eles estavam fora do alcance da voz dos outros,
"Eu não pensei."

"Estou bem," Remus sorriu, tentando esconder seu cansaço, "Eu tinha o Prongs."

"Há um ônibus local que passa pelo acampamento, eu verifiquei," disse Sirius,
galantemente, "Podemos pegá-lo de volta, se você quiser?"

"Estou bem."

O castelo era uma ruína, de uma linda pedra cinza ao sol de verão, projetada contra o
mar cintilante, centenas de metros abaixo. Remus mal podia acreditar que alguém
realmente havia morado lá - as estreitas escadas em espiral haviam desmoronado e
não levavam a lugar nenhum, grama alta e dentes-de-leão amarelos brilhantes
invadiram o que poderia ter sido um grande salão de festas. Havia fendas de flechas
nas paredes restantes e pichações gravadas nos parapeitos, onde sem dúvida algum
soldado entediado esperou uma vez, mil anos atrás. Talvez ele não fora muito mais
velho do que eles. Guerra nunca mudava.

James, Peter e Sirius começaram uma luta de espadas muito entusiasmada com alguns
gravetos perdidas que encontraram, enquanto Remus sentava-se enrolando cigarros
em uma pilha de pedras, observando-os.

531
“Você se sentiria muito mais em forma se não enchesse os pulmões com essa merda,”
Marlene resmungou.

“Estou aqui para um bom tempo, não um longo tempo, Marls”, respondeu ele,
secamente, lambendo a fita adesiva do papel e colando-a com cuidado.

Ele fez quatro ou cinco, só para passar o tempo, enfiando-os ordenadamente em uma
velha caixa de fósforos que guardara para esse propósito. Ele observou Sirius,
brincando de cavaleiro contra o dragão de Peter, e riu quando James capturou Lily -
aparentemente agora uma princesa - erguendo-a sem esforço por cima do ombro e
correndo para os portões do castelo. Ela riu e bateu nas costas dele de brincadeira, e
quando ele a colocou no chão, ela parecia tão feliz em seus braços.

Eventualmente, alguns dos outros turistas começaram a ficar um pouco irritados com
a bagunça dos oito adolescentes, então eles decidiram que era hora de voltar para a
praia e passar o resto da tarde se refrescando no mar.

Lily e James lideraram o grupo desta vez, de mãos dadas, conversando alegremente
como se tivessem sido tão íntimos por anos. Uma pontada de inveja percorreu
Remus. Não que ele quisesse segurar a mão de Sirius. Por um lado, estava quente
demais, por outro, você não conseguia manter Sirius parado por tempo suficiente.

"Vocês vão em frente," Sirius gritou, "Eu e Moony vamos dar uma pausa para fumar."

Marlene resmungou mais uma vez, mas correu para alcançar os outros.

Remus e Sirius sentaram em uma parede de pedra por um tempo, fumando.

"Há um pub lá embaixo," Sirius acenou com a cabeça mais adiante na pista. “Vi na
subida, tem um jardim. Quer ir e matar um tempo?”

"Sim," disse Remus, surpreso. Isso parecia ideal. "Mas você não quer alcançar
James?"

532
"James não me ama mais," Sirius suspirou dramaticamente, segurando o pulso contra
a testa como uma velha prestes a desmaiar, "Seu coração foi reivindicado por outra."

Remus riu, então se atreveu a dizer,

"Ah bem. Você me tem."

"Eu tenho você," Sirius acenou com a cabeça com um sorriso, pulando da
parede. “Vamos, então. Vamos tomar uma cerveja.”

O pub era uma pequena cabana caiada com venezianas amarelo-mostarda, telhado de
telhas vermelhas e uma fileira de gerânios vermelhos plantados em vasos do lado de
fora. Por dentro estava escuro, mofado e cavernoso; Remus teve que se abaixar sob o
teto baixo. Todos os trabalhadores rudes que sustentavam o bar se viraram para olhar
quando eles entraram, e por um momento Remus se perguntou se não tinha sido uma
má ideia, afinal.

Ainda assim, Sirius pediu duas canecas de cerveja, e eles as levaram para fora para o
jardim, sentando em uma mesa debaixo de uma faia para fazer sombra. Enquanto eles
saíam, o barman ranzinza e os locais hostis voltaram para suas próprias bebidas,
obviamente decidindo ignorar os dois meninos. Remus tinha certeza de ter ouvido um
deles murmurar 'mauricinhos', o que ele interpretou como um desprezo pessoal,
embora, é claro, pudesse ser muito pior. Mesmo assim, eles estavam sozinhos no
jardim e tinham a privacidade que procuravam.

Sirius era imune às atitudes dos outros - talvez ele não tivesse percebido; talvez ele
simplesmente não achasse que valia a pena se preocupar com os trouxas.

"É ótimo aqui", disse ele, engolindo sua cerveja quente e nevoenta, "Você acha que
poderíamos viver aqui, quando tudo acabar?"

"Eu gosto de Londres," Remus respondeu, "É a isso que estou acostumado."

533
“Lembra que você prometeu que poderíamos ir para Carnaby Street,” Sirius disse,
brincando com a caixa de fósforos de Remus, “Neste verão. Vou cobrar isso. "

"Quando eu disse isso?"

"No natal."

"Oh, certo. Ok, podemos ir.”

"Não acredito que você esqueceu."

"Bem, você também passou metade do Natal tentando me convencer a arrumar uma
namorada, então ..."

“Uggh,” Sirius gemeu, aparentemente envergonhado, “Desculpe. Achei que isso


pudesse me ajudar a ... me sentir menos apegado a você. Parece um pouco maluco
agora, penso sobre isso ...”

“Agora parece maluco,” Remus o chutou suavemente por baixo da mesa.

"Processos de pensamento lógicos não são meu forte, Sr. Moony," Sirius riu, com uma
virada aristocrática de cabeça, "Você deveria fazer as pazes com isso se vamos ... hum
... se vamos ..."

“Comece a sair ...” Remus pediu, gentilmente. Sirius deu a ele um sorriso apologético,

"Sair, sim." Ele concordou. "Desculpe."

"Você vai chegar lá," disse Remus, casualmente, engolindo sua cerveja.

E com isso, o gelo foi quebrado e eles começaram a conversar. E conversar e


conversar. Foi tão fácil; depois de meses sem comunicação, parecia que os portões
haviam se escancarado. Eles descobriram que, depois de terem começado, não podiam
parar. Remus relataria alguma suposição que ele havia feito; alguma crença que ele

534
tinha sobre uma interação há muito tempo, e o que ele pensava que isso significava na
época. E Sirius balançava a cabeça com olhos arregalados e sérios e dizia;

“Mas Moony, não foi assim de jeito nenhum.”

Ao estabelecer os fatos, Remus descobriu que grande parte de sua miséria foi causada
por si mesmo; que na maior parte do tempo Sirius nunca quis fazer o mal, e muitas
vezes nem sabia que estava causando dor a Remus - era apenas sua própria ideia
confusa do que estava acontecendo. Eles até falaram sobre Mary.

“Eu realmente gostava dela”, disse ele, “acho que foi isso que me confundiu, no
começo. Sabe, não era como se as meninas não estivessem fazendo pra mim, nesse
departamento ... e ela era tão confiante.”

"Achei que você só estava com ela porque não queria ficar comigo."

"Não." Sirius disse, com firmeza, “Esse é um pensamento horrível. Era por ela, não
por você. " Ele olhou para Remus, "Desculpe."

“Ha, não sinta. Isso me faz sentir melhor, na verdade.”

"De qualquer forma," Sirius sorriu, "E você e Mary?"

“Oh Deus,” Remus enterrou o rosto nas mãos, “Não. Eu estou tão envergonhado."

"Tudo bem. Eu gostei." Sirius ergueu uma sobrancelha, dando a Remus um olhar tão
depravado que provavelmente o faria ser preso em algumas partes do país.

"Eu percebi." Ele corou, "Não te ajudou a se sentir menos apegado, então?"

"Aparentemente não."

“Eu não podia acreditar que você não se importava com isso. E ainda, quando você
descobriu sobre Chris ...”

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Sirius se endireitou, parecendo irritado,

"Ele." Ele resmungou.

“Não há nada entre nós. Nós somos apenas amigos."

“E ... esse outro cara ... Grant? Ele estava ...” Sirius se mexeu, obviamente
desconfortável enquanto lutava para dizer a palavra, “Seu namorado? ”

“Na verdade, não,” Remus respondeu facilmente, “É difícil de explicar. Ele é ... um


amigo. Eu me importo com ele tanto quanto com você, e com James, e com Peter e
com as meninas.”

"Mais segredos, Remus." Sirius passou as mãos pelos cabelos, frustrado, “Não


consigo acompanhar, não sei como você faz isso. Você pode parar de esconder
coisas? De mim, pelo menos?”

"Eu não sei." Remus disse, baixinho, "Vai ser difícil."

"Mas você pode tentar." Sirius sorriu. Remus riu e assentiu.

Eles terminaram suas bebidas e decidiram voltar para o acampamento.

"Eu vou te ensinar a nadar." Sirius ofereceu.

"Nem fodendo que você vai." Remus bufou.

"Há mais alguma coisa que você tem mantido em segredo, hein, Remu?" Sirius o
cutucou, enquanto eles desciam lentamente a colina. Era muito mais fácil, o caminho
de volta, mas eles estavam indo muito devagar de qualquer maneira.

"Não," Remus riu. Ele se sentia leve como o ar - era como estar alto; não tendo nada a
esconder, “Gay, analfabeto, sem-teto, lobisomem ...” ele contou nos dedos, “Eu acho
que é isso. Ah, e minha mãe.”

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"Sua mãe?!"

“Recebi uma carta naquela caixa de coisas deprimentes de Dumbledore. Fotos e uma


carta - um pedido de desculpas.”

“Oh, caramba, ok. O que ela d -”

“Não, eu não quero falar sobre isso ainda. Desculpe."

"Tudo bem," Sirius deu de ombros, "Podemos conversar sobre qualquer coisa, exceto
nossas mães."

"Perfeito." Remus concordou.

537
Capítulo 117 : Verão de 1977: Parte 4

O resto da semana na Cornualha passou em completa felicidade, no que dizia respeito


a Remus e Sirius. Os dois passaram longos dias quentes na praia e nas encostas,
vagando por vilarejos pitorescos, explorando cavernas e ficando embriagados nos
jardins dos pubs. Eles jantavam exclusivamente pastéis, peixe com batatas fritas e
sorvete, e à noite - ah, as noites eram as melhores de todas.

Durante o dia, se os outros estivessem por perto, eles jogariam bola na areia, ou
Remus consentiria em entrar um pouco no mar – os jeans enrolados e a camisa de
manga comprida ainda firmemente em seu corpo. Se fossem apenas os dois, então ele
poderia enrolar as mangas até os cotovelos, expondo velhas cicatrizes, e Sirius se
tornaria Padfoot e perseguiria gravetos ou seu próprio rabo. E muitas vezes ficavam
sozinhos, porque todo mundo parecia querer continuar fugindo.

Lily e James eram os piores - quando não estavam brigando, ficavam se


agarrando; gratuitamente e por muito tempo.

"Vocês deveriam ser os monitores!" Mary gritou com eles, após a terceira noite,
encontrando-os praticamente deitados em frente à fogueira.

"Ah, como se eu não tivesse encontrado você mais de cem vezes nas minhas
rondas!" Lily riu, levantando-se e endireitando as roupas mesmo assim. " E você,
Black, pare de nos olhar desse jeito."

"O que?" Sirius piscou inocentemente.

O moreno estava carregando de volta a bacia com louças que havia levado para lavar
nos chuveiros. Remus ficou bastante surpreso com isso - Sirius se oferecera para lavar
a louça todas as noites até agora ("Eu gosto de fazer isso, do jeito trouxa," ele
confidenciou, secretamente, "Mamãe costumava nos obrigar a fazer o trabalho do elfo

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doméstico como uma punição às vezes, mas eu só achava relaxante, para ser
honesto.”)

“Não me puxe para as suas sórdidas escapadas” Black dizia, pudicamente, pondo a
bacia no chão. “Tenho sido um perfeito cavalheiro durante toda a viagem.”

"Não estou convencida de que você não tenha se esgueirado com alguma garota
trouxa da vila." Marlene disse. Ela estava deitada sobre uma toalha, apenas de calcinha
e sutiã, tomando banho de sol. Seu corpo era muito comprido e pálido.

"Como você ousa," Sirius a bateu com o pano de prato úmido, fazendo-a gritar e se
mover, "Estou na cama cedo todas as noites, não é, Moony?"

Remus engasgou com os biscoitos que estivera mordiscando e teve que levar um tapa
nas costas de James algumas vezes antes de se recuperar. Você vai pagar por isso mais
tarde, Black, ele encarou Sirius, os olhos lacrimejando.

Depois que James se acalmou sobre ‘O evento Lily Evans' (como Black estava
chamando, pelas costas) o suficiente para pensar direito, ele ficou surpreso que Sirius
e Remus estavam compartilhando uma barraca, e suspeitando, por razões
completamente erradas.

“Vocês não vão começar a brigar de novo, não é? Vocês sabem que sempre costumam
deixar um ao outro maluco quando estão próximos...”

"Você está certo, Prongs," Sirius disse, animado, "Você fica com o Moony e eu
compartilho com Evans."

Isso pôs fim a essa linha de questionamento, mas não à súbita superproteção de James
por Remus. Era bom - certamente nada para reclamar – mas, um pouco
desconfortável. Lupin nunca teve qualquer tipo de figura de irmão mais velho - a
menos que você contasse Ste ou Craig, que o ensinaram a roubar, beber e dar um soco
apropriado – mas, James agora parecia determinado a dar o melhor de si, com todo
seu jeito bondoso e desajeitado. No meio da semana, Remus ficou um pouco surpreso

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por ninguém ter sequer mencionado a confissão que havia feito na primeira noite. Não
que ele quisesse que alguém fizesse um estardalhaço, ou dissesse algo dissimulado ou
indireto, mas ... mesmo assim. Nada mesmo? Ele tocou no assunto com Sirius em um
momento de silêncio, e o moreno riu,

"Bem, se Prongs deu a todos eles aquele seu maldito discurso, não estou surpreso."

"Discurso?"

“Sim, ele me puxou de lado e me disse que se eu começasse a te tratar de forma


diferente, ele me bateria. Provavelmente ele não disse isso para as meninas - talvez
Lily tenha feito.” Sirius se espreguiçou, de forma canina, deitado de bruços.

Os dois estavam descansando na praia, sozinhos, em um trecho tranquilo de areia que,


até agora, ninguém havia descoberto. Sirius estava em sua bermuda de banho e Remus
aproveitava a oportunidade para encará-lo tanto e tão descaradamente como queria. De
vez em quando, ele juntava um punhado de areia amarela e sedosa e derramava sobre
a pele de Black, apenas para ver os grãos deslizarem como água sobre os músculos de
suas costas.   

"Você está me zoando." Remus disse, preguiçosamente, não acreditando.

“Gostaria de estar. Eu juro, foi tão difícil não rir na cara dele e apenas contar
tudo.” Ele rolou, afastando a areia descuidadamente, "Vou ter que ir e me lavar em um
minuto, se você continuar fazendo isso."

"Essa é a ideia," Lupin sorriu. Sirius no mar era sua nova coisa favorita de se olhar.

Remus ainda não havia acreditado realmente nele, até o último dia da viajem. Todos


estavam tentando empacotar as barracas - que não pareciam querer caber nas malas
em que foram trazidas - e ele acabou assumindo a liderança, porque Peter, Sirius e
James não pareciam entender o conceito de instruções. As meninas haviam desarmado
seu próprio acampamento em menos de uma hora, e isso estava ficando um pouco
vergonhoso.

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“Certo, aquele pino precisa sair primeiro, e há uma espécie de lençol de cima que
precisamos remover, caso contrário, tudo fica emaranhado ...” disse, coçando a
cabeça. James e Sirius fizeram isso com sucesso e começaram a dobrar a barraca
marrom.

"O que faríamos sem você, Moony," James riu.

"Sim", disse Peter do chão, onde estava coletando pinos, "Quem diria que você seria
bom nessas coisas."

"Bem, eu sempre fui o sensato," Remus murmurou, sem prestar muita atenção,
passando para os próximos passos no folheto. Então ele percebeu que tudo havia
ficado silencioso, e James estava parado perto de Peter.

“O que você quer dizer com 'essas coisas'?”

Peter olhou para cima, confuso, e esfregou as mãos,

“Sabe, coisas ao ar livre - coisas de homem. Eu não quis dizer...”

“Pete. Uma palavrinha." James disse, sua voz estranhamente dura e plana; canalizando


o jeito Euphemia Potter com um tom severo. Ele marchou em direção à praia, Peter o
seguindo nervosamente, ainda torcendo as mãos.

"Coisas de homem." Sirius murmurou, embora parecesse ansioso e pálido também.

"Sobre o que foi isso?!" Perguntou, indo pegar os ganchos que Peter havia colocado
no chão.

Black balançou a cabeça e não falou novamente até que Peter e James voltaram,
Pettigrew parecendo muito abalado. Remus desejou poder ter dito algo, mas sentiu que
só pioraria o problema.

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Quando chegou a hora de se despedir, ninguém quis ir embora. Lupin se viu olhando
taciturno para os quatro quadrados amarelos de grama onde antes estavam suas
barracas, enquanto James e Lily se agarraram um ao outro, se despedindo.

"Você vai voltar para Essex, Remus?" Mary perguntou, alegremente.

“Vou ficar um tempo com os Potters.” Respondeu, tentando se animar.

"Que sorte!" Mary disse: “Tenho que voltar para Croydon - Marlene me convidou
para ficar, mas mamãe diz que não me vê o suficiente.”

"Isso é bom," Remus sorriu, "É bom ter alguém que sente sua falta."

Peter e Dorcas saíram primeiro, subindo para a estrada principal para encontrar um
local isolado para pegar o nôitebus. Remus acenou para eles, e tudo parecia bem, mas
isso pode ter sido apenas a presença de James. As garotas aparataram - assim que Lily
finalmente soltou James, que prometeu visitá-la antes que o verão acabasse,
prometendo escrever e fazendo James prometer telefonar. Ela abraçou Lupin e então -
talvez apenas em um momento de felicidade cega, Sirius também.

James, Remus e Sirius aparataram de volta para a casa dos Potter com um pouco mais
de sucesso do que da primeira vez. Lupin acabou no jardim dos fundos, de alguma
forma. Black, em algum lugar da vila, mas a Sra. Potter ficou emocionada em vê-los
todos do mesmo jeito, e decidiu que todos precisavam de uma comida adequada, de
uma vez por todas.

"Devemos entrar em contato com o abrigo para você, Remus?" O Sr. Potter perguntou,
casualmente durante o jantar, “Você não está fazendo outro ato de desaparecimento,
está? Não posso ter a polícia trouxa ligando novamente. "

"Oh - er, não, eu ... hum ..." O garoto gaguejou sobre suas batatas cozidas - o que ele
poderia dizer, para impedi-los de perguntar? O que compraria um pouco mais de
tempo? Sirius o chutou por baixo da mesa e o olhou. Vá em frente, Moony, dizia; diga

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a verdade. Remus olhou para o Sr. Potter, "Na verdade, agora que tenho dezessete
anos, não há um lugar para mim em St. Edmund's."

"Ah, bom", a Sra. Potter sorriu benignamente, "Teremos você durante todo o verão,
maravilhoso!"

Tão fácil quanto isso.

"Eu te disse," Sirius sussurrou, enquanto deslizava para sua cama, depois da meia-
noite. “Os Potter adoram receber animais perdidos.”

"Você deveria estar aqui?" Remus sussurrou de volta, ansioso, "E quanto a James?"

"Roncando, eu consigo ouvir ele através da parede."

Não pressionou mais - afinal, ele queria Sirius ali. Era engraçado ficar deitado sozinho
em uma grande cama de casal depois de passar uma semana espremido em uma
barraca. Ter outro corpo por perto era reconfortante. Ter o corpo de Sirius por perto
era ainda melhor.

"Foi bom ter dito a eles." O moreno disse baixinho, segurando sua mão sob as
cobertas. Ele fazia isso com frequência, e apenas na cama, no escuro. Remus não se
importava.

“Sim, só estou contando tudo para todo mundo, esta semana,” Riu.

“Nada há de errado em pedir ajuda, Moony. As pessoas gostam de ajudar seus


amigos.”

"Eu sei." Remus beijou o topo da cabeça de Sirius - um dos muitos privilégios agora
permitidos a ele. Black gostava de dormir escondido sob as cobertas, como uma
criatura hibernando. Isso o fazia parecer menor do que era e fazia Remus se sentir
protetor. Outra coisa que era normal sentir agora. "Sirius?"

"Mm?"

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"Aquilo que o Wormtail disse, realmente te chateou?"

Ele sentiu o moreno ficar tenso contra si, e imediatamente desejou não ter tocado no
assunto. E tentou encobrir seus rastros, “Só... você conhece Pete, ele é um pouco
idiota às vezes, mas ele é apenas estúpido, não rancoroso. Ele vai se acostumar com
isso. Se acostumar comigo. Da próxima vez que precisar de ajuda para fazer o dever
de casa, não vai importar.”

"Já ouvi coisas assim antes, só isso." Sirius disse bem baixo, de modo que Remus, que
normalmente possuía uma audição perfeita – mais do que perfeita -, teve que ouvir
com atenção. “Sobre ser um homem. Você sabe o tipo de coisa."

"Da sua mãe?"

O moreno não falou, mas sua cabeça se moveu levemente e Remus entendeu como um
aceno.

Não estamos falando sobre mães. Lupin teve que se lembrar, e apenas apertou a mão
de Sirius e disse a única coisa que conseguiu pensar.

"Bem, então você sabe que era tudo besteira."

***

Sábado, 30 de julho de 1977

James Potter não era tão inteligente quanto Remus acreditava. Eles haviam voltado da
Cornualha havia quinze dias. E Potter havia telefonado para Lily do telefone público
no final da estrada exatamente catorze vezes. E exatamente catorze vezes, Remus teve
que acompanha-lo até lá, colocar as moedas na abertura, discar o número e mostrar a
ele como desligar, no final.

As ligações duravam cerca de uma hora, normalmente, deixando Sirius e ele sentados
do lado de fora na parede de tijolos, fumando. Ocasionalmente, eles caminhavam para

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cima e para baixo na rua principal, mas, principalmente, apenas esperavam James
terminar.

"Maldito idiota." Lupin suspirou ao sair da cabine pela décima quarta vez. “É difícil
lembrar alguns passos simples? Ele fez estudos trouxas, eles não explicam essas
coisas? "

"Aww, ele fica muito animado para se lembrar de qualquer coisa." O moreno riu,
"Tenha alguma simpatia pelo bobo apaixonado."

"Não. Vou ser triste e infeliz para sempre.” Remus resmungou, atrapalhando-se com o


isqueiro.

"Ah, bom, eu amo quando você fica todo emburrado e de mal humor."

"Vai se foder."

"Mm, oooh sim, agora me chame de idiota estúpido, isso realmente me deixa louco ..."
Sirius brincou, cigarro entre os dentes, brasas brilhando em seus olhos. Lupin o
empurrou tanto que ele caiu da parede, rindo.

"Você está sendo um idiota estúpido."

"Só para você." O moreno apagou o cigarro. Houve um estrondo baixo e escuro ao


longe, e todo seu rosto se iluminou. Ele agarrou o braço de Remus, “Olha! Aí vem, na
hora certa!”

Lupin revirou os olhos. Black possuía outro motivo para ser indulgente com
James. Todas as noites, enquanto esperavam que os pombinhos terminassem o
telefonema, uma coisa milagrosa acontecia - aos olhos de Sirius, pelo menos. Uma
motocicleta passava pelo vilarejo - provavelmente algum hippie idoso voltando de seu
trabalho chato de escritório para casa, Remus pensou, petulantemente.

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Era um Triumph Bonneville T120 (Lupin odiava saber disso, mas depois que viram a
primeira vez, Sirius os arrastou para a banca de jornal para comprar todas as revistas
de motociclistas que pudessem encontrar, até que eles identificassem o modelo), com
um tanque vermelho cereja, cada centímetro de cromo polido até uma prata
reluzente. Sirius estava loucamente apaixonado e Remus estava loucamente ciumento.

Assim que a moto passou, Black deu um suspiro de satisfação, então subiu na parede e
observou Remus por um tempo. Ele fazia muito isso agora. E Lupin teve que aprender
a não se importar muito; não se importar em ser examinado. O moreno inclinou a
cabeça, “É a lua? Deixando você mal-humorado? "

"Provavelmente." Respondeu encolheu os ombros. "Normalmente me deixa com


energia."

"Sim, eu percebi, ontem à noite." Sirius piscou.

"Ah meu Deus, cale a boca, idiota irritante."

Black sorriu e mostrou sua afiada língua rosa.

Remus estava nervoso com a lua. Seria a primeira lua cheia que não passaria em


Hogwarts ou em St. Edmund's. (Embora presumivelmente tenha havido outra lua
cheia, uma vez, muito tempo atrás, com sua mãe.) O Sr. Potter o chamou de lado,
depois que foi combinado que Remus ficaria pelo resto do verão, e explicou o plano
de ação.

Não que isso importasse muito para ele; uma sala trancada era uma sala
trancada. Desta vez era o sótão, e Moody se ofereceu para ficar de guarda do lado de
fora, garantindo que a família estaria segura. O Sr. e a Sra. Potter (para não mencionar
James e Sirius) repetidamente garantiram a Remus que não estavam nem um pouco
preocupados, e que ele também não deveria se preocupar. Mas é claro que iria, de
qualquer maneira.

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Sirius queria ir com ele - James também, mas James, pelo menos, tinha bom senso o
suficiente para perceber que não seria possível. Ninguém iria conseguir passar por
Moody - que tinha um olho novo e assustador, azul elétrico e terrivelmente encantado.

"Já enfrentei lobisomens antes," ele disse, rispidamente, enquanto Remus era
conduzido escada acima para o sótão, "Sempre tive um bom resultado, com o mínimo
de casualidades."

Isso não o fez se sentir melhor, mas não tinha certeza se esse era objetivo.

Foi uma noite ruim. Talvez fosse a presença de Moody. Talvez o lobo não gostasse da
altura. Talvez pudesse sentir o cheiro de seus companheiros habituais, Prongs e
Padfoot, e se sentia solitário. Talvez o lobo simplesmente odiasse Remus, quem
sabe. De qualquer forma, quando ele acordou, descobriu que havia destruído o
quarto; rasgado as cortinas e arranhado o assoalho. No final, o lobo mastigou as
próprias patas de frustração.

Com as mãos sangrando, a pele toda arrancada, ele permaneceu deitado no escuro, o
coração batendo forte, esperando que a dor diminuísse ou que alguém viesse ajudá-
lo; o que viesse primeiro.

A Sra. Potter o remendou e fez um bom trabalho, mas ele ainda teve problemas para
segurar a varinha por alguns dias, enquanto a pele crescia novamente. Também não
havia conseguido segurar o cabo de vassoura, então teve apenas que observar
enquanto Peter, Sirius e James praticavam, como nos velhos tempos.

Remus encontrou outras maneiras de se ocupar. Ele conseguiu uma cópia da lista


telefônica e passou mais tempo do que provavelmente seria considerado saudável
procurando cada "Jenkins" em Bristol. Havia muitos deles, mas nenhuma Hope. Sem
esperança. Não importava, ele tentou dizer a si mesmo. Havia se dado bem por doze
anos sem ela.

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"Me conte um segredo," Sirius sussurrava, tarde da noite - todas as noites ele vinha até
Remus, "Algo que ninguém mais sabe."

E então, ele o contaria - porque isso o deixaria feliz, e isso era o que varia a pena - na
verdade, Remus estava percebendo, fazer Sirius feliz poderia ser a única coisa que
valesse a pena pelo resto de sua vida.

“Fui eu quem disse a Philomena Pettigrew para ir para a América.”

“Mentira!"

"Verdade, no banheiro na véspera de Natal."

“Seu bastardo astuto. Como você fazia todas as garotas ficarem se matando para falar
com você, hein? Qual é o seu segredo?"

“Talvez elas confiem em mim porque sabem que não estou tentando transar com
elas.”

“Um pensamento intrigante. Me conte outro segredo.”

"Hum ... eu não sei, eu te contei tudo." Tudo que não te machucaria, acrescentou ele,
silenciosamente.

"Você não contou," Black disse, seus lábios agora contra os dele, enquanto rastejava
em cima de Remus, as mãos deslizando por baixo da camisa de seu pijama. Ele passou
a língua pelo seu lábio inferior, "Eu vou descobrir tudo sobre você um dia, eu
prometo."

Remus o beijou profundamente, acreditando em cada palavra.

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Capítulo 118 : Verão de 1977: Parte 5

1977 and we are going mad

It's 1977 and we've seen too many ads

1977 and we're gonna show them all

Apathy's a drag.

-Paper Bag, Fionna Apple

Segunda-feira, 29 de agosto de 1977

Remus acordou de sua segunda lua cheia ligeiramente melhor que a última, mas
incapaz de se mover. Moody o amarrou à cama (mantida no sótão especificamente
para esse propósito) usando algum tipo de magia avançada. Não doeu, mas fora muito
humilhante, ter que ficar ali deitado e esperar ser solto, sem nenhuma roupa. Sirius foi
veementemente contra a ideia, mas não doeu e era melhor do que a alternativa. E
Lupin não se importava sobre como o lobo se sentia a respeito.

"Fez muito barulho", disse Moody, ao soltá-lo, "mas isso era de se esperar."

“O que os outros fazem?” Perguntou, vestindo a calça jeans rapidamente, desejando


que o auror fosse embora, ou pelo menos virasse as costas, "Os lobisomens registrados
no ministério?”

“Lidam com isso em casa desse jeito - com um auror checando antes e depois - ou
ficam nas celas do ministério. Vou pegar um folheto para você, se quiser.”

"Não, obrigado."

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Remus teve a nítida impressão de que Moody não aprovava sua decisão de não se
registrar.

No andar de baixo, em seu quarto normal, a Sra. Potter havia colocado um conjunto de
robes na cama para ele - não uniformes, mas roupas usuais, de uso diário. O tipo que
James e Sirius usavam fora da escola. Ele esperava que fossem de segunda mão; não
saberia como os retribuiria se começassem a comprar roupas para ele.

"As roupas são para sair" explicou James, quando Remus perguntou sobre isso,
"Vamos para o Beco Diagonal hoje!"

Com o primeiro dia de aula não muito longe, foi combinado que os meninos ficariam
no Beco Diagonal nos últimos dias das férias de verão. O Sr. e a Sra. Potter partiriam
por algumas semanas - a negócios para Dumbledore, aparentemente, embora eles não
tenham confirmado nem negado isso. Até mesmo Moody não poderia discutir sobre
Remusestar indo para o Beco Diagonal desta vez.

"Rastejando com Aurores, hoje em dia - disfarçados, você nem saberia."

"E eu tenho dezessete anos," Lupin respondeu, secamente, "Então, estou livre para ir
aonde eu quiser."

"Exato", disse Euphemia, cansada.

Suas cartas de Hogwarts haviam chegado a apenas uma semana e, para a surpresa de
todos, James fora nomeado monitor-chefe, como evidenciava o broche dourado novo
em folha dentro de seu envelope.

"Puta merda!" James engasgou,

"Que porra é essa?!" Sirius franziu a testa.

"Olhem a língua!" A Sra. Potter repreendeu os dois.

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Ela estava muito orgulhosa, é claro, mas James estava apenas interessado em contar a
Lily, e correu para mandar uma coruja para ela imediatamente - em menos de meia
hora, eles descobriram que ela havia sido nomeada monitora-chefe.

"É o destino!" James declarou: "Destino!"

Usaram o Pó de Flu para chegar ao Caldeirão Furado, um pub bruxo antiquado e


caseiro que se transformava em uma pousada, ponto de encontro e centro comunitário
geral, pelo que Remus sabia. James reservou dois quartos duplos e, depois de ser
saudado por um taberneiro corcunda de aparência estranha, os quatro marotos
arrastaram seus baús escolares escada acima para se instalarem. Remus estava
dividindo com Peter, porque nem ele nem Sirius poderiam inventar uma desculpa boa
o suficiente para compartilhar juntos. Os quartos eram adjacentes, o que era um
pequeno conforto, mas não muito.

O Beco Diagonal não era como Hogsmeade, como pensara que seria; era mais lotado,
agitado, barulhento - o equivalente mágico de cosmopolitan. As ruas estavam
ocupadas com multidões de estudantes e todas as lojas estavam lotadas até o teto.

Gringotes era o primeiro ponto de parada para todos, e Remus seguiu James e Sirius
ao redor da margem palaciana, emudecido pela completa estranheza de tudo. O
menino nunca havia estado em um banco trouxa antes, mas nada poderia tê-lo
preparado para o Gringotes; goblins e passagens secretas e montanhas e montanhas de
ouro. Potter e Black se portavam como membros VIP – e, veja bem, provavelmente o
eram. Os goblins rastejaram aos pés deles, o que Remus achou extremamente
desagradável, mas não conseguiu dizer nada sobre. Ele gostaria que Lily estivesse lá,
ou Marlene e Mary - alguém um pouco mais pé no chão.

Lupin descobriu que havia sido deixado com pouco menos de quatrocentos galeões no
cofre que pertencera a Lyall Lupin. Isso soou como uma quantidade enorme para ele -
até que viu a expressão de pena no rosto de Sirius. Silenciosamente, retirou o
suficiente para seus livros e algumas roupas novas, bem como um pouco para
converter em dinheiro trouxa.

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Remus havia ficado tão arrasado depois da lua cheia, da viagem com pó de flu e da
visita ao banco, que assim que retirou seu dinheiro, teve que voltar para o Caldeirão
Furado para descansar. Os outros prometeram a ele que deixariam as compras para o
dia seguinte e passariam o resto da tarde olhando vassouras e suprimentos de
quadribol. Se sentia cansado demais para se importar e desabou em sua pequena cama
de solteiro, morto para o mundo por, pelo menos, quinze horas. Ele nem mesmo
acordou quando os outros chegaram de forma barulhenta à meia-noite, cheirando
fortemente a uísque, silenciando-se ruidosamente e rindo.

No dia seguinte, Lily chegou e as compras para a escola começaram para valer. Ela e
Remus tinham mentes igualmente metódicas quando se tratava de completar tarefas, e
discutiam em particular um plano de ação, antes de dar ordens aos outros três meninos
pelo resto da manhã. Ele gostaria de ter mais tempo na Floreios e Borrões, mas como
haviam decidido comprar os livros por último (sendo os itens mais pesados da lista),
James, Sirius e Peter já estavam seriamente emburrados a essa altura, e à beira de um
motim se não comessem um pouco de sorvete.

Assim; de volta ao Caldeirão Furado para despejar suas mercadorias e almoçar, ("Pelo
amor de Deus, James, você não pode tomar sorvete antes de comer alguma comida de
verdade, isso é ridículo!"), e então ao Florean Fortescue, onde Sirius tentou comprar
para ele um sorvete de cada sabor (“Vamos, Moony, é bem justo, você nunca
experimentou antes; como você vai saber qual é o seu favorito?!”)

Depois que tudo isso foi concluído, Remus descobriu que sua energia estava quase
completamente esgotada mais uma vez, e eram apenas duas da tarde. Ele considerou
tirar uma soneca rápida, mas era sua última noite em Londres, e havia algo que
realmente precisava fazer antes de partir.

Demorou um pouco para conseguir um momento calmo para si mesmo, mas no


banheiro do Florean Fortescue, Lupin aproveitou a oportunidade para pegar seu
relógio de bolso. Ele o abriu - o mecanismo tão satisfatório quanto da primeira vez em
que o usou - e sussurrou “Grant Chapman” à bússola.

552
Ele esperava que a flecha começasse a apontar para o leste, mas para sua surpresa, ela
começou a girar incontrolavelmente, cada vez mais rápido. A bússola não veio com
instruções, mas Remus teve a sensação de que algo que sempre soube estava
finalmente sendo confirmado. Grant não estava seguro. Grant precisava de ajuda.  

***

I live off you!

And you live off me!

And the whole world lives off of everybody

See we gotta be exploited!

See we gotta be exploited!

By somebody by somebody by somebody…

I Live Off You – X-ray Spex

Remus correu de volta para a mesinha do lado de fora da loja, onde seus quatro
amigos estavam sentados, fazendo muito barulho por causa de algo que Peter acabara
de fazer com seu milkshake.

"E aí, Moony," Sirius sorriu enquanto se aproximava, "Eles querem ir fazer algumas
coisas turísticas, mas parece chato, quer ir para a Carnaby Street, finalmente?"

"Sim, ótimo!" Remus respondeu, forçando um sorriso. Ele arregalou os olhos para o


moreno, esperando que tenha entendido a mensagem. Felizmente, Sirius era muito
hábil em seguir sinais secretos e veio imediatamente.

"O que foi?" Ele sussurrou "Você parece apavorado."

553
"Eu tenho que ir e encontrar Grant." O garoto disse, agitado. "Veja!" Ele mostrou a
Sirius o giro louco da bússola.

"Agora?" Black franziu a testa, "Mas nós íamos ..."

"Agora." Disse Remus. “Não posso explicar, só preciso, sei que preciso. Você poderia


dizer algo a James e Peter? Eu não sei o quê - só se eles perguntarem.”

"O que? Não, eu vou com você!”

"Sirius…"

"Remus." Black zombou de seu tom sério e ergueu uma sobrancelha.

Remus suspirou. Essa era provavelmente uma das coisas em que deveria inclui-lo.
Então, engoliu seu temperamento e cedeu.

"Ok, tudo bem."

"Devemos apenas dizer aos outros para onde estamos indo?"

"Não. Não discuta comigo sobre isso.” Não queria que ninguém soubesse sobre Grant.

Sirius, aparentemente reconhecendo que Remus só cederia até certo ponto, assentiu e
não abusou da sorte. Disseram aos outros que iam à Carnaby Street para ver as lojas,
pagaram e saíram apressados, sem olhar para trás.

Os dois tiveram de ir e vestir roupas trouxas primeiro e, assim que saíram do Beco
Diagonal, se dirigiram para a estação Charing Cross e pegaram dois metrôs para o
apartamento em Mile End, o qual Remus pensou ser o melhor ponto de
partida. Quando chegaram lá, eram quase quatro da tarde.

Lupin não tinha certeza se foi um ano de abandono ou apenas uma retrospectiva que
fez o prédio degradado de cortiços parecer muito menos acolhedor do que no verão
passado. O cheiro de umidade era mais forte, parte do linóleo parecia ter sido

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arrancado, expondo o ladrilho creme sujo e rachado. Era um dia quente, mas ainda
estava frio por dentro. Adz, o homem que conheceu no ano anterior, era o único do
pessoal original que ainda morava lá.

"Grant?" Ele coçou a cabeça, parecendo atordoado, “É, acho que’le foi pro’este,
quando ficou muito difícil aqui. Hammersmiff, talvez. Tão derrubando esse lugar na
próxima semana, tô indo pra Brixton.”

“Hammersmith?!” Remus disse "Isso é do outro lado da cidade!"

“É, fez alguns amigos lá, acho. Grant sempre é bom em fazer amigos, quando
convém.”

O homem pronunciou a frase de forma incisiva, Remus não gostou, e


automaticamente se fez mais alto, endireitando os ombros. Adz olhou para ele de cima
a baixo com irritação e respondeu "Olha, se ele não quiser ser encontrado, não vai
ser."

Então, de volta à linha Central, e para o outro lado da cidade eles foram. Quando
passaram pela Tottenham Court Road, Remus se sentiu culpado por arruinar o dia de
Sirius na Londres trouxa e, secretamente, prometeu compensá-lo quando tivessem
outra chance. Ainda assim, Sirius, surpreendentemente, parecia estar se
divertindo; encantado com as escadas rolantes e catracas da mesma forma que Remus
ficara com Gringotes.

Os dois saíram em Notting Hill, depois caminharam, porque Lupin não fazia a menor
ideia para onde estava indo, exceto pelo seu nariz e a bússola, que estava girando
menos erraticamente agora e parecia estar tentando conduzir em uma direção vaga.

“É incrível,” Sirius disse, olhando para as casas enquanto andavam, observando as


vitrines das lojas e parando para ver os ônibus de dois andares passando. “Eu vivi em
Londres a maior parte de minha vida, e eu nunca a vi dessa forma.”

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“Que bom que você está gostando,” O outro respondeu distraído. Estavam em
Shepherd's Bush agora, ele tinha certeza. Já passava das seis da tarde e percebia que
caminhava mais lentamente. Seu quadril doía de tanto chacoalhar no subsolo; suas
canelas ardiam de tanto caminhar e suas costas latejavam por causa do terrível feitiço
de amarração de Moody.

"Vamos nos sentar um pouco?" Sirius perguntou, com um olhar de profunda


preocupação. "Olha, tem um parque ali."

Era Shepherd's Bush Green - pelo menos Remus sabia onde eles estavam. Então
concordou em descansar apenas por um breve momento - estava mais preocupado
que, uma vez que se sentasse, seria impossível se levantar novamente.

"Então eu te carrego." Sirius disse.

"Não enche." Remus bufou, apoiando os cotovelos nos joelhos e se inclinando para


frente. Ele puxou a bússola para verificar mais uma vez. "Ugh, está ficando louca de
novo!" Gemeu "Achei que estava chegando a algum lugar..."

“Pode ser porque você está agitado.” Black sugeriu delicadamente. “Er... você sabe,
porque isso se alimenta da sua emoção em relação à pessoa que você está
procurando. Então, talvez se você ...”

"Você está me dizendo para me acalmar?" Remus franziu a testa.

"Isso pode ajudar." O moreno respondeu uniformemente. “Que tal você me dizer algo
sobre Grant? Algo bom?"

"Se você acha que vai ajudar ..." Eles não tinham tempo para isso, Grant precisava
dele agora..., mas a este ponto, Remus estava disposto a tentar qualquer coisa. Mesmo
que fosse apenas uma manobra de Sirius para obter mais informações. “Er ... o nome
dele é Grant Chapman. Eu o conheci em St. Edmund's em 1975. Ele gostava das
mesmas músicas que eu, ele é amigável, e...”

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"Como ele é?"

"Você o viu."

“Não propriamente, eu era um cachorro. De qualquer forma, o objetivo é fazer você


pensar sobre ele.”

"Não estou fazendo nada além de pensar nele." Lupin explodiu. Ele fechou os olhos e
respirou fundo. “Cabelo louro. Cacheado. Er… eu acho que olhos azuis? Sim,
azuis. Ele tem um dente da frente torto. A última vez que o vi, ele estava mais
magro...” uma onda de ansiedade subiu por sua garganta. “Er ...” ele gaguejou.

“Continue,” Sirius encorajou, “Vocês gostam das mesmas músicas? Bowie? T.Rex. ”

"Sim, e ele gosta, hum ... Deep Purple."

"Legal, ok, então foi assim que vocês se tornaram amigos?"

"Sim," Remus acenou com a cabeça, sentindo-se um pouco melhor, focando no


positivo, "Ele era o único em St. Eddy que não era um maníaco completo ou um
criminoso - quero dizer, ele tinha algumas acusações, mas não como … não era
sério. Então um dia ele er ... bem, ele apenas me beijou, e foi assim que eu soube ...”
Ele olhou para Sirius rapidamente para verificar se estava tudo bem continuar. O
sorriso do moreno se estreitou um pouco, mas ele acenou com a cabeça
novamente. “Ele tem sido um bom amigo, fora isso,” Remus explicou, “Ele nunca fez
eu me sentir mal comigo mesmo. Ele nunca fez eu me sentir estranho ou diferente.”

"Ele parece um ótimo amigo." Black disse, educadamente.

"Sim. E ele faria qualquer coisa por mim. É por isso que preciso ...” Ele olhou para a
bússola e viu que agora estava apontando para o oeste - um pouco trêmula, mas clara
o suficiente.

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Eles se levantaram e seguiram. Já passava das sete, eles não tinham comido desde o
almoço e o sol estava começando a se pôr. Lily, James e Peter sem dúvida estariam se
perguntando onde estavam. Sirius não reclamou, apenas ficou quieto e seguiu
enquanto Remus murmurava para si mesmo, seguindo a pequena flecha dourada em
sua palma e cheirando o ar denso de Londres.

Shepherd's Bush não era muito melhor do que Mile End e parecia ter uma vida
noturna agitada. Ao seu redor, pubs e clubes lotavam com adolescentes e jovens de
todas as subculturas; os fãs das discotecas em cetim brilhante e lantejoulas, skinheads
sujos com suspensórios e botas, roqueiros old school com cabelo desgrenhado e punks
com jaquetas cravejadas e rostos cheios de metal. Finalmente, quando estavam
subindo pela Latimer Road, Remus parou.

"Ali." Ele disse, apontando para o outro lado da rua escura para um prédio com janelas
escurecidas e degraus que levavam a um porão. A música alta chegava à rua –
qualquer que fosse a banda, claramente possuíam pouca consideração por seus
instrumentos, e menos ainda pelos tímpanos do público. "Ele está ali." Disse com
firmeza. A bússola confirmou isso, apontando para frente.

O porão - parecia um pouco mais energético do que Remus se sentia


confortável. Além da 'música', gritos altos e berros vinham de dentro, sotaques do
leste, fúria adolescente. Punks magros e de dentes amarelos estavam do lado de fora
em grupos, cabelos verdes espetados e pesadas correntes de metal. Lupin se sentia
terrivelmente vulnerável em sua calça de veludo cotelê marrom surrada e seu suéter
grande, mas Sirius estava ainda mais deslocado, com seu cabelo longo de hippie e
postura inconfundivelmente bem-educada.

"Devemos entrar?" Sirius perguntou, sem um traço de nervosismo.

"Hum.’’ Ele estava prestes a sugerir que fosse sozinho, quando o destino interveio.

"Vaza, seu viadinho filho da puta", gritava o segurança para um jovem, que
cambaleava para a rua, cabeça baixa e mãos nos bolsos. Seu cabelo loiro sujo estava

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uma completa bagunça e ele possuía um cheiro que Remus reconheceria em qualquer
lugar da terra.

"Grant!" Lupin disparou em direção a ele, correndo pela rua sem nem olhar.

Grant não ouviu e continuou descendo, caminhando lentamente, curvado. Havia algo


de errado com a maneira como ele estava andando; seu porte torcido e enviesado. Ele
cheirava a gim barato, mesmo estando a metros de distância. Os punks estavam
olhando maliciosamente para ele, gritando obscenidades vis para afugentá-lo. Grant se
virou e respondeu com desprezo, erguendo dois dedos e gorjeando de maneira
incoerente.

"Grant!" Remus chamou de novo, alcançando-o sob um poste de luz amarelo. Grant


finalmente parou e se virou, semicerrando os olhos. A parede atrás estava pichada com
vários slogans díspares:

'MATEM OS RICOS',

'CRIANÇAS DE CABELO RASPADO E A GAROTA VIZINHA/ NÃO QUERMOS


PARTICIPAR DA SUA GUERRA FRIA',

'FODA-SE O SERVIÇO NACIONAL.’’

"Jesus Cristo. O que cê tá fazendo aqui? " Grant balançou e cambaleou, bêbado,


encostando-se na parede e agarrando o lado do seu corpo, como se algo ali estivesse
machucado.

"Procurando você!" Remus caminhou até ele, tentando ver seu rosto, obscurecido pela
sombra.

"Certo, obviamente ... porra, como você consegue isso todas as vezes?!" Grant
balançou a cabeça.

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Ele não parecia bem. Ele parecia horrível. Estava magro; mais magro do que deveria
estar, mais magro do que realmente era saudável. Seu cabelo estava escorrido e
parecia que não era lavado há algum tempo, e ele tinha uma colcha de retalhos de
hematomas em um lado do rosto, desaparecendo sob a camiseta, roxos e feios.

"O que aconteceu com você?"

"Um punk fodido aconteceu, não foi?" Grant riu, um som horrível de engasgo, depois
cambaleou novamente e se sentou na calçada. "Desculpa cara, tô pouco tonto." Ele
tentou vomitar algumas vezes, mas nada saiu, então ele cuspiu.

Remus se agachou ao lado dele, as mãos tremendo.

"Quem fez isto? Foi lá na casa?!” Ele se inclinou, tentando dar uma boa olhada no
pobre rosto machucado de Grant.

Definitivamente era Grant, mas ele era quase irreconhecível. O jeans azul brilhante e o


sorriso atrevido que Remus se lembrava se foram. Substituído por jeans apertados
pretos rasgados, olhos pálidos e assombrados, piercings de aparência desagradável no
nariz, sobrancelha e lábio que estavam definitivamente inflamados.

"Se manda", Grant se balançou, selvagem, bêbado. Ele não teria acertado Remus, e


não teria doído se tivesse, mas Sirius saltou para frente em um instante,

“Ei, se afasta, cara,”

Grant piscou e olhou para Sirius, levantando a mão para proteger os olhos do brilho
das lâmpadas da rua. Ele franziu a testa, então zombou,

“E quem é você porra!? Cai fora, tô falando com meu amigo." Ele se virou para
Remus, "Quer uma cerveja?" E tentou se colocar de pé. Lupin o ajudou, segurando-o
firmemente sob o cotovelo.

"Eu não acho que você precisa beber mais ... que tal um jantar?"

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Um lampejo de sobriedade voltou às feições de Grant,

“Tem grana?”

"Sim, claro," Remus acenou com a cabeça, tentando guiá-lo para longe da rua horrível
em que eles estavam, "Vamos, vou te pagar um jantar, o que você gostaria?"

“Ah, se me conhece, eu sou fácil,” Grant gargalhou, inclinando-se pesadamente contra


ele mas, pelo menos, se permitindo ser conduzido.

Sirius os seguiu, parecendo muito desconfortável. Grant nem percebeu até que


chegaram a um café, um pouco mais adiante na estrada. Ficando um pouco mais
sóbrio então, o garoto ainda estava apoiado em Remus, e ele podia ouvir uma estranha
dificuldade em sua respiração, que lhe disse que Grant estava com dor.

"Aqui?" Remus se virou para Sirius, questionando. Black olhou para a janela


iluminada e para as cadeiras de plástico baratas lá dentro com um leve olhar de
desdém, mas deu de ombros,

“Provavelmente o melhor que encontraremos por aqui.”

"Você de novo!" Grant resmungou: "Eu já te disse pra cair fora."

"Grant," Lupin disse gentilmente, "Este é Sirius, meu amigo da escola."

Grant olhou duas vezes, estreitando os olhos (ou um olho, pelo menos, apenas um
deles abria direito),

"Ah, porra." Ele murmurou, ainda balançando, "Que gato."

Sirius parecia envergonhado, então Remus conduziu Grant até o café para se sentar,
pedindo três xícaras de chá e uma torta com batatas fritas. Frango e cogumelo.

"Eu não quero problemas com você." O homem corpulento atrás do balcão disse,
enquanto colocava as canecas de chá acinzentado na mesa. "Eu conheço seu tipo."

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"Cai fora seu velho sujo," Grant falou arrastado, "Aposto que cê pagaria se pudesse."

"O que foi que disse?!"

“Olha,” Remus se levantou rapidamente, “Ele está ficando sóbrio, vou mantê-lo
quieto, juro. Vou pagar adiantado, ele vai ficar bem depois de comer...”

O homem grande o encarou, avaliando, seus olhos passando rapidamente para Sirius,
ainda sentado, então Grant, então de volta para Remus,

"O que vocês são, algum tipo de missionários cristãos?"

"Tipo isso." Remus assentiu, tentando parecer religioso. Seja lá qual for a aparência


religiosa. De qualquer forma, isso satisfez o dono do café, que se arrastou para trás do
balcão, provavelmente para esquentar a comida.

"Meu Deus," Grant riu com seu chá, "Cê fica mais chique a cada maldito ano, Remus,
meu velho amigo."

"Por favor, pare de tentar brigar com todo mundo por cinco minutos, ok?"

Grant soprou uma framboesa e depois deu uma risadinha.

Quando a comida chegou, Grant devorou como se não comesse há semanas. Remus


esperava que não fosse verdade, mas a julgar pelo estado de sua estrutura ossuda, as
coisas não pareciam boas. A torta e as batatas fritas foram engolidas em minutos, e
Remus pediu uma torta bakewell para a sobremesa, bem como um pouco mais de chá.

"Onde você está morando?" Ele perguntou, esperando que soasse gentil, e não
acusatório. "O que você estava fazendo naquele clube?"

"Ficando bêbado." Grant murmurou. Ele estava mais calmo agora que havia comido,
mais lento e mais maleável.

“Bem, você conseguiu isso. Esses hematomas ...”

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Grant ergueu os olhos, de repente, direto para Remus. Ele estava completamente
sóbrio, seus olhos afiados e arregalados, como se o rosto de Remus fosse um espelho e
ele estivesse se vendo pela primeira vez. O menino tocou com os dedos sujos no lado
marcado de sua bochecha.

"Arranjei uma briga uns dias atrás." Ele disse: “Mas foda-se, vou embora amanhã,
descendo Brighton. Cansei de Londres. Porra de Londres maldita. Todo mundo quer te
foder, te pegar de qualquer jeito que eles conseguirem. Sabe o que eu quero dizer? "

"Sim," Lupin respirou. Ele se sentia tão impotente. Ele queria olhar para Sirius em
busca de reafirmação, mas parecia, de alguma forma, desrespeitoso com Grant.

“Como que tá a escola, seu mauricinho?” Grant perguntou, sorvendo seu chá.

“Ah... ok, você sabe. Bem. O que há em Brighton? Um lugar pra morar? Um


trabalho? Como você vai chegar lá?”

"Tenho uns amigos", Grant deu de ombros, então estremeceu. Ele havia quebrado uma
costela, Remus percebeu, e se repreendeu por não ter notado antes.

“Você precisa ir para um hospital? Há quanto tempo você está assim?”

“Nada de hospitais,” Grant resmungou, se enrolando em seu assento protetoramente,


“Eles vão achar que eu sou um viciado. Provavelmente pareço um, né? "

“Eu fui para Mile End, eu vi Adz.”

“Aquela filho da puta. Ele pode ir se fuder e tudo mais. Olha, só me empresta uma


grana, ok? Eu tô bem pra isso, me dá seu endereço que eu te pago de volta. "

"Não se você vai usar pra beber mais."

“Ei, Sr.Todo poderoso! Para que saiba, eu mereço uma boa bebida. Eu tô de coração


partido. Você se lembra como é isso.”

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Ele deu a Sirius um olhar que era tudo, menos sutil. Black, para seu alívio, não reagiu,
mas olhou para o açucareiro. Alguém havia apagado o cigarro nele.

"Eu realmente sinto muito, Grant." Remus disse, sinceramente, "Olha ... onde você
está dormindo?"

"Subindo a rua,"

"É seguro lá?"

“Perdi minha chave.”

Bem, Remus pensou consigo mesmo. Pelo menos há uma fechadura. Ele estava


formulando um pensamento, decidindo contrabandear Grant de volta para o Beco
Diagonal e apenas enfrentar as consequências quando fossem pegos.

Eles pediram mais chá e Grant comeu mais um pouco. Depois de terminar, ele ficou
agradavelmente pacífico e sonolento; bêbado com o estômago cheio. Sirius e Remus o
ajudaram a voltar para seu quarto, em um antigo terraço que parecia ter sido
abandonado há anos. Mesmo assim, o interior estava mais movimentado e mais
aconchegante do que o condenado edifício em Mile End. Uma jovem espiou do
próximo cômodo, rosto sardento e parecido com rato, contrastava com seu moicano
verde.

"Grant? Deus, cê bebeu de novo? Eu te disse que vodka não é a porra de um


analgésico, vá a um maldito médico! Ela olhou para Remus, "Quem é você?"

“Um amigo, só estou tentando ter certeza de que ele está bem ...”

"Ele vai ficar bem, ele fica assim."

Sirius executou um feitiço de desbloqueio silencioso na porta de Grant e Lupin meio


que o carregou Grant para dentro, colocando-o tão cuidadosamente quanto pôde no
colchão de solteiro no chão. Era um quarto pequeno, com uma minúscula janela

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redonda. Sem mobília, havia uma pilha de revistas em um canto com um abajur no
topo, uma mochila cheia de roupas, um espelho de bordas enferrujadas e o que parecia
ser uma pequena pia - uma barra de sabão, escova de dentes e uma tigela vazia.

Grant se enrolou no colchão e começou a roncar baixinho. Remus se ajoelhou ao lado


dele, franzindo a testa. A garota punk estava parada na porta, braços cruzados,
olhando Sirius de cima a baixo.

"Ele disse que estava indo para Brighton amanhã," Lupin disse a ela, "Isso é
verdade?"

“Se ele conseguir o dinheiro para a passagem de trem”, ela deu de ombros, “disse que
foi roubado na semana passada. Ele estava saindo com um cara bem rude. Tratava ele
como merda, pobrezinho.”

"Ele terá o dinheiro." Remus disse, com firmeza. “Você garante que ele vá? Que seja
seguro?”

"Eu não sou babá dele", ela deu de ombros, recuando, "Já tenho problemas
suficientes."

"Encantadora." Sirius disse com uma sobrancelha levantada enquanto ela desaparecia


de volta para seu quarto.

"Feche a porta," Remus pediu, puxando sua varinha. Ele queria consertar o máximo
que pudesse enquanto Grant ainda estava dormindo. Repassou sua lista de feitiços de
cura - ele só os tinha feito em si mesmo, até agora, mas nada tinha dado muito errado
...

"Que diabos está fazendo?!" Sirius se aproximou, enquanto apontava sua varinha para
o peito de Grant. “E o Estatuto de Sigilo?!”

"Que se dane," Remus grunhiu, "Não posso simplesmente deixar ele assim."

565
Sirius deu um passo para trás e o observou fazer o possível para curar as costelas de
Grant, depois limpar os hematomas e o olho roxo. Depois, se recostou, a mente
acelerada. Ele se virou para Sirius, "Certo, acho que preciso ficar aqui esta noite." Ele
disse “Eu poderia deixar algum dinheiro para ele, mas ... acho que é melhor se eu
garantir que ele chegue a Brighton amanhã, se ainda for o que ele quer fazer, quando
estiver sóbrio”.

"Certo," Black acenou com a cabeça, "Mas temos que ir para King's Cross ..."

“Sim, eu vou chegar na hora. Eu posso aparatar de Victoria.”

"Ok." Sirius acenou com a cabeça novamente. Ele se sentou, encostado na parede


oposta, tirou o casaco e dobrou-o por baixo de si.

"O que você está fazendo?" Remus perguntou, "Você precisa voltar para o Beco
Diagonal."

"Não, não preciso." Sirius encolheu os ombros. "Eu posso ficar."

"Mas James ..."

"Ah, certo, sim, espere ..." O moreno enfiou a mão no bolso e puxou o espelho
compacto. Remus olhou para ele com inveja. Ele gostaria de ter um desses. Ele daria a
Grant e nunca mais o perderia. “Oi, Potter, você está aí? Prongs?” Sirius chamava em
frente ao espelho, “Oi… olha, eu e o Moony vamos ir num show aqui, chegaremos
tarde… não conte a ninguém, ok? Te vejo amanhã ... sim ... sim ... não, eu
prometo. Está bem. Valeu." Ele o fechou e olhou para o outro "Pronto."

“Você não tinha que fazer isso. Se você está preocupado em me deixar aqui com ele,
realmente só estou apenas garantindo que ele esteja bem.”

"E eu estou garantindo de que você esteja bem, Remus." Sirius respondeu


friamente. “Eu não vou deixar você passar a noite toda sozinho neste lugar. Vamos,
vamos ficar confortáveis. Há muito chão à nossa volta...”

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A culpa dentro de Remus aumentou ainda mais, quando Sirius deu a ele um sorriso
brilhante e estendeu o braço em sua direção. Sua última noite antes da escola, passada
no chão de alguma pensão trouxa, e ele nem estava reclamando disso. Remus também
se sentou e se acomodou nos braços de Sirius. Pelo menos, eles estavam juntos
agora. O moreno beijou sua cabeça, e os dois observaram Grant, dormindo como uma
criança.

"Eu sinto muito." Disse, exausto, “Ele não é ... eu não quero que você pense que ele
geralmente age assim. Ele obviamente passou por umas coisas ruins.”

"O que aconteceu com ele?" Sirius perguntou, muito baixinho, "O que aconteceu para
ele acabar aqui, desse jeito?"

“Ele foi expulso de St. Edmund's, dois anos atrás,” Remus bocejou, seus olhos ficando
pesados. “Não tinha para onde ir… não conseguia arrumar um emprego porque não
fez os exames na escola. E estou supondo que ele não tem um endereço fixo.”

"Remus?"

"Mm?"

“Isso não aconteceria com você, certo? Porque você nos tem.”

“Sim,” ele murmurou sonolento, apenas meio prestando atenção, “Eu tenho você,
Padfoot. Não se preocupe comigo.”

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Capítulo 118.2: Grant, 1977

I can't write and I can't sing, I can't do anything

I can't read and I can't spell, I can't even get to hell

I can't love and I can't hate, I can't even hesitate

I can't dance and I can't walk, I can't even try to talk

Freddie tried to strangle me with my plastic popper beads.

But I hit him back

With my pet rat

Yeah I hit him back

With my pet rat

-X-ray, Spex

“Sandra? Oi, Sandra?”

"É Nancy, porra, eu te disse," Sandra veio até a porta, abrindo apenas uma fresta para
fazer uma carranca para Grant com seus olhos de gato.

"Desculpe", pediu Grant, segurando as costelas, "Nancy."

Ela havia sido Sandra durante as últimas duas semanas, então quem sabe o que tinha
acontecido no meio tempo. Alguém a alcançou, talvez. Ou alguém novo estava no pé
dela. Ele não podia perguntar coisas assim às pessoas, para seu próprio bem. Grant já

568
tinha merda suficiente para lidar. E é claro que ela queria ser Nancy, tudo que as
garotas punks queriam, desde que Sid Vicious começou a transar com aquela
prostituta americana.

"O que cê quer?" Ela perguntou, o olhando.

"Tem alguma coisa pra beber?"

Ela revirou os olhos. Vadia arrogante. Ele enfiou a ponta da bota na porta dela, “Você
tá me devendo, lembra. Eu te ajudei quando você chegou pra morar aqui."

"Eu pensei que você tava sendo legal." A garota zombou.

"Eu tava." Grant respondeu e agarrou o batente da porta, sentindo-se tonto de


dor. "Agora é sua vez de ser legal."

"Babaca." A punk murmurou e tentou fechar a porta, mas ele manteve o pé lá. Graças
a Deus eram botas com solado de aço, poderia continuar sem mais danos.

Sandra - Nancy - resmungou e se afastou da porta. Ele podia ouvi-la cavando,


procurando em seu quarto. Ela costumava convidá-lo para entrar, mas não fazia isso
há semanas. Era mais agradável do que o quarto dele, havia uma cama adequada e
uma escrivaninha. Ela lhe disse que estava escrevendo um romance e estava apenas
'experimentando um estilo de vida alternativo para capturar adequadamente o espírito
cultural'. Isso o interessou no início - gostava de pessoas inteligentes, mas, agora,
começava a se perguntar se ela não era apenas mais uma punk sem-teto fugitiva. A
garota parecia ter quatorze anos quando estava sem maquiagem.

Nancy voltou para a porta com uma garrafa. Meio frasco de vodka barata. Ele agarrou
e a menina resmungou novamente.

"Você tá uma merda." disse.

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"Valeu." Grant desatarraxou a tampa e bebeu o quanto pôde sem engasgar. Era uma
vodka muito barata. Talvez isso fosse bom? Talvez significasse que funcionaria mais
rápido, ou melhor?

"Onde está Nick, afinal?" Ela olhou para cima e para baixo no corredor atrás dele,
"Por que ele não tá te dando bebida, é culpa dele que você tá neste estado."

Grant a olhou.

"Ele não vai voltar."

"Que bom." Respondeu. "Cansei de ouvir ele quicando você nas paredes."

Grant bebeu novamente. Ele precisava se sentar. Finalmente, tirou seu pé da porta e


voltou para seu próprio quarto, mantendo um braço contra a parede para se apoiar.

"Valeu, Nance." Murmurou.

"Isso não é remédio, sabe", ela gritou, "Vá para a porra de um hospital!"

Ele bateu sua porta e trancou-a com força. Vadia. Por que todo mundo tem que ser
assim? Você nunca pode baixar a guarda, não sem alguém lhe dar um bom chute.

O garoto rastejou até o colchão de joelhos, tomando cuidado para não se apoiar em
nada que doesse muito. Suas costelas ainda estavam doloridas, dois dias depois, e ele
realmente esperava que não estivessem quebradas, porque essa era a última coisa da
qual precisava. Contanto que mantivesse sua respiração superficial, não era tão ruim,
de qualquer maneira.

Ele inclinou a cabeça para trás e bebeu um pouco mais de vodca, olhando para o
pequeno espelho apoiado na parede oposta. Ugh. Fez uma careta. Ele realmente estava
uma merda. Os hematomas mal pareciam estar diminuindo; precisava pegar um pouco
de gelo ou algo assim. Grant nunca pensou que sentiria falta de estar em um Abrigo,
mas, pelo menos, lá você recebia os primeiros socorros se precisasse.

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Ele levou os dedos à bochecha, observando seu reflexo. Que bastardo, lhe acertando
no rosto assim. Grant não possuía um respeito enorme por Nick para começar, mas
isso fora longe demais. Sorte a dele que havia mantido os dentes.

Passou a língua no dente lascado que tinha há anos. Era um incisivo e estava muito
afiado quando foi quebrado pela primeira vez, mas, agora, estava gasto o suficiente
que mal dava para notar. Ele jurou que seria a última vez que levaria um soco no
queixo, mas não se pode fazer promessas assim, nem para si mesmo.

Ironicamente, ele teve o dente lascado porque esteve brigando. Da última vez, estivera


morando em casa, que fora - o quê? Quatro anos atrás? A essa altura, já havia parado
de ir à escola, porque não aguentava mais os professores, ou as outras
crianças. Cabular aula significava que não precisaria lidar com os professores - mas as
outras crianças não se esqueciam dele.

Grant havia mancado para casa, os nós dos dedos latejando, um nariz sangrando e um
olho roxo - o primeiro, se estava se lembrando bem - e se sentindo estranhamente
orgulhoso de si mesmo, porque, pelo menos, os rapazes que o haviam atacado ficaram
pior. Vovô o encontrou na porta, fumando seu cachimbo.

"O que aconteceu, garoto?"

"Eu os acertei de volta." Grant fungou, enxugando o nariz e ficando com uma mancha
vermelho-escura na manga. "Como você me disse."

“Foi os jamaicanos?” Seu avô perguntou, tirando o cachimbo da boca, cruzando os


braços musculosos. Ele era um homem pequeno, mas denso e duro, sem uma partícula
de gentileza.

"Não." Grant respondeu. "Irlandeses."  

Deveria apenas ter mentido. Mas algo em Grant sempre o fazia dizer a coisa errada. O
rosto de seu avô se virou, sua boca uma longa linha dura de desgosto. O rei da estrada

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de Kilburn tinha uma reputação a manter; não precisava que as crianças da vizinhança
batessem em seu neto.

Grant olhou por cima do ombro de seu avô, para ver se sua mãe estava por perto. Não
que ela normalmente ajudasse muito, mas, geralmente, era melhor ter uma
testemunha. Não conseguiu vê-la.

"Olhe para mim, garoto." Vovô gritou, curvando-se, para que Grant pudesse sentir o
cheiro acre do tabaco em seu hálito, contar cada cerda prateada em seu queixo com a
barba por fazer. Ele se preparou e olhou seu avô nos olhos. "Por que você tá brigando
com meninos irlandeses?"

“Eles não gostam de mim. Eu já te disse."

Seu vô estendeu os dedos duros e ossudos e beliscou a orelha de Grant, torcendo-a


com força para que o menino gritasse e se contorcesse, tentando fugir.

“Controla a língua e para de procurar sua mãe.” gritou vovô, bem na cara dele, agora
tão perto que gotas de saliva pousaram na bochecha de Grant. "Não pense que eu não
ouvi o que tão falando sobre você, então é melhor calar a porra da boca antes que eu
quebre seu rosto e você possa ver a sua nuca de seu bastardo!"

“Me solta—” BAM.

Grant se lembrava de pouco depois disso. Sentado no banheiro, choramingando,


enquanto sua mãe enxugava seu rosto inchado com uma flanela molhada. Cortando a
língua na ponta afiada de seu dente quebrado.

"Honestamente," sua mãe suspirou cansada, "eu não sei por que você continua
entrando no caminho dele."

Mulher estúpida. Ela mesma sabia que, mesmo ficando quieta e fazendo tudo o que o
velho quisesse, ainda acabaria maltratada de alguma forma, e ainda seria tudo sua
culpa.

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Então, Grant foi embora assim que viu uma oportunidade, e jurou nunca mais deixar
alguém colocar a mão nele novamente. E então Nick aconteceu, e agora cá estava,
olhando para seu próprio reflexo e engolindo vodka como um viciado.

Nick nem era bonito. E, nem mesmo, havia sido legal. Era apenas mais velho do que
Grant, e mais forte e maior. Ele possuía algo meio sombrio, algo perigoso que era
atraente no início. Até você perceber qual era o perigo real. Grant fora um pouco lento
na compreensão disso; ele era homem o suficiente para admitir. Era sua própria culpa
beber demais, tomar muitos comprimidos e não pegar luz do sol o suficiente.

Na primeira vez que aconteceu, bolou um plano - economize seu dinheiro, saia, vá
para o mais longe possível. Mas ele precisava ganhar dinheiro de alguma forma e
haviam poucas opções para aqueles que não possuíam endereço fixo. Cobrou todos
aqueles para quem já havia feito algum favor, e sobreviveu bem de esmolas por um
tempo - embora as pessoas estivessem ficando cansadas disso; fazia alguns dias que
não comia direito.

Conseguir bebida nunca fora difícil. Contanto que parecesse limpo e jovem o


suficiente, Grant apenas precisava que aparecer no tipo certo de bar e ter sua conta
paga a noite toda. E se alguém quisesse algo a mais, e estava disposto a pagar, então
não se importava. Cinco minutos no banheiro e um gosto residual desagradável não
eram problema, e ele sempre estabelecia limites.

Então Nick descobriu, e longe de ficar com raiva, ele encorajou isso. Decidiu que
merecia uma parte também, até que Grant não estava mais ganhando dinheiro para si
mesmo. E dois dias atrás, Nick havia sumido para sempre, deixando-o com duas
costelas quebradas e um rosto cheio de hematomas como presente de despedida.

Ele terminou a vodka e lambeu o interior da tampa, só para ter certeza.

Cansado de sentir pena de si mesmo, Grant se sentou, saindo da vista do espelho. Seu


torso ainda estava sensível, mas a dor havia diminuído. A bebida havia funcionado.
Tinha de conseguir mais. Teve de levantar, se vestir e sair; precisava de

573
dinheiro. Esqueça a passagem de trem para a qual estava economizando; ele precisava
comer algo, logo.

Havia uma camiseta em sua bolsa que não estava tão suja quanto as outras, mas
descobriu que não conseguiria vesti-la. Na verdade, era mais porque ele não conseguia
tirar o que estava vestindo; doía muito levantar os braços. Então, o garoto
desistiu. Demorou um pouco para amarrar suas botas também, ele teve que parar para
respirar. Lágrimas pinicaram seus olhos e Grant esfregou o rosto violentamente. Era
apenas a dor, nada a mais. Não podia deixar ser algo a mais. Ficaria tudo bem. Tudo
ficaria bem. Apenas precisava passar por isso.

Seu rosto ainda era um problema. Seria difícil ser charmoso quando parecia que havia
acabado de sair dez rounds contra Muhammad Ali. Sandra - Nancy - podia lhe
emprestar um pouco de base, mas ele rapidamente descartou essa ideia. Seria dez
vezes pior se fosse pego sozinho em algum lugar usando maquiagem.

Grant decidiu ir para o peep show cinema mais próximo. Eles eram bons e sombrios, e
os filmes geralmente faziam metade do trabalho para ele. Havia um a apenas algumas
ruas de distância, o que o garoto demorou uns bons vinte minutos para chegar. Mesmo
assim, teve que encontrar uma maneira de entrar sorrateiramente, porque, de jeito
nenhum, ele iria gastar dinheiro com isso.

A escuridão fora um alívio depois das ruas movimentadas do oeste de Londres. Estava


quieto também, exceto pelo filme, que devia ter acabado de começar porque a maioria
dos atores ainda estavam vestidos. Grant sentou-se no fundo por um tempo, para se
recuperar da viagem e observar a clientela.

Eram todos os tipos usuais. Homens no fim de seus 50 anos vestindo


sobretudos. Alguns ficando calvos. Um mal-estar familiar cresceu em Grant enquanto
se preparava para o desafio. Honestamente, as pessoas ainda tinham a pachorra de
chamar ele de pervertido.

574
A primeira atriz mostrou os peitos e Grant olhou ao redor. Houve um farfalhar, alguns
deles atrapalhando-se em seus colos. O garoto se levantou e caminhou pelo corredor,
casualmente, tossindo um pouco para que soubessem que ele estava ali. A maioria
deles o ignorou, olhando fixamente para a mulher na tela. Alguns deles o encararam
por mais tempo do que sabiam que deveriam. Ele escolheu um e foi sentar-se a apenas
alguns lugares de distância dele.

Era um jogo, como pescar - embora, para ser honesto, Grant nunca tivesse
pescado. Você tinha que fingir que não estava planejando nada, porque senão eles
ficavam muito nervosos e recuavam. O garoto assistiu um pouco ao filme, esticando-
se o máximo que seus vários ferimentos permitiam, deixando seu cabelo claro refletir
a luz do projetor. A garota na tela também era loira, o que poderia funcionar a seu
favor. Ela estava com um batom horrível, rosa-alaranjado e berrante, formando um 'O'
largo e feio enquanto ela gemia e choramingava.

O homem que o estava observando se moveu, agora sentando-se bem ao seu lado. Ele
cheirava a tabaco de cachimbo e Grant quase vomitou.

"Quanto?"

Grant virou a cabeça e sorriu timidamente.

***

Ele precisava ficar muito bêbado. Ah, Jesus Cristo, precisava ficar tão chapado que
não seria capaz de ver claramente por dias. Foda-se a passagem do trem, foda-se
Brighton, foda-se o coração partido. Grant saiu cambaleando pelas portas dos fundos
do cinema sentindo-se pior do que nunca.

Quando se está no fundo do poço, ninguém consegue ouve você gritando. Isso era algo
que Nick gostava de dizer. Justificou tudo o que fez, de alguma forma, ser
'marginalizado'.

575
Grant teve vontade de dizer 'Posso te ouvir, porra'. Mas não adiantava tentar ser
espertinho.

Ele encontrou uma mercearia e comprou uma garrafa de gim e um pacote de cigarros,
depois se sentou na calçada para tentar se recompor. Sua mente vagou, ele se
perguntou como as coisas estavam indo na velha ocupação em Mile End. Aquele lugar
havia perdido seu encanto com o inverno - eles lutaram para se aquecer, muitos deles
foram embora, e então Charlie F, que havia sumido há alguns dias, apareceu morto no
canal de Bethnal Green. Isso realmente atrapalhou as coisas. Lizzie, que estava saindo
com Charlie, cortou os pulsos - ela não morreu, mas nada foi igual depois disso.

Adz começou a usar drogas e essa foi a gota d'água para Grant. Ele nunca pensou que
voltaria para o oeste de Londres. Uma ou duas vezes pensou ter visto seu avô, e isso o
mandou para o subterrâneo por dias.

Grant balançou a cabeça, o que fez seu olho latejar, depois tomou um gole de
gim. Precisava parar de pensar no vovô. Em Nick. E Adz. E naquele homem no
cinema. Deus, toda merda de homem que conhecera havia arruinado alguma parte
dele.

Exceto Remus.

Grant piscou, encarando o asfalto. Aquilo foi estranho; por que ele pensaria em


Remus? Ele passou meio ano tentando esquecer Remus, e Grant era campeão em
esquecer coisas dolorosas.

Talvez este tenha sido o problema. Remus não fora dolorido. Remus era suave e doce
e gentil e tímido. Ele nem mesmo quebrou o coração de Grant.

Mas não adiantava pensar assim. Remus estava a um milhão de milhas de


distância; seguro em sua escola chique para nerds adoráveis.

Gostava de pensar assim; que Remus estava seguro. Eles nunca haviam realmente


falado sobre isso, mas Grant tinha a sensação de que o outro havia sofrido tanto

576
quanto ele. Era bom saber que, pelo menos, um deles estava se dando bem; sendo
cuidado por alguém.

Grant não precisava ser cuidado, mas ele definitivamente podia ver os benefícios.

Um policial na área veio caminhando pela estrada e o garoto se ergueu o mais rápido
que pôde, enfiando a garrafa de gim no bolso de trás. Ele havia passado noites em
celas antes, e nunca era muito divertido. Acendeu um cigarro e começou a andar - eles
te prenderiam pela menor coisa, até mesmo por vadiar, então era melhor apenas
continuar andando.

Pensou em voltar para seu quarto e dormir. Agora, possuía um pouco de dinheiro e


bebida suficiente para apagar. Nem estava mais com fome. Ele enfiou a mão no bolso
da calça jeans instintivamente para pegar as chaves.

Porra.

Elas não estavam lá. Grant mordeu o lábio com força para não gritar. Provavelmente,
as havia deixado cair no chão do cinema – e, dificilmente, poderia voltar agora. Porra.

O garoto continuou andando, cerrando os punhos furiosamente, louco o suficiente


para cuspir. Apenas um dia. Apenas um maldito dia sem um desastre era tudo que
queria.

Poderia dormir na rua - havia feito isso algumas vezes e, pelo menos, estava
quente. Poderia voltar e ver se Sandra / Nancy o deixaria ficar com ela. Provavelmente
não, depois de ter sido tão grosso, mas ela poderia ter pena.

A questão era que agora ele estava bêbado e puto. Se voltasse para o apartamento,
ficaria agitado, agressivo e começaria uma briga ou tentaria transar com alguém.

Não, ele decidiu, a coisa certa a se fazer era continuar andando. Havia um bar não
muito longe, no qual teve um pouco de sorte antes – roubando carteiras,

577
principalmente. De qualquer forma, a música era alta e ele poderia pegar outra
bebida. Estava escurecendo agora, então devia ser depois das oito horas.

Grant demorou muito para chegar lá; talvez tenha se perdido algumas vezes. As ruas
pareciam iguais e ele estava perdendo a noção do tempo; como se estivesse
sonâmbulo. Na verdade, nem percebeu que estava do lado de fora do maldito lugar até
que alguém gritou com ele.

Um grupo de caras estava do lado de fora, tentando parecer ameaçadores. O que havia
funcionado. Todos eles se pareciam um pouco com Nick - corpulentos e carecas.

Grant tentou passar por eles rapidamente, mas era muito óbvio.

"Tudo bem Lola?" Um dos homens maiores perguntou. Todos riram como um bando
de velhinhas lavando roupa. Grant zombou. Não era nem mesmo uma porra de piada
original, havia sido chamado de Lola por vários idiotas desde aquela maldita música
do Kinks.

Well I'm not the world's most masculine man/But I know what I am and I'm glad I'm a
man/And so is Lola...

Engraçado pra caralho. E nem mesmo fazia sentido, porque Grant nunca havia se
montado de drag; ele gostava de ser um cara. (Ok, ele experimentou um vestido uma
vez, para dar uma risada, mas isso não contava) supôs que poderia ser chamado de
coisas piores.

Ele abaixou a cabeça e começou a descer as escadas. Lá dentro, fedia a cigarros,


cerveja e suor. Punks fodidos. Ainda assim, estava escuro e anônimo e ninguém o
olhou.

A banda era estrondosa, feia e horrível. Todos pareciam ter dezesseis anos, em calças
rasgadas e jaquetas jeans cobertas de remendos e alfinetes. Quando os cantores de
rock deixaram de ser sexy?

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As coisas ficaram muito instáveis depois disso. Definitivamente bebeu cerveja, mas só
Deus sabia de onde havia vindo. Ele pode ter dançado um pouco, pode ter falado com
alguém. De repente, estava apertando os olhos sob a luz do banheiro, sendo puxado
pelo cotovelo e arrastado pelo segurança através do bar.

O garoto tropeçou e cambaleou escada acima, torcendo o tornozelo, mas o homem que
o arrastava não se importou. Ele lhe deu um empurrão final, uma vez que estavam no
nível da rua.

"Vaza, seu viadinho filho da puta!"

Bem. Ele não tinha ideia do que havia feito, mas sabia quando abusava da
hospitalidade. O garoto abaixou a cabeça novamente, as mãos nos bolsos, e se afastou
rapidamente. Cristo, ele estava muito bêbado; o asfalto se deformava e balançava na
frente dele. Grant se sentia nauseado, havia um gosto enjoativo na boca, mas não
existia nada dentro dele para vomitar.

"Grant!" Alguém gritou seu nome.

Seu primeiro instinto foi continuar caminhando; ignorar. Porque não poderia ser uma
coisa boa; alguém por aqui sabendo o nome dele. Não era como se tivesse
amigos. Mas os passos atrás dele ficaram mais altos e a ameaça chegou mais perto e
ele estava muito irritado e machucado para correr. Grant se virou - poderia muito bem
dar uma boa olhada antes que fizessem o que queriam.

Quem quer que fosse, eram maiores - altos, mas não fortes. Havia um poste de luz
atrás deles, então levou um momento para os olhos de Grant se ajustarem, a visão
turvando-se loucamente. Esses cachos. Esse olhar de preocupação ansiosa. Aqueles
lindos lábios rosados. Era a porra de Remus Lupin.

***

579
Grant raramente pensava em sentimentos. Pelo menos, não sobre os sentimentos que
ele tinha. Havia passado grande parte de sua vida ignorando tudo que os outros
sentiam sobre ele, que raramente se incomodou com introspecção.

Mas ele estava com vergonha da maneira como agiu naquela noite. O fato era; Remus
era a última pessoa no mundo que esperava ver. E assim que Grant colocou os olhos
nele sob a luz amarela dourada da rua, se sentiu tão incrivelmente aliviado que o
chocou. Grant não era uma pessoa religiosa - foda-se essa merda - mas nas
profundezas de seu estado confuso, Remus Lupin parecia a porra de um anjo.

E então, muito rapidamente, o alívio de Grant foi substituído por uma vergonha
absoluta. Aqui estava aquele menino gentil e sensível, que sempre o admirou. E como
ele estava? Mal conseguia ficar em pé direito.

Oh Jesus, e Sirius (honestamente, que tipo de nome hippie louco era aquele?!)


espreitando atrás de Remus o tempo todo, lindo como uma estrela de cinema e
exalando dinheiro e privilégio. Talvez estivesse tudo bem se fosse apenas Remus, mas
Grant não pôde deixar de se ver como Sirius o veria; completamente patético.

Então ele foi rude. Não conseguia se lembrar de tudo que disse, mas se lembrava de
ser um pé no saco. E Remus simplesmente o guiou e o alimentou porque Remus era
simplesmente adorável assim.

De alguma forma, os dois o levaram de volta para seu quarto, e talvez eles tenham
arrombado a fechadura ou ele tenha esquecido de trancá-la em primeiro lugar, mas
quando Grant acordou, estava seguro e confortável em seu colchão. Ele franziu a testa
e piscou, o quarto parecia mais quente do que o normal. Apesar das memórias da noite
anterior voltarem rapidamente como um trailer de filme de desastre horrível, se sentia
estranhamente melhor. Seu rosto não estava quente e tenso, e não doeu respirar. Não
estava com fome. Se sentia relaxado pela primeira vez em semanas.

Virando a cabeça, avistou Remus e Sirius, dormindo no canto oposto. Deus. Ambos


eram tão lindos, como um par de estátuas gregas. Pacíficos, jovens e

580
apaixonados. Grant sentiu uma pontada de dor terrível. Suas costelas pararam de doer,
mas seu coração ainda era uma bolha no peito.

Remus começou a se mexer, lentamente. Grant o observou, sentindo o zumbido de


excitação em sua espinha que sempre sentia quando estava prestes a falar com o outro.

O nariz de Remus enrugou, então ele abriu os olhos, que caíram sobre Grant quase
imediatamente, e Grant sorriu.

"Bom dia." Ele murmurou.

581
Capítulo 119 : Sétimo ano: Volta às Aulas

Por um momento horrível, assim que acordou, Remus se esqueceu de onde estava. Ele
inspirou o ar abafado, o leve cheiro de jornal podre, odor corporal e urina. Olhou para
o chão duro, que havia piorado suas várias dores durante a noite. Então abriu os olhos
e viu Grant, deitado no colchão em sua frente, o olhando. Ele parecia um pouco
melhor.

"Bom dia." Grant murmurou.

"Bom dia," Remus respondeu, movendo-se contra Sirius, que ainda estava
profundamente adormecido, sua cabeça encostada na parede. Se afastou com cuidado
e sussurrou para Grant “Não se preocupe, ele dorme como um morto. Vou acordá-lo
daqui a pouco.”

"Não consigo me lembrar de muita coisa." Grant sussurrou, deitado de lado, a cabeça


apoiada em um travesseiro que parecia sujo e manchado. “Desculpe se eu fui um
idiota. Acho que estou sendo um idiota esses dias.”

"Você não foi," Remus balançou a cabeça, "Só um pouco ... triste, talvez."

Grant parecia chocado, então Lupin se mexeu para se levantar.

"Banheiro?" Ele perguntou.

"Andar de baixo. Eu vou te mostrar." Grant se levantou, cautelosamente, então


pareceu surpreso, “Caramba,” disse, dando um tapinha em seu lado, “Deve ter sido
apenas um machucado, afinal. Sabia que não precisava de nenhum médico.”

Remus franziu os lábios e o seguiu para fora. O andar de baixo já estava cheio de vida,
apesar de ser cedo. A casa parecia uma espécie de comuna, cheia de diferentes tipos
de pessoas. Havia uma casinha no jardim dos fundos (mais parecido com um quintal

582
transformado em loteamento) e um chuveiro externo, a qual imaginou que não fosse
muito divertido de se usar no inverno.

Ainda assim, as pessoas foram amigáveis e todos disseram olá para os dois garotos
quando passaram - o que Remus notou.

"Todo mundo parece ser legal?"

“Eles são ok,” Grant respondeu de dentro do banheiro, “Só tô aqui a uns dias. Vou
embora assim que conseguir.”

“Para Brighton? Você mencionou ontem à noite...”

“Oh, mencionei? Sim, esse era o plano ...” O rapaz loiro saiu do banheiro, parecendo
envergonhado, “Mas, talvez no próximo mês.”

“O que há lá? Amigos?"

Grant acenou com a cabeça,

“Sim - um dos rapazes mais legais lá de Mile End. Tenho uma prima lá também - a
última Chapman que não me odeia. Ela é dona de um pub, disse que me contrataria se
eu pudesse juntar minhas coisas e pagar a passagem de trem.” Ele suspirou
pesadamente, lavando as mãos, depois o rosto, usando um balde de água tirado de
uma grande fonte de cor verde próxima da porta dos fundos. “Eu preciso ‘provar meu
valor’.”

"Isso não parece muito ..." O que Remus queria dizer? Familiar? Gentil? Grant


claramente experimentou muito pouco de qualquer um dos dois.

"Nah, ela é justa," Grant respondeu, apalpando os bolsos e voltando de mãos


vazias. Remus entregou sua própria lata cigarros e o isqueiro. O loiro acenou com a
cabeça em agradecimento e continuou explicando enquanto acendia “Eu já

583
decepcionei ela algumas vezes antes. Principalmente quando meu vô estava envolvido
- você sabe que não suporto ele.”

Remus acenou com a cabeça, tentando ser compreensivo. Grant tinha uma grande
família - católica irlandesa, dissera uma vez - mas as relações entre eles eram muitas
vezes tensas, especialmente no que dizia respeito a seu avô patriarcal.  

“Não me entenda mal,” Grant continuou, “Eu realmente ia desta vez, eu estava ..., mas
acabou dando errado de novo. Muitas coisas deram errado, para ser honesto.”

Remus queria abraçá-lo, mas ele parecia tão, tão magro e frágil que o deixou com
medo.

"Quanto custa?" Perguntou, cavando em seus bolsos, "Eu tenho um pouco do dinheiro


que meu pai deixou, você pode comprar uma passagem, vou te levar a estação hoje."

"Eu não posso fazer isso", Ele ergueu as mãos.

“Não estou te dando, obviamente,” Remus consertou rapidamente, “Você fica me


devendo. Olha, eu tenho mais um ano de escola, depois eu vou te procurar – até lá
você vai estar trabalhando no pub da sua prima, certo? Então você pode me pagar –
quanto é? Dez?”

"Quatro libras." Grant suspirou. “Eu tinha quatro libras na semana passada, mas...


perdi. Eu não usei em bebida, prometo.”

“Quatro libras?! Eu posso te emprestar isso. Não tem problema."

"Você está falando sério?!" O loiro o encarou, piscando.

“Claro,” Remus acenou com a cabeça, franzindo levemente a testa, “Por que
não? Você faria o mesmo por mim.”

"Eu..." Grant balançou a cabeça, então pressionou a palma da mão em um olho, como
se tivesse sido dominado pela emoção. “Obrigado, Remus. Você é um bom amigo. "

584
“Você faria o mesmo por mim,” Repetiu.

Pela primeira vez, ocorreu-lhe que ele e Grant tinham, na verdade, a mesma
idade. Grant sempre parecera tão sábio, tão esperto e protetor, que Remus o
considerou mais velho; mais maduro. Porém, ele tinha apenas dezessete anos, e a vida
havia sido tão cruel tanto com Grant quanto com ele. Talvez ainda mais cruel, porque
afinal, Remus sabia em seu coração que nunca seria um sem-teto; ele nunca poderia
ficar sozinho enquanto os marotos estivessem lá. Precisava aprender a parar de colocar
as pessoas em pedestais; parar de esperar tanto de todos.

Ele deu um passo à frente e abraçou o outro garoto, cuidando para não se queimar no
cigarro.

"Quando você ficou tão alto, afinal?" Sua risada soou abafada sob o braço de Remus.

"Não começa," Riu, se afastando, "Sirius me provoca o tempo todo."

"Sirius." Grant balançou a cabeça, surpreso, “Sirius e Remus. Puta merda. É ele? O


rapaz chique que partiu seu coração? "

“Er... sim. Mas está tudo bem agora.”

"Eu espero que sim, Remus, meu amigo."

***

Havia tempo para Grant empacotar seus pouquíssimos pertences e para Sirius e
Remus levá-lo para tomar café da manhã em um pequeno estabelecimento na estação
Victoria.

“Você vai me deixar gordo,” ele disse a Lupin, enquanto comia de seu segundo
pedaço de bacon.

"Sem chance," Respondeu, cutucando-o nas costelas.

585
Sirius havia ficado quieto durante toda a manhã - mas ele realmente nunca funcionou
bem depois de uma noite de sono ruim. Black parecia apenas ligeiramente amarrotado,
seu cabelo um pouco menos lustroso do que o normal, seus olhos um pouco
turvos. Remus percebeu que ele ainda estava fascinado pelas paisagens e sons da
Londres trouxa - mas é claro que não poderia explicar isso a Grant.

Grant observava Sirius com uma semelhante cautela. Ele se desculpou por seu
comportamento na noite anterior e tentou explicar que o pegaram em uma 'noite
ruim'. O loiro parecia mais manso na frente de Sirius, menos atrevido - talvez o
percebendo como socialmente superior e, portanto, ligeiramente perigoso. Remus se
lembrava bem de como Potter e Black já foram como alienígenas para si a tempos
atrás.

"Vocês dois têm seu próprio trem para pegar, hein?" O loiro disse, os olhos se
voltando para Sirius, depois para Remus, e então de volta.

"Sim, mas temos tempo." Lupin respondeu. “Aqui, eu quero te dar isso...” ele entregou
a Grant um pedaço de papel que continha o endereço dos Potter, “É onde eu moro
quando não estou na escola. Você vai me enviar uma carta quando estiver
resolvido? Um cartão postal? Prometa."

"Sim, ok," O garoto assentiu, guardando-o, "Já vou avisando que a minha letra é uma
merda e não consigo escrever direito."

“Eu não me importo com isso. Só quero saber onde você estará. Você precisa de
selos? Eu deveria ter comprado selos...”

“Eu posso conseguir selos,” Grant tocou seu braço, “Você já fez o suficiente. De
verdade."

Eles se abraçaram novamente na plataforma. Grant apertou a mão de Sirius, o que foi


estranho, mas educado da parte dele.

“Eu vou te visitar, talvez no Natal, ou no próximo verão,” disse Remus.

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"Eu acredito pra caralho - não consigo me livrar de você, não é?" Grant sorriu. Seu
primeiro sorriso genuíno até agora – o que fez Remus se sentir um pouco mais
leve. “Como ímãs, você e eu, hein? Sempre nos encontrando novamente.”

Isso o atingiu de tal forma que ele teve que abraçar Grant novamente, até que o outro
garoto riu e o empurrou, "Tudo bem, tudo bem - eu tenho um trem para pegar, sabe ..."

E, claro, Remus e Sirius também. Assim que o loiro desapareceu pelas portas do trem,
eles correram em direção ao banheiro dos homens para aparatar em King's
Cross. Dentro do cubículo, Sirius finalmente falou. Ele tocou seu braço, no mesmo
local que Grant havia tocado a apenas alguns minutos.

"Você parece exausto. Deixa que eu faço isso, você pode acompanhar.”

"Mesmo?" Poderia ter dito que não estava mais cansado do que Sirius, que aguentou
tanto quanto ele - mas isso seria uma mentira. Ele realmente estava cansado demais,
até mesmo para discutir.

"Mesmo." Sirius acenou com a cabeça, pegando seu braço.

“Obrigado por ficar comigo. Obrigado por ajudá-lo.”

"Não seja bobo." Black deu a ele um pequeno sorriso. "Ele obviamente... ele te ama."

"Ele-" Mas Remus não teve chance de terminar seu pensamento; estava girando pelo
espaço, ruídos e cores se misturando enquanto deixaram Victoria e pousaram - com
bastante graça - perto de King's Cross.

Não tiveram escolha a não ser correr para a plataforma - e encontraram James
pendurado na porta do trem acenando freneticamente,

“Puta que pariu! Onde vocês dois estavam?!”

"Olha a boca!" O rosto de Lily apareceu na janela seguinte, "Você é monitor-chefe


agora, deveria dar o exemplo!"

587
“Eu estou dando a porra de um exemplo, brigando com esses dois idiotas!” James
retrucou enquanto subiam no trem assim que o apito do guarda soou.

"Olha a boca!" Lily disse novamente "Honestamente, James, você realmente precisa


começar a amadurecer este ano, você é maior de idade, precisa começar a agir..."

“Ela não é brilhante?!” James sorriu para Remus, que agora estava sentado no chão do
compartimento, recuperando o fôlego. Sirius estava curvado, as mãos nos joelhos de
um jeito completamente não-Sirius; rosto vermelho, cabelo por toda parte. Potter
olhou para os dois, cruzando os braços, os distintivos dourados de Monitor-Chefe e
Capitão de Quadribol brilhando em suas vestes escuras. "Então, onde vocês estavam?"

"Eu te disse. Um show.” Sirius bufou.

"Qual banda?"

“Você não conhece. Uma banda trouxa.”

“Por que vocês não voltaram ontem à noite? Onde vocês dormiram?!”

Sirius lançou um olhar nervoso para Remus, e ele pôde ver que o moreno estava
prestes a contar tudo. Então se levantou rapidamente,

“Nós não dormimos. Durou a noite toda. Tomamos café da manhã e viemos direto


para cá.”

Sirius o olhou com espanto antes de acenar, concordando. James balançou a cabeça.

"Loucos. E perigoso. Sério, rapazes, não façam isso de novo.”

"Não vamos." Black murmurou, olhando para seus pés.

Lily apareceu no corredor, com as mãos na cintura, parecendo linda e assustadora.

"Potter." Ela chamou “Precisamos liderar a reunião”.

588
"Você está certa!" James sorriu, esquecendo tudo sobre seus dois amigos sem fôlego,
seguindo a ruiva em direção ao compartimento dos monitores. "Vejo vocês mais tarde,
rapazes!" Ele disse, distraidamente.

"Você mente muito bem," Sirius disse a Remus. Talvez fosse a falta de sono ou a dor
no quadril, mas essa declaração o irritou.

"O que isso deveria significar?!" Perdeu a cabeça.

"Nada." O moreno olhou para baixo novamente. "Vamos, vamos encontrar Pete."

Peter estava sentado com Mary, Marlene e Dorcas na cabine da qual Lily acabara de
sair. Ele parecia um pouco em desvantagem, enquanto as garotas trocavam dicas de
feitiços para fortalecer as unhas.

“Achamos que vocês perderiam o trem!” Marlene exclamou quando entraram.

"Você me conhece, McKinnon," Sirius deu seu sorriso mais charmoso, "Gosto de
fazer uma entrada."

"E agora você está arrastando o pobre Remus com você," Mary riu, "Vem e senta
aqui, Lupin, vou te proteger desse delinquente." Ela se moveu no banco para abrir um
espaço perto da janela. Remus pegou sentou, grato.

"Onde vocês estavam?" Peter perguntou “Você me deixou sozinho com Lily e


James. Eu poderia muito bem ser um fantasma.”

“Em um show. Ficamos fora até tarde. Não dormi.” Black acenou com a mão,


bocejando. Ele se sentou em frente a Remus e cruzou os braços, recostando-se na
janela.

O trem começou a se mover e Lupin fechou os olhos - porque estava exausto, mas
também porque não queria responder mais perguntas. As meninas começaram a falar
mais baixinho e ele acabou caindo no sono.

589
Quando acordou, já estavam na Escócia, as escuras colinas ondulantes passando, a
chuva batendo nas janelas.

Sirius estava enrolado no assento em frente, completamente escondido sob as capas de


todos os outros. Remus podia ouvi-lo respirando uniformemente; num sono profundo.

Mary estava abrindo a porta e, enquanto se espreguiçava, acenou para ela,


sonolento. A menina sorriu e acenou de volta, mas parecia séria. Marlene franziu a
testa,

"O que foi?"

"Eu acabei de ver Lily," Mary sussurrou, "Algo aconteceu no vagão dos monitores,"
ela olhou para Sirius, apenas um amontoado debaixo das capas, e abaixou a voz ainda
mais para que Remus e Marlene tivessem que se inclinar para ouvir, " James e
Regulus entraram em uma briga. Os dois estão bem, mas foi bem desagradável, pelo
que parece ... Regulus estava dizendo algumas coisas realmente malucas, Lily está
realmente abalada.”

"Ele é um deles", sussurrou Marlene, parecendo ansiosa, "A família Black são os
maiores apoiadores de você-sabe-quem, todo mundo sabe disso."

“Sh.” Lupin murmurou, rapidamente, “Não sabemos do que se tratava. Pode ser


qualquer coisa.”

As garotas ficaram quietas depois disso, mas trocaram olhares preocupados e Remus
percebeu que elas o consideravam ingênuo.

Ele se inclinou para trás e olhou pela janela por um tempo, ouvindo os batimentos
cardíacos relaxados de Sirius e se preocupando com Grant e desejando, mais do que
qualquer coisa, que o pior já tivesse passado.

590
Capítulo 120: Sétimo Ano: Trovão

Nem Remus, nem Peter - que também estavam no compartimento - disseram nada a
Sirius sobre as informações de Mary. Peter provavelmente ficou quieto porque não
tinha certeza do que aquilo significava. Remus calou a boca porque era um covarde e,
se houvesse más notícias, ele preferia que James as entregasse.

Na plataforma, Potter os encontrou com um olho muito vermelho e o uniforme escolar


amarrotado.

"O que aconteceu com você?" Sirius bocejou, alheio.

"Te conto mais tarde." O rapaz murmurou, antes de correr para se juntar a Lily,
conduzindo os alunos do primeiro ano na direção certa.

Ainda estava chovendo levemente e já escurecia - Remus estava muito feliz por não
terem de cruzar o lago. Mesmo assim, era agridoce a sensação de subir nas carruagens
sem cavalos uma última vez com Sirius, Mary e Marlene (Peter decidira seguir o mel
e ir com Dorcas e seus amigos). Quando entraram no pátio do castelo, Remus olhou
imponente para as torres de pedra e se perguntou se essa seria sua memória final de
chegar a Hogwarts. Talvez todos eles voltassem para uma festa de reunião em dez
anos. Era um pensamento agradável, embora 1987 parecesse completamente
impossível naquele momento.

Lupin tentou prestar atenção na cerimônia de seleção, a fila dos minúsculos alunos
nervosos do primeiro ano, o chapéu velho e surrado, o semblante severo, mas
carinhoso de McGonagall. Tentou gravar cada momento em sua memória - mas não
era fácil; haviam tantas distrações.

Primeiro, havia o olho de James, que ele ainda não havia explicado. Então havia
Regulus, que estava visivelmente ausente. Snape continuava carrancudo como sempre,
seus olhos nunca deixando a nuca de Lily Evans. Christopher, que continuava

591
tentando chamar a atenção de Remus, e Black, que estava completamente alheio a
tudo, permanecia simplesmente emocionado por estar de volta a Hogwarts, sua
verdadeira casa. Lupin tentava aproveitar o bom humor de Sirius sem parecer muito
que estava encarando-o. Era uma verdadeira arte.

Assim que Dumbledore anunciou que o jantar estava servido, as portas no fundo do
corredor se abriram. Todas as cabeças se viraram - exceto a de Remus, que só
precisava ver o sorriso morrer no rosto do moreno para saber quem era.

Regulus não se apressou para se sentar, como provavelmente Remus teria feito, com
vergonha por estar chamando a atenção. Não, Regulus era total e completamente um
Black, e caminhava com sua postura régia de costume, devagar e com determinação, a
cabeça erguida. Não havia nenhuma evidência de que James o havia causado algum
dano, mas achava que Reg estava ainda mais pálido do que o normal, o entorno de
seus olhos mais escuros, como se não estivesse dormindo direito ultimamente. Os
sonserinos do sexto ano fizeram um grande show ao abrir espaço para ele na mesa,
como se Black fosse um convidado de honra, ao invés de seu colega de escola. Até a
atenção de Snape fora momentaneamente desviada, quando ele se inclinou para
apertar a mão de Regulus.

Tudo isso levou apenas alguns momentos, mas deixou uma marca indelével nos
alunos do sétimo ano da Grifinória, enquanto todos olhavam Sirius com cautela.

“Cara,” James sussurrou, “Eu preciso te dizer uma coisa, mais tarde. Em particular."
Ele olhou para Remus e Peter ao dizer isso, para que soubessem que estavam
incluídos.

Sirius apenas acenou e manteve a cabeça baixa pelo resto da refeição, apenas
beliscando sua comida. O coração de Lupin doeu, mas não havia nada que pudesse
fazer. A sensação de distância entre ele e Sirius era inadvertidamente exacerbada por
Lily e James, que continuavam apertando as mãos um do outro por baixo da mesa.
Não sabia quando ele e Sirius teriam a próxima chance de ficarem sozinhos.

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Depois do jantar, houve uma espera pelos monitores-chefe da grifinória quase
insuportável, enquanto terminavam seus afazeres. Remus estava se balançando em sua
poltrona, falhando em se concentrar em seu texto do NIEM de Trato das Criaturas
Mágicas, as pálpebras ficando cada vez mais pesadas.

"Psst, Moony," James o acordou finalmente, com uma sacudida suave, "Vamos,
estamos todos subindo."

Lupin piscou, olhando para si mesmo surpreso - a sala comunal estava quase vazia.

Lá em cima em seu quarto, todos os malões haviam chegado, as camas feitas e os


pijamas arrumados. A chuva ainda estava batendo nas vidraças, e Remus podia sentir
o cheiro de uma tempestade a caminho - eletricidade e pressão fazendo o ar parecer
denso e muito próximo.

Sirius estava andando de um lado para o outro e, embora uma janela estivesse aberta,
a sala fedia a cigarro e era possível ver a fumaça. Ele havia tomado banho em algum
momento, e seu cabelo ainda estava úmido nas pontas, pingando na camiseta marrom
que ele usava para dormir. Peter acabara de sair do banheiro, já de pijama e com um
leve cheiro de pasta de dente.

"Você não me acordou." Remus disse neutro para Sirius, que encolheu os ombros,
descuidadamente, sentando-se em sua cama,

“Você parecia confortável. Achei que provavelmente aproveitaria o descanso.” Ele se


virou para James. "E então?"

"É sobre Regulus", disse James, sem rodeios.

"Ele fez isso em você?" Sirius acenou com a cabeça para o olho, agora roxo, muito
inchado de James.

"Sim." Acenou com a cabeça. Ele parecia zangado - uma emoção estranha em James.
"Sim, trocamos algumas palavras na cabine dos monitores.’’

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"Palavras."

"Sim," a mandíbula de Potter estava tensa e a sua nuca, vermelha. Ele flexionou os
punhos, "Parece que Regulus e alguns de seus amigos têm um problema com Evans
sendo monitora-chefe."

"Ah, não", disse Peter, percebendo o que tinha acontecido, "James, ele não..."

"Ele falou muito.’'

"Mas você não’’ Sirius respondeu, ainda sentado na cama, com os ombros caídos.

"Prongs!" Remus suspirou, impaciente, "Você o atacou primeiro?! Você sabe que é
exatamente isso que todos querem da nossa parte. Você deveria apenas tê-lo ignorado.
"

“Ele não tornou as coisas muito fáceis.” James rebateu, ainda nervoso. "De qualquer
forma, não se preocupe, eu ouvi tudo isso de Lily."

Remus se perguntou o que ela tinha a dizer - ele não conseguia imaginar que ela havia
sido muito gentil sobre James bancar o cavaleiro branco. Mas então, Mary havia dito
que ela havia ficado muito abalada. "Eu não o machuquei, de qualquer maneira",
Potter continuou. Ele começou a andar pelo quarto, agora que Sirius havia parado. “Só
queria calá-lo, ia usar o feitiço silencio, ou talvez scourgify em sua boca, sabe - mas
ele se esquivou e tentou me pegar de volta, então usei o pernas de gelatina. Foi quando
Mulciber se lançou em mim e Evans petrificou nós três. Só por alguns minutos. Ainda
assim, eu peguei Regulus, então ele teve que ir para a ala hospitalar e tudo foi
registrado.”

"Você está em apuros?" Peter perguntou, roendo as unhas.

"Nah," James acenou com a mão, "Várias testemunhas disseram que Reg estava
pedindo por isso, e no final foi grifinória contra sonserina, então McGonagall e

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Slughorn concordaram em nos dar outra chance ‘de sermos civilizados’." Ele fez uma
careta.

"Mas Reg está bem?" Sirius perguntou baixinho.

"Sim, tudo bem." Potter acenou com a cabeça. Ele parou de se mover e coçou a
cabeça, sem jeito, "Há outra coisa..."

Black ergueu os olhos. Seus braços estavam cruzados sobre o corpo, mas não de uma
forma desafiadora - mais como se estivesse se protegendo.

"O que?"

“Regulus, quando Lily o petrificou, ele caiu e tivemos que colocá-lo em um assento.
Ele arregaçou as mangas para o duelo, e quando eu o estava movendo, eu vi... eu vi...
em seu braço... "

"Prongs?" Sirius estava encarando seu amigo com tanto ardor nos olhos que suas
pupilas se transformaram chamas gêmeas - ele parecia desesperado, como se desejasse
que James não contasse a ele.

"Ele tem a marca."

Peter fez um barulho e sentou-se com força na cama. Remus mordeu o lábio e ficou
parado, porque ele não conseguia pensar em mais nada para fazer que não parecesse
suspeito.

Sirius engoliu em seco – Lupin pôde ver seu pomo de adão se movendo - então olhou
para baixo, e então de volta para James. Agora ele parecia desafiador. O moreno deu
de ombros novamente, o que provavelmente era para ser casual, exceto que ele ainda
estava se abraçando, então apenas parecia petulante, e jogou seu cabelo.

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"Bem." Disse "Suponho que saibamos como minha família passou o verão, então.
Ótimo. Isso é bom. Ele escolheu seu lado. Eu escolhi o meu. " E acenou com a cabeça,
como se concordasse consigo mesmo. "Ótimo." Repetiu.

"Padfoot," James estendeu a mão para o amigo, "Estou com raiva de Reg, ok? Eu
não... não tem nada a ver com você, todo mundo sabe que você não é um deles. "

"Eu sei." Sirius respondeu, quase violentamente. "Está bem." Ele apertou as mãos com
mais força sobre os braços e Remus se sentiu tonto com a vontade de correr e envolver
seus próprios braços ao redor dele. "Evans está bem?"

"Sim, ela está." James disse "Quer dizer, acho que ela se machucou, mas ... bem, ela é
mais durona do que eu. Age melhor sob pressão. ”

“Quer que eu dê uma palavrinha? Com Reg, no caso? "

"Eu deixaria isso pra lá, cara," Potter balançou a cabeça. "McGonagall e Slughorn
sabem de tudo agora, você só vai piorar as coisas."

"Tudo?" Sirius ergueu os olhos novamente. As bordas de seus olhos estavam


vermelhas - mas isso poderia ser apenas cansaço.

"Nem tudo," James admitiu, "Não sobre a marca, eu queria deixar isso para você
decidir..."

"...Ok." Black olhou para baixo novamente. Eles ficaram todos em silêncio por um
longo tempo, antes de James tentar de novo, heroicamente.

"Você quer falar sobre isso?"

"Não." Sirius respondeu. "Eu só quero ir para a cama."

"Sim, boa ideia." Potter disse, passando os dedos pelos cabelos.

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James estava fazendo o que costumava fazer – assumir a liderança, avaliar e gerenciar
a situação de Sirius - mas aquilo estava fora de seu controle. Ele não tinha certeza do
que fazer. Remus gostaria de poder contar a ele, telepaticamente; sabia exatamente a
coisa certa a se fazer. Mas era uma má ideia. Não havia necessidade de adicionar seus
próprios absurdos à pilha de problemas. Simplesmente teria que esperar.

Todos se prepararam para dormir em silêncio, desempacotando algumas coisas,


recuperando seus respectivos espaços na bancada do banheiro, acomodando-se no
quarto confortável e familiar ao qual haviam compartilhado uma infância inteira.
Remus tomou um banho rápido para lavar Londres de cima de si, então escovou os
dentes e se vestiu para dormir.

Quando abriu a porta novamente, encontrou as cortinas fechadas ao redor de todas as


camas, exceto a sua. Um ronco leve vinha de Peter, mas James e Sirius ainda estavam
acordados. Se Remus se concentrasse muito, ele poderia até sentir como estavam
deitados (James de costas, jogando seu pomo de ouro da sorte para cima e para baixo,
Sirius enrolado de lado), e como estavam relaxados (nem um pouco). No entanto, isso
parecia uma invasão de privacidade, então ele apenas tentou se esgueirar o mais
silenciosamente possível para sua cama de dossel, ansioso por um descanso adequado,
finalmente.

Não teve essa sorte.

"Remus." A cabeça de Black apareceu por trás das cortinas.

"Sirius." Ele sussurrou de volta.

O moreno puxou a cortina e - após uma rápida olhada nas outras camas - Remus subiu
o mais ordenadamente que pôde. Lá dentro estava escuro como breu, mas ainda podia
ver o contorno quente de Sirius, ajoelhado diante dele. Ele mexeu sua varinha.

“Sonoro Quiescis”

"James não está dormindo ainda," Avisou, "Você tem certeza que me quer--"

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"Sim," Sirius respondeu, "Por favor, fique, só um pouco." Ele estendeu a mão e
agarrou a mão de Lupin, apertando-a. Remus cedeu e finalmente colocou os braços
em volta do moreno, puxando-o para mais perto. Foi um alívio imenso.

"Eu sinto muito sobre o Reg."

"Ele nem tem idade!"

"Eu sei."

Eles se separaram e se sentaram de pernas cruzadas, um de frente para o outro. A


cabeça de Sirius estava abaixada, o cabelo cobrindo seu rosto. Ele provavelmente se
lembrava de como Remus conseguia enxergar bem no escuro.

"Eu não posso acreditar... eu sei que é estúpido, eu deveria ter sabido o tempo todo
que ele iria, mas... eu não sei, acho que só esperava que ele..."

"Não é estúpido." Disse Remus. “E não sabemos se ele se juntou voluntariamente.


Lembre-se do que eles fizeram com você, quando queriam que se juntasse a ele.”

Sirius se encolheu, mas não se afastou.

"Sim." Murmurou. “Eu duvido que tenha ido tão longe com Reg. Ele sempre foi ... ele
sempre quis isso mais do que eu. Todo o circo; a aprovação de nossos pais, o respeito
que você recebe dos puro-sangue apenas por ser um Blak. Gostamos de ser populares
e poderosos. Só isso que faz sentido. É por isso que somos todos da sonserina. "

"Você não é um sonserino."

"Não, eu não sou." Sirius exalou, trêmulo, "Eu costumava pensar .."

"O que?"

598
“Eu costumava pensar... talvez não fui classificado na Grifinória porque sou corajoso,
ou cavalheiro, como James. Talvez eu simplesmente não tenha sido bem-vindo na
Sonserina porque não tenho a ambição. "

"Ambição?!" O encarou, "Sirius, o que Reg está fazendo, não é ... não é nada para se
orgulhar. É covardia; ele está fazendo exatamente o que foi criado para fazer, sem
pensar, sem questionar"

"Sim, mas…"

"E você é a pessoa mais corajosa que conheço."

“Moony…”

"Mesmo." Remus disse isso com tanta seriedade que fez Sirius parar.

"Obrigado." Black sorriu. Ele estendeu a mão novamente, puxando o tecido da calça
do pijama de Remus e respirando ruidosamente. “Achei que ficar quieto sobre você e
eu seria a coisa mais difícil deste ano”, disse, “esqueci a estúpida guerra”.

"É." Remus não tinha certeza de como responder. Ele gostaria de poder esquecer a
guerra também. Sirius o olhou, sentindo sua inquietação,

“Ainda é difícil.” Ele disse, "Manter isso quieto", seus dedos continuaram brincando
com o limite da calça de Lupin. “Eu sinto que estamos tão distantes, quando os outros
estão por perto.”

"Estamos muito perto agora," Ofereceu, na esperança de animá-lo um pouco.


Funcionou. Sirius interpretou isso como um convite e finalmente encontrou seu olhar,
sorrindo. Ele se inclinou e quando seus lábios se encontraram, Remus se forçou a
esquecer de todo o resto, só por um momento.

Depois, os dois se viram rastejando sob as cobertas em busca de calor, sonolentos e


afetuosos.

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"Eu não deveria ficar muito confortável," Remus bocejou, "É melhor eu voltar para a
minha cama."

"Ainda não," Black sussurrou, timidamente.

"Ok." No entanto, seus olhos estavam muito pesados. Estava em perigo real de
adormecer.

"Remus?"

"Hm."

"Me conte um segredo." Os dedos de Sirius se enroscaram nos dele.

“Hum. Eu não sei."

"Conta. Algo bom. Feliz."

“Er ...” Talvez agora fosse o momento certo. Ele não gostava de trazer à tona a família
Black, mas, afinal, não se tratava de Regulus ou Walburga. "Eu poderia te contar
sobre algo que fiz no meu segundo ano, se você não ficar com raiva..."

"O que você fez?"

“Prometa que não vai ficar com raiva. É um pouco ... bem, lembre-se que eu tinha
treze anos e só queria ajudar.”

"Merlin, Moony, me conte!"

“Narcissa,” ele disse, “eu hum ... Eu dei a ela a ideia de usar o voto perpétuo. Você
sabe, para sair do noivado.”

O noivado, não o seu noivado, porque aquilo ainda era muito doloroso.

Sirius estava quieto. Remus mordeu o lábio e virou a cabeça no travesseiro para dar
uma olhada em seu rosto. "Eu realmente sinto muito por interferir..., mas você me deu

600
aquele feitiço de leitura, e você era tão... Eu só pensei que você era tão incrível,
inteligente e corajoso que queria fazer algo para ajudá-lo uma vez."

"Mas você não queria me contar sobre isso?"

"Eu, er ... não, não queria. No começo, eu não queria me gabar disso. Então, tanto
tempo havia passado que simplesmente não parecia valer a pena. "

"Moony!" Sirius exalou novamente - exasperado desta vez. "Honestamente, você e


seus segredos!"

"Eu sinto muito!"

"Não se desculpe," O moreno riu, bocejando novamente e se mexendo um pouco para


ficar confortável, "Eu que perguntei. E ... isso é impressionante para caralho. Eu não
poderia ter pensado nisso aos treze anos. "

"Bem, você não pensou." Remus sorriu.

"Então você realmente foi e conversou com a minha prima?"

"Sim. Ela era assustadora.”

"Ainda é." Sirius bufou. "Todos eles são assustadores para cacete."

"Não pense nisso agora," Remus o repreendeu, "ou terei que animá-lo de novo e não
consigo pensar em mais segredos esta noite."

"Existem outras maneiras..." O moreno respondeu, maliciosamente. Lupin riu,


esperando que o feitiço silenciador ainda fosse seguro.

"Safado."

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Capítulo 121: Sétimo ano: Comprando
penas

Sexta-feira, 9 de setembro de 1977

"Sete anos. Sete anos nesta escola. E eu não aprendi nada.” Remus disse, enquanto
procurava freneticamente pela passagem certa em seus livros de História.

Haviam doze deles abertos, atualmente, e ele não conseguia se lembrar qual deles
possuía o melhor contra-argumento para o Ato de Realocação das Pixies de 1382. Sete
dos livros estavam abertos na mesa à sua frente, ocupando quase todo o espaço. Mais
cinco pairaram no ar, ao nível dos olhos para que pudesse verificar as referências
enquanto seguia.

"Se você não aprendeu nada, que chance o resto de nós tem?" Christopher sorriu
pacificamente de seu lugar no chão. Ele estava sentado de pernas cruzadas, os livros
no tapete à sua frente.

“Não aprendi nada de útil.” Remus respondeu, impaciente, ainda procurando.

“Como estamos definindo o que é útil?”

“Qualquer coisa que me ajude a passar nos meus NIEMs’’

"Ah, porque você foi realmente mal nos seus NOMs ..." Christopher resmungou
sarcasticamente.

“Os NIEMs são completamente diferentes.” Rebateu, finalmente localizando a


passagem de que precisava, mas agora, perdendo sua pena. "Níveis incrivelmente
exaustivos de magia..." Ele encontrou sua pena (atrás da orelha, embaraçosamente o
suficiente), mas agora ... "Merda."

"O que?" Christopher ergueu os olhos.

602
“Perdi meu tinteiro...”

“Você devia comprar uma daquelas penas autotintadas. Podemos dar uma olhada em
Hogsmeade, no próximo fim de semana, se você quiser. ”

"Sim, por que não ..." Remus continuou levantando livros.

"Aqui, eu tenho um lápis, se for apenas para tomar notas ..." Christopher rastejou para
debaixo da mesa agora para encontrar sua mochila. Então, o mais velho se sentiu um
pouco culpado por ocupar todo o espaço.

"Desculpe." Disse, se afastando da loucura por um momento, "Está tudo bem. Tudo
ficará bem assim que colocarmos o grupo de estudo em funcionamento novamente...”

"Falando sozinho, Moony?" James e Sirius apareceram em vestes de quadribol (Sirius


ainda estava oficialmente fora do time, mas nada o impedia de usar o campo nos dias
de folga e, pelo menos, o mantinha distraído).

"Pelas bolas enrugadas de Merlin." Sirius disse, olhando para sua mesa. “Você não
pode ter tanto dever de casa depois da primeira semana?!”

“Estou lendo sobre assuntos.” Remus respondeu irritado, novamente.

“Aqui está, Remus,” Christopher reapareceu de debaixo da mesa, brandindo um lápis.

"Obrigada!" Remus o pegou e começou a rabiscar em seu pergaminho.

"Ah, olá Black," Christopher acenou educadamente, abaixando a cabeça.

Lupin olhou para cima enquanto escrevia. Sirius estava olhando para Christopher com
uma espécie de desdém entediado.

"Olá." Ele acenou e olhou para Remus, "Grupo de estudos, não é?"

603
"Não, apenas um estudo normal hoje" Explicou. “Mas eu estava dizendo que
deveríamos marcar uma reunião em breve - se as pessoas ainda quiserem.”

“Claro que querem!” Christopher disse, ansioso "Você conseguiu fazer metade de nós
passar pelos nossos NOMs no ano passado."

"Sim," Sirius disse, do nada. Ele parecia pensativo, o que era perigoso. “Sim, talvez eu
entre este ano. O que você acha, Prongs? "

Jamus ergueu os olhos do sofá, onde estava polindo sua vassoura.

"Cara, já estou ocupado o suficiente! --Desculpe, Remus. ”

Lupin encolheu os ombros e olhou para Sirius,

“Você odiaria estar em um grupo de estudos.”

"Bem, eu nunca saberei a menos que tente, não é? E você está sempre dizendo que é
um ano tão importante.’’

"Hm, venho dizendo isso nos últimos três anos, na verdade..."

"E finalmente entrou na minha cabeça!" Sirius sorriu. Aquele sorriso de Sirius Black.
Mesmo com tudo entre eles agora, era completamente desarmante. "Além disso,"
Continuou, olhando para Christopher agora, "posso ser capaz de transmitir um pouco
da minha sabedoria."

Remus não discutiu mais. Já havia aprendido a lição - você não poderia dizer nada a
Black; só tinha que deixá-lo resolver por si mesmo. E sim, ele provavelmente queria
se juntar ao grupo de estudo porque Christopher estava nele. Mas afinal; Sirius
escolheu manter o relacionamento deles em segredo; Sirius estava optando por fingir
que realmente queria fazer o dever de casa. Remus simplesmente concordaria com
isso.

604
Nesse meio tempo, Lupin se sentia como se estivesse carregando todo o peso do
semestre nas costas, enquanto mancava. Ele não havia ficado tão sobrecarregado com
o currículo desde seu primeiro ano. Tudo parecia dez vezes mais envolvente do que no
ano anterior, e os requisitos para a redação eram, pelo menos, 25 centímetros mais
longos. De repente, se sentiu muito culpado por ter passado o verão inteiro relaxando
e agradando a si mesmo, enquanto o tempo passava.

Mesmo tendo abandonado Poções, Astronomia e Herbologia, ainda havia Aritmancia,


História, Feitiços, Transfiguração, Defesa Contra as Artes das Trevas e Trato de
Criaturas Mágicas; tudo isso parecia ter atingido novos patamares de complexidade à
medida que o último ano entrava em pleno andamento. Sem mencionar as aulas extras
que estava tendo com Madame Pomfrey.

Não pela primeira vez, Remus estava extremamente feliz por não ser mais um
monitor, já que passava quase todo o seu tempo se esquivando nas entranhas da
biblioteca, apertando os olhos para ler textos antigos com poeira nos cabelos. Ele
ficava lá durante as aulas livres, metade do intervalo para o almoço e, na maioria das
vezes, ainda estava lá até que Madame Pince o expulsasse.

Dessa maneira, ficou animado ao se encontrar com seu grupo de estudos novamente,
apenas por ter um pouco de companhia humana.

"Aí está você!" Christopher o encontrou do lado de fora da classe de Feitiços depois
das aulas de uma quinta-feira. O professor Flitwick teve a gentileza de lhe oferecer
sua sala por mais um ano.

(“Não tenho dúvidas de que um dia você terá sua própria sala de aula, jovem Lupin!”
O pequeno professor guinchou alegremente. Remus corou e não fez comentários. Um
dia seu segredo seria revelado; todos saberiam o porquê de não ser apto para ensinar
ou, até mesmo, de não poder frequentar uma escola, e então?)

"Aqui estou," Remus respondeu a Chris com um sorriso, "Você estava procurando por
mim?"

605
"Não particularmente, só não vi muito de você na semana passada. Nem mesmo na
sala comunal. ”

"Eu estive lá lendo por uma hora por noite", disse, "..., mas apenas depois da
biblioteca fechar." E antes que Sirius descesse bocejando a uma da manhã, dizendo
para ele ir para a cama.

"Dedicação admirável", Christopher acenou com a cabeça quando entraram na sala e


começaram a reorganizá-la a seu gosto. “Mas não exagere, ok? Tente aproveitar seu
último ano um pouco! ”

"Eu gosto de estudar." Remus disse, com firmeza, desempacotando seus livros. Isso
não era exatamente uma mentira, mas sabia que parecia estar na defensiva.

A verdade era; ele sabia que estava trabalhando mais do que o necessário e por mais
horas. Porém, era melhor do que ficar acordado a noite toda se preocupando com os
vários outros problemas que o atormentavam. Ele ainda não tinha ouvido falar de
Grant - embora isso pudesse ser apenas os caprichos do correio trouxa. Não havia
pensado direito em sua mãe ainda, embora soubesse que realmente deveria. Houve
três relatos de ataques de lobisomem durante o verão, e uma prisão feita. No final das
contas, os NIEMs eram a única coisa que Remus achava que poderia realmente
enfrentar no momento.

E ele não achava que alguém realmente estivesse sentido sua falta, exatamente -
afinal, os outros estavam muito ocupados também. Lily e James possuíam uma série
de novas responsabilidades, além de seus NIEMs. Lily estava estudando Poções
Avançadas, James tinha o quadribol. Peter e Dorcas estavam terminando e voltando,
terminando e voltando, o que parecia mantê-lo bastante ocupado, e Marlene estava
trabalhando mais duro do que nunca na preparação para seus exames de admissão na
academia de curandeiros. Mary, é claro, tinha um novo namorado, o que a mantinha
ocupada.

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"Você precisa de uma pausa." Christopher dizia, sentando-se ao seu lado, como o
segundo em comando. "Isso é tudo que estou dizendo."

“Ok,” Remus acenou com a cabeça, como se estivesse realmente absorvendo.

Estava tudo bem para Christopher; ele era um sangue puro. Mesmo que não se
esforçasse tanto, provavelmente havia um trabalho ministerial confortável o esperando
quando terminasse a escola. Se Remus estudasse por todas as horas do dia e tirasse um
O em cada NIEM, ele ainda não via muito futuro além de trabalhos de meio período e
depender da ajuda de seus amigos. Isso se Greyback não o pegasse primeiro, ou se o
ministério não o prendesse.

Os outros alunos começaram a chegar, então puderam parar de falar sobre isso. Era
um grupo menor do que no ano passado, mas ainda assim uma boa dúzia. Você não
poderia esperar que todos aparecessem na primeira semana. Sirius veio, para a
surpresa de Remus e o deleite das garotas.

"Sente-se aqui, Sirius!" Martha Eriksson, uma lufana do quinto ano, acenou para ele.

Sirius sorriu educadamente e aquiesceu, colocando-se diretamente em frente a Remus


no círculo de cadeiras. Lupin acenou com a cabeça e tentou não manter contato visual
por muito tempo antes de limpar a garganta gentilmente e se dirigir à sala.

“Olá a todos,” ele sorriu, olhando em volta, “É bom ter vocês de volta. Er. Devemos
começar escolhendo uma matéria? Alguém está tendo problemas com alguma coisa? "

Os alunos do quinto ano estavam passando por maus bocados com Astronomia, e
Christopher se ofereceu para guiá-los pelas teorias de Eudoxus sobre os movimentos
planetários. Três do sexto ano ficaram presos em um ensaio de História e os do
segundo queriam ajuda com Transfiguração.

"Ok," Remus disse para os do sexto ano, "Se vocês puderem esperar um pouco, vou
explicar Transfiguração para esses dois primeiro..."

607
"Eu posso fazer isso," disse Sirius, de repente.

"Mesmo?" Remus piscou, levantando uma sobrancelha cética.

"Mesmo." Sirius respondeu friamente, "Eu sou melhor em Transfiguração do que


você, de qualquer maneira."

"Ah, ok então ..."

Os dois alunos do segundo ano pareciam muito satisfeitos por ter Sirius Black, cuja
reputação de rebelde da escola e galã o perseguia, prestando atenção neles, embora
Martha Eriksson parecesse um pouco irritada.

A sessão, marcada para durar duas horas, correu muito bem, na opinião de Remus. Ele
tentou não pairar muito sobre Sirius, embora houvessem muitas risadas e barulho
vindo daquele canto da sala. No final, todos pareciam ter alcançado o que queriam, e o
moreno até ficou para ajudar a arrumar a sala.

"Você vai ficar bem aqui?" Christopher o perguntou "Eu deveria estar patrulhando
com Lily."

"Nós ficaremos bem." Sirius disse, com o que provavelmente pensou ser um sorriso
muito doce, mas estava beirando a loucura.

"Ok, bom." Christopher deu a ele um olhar arrogante, antes de retornar para Remus,
"Vejo você no sábado para comprar artigos de papelaria?"

"Ótimo, sim, encontro você na sala comunal depois do café da manhã." Lupin acenou
com a cabeça, ajudando Black a colocar uma mesa de volta no lugar.

"Até mais!"

Assim que a porta se fechou, Sirius parou o que estava fazendo e colocou as mãos nos
quadris, carrancudo.

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"Você vai para Hogsmeade com ele?!"

"Eu disse que iria." Franziu a testa, surpreso, “Eu preciso de uma pena nova. Qual é o
problema? Eu posso encontrar vocês depois de comprarmos penas, não posso? "

"Mas eu pensei que você e eu iríamos... Eu mal vi você esta semana."

“Não estaríamos sozinhos, James e Peter estariam lá. Não é como se eu estivesse
tirando algo de você. "

“Lily e James vão sair sozinhos. E Peter e Dorcas, provavelmente, também.” O


moreno estava em perigo real de fazer um beicinho agora. Remus sabia que deveria
tentar evitar o mau humor, se pudesse.

"Você pode se juntar a mim e a Christopher, se quiser." Respondeu. Sirius fez uma
careta.

“Para comprar de artigos de papelaria.”

“Você precisa de penas também. A única razão pela qual eu continuo ficando sem é
porque você rouba todas as minhas. "

"Mas Moony..."

"Você não está com ciúmes, está?"

"Claro que não." Sirius balançou a cabeça e voltou para as mesas, usando sua varinha
para colocar tudo em ordem. Ele suspirou profundamente, "Eu irei comprar artigos de
papelaria, então."

Lupin sentiu uma pontada de culpa.

“Vou ver se consigo me livrar de Chris depois. Ou podemos encontrar os outros e ir


beber alguma coisa? ”

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"Eu não vou ao Madame Puddifoot's." Sirius disse sombriamente, uma pitada de
humor voltando ao seu rosto. Remus sorriu e deu um tapa no ombro dele.

"Bom. Ou eu teria que parar de gostar de você. "

"Como se pudesse." Black pegou seu pulso e o puxou para mais perto, beijando-o com
força nos lábios.

Oh, Remus pensou, não fazemos isso há um tempo. Então, se sentiu realmente
culpado. Talvez Sirius estivesse certo - ele estivera tão atarefado que negligenciou a
única coisa que poderia ter tornado tudo um pouco mais suportável.

Eles se separaram e Sirius olhou para a porta, lambendo os lábios.

"Você tem que correr para a biblioteca ou para algum lugar?"

Remus balançou a cabeça. O moreno sorriu. "Bom. Colloportus. ”

A fechadura da porta se trancou.

***

Sábado, 17 de setembro de 1977

"Você enfeitiçou suas malditas cortinas para permanecerem fechadas, seu lunático?!"
A voz de James acordou Remus e Sirius no sábado da viagem a Hogsmeade.

Lupin se endireitou, os olhos arregalados. Ele olhou para as cortinas, que tremiam
enquanto James tentava entrar. Sirius fez uma abordagem mais casual, rolando
lentamente e gemendo,

"Cai fora, Potter."

"Você vai perder o café da manhã!"

"Vou descer daqui a pouco."

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“Hogsmeade hoje, lembre-se! Sala comunal às dez em ponto. "

"Cai fora, Prongs!"

"Encantador." James murmurou, mas as cortinas pararam de tremer, e alguns


segundos depois. seus passos puderam ser ouvidos recuando, desaparecendo escada
abaixo.

Remus exalou. Ele apertou a mão contra o peito, sentindo o coração batendo forte, e
desejou que se acalmasse.

"Cristo." Respirou.

"Um pouco nervoso aí, Moony?" Sirius sorriu, rolando de costas e esticando os braços
sobre a cabeça.

"Eu realmente preciso parar de adormecer aqui."

"Está tudo bem. O feitiço aguentou, não é? "

"Você e James têm problemas de limites." Remus tirou o edredom pesado de cima de
si.

"Provavelmente. Ei, não vá! " O moreno pegou seu braço.

"Café da manhã!" Remus insistiu, procurando por sua cueca.

Os dois tomaram banho, se vestiram e correram para o Salão Principal, bem a tempo
para as últimas migalhas de torrada e algumas colheradas de mingau.

"Eu esperava isso de Black, mas não é típico de você perder uma refeição, Remus,"
comentou Lily, folheando seu exemplar do Profeta Diário.

"Fiquei lendo até tarde." Disse Remus. “Eu posso dormir até mais tarde em um
sábado, se eu quiser...”

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"Não estava dizendo que você não podia." Ela resmungou, como se ele estivesse
sendo excessivamente sensível. Então, a menina abaixou o jornal “Eu estava
patrulhando com Christopher Barley ontem à noite. Ele mencionou que vocês iriam
para Hogsmeade juntos hoje... ”

"Mmph?" Remus olhou para ela sem mastigar, a boca cheia de torradas e mel.

Que porra é essa? Todos estavam olhando-o de repente, com vários graus de
curiosidade divertida. Ele engoliu em seco. "Sim. Só para o Scrivenshaft, preciso de
uma nova pena. ”

"Vocês se dão muito bem, não é?" Lily perguntou, inocentemente.

“Fazemos o grupo de estudo juntos ...”

"Ele te chamou para sair, Remus?" Mary se juntou.

“O que isso tem a ver com alguma coisa?”

“Ah, vamos lá,” ela sorriu, “Chris é definitivamente ... você sabe, ‘daquele jeito'. Ele é
tão excêntrico."

"Ele é?" Remus perguntou, desconfortável. “Eu não tinha percebido. Estamos apenas
comprando penas, nada mais. ”

"Mas se ele gosta de você -"

"Merlin, deixe-o em paz, sim?!" Sirius disse, calorosamente, olhando para as duas
garotas, "Só porque Christopher é... tanto faz, não significa que Moony
automaticamente terá que sair com ele. Ele não está tão desesperado. "

"Ei," Remus disse, aliviado pela interrupção, "Quem disse que estou desesperado?!"

"Exatamente." Black acenou com a cabeça, “Vê? Ele não está interessado.”

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"Ah, mas Chris é muito legal", disse Lily, "pensei que vocês seriam um bom casal.
Interesses semelhantes e outras coisas.”

“Talvez Moony não queira sair com alguém parecido.” Sirius interrompeu, largando
sua caneca de café com um pouco mais de força do que o necessário.

Remus, disfarçadamente, colocou a mão no joelho dele sob a mesa, esperando acalmá-
lo. Sirius o olhou, então encarou seu prato. Felizmente, ele entendeu a mensagem.

“Você não pode deixar coisas assim te incomodarem.” Remus sussurrou no caminho
de volta para a sala comunal, assim que os outros estavam fora do alcance de sua voz.

"Isso deveria incomodar você." Sirius respondeu, ainda nervoso.

"Sim, mas você precisa aprender a ser mais sutil se quisermos ..."

"Ah, estamos de volta a isso, então." O moreno suspirou pesadamente, "Me desculpe,
eu não sou tão bom em todas essas besteiras de mentiras que nem você."

"O que?!" Remus o encarou. Sirius enfiou as mãos nos bolsos e murmurou,

"Nada." Ele acelerou o passo, alcançando James e deixando-o andar sozinho.

"Tudo ok?" Lily diminuiu a velocidade, quando James e Sirius começaram a tagarelar
animadamente à frente deles.

"Sim." Respondeu.

Estava de mau humor agora. Quem Sirius pensava que era, reclamando sobre como
era difícil manter segredos, quando fora tudo ideia dele manter o relacionamento em
segredo?! Deveria simplesmente sair com Chris e ignorar Sirius pelo resto do dia -
isso serviria para ele.

"O que ele disse?" Lily estava perguntando.

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"Hm?"

“Sirius,” Lily acenou com a cabeça para os dois garotos de cabelo preto na frente,
“Ele está sendo um idiota? Porque eu darei permissão a James para esbofeteá-lo, se
ele estiver agindo de forma estranha sobre você ser... "

“Ah, não, nada disso,” Remus acenou com a mão e forçou um sorriso, “Foi outra
coisa. Coisas estúpidas, não se preocupe. "

Christopher estava esperando na sala comunal, um sorriso tímido no rosto. Remus


sorriu de volta, o alcançando. "Pronto?" Ele perguntou, entusiasmado.

“Sim,” Chris acenou com a cabeça, animado, “Eu tenho uma lista de livros que
gostaria de procurar também - se estiver tudo bem por você? Quero dizer, se você
tiver tempo, antes de ter que encontrar seus amigos... ”

"Você também é meu amigo, Chris." Remus disse, esperando que Sirius estivesse
ouvido.

Era um dia agradável, ensolarado para o final de setembro, com apenas um leve frio
no ar, o que significa que, até o momento em que os alunos chegassem à aldeia, a
maioria deles estaria com calor o suficiente para remover suas capas pesadas. Remus
manteve o sua, porque raramente tirava qualquer roupa, mas Chris tirou os casacos
quando chegaram à primeira fileira de lojas,

"Ooooh, olhe para ele!" Um assobio soou atrás deles. Os dois se viraram para ver
Bartô Crouch e Regulus Black não muito longe, ambos rindo maldosamente.

"Ignore-os." Chris murmurou, "Eles estão na minha aula de Poções, são idiotas."

"Vamos lá," disse Remus, "Vamos ver sua lista ..."

Eles passaram algumas horas agradáveis juntos, sem serem incomodados por
ninguém. Remus comprou uma das penas auto-entintadas elegantes, bem como uma

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comum como reserva. Em seguida, foram à livraria e Christopher comprou tantos
livros que teve de fazer um feitiço de peso na bolsa para conseguir carregar tudo de
volta.

"Meu baú já está quase cheio," ele riu, "Com todos os livros trouxas que trouxe
comigo. Você leu Other Voices, Other Rooms? ”

"Não, eu não li muito neste verão ..."

Tudo estava indo muito bem, até que eles decidiram ir para o Três Vassouras como
parada final. Remus estava quase com vontade de perdoar Sirius agora, tendo se
acalmado, embora estivesse um pouco apreensivo por ver os outros com Christopher.

"Lily disse que você contou a ela sobre nossa vinda para Hogsmeade..." ele disse,
casualmente. Christopher franziu a testa,

"Sim, acho que só surgiu na conversa."

"Você sabe que ela é uma das minhas melhores amigas", disse Remus, esperando não
soar muito como se estivesse acusando Chris de qualquer coisa, "Então ... ela sabe que
eu sou gay ..."

"Mm, ela sabe sobre mim também." Christopher disse. “Ou eu suponho que ela
percebeu. A maioria das pessoas descobriu antes de mim, eu acho. Lily é uma garota
muito legal, no entanto. "

"Sim, certo," Assentiu. "O problema é que eu acho que ela pensou que isso era ... hum
... sabe, como se estivéssemos indo para Hogsmeade juntos. Então ... apenas, se
virmos meus amigos, eles podem parecer um pouco engraçados. ”

“Oh,” Chris disse, parecendo confuso, “Er ... ok? Você prefere não ir ao pub, caso eles
estejam lá? ”

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"Não!" Remus disse, rapidamente - ele sabia que estava causando um estardalhaço
desnecessário ao se explicar, "Eu só quis dizer ..."

"Lá vem eles!" Aquela voz maldosa os interrompeu novamente. Haviam acabado de
dobrar uma esquina e encontraram seu caminho bloqueado pelos dois sonserinos do
sexto ano.

"Ah, vai a merda, ta?" Remus suspirou, impaciente. "Vá e encontre outra pessoa para
irritar."

"Cuidado, Loony Lupin," Regulus gargalhou, "Viadinho!"

Chris ficou vermelho e olhou para os pés. Em um acesso de raiva, Remus retirou sua
varinha e adotou uma postura de duelo.

"Cai fora, Black!" Ele gritou "Ou direi à mamãe que você ainda joga quadribol!"

Regulus fez uma careta e puxou sua própria varinha.

"Sim", outra voz surgiu, "E vou contar a todos os seus amigos assustadores como você
molhou a cama até os dez anos!" Sirius apareceu no ombro de Remus, o fazendo rir.

"Isso é verdade?"

"Sim."

"Cale a boca!" Regulus explodiu, com raiva. Ele não ficava vermelho quando estava
envergonhado, mas ficou um pouco mais pálido. “Flagrante! ”

“Protego!” Sirius gritou, desviando da maldição bem a tempo.

"Apenas espere!" Regulus rosnou, recuando.

"O que você vai fazer, me dar detenção?" Sirius riu, "Estou tremendo nas minhas
botas. Corra, irmãozinho. ”

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Regulus cerrou os punhos.

"Você não é meu irmão!" Ele cuspiu enquanto virava e se afastava, Barty o seguindo,
parecendo irritado por não ter se divertido.

"Me serve bem." Sirius disse baixinho, entre respirações. Ele se virou para Remus e
Chris, "Três vassouras?"

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Capítulo 122: Sétimo ano: O cérebro do
crime

Não poderia ser uma coincidência que Sirius tivesse aparecido exatamente no
momento certo, mas Remus esteve tão aliviado no momento, que decidiu não tocar no
assunto. Black estava sendo tão amigável com Chris, e Remus não queria começar
nenhum tipo de discussão. O que quer que tenha acontecido naquela manhã fora
claramente ao acaso; estava tudo bem, todos estavam felizes.

“Eu não posso acreditar que ele ainda tenha permissão para ser um monitor.” Lily
disse, ferozmente, quando soube o que havia acontecido com Regulus. "Ele está pior
do que nunca este ano - e não me fale sobre o garoto Crouch, ele me dá arrepios." Ela
estremeceu visivelmente, e James colocou um braço galante em volta dela.

Christopher encolheu os ombros, nervosamente,

"Está tudo bem, eu posso lidar com esses dois idiotas."

Eles não mencionaram o que Regulus realmente disse durante a discussão, a pedido de
Chris. Ainda assim, ele parecia um pouco sobrecarregado, sentado com todos os
quatro marotos e a monitora-chefe no Três vassouras. O próprio círculo social de
Christopher era muito pequeno e geralmente muito mais silencioso.

"Devia lhes ensinar uma lição," disse Sirius, sinalizando para Rosmerta trazer outra
rodada de cerveja amanteigada.

"Outra lição" Remus suspirou, baixinho.

"O que você está pensando, Pads?" James se inclinou, animado.

“Eu preciso pensar muito.” Sirius respondeu, acariciando o queixo pensativamente,


como um velho professor.

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"Não fazemos uma pegadinha há anos," Peter acrescentou, os olhos brilhando, "Não
desde ... er ..."

“Das bubotúberas de pus.” Remus forneceu, bebericando sua bebida.

"É melhor se você apenas cobrir seus ouvidos, Christopher," Lily aconselhou
ironicamente, "Não há como pará-los uma vez que estejam no modo de
planejamento."

Remus mostrou a língua para a ruiva. Era verdade; ele já estava começando a sentir
aquele friozinho na barriga que sempre sentia quando os marotos embarcavam em
uma nova missão.

"Vocês não machucariam ninguém ... machucariam?" Chris olhou ansiosamente para
Sirius e James, que estavam fazendo sua comunicação telepática, sorrindo um para o
outro como loucos e balançando as sobrancelhas.

“Porque está preocupado com a gente?!” Black piscou, "Moony é o perigoso."

"Como você ousa." Respondeu, sorrindo, “Todo mundo sabe que vocês três me que
levaram para o mal caminho. De qualquer forma, é o sétimo ano e já fizemos tudo o
que havia para ser feito.”

“Tenha um pouco de imaginação!” James disse "Não acredito que estou ouvindo isso
do garoto que literalmente mudou o tempo apenas para dar uma risada."

"Foi você?!" Chris exclamou, parecendo afrontado. Lupin resmungou,

“Eu não fiz nada ‘literalmente’. Nós só mexemos com os relógios.”

"Quando você tinha onze anos," Sirius disse, "Você organizou sozinho um ataque de
pó de coceira em escala máxima aos meninos da Sonserina."

“Eram sementes de Rosa Mosqueta.” Remus corrigido.

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"E!" Peter acrescentou, saltando de entusiasmo ‘’Foi você quem aperfeiçoou o feitiço
de expansão do sabão quando explodimos todos os vasos sanitários no segundo ano."

“Ok, sim, eu ajudei com isso ..., mas foi um esforço de equipe!”

"Remus, não foi você quem inventou aquele feitiço de troca de palavras para impedir
os sonserinos de usar insultos?" Lily perguntou, sorrindo docemente em sua direção, a
língua entre os dentes.

"Ah, gostei desse!" Chris animou-se um pouco.

“Não fui eu que inventei.” Remus disse, "Eu só ... er ... fiz a pesquisa."

"Viu." James disse a Christopher. “Moony é o nosso cérebro do crime. Sem ele, não
seríamos as lendas que somos hoje.”

Christopher o olhou, evidentemente o enxergando sob uma perspectiva


completamente nova. Remus suspirou pesadamente.

"Eu odeio todos vocês."

“Isso significa que você vai nos ajudar com outra pegadinha?”

"...Sim."

“Eu também vou ajudar!” Chris disse, de repente, parecendo mais feliz do que antes.

"Ah, pelo amor de Deus." Lily gemeu. “Suponho que seja melhor alguém monitorar
vocês, mesmo que seja apenas por questões de saúde e segurança ... Estou dentro.”

"Excelente." James sorriu.

Remus sorriu de volta para todos eles, tentando ignorar a sensação de ansiedade
crescendo em seu peito.

***

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Segunda-feira, 3 de outubro de 1977

Caro Remus,

Desculpa não ter respondido antes, ‘tava muito ocupado. Também sinto muito pela
minha escrita ruim. Estou no pub da minha tia Val em Hove e é muito bom. Ela está
me deixando trabalhar aqui e ficar em seu quarto de hóspedes, mas vou me mudar
quando tiver algum dinheiro guardado. Espero que você venha me ver quando puder.
Você pode me ligar no número no final da página, se quiser.

Espero que a escola esteja ok. Espero que Syri Sirus Siry, seu amigo de cabelo
comprido, esteja cuidando de você tão bem quanto você cuidou de mim.

Muito amor de Grant Chapman.

P.S. Você viu que Marc Bolan morreu? Foi um acidente de carro. Pensei em você
quando ouvi e esperava que não tivesse muito triste.

Remus segurou a carta, escrita em um pedaço de papel pautado rasgado de um


caderno de exercícios, e suspirou de alívio. Ele o dobrou com cuidado e o colocou no
bolso, sorrindo para si mesmo. Grant estava seguro. Grant estava seguro.

"De quem era isso?" James perguntou, percebendo o sorriso dele.

"Um amigo de St Edmund's," Respondeu facilmente. Sirius ergueu os olhos e Remus


deu a ele um leve aceno de cabeça. O moreno sorriu também. Remus pigarreou e
voltou ao seu café da manhã, "Marc Bolan morreu."

"Ah não!" Mary, Lily e Sirius disseram em uníssono.

"Quem é-" James começou,

“O cantor do T.Rex.”

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"Ah sim! Não era aquela banda trouxa pela qual vocês dois foram obcecados no
primeiro ano? "

Mary resmungou, revirando os olhos,

"Puros sangue de merda."

“Ei.” Sirius disse, cutucando-a com o cotovelo. “Mas, essa é uma notícia realmente
péssima. Ei, eu sei o que deveríamos d- "

"Não." Lily disse, de repente, "Eu conheço esse olhar, Black!"

"O que?" Ele falsificou sua expressão mais inocente. Lily não se deixou enganar.

"Sem festas."

"Ah, vamos, Evans, é para ..."

"Eu vou te dizer o que eu disse a James." Ela balançou a cabeça, "Fazer festas de
aniversários está tudo bem, mas não durante os exames e não tão no início do ano!"

“Prongs?!” Sirius olhou feio para o amigo. Potter parecia estranho,

"Desculpe, cara, eu concordei com isso ... você sabe monitor-chefe e tudo ..."

"Traição!" Sirius apontou para ele dramaticamente, “Desonestidade! Felonia!"

"Tudo bem, acalme-se ..." Lily se levantou. "Estou deixando você comemorar o seu
aniversário, não é? Deixe James em paz.”

"Você vai embora?" James olhou para ela.

"Poções." Ela respondeu "Quero chegar cedo para perguntar algo a Slughorn."

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"Vou acompanhá-la." Potter se levantou também, ansioso. Sirius franziu a testa, mas
James não percebeu. Ele pegou a mão de Lily e disse, sem desviar o olhar dela, "Vejo
você depois, Pads? E até o almoço, Moony... ”

"Até mais," Remus acenou com a cabeça, pegando mais torradas.

Sirius ficou olhando para o casal enquanto eles saíam do salão, as cabeças inclinadas
perto enquanto conversavam alegremente.

"Você pode acreditar nisso?"

"O que?" Remus passou manteiga em sua torrada e refletiu sobre os méritos de mel
versus geleia.

“Prongs não quer uma festa!”

“Bem, ainda estamos bem no início do ano...”

“Essa hora, no ano passado, ele teria sido totalmente a favor. É ela."

"Nossa," Mary riu, "Eu sei o que há de errado com você, Sr. Black."

“Não há nada de errado comigo, eu sou o mesmo que sempre fui, é ...”

"Exatamente!" Ela arqueou a sobrancelha para ele, “Você nunca muda. Você está com
ciúmes."

“Pfft.” Sirius cruzou os braços e se ajeitou na cadeira. Suas pernas se esticaram sob a
mesa e bateram nas de Remus. "Como se eu tivesse ciúme dele."

"Não de James," Mary revirou os olhos, "Você está com ciúmes de Lily. Ela levou seu
melhor amigo embora e agora você está se sentindo negligenciado, certo? "

Black ficou muito quieto. Ele olhou para baixo e depois para Mary.

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“Não.” Ele disse, muito ferozmente, levantando-se. "Eu estou indo para Poções." Ele
murmurou, afastando-se da mesa do café da manhã. Mary suspirou profundamente, do
jeito que as meninas faziam quando achavam que os garotos estavam sendo
particularmente estúpidos.

"Honestamente." Ela resmungou. "Você concorda comigo, não é, Remus?"

Remus encolheu os ombros. Ele só queria tomar seu café da manhã em paz. Mary
resmungou para ele também. "Rapazes." Ela disse, exasperada “Aleijados emocionais,
todos vocês. Certo, eu tenho uma folga esta manhã, indo para a biblioteca. Vocês
querem?"

"Sim, mas eu tenho de fazer outra coisa."

“Como quiser,” ela sorriu, levantando-se e saindo também.

Finalmente sozinho, a mente de Remus começou a funcionar, o início de uma ideia se


formando. Ele não discordava exatamente de Lily - as festas eram uma grande
distração e não eram realmente justas com todos os outros. Mas, ao mesmo tempo, ele
odiava ver a empolgação de Sirius sumir; particularmente por causa de James, que
sempre fora uma força totalmente positiva em sua vida.

Não pode deixar de sentir que ele, Remus, deveria ser capaz de fazer algo para animar
Sirius. Afinal, ele havia feito coisas mais loucas antes. Mas o que fazer...

Para se distrair, ele releu a carta de Grant enquanto terminava de comer e, em seguida,
escreveu uma resposta rápida.

Caro Grant,

Obrigado pela sua carta. Estou tão feliz que tudo está indo bem com sua tia.

Eu adoraria ir vê-lo no Natal, se não então, talvez durante o verão. Tentarei ligar
assim que puder - espero que no primeiro fim de semana de novembro.

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Que notícia ruim sobre Bolan! Obrigado por me dizer, não recebemos essas notícias
aqui.

Me responda logo,

Remus

Enviaria para os Potters primeiro. Porém, isso não resolvia o problema de Sirius.
Estava com uma sensação tão forte de que precisava fazer algo - um gesto. Não
exatamente romântico, mas ... dramático. Ele queria fazer algo sozinho, algo que
deixasse Sirius orgulhoso dele. Isso não era segredo, Remus disse a si mesmo; não no
sentido usual. Seria uma surpresa. Um presente. Mas o que?!

Assim que Remus estava se levantando para deixar o corredor, Emmeline Vance
passou flutuando em uma névoa de perfume doce e cabelos loiros. Algo clicou no
cérebro de Lupin e ele correu para alcançá-la,

"Ei! Ei, Emmeline! Posso te pedir um favor…?"

***

Sexta-feira, 7 de outubro de 1977

Levou toda a semana entre as aulas e os deveres de casa, mas Remus finalmente o
resolveu a tempo para a manhã de sexta-feira. Era um pouco louco - razão pela qual
não havia contado a ninguém sobre isso. Eles poderiam achar que seria um pouco
estranho ir tão longe só para animar Black. Porém, valia tanto a pena, fazer Sirius
feliz.

As instruções de Emmeline foram relativamente claras, mas Remus fez alguns de seus
próprios ajustes para garantir. Ele a pagou com o resto de seus cigarros e jurou manter
segredo, embora ela tivesse dito que não contaria de qualquer maneira, porque gostou
muito da ideia - ela amava Marc Bolan também. Os próximos dias se passaram com o

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trabalho preliminar na biblioteca, escondido em sua escrivaninha favorita perto de
uma das janelas dos fundos, onde a luz era boa.

Sexta de manhã, acordou cedo - até mesmo mais cedo do que James - pegou
emprestada a capa da invisibilidade e se certificou de que tudo estava no lugar. Ele fez
uma anotação mental para melhorar a configuração de seus feitiços de tempo enquanto
bocejava pelos corredores, tocando em cada retrato, estátua e armadura com sua
varinha.

Quando todos estavam começando a acordar, Remus havia terminado e estava


cochilando em uma poltrona na sala comunal.

"Bom dia, Moony!" James o acordou alegremente, vestindo o kit completo de


quadribol e vassoura na mão.

"Mm bom dia..."

“Vejo você em Feitiços!” Ele disse enquanto saia pelo buraco do retrato. Remus
endireitou-se e ouviu atentamente.

Silêncio ... passos ... James assobiando ... então ... sim! A mulher gorda começou a
cantar em um falsete agudo.

“Ride it on out like a bird in the sky ways

Ride it on out like you were a bird

Fly it all out like an eagle in a sunbeam

Ride it on out like you were a bird…”

"Que porra é essa ?!" James exclamou.

Remus sorriu e deu um soco no ar. Funcionou.

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O resto da manhã foi um delicioso caos. Cada retrato no castelo começou a cantar
‘Ride a White Swan’, repetidamente - e não apenas os retratos. Cada rádio,
gramofone, toca-discos, estátua - qualquer coisa que pudesse fazer barulho agora
estava tocando o maior sucesso de Marc Bolan.

A melhor parte é que a maioria dos alunos nascidos trouxas cantavam junto, já que era
uma música cativante.

No final, o barulho estava tão ruim, que McGonagall anunciou que as aulas seriam
canceladas durante o dia, enquanto os professores decidiam como parar a cantoria -
Remus havia adicionado uma medida de segurança que significava que ‘Silencio’
apenas resultaria em um aumento de volume.

Sirius estava emocionado, é claro.

"Quem você acha que fez isso?" Peter perguntou, animado à mesa do café da manhã.

No fundo, algumas garotas do sexto ano cantavam junto com o barítono metálico das
armaduras.

“Wear a tall hat like a druid in the old days

Wear a tall hat and a tattooed gown

Ride a white swan like the people of the Beltane

Wear your hair long, babe you can't go wrong...”

"Eu não preciso pensar, eu sei." Sirius disse, presunçosamente.

Remus sorriu. Mary se inclinou ansiosamente,

"Quem?!"

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"Prongs, obviamente!" Black respondeu, "Provavelmente tentando me compensar,
sobre a festa."

O estômago de Lupin afundou. O idiota.

“Caramba”, disse Mary, “James? Sozinho?" Ela parecia cética. A boa e velha Mary.

“Incrível, certo?” Sirius continuou dizendo "Eu nem pensei que Prongs conhecesse
alguma música do T-Rex!"

"Hm." Remus murmurou, irritado, "Engraçado, isso."

"O que se passa com você?" Mary o cutucou "Achei que você gostasse de T-rex!"

"Eu gosto." Respondeu, com os lábios apertados e levantou-se. “Se as aulas foram
canceladas, acho que vou colocar alguns deveres de casa em dia.”

Sirius ergueu os olhos, confuso.

“Achei que íamos - er - jogar xadrez?” Remus encolheu os ombros,

"Não estou no humor." E saiu rapidamente, antes que seu aborrecimento se tornasse
muito óbvio.

Ele foi à biblioteca, é claro (era o único lugar silencioso do castelo), mas não
conseguia se concentrar em nada - além disso, alguém ousara se sentar em seu assento
favorito. Eram apenas dois alunos do segundo ano, da Grifinória também - se ele
quisesse jogar a carta de ser um Maroto, poderia facilmente fazê-los sair. Porém,
estava com vontade de sofrer em silêncio, então escolheu uma mesa menor.

Alguém havia esculpido algo na madeira - quem sabe há quanto tempo, tudo neste
castelo maldito era tão antigo. Era um poema - algumas linhas de um doggerel
adolescente.

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Nunca beije seu amante no portão do jardim

O amor é cego - mas seus vizinhos não!

Remus bufou. Estúpido. Nem rimava corretamente.

"Tudo bem, Moody?"

Ergueu os olhos para ver Sirius caminhando em sua direção, movendo-se suavemente
entre as grandes mesas de estudo. Um grupo de garotas sentadas atrás de si deu uma
risadinha ruidosa. Remus se afundou ainda mais em sua cadeira, cruzando os braços.

"Estou ocupado." Ele grunhiu, abrindo o livro mais próximo em uma página aleatória.

"Mm, você parece." Black agarrou uma cadeira, girou-a e sentou, cruzando os braços
nas costas do assento e apoiando o queixo, olhando para Remus daquele jeito irritante,
com aquele sorriso irritante.

"Vá embora." Lupin disse, olhando para seu livro.

"Moony." Sirius sorriu, "Foi você, não foi?"

Remus encolheu os ombros e Sirius bufou, "Seu idiota, por que você simplesmente
não disse?!"

"Não estava com vontade."

"Ok…"

"Eu não sei."

"Será que você é completamente louco, além de ser um idiota mal-humorado?"

"Cai fora." Remus estava começando a sorrir. Ele odiava que Sirius sempre pudesse
fazer isso. O moreno deu um pequeno suspiro.

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"Sabe, Moony, se você insiste em ser tão reservado o tempo todo, alguns mal-
entendidos vão acontecer..."

"Eu sei." Remus se sentiu desconfortável. Não estava acostumado com Sirius sendo o
mais lógico. "Desculpe." Seus ombros afundaram e ele olhou para baixo
nervosamente. "Você gostou?"

"Claro que sim, seu idiota!" Sirius exclamou, batendo a mão na mesa. "É incrível,
Remus. Obrigada. Eu...” Sirius se tornou levemente rosa, “Eu realmente amei. ”

"Você amou?" Remus o olhou.

"Sim. Sempre amei sua magia. É tão ... você. ”

"Cala a boca" Se sentiu corar. Estava ainda mais difícil não sorrir, todos os músculos
de seu rosto conspiravam contra ele.

Ele chutou o pé de Sirius por baixo da mesa. O moreno o chutou de volta.

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Capítulo 123: Sétimo ano: Escuridão incide

Sexta-feira, 4 de novembro de 1977 – 2 da manhã na Torre da Grifinória

“Acho que há algo interessante na ideia da mudança de cor.” James balbuciou, usando
sua taça para gesticular descontroladamente. Felizmente, estava vazia e nada havia
sido derramado.

"Nah, é muito óbvio," Sirius balançou a cabeça, tão bêbado quanto Potter, mas se
comportando muito bem, pela primeira vez.

"Além disso," Lily bocejou, de onde estava sentada no chão, a cabeça contra o joelho
de James. “O que mudaríamos? Suas vestes? "

"O dormitório inteiro deles!" Mary sugeriu, a única que ainda estava dançando,
mexendo os braços lentamente sobre a cabeça e girando os quadris ao som de uma
música sensual de Nina Simone. “Uma reforma completa! Rosa brilhante!"

"Mas por que rosa?" Sirius disse, "Algumas pessoas podem gostar de rosa."

"Ha, diga por você, Black!" Marlene fez uma careta para o moreno. Ela estava sentada
de cabeça para baixo em uma poltrona, as pernas balançando nas costas da cadeira, os
longos cabelos loiros tocando o chão. Seus olhos estavam fixos em Mary se movendo
em frente à lareira.

Eles eram os últimos sobreviventes após a festa de aniversário de 18 anos de Sirius,


que havia sido tão barulhenta e exagerada como de costume. O único aluno restante
que não era do sétimo ano era Christopher, que parecia estar lutando para manter os
olhos abertos, mas resistia bravamente, fazendo anotações para a pegadinha da
Sonserina que estavam discutindo no momento.

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"Mas como poderíamos conseguir suas vestes?" Peter perguntou, brincando com o
rótulo de sua garrafa de cerveja: “Tivemos o mesmo problema no primeiro ano,
lembra? Com o pó para coceira.”

"Ah, sim," James assentiu, "Isso mesmo - era mais fácil entrar furtivamente na sala
comunal do que descobrir como os elfos domésticos organizam a lavanderia...’’

"Como vocês entraram escondidos?" Marlene perguntou, franzindo a testa, "Não


poderiam ter aperfeiçoado um feitiço de invisibilidade aos onze anos ..."

"Não nos faça perguntas e não contaremos mentiras, McKinnon." Sirius piscou para
ela. O moreno também estava observando Mary dançar, seus olhos brilhando por
conta da embriaguez. “De qualquer forma, decidimos não fazer isso.”

"Você decidiu." James corrigiu.

"É meu aniversário!"

"Não, não é mais", Peter jogou uma almofada nele. Black jogou uma de volta, então
James lançou outra, e logo todos estavam bêbados jogando almofadas para frente e
para trás, rindo estupidamente.

"Certo," Marlene riu, depois de desviar de uma almofada grande e redonda de veludo,
"Estou indo para a cama." Ela colocou as mãos no tapete e jogou-se para frente,
levantando de forma equilibrada. A loira bateu em seus jeans, um pouco vacilante em
seus pés, então se dirigiu para o dormitório feminino.

"Nãooo," Mary agarrou-a pela cintura, "Não vá, Marls, dance comigo!"

Marlene riu levemente, mas Remus captou um estranho lampejo de aborrecimento no


rosto, normalmente sereno, da loira enquanto ela gentilmente se desvencilhava de
Mary e se afastava.

632
"Tenho certeza de que um dos meninos dançará com você." Respondeu brevemente,
"Boa noite, todos!"

"Boa noite!" Eles responderam em coro. Remus vagamente se perguntou o que estava
acontecendo entre as duas melhores amigas, mas estava bêbado e com sono demais
para pensar nisso por muito tempo.

"Acho que vou subir também." Christopher já estava de pé, como se estivesse
esperando que outra pessoa admitisse a derrota para que não fosse o primeiro. “Mas
não decidam nada sem mim!”

“Eu realmente não acho que alguém vá conseguir formular um plano esta noite.” Lily
bocejou novamente. "Vejo você amanhã, Chris."

"Boa noite." O menino mais novo acenou para todos com seu jeito desajeitado e
alegre.

"Se ninguém quiser dançar comigo", suspirou Mary, movendo-se para desligar o toca-
discos, "acho que é melhor dormir um pouco de sono de beleza também."

“Também vou” Peter se levantou, jogando fora o resto de sua bebida.

"E eu-" Lily estava se levantando, quando James a puxou para seu colo, abraçando-a.

“Não vá ainda ...”

“Mmm ...” Ela se enrolou nele, sonolenta, e os dois se tornaram uma unidade,
encasulados na grande poltrona de couro. Remus piscou com os olhos turvos e
maravilhou-se mais uma vez por eles terem caçoado James por anos sobre sua certeza
de que ele e Lily foram feitos um para o outro. Engraçado como as coisas
funcionavam.

“Absolutamente obsceno.” Sirius resmungou, fazendo uma careta para o casal. "Bem,
se é assim que a festa está, vou seguir o exemplo de Wormtail ... vem, Moony?"

633
"Sim." Remus se levantou do sofá que estavam compartilhando (mantendo uma
distância educada e discreta, como fizeram a noite toda).

Os dois seguiram Peter e descobriram que ele estava trancado no banheiro, escovando
os dentes ruidosamente e gargarejando. Remus se sentia exausto e sentou-se na ponta
da cama para esperar, bocejando e esfregando os olhos.

"Bom aniversário?" Ele perguntou a Sirius.

"Brilhante." O moreno sorriu de volta.

"Bom."

“... Se esperarmos até que Pete adormeça -”

"Má ideia, Padfoot, especialmente se James ainda não voltou. De qualquer forma,
estou exausto. " Ele bocejou novamente, como se para provar seu ponto, "Outra hora."
Isso era uma pequena mentira. Depois de muitos quase acidentes, Remus estava
tentando limitar a quantidade de tempo que passava na cama de Sirius. Parecia tão
sorrateiro e desonesto.

"Outra hora." Sirius suspirou. "Só ... é meu aniversário, e eu mal vi você."

“Eu estive aqui o dia todo!” Isso era verdade, é claro - mas também era uma verdade
para todos os marotos e para Lily.

"Você sabe o que eu quero dizer." Black balançou a cabeça, impaciente.

Remus sabia, mas não possuía uma resposta que agradaria a Sirius. Esse mesmo
problema continuava surgindo e, francamente, estava ficando cansado disso.
Especialmente porque não havia maneira de resolve-lo até que o outro finalmente se
decidisse. Cansado e ficando mais irritado a cada segundo, Remus se levantou e
começou a vestir o pijama rapidamente.

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Sirius ficou de pé e se aproximou dele, cruzando o feixe de luz da lua que marcava o
piso antigo. "Você não está me evitando, está?" Perguntou.

"Não!" Remus murmurou, "Estou apenas ocupado. Eu tenho um monte de coisas para
fazer”. Se havia dito isso uma vez, poderia dizer mais mil vezes.

"Ok." O moreno disse, lentamente. "Apenas, você sabe. Lily e James também estão
ocupados, mas ainda parecem encontrar tempo para... ”

“Mas não somos Lily e James, somos ?!” Lupin ergueu a sobrancelha. Honestamente.

Sirius parecia magoado.

"Não mas-"

"Essa foi sua decisão." Disse enquanto abotoava sua camisola. “O que foi que você
disse? Que não queria ‘gritar aos quatro ventos’. Achei que você queria assim.”

"Eu ..." Black parecia perdido.

Remus revirou os olhos, exasperado.

“Você disse que precisava de tempo. Eu estou dando a você. Mas você não pode
continuar reclamando disso. "

Sirius recuou. Então soube que havia vencido, mas não havia alegria na vitória.

Felizmente, Peter escolheu aquele momento para sair do banheiro. Ele foi direto para
sua cama, de cabeça baixa, acenando uma mão preguiçosa para eles,

"Boa noite, rapazes ..."

"Boa noite, Pete!" Ambos responderam alegremente.

***

635
Sábado, 26 de novembro de 1977

Naqueles dias, eles superavam pequenas brigas como aquela - eles podiam acordar na
manhã seguinte e estarem prontos para esquecer sobre o que quer que tenha
acontecido. Pelo menos, até a próxima briga. No final, o desejo de um pelo outro, seu
afeto - e acima de tudo sua amizade - pareciam fortes o suficiente para vencer
quaisquer outros problemas. Era um estado que, mais tarde, Remus descobriria que
não haviam dado o devido valor.

Além disso, havia uma guerra, o que pode ter explicado um pouco. Todo mundo
estava ligeiramente melodramático e com os nervos à flor da pele. As manchetes não
ajudavam:

MINISTÉRIO REVISTA TRÊS CASAS EM BUSCA DE ARTEFATOS PROIBIDOS

TERCEIRO ATAQUE DE VAMPIROS EM DUAS SEMANAS

O MINISTRO JENKINS RECUA NO ACORDO SOBRE OS DESAPARECIMENTOS

REVELAÇÃO DOS INSIDERS DO MINISTÉRIO SOBRE O REGISTRO DOS


LOBISOMENS SER "PERIGOSAMENTE MAL ADMINISTRADO"

Era tudo o que havia nos jornais. Algo estava acontecendo com os Sonserinos também
- mais do que as bobagens classistas usuais. Durante o verão - ou talvez antes disso -
uma nova hierarquia parecia ter se formado, criando divisões óbvias na casa mais
controversa de Hogwarts.

Regulus Black sempre carregou uma certa influência, é claro. O herdeiro da família
puro-sangue mais nobre, exclusiva e rica, era popular entre seu ambicioso grupo de
colegas desde seu primeiro dia de escola. O garoto se cercou de uma facção de alunos
puro-sangue que pareciam ficar mais desagradáveis a cada ano. Exceto Barty Crouch
Jr, talvez, que fora incrivelmente desagradável desde criança.

636
Agora em seu sexto ano, Regulus não fazia nada para dissipar os rumores de que não
era um simples Comensal da Morte, mas que estava em comunicação regular com o
próprio Lord Voldemort. Na verdade, Regulus parecia gostar do fato de seus poderes
terem aumentado. De acordo com Christopher, que tinha várias aulas com ele, até
mesmo alguns dos professores estavam observando o mais jovem da família Black.
Ele se comportava de maneira diferente., caminhava com as costas retas, o queixo
erguido, um sorriso afetado permanente em seu rosto pálido. Remus mal conseguia
reconhecer o garoto nervoso e perturbado que Sirius costumava chamar de 'Reggie'.

Regulus não era estúpido. Ele nunca recebeu uma detenção em todo o seu tempo na
escola, e era tão brilhante nas aulas quanto o irmão mais velho. Ainda assim, coisas
desagradáveis pareciam acontecer a todos ao seu redor. Um lufano do quarto ano que
(rumores diziam) derrubou um tinteiro na mesa de Regulus, enquanto ele estava
estudando na biblioteca, foi encontrado dois dias depois trancado em um armário de
vassouras nas masmorras, branco como um lençol e completamente mudao. Ele foi
enviado para casa para se recuperar e não foi visto desde então.

Uma tarde, houve uma confusão com o cronograma de treinos, causada pelo time de
quadribol da Corvinal, que ultrapassou em meia hora o horário combinado, fazendo
com que o time da Sonserina tivesse de ser realocado para o dia seguinte. No treino
seguinte da corvinal, todos tiveram que cancelar, assim como adiar a próxima partida
com a Grifinória, porque ninguém fora capaz de tocar em suas vassouras sem receber
centenas de pequenos estilhaços, que só conseguiram ser removidos por Madame
Pomfrey.

E as palavras 'sangue-ruim saiam!' Haviam sido esculpidas magicamente no quadro-


negro da sala de estudos dos trouxas, de modo que as aulas tiveram que ser movidas
para outro local enquanto os professores investigavam.

Claro, ninguém jamais questionou Regulus e, como não havia testemunhas de nenhum
desses crimes, nada poderia ser feito. Porém, todo mundo sabia, todos com alguma
participação na guerra sabiam. A crescente crueldade e prevalência de tais ataques

637
lançaram uma sombra sobre o castelo que todos os alunos sentiam agora, se é que não
sentiram nos anos anteriores.

Este pode ter sido o motivo de tantas pessoas quererem ajudar os marotos a planejar
sua próxima pegadinha. Embora isso também tivesse muito a ver com Christopher.

“Você contou a todos?!” Remus suspirou, exasperado, quando um aluno do terceiro


ano saiu correndo da sala de estudos, corado e sorrindo depois de oferecer seus
serviços à causa ('Eu explodo coisas o tempo todo em poções!', Ele explicou, sem o
menor traço de ironia. Remus garantiu a ele que James e Sirius ficariam emocionados
em ouvir isso.)

"Só mencionei isso a um amigo ..." Christopher respondeu timidamente. "Sabe, muitas
pessoas estão cansadas da Sonserina, e é sempre uma boa ideia obter uma ampla gama
de experiências ..."

“Os marotos não terceirizam suas pegadinhas.” Remus fungou com altivez enquanto
voltavam para a torre.

“Não é terceirização,” Christopher rebateu, “É ... er ... colaboração.”

“Nós também não colaboramos!”

"Por que não? Não é por isso que devemos lutar? Por inclusão?"

“Inclusão, sim. Igualdade, sim. Cooperativas de planejamento de pegadinhas? Não."

Christopher caiu no riso. Remus sorriu. O mais novo deu uma risada estranha e
estridente, como um burro. O que foi muito glorioso de se testemunhar.

“Então,” Christopher ofegou, recuperando o fôlego e enxugando os olhos, “Quais são


seus planos para o Natal? Ficar aqui de novo?"

"Mm, talvez ... ou ir para o Potter. Tudo depende se James vai ou não passar com a
família de Lily. "

638
“Ah, Merlin, não,” Chris fez uma careta, “Eu acho que preferia quando eles se
odiavam. As reuniões de monitores são tão chatas agora que eles passam o tempo todo
conversando. O suficiente para te dar dor de dente. ”

"Eu acho que é legal," Respondeu. "James é louco por Lily desde o segundo ano, se
ele finalmente puder dizer a ela como ela é incrível em vez de nos contar, então ainda
melhor."

"Sim, suponho que você esteja certo. Todos nós deveríamos ter tanta sorte.” O menor
suspirou.

Eles ficaram em silêncio por um tempo depois disso, apenas caminhando juntos.
Quando viraram a próxima esquina, Remus percebeu que eles não cruzavam com
ninguém há algum tempo. Tudo bem que era um sábado, mas não era um fim de
semana em Hogsmeade, e o tempo estava muito ruim para alguém estar do lado de
fora.

Finalmente, um aluno do primeiro ano veio correndo em direção a eles através de um


arco que levava à ala leste. Seus olhos estavam grandes e assustados, ela olhou para os
dois meninos mais velhos,

"Ooh", a menininha guinchou, "Não desça aí, é horrível!" e passou correndo por eles,
provavelmente de volta à sua casa.

Chris e Remus se entreolharam. O monitor lambeu os lábios, depois endireitou os


ombros ligeiramente, fechando a boca.

"Eu sou um monitor ... então é melhor ..."

"Eu irei com você." Remus deu um tapinha em seu ombro. Christopher acenou com a
cabeça, parecendo muito aliviado. Lupin desejou que James estivesse lá - ou Sirius.

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Eles caminharam lado a lado pela arcada e se viram envolvidos na escuridão total. Era
meio da tarde, e maior sabia que normalmente haviam janelas neste corredor e,
mesmo à noite, nunca ficava tão escuro. Algo estava muito errado.

“Lumus”, os dois sussurraram, acendendo as pontas das varinhas e erguendo-as,


lançando raios de luz branca nas lajes cinzentas, nas tapeçarias vermelho-sangue, nas
armaduras brilhantes. Parecia vazio. Christopher deu um passo corajoso à frente,
limpando a garganta,

"Olá? Tem alguém aqui?” Ele chamou.

Sem resposta, silêncio absoluto. O monitor se virou para olhar para Remus, apertando
os olhos e erguendo um braço contra o brilho da luz da varinha, "Talvez você deva
procurar um professor?"

"Volte comigo, então," disse Remus.

"Eu…"

Houve um barulho. Um barulho nojento, rastejante e viscoso, logo à frente de


Christopher. Os dois se viraram e apontaram suas luzes, mas encontraram apenas um
canto vazio. O coração de Christopher batia forte, ele cheirava a adrenalina e terror.
"Há algo aqui..." ele sussurrou, temeroso.

"Vamos," Remus insistiu, "Vamos buscar ajuda ..."

"Eu acho que está ali ..." Chris caminhou para frente novamente, e Remus o perdeu de
vista e teve que segui-lo pelo cheiro. O que era particularmente desconcertante - Lupin
nunca havia conhecido uma escuridão tão negra que não pudesse ver através dela.

"Chris ...?" Ele estendeu a mão, lançando sua luz ao redor.

"Eu encontrei ... é ... não! Oh Merlin, não! Não!" Christopher começou a gritar, em
algum lugar mais adiante no corredor.

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Sem pensar, Remus disparou para frente, seguindo os lamentos terríveis,

“Chris!”

Ele quase tropeçou no outro. Christopher estava enrolado no chão, as mãos cobrindo a
cabeça, balançando e soluçando. "O que…?" Remus perguntou, tremendo agora,
quando o mais novo apontou. Usou sua varinha para seguir o braço trêmulo de seu
amigo, finalmente lançando luz sobre seu algoz e quase gritou também.

Um cadáver - um cadáver horrível, podre e cambaleante, andava na direção deles


através da escuridão aveludada. Ele caiu para frente com uma inclinação pesada,
alcançando Christopher. Os olhos estavam intactos, amarelos e vermelhos - vagos e
famintos. O corpo ainda possuía a maior parte de sua pele; uma paleta grotesca de
cinza mosqueado e roxo profundo com hematomas. O morto gemeu, um som horrível
e chacoalhante através dos dentes amarelos tortos.

Remus ergueu sua varinha e ficou na frente de Chris. Ele estava prestes a disparar um
feitiço contra ele - a única coisa que conseguia pensar em curto prazo - quando fixou
seus olhos nos olhos famintos dele. Em um segundo, desapareceu.

Remus piscou, ofegante e, de repente, o corredor foi preenchido com uma luz pálida e
leitosa, uma lua cheia surgiu diante dele. O grito morreu em sua garganta e ele foi
tomado pelo horror - como era possível?! A lua só chegaria em uma semana! Ele
precisava correr, precisava se afastar de Christopher, mas ... espere um minuto.

"Eu sei o que você é!" Seu terror se transformou em euforia, quando ele ergueu a
varinha mais uma vez e gritou com confiança “Riddikulus!”

A lua começou a expandir e se transformar mais uma vez - desta vez em uma enorme
bola de praia branca, que começou a quicar e saltar pelas paredes, antes de explodir
em uma nuvem de bolhas de sabão. Remus riu, o mais alto que pôde nas
circunstâncias, e o bicho papão recuou. Ele aproveitou a chance e agarrou Christopher

641
- ainda enrolado, olhos fechados com força - por baixo do braço, arrastando-o de volta
para o arco o mais rápido que pôde.

Eles saíram do outro lado ofegando e piscando com força sob a luz. Chris estava
segurando as vestes de Lupin com força, sua respiração pesada e o rosto pálido.

"Porra." Remus murmurou, se sentindo muito trêmulo também.

"A-aquele era um bicho papão!?" O mais novo gaguejou.

"Sim, sim, foi ... Eu nunca vi um antes, você já?"

Chris negou com a cabeça. Remus deu um tapinha em suas mãos, desejando que ele o
soltasse.

"Ei, está tudo bem. Não era real, lembra? Vamos, temos que contar a alguém, antes
que outra pessoa se depare com isso ... "

"Eu vou." Chris disse, recuperando um pouco de sua coragem "Eu vou agora ... você
está bem para esperar aqui? Caso alguém venha?”

"É claro." Remus acenou com a cabeça, "Ninguém passará por mim." Ele sorriu,
tentando amenizar a situação, mas Christopher ainda estava muito abalado. Ele acenou
com a cabeça severamente e partiu, ainda segurando sua varinha.

Sozinho, ele enfiou a mão nos bolsos do manto profundo e puxou o mapa do Maroto.
Estava com ele há um tempo, devido a preocupação de que James pudesse dar uma
olhada um dia e se perguntar porque ele e Sirius estavam compartilhando o banheiro
com tanta frequência. “Eu juro solenemente não fazer nada de bom,” sussurrou,
batendo no pergaminho.

O mapa imediatamente ganhou vida, a tinta espalhando-se como vinhas pela página.
Remus o ergueu até os olhos e procurou freneticamente pelo bicho papão. Lá estava
ele, ‘Remus Lupin’, claramente marcado em uma extremidade.

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Ele acompanhou o comprimento com o dedo, o corredor estava completamente vazio;
aparentemente o bicho papão não apareceria no mapa, talvez não houvesse substância
material o suficiente. Ele chegou ao fim, havia um segundo arco do outro lado,
lembrou-se, coberto por uma tapeçaria. Três pessoas estavam esperando lá,
completamente imóveis. Bartô Crouch Jr, Garrick Mulciber e ... O estômago de
Remus afundou, embora não estivesse tão surpreso. Aqui estava, a prova em preto e
branco. Regulus Black.

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Capítulo 123.2: Compilados de Natal
Peter - O Guardião

My perfect cousin

What I like to do he doesn’t.

He’s his family’s pride and joy,

His mother’s little golden boy.

- ‘My perfect cousin’, The Undertones

James voava, seu robe vermelho esvoaçando, sua vassoura reta como uma flecha -
como em um pôster de quadribol. Isso deu a Peter o usual sobressalto de animação,
combinado a uma pontada doentia de inveja. Já era o sétimo ano escolar, e se ele não
estivesse no time agora, provavelmente nunca estaria. Pettigrew havia feito o teste
para entrar quase todos os anos - exceto quando Sirius tentou para batedor, fora bem
melhor ficar fora disso, não precisava de mais provocações.

Ele estremeceu dentro de sua capa. Só faltavam dois dias para as férias de Natal. Parte
dele não podia esperar - nenhuma aula por duas semanas inteiras. Presentes. Peru. As
tortas de mince da Sra. Potter. Mas então, ele nem tinha certeza iriam para casa
ainda; a lua cheia caia na noite de Natal e, por algum motivo, ninguém quis discutir
isso.

Remus nunca falava sobre luas cheias, nunca, o que parecia estranho para Peter, mas
Remus sempre foi estranho. James normalmente era o mais prático, mas ultimamente
todo o seu tempo estava ocupado com Lily, então ele não iria lhes dizer o que
fazer. Sirius era Sirius, e você nunca poderia falar com ele sobre qualquer coisa que
tivesse a ver com Moony, a menos que quisesse sua cabeça arrancada. Talvez esse
fosse apenas o problema de Peter; ele estava sempre dizendo a coisa errada.

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James tinha a posse da goles agora, soprou seu apito e jogou para a outra
artilheira; Emelia Eriksson. Ela pegou e mirou no arco, mas errou. Peter estalou a
língua, agitado. Ela sempre errava. No último jogo, a menina havia deixado a maldita
bola cair – que foi salva por James, ao pegá-la no ar e impedir que os Corvinos a
alcançassem. Se Peter pudesse mudar alguma coisa, Eriksson estaria fora do time.

James estava convencido de que Emilia iria melhorar e não dava ouvidos aos
conselhos de Peter. O que era bastante justo. Não que Peter fosse melhor de qualquer
forma.

O problema era que a única posição em que Peter já fora bom era a de goleiro. Ele
havia desempenhado esse papel quase exclusivamente durante a infância, quando
eram apenas ele e James todas as tardes. Sentia muita falta daqueles dias; dos dias que
tinha James só para si. Peter idolatrava Potter desde que conseguia se lembrar. Porém,
o tempo que você se dedica não contava muito - ele sabia disso. Como a posição do
goleiro. Peter era bom, mas não bom o suficiente. James sempre foi muito gentil a
respeito, mas James sempre era gentil.

Nunca bom o suficiente. Uma crítica comum, e, novamente; justa, Peter supôs. Havia


ouvido isso de sua mãe desde muito jovem - e de seu pai, (que partiu pouco depois
que completou seis anos e, desde então, ocasionalmente aparecia como convidado na
vida do filho). Não era quieto o suficiente, ou então, era quieto demais; lento demais
ou desajeitado demais. Não lia o suficiente. Não praticava o suficiente. A maior
vergonha de Peter fora não ter mostrado nenhum sinal de magia até quase onze anos,
enquanto James ("o garoto dos Potter", como era conhecido na casa dos Pettigrew)
conseguia levitar vários itens domésticos desde os dois anos.

Em Hogwarts as coisas eram praticamente iguais - Peter raramente se destacava nas


aulas, exceto em Astronomia, pois ele tinha uma boa memória. Ainda assim, havia
menos pressão na escola do que em casa; quando seus melhores amigos eram os três
bruxos mais talentosos do ano, ninguém realmente notava se você não estava indo
muito bem. Se fosse um puro-sangue, então melhor ainda - especialmente hoje em

645
dia. Ainda. Peter sabia que se alguém olhasse de perto, seria capaz de perceber. Ele
não era bom o suficiente.

Dezzie havia visto isso.

Peter mordeu o interior da bochecha para se distrair. Fazia isso com frequência,


especialmente quando Desdemona Lewis entrava em sua mente. Ela havia sido uma
anomalia completa em sua vida; a exceção que confirmava a regra. Incomumente
bonita, inteligente (uma maldita Corvina!), gentil, engraçada. E interessada nele; o
entediante, mediano e gordinho Peter Pettigrew. Sentia falta dela todos os dias. Pensou
que talvez estivesse apaixonado. Mas seria impossível, no final. Mesmo se ela não o
tivesse largado, Desdemona era uma mestiça. Sua mãe não aceitaria.

No entanto, ele sentiu sua ausência. Nunca tivera um nome para esse sentimento antes,
mas agora sabia que era solidão. Estava ali há muito tempo, talvez desde sempre. Peter
lembrou-se das primeiras pontadas quando Philomena foi embora para a faculdade e
depois quando ela foi embora de verdade. Ele se lembrava de sentir isso no momento
em que James e Sirius apertaram as mãos pela primeira vez.

Isso importou menos quando Dezzie estava por perto. Peter frequentemente se


perguntava se aqueles foram seus anos de glória - quem poderia imaginar que seria o
primeiro dos marotos a conseguir uma namorada? O primeiro a dar um amasso, o
primeiro pego beijando dentro de um armário. Até mesmo McGonagall ficou chocada,
quando ela lhes deu sua primeira detenção por 'comportamento inapropriado nos
corredores'.  

Havia o clube de xadrez, é claro. No segundo ano, implorou James para se juntar com
ele, mas é claro que Potter era muito descolado para esse tipo de coisa, e Sirius - que
era irritantemente bom em xadrez - riu na cara de Peter com o mero pensamento dos
marotos fazendo parte qualquer coisa tão certinha quanto clubes de xadrez. (Mas
ninguém zombava do grupo de estudos de Moony, como isso era justo?!) De qualquer
forma, no quarto ano, Dezzie o convencera de que ele deveria apenas entrar, se
gostava tanto de xadrez. Então ele entrou.

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Peter descobriu que poderia ser o maroto menos descolado, mas era o garoto mais
legal do clube de xadrez de Hogwarts. Eles eram ok - não o tipo de pessoa que James
e Sirius gostariam, eram principalmente puros-sangues, e muitos deles Sonserinos
também. Snape até aparecia ocasionalmente e (embora Peter nunca ousasse mencionar
isso a James) eles conseguiam colocar suas diferenças de lado na maior parte do
tempo e jogar algumas partidas muito boas. Bem, antes daquele desastre no quinto ano
- e isso nem havia sido culpa de Peter, culpe Sirius se você quer culpar
alguém. Culpe Moony.

James soprou seu apito e os jogadores ainda no ar, começaram a descer. Peter também
se levantou e começou a descer os degraus de madeira até o chão. Poderia ter alguns
minutos para conversar sobre táticas com James antes que Lily aparecesse. Ele
resmungou para si mesmo quando alcançou os últimos degraus. Maldita Lily, ela era
pior do que Sirius. Potter praticamente desapareceu, desde que eles começaram a sair.

Como seria quando terminassem a escola? Peter teria que voltar e morar com sua mãe,
e ela esperava que ele trabalhasse no ministério; seu padrasto poderia conseguir um
estágio em administração ou algo parecido. Não achava que seria muito ruim no
trabalho administrativo. Alguns de seus amigos no clube de xadrez mencionaram que
também poderiam ajudá-lo. Muitos deles possuíam conexões realmente
boas. Disseram que alguém tão bom em táticas quanto ele não teria problemas para se
encaixar.

Ah, lá vem Lily agora. Mary também. Peter suspirou, recuando. Elas não o tinham


visto. Considerou se transformar e apenas fazer uma fuga fácil. Poderia ir e encontrar
Dorcas. Ela era um pouco irritante, mas pelo menos o deixava apalpá-la às vezes.

Ou ele poderia ir e procurar Remus, que com certeza estaria na biblioteca - ainda tinha
que começar sua redação de Feitiços e havia se esquecido de fazer anotações. O bom e
velho Moony era geralmente bastante prestativo, se você o subornasse com bastante
chocolate.

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Lily acenou para ele perto dos vestiários. Ele levantou o braço e acenou de
volta. Enterrou as mãos nos bolsos, estampou um sorriso jovial e se dirigiu para
ela. Bata um papo rápido, diga tchau para James e depois encontre outra coisa para
fazer. Talvez alguém esteja a fim de um jogo de xadrez.

*goleiro de quadribol em inglês é keeper, e keeper é também guardião, então Peter


cresceu sendo o keeper do James(quadribol) e eventualmente o secret keeper
(guardião do segredo). Só um jogo de palavras interessante no capítulo.

***

Mary - A Leoa

See me pon the road I hear you call out to me,

True you see mi inna pants and ting,

See mi in a 'alter back

Sey mi gi' you heart attack

Gimme likkle bass, make me wine up me waist

Uptown Top Ranking

- ‘Uptown Top Ranking’, Althea & Donna

Mary folheou um exemplar velho do Witch Weekly, entediada. Ela olhou para o


relógio na mesa de cabeceira de Lily - o treino de quadribol estava quase acabando,
poderia descer e encontrar Marlene em um minuto.

Odiava ficar sozinha e odiava se sentir perdida. Consequências de crescer em um


pequeno apartamento com uma grande família, talvez. A ideia de ficar sentada em seu
quarto em casa lendo uma revista em total silêncio era cômica. Sempre havia um

648
irmão pulando na cama, ou batendo na porta, ou se escondendo no armário brincando
um, já abandonado, jogo de esconde-esconde.

E então sua mãe entraria, resplandecente com um bebê no colo, colher de pau na mão,
cabelo enrolado em um lenço amarelo brilhante como uma coroa.

“O que cê pensa que tá fazendo garota? Levanta e ajuda com o jantar! "

Ela sorriu para si mesma com a memória. Mary sempre se sentia tonta de saudade de
casa na época do Natal - ela ansiava pelo barulho e pelas cores do lar. Grandiosa como
Hogwarts era, o castelo nunca parecia realmente confortável.

A menina deslizou para fora da cama preguiçosamente e se espreguiçou, depois foi até
o espelho de corpo inteiro para se olhsar. Ficou o mais alta que pôde, erguendo o
queixo e esticando as panturrilhas, depois se virou de um lado para o outro, se
retorcendo para verificar se a saia caía bem sobre os quadris, se o peito não estava
marcando muito obviamente.

Sorriu. Estava bonita. Usando sua minissaia de camurça marrom favorita (Lily havia


ficado boquiaberta ao ver; "Mas e quando você se sentar?!"), uma blusa de gola alta
amarelo mostarda e um colete marrom bordado numa estampa paisley, que havia
comprado em um mercado em Southall no ano passado. Mary gostava de chamar
atenção - ela sabia que não teria esse corpo para sempre; por que não o exibir?

McGonagall ficaria chocada se a visse, mas era um dia livre de uniforme, então a
velha morcega não podia dar detenção, apenas olhares de desaprovação, e Mary estava
acostumada com estes; ela os recebera de velhas brancas durante toda sua vida. Em
seguida, foi até a cômoda e vasculhou a gaveta de cima em busca de um batom
adequado.

Vermelho. Vermelho da Grifinória; então sua roupa a faria esbanjar orgulho da


casa. Isso poderia fazer Marlene sorrir, pelo menos - mesmo que Marls não entendesse
a devoção de Mary à moda, ela pelo menos apreciava o esforço. McGonagall gostava

649
de Marlene, é claro, porque ela não era muito feminina e jogava
quadribol. Mary gostava de Marlene porque, em sua primeira noite em Hogwarts,
quando pensou que morreria de sofrimento por sentir falta de sua família, a loira fez
mais hilária imitação, personificando a aparência severa da Professora Minerva e o
sotaque escocês, fazendo com que não pudesse respirar de tanto rir.

Marlene sempre sabia como fazer você se sentir melhor; ela seria uma curandeira
realmente boa, um dia. Mary não tinha certeza do que queria fazer depois da
escola. Elas sempre disseram que conseguiriam um apartamento legal juntas em
Londres, e fariam festas todo fim de semana – embora, agora com Lily e Potter
namorando, provavelmente seriam apenas Marlene e Mary. Talvez Remus também -
Mary tinha a impressão de que ele era tão sem objetivo quanto ela, em termos de
carreira.

O problema era - e Mary não admitiria isso para ninguém - ela simplesmente
não queria um trabalho no mundo mágico. Não conseguia ver o que havia de especial
para ela. Ninguém em sua família poderia usar sicles ou nuques ou qualquer outro de
seu dinheiro de bruxo estúpido, então qual era o ponto? Mas é claro que ela não
possuía nenhuma qualificação trouxa, então era um beco sem saída de qualquer
maneira. Sua prima havia feito um curso de datilografia no verão passado, e a mãe de
Mary insistiu para que se inscrevesse em um assim que Hogwarts terminasse. Muitas
vezes ela fantasiava em conseguir um emprego de moda em uma revista ou gravadora,
enfeitiçar uma máquina de escrever para trabalhar sem supervisão e passar seu tempo
flertando com modelos masculinos e estrelas pop.  

Ela terminou os lábios, depois lambeu o dedo indicador e alisou as sobrancelhas, antes
de endireitar a saia mais uma vez e sair do dormitório. A morena pulou vários degraus
no caminho para baixo, mesmo com suas botas de saltos altos - Lily brincava com ela,
dizendo que seu patrono era provavelmente uma gazela. Bem, até o final do ano
passado, na aula de Defesa Contra a Arte das Trevas, Mary finalmente produziu o seu
- uma leoa.

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"Olá, Mary!" Connor Fitzpatrick, um sextanista ruivo muito sardento, se
aproximou. Mary tentou não revirar os olhos, embora fosse difícil. Ele a emboscava
assim há semanas, estava ficando ridículo.

"Olá, Connor." Ela sorriu, continuando seu caminho. O menino a seguiu.

"Você está linda!"

"Obrigado."

Ugh. Mary às vezes se perguntava se ela havia se acostumado mal, saindo com Sirius
Black e Roman Rotherhide em rápida sucessão, no sexto ano. O problema de ter os
dois garotos mais bonitos da escola como seus primeiros namorados sérios era que,
uma vez que esses relacionamentos acabaram, as opções ficavam um pouco
limitadas. Ela não era superficial (embora Marlene a tivesse acusado disso em
algumas ocasiões), mas também não era facilmente conquistada - apesar de alguns
rumores muito desagradáveis.

A questão era: os meninos ficavam chatos depois de um tempo. O lado físico das
coisas sempre fora a melhor parte, ela nunca teve nenhum escrúpulo a respeito; um
bom momento era um bom momento; mas sempre havia a parte emocional. O que
nunca pareceu se alinhar muito bem com nenhum deles. Os rapazes eram ou muito
distantes, como Sirius, ou muito grudentos, como Roman - esperando que você os
rondasse o tempo todo. "O que você quer?" Marlene suspirava "Que eles te venerem?"

Mary respondia "Não, claro que não!" Mas era uma grande mentira. Por que ela não
deveria querer ser venerada pela pessoa com quem estava transando? Para que mais
serviam os homens?! Marlene não entendia, então passou a aceitar isso.

"O que você vai fazer, mais tarde?" Connor estava perguntando agora.

“Ah, estou muito ocupada hoje. Até o Natal, na verdade.” Ela balançou a cabeça,


andando mais rápido.

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Eles haviam passado pelo buraco do retrato agora, e estavam se movendo rapidamente
ao longo dos corredores de pedra em direção à saída mais próxima ao terreno
aberto. O garoto seguia atrás dela como um pequeno cachorrinho tagarela, e sua
paciência estava se esgotando. Mesmo que Connor fosse dez vezes mais bonito, ele
era do sexto ano e Mary tinha critérios.

"Talvez no ano novo, então?" Ele estava acompanhando-a. Saltos altos estúpidos.

“Erm ... olha, eu acho que não. Desculpe, Connor.”

"Ah, qual é, seja legal, você saiu com Eric Leith, ele contou!"

Isso a irritou. Eles haviam chegado a uma escada agora, e - para sua sorte – ela decidiu
começar a se mover assim que chegaram na metade do caminho, o que significava que
teriam que parar e esperar até que pousasse. Ela cruzou os braços e se virou para olhá-
lo nos olhos.

"Não sei do que você está falando."

“Sim, você sabe, ele nos disse. Você e ele, na parte de trás do Cabeça de


Javali, ele disse que você o deixou colocar...”

Mary sacou sua varinha, furiosa agora, e a segurou contra o queixo sardento e idiota
de Connor.

“Escuta aqui, seu nojento! Eric Leith é um idiota mentiroso. Fui tomar uma bebida
com ele duas vezes, e ele se esqueceu de trazer dinheiro nas duas - e ele ainda me deve
por isso. Ele te disse isso?" Connor balançou a cabeça, dando um passo para trás e
quase tropeçando nos degraus de mármore, ela continuou, avançando sobre ele. Sou a
porra de leoa, seu pervertido. “Eu não deixaria Eric Leith me tocar nem com uma vara
de três metros, muito menos com aquelas mãozinhas sujas. Só fui com ele porque senti
pena dele - ele é patético, e você também, então dê o fora.”

652
A escada se reconectou com um ruído pedregoso naquele momento, e Connor
cambaleou para trás, recuando para a torre. Mais corajoso à distância, seu rosto
contorcido de vergonha, ele zombou dela,

“Sua puta suja! Como se eu fosse gostar de você! Só tentei porque todos dizem que
você é fácil."

“Suas palavras não me machucam.” Ela resmungou, guardando a varinha e descendo


as escadas, com as bochechas quentes e a garganta apertada. Mary manteve a cabeça
erguida. Você nunca podia deixá-los ver como a faziam se sentir. Nunca poderia
deixá-los saber que funcionou. "Corra, seu pirralho!"

"Sangue ruim!" Ele cuspiu do topo da escada antes de dar meia-volta e sair correndo.

Sua respiração ficou presa em seu peito com isso. Ela segurou o corrimão e apertou os
lábios. Bruxos do caralho.

***

Lily - A Irmã

Would you believe in a love at first sight?

Yes I'm certain that it happens all the time.

What do you see when you turn out the light?

I can't tell you, but I know it's mine.

Oh I get by with a little help from my friends.

- ‘With a little help from my friends’, The Beatles

Querida Lily,

653
Mamãe e papai disseram que em sua última carta você perguntou se poderia trazer
seu 'namorado' para casa no Natal este ano. Queria escrever e dizer que acho que
você está sendo incrivelmente egoísta. Você sabe que este é meu primeiro Natal de
verdade com Vernon, e sabe o quanto eu esperava que ele conhecesse a família de
maneira adequada.

Estou acostumada com você tentando roubar meu holofote em todas as ocasiões
possíveis, e tenho sido extremamente gentil com isso há sete anos, mas esta é
absolutamente a gota d'água. Não posso acreditar que você tenha sido tão imprudente
a ponto de convidar um pequeno romance de verão, quando Vernon e eu estamos nos
vendo há dois anos. Você sabe o que ele significa para mim e sabe como ele se sente a
respeito de elementos prejudiciais.

Se você se atrever a estragar meu Natal, NUNCA vou falar com você DE NOVO.

Sua irmã,

Petúnia Ann Evans.

Lily lutou contra as lágrimas ao terminar de ler a carta. Ela ficou tão animada quando
o envelope chegou na mesa do café da manhã, reconhecendo a caligrafia de
Petúnia. Fora tola o suficiente para guardá-lo para depois, quando pudesse ler em
particular.

E agora aqui estava ela, em seu lugar favorito perto da janela da sala comunal da
Grifinória, as mãos tremendo e quase chorando. Dobrou a carta e colocou-a no
bolso. Ela balançou a cabeça ferozmente e olhou pela janela, respirando
profundamente e desejando que o nó em sua garganta se desfizesse,

Não vale a pena chorar por aquela vaca idiota! Palavras de Severus - Lily não
conseguia deixar de ouvi-las sempre que Petúnia a machucava. Mesmo depois de tudo
que Sev tinha feito, ainda era um conforto. Você vale dez dela!

Melhor não pensar em Sev por muito tempo, ou então ela nunca pararia de chorar.

654
A ruiva assoou o nariz no lenço do bolso e ergueu os olhos. Mary uma vez lhe disse
que se fosse chorar, olhar para cima ajudava. "Não desperdice seu rímel", disse
sorrindo. Lily sorriu também, pensando nisso e se sentiu melhor.

Ugh, bem, isso resolvia tudo. James definitivamente não poderia ir no Natal. Ela


realmente o queria lá. Cada vez mais, Lily se sentia uma estranha ao visitar sua
casa. Quase não possuía amigos em Cokeworth agora; todos iam para a escola de
Petúnia, a Grammar local, e fizeram Niveis-O ou Níveis-A, ou então foram para a
faculdade de datilografia. Alguns deles até tinham empregos, ou namorados fixos
prestes a pedi-las em casamento. Lily não podia contar a nenhum deles quais eram
seus planos, ou qualquer coisa sobre Hogwarts, a qual achavam que era uma escola
particular ultra chique, como a de Cheltenham Ladies. Sabia que todos pensavam que
ela era um pouco esnobe agora, e suspeitava que isso pudesse ter algo a ver com
Petúnia.

Claro, não havia dúvida que Lily passaria o Natal na casa dos Potter, por mais que ela
gostasse da ideia. Os natais da família de Evans eram extremamente importantes para
os pais dela, principalmente para o seu pai, que sempre ficava feliz ao ter Lily de volta
na casa após o período escolar.

Apenas teria que explicar para James - felizmente, sabia que ele entenderia. Fora uma
revelação e tanto, talvez a mais surpreendente de todas, descobrir o quão
compreensivo e atencioso James poderia ser. A maneira como ele cuidava de Remus
provou isso para ela.

Provavelmente era hora de ir encontrar James agora, na verdade; o treino terminaria


em um ou dois minutos. A ruiva enxugou rapidamente os olhos apenas para ter
certeza, e olhou para seu reflexo fantasmagórico no vidro da janela para verificar seu
rosto. Lily corou com sua própria futilidade. Ela nunca havia dado a mínima para sua
aparência antes.

Saiu do corredor das pinturas em direção ao terreno. Potter estaria de bom humor logo
após o treino, mesmo que tivesse sido ruim. Estaria mais receptivo a más notícias. Lily

655
ensaiou em sua cabeça exatamente o que planejava dizer - melhor não mencionar a
carta de Petúnia, melhor enquadrá-la como sua própria ideia. Não queria que James
soubesse como sua irmã se sentia sobre magia, ou bruxos, ou qualquer coisa. Já era
ruim o suficiente que ele fosse um puro-sangue e ela tivesse que explicar todas as
outras coisas trouxas para ele.

Isso era injusto, Lily se repreendeu. Pelo menos, James se importava o suficiente para
perguntar - pelo menos, ele estava genuinamente interessado. Ela se lembrou do olhar
de desgosto de Snape quando fazia qualquer coisa que o lembrava de sua condição de
nascida trouxa. E ele era mestiço.

"Com licença!" Connor Fitzpatrick, um garoto da Grifinória mais jovem, passou


correndo por ela, batendo em seu ombro com força.

“Ei!” Lily gritou, enquanto ele continuava marchando de volta para a sala


comunal. Ela tomaria nota disso. Por que os meninos tinham que ser tão rudes?

Ela reajustou o vestido, rapidamente. Era uma jardineira azul marinho sobre um suéter
creme com gola pólo. Um pouco mais curto do que ela gostaria, mas estava usando
uma boa meia-calça grossa, e Mary sempre dizia a ela que suas pernas eram sua
melhor característica. Potter havia concordado, e ela o bateu, embora secretamente
pensasse nisso o tempo todo.

A ruiva desceu os degraus lentamente, sentindo o cheiro de pinho, laranja e


cravo. Natal em Hogwarts era maravilhoso, e pensar que esse seria o último! Se
lembrou do primeiro dia, cruzando o lago no pequeno barco a remo com Severus,
sentada no Salão Principal e apenas olhando para tudo. Magia nunca parou de
surpreendê-la. Se pudesse, ela nunca iria embora.

Lily teve algumas conversas com McGonagall, no início daquele ano, sobre o que era
necessário para se tornar uma professora em Hogwarts. Minerva havia sido gentil, mas
sugeriu que tentasse um emprego fora da escola primeiro para obter alguma
'experiência de vida'. Muito justo, supôs Lily. Ela sabia muito pouco sobre o mundo

656
mágico, na verdade. Além disso, a única coisa que acha que fosse boa o suficiente
para ensinar, seria Poções, e Slughorn não parecia estar pronto para se aposentar tão
cedo. Talvez um emprego em um boticário. Seu gentil professor de Poções mencionou
que possuía vários contatos nessa área, se ela estivesse interessada.

Fez uma anotação para falar com James sobre isso, algum dia. Ela valorizava a
opinião dele, nesse tipo de coisa - e afinal, seu avô havia sido um famoso mestre de
poções.

"Oh, oi, Lily!" Mary estava saindo de um dos banheiros das meninas pela grande
entrada. A morena parecia uma modelo saída da revista Jackie. Mary amava os dias
sem uniformes.

"Oi!" Lily sorriu, “Devemos ter saído da Torre quase na mesma hora. Vai encontrar a
Marlene?”

“Sim, pensei em ir já que estava no caminho. Vai encontrar Potter? "

"Yep."

Elas caminharam juntos, de braços dados, aconchegando-se uma na outra enquanto


saíam no ar frio do inverno. Mary cheirava a mulher adulta com perfume que um
menino comprara para ela no último dia dos namorados. Lily gostaria de ter tanta
confiança.

“Como está o Potter? Até onde vocês já foram? Strip total?”

"Ah meu Deus, Mary ..."

"O que?!" Ela deu uma risadinha, brincalhona, “Eu só estou curiosa. Nunca estive com
James. Nem mesmo um beijo.”

"Que bom." Lily revirou os olhos.

“Dois de quatro não é ruim. Nunca quis ficar com Peter, pobrezinho.”

657
"Mm, ainda não tenho certeza se acredito em você e Remus..."

"Pergunte a ele." Ela deu de ombros, confiante. “O que vocês dois vão fazer, depois
disso? Ficar aninhadinhos no sofá de sempre?”

“Eu preciso contar que ele não poderá vir para casa comigo no Natal,” Lily mordeu o
lábio, franzindo a testa. Elas haviam chegado ao campo agora, e os jogadores estavam
pousando, pelo que parecia.  Acenaram para Peter, sentado na arquibancada. “Tuney
não quer - o namorado dela vai passar conosco, então suponho que não seja justo ...”

"Ugh, maldita Petúnia." Mary resmungou: “Aquele namorado pescoçudo dela pode ser
grande, mas ele não ocupa muito espaço. Você deveria ver o nosso apartamento no dia
de Natal - quinze de nós em volta da mesa, isso que é um jantar tranquilo.”

“Sim, mas eu não quero chatear ela ...” Lily estava distraída agora, observando a
descida de James. Deus, ele era fantástico na vassoura. Ela sentiu um rubor quente
começar em seu pescoço, subindo em direção às suas bochechas. Na noite anterior,
eles foram um pouco mais longe do que o normal, e ele havia colocado sua mão por
baixo do elástico do sutiã. Ela suspirou, e ele também, enquanto murmurava contra
seus lábios - ah Lily, ah, tão linda ... a ruiva praticamente se dissolveu em uma poça.

“De qualquer forma”, Mary estava dizendo, “Você está completamente maluca pelo
garoto. Tudo é justo no amor e na guerra, não é? "

"Mm..." Lily murmurou, sem realmente ouvir.

***

Marlene - A Vadia

Some people think little girls should be seen and not heard

But I say...

Oh Bondage! Up yours!

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Bind me, tie me Prenda-me, amarre-me

Chain me to the wall Acorrente-me na parede,

I wanna be a slave to you all eu quero ser uma escrava a todos vocês

Oh bondage, up yours! Ah sujeição! Vá se foder!

Oh bondage, no more! Ah sujeição! Não mais!

Oh bondage, up yours! Ah sujeição! Vá se foder!

Oh bondage, no more! Ah sujeição! Não mais!

- ‘Oh Bondage! Up Yours', X ray Spec

Marlene deu uma volta rápida ao redor do campo de quadribol enquanto James
treinava a nova artilheira, Eriksson. Ela era um lixo, mas o melhor que haviam
conseguido em um curto período de tempo. Ah, bem, Marlene pensou consigo mesma,
eles ganharam a taça todos os anos desde que ela entrara no time, não importava se
perdessem este ano.

Voou o mais rápido que conseguia, sentindo o vento em seu rosto, assobiando em seus
ouvidos, vendo as arquibancadas abaixo. A loira agarrou seu bastão e fez alguns
movimentos de prática. Ela sentiria muita falta de bater nas coisas, uma vez que as
aulas terminassem.

Estava nervosa; era só energia, ela disse a si mesma. Assim que Marlene pensou nisso,
o coração começou a bater forte, seu estômago embrulhou e teve que diminuir a
velocidade e voar mais baixo para parar de balançar. Ufa. Não se sentia assim há
algum tempo. A menina sorria e se permitia ser feliz. Se permitia sentir a felicidade,
desinibida e sem vergonha ou constrangimento.

659
James apitou e ela pousou rapidamente, ansiosa para um banho. Podia ver Lily e Mary
esperando por ela - bem, Lily provavelmente estava esperando por James – e ela
queria evita-las por mais um pouco.

"Tudo bem, McKinnon?" Yaz gritou para ela perto dos vestiários "Se divertindo aí em
cima?"

Marlene revirou os olhos e fingiu ignorá-la. Ela estava com calor devido ao exercício,
então seu rosto já estava vermelho - uma camuflagem útil. A loira correu para um
cubículo de chuveiro rapidamente, querendo pegar aquele que havia o melhor controle
de temperatura na outra extremidade.

"Ooh sua vadia!" Yaz falou do próximo cubículo enquanto Marlene se


despia. "Deveria estar na Sonserina!"

“Demorou, perdeu, Patel!” Marlene gritou de volta, sorrindo para si mesma. Ela girou


o registro até a temperatura perfeita - não muito quente, mas boa o suficiente para
fazer nuvens de vapor subirem ao redor do chuveiro. Então entrou debaixo da água,
"Aah!" ela comemorou, para irritar Yaz ainda mais, "Exatamente como eu gosto!"

Houve silêncio por um momento, e então, baixo - de modo que apenas as duas
pudessem ouvir -

"Atrevida, Marlene."

McKinnon inclinou a cabeça para trás para encharcar o cabelo e mordeu o lábio. Esse
havia sido o sinal mais claro até agora. As borboletas voltaram ao seu estômago.

Yaz havia se juntado ao time de quadribol neste semestre - ela era uma Grifinória do
sexto ano com quem Marlene havia falado apenas uma ou duas vezes antes. Porém,
desde setembro, quando a outra se tornou a nova artilheira, as duas se encontravam
bastate. Yaz era brilhante, atlética e tática, a combinação perfeita, equilibrada e em
forma. No início, Marlene havia apreciado sua habilidade. Então, depois de ter o
coração partido durante o verão, Yaz se tornou uma distração agradável.

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Mary nunca iria acontecer. Marlene havia aceitado isso há muito tempo. Ou ela
pensara que havia. Depois da revelação surpreendente de Remus naquela primeira
noite na Cornualha, a tensão se tornou quase insuportável para Marlene, e ela contou
tudo para sua melhor amiga em uma torrente de lágrimas e beijos ansiosos. Assim que
se acalmou, Mary a abraçou com força e acariciou seus cabelos como uma mãe,
enquanto gentilmente a largava. Não é o que sinto por você. Eu te amo. Mas não
assim. Depois de quatro anos adorando sua amiga, sua vivaz, linda e irritante amiga,
Marlene lidou a rejeição pior do que esperava.

Ela tentou não descontar em Mary, que nunca a havia enganado, nunca fizera nada
que não deveria, nada de propósito. Mesmo assim, foi difícil. McKinnon se sentiu
péssima; que tipo de pessoa horrível ela seria se ficasse com raiva de sua melhor
amiga por algo que nenhuma das duas poderiam controlar? Que tipo de vadia sem
coração ela seria?

Então, quando Yaz flertou pela primeira vez - sim, Marlene tinha certeza de que
estava flertando agora - ela ficou relutante em responder. Cometer o mesmo erro
terrível duas vezes seria mais do que poderia suportar. Então ela esperou e foi
amigável, mas não muito amigável. Cada piscadela da outra garota era recebida com
um sorriso brilhante. Cada comentário tímido com uma risadinha inocente. Mas agora
ela tinha certeza.

As borboletas bateram as asas novamente e foi bom. Emocionante. Começar algo


novo. Depois do verão, pensou que nunca poderia ter aquela sensação novamente - as
chances pareciam tão impossivelmente empilhadas contra ela. Enquanto Marlene
lavava o cabelo, por algum motivo, ela pensou em Remus. Algumas vezes,
ultimamente, havia pensado em falar com ele. Se sentiu culpada; Remus sempre foi
uma figura problemática, tão corajoso e forte e, ainda assim, por algum motivo, tão
reprimido e bloqueado. Explodindo com emoções, mas aparentemente incapaz de
expressar qualquer uma delas. E agora todos eles sabiam por quê, sentia tanta pena
dele. Queria dizer algo no caminho de volta das aulas de cura, que era a única vez que

661
eles ficavam sozinhos. Ela esperaria por um corredor vazio, viraria para ele, e diria
bem baixo “Eu também, Remus. Você não está sozinho.”

Mas não o fez, e o tempo estava se esgotando. Em breve, nada disso importaria mais; a
escola acabaria e eles começariam suas vidas, as coisas infantis seriam deixadas de
lado. Marlene lia os jornais. Sabia o que estava por vir e que não haveria mais tempo
para problemas egoístas.

“Ei, McKinnon,” a voz suave e cantante de Yaz chamou por cima dos chuveiros
sibilantes. “Eu estou com um machucado, você pode dar uma olhada? Ouvi dizer que
você é a aprendiz estrela de Pomfrey .."

“Hum ... ok, posso olhar, só um minuto—” Marlene desligou o chuveiro rapidamente
e torceu o cabelo. Ela era péssima em usar feitiços para secar, então teria que enfia-lo
sob seu gorro de lã.

Houve uma batida na porta de seu cubículo. McKinnon se enrolou em uma toalha com
pressa e destrancou a porta, as mãos tremendo um pouco. Yaz também estava de
toalha, seus longos cabelos escuros como uma corda de veludo preto sobre um ombro,
olhos negros brilhando como galáxias gêmeas, cheios de provocação e
travessura. Marlene teve que lutar para não morder o lábio novamente.

"Mm." Yaz sorriu, entrando e fechando a porta atrás de si, "Está bom e quente aqui."

"Onde está o ... o ... machucado?" Marlene respirou fundo, observando o vapor se


assentar nos ombros marrons e quentes de Yaz e rolar em riachos, encharcando a
toalha fina.

"O que você vai fazer depois?" A outra perguntou, ainda sorrindo "Quer dar uma
volta?"

"Er ... minha amiga Mary está lá fora ..."

Yaz encolheu os ombros,

662
“Você a vê o tempo todo. Venha dar uma volta comigo.”

“Hum. sim. Ok." Oh uau. Agora que estava acontecendo, ela não tinha ideia do que
fazer. "O... machucado?"

"Ah, sim", Yaz riu, jogando a cabeça para trás e tocando um dedo na mandíbula,
"Bem aqui ..."

Marlene se inclinou para frente para ver, e Yaz virou a cabeça suavemente, pegando-a
em um beijo, bem nos lábios.

Borboletas.

***

Sirius - O Quebra-cabeça

When the day is done

And the sun goes down

And the moonlight’s shining through

Then like a sinner before the gates of heaven

I’ll come crawling home back to you.

- ‘Bat out of Hell’, Meat Loaf

Ele ia contar a James. Assim que soubesse o que dizer.

Puta que pariu, como foi tão fácil para Moony? Deve ser uma das grandes ironias da
vida que o misterioso Moony, indefinível e incompreensível tenha sido capaz de abrir
sua alma de forma tão simples e sem esforço. Porém, isso era o Remus da cabeça aos
pés. Esse era empate. Quando pensava que o havia entendido o suficiente para vê-lo
claramente, outra parte se revelava e toda a imagem se transformava diante de seus

663
olhos. Camada após camada, até perceber que nunca o conheceu de verdade. Era ao
mesmo tempo fascinante e frustrante.

James era o oposto; o que você via era o que você tinha, e Sirius o amava ferozmente
por isso. Porque você sabia onde estava. Ele nunca o enganara ou deixara espaço para
mal-entendidos. Eles nunca haviam brigado, nem em sete anos de amizade e, no que
dizia respeito a Sirius Black, isso era nada menos que milagroso.

Eles 'tinham discussões', é claro. Não era estranho ouvir o tom de repreensão de


James, ou mesmo - muito pior - sua decepção. O quinto ano veio à mente - embora
Sirius sempre tentasse esquecer disso assim que se lembrava. A questão é que James
Potter e Sirius Black quase sempre estavam em perfeita harmonia, e tem sido assim
desde que se conheceram no Expresso de Hogwarts. James era sua outra
metade. Sua melhor metade, pensando bem. O fato de que algo estava acontecendo na
vida de Sirius que James não estava ciente seria impensável dois anos atrás.

Mas era isso que Moony fazia. Ele simplesmente entrava e virava tudo de cabeça para
baixo e então desaparecia antes que você pudesse recuperar o fôlego. Sirius às vezes
sentia como se tivesse passado os últimos dois anos tentando descobrir qual era o
caminho certo. Não que estivesse reclamando, não que não fosse incrível pra cacete,
mas ele seria o primeiro a admitir que não era bom nesse tipo de coisa. Não era como
se ele tivesse algo em que se basear.

Remus era capaz de colocar uma data nisso. Havia sido tão claro para ele; ele sabia o
exato momento em que tudo mudou. Mas Sirius não. Obviamente, deve ter tido um
momento, um segundo em que, de repente, havia se dado conta. Mas nada vinha a
mente. Sempre não havia pensado que Moony era um pouco especial? Não havia
sempre querido se aproximar?

O moreno gemeu e enterrou a cabeça no travesseiro ao lado dele. Sim, ele


definitivamente tinha que contar a James.

Estar com Moony era fácil. Dizer a outras pessoas não era.

664
Ele se levantou e saiu da cama. Um movimento decisivo. Havia pensado nisso o
suficiente por um dia inteiro. Estava ficando muito complicado, era melhor encontrar
outra coisa em que pensar. Sabia por experiência própria que se passasse muito tempo
sozinho, sua mente começava a falar fora de seu controle. Dizendo-lhe coisas que não
gostava de ouvir sobre si mesmo. Sobre o que outras pessoas pensavam dele. Melhor
interromper, deixar outra pessoa distraí-lo.

Onde estava Prongs? Quadribol. O que significava que Peter estaria assistindo. Sirius


não suportava sentar-se ao lado de Wormtail nas arquibancadas, observando Potter se
divertindo e fingindo que ambos não estavam loucos de inveja.

De qualquer forma, se o treino acabasse, isso significava que Evans estaria lá para
encontrar James. E Sirius não era tão patético ainda, não a ponto de seguir aqueles
dois esperando por uma migalha de atenção. Bem, isso realmente não lhe deixou outra
escolha, com um sorriso malicioso, decidiu para si mesmo. Moony. Ele foi até a mesa
de cabeceira de Remus e puxou o mapa do Maroto.

Sim, lá estava Prongs, zunindo para frente e para trás no campo oval. Peter na
arquibancada, Marlene contornando o perímetro - provavelmente entediada, pobre
garota, os exercícios de James podiam ser maçantes. Evans e MacDonald pareciam
estar juntas, acabando de entrar no terreno agora. Observou suas bandeirinhas, o
progresso constante. A marcação foira ideia de Remus, mas os delicados pergaminhos
com os nomes foram Sirius. Era muito bem feito, produzindo um feito espetacular de
magia - mas a apresentação era tudo. Essa era a diferença entre ele e Remus – entre a
magia deles, pelo menos. Poder bruto versus sutileza espontânea.

Regulus estava nas masmorras. Sirius não pôde deixar de verificar. Era bom saber que
ele estava onde deveria estar. Talvez se estivesse cercado por Sonserinos, não estaria
atormentando ninguém, pela primeira vez. Black sabia que não era da sua conta - que
precisava cortar os laços com seu irmão, que ele era apenas mais um Comensal da
Morte agora, apenas outro inimigo. Porém, era mais difícil do que parecia. Às vezes,
quando não tinha mais nada para fazer, espiaria Regulus. Como aquele dia em

665
Hogsmeade - e havia sido útil, não? Ele salvou Moony e aquele garoto irritante do
sexto ano, completamente por acidente.

Agora, onde estava Moony ...? Sirius examinou o mapa, todos os lugares habituais - a


sala de Feitiços (Sirius nunca conseguia se lembrar quando as sessões de estudo
estavam programadas), a biblioteca, as cozinhas ..., mas não, ele não estava em
nenhum desses lugares. O moreno tentou não ficar muito nervoso enquanto procurava
rapidamente por seu amigo - não, em nenhum de seus esconderijos habituais - e por
que Remus estaria se escondendo? Havia algo errado que Sirius não sabia? Isso
sempre foi uma possibilidade. Havia ele deixado a escola novamente, como naquela
vez que foi enfrentar o lobisomem? Ah Merlin, o que diabos o idiota decidiu enfrentar
agora?!

Ah. Não. Lá estava ele. Remus Lupin, dizia a bandeirinha, e Sirius teve que rir de si
mesmo. Estava apenas na maldita sala comunal. A poucos metros de
distância. Colocou o mapa de volta e se endireitou. Se olhou no espelho ao sair da sala
e descer as escadas.

Eles podiam ficar uma ou duas horas sozinhos, antes do jantar, desde que ninguém
aparecesse no dormitório. Um jogo de gobstones, ou snap, ou apenas ouvir um disco,
talvez. Há quanto tempo eles não tinham espaço para relaxar juntos? Mas é claro,
Remus parecia querer fazer qualquer coisa, menos relaxar atualmente; era estudar,
estudar e estudar.

Sirius alcançou o final da escada e olhou em volta, procurando por Remus. A sala
comunal estava quase vazia, apenas um pequeno grupo de alunos do primeiro ano
trocando cartas de sapo de chocolate em um canto, um quinto ano conectado em seus
fones de ouvido, a cabeça balançando descontroladamente no parapeito da janela. E
Remus, afundado em sua poltrona favorita, a cabeça apoiada em um cotovelo
dobrado, um livro enorme no colo. Dormindo profundamente, roncando muito
suavemente.

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Sirius parou perto dele, com as mãos na cintura, e sorriu. Estudar, estudar e
estudar. Ele deveria estar exausto. Sirius cedeu. Talvez Moony não precisasse de uma
hora tentando distrair Sirius de seus próprios pensamentos. Talvez ele só precisasse de
um bom descanso. Black se afastou e sentou-se no sofá em frente. Pegou um exemplar
do Profeta Diário e começou a fazer as palavras cruzadas, levantando os olhos sempre
que possível.

Ele parecia tão diferente, adormecido. Sem seus olhos atentos e vigilantes abertos, o
rosto de Remus se suavizava, fazendo-o parecer mais jovem; mais frágil. Cicatrizes
prateadas refletiram a luz cinza do inverno, o único sinal externo de quão
impossivelmente forte ele era. Quão resiliente e resistente. Sirius lembrava de
querer ser Remus, quando pequenos. Os astros do rock que Black adotou como heróis
durante aqueles anos pareciam muito mais com Moony, eles pertenciam
ao seu mundo. Ele era feroz e descolado, ligeiramente selvagem - não aceitava merda
de ninguém, muito menos de adultos. No Largo Grimmauld, nas férias, Sirius pensaria
em seu amigo mestiço, se perguntando o que ele diria quando Walburga o irritasse. Ele
não teria medo. Ele não cederia.

E então - não, Sirius nunca poderia ter certeza de um momento específico ou de uma
mudança repentina. Porque talvez sempre pareceu inevitável para ele. Porque, a
quem mais Moony poderia pertencer? Quem mais além de Sirius poderia querê-lo
tanto?

O buraco do retrato se abriu atrás dele e uma rajada de ar frio entrou, perturbando o
calor da lareira. Black suspirou, ouvindo os passos familiares de James, e a risada
musical de Lily. Ele se preparou para forçar um sorriso e lançou um último olhar para
Remus, dormindo profundamente, as bochechas rosadas.

"E aí!" James saltou sobre o encosto do sofá, jogando seu eu estúpido e desajeitado ao
lado de Sirius e batendo-o no braço. Sirius bateu de volta,

"Tudo bem? Bom treino?"

667
Remus acordou, espreguiçando-se, bocejando e sorrindo estupidamente para Lily, que
deu um tapinha na cabeça dele, encostado na cadeira.

"Desculpe, amor", disse ela, suavemente, "Não queria te acordar."

"Não era para eu ter dormido," Ele respondeu, erguendo o livro pesado no outro braço
da cadeira e esfregando as coxas como se estivessem doloridas. Olhou para Sirius e
deu-lhe um sorriso rápido e secreto. O moreno desviou o olhar, timidamente.

Mary e Peter entraram com eles e ficaram parados, um pouco sem jeito. Nada de
Marlene. Sirius se perguntou se elas estavam brigando de novo - Marlene tinha estado
muito triste ultimamente, e quase não estava por perto.

"Vim só deixar meu kit", disse James, acenando para sua grande mochila de
quadribol, em uma pilha no chão. “E depois vou descer para um chá da tarde. Vocês
querem vir?"

"Sabe de uma coisa." Peter disse, de repente, olhando para seu jogo de xadrez, em uma
prateleira alta no canto mais distante da sala. “Acho que vou ficar aqui e ver se alguém
quer um jogo.”

"Vou descer com você", disse Mary, "Ver se Roman está por perto."

"Eu pensei que vocês dois tivessem se separado?" Lily ergueu uma sobrancelha. Mary
deu de ombros, a mão no quadril. Sirius conhecia aquele olhar muito bem. Mary
queria algo e ela iria conseguir.

“Moony? Padfoot? " James olhou para seus dois amigos. Remus bocejou,

“Nah, desculpe cara. Muita leitura para fazer.”

Sirius ergueu suas palavras cruzadas,

"Estou bem interessado nisso, na verdade."

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"Esquisitos." James bufou, antes de se erguer, tão rapidamente quanto se
acomodou. "Tudo bem, me dê cinco minutos, Evans." E caminhou em direção ao
dormitório com sua bolsa, assobiando alegremente.

Cinco minutos se passaram, e todos conversarvam ao redor deles, antes de seguirem


em suas diferentes direções, acenando adeus e finalmente deixando a cena tão pacífica
quanto a haviam encontrado. Sirius e Remus não se moveram, apenas fingiram olhar
para o livro e palavras cruzadas, dois amigos, contentes na companhia um do outro.

Sozinhos, ergueram os olhos. Os de Remus queimavam tanto, estavam tão cheios de


cada segredo sombrio, de cada momento privado. Sirius engoliu seco, emocionado e
atônito. Remus sorriu, e a força disso era o suficiente para nocautea-lo.

"Tudo bem?" Perguntou, suavemente.

"Sim." Sirius sussurrou de volta.

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Capítulo 124: Sétimo ano: Natal Parte 1

Em uma infeliz reviravolta do destino, a lua cheia de dezembro de 1977 caiu no dia de
Natal. Todos os marotos concordaram em ficar em Hogwarts até o fim, com um plano
de viajar de volta para os Potter no Boxing Day. Lily fez todos eles prometerem que
se encontrariam o mais rápido possível no Beco Diagonal.

"É o único lugar no qual meus pais me deixam ir sozinha," ela explicou a Remus, "Eu
queria ir para os Potter também, mas eles são protetores e ainda não conheceram
James."

"Por que não convidar James para sua casa?" Remus sugeriu. Lily mordeu o lábio e
encolheu os ombros.

“É um pouco complicado. Talvez para as férias da Páscoa.”

Foi um Natal desanimado, na verdade. James estava com saudades de Lily. Peter
obviamente desejava estar em casa, não preso na escola. Sirius ficava ansioso e
nervoso sempre que ele e Remus estavam no mesmo quarto com outra pessoa, e o
próprio Remus estava mal-humorado e irritado, esperando a lua chegar.

Eles também não fizeram nada muito natalino, a não ser descer para almoçar com os
outros alunos que haviam ficado. Haviam prometido à Sra. Potter não trocar presentes
até que estivessem todos juntos.

"Eu me sinto horrível." Remus suspirou, enquanto enrolava o cachecol em volta do


pescoço, pronto para começar a se dirigir à Casa à frente de seus amigos. “Vocês
deveriam estar em casa. Eu poderia ter ficado sozinho - ou usado seu sótão
novamente, Prongs. ”

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"Não seja bobo", James balançou a cabeça corajosamente, "Eu sei o quão ruim é para
você no sótão, amarrado daquele jeito. A Casa é o melhor lugar - pelo menos podemos
todos correr um pouco.”

E ele estava certo, é claro. Todos precisavam de uma boa corrida e, pela manhã,
Remus acordou e olhou para os rostos rosados e sorridentes de seus amigos, e sabia
que todos se sentiam muito melhores.

Não poderiam sair imediatamente, é claro, Madame Pomfrey não permitiria. A Lupin
foi prescrita sua manhã normal de sono, e ele esperava que os outros marotos
estivessem aproveitando a oportunidade para fazer o mesmo.

Quando acordou na enfermaria, Sirius estava sentado na cadeira ao seu lado, sorrindo,
com duas malas aos seus pés.

"Estarei pronto quando você estiver!" Ele disse alegre, e Remus sentiu uma pontada
de culpa novamente. Sirius precisava voltar para casa, para os Potter, tanto quanto
James.

"Você fez as malas para mim?" Remus se sentou, piscando, "Caramba."

"Claro que não," Black bufou, "Prongs quem fez. Porém, eu me certifiquei de que ele
guardasse o livro da sua mesa de cabeceira. "

Lupin abriu a boca para falar, mas o moreno levantou a mão, “E aquele debaixo do
seu travesseiro. Não se preocupe, Moony, nada passa por mim. "

"Obrigada" Remus sorriu. "Deixe-me me vestir, então ..."

"Tem certeza que você vai ficar bem para usar o pó de flu?" Sirius perguntou,
enquanto Remus saía da cama, seus pés descalços pousando nas pedras frias. Ele se
sentia um pouco fraco e tonto, mas não pior do que o normal. Assentiu,

"Sim. Já aparatei uma vez depois da lua cheia, lembra? "

671
"Ok. Mas você deveria dizer, se não estiver se sentindo bem. "

"Eu irei. Passe minha calça jeans, por favor? "

Sirius obedeceu. Remus se vestiu lentamente, checando seu corpo a cada movimento,
certificando-se de que tudo estava funcionando como deveria. Ele estava morrendo de
fome, mas disposto a esperar pela comida da Sra. Potter. "Onde estão os outros?"
Perguntou, agora curvando-se para amarrar os cadarços.

"Sala comunal," O moreno respondeu e ergueu seu espelho compacto de prata, "Tenho
que avisar ao Prongs quando estivermos a caminho do escritório de McGonagall, eles
nos encontrarão."

"Excelente." Remus acenou com a cabeça. Ele parou por um momento, tonto de novo,
e fingiu estar apenas se espreguiçando.

"Moony?"

"Mmm ...?" Remus começou a colocar seu segundo sapato, concentrando-se muito.

"Vou contar ao Prongs no Natal."

"O que?!" Ele se levantou tão de repente que teve que agarrar o braço de Sirius para
parar de cambalear. Sua cabeça girou e teve de piscar algumas vezes enquanto o
equilíbrio se restaurava. "Contar ao ... Prongs?"

"Sim." Sirius parecia muito pálido, seus olhos grandes, "Se estiver tudo bem para
você? Acho que seria melhor.”

"É claro. Sim. Quero dizer. Uau. Porque agora?"

Black encolheu os ombros,

"Alguém tem que ceder. E eu sou louco por você."

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O rosto de Remus ficou quente e ele desviou o olhar, cutucando o dedo do pé de Sirius
com o seu,

"Fique quieto."

"Nunca." Sirius colocou a língua para fora. "Então está tudo bem?"

"Sim. Claro que sim. Você vai me contar ... quando acontecer?"

"Com certeza. Eu quero escolher a hora certa.”

"Ok."

"Eu vou buscar Pomfrey agora, certo?"

"Obrigada." E com isso, Sirius ficou de pé e desapareceu atrás da cortina. Remus ficou
parado por alguns minutos, atordoado. Bem. As pessoas sempre poderiam te
surpreender.

***

A tarde do Boxing Day nos Potters foi uma mudança de ritmo bem-vinda. Euphemia
queria saber tudo sobre Lily, e Fleamont queria saber como a nova formação de
quadribol da Grifinória estava funcionando. Isso levou a uma discussão muito longa e
complexa entre Peter, Sirius, James e seu pai, enquanto eles reclamaram do pobre
novo apanhador - algo Eriksson - e se preocupavam se este seria ou não o fim da
sequência de seis anos de vitórias do time.

No final, Remus e Euphemia os deixaram e foram para a cozinha ajudar Gully a lavar
a louça. A Sra. Potter puxou uma cadeira para perto da pia e disse,

“Apenas sente aí, meu amor, e você pode secar. Não quero que fique em pé a noite
toda, ou nunca vai se levantar amanhã. E parece que os meninos planejaram muitas
coisas.”

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Eles trabalharam em um silêncio amigável por um tempo, Remus praticou vários
feitiços de secagem antes de desistir e apenas usar um pano de prato. Talvez nunca
fosse ficar bom em encantamentos domésticos.

"Vem com a prática", sorriu Euphemia. Seu rosto estava suave a luz e, embora
parecesse cansada e mais velha do que Remus se lembrava, ela parecia contente e
relaxada. Exatamente como uma mãe deveria parecer em sua mente.

"Sra. Potter?"

"Sim, querido?"

"Você conheceu meu pai, não é?"

“Lyall? Um pouco, mas não muito bem. Monty o conhecia melhor, eles se cruzaram
no Ministério uma ou duas vezes ... e eu acredito que ambos gostavam de algumas
cervejas de sexta à noite no Caldeirão Furado - ela estalou a língua indulgentemente.

"E quanto a Hope?"

Euphemia encostou o prato que estava prestes a entrega-lo e o olhou. O menino


engoliu em seco, “Hope Lupin? Minha mãe. Ela era uma trouxa. "

"Sim, eu sei, querido. Eu só a encontrei uma vez.”

"Mas você a conheceu." Ele olhou para a mãe de James, maravilhado. Por que isso
nunca ocorreu a ele antes? Ela tirou o avental amarelo brilhante e se sentou na cadeira
ao seu lado.

“Fomos apenas apresentadas. Estávamos ambas grávidas na época, fora a única razão
de que me lembro. Ela era muito mais jovem do que eu, e - como disse - uma trouxa.
Nós vivíamos em círculos sociais diferentes, eu suponho. Lyall era um homem muito
reservado.”

"Como ela era?!" Remus perguntou, desesperado, "Ela era ... legal?"

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"Ah, Remus," Euphemia estendeu a mão e pegou a dele, que estava fria com a louça e
parecia um pouco familiar demais. Ele não queria aborrecê-la, então a deixou fazer
isso. “Ela era muito simpática, pelo que me lembro. Coisinha tímida, cabelo loiro e
um sorriso adorável. Muito pequena, lembro-me de ter pensado - embora, perto de
Lyall, qualquer um parecesse pequeno. Não me lembro qual foi a ocasião, mas ambas
estávamos enormes - lembro-me dela me dizendo que daria à luz em março. Eu disse a
ela para entrar em contato se precisasse de alguma coisa, mas temo que ela nunca o
fez. Talvez não soubesse como. "

Remus olhou para baixo. Se ele tivesse saído de sua infância intocado, talvez, com o
tempo, sua mãe pudesse ter feito mais amigos. Talvez tivesse feito amizade com a Sra.
Potter, e talvez todos eles pudessem ter passado o Natal juntos.

"Recebi uma carta," disse lentamente. “Quando eu fiz dezessete. Ela, Hope, escreveu
antes de me entregar para o Lar. Ela disse... ela disse que eu poderia tentar encontrá-
la. "

“É isso que você gostaria?”

"Não sei. Talvez ela tenha mudado de ideia depois de todo esse tempo. "

"Remus." Euphemia disse, muito ferozmente: "Posso prometer que ela não mudou de
ideia. Se você quiser procurar sua mãe, é só me dizer. Monty pode fazer isso em um
instante. ”

Remus ergueu os olhos finalmente, e sorriu.

"Obrigado."

Ele foi para a cama cedo e foi acordado por Sirius, se esgueirando para debaixo de
suas cobertas. A casa estava silenciosa e estava muito escura.

"Desculpe," Black sussurrou, cheirando levemente a conhaque e com o corpo quente


enquanto passava os braços em volta de Remus, "Não queria te acordar."

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"Sim, você queria." Murmurou, sonolento. "Ainda não disse ao Prongs, então?"

"Nah," Sirius balançou a cabeça contra seu braço, enterrando o rosto sob o edredom,
"Eu pensei amanhã. Depois do Beco Diagonal, antes do jantar.”

"OK." Remus suspirou, fechando os olhos e voltando a dormir. Pouco antes de


adormecer, ele sussurrou: “É melhor colocar um alarme ou alguma coisa então, para
que você possa voltar para sua própria cama, antes...” Mas não. Sirius já havia
adormecido profundamente.

***

Terça-feira, 27 de dezembro de 1977

"VAMOS! VAMOS! SE APRESSE!" James estava gritando da escada enquanto


Remus procurava por seu gorro de lã.

"Acalme-se seu lunático, estamos quase prontos!" Sirius gritou de volta, de onde
estava se checando no espelho de corpo inteiro.

"Não gritem dentro de casa, meninos!" Euphemia gritou da cozinha.

“Não consegui encontrar. Você guardou? " Remus bufou, pendurado na moldura da
porta.

“Eu te disse, eu deixei as malas para o Prongs fazer. EI, PRONGS! VOCÊ
ESQUECEU O GORRO DE MOONY, SEU BASTARDO! "

“EU PEDI PARA VOCÊ ME AJUDAR!” James gritou de volta "VOCÊ DISSE QUE
EU TINHA TUDO SOB CONTROLE!"

“EU ACHEI QUE VOCÊ TINHA!”

"DESCULPE, MOONY!"

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“ESTÁ OK, PRONGS!” Remus se juntou, um pouco envergonhado. "Eu vou sem."
disse "Não está tão frio."

"Pegue o meu," Sirius deu de ombros, jogando a cabeça de novo, ainda se olhando no
espelho, "Eu não quero bagunçar meu cabelo, de qualquer maneira," Accio gorro. "

O gorro de lã vermelho de Sirius, com o brasão de um leão da Grifinória, saiu


disparado da lixeira que ele chamava de quarto, e Remus o agarrou no ar e o colocou
em sua cabeça.

"Ok. Vamos!"

"Finalmente!" James os encontrou no final da escada, onde já estava esperando há


meia hora.

“Onde está o Wormtail?”

“Mandou uma coruja, não estava a fim de ir, aparentemente. Mal-humorado idiota.”

"Sim, bem, pela primeira vez, não o culpo por não querer ir de flu para Londres em
um dia de inverno só para ver você e Evans se beijando." Sirius brincou.

“Isso não é tudo o que fazemos!” As orelhas de James ficaram vermelhas. "De
qualquer forma, se isso for verdade, por que você e Moony estão vindo?"

“Eu quero alguns livros novos e ele é um voyeur.” Remus encolheu os ombros.
"Vamos andando?"

Lupin lembrou-se de manter os olhos e a boca fechados dessa vez, e gostou de pensar
que chegou à lareira do Caldeirão Furado com alguma dignidade, mesmo que tivesse
tropeçado na grade de ferro fundido. Felizmente, tropeçou direto nos braços de Lily, já
que a ruiva os esperava ansiosamente.

“Ufa!” Ela disse, cambaleando, mas se mantendo em pé. "Oi, Remus!"

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"Oi", ele riu, recuperando o equilíbrio, "Meu herói!"

"Tarde demais, Prongs," Sirius disse, limpando-se, enquanto passava habilmente sobre
a grade, "Você já a perdeu para um homem melhor."

“Era inevitável, suponho.” James sorriu, seguindo-o para fora. Lily largou Remus
imediatamente e se jogou em James, que parecia emocionado até os ossos.

Eles conseguiram encontrar uma mesa para se sentar no pub lotado e pediram quatro
cervejas amanteigadas.

"Está cheio, não?" Remus disse, levantando a voz por cima do barulho enquanto abria
caminho entre a multidão de clientes com as bebidas.

"São as vendas", disse Lily, casualmente, "Oxford Street está tão ruim quanto, eu
estive lá com mamãe esta manhã."

"Alguém aqui que conhecemos?" Sirius perguntou, levantando a cabeça para olhar
para os rostos.

“Um ... acho que não ... Ooh, er, eu vi Frank, mais cedo - você se lembra de Frank
Longbottom? Ele foi monitor-chefe em nosso primeiro ano.” Lily disse, antes de
abaixar a cabeça e se concentrar em sua bebida - e na mão de James, que estava em
seu quadril, serpenteando lentamente por baixo de seu suéter de lã verde.

Assim que terminaram as bebidas, todos estavam ansiosos para sair do bar barulhento
e superaquecido, e tomar ar fresco. A rua, entretanto, estava igualmente lotada.
Pareceu a Remus que toda a população bruxa da Grã-Bretanha devia estar amontoada
nessas pequenas ruas tortuosas, todos envoltos em pesadas vestes de inverno,
carregando sacolas, cestos e caixas, desejando alegremente um ao outro feliz Natal, ou
então rudemente os empurrando para chegar à loja que queriam.

“Tentem ficar juntos!” James disse por cima do ombro para Sirius e Remus, antes de
desaparecer prontamente na multidão com Lily.

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"Vamos apenas fazer nossas compras e encontrá-los mais tarde," Black bufou,
irritado. "Você disse que queria livros?"

"Sim," Remus assentiu, distraído. "Você consegue sentir esse cheiro?"

"Cheiro de quê?" O moreno perguntou, puxando o manto de Remus na direção da


Floreios e Borrões. Ele o seguiu, mas cheirou o ar novamente. O problema era que era
tão difícil descrever um cheiro - até mesmo para Sirius, cujos próprios atributos
caninos às vezes apareciam mesmo quando ele estava na forma humana.

"Eu não sei." Ele disse, sem muita convicção “Só cheira diferente da última vez. A
mágica. Provavelmente são todas essas pessoas.”

"Você pode sentir o cheiro de magia?!"

"Ah. Sim eu posso."

"Puta merda."

A livraria estava uma loucura, mas Remus não se importou. Ele teria se contentado em
vagar pelas prateleiras o dia todo, fileira por fileira, vasculhando, lendo sinopses e
acariciando capas. Estava tendo a melhor tarde que teve em anos, até que foi
interrompido.

"Ora, ora. Olha quem é.” Lupin ergueu os olhos e viu Snape parado a apenas alguns
metros de distância. Ele cheirava a prata, então Remus ficou para trás.

"O que você quer, Snivellus?" Resmungou, fingindo não estar preocupado, voltando
ao livro que estava olhando.

“Você e seu pequeno bando de delinquentes podem pensar que são os donos da
escola, Loony Lupin,” Severus resmungou, “Mas você não tem nenhum direito sobre
o Beco Diagonal. Posso fazer compras onde quiser.”

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"Bem, caia fora e vá fazer compras, então. " Remus deu de ombros, se virando. Estava
começando a se sentir mal, só queria que Snape e tudo o que ele estivesse escondendo
sob suas vestes desaparecessem.

"Você está no meu caminho." O sonserino estreitou seus olhos negros e frios. Ele
começou a avançar em sua direção, alcançando por cima de si, um livro sobre poções.
As mãos de Remus começaram a tremer, então ele largou o livro e se afastou,
enfiando-as nos bolsos. Onde estava Sirius?

"Está se sentindo bem, Loony?" Snape sorriu maliciosamente.

"O que você está fazendo com tanta prata em você, sua aberração?" Remus engasgou,
recostando-se na estante atrás dele, seus olhos lacrimejando.

“Não há tal coisa como ser cuidadoso demais.” Snape ronronou. "Há todos os tipos
'por aqui."

"Tudo bem aí, Snivellus?" A voz de Sirius veio logo atrás deles. Lupin suspirou de
alívio quando Snape recuou, parecendo ter sido pego roubando. Sirius saiu de trás da
estante com os braços cruzados, “Se perdeu no caminho para a Travessa do Tranco,
não foi? Ou apenas está na cidade para a sua lavagem anual de cabelo?”

"Vai se foder, Black."

"Ah, por favor, depois de você," Sirius fez uma reverência ampla, permitindo que
Severus se afastasse, resmungando sombriamente para si mesmo. Remus riu
fracamente.

"Obrigado", disse ele.

"Você está bem?"

Hm. Melhor não o fazer se preocupar sobre a prata. Provavelmente era apenas Snape
sendo ridículo como sempre.

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"Sim, tudo bem." Remus sorriu. "Vamos, vamos lá encontrar os outros, certo?"

“Você não quer comprar seus livros?”

“Nah,” Balançou a cabeça, “Eu só queria anotar os nomes, ver se Pince os encomenda
para a biblioteca da escola para mim. É grátis, assim.”

"Justo. Vamos então, está uma loucura aqui. "

Eles tiveram de empurrar várias pessoas pela maior parte do caminho para fora e,
assim que saíram, Remus precisou parar para respirar, tendo que se encostar na parede
do beco ao lado da loja.

“Tem certeza de que está bem?!” Sirius perguntou, puxando uma mecha de seu longo
cabelo, ansiosamente.

"Sim!" Remus respirou, assentindo novamente. A sensação doentia estava diminuindo


agora, ele só precisava de um minuto. “Apenas a lua, provavelmente. Ainda estou
cansado."

"O que Snivellus queria?"

"Ah, a bobagem de sempre," Franziu o rosto, "Não acho que ele pretendia esbarrar em
mim. O que é a Travessa do Tranco? ”

"Lá," Sirius acenou com a cabeça para outro lado da rua na direção de outro beco, um
pouco mais largo do que aquele em que estavam, que claramente levava a mais lojas.
“É onde os tipos mais perversos se encontram. Bruxos das trevas, banshees
disfarçados, vampiros. Esse tipo de coisas."

"Ah." E lobisomens. Remus soube disso instantaneamente. Havia um cheiro muito


fraco, agora que sabia aonde procurar. Alguém esteve lá recentemente. Não Livia.

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“O pai de James estava me dizendo que eles estão planejando uma incursão em
algumas das lojas de lá no Ano Novo - acha que eles estão estocando suprimentos
ilegais. Aposto qualquer coisa, é para onde o Snivellus escapuliu. "

Remus olhou para a Travessa do Tranco por um tempo, enquanto recuperava o fôlego.
Qualquer que fosse o estranho cheiro, estava vindo de lá. Já havia cheirado algo
parecido antes; em Moody. Magia Negra - queimada nas bordas, carne carbonizada.
Ele estremeceu.

“Vamos para a Artigos de qualidade para quadribol?” Sugeriu “Se James estiver em
algum lugar, ele estará lá”,

"Boa sugestão!" Sirius acenou com a cabeça, "Vamos então."

Eles deixaram o beco sombrio e saíram para o forte sol de inverno. Não havia nevado
este ano, mas ainda estava muito frio e o céu estava claro, tornando o ar fresco com
energia. Enquanto cruzavam a estrada, passando lentamente pelo bando de bruxas
fazendo compras com seus filhos, bruxos apenas passando o tempo e elfos domésticos
fazendo tarefas para seus mestres, a energia pareceu mudar, ligeiramente. O que fez os
pelos do pescoço de Remus se arrepiarem, como a chegada de um predador. Ele ficou
tenso e olhou em volta. Avistou Lily e James olhando para a última vassoura na janela
da Artigos de Qualidade para Quadribol. Estava prestes a se virar e chamar a atenção
de Sirius, quando aconteceu.

BANG

A frente do Caldeirão Furado explodiu em uma nuvem de fumaça espessa, vermelho


sangue, tijolos, madeira e vidro voando para a rua. Houve apenas um microssegundo
de silêncio atordoado antes dos gritos começarem, lamentos de dor, terror e choque. O
caos ao redor deles parecia expandir e contrair, como uma onda se quebrando.

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CRACK CRACK CRACK, as pessoas estavam aparatando ao redor - muitos estavam
saindo, mas alguns estavam chegando também. Esses eram os que faziam algo dentro
de Remus querer começar a rosnar.

BANG

Outra loja, mais adiante na rua explodiu também, depois outra, e ...

"Abaixe-se!" O corpo inteiro de Sirius derrubou Remus no chão, e os dois cobriram os


rostos enquanto a Artigos de Qualidade para Quadribol virava fumaça.

683
Capítulo 125: Sétimo ano: Natal Parte 2

O chão tremeu e Remus fechou os olhos com força, de barriga para baixo nos
paralelepípedos. Tudo depois daquele momento - vendo os rostos de Lily e James se
virarem, antes do prédio na frente deles explodir - tudo depois disso fez tão pouco
sentido. Fora muito lento ou muito rápido, e Remus descobriu que não reagiu da sua
maneira normal - ele estava fraco, assustado e sua compreensão confusa. Se sentiu
atordoado.

Eles ergueram a cabeça - ele e Sirius - muito tempo depois de tudo ficar quieto,
quando as pessoas ao redor deles já estavam de pé e gritavam ou choravam.
Definitivamente, alguém estava chorando, uma mulher. Isso parecia o mais alto de
tudo. E alguém ria também, uma gargalhada fina e afiada à distância, pura alegria.

O Beco Diagonal parecia ser consequência dos destroços de uma bomba. As lojas
destruídas eram como dentes quebrados em uma boca aberta; estranhas manchas azuis
de céu onde alguma outra coisa deveria estar. Era difícil ver muito no nível do chão,
mas eles semicerraram os olhos em meio à poeira que se assentava na rua em direção
a Gringotes, de onde a maior parte do barulho parecia vir.

"Vocês dois!" Uma mulher sibilou, vindo em direção a eles por trás, mexendo nos
escombros, sua varinha erguida, “Para trás! Atrás de mim!" Ela seguiu em frente. Suas
vestes eram castanho-avermelhadas, o uniforme de um auror.

"James!" Sirius engasgou, sua voz estranha e estrangulada de terror. Ele se levantou
com dificuldade, as vestes empoeiradas e os cabelos cheios de fuligem. Ele meio
correu, meio tropeçou, em direção ao buraco no céu onde a loja de suprimentos para
quadribol ficava, minutos antes.

"Sirius, não..." Remus tossiu, fraco, seguindo-o, sentindo-se estúpido e pesado.

"James!?" Sirius estava gritando, mas muitas pessoas estavam gritando.

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"Sirius!" Remus tossiu de novo, se esforçando para acompanhar, mas havia
machucado o quadril quando atingiu o chão e seus ouvidos ainda zumbiam, seus olhos
estavam começando a ficar embaçados enquanto ele enxugava as lágrimas com os
pulsos empoeirados. "Sirius-"

“FORA SANGUES RUINS!”

Remus caiu de joelhos, cobrindo as orelhas, e ele não era o único. A voz parecia estar
bem atrás dele - dentro de sua cabeça, estava em toda parte. A multidão ficou em
silêncio finalmente, enquanto todos olhavam em volta, piscando, procurando o dono
daquela voz horrível e insidiosa.

O que quer que estivesse acontecendo, estava acontecendo mais longe - Remus podia
sentir o cheiro de magia agora, e ver raios de luz disparando através da nuvem de
poeira ao redor de Gringotes. Ele podia sentir o cheiro de Moody e ... Ferox? Talvez
fosse ele. E os Comensais da Morte. Alguns deles ele reconheceu, outros não - mas
estavam lá, e havia muitos deles. Onde estava Sirius? As ruínas da loja que estava
diante deles ainda sangrava fumaça, e Sirius havia entrado direto nela, o idiota.

Cerrando os dentes e sem um pouco de dor, Remus se levantou novamente. Tinha que
encontrá-los.

Os gritos da batalha estavam ficando mais altos, mais desesperados; a mulher que
ordenou que ele e Sirius voltassem reapareceu, e a consciência de Remus lhe dizia que
deveria ir e ajudar. Mas James, Lily e Sirius ...

"Morsmorde!" A mesma voz falou, perto e longe.

A fumaça que enchia a rua parecia se contorcer e escurecer, expandindo-se e girando


para cima para formar uma cobra enorme enroscada com uma caveira negra de olhos
vazios, que gritava.

"É ele!" Um homem perto de Remus gritou "É você-sabe-quem!"

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“Silencio!” Alguém o amaldiçoou. Uma estranha quietude, mais flashes - azul, verde,
amarelo, vermelho e então ...

CRACK CRACK CRACK, eles estavam fugindo!

Pela primeira vez, Remus pensou em retirar sua varinha, tateando em suas vestes
emprestadas por ela. Ao fazer isso, seus dedos roçaram em outra coisa – algo liso e
pesado. Sua mão se fechou em torno de seu relógio de bolso e ele o puxou, abrindo-o
rapidamente e dizendo em voz alta.

"Sirius Black."

A agulha nem balançou, mas apontou para frente imediatamente, e ele a seguiu em
direção às ruínas da loja. "Sirius?! Sirius?!"

"Moony!" Uma mão agarrou seu ombro e ele se virou desesperadamente.

"James!"

James o abraçou com força, e Remus nem pensou em como isso era incomum, ele
estava tão, tão grato e aliviado que o abraçou de volta. Lily apareceu em seu ombro, o
rosto pálido, o cabelo caindo do rabo de cavalo, as roupas manchadas de cinza. Havia
um corte logo abaixo da linha do cabelo, sangue escuro escorrendo pela sobrancelha
esquerda. E Sirius, graças a Deus, graças a Deus, graças a Deus.

"Eu te perdi." Remus disse, roucamente, assim que James o soltou. Uma das lentes de
seus óculos estava quebrada.

"Eu sinto muito." Sirius disse, soando igualmente horrível.

"É melhor irmos ajudar", disse James, sacudindo ambos os ombros, "A batalha ..."

"Está acabada." Disse Remus. “Eles fugiram. Desaparataram, a maioria deles. Como
vocês dois ...’’ ele olhou para Lily e James, ainda sem acreditar nos próprios olhos.

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"Frank." Lily disse, soando muito menor do que Remus jamais a ouvira. Potter passou
um braço ao redor dela. “Frank é um auror. Ele usou um contra-feitiço em nós, pouco
antes da loja ser atingida, então protego, eu acho. Eu não ... eu não sabia o que fazer. "
Os olhos dela se encheram de lágrimas e James passou o outro braço em volta da
ruiva, envolvendo-a completamente.

"Eu também não." Remus disse, como se isso fosse ajudar. "Nem peguei minha
varinha."

Sirius estava segurando a dele, no entanto. Ele parecia horrível; feroz como um
demônio, olhos cheios de ódio.

"Eu estou indo de qualquer maneira. Eles ainda podem precisar de ajuda.” Disse.

Remus o agarrou pelos ombros, surpreendendo até a si mesmo com sua força.

"Não. Ouse.” Ele rosnou, encontrando os olhos de Sirius. Algo distintamente canino
passou entre eles, então Remus quase pensou que eles iriam realmente brigar, e que
seria uma espécie de alívio se o fizessem. Mas é claro, James interveio.

"Moony está certo", disse ele, "devemos ..."

CRACK

"Rapazes!"

"Pai!"

Fleamont Potter havia aparecido bem ao lado de James. Ele agarrou seu filho, então
Sirius, então Remus - que havia se recuperado o suficiente agora para achar os abraços
um pouco demais - e então olhou com horror para o que restava do Beco Diagonal.
Suas sobrancelhas grossas se uniram, e ele se dirigiu ao filho.

“Vocês estão bem? Sua mãe quer que você volte para casa imediatamente, ela foi
chamada para o St. Mungus, caso contrário, ela estaria aqui. "

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“Não deveríamos ficar e ajudar?” James perguntou, parecendo perturbado, ainda
segurando Lily com força contra seu peito. Que puta herói, Remus pensou. Ele ainda
segurava Sirius pelos ombros com força, porque não poderia abraçá-lo.

Fleamont olhou para James e pareceu crescer alguns centímetros por conta de seu
orgulho. Ele sorriu.

"Não, filho, está tudo sob controle - Moody está lá e Dumbledore está a caminho. Eu
só quero vocês todos em casa e seguros, antes de qualquer coisa”

“Ninguém deve ir embora!” Um homem estava gritando, cortando a multidão e os


destroços com passos autoritários. “Não até que tenham sido questionados por - oh,
olá Monty. Não sabia que você estava aqui. "

“Amos,” o Sr. Potter acenou com a cabeça para o oficial do ministério. “Cheguei aqui
assim que pude. Levando os meninos para casa, eles vieram fazer compras e foram
pegos. ”

"É mesmo?" O oficial - Amos - veio dar uma olhada em todos eles. "Nomes?"

"Amos, isso é realmente nec-"

"Nomes?" Ele repetiu, em um tom mais duro.

"Bem, você conhece James, o conhece desde que ele tinha cinco anos, pelo amor de
Deus ..." Fleamont resmungou "E esta é a Srta. Evans, presumo?" Ele olhou para Lily,
que havia parado de chorar, mas ainda parecia muito assustada.

"Sim." Ela guinchou. "Lily Evans."

"Evans?" Amos parecia pensativo. Ele puxou um pergaminho do bolso, "Evans, Evans
... Nomes dos pais?"

"Você não os conheceria." Ela disse, seus olhos disparando entre James e o oficial,
"Eu sou nascida trouxa."

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Amos olhou para ela de novo, então olhou para James com um rude movimento de
sobrancelha.

"Entendo. Muito bem. E vocês dois? Oh hoho! Eu conheço você! Você é o herdeiro
dos Black! "

"Eu era." Sirius murmurou. Ele se livrou de Remus e enfiou as mãos nos bolsos,
adotando uma atitude carrancuda e irritada que sempre aparecia quando sua família
era mencionada. Remus gostaria de poder dizer a ele para não fazer isso. Não o fazia
parecer menos culpado.

"Ele está voltando para casa conosco também." Fleamont disse, rapidamente. "Sirius
vive conosco há mais de um ano agora, e-"

“Vamos, Monty,” Amos resmungou, “O herdeiro dos Black? Eu não sou estúpido e
nem você. Ele terá que ser questionado. "

"Absolutamente não." Fleamont ergueu a voz. Remus nunca o havia ouvido gritar
antes - era ainda mais assustador do que uma marca negra. “Eles são alunos, pelo
amor de Godric!”

“Muitos alunos estão do lado deles também, pelo que ouvi.” Amos disse "Muitos
Black também."

“Não estou interessado nisso. Você pode falar com Dumbledore se precisar, mas eu
sou responsável por esses meninos e estou levando todos eles para casa agora. "

"E você?" Amos de repente se virou para Remus, que piscou. Às vezes, ele se
esquecia de que os Potter o incluíam em suas responsabilidades.

“R-Remus.” Ele disse, tentando ser corajoso, mas falhando miseravelmente. E se esse
homem souber de alguma coisa? E se ele souber que sou um lobisomem? "Lupin."

689
"Hmph." Amos fez uma anotação, mas não fez mais perguntas. "Todos vocês devem
esperar aqui enquanto eu falo com Dumbledore." Ele disse, pomposamente.

"O inferno que vamos." Fleamont bufou, "Se você quiser interromper Alvo
Dumbledore enquanto ele ajuda na investigação de um ataque terrorista para cuidar de
alguns adolescentes assustados, então-"

"Amos!" Alguém - era realmente Frank? - gritou à distância, "Onde diabos está você,
precisamos de você aqui - é o Leo!"

O oficial se virou bruscamente e, com um relutante olhar final para Sirius, correu em
direção à voz. O Sr. Potter entrou em ação, sem correr riscos.

“Rápido, meninos - vocês estão bem para aparatar? Srta. Evans, provavelmente é
melhor você vir conosco agora? "

Lily assentiu e James a beijou, antes que os dois desaparatassem juntos, de mãos
dadas. Fleamont acenou com a cabeça para Sirius e Remus, antes de desaparecer com
um alto CRACK ele mesmo. Remus olhou para Sirius. Sirius o olhou também, ainda
com raiva, ainda cheio de um desejo ardente de vingança.

"Ah não." Lupin disse, com firmeza, então, mal pensando sobre isso, agarrou o
cotovelo de Sirius com força, e se preparou para aparatar com ele.

Sirius lutou contra, no meio da viagem - o idiota poderia facilmente tê-los


estrunchado, enquanto lutava contra seu feitiço, querendo ficar apenas onde estava a
luta. Porém, Remus era mais forte - o ar estava cheio de efervescência, rugindo sobras
de magia, e Remus bebia disso, dominando Black com o peso de sua própria
determinação.

Eles chegaram na varanda da frente do Potter com tanta força que suas cabeças
bateram uma na outra, e eles se separaram, ofegantes, sentindo-se queimados.

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"Puta que pariu, Moony!" Sirius engasgou, esfregando o cotovelo onde o havia
agarrado.

"Tive que ... parar você ... idiota ..." Remus se inclinou para frente, as mãos nos
joelhos. Ele se sentia completamente esgotado, zumbindo com magia; os nervos
acesos com a estática.

James abriu a porta.

"Entrem", disse ele, "rápido."

Sirius passou por Lupin sem olha-lo.

Lily ficou por mais uma hora ou mais, bebendo xícara após xícara de chá, enquanto
Gully corria de um lado para outro da cozinha, torcendo as mãozinhas enrugadas e
balançando a cabeça tristemente. O Sr. Potter se desculpou profusamente com Lily, e
esperava que se encontrassem novamente em circunstâncias melhores - antes de se
trancar em seu escritório. Depois disso, eles ficaram sentados em silêncio a maior
parte do tempo; com apenas uma explosão ocasional de James ou Sirius.

"Snape!" Sirius vociferou, andando de um lado para o outro, "Nós o vimos na livraria,
ele ameaçou Moony - ele deve ter tido algo a ver com isso!"

"Você não sabe disso." Lily disse, trêmula, olhando para o padrão de sua xícara de
chá.

“Mas alguém viu algum deles?!”

"Não." James balançou a cabeça. "Estava muito ocupado tentando se proteger."

"Não." Lily balançou a cabeça.

"Não..." disse Remus. Black o olhou.

“Moony. Você sentiu cheiro de algo. Você me disse, lembra? Você sabe quem-"

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"Remus, você pode sentir o cheiro das pessoas?!" Lily olhou para cima, meio
chocada, meio curiosa. "Como um perfume?"

"Não é como ... é apenas uma ... coisa de lobo. Instinto. Mas eu não senti. Eu não...’'
Remus desejou que o chão o engolisse.

Poderia contar a eles. Porém, ele não queria contar a Sirius assim; não enquanto eles
estivessem furiosos um com o outro e assustados, e com Lily e James sentados bem
ali.

"Moony." Black chamou, em uma voz muito baixa e sombria que nenhum deles
jamais ouvira antes. "Diga-me. Quem?"

Remus olhou para James, desesperado por ajuda, mas ele estava apenas o encarando,
esperando. Lily também, a boca ligeiramente aberta. Olhou para Sirius novamente, e
tentou segurar seu olhar.

“Acho que Regulus estava lá. Mas muitas pessoas estavam—”

Sirius jogou as mãos para cima e saiu da sala em silêncio absoluto. Lily deu um
suspiro muito cansado.

“James”, disse ela, “acho melhor ir para casa. Mamãe e papai vão se perguntar. "

James insistiu em aparatar de volta com Lily, depois voltar sozinho. Remus desejou
que não fizesse. Ele não queria ser deixado sozinho. Sozinho, tudo voltaria à sua
mente, tão vívido quanto uma tela de cinema. O barulho, a fumaça, o terror absoluto.
E a vergonha. Ele não agiu. Sua primeira chance de se provar a Dumbledore, Moody e
até Snivellus que estava do lado certo e disposto a lutar por isso. Porém, ele nunca
esperou que fosse assim. Nunca havia considerado que quando chegasse a hora, que
quando estivesse em um campo de batalha com as únicas pessoas que amava no
mundo - tudo que ele iria querer fazer era encontrá-los e fugir.

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Quando James voltou, encontrou Remus andando de um lado para o outro, pisando no
mesmo tapete que Sirius estivera antes.

"Você está bem, Moony?" Ele perguntou, nervoso, dando passos lentos para frente,
braços para cima, como se Remus fosse uma besta indomada.

“Eu não fiz nada.” Murmurou, ainda andando. "Eu só ... eu não conseguia me mover.
Eu não conseguia pensar. "

"Remus ..." James continuou falando naquele tom firme e amigável. Era mais
calmante do que queria admitir. “Ninguém conseguia. Foi horrível, foi a coisa mais
assustadora que já aconteceu.”

Remus parou completamente e o olhou. Potter deu um meio sorriso e encolheu os


ombros, "Nenhum de nós sabia o que fazer."

"Sirius sabia." Lupin o desafiou. “Foi ele quem se levantou. Ele queria ajudar ... ”

"Sirius nunca pensa, Moony, você sabe disso."

"Ei, vai a merda, Potter." Sirius apareceu de repente na porta, de braços cruzados.
Seus olhos estavam um pouco rosados, mas não parecia mais com raiva. Remus sorriu
para ele, esperançosamente, pelas costas de James. O moreno sorriu de volta,
tranquilizador.

"Eu ia dizer," James riu, "Isso é o que o torna tão corajoso, seu idiota. Você só quer se
apressar e ajudar, mesmo que seja a pior ideia do mundo.”

"Sim, ok, não foi uma boa ideia." Sirius falou, sentando-se no sofá, ao lado de James.

"Pelo menos você fez alguma coisa." Remus disse "Pelo menos você se levantou."

"Você se levantou também, Remus." Black respondeu, suavemente.

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"Depois de você!" Respondeu, "Eu fui patético, eu estava ... como vamos ganhar essa
guerra se vai ser assim?! Se estou com muito medo de...”

"Eu também estava com medo." Sirius disse, olhando para cima. “Eu não sou tão
maluco. Eu ainda estava bloqueando, quero dizer. Puta que pariu. "

"Não faça isso." Potter passou a mão pelo cabelo, ainda arenoso com os escombros.
“Levei muito tempo para descobrir o que aconteceu - e tudo que eu conseguia pensar
era em levar Lily para algum lugar seguro. Eu pensei que faria qualquer coisa para ter
certeza de que ela estava segura. ”

"Aí está, então." Sirius disse, com firmeza. “É assim que ganhamos.”

***

A Sra. Potter não voltou do St. Mungus a noite toda, mas Fleamont saiu de seu
escritório para dizer aos meninos que havia falado com ela, e que ela estava bem,
antes de pedir a Gully que fizesse um sanduíche e fechar a porta novamente.

Peter veio, pálido e trêmulo - ele tinha ouvido a notícia, aparentemente possuía um
primo que trabalhava para o Profeta Diário. No entanto, não houve nenhuma
informação útil. Nenhuma contagem de mortes ainda, não havia sido finalizada. Peter
ficou para o jantar, mas James foi o único realmente capaz de manter uma conversa
adequada e, eventualmente, Pettigrew foi embora. Quando Remus anunciou que
queria dormir cedo, os outros dois deram de ombros e concordaram em subir também.

Depois de tomar banho e tirar a poeira e a fumaça do cabelo, ele escovou os dentes no
banheiro frio e silencioso e tentou não pensar em como era estranho estar fazendo
coisas tão normais em um dia tão anormal. Podia ouvir Sirius e James murmurando
baixinho no quarto ao lado, tons solenes e tensos. Decidiu deixá-los assim.

Horas depois, Remus estava se arrependendo seriamente dessa decisão. Ele não
conseguia dormir. Esperou e esperou que Sirius viesse, até perceber que ainda deveria
estar com James, e que talvez nem viesse. Então, deitou-se de costas e tentou evitar

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que seus pensamentos fiquem muito altos. Isso é guerra, ele continuava pensando.
Isso é o que você concordou em fazer. Você prometeu a Dumbledore. Você prometeu
a seus amigos.

Finalmente, na madrugada, quando estava enjoado devido ao cansaço e os primeiros


raios rosados do nascer do sol espreitavam por trás das cortinas, sua porta se abriu.
Sirius rastejou pelo quarto com a discrição de um gato.

"Remus?" Ele sussurrou ao pé da cama. Remus rolou.

"Estou aqui."

O moreno praticamente voou para ele, deslizando sob as cobertas e enterrando a


cabeça sob o edredom. Eles se agarraram um ao outro e tudo se firmou. Remus sentiu
que finalmente estava calmo. Em algum momento, Sirius se moveu ligeiramente e
sussurrou,

"Me conta um segredo? Um segredo bom? "

Remus fez uma pausa. E beijou o cabelo de Sirius.

"Eu também sou louco por você."

695
Capítulo 126: Sétimo ano: Natal Parte 3

Segunda-feira, 2 de janeiro de 1978

A próxima semana e meia foi uma das mais sombrias que Remus conseguia se
lembrar. Quando a Sra. Potter finalmente chegou em casa no dia seguinte ao ataque,
ela estava pálida e abatida, e abraçou sua família com força, como se tivesse pensado
que nunca os veria novamente.

"Cerca de cinquenta mortos, pelo que ouvi." Disse, solenemente. “Eu fiquei
encarregada principalmente da triagem. Centenas de feridos”.

"Algum... algum dos nossos?" O Sr. Potter perguntou. Parecia que o homem não
dormia há tempos - e de fato, pelo que Remus sabia, ele nem ao menos havia ido para
a cama.

Euphemia acenou com a cabeça, fechando os olhos.

"Mais tarde." Ela disse, lançando um olhar para os meninos. James parecia indignado.

“Podemos ouvir.” Ele disse. “Todos nós somos maiores de idade e estávamos lá
quando aconteceu!”

"Sim, eu sei que estavam!" Sra. Potter gritou, sua voz estridente. A boca de James se
fechou e ele olhou para baixo, envergonhado. A mulher se levantou. "Eu vou deitar."

Ela saiu da sala e os homens ficaram em silêncio.

"Desculpa, pai." James murmurou.

"Está tudo bem." Fleamont tirou os óculos e esfregou a ponte do nariz. “Estamos
todos chateados. Sua mãe e eu precisamos que vocês, rapazes, ouçam e façam o que
mandarmos até a hora de voltar para a escola, entenderam? "

696
Todos eles assentiram relutantemente, e Remus viu os músculos da mandíbula de
Sirius se contraírem. Era um sinal de seu respeito pelo Sr. Potter o fato de ele não
protestar. “Agora,” Fleamont continuou “Esta casa ficará muito cheia nos próximos
dias, e vocês verão muitas pessoas bastante importantes fazendo um trabalho muito
significativo. Não façam muitas perguntas e não os incomodem.”

“Não podemos ajudar?” James perguntou, seriamente.

"Sim." Fleamont acenou com a cabeça. "Sendo anfitriões graciosos e cuidando de sua
mãe."

"Sim, pai." O rapaz suspirou, olhando para baixo novamente, obviamente


desapontado.

"James ..." Fleamont começou, estendendo a mão para tocar o braço de seu filho.

Remus e Sirius interpretaram isso como uma deixa para limpar a mesa e esperaram na
cozinha, ajudando Gully a lavar a louça sem muito entusiasmo.

“Não vejo por que tanto alarde.” Sirius resmungou, o cotovelo afundado na espuma do
sabão. “Se eles soubessem metade das coisas de que somos capazes, poderíamos
realmente ajudar.”

“Teremos nossa chance.” Remus respondeu, olhando pela janela enquanto secava os
pratos. O jardim estava muito escuro e uma névoa fria pairava no ar, tornando difícil
ver muito além da parede do pátio. Apenas podia ver os aros de quadribol de James no
gramado, e a lua minguante escura. Ele não gostava de não ser capaz de ver muito
longe, ficava inquieto.

"É fácil para você dizer." Sirius ainda estava reclamando, "Você já provou seu valor."

"O que?!" Remus o olhou, confuso e momentaneamente distraído da janela.

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“Com aquele lobisomem que você conheceu, ano passado. Você já enfrentou o
inimigo e mostrou a Dumbledore que ele pode confiar em você. "

"Acho que não expliquei direito, se é isso que você pensa ..." Lupin disse. "Lívia não
era ... não era sobre a guerra."

“Dumbledore acha que era. Moody também. Eles falam sobre os lobisomens o tempo
todo - como você será útil tentando convencer as criaturas das trevas a não se
juntarem a você-sabe-quem. "

"Podemos falar sobre outra coisa?"

"Tudo bem."

Eles conversaram sobre nada. Lavaram a louça em completo silêncio. Remus olhava
pela janela para a escuridão do terreno dos Potter procurando... algo.

Finalmente, James entrou, assim que terminaram de guardar o resto da porcelana.

"Tudo bem, cara?" Sirius perguntou, alegre.

"Sim", James deu de ombros, parecendo de alguma forma mais sábio; Mais velho.
"Apenas as coisas do meu pai, sabe."

Sirius e Remus se entreolharam, e Lupin sabia que estavam sentindo a mesma inveja
amarga. O que significava ter um pai como Fleamont Potter? O que significava, ao
menos, ter um pai?

"Eu disse que daria um anel para Lily, vocês dois querem fazer um passeio até a vila?"

"Por que não?" Black respondeu, deixando o pano de prato em cima da torneira.

"Ah, Moony, papai disse para te dar isso." James entregou um pequeno pedaço de
papel. Remus abriu rapidamente, olhando para o nome e endereço escritos lá. Potter
inclinou a cabeça, curioso.

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"O que é isso?"

"Ah, nada. Um livro sobre o qual eu estava perguntando.” Enfiou o papel no bolso.
"Vamos lá. As ligações são mais baratas depois das seis.”

James finalmente aprendera como usar a cabine telefônica sem ajuda, então não havia
nada para Remus fazer a não ser se encostar na cerca ao lado de Sirius, esperando. Ele
bolava cigarros para passar o tempo; em novembro, havia cortado os dedos de suas
luvas especificamente com esse propósito.

"Eu não quis dizer você." Sirius disse com a voz baixa. "Quando eu disse ‘criaturas
das trevas’."

"Eu sei que não." Remus lambeu a seda e então a alisou. Ele entregou o cigarro pronto
para Black, que o pegou e colocou atrás da orelha. Lupin começou outro.

“Tenho que aprender como fazer isso um dia.” Sirius murmurou, olhando para ele
com apreciação. “Aposto que poderíamos descobrir um feitiço para fazê-lo
instantaneamente.”

"Provavelmente," Suspirou, alinhando o tabaco. “Mas eu gosto de fazer assim.”

"Justo."

Os dois ficaram quietos novamente. Remus terminou o segundo e segurou-o entre o


polegar e o indicador, imaginando se deveria ou não fumar. A Sra. Potter não gostava
do cheiro neles e ele odiaria aumentar seus problemas. Porém, por outro lado,
realmente precisava de algo para acalmar seus nervos. Sirius também, se o bater
constante de sua perna fosse alguma indicação disso. O moreno estava roendo as
unhas também.

Remus acendeu o cigarro com um estalar de dedos e inalou. Sirius seguiu o exemplo.
Sua perna se aquietando.

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"Eu sou, no entanto." Remus disse, em uma expiração.

"O que?"

"Uma criatura das trevas, como você disse."

"Moony, não ..."

"Sim," Remus acenou com a cabeça, olhando para os campos diante deles e para a
estrada atrás da paisagem. “Então, quando você fala sobre querer provar a si mesmo,
eu entendo o que você quer dizer. As pessoas confiam nos lobisomens tanto quanto
confiam em filhos renegados de bruxos das trevas. "

"Eu sei. Eu não queria agir como ... "

"Como se você fosse o único com algum interesse nesta guerra?"

“Sim, não queria agir assim. Eu sinto muito. Não era a minha intenção. "

“Eu sei,” Remus sorriu, o olhando finalmente. "Sinto muito sobre Regulus."

"Bem." Sirius arrastou o pé no asfalto, “Eu praticamente já sabia. Claro que ele estaria
lá.”

“Vou trabalhar muito nessa pegadinha da Sonserina quando voltarmos para a escola.
Será meu melhor trabalho.”

Sirius riu, um ruído honesto e abandonado, jogando a cabeça para trás.

"Godric, Moony." Ele sorriu amplamente "Quando você diz coisas assim, fico com
vontade de beijar todo seu rosto."

"Ha," Remus riu e lançou um olhar para James, dentro da cabine telefônica vermelha,
tagarelando com um enorme sorriso no rosto, "Talvez não agora..."

Black pareceu triste novamente.

700
"Eu vou contar a ele, mas não com todas essas coisas ruins acontecendo, sabe?"

"Eu sei." Acenou com a cabeça. Ele sabia. Ele não queria que Sirius soubesse, mas a
ideia de James finalmente descobrir sobre eles era muito mais assustadora do que
havia se preparado. Por que abalar todas as pessoas novamente?

“Remus? Se eu te perguntar uma coisa, você vai me dizer a verdade? "

"Ok." Seu estômago se contraiu involuntariamente, mas ele se preparou.

“O que era o bilhete do pai de James? Não era o título de um livro, era?”

"Não." Respondeu "Não era." Ele enfiou a mão no bolso e puxou-o, passando o
polegar no pergaminho macio e grosso por um momento antes de entregá-lo a Sirius.

O moreno o desdobrou rapidamente e olhou para baixo.

"Hope Jenkins?" Ele leu, uma ruga na testa: "O que isso significa?"

“É um nome.” Remus disse rapidamente, "O nome da minha mãe. E endereço. ”

"Ah!" Sirius respirou, relendo, ainda franzindo a testa. "Sua mãe." Ele pronunciou a
palavra como se nunca tivesse considerado a possibilidade de Remus ter tal coisa.

"Sim," Lupin pegou o pergaminho de volta, colocando-o no bolso. “Eu sei que
dissemos que falaríamos sobre qualquer coisa, menos mães, mas... Bem. Dumbledore
me deu uma carta que ela havia escrito para mim, depois que Lyall morreu. Ela disse
que eu poderia tentar encontrá-la quando tivesse idade, então ... o Sr. Potter a
encontrou, suponho. "

"O que você vai fazer com isso? Escrever para ela?”

"Sim, acho que vou."

Sirius moveu a mão na cerca, sutilmente acariciando os dedos de Remus.

701
"Nós vamos. Espero que você a encontre.”

***

O Sr. Potter estivera certo - nos próximos dias, a casa esteve mais ocupada do que
Remus vira desde a festa de Natal de 73. Exceto, é claro, que houve muito pouca
alegria. Essas eram as pessoas mais próximas de Dumbledore - muitos deles
trabalhavam para o ministério, mas todos eram leais a ele antes de qualquer coisa. Eles
eram a linha de frente da guerra.

Alguns deles possuíam rostos familiares - Moody, é claro, gastou um pouco de seu
tempo para lançar um aceno áspero para os três adolescentes, que agora passavam
seus dias cuidando da lareira para os recém-chegados. Então, havia o próprio Frank
Longbottom, tão agradável e bem-humorado quanto Remus se lembrava. Ele sempre
estava na companhia de sua namorada, Alice, a jovem que havia se colocado a frente
de Sirius e Remus no dia do ataque.

Os gêmeos Prewett foram outra surpresa - James e Sirius estavam se atropelando para
alcançá-los e compartilhar todos os atos nefastos que haviam cometido em Hogwarts
desde a partida dos meninos mais velhos. Ambos tinham ficado muito bonitos, ombros
largos e mais feições ásperas devido a algumas aventuras - mas ainda possuíam o
mesmo temperamento fácil e senso de humor perverso. Frequentemente, eles traziam
sua irmã e genro igualmente ruivos.

Todos esses convidados só pararam para conversar por alguns momentos com James,
Remus e Sirius, antes de desaparecerem para o escritório do Sr. Potter, ou então para o
jardim para aparatar (aparentemente Moody havia colocado um feitiço sobre a casa
dos Potter tornando-a, não só impossível de localizar, mas também de se traçar
qualquer vestígio de aparatação). Como consequência, a sala de estar e o hall de
entrada começaram a parecer muito com a plataforma 9 ¾.

702
À noite, a Sra. Potter voltava para casa, parecendo cansada e determinada. Ela ainda
teria um sorriso para todos e estaria pronta para receber quem estivesse em casa para o
jantar. Euphemia não era nada se não espetacular.

Na noite anterior era esperado que os meninos voltassem para Hogwarts, Moody,
Frank e Alice estavam se juntando a eles para jantar - ensopado de carne com
bolinhos. Eles estavam tendo uma noite muito agradável, Frank e Remus discutiam
muito intensamente sobre feitiços defensivos, e Alice e os meninos (incluindo
Fleamont) conversavam sobre qual time de quadribol iria ganhar a liga.

À esquerda de Remus, Moody se inclinou para se dirigir à Sra. Potter e sussurrou.

"Ouvi dizer que Ferox vai sair amanhã?"

"Sair?!" Remus se virou, interrompendo o fluxo, "Saindo de onde?"

Moody ergueu uma sobrancelha, fazendo seu misterioso olho mágico se projetar
grotescamente,

"Você tem uma audição muito boa, rapaz. Daria um bom auror. ”

Remus balançou a cabeça impacientemente,

"Professor Ferox?"

“Sim, querido,” Euphemia explicou calmamente, “Leo Ferox foi ferido no ataque ao
Beco Diagonal. Ele agora está estável e vai ficar com sua avó por um tempo para se
recuperar totalmente. Sinto muito, esqueci completamente que ele deu aulas em
Hogwarts, você o conhecia bem? "

"Mais ou menos. Ele era meu professor favorito, ”Remus disse, suas entranhas se
agitando. “Ele está... o que aconteceu? Ele estava em uma das lojas?”

703
"Ele estava no chão, na batalha conosco", disse Frank, "Ele estava no meio de tudo,
ninguém poderia duvidar de sua técnica, ele estava disparando feitiços melhor do que
todos, mas todos nós temos azar às vezes."

"Mas ele vai ficar bem?" Remus havia largado o garfo agora, ele não iria comer mais.

“Com descanso adequado.” A Sra. Potter assentiu, sorrindo fracamente.

Todo o terror que Remus vinha tentando ignorar nos últimos dias voltou com tudo.
Ele agarrou o assento de sua cadeira, olhou para seu prato e pensou em Ferox, deitado
inconsciente nos escombros. Um homem bom e forte como aquele, abatido. Remus
sentiu uma punhalada de raiva desafiadora em seu interior, aguçando seu foco. Ele
seria melhor, não importava o que custasse. Ele seria mais rápido; mais corajoso. Na
próxima vez que a batalha viesse, estaria pronto.

704
Capítulo 127: Sétimo ano: responsabilidades

Segunda-feira, 9 de janeiro de 1978

Remus escreveu três cartas em sua última noite antes de ir para a escola depois
daquele feriado de Natal. Duas precisariam de um selo trouxa e seriam colocados na
caixa de correio vermelha do Royal Mail no final da estrada antes de partirem para
King's Cross. O segundo poderia esperar até chegar a Hogwarts e usar uma das
corujas da escola.

A primeira era para Hope:

Cara Sra. Jenkins,

Meu nome é Remus Lupin. Meu pai era Lyall Lupin e acredito que sou seu filho.

Estou agora com dezessete anos. Recebi uma carta escrita por você em 1965. Espero
que não se importe que eu lhe escreva. Se você quiser escrever de volta, eu gostaria
muito.

Com os melhores cumprimentos,

Remus John Lupin.

(Ele achou melhor assinar com seu nome completo, mas ficaria muito surpreso se
houvesse outro Remus Lupin morando na Grã-Bretanha. Também achou melhor ser
breve e direto ao ponto. Ela apreciaria isso, talvez, se escolhesse ignorar a carta.)

A segunda carta era para Grant.

705
Caro Grant,

Espero que você tenha tido um bom Natal. Eu gostaria de ter ido fazer uma visita,
mas fiquei com a família do meu amigo e é difícil sair de lá.

Espero que você esteja bem. Como está indo o trabalho? Você já economizou para
comprar um apartamento? Terei que começar a pensar nisso logo. É meu último
semestre na escola, e em junho estarei vivendo no mundo real. Espero poder te ver
então.

Por favor, responda o mais rápido possível e diga-me como você está.

Seu,

Remus.

(Ele não queria colocar 'Sinceramente, seu', porque parecia bobo e formal demais. Não
queria colocar 'Com amor', porque parecia muito extremo. Então, no final, 'seu'
parecia a maneira mais simples e honesta.)

"Então falta apenas a carta do Ferox para postar?" Sirius perguntou, enquanto se
sentavam em sua cabine usual no Expresso de Hogwarts. Eles estavam completamente
sozinhos - Peter fora em busca de Dorcas, que aparentemente havia escrito uma carta
muito intensa para ele durante as férias de Natal, enquanto James e Lily seguiram
direto para o compartimento dos monitores.

"Sim, só a de Ferox." Remus acenou com a cabeça, batendo em seu bolso. Black havia
se sentado no mesmo banco que ele, reclinando-se e esticando as pernas em cima de
seu colo, os braços cruzados atrás da cabeça. Remus bufou indulgentemente, "Sinta-se
confortável, por que não?"

"Você não se importa de verdade." Sirius sorriu perversamente. "Então." Continuou:


"De qual carta você está mais ansioso para receber uma resposta?"

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"Qual é a resposta que estou mais ansioso para receber?" Remus ergueu uma
sobrancelha secamente, "Você quer dizer entre meu ex-professor ferido em batalha,
meu ex-namorado infrator ou a mãe que me abandonou?"

"Bem, quando você coloca dessa forma," O moreno resmungou. "Honestamente, a


quantidade de coisas que você guarda."

"Você prefere que eu fique choramingando o tempo todo?" Lupin suspirou, abrindo o
livro que trouxera para a viagem em cima das pernas de Sirius.

"Não," Respondeu pensativo, olhando para o teto da carruagem. "Mas, quero dizer, se
você não tivesse a mim para conversar sobre essas coisas, eu estaria preocupado que
sua cabeça explodisse."

“Não iria explodir, muito obrigado,” Remus bateu levemente no joelho do outro com a
capa alaranjada padrão da Penguin. “Você é tão dramático. Lidei perfeitamente bem
antes de você decidir se envolver. ”

"Como?!"

"Bem" Remus mordeu o lábio, "Eu er ... você vai achar que é estúpido."

"O que?"

“Eu ... faço listas, na minha cabeça. Benefícios e perdas. E às vezes tenho conversas
fingidas, você sabe, para me ajudar a resolver um problema... ”

"Puta merda, Moony," O moreno se sentou, gaguejando. "Você é completamente


maluco."

Remus riu,

"Sim, ok. Talvez um pouco maluco.”

Sirius deslizou os pés do colo de Remus e se aproximou dele no assento,

707
"Já teve uma conversa imaginária comigo?"

"Não!" Respondeu, fechando os olhos ao sentir a respiração de Sirius em seu pescoço.


“Eu só tenho conversas imaginárias com pessoas sensatas.”

"Bem, talvez seja aí que você esteja errando..." Black começou a beija-lo bem de leve,
logo atrás do lóbulo da orelha. Remus se contorceu, o livro caiu no chão do vagão.

De repente, a porta começou a se abrir e risadas começaram a ser ouvidas no corredor.


Sirius e Remus se separaram no momento em que Marlene e outra garota tropeçaram
para dentro,

"Oh!" Os olhos de Marlene se arregalaram de surpresa, as bochechas ficando rosadas,


"Pensei que este compartimento estivesse vazio ..."

"Não," Sirius se recostou, parecendo divertido. Ele estava olhando para Marlene com
um brilho muito perverso nos olhos. Black piscou para a pessoa que vinha atrás dela,
uma aluna alta e morena do sexto ano que Remus pensou ter reconhecido vagamente.
"Patel." Sirius acenou com a cabeça.

Oh Deus, Remus pensou consigo mesmo, Sirius poderia ter conquistas antigas que eu
nem mesmo sei?!

"Remus, você conheceu Yasmin?" Marlene perguntou, sentando-se à sua frente, "Ela é
a nova apanhadora."

"Ah, certo, oi." Remus acenou com a cabeça em um movimento estranho.

"Sem Mary?" Sirius estava levantando uma sobrancelha para Marlene, como se
soubesse de algo. Lupin estava apenas confuso e um pouco perturbado.

"Sem Mary." Yasmin respondeu, com um sorriso malicioso semelhante.

"Ela está conversando com um dos monitores da Corvinal", disse Marlene,


rapidamente, "Não é como se a estivéssemos deliberadamente a evitando ou algo

708
assim!" A loira parecia ... ela estava corando?! Por que todo mundo estava agindo de
forma tão estranha? Remus se mexeu no assento, notando a atmosfera estranha.

"Hm." Sirius disse, ainda sorrindo para McKinnon presunçosamente, "O que vocês
duas estavam fazendo, então?"

Yasmin resmungou e olhou-o nos olhos com um sorriso irônico.

"Nada. O que vocês dois estavam fazendo? " Ela ergueu uma sobrancelha sugestiva e
Remus quase saltou em choque. Ela sabia?! Quem era essa Yasmin?

"Nada!" Black se endireitou.

"Bem, então." Marlene deu de ombros, seu rosto se iluminando enquanto ela se
recostava, parecendo ter acabado de ganhar um jogo de xadrez particularmente
gratificante. "Vamos deixar por isso mesmo, então, vamos?"

"Ótimo." Sirius se inclinou para trás também, cruzando os braços. Yasmin deu uma
risadinha e Remus apenas coçou a cabeça.

"O que vamos deixar por isso mesmo?” Ele perguntou a Sirius, mais tarde naquela
noite. Os dois estavam subindo lentamente até o corujal antes do toque de recolher.
Ele havia comido muito no jantar e estava um pouco arrependido agora.

"Moony, realmente." O moreno riu, "Alguém tão observador como você não tem
notado nada diferente em Marlene, ultimamente?"

"Não sei do que você está falando." Ele ofegou, se esforçando como sempre para subir
a escada em espiral.

Remus não queria admitir que, se fosse mesmo observador, era apenas Sirius a pessoa
que observava. Ele normalmente considerava as garotas um completo mistério e
raramente possuía qualquer ideia do que estava acontecendo com elas, a menos que

709
explicitamente lhe contassem. Lily e Mary faziam isso com mais frequência do que
Marlene, que sempre fora tão reservada quanto ele.

"Ah, vamos, Moony," Sirius riu, "Marlene e Yaz? Não me diga que você não viu -
elas estavam uma sobre a outra antes de perceberem que o vagão não estava vazio."

Remus parou - em parte porque precisava de um momento para recuperar o fôlego, em


parte porque não conseguia acreditar no que Sirius estava dizendo.

"Você quer dizer que Marlene é ...?"

"Sim."

"E Yasmin ..."

"Sim."

"Puta merda."

"Sim." Os olhos de Black estavam brilhando maliciosamente. “Não acredito que você
ainda não tinha percebido!”

"Bem." Remus bufou. Eles estavam quase no topo, agora. "Estou muito impressionado
que você tenha notado. Já que você, aparentemente, não tinha ideia sobre mim, depois
de estarmos nos beijando por um ano."

“Não foi um ano inteiro.” Sirius respondeu defensivamente, alcançando o topo e


olhando em volta furtivamente, antes de continuar para a sala vazia.

Remus veio atrás dele e procurou por uma coruja apropriada. Não seria uma longa
jornada, ele pensou. Parecia se lembrar de Ferox dizendo a ele que sua avó morava em
Liverpool. Foi uma carta difícil de escrever, mas necessária, considerando a forma que
haviam se despedido da última vez. Simplesmente esperava que Ferox estivesse bem e
acrescentou alguns detalhes sobre sua preparação para os NIEMs.

710
"Então, se Marlene sabe..." Remus disse pensativo, amarrando a carta na perna de sua
coruja.

"Sim, eu sei. O próximo é James.” Sirius suspirou.

"Não é minha intenção continuar trazendo isso à tona ..." Se desculpou, deixando a
coruja livre para voar para fora da janela mais próxima enquanto assistia.

"Não, eu prometi que faria isso." Black ergueu as mãos. “De qualquer forma, este
semestre vai ser um pesadelo o suficiente com os NIEMs e a guerra ... prefiro não ter
mais nada com que me preocupar.”

"Você está nervoso?"

"Me cagando."

"Encantador." Remus revirou os olhos, "Posso ajudar?"

"Não, se você vai sugerir que eu tenha uma conversa imaginária com o Prongs ..."

"Não vejo por que não," Remus deu de ombros. “Prongs é fácil de fazer. Agradável e
previsível.”

"Mm, ao contrário de alguns." Sirius murmurou. “De qualquer forma, não é com o que
ele vai dizer que estou preocupado. Eu sei o que ele vai dizer. Vai ser como foi
quando você ... hum ... "

“... saiu do armário ...” Lupin forneceu, prestativo. O moreno acenou com a cabeça,
timidamente.

"Eu sei que ele será justo como sempre. Estou mais preocupado com as coisas que ele
não diz... ”

"Bem." Remus disse, afastando-se da janela, "Não há nada que você possa fazer sobre
isso."

711
"Black?! Bla-aaack? Oi, Padfoot! ” O bolso de Sirius começou a gritar com ele. O
moreno sorriu, pescando seu espelho compacto e abrindo-o,

"Falando no diabo."

"Onde você está, idiota?" A voz de James explodiu no espelho.

“Corujal.”

"Moony com você?"

"Sim."

"Dumbledore o quer."

"Agora mesmo?!" Sirius olhou para Remus, cujo estômago afundou. Isso nunca era
bom.

***

Uma hora depois.

Remus não ficou surpreso ao encontrar todos os três marotos (e Lily - que a esta altura
poderia muito bem ter seu próprio apelido e acesso ao mapa, de qualquer maneira)
esperando por ele do lado de fora do escritório de Dumbledore. Ele estava grato -
estava em tal estado que, se tivesse que caminhar de volta para a torre sozinho,
provavelmente teria se perdido.

"Bem?" Sirius perguntou, ansioso como sempre para ser o primeiro a saber.

"Hum." Disse Remus.

"Vamos lá", Lily falou, pegando seu braço suavemente, "Você não precisa nos dizer,
só queríamos saber se você está bem."

712
"Claro que ele tem que nos dizer." Sirius franziu a testa. Lupin deu a ele um olhar de
advertência.

“Podemos ir a algum lugar um pouco mais privado? Não a sala comunal... ”

"Dormitório?" Peter sugeriu.

"Sim." Remus acenou com a cabeça.

Não falaria com eles até que chegassem lá, e usaria o tempo para descobrir
exatamente como explicaria, sem ferir, pelo menos, os sentimentos de Sirius e o
orgulho de James. Dumbledore não disse que não poderia contar a ninguém. Apenas
para ter cautela para quem contasse. Para sua segurança e a deles, o velho advertiu
ameaçadoramente. Remus ainda possuía sérias dúvidas sobre se Dumbledore estava
ou não preocupado com sua segurança, pessoalmente, mas manteve a boca fechada.
Em sua posição, deveria ter cuidado com o que dissesse.

Finalmente, todos eles se amontoaram no dormitório dos marotos - até mesmo Lily, o
que era um pouco estranho, especialmente quando ela se sentou na cama de James,
como se já tivesse feito isso uma centena de vezes antes. Remus sentou na tampa de
seu malão. Ainda não tivera tempo de desfazer as malas.

"Então?!" Sirius perguntou novamente, impaciente, encostado na cabeceira da cama,


"O que Dumbledore queria?"

"Ele me deu uma tarefa." Remus olhou para o tapete gasto enquanto dizia isso, sem
encontrar os olhos de ninguém. Ainda não conseguia acreditar.

"Ele o quê?!" James o surpreendeu ao falar primeiro. "Ele deu a você ... não a
qualquer um de nós?"

"James," disse Lily, bruscamente, tocando o braço do namorado, "Obviamente, é algo


para o qual Remus é mais adequado."

713
"Lobisomens." Sirius disse. Lupin ergueu a cabeça e encontrou seus olhos. Ele parecia
chateado, então Remus sorriu.

"Sim. Já fiz isso antes, não é? "

"Você já..." Lily começou, então balançou a cabeça, como tivesse pensado melhor. “O
que ele precisa de você? Porque agora?"

"Eles acham que há um em Hogsmeade," Remus explicou, lentamente, "Os centauros


disseram a ele, ou algo assim." (Ele estava confuso com esses detalhes, porque quando
Dumbledore estava explicando Remus estava se esforçando muito para não vomitar de
nervosismo), "Dumbledore quer que eu hum ... 'faça minha presença ser conhecida,'
na próxima vez que eu estiver na cidade. Veja se ele ... er ... morde a isca. ”

" Isca?!" Sirius praticamente gritou.

“... É apenas uma expressão.” Respondeu.

“Não uma expressão boa”, disse Peter, nervoso, roendo as unhas.

"Desculpe." Remus encolheu os ombros. “Não se preocupe comigo. Se houver um


lobisomem e for um dos Greyback, então não acho que corro perigo. Ele quer que eu
me junte a ele, lembra? "

“Sim, lembro de ter recebido o meu próprio convite para me juntar a esse lado.” Sirius
disse, com um arrepio. Remus desejou não ter trazido à tona. A última imagem que ele
precisava em sua cabeça agora era o corpo inconsciente de Sirius caindo da lareira dos
Potter naquela noite horrível.

“Não vai ser assim.” Ele disse, rigidamente. “Nada pode acontecer, eles podem nem
aparecer para mim. E eu me saí bem da última vez, não foi? "

“Só porque Ferox apareceu!” Sirius tinha esquecido que eles não estavam sozinhos,
ele estava se preparando para uma discussão adequada.

714
"Eu sei, mas já sou maior de idade ... saberei o que esperar." Remus tentou manter sua
própria voz plácida, esperando que isso fizesse Sirius lembrar de se controlar.

"É tão perigoso, Remus!" Lily começou.

"Eu também sei disso, mas não tive exatamente uma escolha!" Ele retrucou. A ruiva
abaixou a cabeça e franziu os lábios. Ele não pretendia levantar a voz para ela, mas
teria que se sentir mal com isso mais tarde. Agora era pedir muito.

"Quando?" Black perguntou, mais calmo do que antes.

“Próximo fim de semana de Hogsmeade.”

"Isso é em duas semanas." James disse: "Depois da próxima lua ..."

“Eles vão aumentar a segurança na aldeia, obviamente.” Explicou. “Depois da última


vez.”

"Ok, vou precisar que algumas coisas sejam explicadas, aqui ..." disse Lily, uma ruga
profunda na testa.

"James, você faz isso?" Remus pediu "Acho que só quero ir para a cama ..."

"Sim, claro." James assentiu, entrando em ação imediatamente. “Podemos falar sobre
isso amanhã, quando todos tiverem algum tempo.”

"Obrigado." Lupin sorriu fracamente, levantando-se, pensando em ir escovar os


dentes, ansioso para ficar sozinho no banheiro por alguns minutos para se recompor.

"Moony?" Potter disse rapidamente, enquanto os outros se levantavam "Eu não quis
dizer que você não deveria receber uma tarefa, ou que não pode fazer isso, ou
qualquer coisa ..."

715
“Eu sei,” Remus assentiu, dando um tapinha em seu ombro. "Acredite em mim, se
você ou Sirius pudessem fazer isso, eu não seria a primeira escolha de Dumbledore.
Suponho que apenas tive sorte, hein? "

Trancado dentro do banheiro, ele pressionou as costas contra a porta e tentou controlar
a respiração. Agora que seus amigos sabiam, tudo havia se tornado mais real. O
pensamento que o atormentava desde que Dumbledore descreveu a tarefa pela
primeira vez finalmente o atingiu. Você nunca pensou que ele fosse pedir isso. Remus
se repreendeu, você nunca acreditou realmente que seria útil. Cuidado com o que
deseja, Loony Lupin.

Tonto e trêmulo, ele pressionou o ouvido contra a porta do banheiro. Todos eles
haviam saído do quarto. Todos menos um. Ele abriu a porta sem pensar duas vezes e
ficou cara a cara com Sirius.

"Você está bem?" O moreno perguntou, seus frios olhos azuis cheios de preocupação.
Remus balançou a cabeça.

"Não."

Sirius estendeu a mão e Remus se agarrou a ele.

716
Capítulo 128: Sétimo ano: Preparação

Strange it is to be beside you, many years and tables turned

You'd probably not believe me if told you all I've learned

And it is very very weird, indeed

To hear words like "forever" plead

Those ships run through my mind I cannot cheat

It's like looking in the teacher's face complete

I can say nothing to you but repeat

what I heard;

That love is just a four letter word.

Love is just a Four Letter Word de Bob Dylan, mas performado por Joan Baez.

Terça-feira, 9 de janeiro de 1978

"Certo, Moony," James marchou para o Salão Principal na manhã seguinte carregando
uma pilha de livros pelos quais mal conseguia ver sobre. Ele jogou todos na mesa do
café da manhã na frente de Remus, derrubando o mingau que estivera pegando. Não
era como se estivesse com muito apetite de qualquer forma.

"O que são esses?" O rapaz estendeu a mão para pegar o livro mais próximo. Feitiços
defensivos avançados.

“Potter,” Lily endireitou as costas, olhando para a pilha com um olhar confuso, “Você
esteve na biblioteca?! De manhã?! Em vez de ir voar?!”

717
"Precisamos preparar o Moony, Lily!"

"Mas ... você disse que as manhãs eram sagradas para você!" Sirius disse.

"Você disse que tinha que prestar homenagem aos deuses do campo de quadribol!"
Peter sorriu.

“Posso perder uma manhã.” James respondeu alheio.

"Prongs!" Remus agarrou sua mão e recitou dramaticamente, "Estou comovido."

"Me larda", Potter puxou a mão de volta, as orelhas ficando vermelhas. “Vocês podem
parar de zombar de mim. Eu sou o único que está levando isso a sério?! ”

"Ei!" Sirius sorriu. Remus e Peter gemeram em antecipação ao que estava por vir, “Eu
estou sempre Sirius.”

Peter e Remus cobriram os olhos de vergonha, mas deve ter sido a primeira vez que
Lily ouviu aquela piada, porque ela roncou de tanto rir o que fez com que o chá saísse
disparado de seu nariz. Fora a coisa mais engraçada que os marotos haviam
presenciado em anos, e todos riram histericamente por uns bons cinco minutos - cada
vez que qualquer um deles conseguia parar, Lily roncava de novo, ou James balançava
as sobrancelhas e eles ficavam incapacitados de tanto rir mais uma vez.

Quando finalmente se acalmaram, Remus abriu o primeiro livro trazido por James
ansiosamente e decidiu que comeria seu mingau, afinal.

Todos foram para as aulas com um novo propósito, e James sugeriu que se
encontrassem na biblioteca após o último sino para começar a preparar Remus para o
que estava por vir. Eles fizeram isso todos os dias durante uma semana inteira,
confiscando um bloco de seis mesas atrás de algumas estantes em um canto, onde
poderiam ter total privacidade, juntaram todas e as cobriram com livros sobre teoria de
batalha, técnicas de duelo, encantamentos defensivos e feitiços. Peter até fez uma
placa ameaçadora que dizia Conselho de Guerra dos Marotos: Não Perturbe, que

718
funcionou como um encantamento (talvez porque havia sido literalmente encantado
por Lily) o que significava que eles poderiam deixar seu trabalho lá e voltar quando
quisessem.

Remus abandonou seus grupos de estudo, pedindo a Christopher para assumir, James
indicou Marlene para assumir duas de suas sessões de quadribol, e até mesmo Lily
parou de ir às reuniões do Slug Club naquela semana. (Embora ela tenha tentado
invadir o estúdio de Slughorn para conseguir um pouco de Felix Felicis para Remus,
mas não teve sorte e quase foi pega). Em suma, todos os cinco passaram o máximo de
tempo possível trabalhando pela mesma causa: preparar Remus para sua missão.

Ele estivera provocando James antes, mas Remus realmente estava comovido - apenas
não havia tempo para pensar nisso, já que todos eles estavam se esforçando para
estudar mais do que já haviam em qualquer outro momento. Remus apenas agradeceu
a sua estrela da sorte por James ser tão bom em Defesa Contra a Artes das Trevas;
nunca haviam tido um professor que permaneceu mais de um ano naquela matéria,
então seu próprio conhecimento era irregular. Os esforços combinados de James e
Lily o ajudaram a cobrir mais terreno em uma semana do que havia feito para os
NOMs.

"Você é bom em feitiços, e isso é metade da batalha." Potter disse, avaliador,


enquanto estavam na sala comunal vazia uma noite "O resto é realmente apenas
pensamento rápido e determinação."

"E sabemos que você pode fazer isso." LIly encorajou, arrumando a bagunça que
haviam feito tentando congelar as almofadas do sofá no ar.

"Não vai ser como o Beco Diagonal," Sirius o tranquilizou, dando um tapa em suas
costas, "Porque você saberá o que está por vir. Você teve tempo para se preparar.”

"Fácil dizer..." Remus mordeu o lábio. "Estou bem com a maior parte disso, aqui, com
vocês, mas se eu estivesse realmente me defendendo ... e ainda não consigo fazer um
patrono."

719
“Não se preocupe com isso agora, concentre-se apenas nas coisas mais simples.”
James aconselhou, esfregando o queixo, “O patrono virá - não é como se você não
fosse forte o suficiente; você aparata como se não fosse nada. "

"Isso é fácil." Remus suspirou. “Isso é só pensar. Patrono é sobre sentimento. ”

"Alguém poderia me descer agora?" Peter chamou de cima de suas cabeças, onde
estava paralisado no ar.

***

Caro Remus,

Obrigado por escrever para mim. Meu Natal foi bom. Eu nunca tinha comido peru
antes, foi legal.

Nada de apartamento ainda mas estou tentando. Continuo com minha tia como você
verá no endereço, mas gosto daqui. Gosto do mar e talvez aprenda a nadar.

Tenho visto um rapaz aqui, mas ele não é tão inteligente quanto você. Mas tem um
belo corpo.

Sinto muito sua falta.

Seu Grant. xxx

***

Caro Remus,

Obrigado por sua carta, fiquei muito feliz em ouvir de você.

Gostaria de começar lhe assegurando que estou muito bem após os eventos no Beco
Diagonal durante o Natal. Lamento saber que você e seus amigos também estavam lá

720
- Tive esperanças que a guerra já teria acabado quando você estivesse pronto para
deixar a escola.

Vou ficar mais um pouco com minha avó. mas espero estar de volta ao trabalho o
mais tardar na Páscoa. Não tenho dúvidas de que irá entender por que não posso
dizer mais do que isso.

Boa sorte com os NEWTs.

L. Ferox.

***

Domingo, 15 de janeiro de 1978

No fim de semana seguinte, eles definitivamente tinham acertado o passo, e Remus


estava se sentindo mais confiante do que nunca - contanto que não pensasse muito
sobre a incrível habilidade de Livia com magia sem varinha. Ele tentou se convencer
de que estava mais do que preparado, no mínimo. Tentou se convencer que
Dumbledore apenas havia lhe feito um pedido de que aparecesse em Hogsmeade, para
ver se esse outro lobo (se é que havia outro lobo) o farejaria. Poderia, até mesmo,
nunca usar nada do que James o havia ensinado.

Sim, claro - aquela voz desagradável na parte de trás de sua cabeça falava, sempre
tarde da noite, quando todos estavam dormindo e ele estava mais sozinho - como se
você já tivesse tido tanta sorte.

Eles passaram o dia todo de sábado na biblioteca, todos os cinco, mas no domingo
Lily foi obrigada a mediar uma situação com os monitores e Peter teve uma detenção
à tarde por ter usado o uniforme de um jeito despojado, então, por uma boa parte do
dia, eram apenas Remus, James e Sirius trabalhando em seu pequeno e tranquilo
recanto de estudo.

721
Sirius e James estavam na lista negra da seção restrita, então Remus entrou sozinho e
voltou com o maior livro sobre maldições que pôde encontrar.

“Há alguns alunos do segundo ano do outro lado do corredor apostando se estamos
realmente estudando para os NIEMs ou apenas planejando a pegadinha mais incrível
que Hogwarts já viu.” Ele disse, colocando o livro enorme em cima de mais três.

"Estou tão orgulhoso de nosso legado, você não, Sr. Prongs?" Sirius sorriu
maliciosamente para o livro do qual estava fazendo anotações.

"Deveras orgulhoso, Sr. Padfoot, exatamente." James respondeu, examinando um


glossário. "Ah ha!" Ele agarrou um livro triunfantemente e começou a virar as
páginas.

Black ergueu os olhos.

“Encontrou algo bom?”

"Talvez ..." James murmurou, lendo rápido.

Remus começou a olhar o conteúdo do livro de maldições. Os títulos dos capítulos


eram realmente horríveis, e ele esperava nunca ter realmente que usar qualquer uma
dessas coisas.

"Ok", disse James, "olhem só isso." Ele terminou de ler e virou o livro para mostrar a
Remus e Sirius, que estavam do outro lado da mesa. “Eu realmente acho que esse tipo
de coisa combina com seus pontos fortes, Moony. É tudo intuitivo com muito poder
por trás, a maneira como você faz as pegadinhas. ”

Sirius e Remus se levantaram para dar uma olhada sobre o livro, inclinando-se para
frente na mesa. Os ombros de Lupin ainda estavam doloridos da última lua - os dias
sem dor entre as luas pareciam estar ficando mais curtos à medida que envelhecia;
seus tendões pareciam uma corda com nós rígidos esfregando contra seus ossos. Ele se

722
espreguiçou para aliviar um ponto particularmente dolorido enquanto lia,
pressionando com a ponta dos dedos e inspirando levemente com a dor.

Sirius se aproximou e - talvez sem pensar - estendeu a mão para acaricia-lo com seus
próprios dedos longos. Ele era muito melhor nisso do que Remus, que sentiu uma
onda de alívio quando o moreno traçou pequenos círculos suaves em seus músculos.
Ele suspirou, cansado.

Remus foi o primeiro a terminar de ler e olhar para James. Porém, o jovem de óculos
não estava olhando para o texto. Ele estava olhando para eles, do outro lado da mesa.
Especificamente no ponto onde a mão de Sirius estava tocando seu pescoço. A boca
de James estava ligeiramente aberta e havia uma pergunta em seus olhos.

Remus se moveu para alertar Sirius, que finalmente olhou para o amigo. Vendo
imediatamente o que havia feito, ele apenas o encarou, imóvel por um momento.
Lupin meio que esperava que ele fosse se afastar, que fosse retirar a mão. Mas o
moreno não fez isso. Em vez disso, Sirius passou o braço em volta de seus ombros e o
apertou, muito deliberadamente, segurando o olhar de James todo o tempo.

Potter fechou a boca, olhou para os dois novamente e acenou com a cabeça, sem
palavras. Remus se endireitou, deixando o braço de Sirius cair.

Precisava deixá-los sozinhos, isso era óbvio. Ele limpou a garganta,

“Er. Tenho certeza de que há um livro mais profundo do que este. Acho que tenho
uma cópia lá em cima, vou ... vou só buscá-la ... vejo vocês em mais ou menos uma
hora, talvez? "

Sirius e James assentiram, ainda se encarando. Remus saiu, rapidamente, feliz pela
biblioteca estar quase vazia. Ele sentia calor e frio por toda parte, um sentimento
semelhante à culpa, embora soubesse que não deveria sentir. No meio do caminho
para a torre, ele esbarrou em Lily,

"Oi, Moony," ela sorriu, "Viu Potter?"

723
"Biblioteca," Respondeu, "Mas eu ... não iria para lá, se fosse você. Ele e Sirius estão
conversando.”

“Ah, eu posso interromper um bate-papo ...” ela começou. Remus tocou o braço da
ruiva rapidamente,

"Lily, não." Ele mordeu o lábio, “Desculpe, mas eu realmente acho que você deveria
dar a eles um pouco de tempo. Sirius realmente precisa, ok? "

"O que aconteceu?!" Lily parecia surpresa com sua seriedade.

Remus suspirou pesadamente. Bem, ela estava prestes a descobrir, de qualquer


maneira, e era um segredo tanto dele quanto de Sirius.

"Hum ... venha comigo, vamos lá fora?"

"Ok ..." Lily o seguiu, parecendo curiosa e preocupada ao mesmo tempo, uma
pequena ruga se formando em sua testa cheia de sardas.

Lá fora, sob o forte sol de inverno, tudo parecia um pouco mais alegre. Remus se
preparou, seu estômago embrulhando. Precisava ficar se lembrando de que queria
isso; queria que todos soubessem. Só agora, parecia totalmente aterrorizante. Eles
vagaram em direção ao lago. Remus olhou através da superfície, apertando os olhos
contra os fragmentos refletidos de luz ofuscante.

"Remus?" Lily perguntou "Você está me deixando nervosa!"

"Desculpe!" Ele piscou, "Er ... é sobre mim e Sirius."

“Você e Sirius? Ah não, o que vocês fizeram? Só vocês dois poderiam ter problemas
durante a primeira semana de aulas.”

"Não, não é nada disso!" Remus riu, apesar de tudo. Ele esfregou a nuca, procurando
as palavras certas, "Olha, você sabe como você sempre diz que eu deveria ... encontrar
alguém?"

724
"Sim ..." Lily franziu a testa novamente, procurando algo em seu rosto.

Remus ergueu as sobrancelhas, esperando que ela chegasse lá. Demorou mais do que
ele esperava, mas seus olhos se arregalaram de repente. "Oh meu Deus!"

Ela cobriu a boca com as mãos e sentou-se repentinamente no banco de pedra


próximo. Remus se sentou ao lado dela lentamente, com as juntas rígidas. "Sirius?!" A
ruiva perguntou.

"Sirius." Ele assentiu.

"Oh meu Deus."

"Sim, me desculpe."

"Não, Remus, não se desculpe, eu só ... uau, ok, me dê um minuto."

Ele o fez, esperando pacientemente, olhando para o lago. Não olhou para ela, porque
não importava. Lily ficaria bem, Lily entenderia tudo em seu próprio ritmo.

“E ele se sente da mesma maneira? Você tem certeza, Remus? "

"Não poderia ter mais certeza." Remus sorriu - de repente, era muito fácil sorrir. Ele
puxou a capa e a gola do suéter disfarçadamente, para mostrar a ela o hematoma roxo-
avermelhado que a boca de Sirius havia deixado lá algumas noites antes.

"Oh meu Deus!" Ela repetiu. Ele encobriu, corando, mas ainda sorrindo. "James
sabe?"

“Ele está descobrindo agora. É por isso que eu queria que você desse a eles um pouco
de espaço.”

"Sim, não, claro." Ela balançou a cabeça, "Eu entendo."

"Eu queria te dizer há muito tempo."

725
“Há muito tempo? Há quanto tempo...?”

“Desde o verão. Bem. Ficou sério durante o verão. Mas ... nós estávamos ... bem,
haviam coisas acontecendo por um tempo antes disso. Desde que Sirius terminou com
Mary.”

"Puta merda." Ela balançou a cabeça novamente. "E aí? Sirius é seu namorado? Você
está apaixonado por ele? "

“Uau” Remus piscou, afastando-se, “Quer dizer, se acalme! Vamos apenas hum ...
agora tudo está claro e isso é o bastante.”

Lily deu a ele um olhar muito longo e avaliador. Então acenou com a cabeça.

"Tudo bem então."

Remus ergueu as sobrancelhas.

"Tudo bem então?!"

"Mas você disse que é sério. Ele não está apenas ... hum ... não está apenas brincando?
"

"Não. Definitivamente não. Eu sei que é inesperado... ”

Lily balançou a cabeça e olhou para ele com olhos grandes e sérios.

"Você está feliz?"

"Sim." Sem hesitação.

"Tudo bem, então." Ela disse, rapidamente, de volta ao seu estado sensato. A ruiva se
inclinou e beijou sua bochecha. "Olha, eu não fiz adivinhação, porque é besteira, mas
tenho certeza de tempos sombrios vão vir, muito em breve."

726
"Meu Deus, você soa mais como James a cada dia, é ridículo." Remus bufou. Ela lhe
deu um tapa no joelho de leve.

"Me escute! Vai ser difícil. E está acontecendo mais rápido do que pensei que
aconteceria. Vai ser assustador, o tempo todo, por muito tempo. Mas se pudermos
continuar sendo felizes juntos, e fazendo um ao outro feliz... então isso é bom.
Brilhante. Se é Sirius para você e você para ele, então brilhante.”

"Jesus, Evans." Remus enterrou o rosto no cabelo dela, puxando-a para um grande
abraço.

***

Lily e Remus esperaram mais meia hora ou mais antes de voltar para a biblioteca,
onde descobriram que todos os livros haviam sido retirados e que James e Sirius
haviam sumido. Remus não estava com o mapa, mas felizmente Lily conhecia James,
e eles foram direto para o campo de quadribol.

Como previra, duas figuras familiares estavam correndo pelo ar entre as traves em
suas vassouras. James estava ganhando, mas não por muito - Remus poderia dizer pela
postura de Sirius que ele estava se esforçando ao máximo - não o havia visto tão
concentrado em voar assim desde que fora expulso do time.

Lily e Remus sentaram-se nas arquibancadas inferiores, e esperaram, ensaiando alguns


feitiços básicos de defesa.

"Então, da última vez que encontrei um lobisomem-" Remus estava dizendo.

"Ainda não consigo acreditar que isso aconteceu ..." Lily balançou a cabeça,
espantada.

“--Ferox apareceu e disparou algumas correntes de prata nela, então ela aparatou bem
rápido. Eu poderia tentar isso, mas só estou bem em transfiguração, e se a prata for um
tiro pela culatra e me afetar?"

727
"Pode haver uma poção que ajude com o seu problema com a prata." Lily mastigou a
pena, "Vou perguntar ao Slughorn. Mas, caso contrário, pode não valer a pena o
risco.’’

"É, faz sentido…"

THUD, THUD. Dois pares de botas pesadas pousaram diante deles. James e Sirius
ofegantes e suando, ambos segurando suas vassouras. Lily enrolou o cabelo em volta
do dedo e inclinou a cabeça, e Remus lutou para não fazer o mesmo.

"Tudo bem, rapazes?" Ela quebrou o gelo. Eles acenaram com a cabeça.

"Precisávamos de uma pausa." Sirius explicou, se desculpando. "Mudança de


cenário."

Remus olhou para Potter, nervoso.

"Tudo bem, Prongs?" Ele perguntou, se esforçando para esconder o tremor de sua voz.

James olhou para Sirius, depois para Remus. Ele balançou a cabeça, olhando para
baixo, e estendeu o braço, puxando Remus para ficar de pé.

"Venha aqui seu grande idiota", ele disparou, envolvendo-o em um abraço de urso.

728
Capítulo 128.2: Padfoot & Prongs, 1978

Remus saiu da biblioteca e, por alguns momentos, Sirius sentiu o pânico tomar conta
de seu interior. Espere, ele queria dizer, não me deixe fazer isso sozinho.

Porém, no fundo, ele sabia que era a melhor assim. James apreciaria mais. E, afinal,
Remus já havia feito sua parte.

“Muffliato,” Sirius disse rapidamente - eles estavam em uma parte relativamente


privada da biblioteca, mas era melhor prevenir do que remediar. Ele enfiou o cabelo
atrás da orelha e riu nervosamente.

James ainda estava o encarando. Sirius pigarreou, precisando quebrar o gelo,

"Er ... então sim... é exatamente o que você pensa que é."

“Você ...” disse James, franzindo as sobrancelhas, depois se suavizando, como se não
tivesse certeza de qual expressão se encaixava melhor na situação.

Sirius lambeu os lábios, procurando algo para dizer. Isso era tão frustrante - ele e
James sempre souberam falar um com o outro. Podiam compartilhar qualquer coisa -
sempre foi assim. Seja corajoso, disse a si mesmo, Moony seria corajoso. Moony não
pensaria duas vezes. E, de qualquer maneira, James não ficaria com raiva. Afinal, ele
tinha sido tão gentil com Remus. Porém, Potter ainda não havia dito nada.

"Eu queria te contar," Sirius disse cuidadosamente. “Eu só ... er. Estava esperando pela
hora certa, sabe?”

"Passamos todos os momentos do dia juntos, Padfoot." James disse, ainda parecendo


sem fôlego com a revelação.

Ah não, Black pensou, ansiosamente. Ele está irritado. Merda.

729
"Sim," Acenou com a cabeça, esfregando a nuca. Se sentia inquieto e com muito calor,
então puxou a gravata da escola. "Eu sei."

"Bem. Suponho que não seja todos os momentos, caso contrário, eu teria


percebido.” James disse, friamente.

"Nós estávamos escondendo isso." Sirius disse, rapidamente. Ele não queria que James
pensasse que ele era um amigo ruim, ou negligente, ou qualquer uma dessas
merdas. Se alguém era o culpado, era ele, Sirius. Talvez Moony também, um pouco,
mas se alguém deveria levar um puxão de orelha, então deveria ser Sirius.

"Padfoot ..." Potter estava dizendo agora, ainda carrancudo, "Eu não quero ser rude
nem nada, mas ... que porra você pensa que está fazendo?"

"O que?" Sirius olhou para ele, surpreso. Ele esperava alguma reação diferente, mas
não isso.

“Esse é o Moony. Nosso melhor amigo, Moony!”

"Eu sei!"

“Remus Lupin!”

“Eu sei o nome dele!” Black retrucou, ficando irritado. Não conseguia ver o que o
outro garoto queria dizer, e parecia muito injusto que James brigasse com ele dessa
forma, quando estava apenas tentando ser honesto.

“Passamos sete anos tentando fazer com que ele confiasse em nós!” James continuou,


gesticulando descontroladamente com as mãos como se estivessem discordando sobre
um jogo de quadribol, "Ele literalmente acabou de começar a nos contar algo sobre si
mesmo, e você vai estragar tudo porque não consegue se controlar!"

“Ei!” Sirius rosnou, cerrando os dentes e cerrando os punhos. "Não é isso!"

Potter zombou, revirando os olhos,

730
“Qual é, Sirius, eu sei como você é! Você mergulha de cabeça, até ficar
entediado. Olha, eu nunca disse nada quando era Mary - ela sabe se cuidar. Ou
Emmeline, embora você realmente tenha sido um filha da puta com ela. Ou Avni, ou
Florence, ou qualquer outra pessoa que você tenha procurado, mas isso é longe
demais, mesmo para você, Black.”

“Se isso for porque nós dois ...”

“Eu não dou a mínima para isso,” James movimentou a mão com desdém, “Você sabe
que eu não me importo com esse tipo de coisa. O que me importa é você agir como se
pudesse ter qualquer pessoa, a qualquer hora, sem consequências!”

"Não tem sido tão fácil, acredite em mim." Sirius respondeu secamente.

“Eu não acredito em você! Se você pudesse apenas pensar com seu cérebro em vez de
seu pau pela primeira vez.”

"Cai fora, eu não preciso dessa merda." Retrucou, "Você obviamente não está
interessado em ouvir."

"É o Moony." James repetiu, como se Sirius fosse um aluno do primeiro ano


particularmente estúpido se esforçando para fazer um feitiço razoavelmente simples.

"Bem, eu pensei mesmo que ele parecia familiar." Sirius disse, exasperado. "Eu não
posso acreditar que você está sendo tão idiota sobre isso!"

“Estou tentando colocar algum juízo em você! Eu sei que você sempre foi um pouco
... bem, você sabe. Você marcha no ritmo do seu próprio tambor, ou o que for, mas
Remus não é assim ... ele não é apenas alguém que você pode experimentar um pouco
e ver se encaixa. Ele precisa de nós. Agora mais do que nunca."

Ah, Sirius pensou, com um baque. Então é isso. Eles se encararam um pouco mais,


olhos castanhos quentes encontrando um azul gelado. Black cedeu primeiro, porque
ele sempre cedia quando era James.

731
“Prongs, eu sei o que parece, eu sei o que você deve estar pensando ..., mas eu juro
que não é assim. Simplesmente aconteceu ... e eu queria te dizer, eu disse, eu ia te
contar no Natal - "

"Natal?!" As sobrancelhas de James se ergueram, “No maldito Natal?! Está


acontecendo desde -”

"Verão passado." Sirius disse rapidamente, ansioso para contar a verdade agora que
estava tudo escancarado. "Quero dizer ... algumas coisas antes disso, mas
praticamente." Ele esperava que não estivesse corando. Ainda estava com vergonha da
maneira como se comportou no ano passado.

Os olhos de James se arregalaram e o olhar de indignação moral não se dissipou. Ele


balançou sua cabeça,

“Eu não entendo você! Depois de tudo que ele passou - "

“Olha, ele tinha alguma escolha no assunto! Você está agindo como se ele não pudesse
tomar decisões por si mesmo, quando sabe muito bem que ninguém nunca obriga
Moony a fazer nada, o teimoso idiota."

James não respondeu a isso, mas Sirius pode ver em seu rosto que isso o fez
parar. Vendo uma oportunidade, ele seguiu em frente: “A culpa não
é toda minha. Merlin, achei que você entenderia. Ou pelo menos seria um pouco
menos crítico - tive que ouvir você falando da Evans pelos últimos cinco anos e não
reclamei.”

Potter sorriu, apesar de tudo.

"Sim, você ouviu."

Sirius sorriu de volta, encolhendo os ombros.

“Sim, eu ouvi. Mas você não é o único que pode se apaixonar.”

732
“Espere,” James olhou para cima novamente, franzindo a testa, “Apaixonado? Você
está apaixonado pelo Moony?!”

"Isso foi apenas um exemplo," Sirius disse apressadamente, voltando atrás. Droga,


como isso escapou?! "Eu só quis dizer ... er ... nós não conversamos exatamente sobre
isso ... de qualquer forma, esse não é o meu ponto."

A boca de James caiu aberta novamente, mas pelo menos ele parou de franzir a testa.

"Olha," Black continuou, inclinando-se sobre a mesa, "Eu sei que você se preocupa
com ele. Todos nós nos preocupamos. Eu me preocupo. Não é como foi com todas
aquelas garotas, é ... mais. É melhor. Ele me faz melhor, ele me entende.”

"Merlin." Potter sentou-se abruptamente, olhando para o livro à sua frente. Ele


balançou a cabeça, ainda carrancudo. Porém, não parecia mais com raiva.

Sirius esperou, sem saber o que mais poderia dizer.

"Desculpe." Ele tentou novamente. “Eu não sei mais o que dizer a você. Mas não estou
pedindo sua permissão, estou apenas avisando. É assim que as coisas são."

James passou as mãos pelos cabelos, balançando a cabeça novamente. Ele suspirou


profundamente.

“Toda essa leitura.” Ele disse. "Eu preciso de um tempo."

"Sim." Sirius assentiu, ansioso por uma mudança de assunto.

"Campo de quadribol?" James finalmente olhou em seus olhos. Black sorriu, aliviado.

"Sim, vamos."

Eles empacotaram suas coisas rapidamente e deixaram o castelo. Lá fora, as coisas


pareciam um pouco melhores. Sirius começou a relaxar. Ele se perguntou onde Moony
estava. Ele mal podia esperar para falar com ele; para comemorar a eliminação deste

733
obstáculo final. Ele e James trocaram de roupa para voar em um silêncio
amigável. James não era como Remus; você não precisava ficar insistindo e tentando
adular para obter uma resposta, ou ele dizia o que pensava ou você podia presumir que
estava tudo bem.

Potter ficou pronto antes e esperou na porta do vestiário segurando as duas


vassouras. Sirius veio ao seu encontro. Era um dia perfeitamente claro, o céu estava
azul e havia apenas o suficiente de um frio no ar para manter seus sentidos aguçados.

Black aceitou sua vassoura e inalou o ar fresco. Ele olhou para James. Assim que
estivessem no ar, estaria acabado; todo esse desconforto, toda a estranheza. Só tinha
mais uma coisa que ele precisava dizer.

"Prongs?"

"Sim, Padfoot?"

"Todas aquelas coisas que você disse sobre Moony?" Sirius olhou para seu melhor
amigo por trás do cabelo, “Sobre como ele apenas começou a confiar em nós, e como
ele precisa de nós? Isso ainda é verdade. É por isso que eu realmente preciso que você
se acostume com isso, ok, Potter? Você precisa mostrar a ele que tudo está igual.”

James o olhou por um longo tempo, seus olhos castanhos escuros parados e
infinitos. Ele assentiu.

"Sim, eu sei. Eu irei. Juro."

734
Capítulo 129: Sétimo ano: Instinto

"Você contou para ele!" Remus beijou Sirius assim que ficaram sozinhos.

"Bem, ele descobriu..." O moreno disse, rindo, enquanto era empurrado de volta para
o quarto. Lily e James tiveram que liderar uma reunião de monitores e Peter ainda
estava na detenção. Remus havia lhe arrastado escada acima o mais rápido que pôde,
todas as suas dores sendo esquecidas.

"Mas você contou para ele." Lupin insistiu, passando a língua por seu pescoço, da
clavícula até o lóbulo da orelha, fazendo-o estremecer enquanto a parte de trás dos
joelhos batia na estrutura da cama. Remus deu-lhe um empurrão meio urgente, meio
brincalhão, e eles caíram juntos.

"Merlin," Sirius engasgou, enquanto o outro continuava seu ataque, subindo em cima
dele, os joelhos ao lado de seu quadril, "Se eu soubesse que seria assim que você
reagiria, teria contado ao Prongs há muito tempo -”

"Cale. A. Boca." Remus o beijou com força nos lábios, as mãos no cinto do moreno.
Sirius obedeceu.

Lupin também estava um pouco surpreso. Quem diria que uma confissão seria tão
excitante? Se não tomasse cuidado, contaria a todos que conhecesse.

“Então”, disse ele, meia hora depois, apenas com sua cueca box, sentando-se a janela
enquanto acendia um cigarro. Sirius permanecia deitado na cama, vagamente
atordoado, o encarando. "Ocorreu tudo bem?"

“Hm?!” Black piscou muito lentamente, como se suas pálpebras estivessem pesadas.
Remus sorriu, exalando fumaça, tentando mirar através da fresta da janela.

" James. O que ele disse?!"

735
“Acho que a primeira coisa foi ‘que porra você pensa que está fazendo?’, mas ficou
melhor a partir daí.” Sirius bufou.

“Ele fez muitas perguntas?”

"Mais ou menos. Nada que eu não esperava, eu acho. E quanto a Evans?”

"Ela disse 'Meu Deus' cerca de cem vezes, mas entendeu tudo razoavelmente rápido."

“Prongs também. Exceto que o idiota não vai contar ao Wormtail para nós, diz que
temos que fazer isso."

"Nós vamos. É justo." Remus tragou seu cigarro novamente, então soprou a fumaça
no quarto, observando-a preencher o espaço entre eles. “Que perguntas ele fez?”

Sirius fechou os olhos, inspirando.

“Nada escandaloso. Por quanto tempo, quando começou, por que eu não disse a ele ...
esse tipo de coisa."

"O que você disse?"

"Eu disse a verdade. Bola um cigarro para a gente? "

Remus já tinha feito. Ele o estendeu. Sirius rolou de bruços e estendeu o braço longo e
pálido através da fumaça para pegá-lo, colocou-o entre os lábios franzidos e estalou os
dedos. Ele sugou, então rolou para trás, exalando com um suspiro.

"Como se sente?" Lupin perguntou, incapaz de desviar os olhos. Ainda parecia algo
milagroso, algo além de tudo que pudesse imaginar. Sirius Black, nu, na porra da
minha cama.

"Agora? Maravilhoso para caralho.’’ O moreno piscou perversamente. “Sobre Prongs?


Ok. Foi bom, eu acho." Ele se espreguiçou, a mão desaparecendo sob um dos
travesseiros. "O que é isso?"

736
"Oh!" Remus corou, pulando da janela, “Recebi algumas cartas de volta. Ferox está
bem. E, erm... ”

"Grant." Os lábios de Sirius se curvaram quando ele pegou o cartão-postal que Grant
havia enviado de Brighton. Possuía uma foto colorida de um cais na frente, o mar
parecia azul e o sol brilhava. Remus estava tão feliz por ele ter enviado. Era bom
imagina-lo em um lugar luminoso e alegre como aquele. Black continuou fumando
enquanto lia. "Ele está saindo com alguém que tem um corpo bonito, mas sente sua
falta?!"

Remus pulou na cama e pegou a carta, levantando-a para que Sirius não pudesse
alcançá-la.

“Ele está saindo com alguém com um corpo bonito e sente minha falta. Declarações
separadas.”

"Bem." Sirius cruzou os braços, deitando-se novamente e bufando com força, "Espero
que você esteja escrevendo para ele sobre meu lindo corpo."

"É claro." Remus riu, deitando-se ao seu lado. Os dois olharam para as cortinas de
veludo vermelho da cama. "Você não está realmente com ciúmes, está?" Perguntou,
hesitante.

"Pfft, não." O moreno o cutucou gentilmente com o cotovelo. “Curioso, talvez ...”

"Sobre...?"

"O que você acha? Você e ele! Você nunca me contou nenhum detalhe ... "

“Tínhamos quinze anos, não havia nenhum detalhe. Apenas beijos.” Remus
resmungou, "Honestamente, que coisa a se perguntar."

"James perguntou, sobre nós."

"Ele nunca faria isso!"

737
"Bem, ele não perguntou, mas eu sabia que ele queria."

"Não, ele não perguntou, você está apenas sendo vaidoso." Remus se inclinou para
apagar o cigarro na xícara de chá frio em sua mesa de cabeceira. Black o pegou pelo
quadril e o puxou, fazendo-o fechar os olhos e se deixar ser levado.

--- “Graças a Godric eu tinha o mapa, eu teria ido para a biblio – PELAS BOLAS DE
MERLIN!” A porta se abriu e Peter, boquiaberto, colocou as mãos na frente dos
olhos.

Remus saltou da cama como se Sirius estivesse pegando fogo e começou a procurar
por suas calças no chão, gritando.

“Desculpe Pete, desculpe Pete! Merda! Merda! Merda!"

"Que porra é essa?!" Peter gritou de volta, ainda cobrindo os olhos.

Sirius puxou o edredom para cima, olhando para os dois, então caiu na gargalhada.

"Wormy, temos algo para lhe contar."

***

Sexta-feira, 20 de janeiro de 1978

Peter demorou um pouco para se acostumar, mas todos demoraram, até mesmo Remus
e Sirius. Os dois sempre se esqueciam de que os marotos sabiam. Haviam se
acostumado a se evitar inconscientemente, e se tornaram estranhamente tímidos sobre
demonstrar qualquer tipo de afeto na frente dos outros. Claro, Remus ficava
lembrando a si mesmo que era melhor se manter discreto de qualquer maneira; eles
ainda tinham o resto da escola com que se preocupar.

"Você poderia contar a Christopher, no entanto." Sirius disse, enquanto deixavam a


biblioteca pela última vez antes da viagem a Hogsmeade. Era quase meia-noite e eles

738
haviam sido perseguidos por Madame Pince, que não os deixou ficar mais, mesmo
quando Lily e James mostraram seus distintivos de Monitora e Monitor chefe.

"Ah, agora você se lembra do nome dele," Remus bocejou, apertando os livros contra
o peito - na verdade, apenas para ter algo a que se agarrar.

"Só estou dizendo," Black também bocejou enquanto cobria a boca, mas continuou
falando, "Ele já sabe a metade, não há mal nenhum em contar a ele o resto. Não é
realmente justo deixá-lo continuar sofrendo por você quando não há uma chance de ...
"

"Sirius Black, você está com ciúmes?!" Lily gargalhou, rindo devido cansaço
excessivo.

"Não." Sirius fungou, o nariz empinado, "Eu só não quero nenhum mal-entendido."

"Bem, se eu sobreviver amanhã, então vou pensar sobre isso." Remus bocejou
novamente.

Isso fez com que todos ficassem quietos e ele se arrependeu de ter dito. Todos
voltaram para a sala comunal em um silêncio solene. A torre da Grifinória estava
pacífica e quase vazia - alguns alunos do segundo ano permaneceram após o toque de
recolher, mas, assim que viram James e Lily, fugiram para seus dormitórios, e os
marotos tomaram seus assentos de costume perto da lareira. Remus se acomodou em
sua poltrona e imediatamente voltou ao livro que estava lendo antes de Pince o
interromper tão rudemente.

Sirius acenou com a varinha para a chaleira pendurada sobre a lareira e Lily convocou
algumas xícaras de chá limpas do armário, mas ninguém falou até que a água fervesse
e o chá esquentasse em seu bule.

“Moony,” Black chamou suavemente, “Largue o livro, hm? Já estudamos muito.”

739
"Não parece o suficiente." Remus respondeu, sentindo-se espinhoso e irritado. "Eu sei
que estou esquecendo de alguma coisa."

Todos ficaram encarando, e agora Lupin não sabia se era porque estavam surpresos
(ou enojados) sobre toda a coisa com Sirius, ou se eles estavam convencidos de que
ele estava prestes a fugir e se juntar aos lobisomens.

“É muito.” James disse, agora servindo o chá e entregando a Remus um pires,


“Honestamente, agora você sabe o suficiente para fazer qualquer exame de Defesa
Contra as Artes das Trevas. Pode muito bem se ausentar pelo resto do ano.”

“Isso não é um exame.” Retrucou. A xícara e o pires tremeram em suas mãos, então
ele as pousou no braço da cadeira. Tinha a sensação de que Sirius havia notado isso,
mas esperava que mais ninguém houvesse.

"Mas Moony," Peter sorveu seu próprio chá ruidosamente, "Você já fez isso antes.
Ano passado."

"Exatamente", James assentiu, encorajando-o.

Remus suspirou e não disse mais nada. Qual era o ponto; reclamar não o levaria a
lugar nenhum. Ele tomou um gole de chá, desejando que sua mão permanecesse firme.
Esta era potencialmente a pior época do mês para uma missão, não conseguia deixar
de pensar. Apenas quatro noites longe da lua cheia e sua magia parecia mais forte do
que o normal, mas também, menos previsível. Estava inquieto, sua pele formigando,
seus sentidos nus e seu humor borbulhava. Sabia que estava esquecendo de algo.
Simplesmente sabia. Um sentimento sombrio de mau presságio dizia que nem todas as
maldições do mundo resolveriam o problema.

Ele se levantou bruscamente, derrubando a xícara de chá da poltrona. Sirius foi rápido,
e a parou no meio do ar com um aceno de sua varinha. Remus ignorou isso.

"Estou indo para a cama." Disse, estalando os nós dos dedos.

740
"Ok, Moony," James acenou, brilhantemente. Ele olhou para Lily, "Acho que vamos
ficar aqui um pouco."

Peter olhou para Sirius e depois para Remus com uma expressão de leve terror. Lupin
resmungou.

"Está tudo bem, Wormtail, eu realmente vou dormir. Vejo vocês amanhã."

Ele não dormiu. Seu cérebro não deixou. Odiava Dumbledore, odiava Greyback,
odiava a guerra e, conforme as horas ficavam cada vez menores, odiava Peter também.

No entanto, ele não odiava o outro lobisomem; aquele que não era Greyback. Assim
como não odiava Lívia, embora ela o assustasse. Quanto mais Remus pensava sobre o
que estava à sua frente, menos certeza ele tinha sobre sua preparação.

Sim, agora conhecia mais maldições e feitiços do que Regulus e Severus combinados
(provavelmente), mas quanto mais pensava em seu encontro com Lívia, menos úteis
essas coisas pareciam. Ela mesma não havia dito? "Você pode usar esse uniforme e
agitar seu galho idiota, mas sabe que tem mais em comum comigo do que qualquer
pessoa naquele castelo." Ele sabia que ela era mais forte do que ele; Livia poderia
machucá-lo se quisesse - mas não o fez, não realmente. Em vez disso, ele se lembrou
da pena que sentiu imediatamente após o encontro. Se lembrou do desejo de ajudá-la e
de suas conversas com Ferox e Dumbledore.

Ao amanhecer, Remus estava deitado bem acordado, com os pensamentos correndo a


um milhão de quilômetros por hora, seu coração batendo forte e seu estômago
fervendo de expectativa. Se ele tivesse que ir para a guerra, tudo bem. Porém, esta era
sua batalha, e seria em seus termos.

***

It was an April morning when they told us we should go

As I turned to you, you smiled at me

741
How could we say no?

Oh, the fun to have

To live the dreams we always had

Oh, the songs to sing

When we at last return again

Slipping off a glancing kiss

To those who claim they know

Below the streets that steam and hiss

The devil's in his hole

'Achilles Last Stand' by Led Zeppelin.

Sábado, 21 de janeiro de 1978

O café da manhã foi desolador. Remus estava com uma fome voraz, mas ninguém
mais parecia estar comendo. Sirius estava tomando café preto, o que já o estava
deixando agitado pela forma como ele se balançava em seu assento. Mary e Marlene
eram as únicas agindo normalmente, porque nenhuma delas sabia sobre a tarefa.

"Três vassouras, mais tarde?" Mary perguntou, animada.

Lily e James assentiram, tentando sorrir, o que fez com que parecessem levemente
perturbados. Os dois estavam de mãos dadas sob a mesa novamente, e Remus tentava
não pensar nisso, então pegou o prato de bacon para outra porção.

742
"Posso levar Yaz?" Marlene estava perguntando a Mary, que levantou uma
sobrancelha.

"Quer dizer, eu suponho que sim..."

"Excelente." Marls sorriu. A boca de Mary torceu, mas ela não disse nada.

A caminhada até Hogsmeade pareceu mais longa do que nunca. Felizmente, Lily e
James tinham deveres a cumprir, então, pelo menos, eles não estavam seguindo
Remus, apenas esperando. Infelizmente, Sirius possuía energia nervosa o suficiente
para três pessoas, e Lupin podia senti-la emanando dele em ondas.

"Onde nós devemos ir?" Ele murmurou, baixo o suficiente para que apenas Peter e
Remus pudessem ouvir.

"Em todos os lugares, suponho."

"Ajudaria se eu fosse Padfoot?"

"Se quiser.’’

"Devo mudar também?" Peter perguntou.

"Se quiser."

Remus não conseguia despertar muito interesse. Estava bastante ocupado tentando
descobrir se Hogsmeade possuía algum cheiro diferente, ou se era porque, geralmente,
tentava ignorar os cheiros como um humano.

Eles entraram em um beco ao lado de uma loja e Peter e Sirius se transformaram atrás
de algumas lixeiras. Wormtail rastejou na palma de sua mão, e ele o colocou sentado
em seu ombro. O peso era um pequeno conforto, mesmo que seus bigodes fizessem
cócegas no pescoço de Remus. Era bom ter Padfoot também, grande, preto e agitado,
trotando ao lado como um companheiro leal. Sim. Muito melhor quando seus amigos
não eram humanos, em sua opinião. Pelo menos agora.

743
Eles andaram. Remus evitou deliberadamente a rua principal, ao invés disso, vagava
pelas estradas residenciais. Quantas pessoas viviam em Hogsmeade? Quantos estavam
potencialmente em perigo, mesmo sem saber? Ele tentou farejar o ar, e foi como
exercitar um músculo que havia permitido que atrofiasse.

Alguns cheiros eram mais fortes do que outros. Padfoot obviamente, e Wormtail.
Resíduos domésticos das lixeiras, quintais e magia - aquele forte sabor de ferro que se
instalava em sua língua como melaço quando ele estava tão perto da lua. Outros
alunos, o aroma adocicado doentio da Dedos de mel e o cheiro reconfortante de
pergaminho emanando da Scrivenshaft.

A floresta. Podia sentir o cheiro da floresta, se realmente tentasse. Ele fechou os olhos
brevemente e inalou. Verde, exuberante, denso, repleto de vida ... e magia. A princípio
pareceu um capricho indulgente, apenas uma ideia de que havia gostado o bastante do
cheiro para querer se aproximar. Porém, quanto mais caminhavam, e quanto mais
perto ficavam, mais importante parecia. Remus teve a impressão de que algo o estava
atraindo naquela direção há algum tempo.

A Floresta Proibida se erguia sobre a pequena vila, quilômetros e quilômetros de


escuridão e perigo contra um pano de fundo de montanhas cobertas de neve azul-
acinzentada. Pela primeira vez (como humano, pelo menos) Remus teve o desejo de
entrar - de explorar.

Padfoot choramingou ao lado dele quando deixaram Hogsmeade e a estrada para trás.
Se perguntou se Sirius podia sentir o cheiro também, mas era impossível extrair
qualquer expressão dele na forma de cachorro. Remus tentou desligar sua mente
racional por um momento - havia alguma coisa lá, ou ele estava apenas pensando
demais?

A magia na floresta não era a mesma de Hogwarts; não era humana, não possuía
aquele cheiro metálico de pólvora que Remus passou a associar à maioria das bruxas e
bruxos que conhecia. Era mais orgânica; menos precisa; um cheiro inebriante de terra
e decomposição. Havia poder ali. Ele soube disso instintivamente – poder estonteante,

744
enorme, capaz de mover a Terra. Um dia, aquilo teria sido assustador. Porém, quanto
mais perto chegava, mais seguro se sentia - o poder seria dele, se quisesse. Tudo o que
precisava fazer era deixá-lo entrar. Outro cheiro se revelou; um animal; sangue.
Remus sentiu o lobo dentro de si se mover, e seu desejo de entrar na floresta tornou-se
quase impossível de resistir.

Padfoot latiu bruscamente e correu na sua frente. O grande cachorro preto se virou,
eriçando o pelo e emitindo um rosnado baixo. Remus piscou, voltando para si mesmo.
Wormtail estava guinchando e tremendo em seu ombro - talvez já estivesse assim há
alguns minutos.

"Sirius." Remus franziu a testa. "Saia."

Padfoot continuou a rosnar. Wormtail deu outro guincho, antes de se enfiar nas vestes,
dentro de seu bolso esquerdo. Remus se sentiu quente e com raiva - como se algo
tivesse sido arrancado dele, algo que queria. Algo que precisava. Ele se moveu para
frente, e Sirius se transformou de volta em si mesmo.

"Onde você está indo?!" Ele disse, ainda bloqueando seu caminho. "Você não
consegue sentir o cheiro?!"

Remus parou de tentar passar e o olhou nos olhos.

"Você consegue?" Ele sussurrou, sem acreditar muito.

“Tem algo ruim aí. Deve ser o lobo.”

"É." Remus acenou com a cabeça, ansioso. Isso certamente não era óbvio?!

"Mas não tenho certeza." Sirius franziu a testa.

"Eu tenho." Respondeu. "Deixe-me passar."

Black se moveu novamente, bloqueando-o.

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"Não." Ele disse. “Você fez o que disse que faria. Nós sabemos que está lá. Vamos
voltar agora. "

"Eu ..." Lupin olhou por cima do ombro de Sirius, para as selvas escuras e invernais
além. Queria tanto isso. Mais do que ele jamais quis qualquer coisa; exceto - talvez - o
menino parado diante dele. "Eu tenho que ir." Terminou. Era uma explicação
insuficiente, mas era tudo o que tinha.

“Aí estão vocês! Onde está o Pete?”

O impasse de Sirius e Remus foi interrompido pelo grito alegre de James. Os dois se
viraram para vê-lo vindo da aldeia em direção a eles, com Lily ao seu lado. “O que
estão fazendo aqui? Pensei que deveriam deixar seu cheiro por toda a cidade ou algo
assim. "

"Sim, íamos voltando agora." Black respondeu - o que Remus achou muito atrevido,
sem mencionar, presunçoso.

"Vocês podem voltar." Disse Remus. "Eu não."

"Não o quê?" Lily perguntou, confusa. "Onde está Peter?"

Remus podia sentir o peso quente do corpinho peludo de Wormtail em seu bolso, mas
não disse nada. James estava agonizando por meses sobre quando falar sobre o lance
de animago para sua namorada, e agora definitivamente não era o momento certo

"Eu não vou voltar com você. Eu tenho que entrar lá.” Ele apontou para a floresta,
ciente de como parecia louco.

"Você o que?!" James parecia preocupado. Seus olhos se voltaram para Sirius
automaticamente, o que irritou Remus ainda mais. Sirius não era seu guardião, pelo
amor de Deus.

746
"O lobo está lá." Black explicou "E Moony ficou completamente louco e decidiu que
precisava enfrentar isso agora mesmo."

A cabeça se virou com força na direção do moreno, sentindo-se indignado e traído.

"Eu não fiquei maluco, seu idiota!" Retrucou ferozmente. Como poderia explicar que
isso era exatamente o que tinha que acontecer? Que ele sabia, no fundo de sua alma,
em seu próprio âmago. “Voltem ou esperem aqui. Vocês não vão entender.”

"Ajude-nos a entender, Remus," Lily adiantou-se, gentilmente, "Isso não é algo que
você faria, correr para uma luta ..."

Remus quase riu na cara dela. Ninguém se lembrava de quem ele era? O que ele era?

"Eu não vou lutar com ninguém." Ele disse. “Eu só quero falar com eles. Isso é o que
eu devo fazer. "

Todos o encaravam, não convencidos. Sua raiva explodiu novamente, e ele teve um
pensamento muito desagradável - que poderia facilmente passar por eles, se quisesse.
A magia na floresta era mais do que suficiente; isso o fazia se sentir forte. Poderia
forçar seus amigos a ficarem lá e isso nem mesmo o cansaria, provavelmente nem
precisaria de sua varinha. Esta noção o queimou tão intensamente que o assustou.

Ele olhou para Lily novamente, recusando-se a olhar para Sirius ou James.
“Estávamos errados - isso não é uma batalha. E eu não sou uma arma contra os
lobisomens ", ele tentou explicar," Eu sou um ... sei lá, uma forma de entrar. Eles
precisam saber que não quero fazer mal. "

"Mas Remus, se eles estão do lado de você-sabe-quem ..."

"Eles não estão!" Ele perdeu a cabeça. "Nem todos eles."

Lily parecia incerta, e Sirius estava praticamente queimando um buraco em sua nuca
com sua indignação. Remus passou as mãos pelos cabelos. Eles não iriam entender.

747
Como poderiam? Ele mal entendia. "Olha." Continuou "Isso é importante e preciso
que todos confiem em mim."

Não foi um pedido e nem foi recebido como tal. James e Lily olharam um para o outro
e depois para Sirius. James acenou com a cabeça.

"Ok, Moony."

Black fez um barulho de protesto, mas Remus estava longe demais para se importar.
Ele o compensaria mais tarde, quando pudesse pensar com clareza; quando cada
instinto nele não estivesse lhe dizendo para correr para a floresta a todo vapor.

"Ok." Ele acenou. "Fiquem aqui." Houve um puxão em seu diafragma quando a magia
assumiu o controle - nunca teria certeza se havia feito isso de propósito ou não e, no
momento, simplesmente não se importava.

Ele se virou e começou a caminhar para a floresta rapidamente, suas longas pernas
dando passos largos, seus amigos atrás dele, imóveis, incapazes de segui-lo.

748
Capítulo 130: Sétimo ano: Castor

Era mais fácil não pensar, pelo menos nos minutos seguintes. Remus não diminuiu a
velocidade ou se cansou tão rápido quanto de costume - até mesmo seu quadril havia
parado de doer. Apesar da lisonjeira culpa beirando a superfície, ele não se sentia tão
bem em meses. O cheiro se tornava mais forte conforme a floresta ficava mais densa,
e uma penumbra de escuridão caiu, lançando sombras estranhas que pareciam se
mover pelos cantos de seus olhos.

Ele não pensou. Era tarde demais para pensar; estava muito longe.

Puta merda, uma voz em sua cabeça surgiu do nada, quando você vai em frente, você
realmente se joga de cabeça, não é, querido?

Grant. Remus não queria fazer isso agora. Cale a boca, disse para seu cérebro.

Oh, charmoso! A voz de Grant gargalhou, aqui estou, apenas tentando ajudar. Não
tento sempre ajudar?

Eu não preciso de ajuda.

Se você não precisasse, eu não estaria aqui. A voz de Grant rebateu. Eu poderia ser
outra pessoa, se preferir? Muitas pessoas sensatas para escolher. Eu tenho Ferox
aqui, quer conversar com ele? Ou Lily, embora ela seja um pouco reclamona, se
quiser saber minha opinião... Dumbledore? Nah, um idiota. Ooh, e quanto ao seu
menino riquinho? Eh, ‘Moony’?

Cale a boca. Remus repetiu, andando mais rápido, respirando com mais força.

Sim, a voz de Grant concordou, maliciosamente, posso ver por que ‘cê não gostaria
de falar com ele, depois do que acabou de fazer.

Eu precisava. Insistiu. Nenhum de vocês entenderia.

749
Bem, agora que eles não vão, seu lunático.

Remus ignorou a voz. Não havia tempo para isso; ele apenas teria que lidar com as
consequências mais tarde. Sabia que não havia como voltar agora, não realmente.

Espero que você goste da floresta, Remus. Grant estava sussurrando agora, porque
ninguém vai querer você de volta à civilização depois dessa bagunça.

Cale a boca, cale a boca, cale a boca. Remus se enfureceu dentro de sua cabeça,
como um louco; como alguém perturbado. Talvez tenha sido um erro vir sozinho.
Talvez ele realmente tivesse se perdido e seus amigos estivessem apenas tentando
mantê-lo seguro...

Não. Sentiu o cheiro novamente, e isso mexeu tanto com suas entranhas que era como
se estivesse sendo conduzido; arrastado para frente, incapaz de resistir. Era uma
sensação que, antes, só havia associado às transformações. Não estava mais sob
controle, da mesma forma que o lobo não interferia quando estava em sua forma
humana. Era ele - o outro lobo, em algum lugar lá fora. Remus tinha que encontrá-lo,
ou então ... bem, não tinha certeza, mas nem valia a pena considerar.

Algo se moveu, bem à frente, e Remus congelou. Os diferentes cheiros da floresta


começaram a se acumular, teve de se concentrar para identificar e categorizar cada
um. Havia magia. E havia um tipo diferente ... não era o lobo; era uma fêmea - ou,
pelo menos, um cheiro feminino, e absolutamente nada lupino.

Ele caminhou em direção ao cheiro, confuso. Estava muito perto, mas não conseguia
ver nada. Remus se viu em um bosque de bétulas prateadas - árvores finas e
fantasmagóricas com troncos como casca de papel que brilhavam na escuridão da
floresta. O cheiro era forte, mas ainda não havia nada - e ele havia perdido o rastro do
lobo.

Impaciente, Remus puxou sua varinha e lançou um feitiço revelador.

750
“Aparecium.’’ Sua varinha pareceu pular em sua mão, a força de sua magia estava
muito forte.

Um lamento angustiado encheu o ar, e a árvore mais próxima de Remus não era mais
uma árvore, mas uma jovem. Uma dríade. Ela era linda - à sua maneira. Esbelta e alta
como as árvores que ela guardava, sua pele brilhava tão branca como casca de prata, e
seu cabelo farfalhou de folhas frágeis de inverno farfalhou. A dríade se virou,
mostrando seus dentes amarelos e afiados, e ele cambaleou para trás, chocado e
pasmo.

"Vá embora, coisa detestável." Ela sibilou, estreitando os olhos que eram da cor das
folhas novas da primavera, estranhamente brilhantes e ferozes. "Eu já lidei com o
outro, vou lidar com você também."

"Qual outro?!"

"O outro metade-besta." Ela ficou carrancuda. A dríade era, pelo menos, uma cabeça
mais alta e avançava em um ritmo constante, as raízes se desenrolando nas solas dos
pés e girando em sua direção. Por mais terrível e assustadora que ela fosse, Remus
tinha que ficar focado em seu objetivo.

“Estou procurando por ele - o outro. Não quero fazer mal a você, ou a suas ... er ...
árvores. "

"Bruxos não pertencem a este lugar." Ela continuou, severa “Mesmo bruxos metade-
bestas. Saia."

“Eu irei, assim que eu ---”

"Criaturas desagradáveis, cruéis, perversas, sujas, antinaturais, não pertencem, muito


perigosas ..."

"Não é lua cheia", ele insistiu, "Eu não vou me transformar, eu juro!"

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"Não lobo." A dríade murmurou, muito perto dele agora, hera e urtigas serpenteando
em sua direção, cobrindo seus sapatos. "Mago. Lobo é bem-vindo. Lobo é natural.”

"Oh ..." Remus não tinha uma resposta para isso, e as vinhas estavam fazendo cócegas
em seus tornozelos agora, o picando enquanto apertavam. Ele ainda tinha sua varinha.
Ainda tinha todas as maldições que passou as últimas duas semanas praticando.
Porém, agora que havia chegado hora de usá-las, a consciência de Remus doeu.

A dríade estava apenas fazendo o que deveria fazer; proteger suas árvores.

"Por favor!" O garoto disse, erguendo as mãos, esperando que parecesse respeitoso,
"Eu prometo que não vou machucar você, ou ninguém - eu só preciso encontrar o
outro ... o outro lobo. Então eu irei, realmente irei! "

“Mentira falsa, suja ...”

"Juro!"

"E o pequeno?"

"O que!? Quem?!"

De perto, ele podia ver que o rosto dela não era liso, como pele humana, mas
finamente enrugado e rachado, como uma casca de árvore; carvão preto sob a fina
camada externa do tecido. A dríade deu outro gemido áspero e ergueu a mão. Remus
se encolheu, mas ela não o tocou - em vez disso, houve um tremor violento dentro do
bolso de seu manto, e Wormtail saiu voando, caindo no chão coberto de musgo com
um suave 'pat'. Merda. Remus pensou. Maldito Peter!

A dríade ergueu o braço novamente e Peter se transformou de volta para sua forma
humana, tremendo e se encolhendo no chão.

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"Por favor, não me machuque!" Ele choramingou, cobrindo o rosto. Lupin se colocou
a frente dele, rapidamente. De todas as pessoas para ter ao seu lado em uma situação
como essa, ali estava Peter.

"Mentiroso!" A dríade sibilou de novo triunfante, o cabelo cheio de folhas eriçado,


"Enganadores, bruxos imundos ..."

Ela estava levantando os dois braços agora, e seus olhos escureceram para a cor de
agulhas de pinheiro. Agora, Remus tinha certeza de que ela queria causar muito mal a
eles; cada um de seus dentinhos pontiagudos estava à mostra. Ele não podia desarmá-
la, ela não possuía uma varinha. Ele não tinha certeza se os feitiços defensivos usuais
funcionariam com ela. Remus havia acabado de decidir que usaria a azaração
Flipendo para ganhar algum tempo, quando -

“C-c-confringo!” Peter guinchou atrás dele, apontando sua varinha atarracada sobre o
ombro de Remus.

Oh Jesus Cristo... Remus pensou, enquanto se abaixava, reflexivamente. Felizmente,


Peter estava tão assustado, ou simplesmente inepto, que a maldição explosiva não teve
seu efeito devastador de costume. Ainda assim, foi o suficiente para causar sérios
danos às árvores atrás da dríade, incendiando algumas folhas. Ela gritou, um guincho
doloroso de partir o coração, e se virou imediatamente para cuidar dos galhos
fumegantes. Peter e Remus aproveitaram a chance e correram, as videiras se partindo
enquanto arrancavam seus pés do chão.

Pettigrew o seguiu, mas nenhum dos dois corria especialmente rápido e, no momento
em que julgaram estarem seguros para parar, os dois estavam ofegantes.

"Maldição... inferno ... Pete ..." Remus ofegou, curvando-se para frente, um braço
contra um carvalho para se apoiar.

“Eu não sabia o que fazer!” Peter respondeu, com o rosto vermelho, o cabelo claro
colado na testa. "Vamos voltar, Remus, por favor ..." Ele olhou em volta, ansioso. Eles

753
estavam ainda mais à fundo na floresta agora e, além de suas próprias respirações,
estava mortalmente silencioso.

Ainda assim, Lupin balançou a cabeça, endireitando-se.

"Não." Ele disse “Eu tenho que encontrá-los. Ela o machucou. "

"E daí?!" Peter respondeu, indignado "Não deveríamos estar aqui!"

"Olha, sinto muito que você tenha se envolvido nisso," Remus franziu a testa,
impaciente. Agora que eles não estavam em perigo imediato, seu desejo de achar o
outro lobo havia retornado. Podia sentir o cheiro de sangue; estava certo disso. "Mas
eu tenho que continuar. Você pode voltar, se quiser - vá e encontre os outros.”

Peter olhou para trás, depois de volta para Remus, seus olhos grandes e brilhantes.

"Voltar sozinho?" O tremor em sua voz era palpável, e Remus de repente queria que
ele fosse embora mais do que qualquer coisa no mundo, caso seu terror fosse
contagioso.

"Vou te dar meu relógio, para que não se perca." Ofereceu.

"Não." Peter enrijeceu os lábios, "Eu irei com você."

O batimento cardíaco de Pete era quase ensurdecedor, e Remus estava começando a


sentir pena dele.

"Está tudo bem", ele sussurrou. “Se algo acontecer, você pode simplesmente se
transformar de volta e ir contar para os outros, não é? Você saberá o caminho melhor,
como um rato. "

"Eu não vou te deixar, Remus," Peter sussurrou, trêmulo, "Eu posso ser corajoso, eu
sei que posso."

Lupin apertou seu ombro.

754
"Está bem. Por aqui. Fique o mais quieto que puder. ”

A dríade não havia vindo atrás deles, graças a Deus. Remus não conseguia se lembrar
sobre tudo em relação os guardiões das árvores, mas tinha quase certeza de que não
podiam deixar seus bosques. Ou talvez fossem náiades? Ele não conseguia se lembrar
da diferença.

Porém, isso não importava agora, já estava conseguindo farejar corretamente. Um


cheiro forte de ferro que lhe dava água na boca e fazia seu estômago roncar
vergonhosamente. Ainda faltavam dias para a lua cheia, mas isso não parecia importar
para o lobo dentro de Remus, que estava escalando as paredes de sua prisão, uivando
por liberdade.

"Está perto." Remus sussurrou para Peter, enquanto passavam por um matagal denso,
provavelmente anunciando sua chegada para todas as criaturas próximas.

Houve outro batimento cardíaco, não muito longe, e parecia assustado também. Mais
alguns passos e Remus pôde ouvir uma respiração fatigante; como alguém que já
lutava há algum tempo e estava começando a se cansar. Mais perto e pôde sentir o
cheiro do suor - e da raiva – devido a esse esforço. Era uma mistura tão forte de
emoções e energia, que Remus ficou momentaneamente perdido em sua névoa,
oprimido demais para ver uma direção clara. Então mudou - parou, de repente. Uma
voz áspera soou, quebrando o silêncio da floresta, sacudindo os pássaros de seus
ninhos;

“Remus Lupin!”

Peter soltou um grito agudo de terror, antes de pular no ar, se transformar em rato e
virar o rabo, correndo. Não importava. Remus continuou de pé.

"Estou aqui." Ele sussurrou de volta.

"Venha até mim."

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A sensação de estar sendo puxado voltou ao seu peito, e ele a seguiu, deixando-se ser
levado para frente, através de uma pequena clareira de árvores. No centro havia um
teixo antigo, retorcido e rangendo, e preso ao tronco, estava um jovem. A dríade o
amarrou usando quilômetros de arbustos cruéis e retorcidos. Os espinhos estavam
cortando sua capa de couro gasta e perfurando a pele de seu pescoço. Seus braços
estavam ao lado do corpo e, apesar das óbvias tentativas de se libertar, os cipós
marrons e fortes se mantiveram firmes.

Ele não estava lutando agora, no entanto. Apenas olhava para Remus, a cabeça
inclinada para frente, olhos escuros e inescrutáveis. Sua cabeça estava raspada, como
a de Lívia, e suas roupas gastas pelo tempo e puídas, mas a semelhança terminava aí.
Ele era alto; tão alto quanto Remus, e talvez apenas alguns anos mais velho. Sua pele
era escura como couro bronzeado, seus traços eram bonitos e marcantes. Ele sorriu
lentamente, mostrando fileiras de dentes retos e brancos.

“Remus Lupin. Me liberte."

"Quem é você?" Se conteve, segurando sua varinha dentro do bolso.

“Eu sou Castor. Me liberte. Eu sou seu irmão.”

Remus inclinou a cabeça. Este homem estava preso. Totalmente à mercê. Sentiu sua
coragem voltando.

“Meu irmão, não é? Greyback mandou você? "

"Sim."

"Bem." Remus se encostou na árvore mais próxima e cruzou os braços, "Você vai ter
que me dar uma razão decente para libertá-lo, não é?"

Castor rugiu furiosamente, lutando contra suas amarras mais uma vez, rasgando suas
roupas e cravando os espinhos mais fundo em seu pescoço. Ele era claramente muito
forte, com uma construção larga, bíceps grossos flexionando contra as trepadeiras.

756
"Ah, querido" Remus resmungou, coloquialmente, "Parece que você não vai a lugar
nenhum sem mim."

Mais tarde, ele se perguntaria de onde viera essa ridícula sensação de petulância.
Afinal, a situação em que Remus se encontrava agora era tão perigosa quanto o ataque
ao Beco Diagonal, que virou sua mente do avesso. Talvez fosse a floresta e o poder
que ele sentia percorrendo seu corpo. Talvez fosse a voz de Grant, ainda zumbindo em
seus ouvidos. Talvez simplesmente fosse a familiaridade da situação. Remus estava
enfrentando valentões que pensavam que o tinham descoberto desde que ele tinha seis
anos de idade. "Então?" Continuou, sorrindo "Quer conversar?"

"Fui enviado para conversar."

"Mesmo? Apenas conversar?"

"Apenas conversar. Me liberte."

"Hm." Remus brincou com a ponta de sua varinha, pensativo, como se não se
importasse com o mundo. "Veja, eu tenho um pouco de dificuldade em acreditar em
você, Castor, companheiro. A última vez que Greyback enviou alguém para 'apenas
conversar' comigo, uma mulher inocente acabou morta. "

“Meu pai reconheceu seu erro ao enviar Livia.” O lobisomem disse, seriamente. Ele
havia se acalmado um pouco agora, e estava claramente observando Remus para ver
onde isso estava indo. "Então, desta vez, ele me enviou."

"Eu posso ver através disso também, você sabe," Pensou, "Ele achou que um cara
bonito poderia ... er ... despertar meu interesse, não é?"

Castor continuou encarando-o, estreitando os olhos. Remus deu de ombros e


continuou, "Quer dizer, estou lisonjeado, Castor, não me entenda mal, tenho certeza
que você é adorável, mas ainda não estou interessado. E devo dizer, até agora não
estou muito impressionado. Não é tão bom em magia quanto sua amiga Livia, então?
Ela teria aparatado para fora disso imediatamente, sem problemas. "

757
"Aquela vadia da árvore!" Castor rosnou, lutando novamente, "O que quer que ela
tenha feito, essas vinhas ... eu não posso usar magia ..."

"Ah, eu vejo isso!" Remus acenou com a cabeça, "Bem, devo lembrar de agradecê-la
da próxima vez que a vir."

"Livia me contou sobre você", disse Castor, "Ela disse que você é o cão de estimação
de Dumbledore, desdentado. Não faria mal a uma mosca, não perseguiria um coelho
na lua cheia. "

"Eu não sou animal de estimação de ninguém." Respondeu, sua mandíbula apertando.
“E nem vocÊ deveria ser. O que há de tão bom em Greyback, hein? O que vocês
acham que vai acontecer com vocês quando derrotarmos Voldemort? "

“A mesma coisa que sempre acontece com nossa espécie.” Castor respondeu, dando a
Remus um olhar de pena, "Seremos caçados e oprimidos."

“Você não quer mudar isso?” Remus implorou, dando um passo à frente. “Você não
tem família, no mundo real? Você não quer uma família, um dia?"

“Nós somos um bando. Nós somos tudo.”

Remus suspirou.

“Você não entende. Ele está mentindo para você. Eu sei que existe uma maneira de
melhorar as coisas, de realmente mudar a forma como somos tratados, mas não pode
ser assim, não percebe?’'

Castor zombou dele com desdém.

“Exatamente como Livia disse. Desdentado. Disse ao pai que você não estava pronto.
Disse a ele que era muito cedo. "

"Muito cedo para quê?"

758
"Para a grande noite, é claro," Castor estava sorrindo de novo, um sorriso sinistro que
deixou Remus enjoado. O lobisomem continuou, reconhecendo sua incerteza, "Na
noite da próxima lua, a alcateia estará à caça. Será uma caça como o mundo não viu
desde a idade das trevas.”

"Por que você está me contando isso?" Havia um tremor na voz de Remus agora, por
mais que ele tentasse disfarçar, "Você sabe que estou indo direto para Dumbledore."

Castor riu, um som vazio e sem fôlego vindo do fundo de seu peito.

"Perfeito."

*CRACK*

Remus estremeceu quando o ar ao redor deles tremeluziu ligeiramente, e se afastou da


figura que apareceu entre eles na clareira. Ela sibilou baixinho, olhos de aço passando
rapidamente de Remus para Castor. Livia.

"Irmã!" Castor murmurou, lutando pela liberdade mais uma vez, "Liberte-me!"

"Você falhou com nosso pai." Ela respondeu. "A punição o aguarda."

"Não!" Ele protestou: "Foi a dríade, eu não poderia ..."

Livia levantou a mão e Castor foi silenciado, incapaz de se mover ou fazer barulho.
As entranhas de Remus congelaram quando ela se virou para ele.

"Olá, meu amor. Você está pronto?"

Remus puxou sua varinha e apontou para a mulher, assumindo uma posição de duelo e
se enraizando no chão. Ela não iria impedi-lo, desta vez. Desta vez ele sabia o que
esperar.

"Eu não vou a lugar nenhum, Livia."

759
"Não há tempo para isso, a lua se aproxima." Ela resmungou, caminhando em sua
direção, tão esfarrapada, imunda e selvagem quanto ele se lembrava. "Largue esse
galho idiota." Ela levantou a mão e girou no ar, como se estivesse girando a maçaneta
de uma porta. Remus sentiu a força disso, separando seus dedos, sua varinha
queimando em sua mão, mas desta vez, ele não a largou. Lupin cerrou os dentes e
reuniu cada grama de magia da floresta ao seu redor.

"Não."

"Remus Lupin." Ela rosnou "Você virá conosco."

Livia ergueu os dois braços agora, e estalou os dedos, de forma que eles se espalharam
em suas palmas. As árvores ao redor de Remus se tornaram luz em um instante, do
tronco aos galhos, colunas de fogo rugindo ao redor. Ele estava apavorado, mas não
desistiria.

"Não." Ele repetiu, dando um passo para trás, lentamente. Ele correria, se fosse
preciso, deixaria as dríades lidarem com ela - deixaria os centauros fazerem isso. Você
não poderia simplesmente aparecer em uma floresta como esta e começar a incendiá-
la.

Livia estalou os dedos então e, imediatamente, Castor foi libertado de suas amarras,
ofegando e rosnando. Ele se juntou a sua companheira de bando, e agora havia dois
deles, seus olhos brilhando como carvão em brasa, refletindo as chamas que os
rodeavam.

“Chegou a hora, Remus Lupin,” eles disseram, em uníssono, enquanto a fumaça negra
começava a encher o ar, o cheiro de seiva e pinheiro faiscando ao redor.

"Não." Repetiu, embora não pudesse ver nenhuma saída agora. “Mordeo!” Ele gritou,
apontando sua varinha para os dois, enquanto se afastava. Castor recuou, rosnando,
mas Livia riu guturalmente e acenou com a mão novamente, descartando a maldição
como se não fosse mais do que uma teia de aranha.

760
Era isso. Eles iam levá-lo - sabe Deus aonde - e torná-lo um deles. Ele nunca mais
veria seus amigos, nunca mais veria Sirius. Havia sido um idiota, obrigando-os a ficar
para trás. Agora não havia mais ninguém para protegê-lo.

Há você. Remus não reconheceu essa voz. Não era Grant, ou qualquer pessoa com
quem já havia ‘conversado’ antes. Talvez estivesse certa. Havia um feitiço que não
havia considerado, simplesmente porque ele nunca o dominou corretamente. Porém,
ele estava em apuros agora e tinha à sua disposição mais poder do que nunca.

Quando brasas brilhantes e folhas queimadas choveram sobre os três, Remus reuniu
todos os seus recursos; sua força, sua raiva e toda alegria em seu coração. Ele teria que
estar pronto para correr, assim que o encanto fosse falado. Se falhasse, não teria tempo
de escapar.

Respirou fundo, com cuidado, e - pouco antes de lançar o feitiço - lembrou-se dos
olhos de Sirius, da boca de Sirius e do sorriso de Sirius. "Eu sou louco por você."

“Expecto Patronum!'' Remus praticamente gritou, estendendo o braço, direcionando a


varinha enquanto um enorme animal prateado irrompeu, saltando na direção de Livia
e Castor, mandíbulas enormes abertas, garras expostas. Na fração de segundo antes de
começar a correr, Remus viu os dois cobrirem os olhos e se virarem para correr na
direção oposta quando a grande besta se lançou contra eles.

Porém, não havia tempo para ficar e desfrutar de seu sucesso, então não o fez. Ele
correu novamente, para a orla da floresta; de volta a Hogsmeade, ao mundo bruxo e
seus amigos. Remus correu com tanta força que suas pernas queimavam, e a dor em
seu quadril era como uma lança em sua carne, mas ele não parou, os pulmões cheios
de fumaça de lenha e os olhos lacrimejando, apenas continuou, até as árvores
começarem a ficar mais finas, até a luz ficou mais forte.

***

761
Peter e Sirius ainda estavam lá. Sirius estava andando erraticamente para frente e para
trás na trilha. Peter, sentado no chão com os joelhos dobrados, olhava para a floresta.
Ele parecia estar chorando.

Remus cambaleou para a luz do dia e se sentiu prestes a desmaiar ali mesmo. Peter se
levantou, enxugando os olhos em descrença, e Sirius correu em sua direção, e então
parou, de repente, e foi jogado para trás, como se tivesse batido em uma parede.
Furioso, ele soltou um grunhido de raiva. Remus permitiu que um dos nós dentro dele
se desfizesse e a barreira foi levantada. Ele mancou em direção a seus dois amigos,
ofegante.

"Desculpe." Murmurou.

Para sua surpresa, Black jogou os braços em volta de seu pescoço e o segurou com
força. Seu coração vibrava contra o de Remus, e ele o abraçou de volta, exausto e
grato.

“Não podíamos ir e ajudar.” Sirius disse, sua voz rouca e oca, "O que quer que você
tenha feito ... não podíamos segui-lo."

"Eu sinto muito." Remus repetiu.

"Sinto muito, Remus!" Peter explodiu de repente, seus olhos se enchendo de lágrimas
novamente, "Eu sinto muito!"

"Tudo bem." Lupin estendeu o braço para dar um tapinha em seu ombro, mas Sirius
não o deixou ir. Finalmente, Remus voltou aos seus sentidos, e gentilmente se
desemaranhou, “Eu tenho que ver Dumbledore agora. Onde estão os outros?"

“Eles tiveram que voltar,” Sirius explicou, “Toque de recolher. Disseram que
contariam a McGonagall. ”

"Bom." Acenou com a cabeça. "Vamos, temos que ir agora." Ele começou a mancar
em direção à aldeia.

762
"Moony, você está bem?" O moreno correu ao seu lado, um braço sob seu ombro para
se apoiar.

“Só cansado,” disse Remus.

"Você está coberto de ... isso é fuligem?"

"Havia fogo…"

"Wormtail disse que algo estava chamando você."

"Eu não posso ... eu não posso explicar ainda, por favor, não me pergunte."

"Tudo bem." Havia um tom frio na voz dele que Remus não gostou, mas o moreno
continuou o apoiando, então teria que ser ignorado por enquanto. Uma coisa de cada
vez.

McGonagall estava esperando por eles nos portões da escola, seus braços cruzados,
linhas profundas vincando sua testa.

"Professora!" Remus balbuciou, ainda tossindo fumaça, "Sinto muito por termos
perdido o toque de recolher, mas preciso ver o diretor agora ..."

"Sim, claro, Lupin, venha comigo." McGonagall acenou com a cabeça rapidamente, e
tirou o braço de Sirius. Minerva olhou para os outros dois. “Vocês dois voltem para a
torre e não digam nada. Eu não quero nenhuma discussão, estão me ouvindo? "

Os dois jovens ficaram tão surpresos com essas instruções afiadas que os assentiram e
saíram imediatamente, Sirius lançando um olhar para Remus.

Ele contou a Dumbledore quase tudo. Contou sobre o cheiro, a dríade e Castor. Sobre
o incêndio e os planos que Greyback tinha para seu bando e Livia. Ele não mencionou
a barreira que, de alguma forma, havia conjurado para manter seus amigos afastados.
Nem explicou que sabia o quão perigoso seria, ou que havia ignorado cada grama de
seu bom senso para perseguir Castor.

763
No entanto, Dumbledore parecia muito satisfeito.

"Tudo o que você me contou foi imensamente útil, Remus." O velho disse, sorrindo
do outro lado da mesa com os olhos brilhando de orgulho, pela primeira vez que
Remus conseguia se lembrar. “Você foi muito corajoso e cumpriu sua tarefa
admiravelmente.”

“Eu ... eu cumpri? Mesmo que eu tenha ido para a floresta proibida? "

“Você seguiu seu instinto. E não vejo que qualquer dano tenha acontecido. Você é
claramente um bruxo formidável, como seu pai. ”

Remus sentiu uma pontada muito pequena de prazer com isso, o que o deixou mais à
vontade.

"Mas esse ataque ... a caçada que eles estão planejando ..."

“Deixe que a Ordem lide com isso.” Dumbledore balançou a cabeça, colocando as
mãos na mesa e se levantando. "Você já fez o suficiente - mais do que qualquer um
poderia esperar de um bruxo de dezessete anos."

“Sim, mas se eu puder ...”

"Lamento ter pedido isso a você, Remus." O diretor deu a volta em sua mesa e
colocou uma mão amiga em seu ombro. "Espero não ter que pedir de novo."

"Estou no seu lado." Remus respondeu, sentindo que deveria reiterar isso. “Eu farei o
que tiver que ser feito.”

Os olhos de Dumbledore brilharam de triunfo e ele apertou seu ombro com mais
força.

***

764
O fogo foi apagado pelas náiades, de acordo com McGonagall, que o acompanhou do
escritório de Dumbledore até a enfermaria. Não havia nenhum vestígio de Lívia ou
Castor, e presumiu-se que eles haviam aparatado.

Madame Pomfrey resmungou, limpou a fuligem e administrou um analgésico. A essa


altura, ele estava respirando normalmente de novo e, de forma perversa, gostaria de
um cigarro, embora não tenha dito isso a ela. A comida foi trazida para ele lá, porque
a essa altura já havia perdido o jantar e ele comeu um prato agradável e tranquilo no
pequeno escritório caseiro da Madame Pomfrey.

Felizmente, teve permissão para voltar para a torre da Grifinória sozinho. Seus amigos
estavam todos esperando - não em seu lugar usual perto do fogo, mas em um canto
mais silencioso, perto de uma das janelas distantes. Todos falavam em tom sério e
abafado, e suas cabeças se viraram imediatamente para encará-lo quando ele apareceu
pelo buraco do retrato.

Remus se aproximou, um pouco tonto com a corrente de ar, e eles abriram espaço para
que se sentasse no assento da janela, espremido entre Lily e Sirius, que rapidamente
apertou sua mão antes de soltá-lo. Todos o olharam e esperaram que falasse, então ele
falou.

Contou a eles o máximo que pôde - e algumas coisas que não havia dito a
Dumbledore. Peter felizmente já havia coberto a parte da dríade e, aparentemente, os
marotos haviam passado grande parte da noite explicando o segredo sobre serem
animago para Lily. Ainda assim, ela cobriu a boca de horror quando Remus falou
sobre ter encontrado Castor e os poderes incríveis de Livia, e o fogo ... Sirius estava
praticamente tremendo de raiva ao lado dele, mas segurou a língua o tempo todo e o
deixou terminar.

"Puta merda." James disse, uma vez que a história foi contada. "Muito bem com o
patrono, cara."

765
"Obrigado," Remus corou levemente. Claro que James para encontraria algo louvável
em tudo isso.

"Você viu o que era?"

"Não." ele disse, rapidamente "Aconteceu muito rápido."

Não muito depois, todos se arrastaram para a cama, um de cada vez, cada um com
seus rostos determinados. Remus percebeu que ele não fora o único que tivera um dia
muito difícil. Ele tomou um banho rápido, para tirar o resto da floresta de sua pele, e
escovou os dentes sem se olhar no espelho, com muito medo do que pudesse ver ali.
Sirius ainda não tinha tentado falar com ele, ou confrontá-lo sobre a terrível traição na
orla da floresta, mas Remus tinha certeza de que isso ainda estava por vir e, embora
soubesse que seria difícil, ele ansiava por esclarecer as coisas.

Por horas, ele ficou deitado na cama, esperando e esperando. Sirius sempre vinha até
ele em uma noite como esta; se algo tivesse acontecido. Black sempre sabia quando
Remus precisava conversar; mesmo quando não queria, Sirius poderia arrancar tudo
dele e fazer ficar certo de novo. Lupin esperou muito tempo. Vamos, pensou consigo
mesmo, preciso de você, onde está você?

Ele não é um leitor de mentes, querido. A voz alegre de Grant interrompeu mais uma
vez.

Ele me conhece, no entanto.

Ah sim? Você já disse a ele?

Remus se recusou a responder, porque não era mais necessário. Trabalhar com os
problemas em sua cabeça usando uma interpretação imaginária era muito bom. Porém,
era isso que fazia quando se sentia incrivelmente sozinho, quando pensava que não
possuía mais ninguém a quem recorrer. Ele percebeu com uma sensação nauseante de
vergonha o quão estúpido havia sido. Sem perder mais um momento, ele deslizou para

766
fora da cama e caminhou pelo chão. Remus abriu as cortinas da cama de Sirius e
sussurrou na escuridão.

"Sirius?"

"O que?" Black estava deitado de costas também, as mãos cruzadas sobre a cintura
como uma efígie de lápide. Sua frieza fez Remus estremecer, mas ele engoliu seu
orgulho.

"Eu preciso de você."

Sirius virou a cabeça imediatamente, suspirou e puxou as cobertas.

"Vem."

Remus se enfiou por debaixo do lençol, ansiosamente. Eles deitaram um ao lado do


outro, de lado, se olhando.

"Você me odeia?" Perguntou.

"Não." O moreno respondeu, a voz ainda vazia.

"Eu realmente sinto muito. Eu queria proteger todos vocês.”

"Eu sei. Foi que James disse. " A voz de Sirius derreteu ligeiramente e agora estava
mais petulante do que zangada.

"Mas isso não é desculpa," continuou Remus. “Eu só ... eu não era eu mesmo. Você
entende?"

Black deu de ombros, movendo os lençóis para que deslizassem de seu ombro,
expondo sua clavícula. Remus tentou não se distrair muito com isso, e lambeu os
lábios, encontrando os olhos dele novamente.

"Eu vou te contar tudo." Disse.

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"Você nos contou." Sirius respondeu, irritado.

"Não tudo." Rebateu "Há coisas que não quero que todos saibam. Mas. Eu quero que
você saiba. Se tudo bem por você?"

Sirius o olhou como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo. Um pequeno
sorriso apareceu em seu rosto, e ele obviamente estava tentando suprimi-lo.

"Vá em frente, então."

Então, o fez. Contou a ele todos os sentimentos que tivera - a atração irresistível para a
floresta, o poder áspero da magia natural, a culpa terrível. No momento em que parou
de falar, percebeu que Sirius havia estendido a mão para ele e estava acariciando seu
braço gentilmente, para frente e para trás, na intenção de confortá-lo.

"O que te fez pensar em lançar um patrono?"

Remus bufou levemente,

"É estupido. Uma voz na minha cabeça.”

"Ah."

“Não como as vozes normais, no entanto. Normalmente é alguém que eu conheço. "

"Talvez desta vez fosse só você."

Remus pensou sobre isso, o que o fez se sentir engraçado. Black ainda estava olhando
para ele, ainda acariciando seu braço. Remus se lembrou de outra coisa.

“É um lobo. Meu patrono. Não queria que os outros soubessem, não quero que
pensem... ”

"Eles nunca pensariam mal de você, Moony, eles o conhecem muito bem."

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“Mas eles me conhecem? Depois de hoje... me sinto tão estúpido. Fiquei tão
envolvido que não sabia o que fazer. Eu continuei entrando cada vez mais fundo.”

"Mas você fez a coisa certa, no final." Sirius disse com firmeza, agarrando-o agora,
"Isso é tudo que importa." Ele se inclinou e beijou Remus gentilmente nos lábios, um
gesto calmante. "Você voltou para nós."

"E ..." Remus olhou para baixo, baixando a voz para quase um sussurro. Ele olhou
para o moreno novamente, encontrando aqueles perfeitos olhos azuis. "Eu voltei para
você."

Sirius o beijou novamente com mais força, e não parou por um longo tempo.

769
Capítulo 131 : Sétimo Ano: Interlúdio

You look so self-possessed

I won't disturb your rest

It's lovely when you're sleeping

But wide awake is best.

Wake up and make love with me

Wake up and make love

Wake up and make love with me

I don't want to make you

I'll let the fancy take you

And you'll wake up and make love

-'Wake up and Make Love With Me' de Ian Dury & The Blockheads

Terça-feira, 24 de janeiro de 1978

7h50

James os acordou na terça de manhã, chamando pelas cortinas.

“Ei, Padfoot, levanta! São quase oito horas, seu preguiçoso. "

770
"Eu tenho o dia livre, idiota, dê o fora." Sirius gemeu em resposta, enterrando a cabeça
sob o travesseiro.

"Você vai perder o café da manhã!"

"Urrgh."

"Tudo bem, então morra de fome." James respondeu. Então, “Você viu o Moony? A


cama dele está vazia - não acho que ele deva ter saído sozinho, não é? "

"Err ..." Sirius tirou o travesseiro do rosto e olhou para Remus, levantando uma
sobrancelha em questionamento.

Remus olhou de volta em pânico. Ok, James sabia, mas até agora eles haviam


conseguido evitar que ele tivesse qualquer encontro real com o relacionamento
deles. Lupin era muito reservado sobre isso; não queria que as coisas ficassem
estranhas. Queria provar que tudo estava igual a antes, e isso significava que o que
acontecia entre ele e Sirius em particular deveria ser mantido ... bem, em
particular. Havia sido meticuloso quanto a compartilhar a cama, certificando-se de
acordar cedo e voltar para sua própria, ou então bagunçar os lençóis e ir direto para o
chuveiro. Porém, era lua cheia e ele estava mais lento do que o normal.

"Provavelmente foi tomar café da manhã, cara." Sirius gritou de volta e encolheu os


ombros para Remus.

"Sim, talvez ..." James concordou, "... Ah, espere, vou verificar o mapa, ele o deixou
na mesa de cabeceira!"

Remus deu um tapa em sua cabeça, surpreso com sua própria estupidez.

"Estou aqui, James!" Ele gritou rapidamente, sentindo-se ficar vermelho de vergonha.

"Oh!" Eles ouviram James parar do lado de fora das cortinas da cama, “Oh ... er, certo,
é claro! Desculpe, eu ... er ... não pensei ... "Seus passos retrocederam rapidamente,

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em direção à porta," Desculpe, rapazes ... er ... vejo vocês mais tarde, hein? " A porta
se fechou.

Sirius bufou de tanto rir enquanto Remus se arrastava para debaixo dos lençóis como
se pudesse escapar do constrangimento.

"Ah, qual é," O moreno ria, tentando puxar os lençóis, "Não foi tão ruim ..."

"Foi horrível." Respondeu, enterrando-se ainda mais, "Eu nunca vou ser capaz de
olhar nos olhos dele de novo!"

Sirius rastejou sob os lençóis também, perseguindo-o.

"Não é como se estivéssemos fazendo alguma coisa - você ainda está de pijama!"

“Prongs não sabe disso!” Remus retrucou, sentando de pernas cruzadas de frente para


Back. Era como se estivessem sob sua própria cabana agora, o que o lembrou do
acampamento. Era uma lembrança tão boa que ele se sentiu um pouco mais
calmo. Melhor ainda; Sirius sempre segurava sua mão quando estavam escondidos
assim, e ele a estendeu agora, brincando com os dedos longos e cheios de cicatrizes de
Remus como se fossem um tesouro precioso.

"Eu não vejo por que tanto medo" Sirius disse, entrelaçando seus dedos macios e
brancos entre os de Remus, em seguida, espalhando-os e balançando-os, como um
jogo infantil. "Tenho certeza que ele já assume ... algumas coisas."

"Viu! Você não consegue nem dizer!”

"Bem. Eu sou um cavalheiro." Sorriu, o olhando agora. Mesmo no escuro, podia sentir


os olhos de Sirius o queimando. Ele estava mordendo o lábio. Remus deu um pequeno
suspiro e o moreno ergueu uma sobrancelha. “Pelo menos sabemos que temos o quarto
só para nós...” ele colocou as mãos em cada um dos joelhos de Remus e se inclinou.

Lupin o beijou, mas depois o empurrou.

772
"De jeito nenhum, se não descermos agora, James definitivamente vai pensar que
estamos..."

"Transando?"

“...que estamos sendo fisicamente íntimos.’’ Remus disse, piedosamente.

Sirius começou a rir novamente e rolou na cama.

“Ah, Moony! Você me mata. O que aconteceu com aquele garotinho rude que eu
conhecia?"

"Um garoto chique o ensinou a ler." Respondeu secamente, jogando as cobertas para


trás e esfregando a estática de seus cachos. "Ok. Banho rápido, então vamos
descer." Ele pulou da cama, estremecendo um pouco com a forte luz do sol que
preenchia o dormitório.

"Eu gosto de como isso soa!" Sirius comentou da cama enquanto Remus


caminhava. Na porta do banheiro, ele se virou e deu ao moreno seu olhar mais
fulminante.

“Descer para o Salão. Pervertido."

***

8:30 da manhã

James não conseguia exatamente olha-los nos olhos, para a diversão de Sirius. Peter
estava de cabeça baixa também, silenciosamente colocando mingau em sua boca e,
por um momento horrível, Remus se perguntou se ele havia contado a James
exatamente o que vira no quarto deles, apenas alguns dias atrás. O que seria mais do
que poderia suportar, Remus tinha certeza.

Ele se distraiu ouvindo Mary falar, o que sempre foi fácil de fazer. Ela estava saindo
com um garoto do time de quadribol da Lufa-Lufa atualmente, e estava

773
simultaneamente exaltando suas virtudes e lamentando o lado ruim de sair com um
atleta. Remus não pôde deixar de pensar que Mary estava fazendo tempestade em
copo d’agua, já que, é claro, Lily (e, se Sirius estivesse certo) e Marlene também
estavam saindo com jogadores de quadribol.

“Quero dizer, obviamente ele é sarado. Tipo... nível Adonis.” Ela expôs, sonhadora,


"E sobre a estamina ..."

Marlene estava revirando os olhos, e James olhava fixamente para sua xícara de chá
enquanto Lily ria por trás de suas mãos. Mary estava gloriosamente alheia a
tudo. "Mas então ele tem a ousadia de reclamar sobre o atrito em sua coxa por causa
de sua maldita vassoura!" Ela gargalhou.

As orelhas de Potter ficaram vermelhas e Sirius estava tentando alcançar seu olhar, um
sorriso maníaco em seu rosto.

Mary continuou "Eu disse que se ele acha isso desconfortável, ele deveria tentar


sangrar por suas partes cinco dias por mês."

Peter praticamente engasgou com seu mingau, Lily cobriu o rosto e Marlene bateu
com a mão na mesa.

“Puta que pariu, Mary! Você tem que falar isso?!"

"O quê?" Mary ficou ereta, piscando, fingindo inocência.

"Uhm, bem. Você está sendo um pouco gráfica, para a mesa do café...” disse Lily,
diplomaticamente.

“Somos todos adultos, não somos?” Mary arqueou uma sobrancelha, "Somos maduros
o suficiente para falar sobre sexo."

"Certo, é melhor eu ir andando!" James saltou, ficando de pé, estranhamente


desajeitado, sacudindo a mesa enquanto o fazia. Lily o olhou, surpresa.

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"Onde você está indo?"

"Poções!"

"Ainda temos mais quinze minutos ... Ok, espere, eu irei com você." Ela se levantou,
ainda lançando um olhar estranho para o namorado, e os dois saíram juntos.

"Não sabia que James era tão puritano." Mary comentou.

"Ah, não foi você, MacDonald." Sirius explicou, esticando os braços sobre a cabeça e
despenteando seus longos cabelos, "Prongsie teve uma pequena surpresa esta manhã --
ow!"

Remus o chutou fortemente por baixo da mesa. Marlene observou os dois, tomando


seu chá com um olhar astuto. Felizmente, naquele momento, as aves do correio
mergulharam no Salão Principal, e uma grande coruja-das-torres deixou cair duas
cartas na frente do prato de Remus. Ele as agarrou, ansiosamente.

Uma era um cartão-postal de Grant – encaminhado pelos Potter- com um desenho


obsceno na frente, retratando um homem à beira-mar segurando um enorme pedaço de
rocha vermelha de Brighton contra sua virilha. A parte de trás apenas dizia 'Vi isso e
pensei em você. Vou sair para procurar apartamentos na próxima semana! Com
amor. '

Remus sorriu e entregou a Sirius, que fez uma careta cômica. A segunda carta era do
Professor Ferox, com uma lista de recomendações de livros que havia pedido sobre a
história do sistema de classificação de criaturas mágicas. Eles vinham trocando
correspondências desde o Natal; parecia que Ferox estava entediado com sua
recuperação, encontrando-se perdido.

Black observou Remus terminar de ler a carta.

775
"Alguma resposta da...?" Perguntou, lhe dando um olhar significativo. Remus
balançou a cabeça. Nada de sua mãe. Sirius tentou dar a ele um sorriso encorajador,
"Ainda há tempo, sim?"

Lupin apenas deu de ombros.

“Estou indo para a biblioteca, ver se consigo encontrar algum desses antes de História
da Magia.” Ele ergueu a lista de Ferox. "Vejo vocês mais tarde, meninas." Ele acenou
com a cabeça para Mary e Marlene.

"Vejo você na ala hospitalar esta noite?" Marlene perguntou, esperançosa.

Ah, Remus lembrou, era terça-feira. Não havia frequentado as aulas de cura que a
Madame Pomfrey gentilmente o incluíra há algumas semanas - ocupado demais
memorizando maldições. Ele realmente não queria ir esta noite, sendo lua cheia, mas
olhou para Marlene e se sentiu culpado.

"É claro!" Assentiu. "Vejo você lá!"

Sirius saltitava feliz ao seu lado enquanto caminhavam para a biblioteca, com Remus
mentalmente repassando sua agenda para o dia. Felizmente, só haveriam três aulas,
mas ele havia prometido encontrar Christopher em algum momento, e ainda queria
escrever de volta para Grant e Ferox, e tinha uma redação de Aritmancia para
entregar...

“Moooooony? Planeta Terra chamando Moony...!” Sirius interrompeu seus


pensamentos.

"Hm?"

"Acabamos de passar pela biblioteca, se é para onde você está indo ..."

"Ah! Merda.” Remus virou 180 graus e começou a voltar, Sirius ainda o seguindo.

"O que foi?"

776
"Ah, nada. Só pensando."

“Não está se preocupando, eu espero? Sobre esta noite? "

"Mm um pouco." Os dois entraram na biblioteca e tiveram que ficar quietos ao


passarem pela mesa de Madame Pince.

Na verdade, ele estava tentando não pensar na lua que se aproximava - afinal,
Dumbledore havia dito para que não se preocupasse, que a Ordem estava lidando com
isso, e Remus só podia esperar que isso significasse que Alastor Moody estava no
caso, o que o fazia se sentir um pouco melhor. Ainda assim, o aviso de Castor vinha
soando em seus ouvidos desde sábado e era impossível esquecer.

"Não acho que devemos sair da Casa esta noite." Remus sussurrou. “Se alguma coisa
acontecer…”

"Não vai, Dumbledore está cuidando disso." Sirius respondeu, encostando-se na


estante mais próxima casualmente, enquanto Remus procurava os livros que queria.
Teve que se impedir de resmungar. James e Sirius colocavam tanta fé em Dumbledore
que, frequentemente, ele se perguntava se havia deixado algo passar. No entanto,
Remus confiava em pouquíssimas pessoas com mais de dezoito anos, de qualquer
forma; por um bom motivo.

"Eu sei." Ele disse, calmamente "Mas eu gostaria que você respeitasse meus desejos,
se é tudo o mesmo para você."

“Ei, não seja assim,” Black o repreendeu gentilmente, “Claro que vamos. Qualquer
coisa pelo nosso Moony.”

Remus encontrou três dos livros da lista de Ferox, o que o animou um pouco. Então,
ele os levou para Madame Pince, e começou a enfiá-los em sua bolsa.

"Eu levo," Sirius ofereceu, estendendo as mãos, "Você não quer carrega-los o dia
todo, vou voltar para o dormitório de qualquer maneira."

777
"Ah, valeu." Remus os entregou. "Você vai começar aquela redação de Aritmancia?"

"Não se eu puder evitar." Sirius fez uma careta. “Vejo você no almoço? Você está


livre esta tarde, não é? "

“Er ... sim, mas eu deveria ir encontrar Christopher ... então tem a redação que você
não vai fazer e a aula de cura. E eu realmente quero escrever de volta para Ferox hoje,
se eu puder, acho que ele gostaria de receber algum correio, já que não tem permissão
para sair muito.”

"Merlin, Remus," O moreno estava balançando a cabeça, "Você tem que estar na Casa
às seis!"

“Estou ciente,” Respondeu casualmente, ajustando sua mochila. Realmente precisava


fazer outro feitiço de conserto; a menos que a segurasse corretamente, as costuras
começavam a se partir.

“E você está planejando comer?!” Sirius continuou.

“Quando é que esqueci uma refeição?” Remus colocou a língua para fora. “De


qualquer forma, eu tenho que correr - História. Te vejo na hora do almoço!”

***

13h50

Apesar de suas promessas, Remus estava extremamente atrasado para o almoço e


havia chegado depois de todos já terem ido embora, exceto Sirius, que esperava por
ele.

"Desculpe!" Remus engasgou quando alcançou a mesa, um pouco sem fôlego de tanto


correr. Ele se sentou, “Fiquei atrás para falar com Kettleburn, aí eu lembrei que tinha
esquecido minhas anotações na sala do professor Binns. História foi uma perda de
tempo também, já tinha lido sobre tudo antes - oh, obrigado!”

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Sirius empurrou um prato de salsicha com purê sobre a mesa em sua direção. Remus
começou a comer, falando o mais rápido que podia - eles só tinham dez minutos antes
do almoço terminar e o coral da escola iria querer usar o salão para suas sessões
semanais de prática. "De qualquer forma, deu certo no final, usei o tempo para
escrever minha carta para Ferox e um bilhete para Grant, então pelo menos isso está
feito - o que é isso?"

Sirius deslizou uma pilha de pergaminhos pela mesa agora. Remus esvaziou seu copo
de suco de abóbora e o olhou. "Aritmancia?"

"Sua redação," O moreno respondeu casualmente, "Terminei a minha, como um bom


menino, então pensei em fazer a sua também."

"Você o quê?" O garoto perguntou, surpreso. Sirius era ridiculamente bom com uma
pena e havia imitado sua própria caligrafia perfeitamente. "Eu não acredito!"

“Quantas vezes você já fez isso para o Wormy? Ou James, por falar nisso - ele ainda
está esquisito por causa desta manhã, a propósito, não quer falar comigo sobre isso -
de qualquer maneira, agora isso está feito, e as cartas, você está livre durante a tarde!”

"Muito obrigado, Padfoot, honestamente, isso é brilhante ..., mas eu prometi ver
Christopher, e-"

"Não." Sirius estava sorrindo como o gato que pegou o rato. “Acabei de ver ele. Disse
que você não estava bem, então não ia poder vê-lo. "

"Sirius!"

"Bem, você não está bem." Ele retrucou inocentemente. "Sendo lua cheia, você deveria


estar descansando."

"Vou ficar bem depois de comer." Remus respondeu brevemente, os olhos em sua


comida, pegando o resto do molho com seu purê de batata. Lamberia o prato se fosse
desavergonhado o suficiente; as luas cheias o deixavam faminto. Quando terminou,

779
olhou para cima e encontrou Sirius o encarando, seus olhos grandes como os de um
filhote, cheios de remorso.

"Você tá bravo comigo?"

"Não." Remus limpou a boca com a manga e empurrou o prato a tempo de fazê-lo


desaparecer e voltar para a cozinha. “Mas você não pode reorganizar minha vida assim
apenas para fazer do seu jeito...”

"Não foi minha intenção!” Sirius se sentou, parecendo chocado, “Eu só... sempre há
tantas coisas acontecendo na sua vida, e é uma loucura. Quero dizer, é incrível, porque
você é incrível e pode lidar com isso, mas não precisa”.

"Ok..." Remus franziu a testa, levantando-se. Não tinha certeza do que Sirius estava
dizendo, não exatamente. Ele sempre tentou se manter ocupado. Gostava de estar
ocupado e ser útil para as pessoas.

“E você havia escrito tantas notas para aquela redação que ela, praticamente, já estava
feita.” Sirius continuou, quando eles deixaram o Salão Principal e começaram a se
dirigir para a torre da Grifinória. "E podemos ir e encontrar Christopher se você
quiser, ele provavelmente está na biblioteca ..."

"Sirius ..." Remus suspirou, carinhosamente.

"Pode ir, vou mandar as cartas para você, e vejo você no jantar mais cedo -"

“Sirius ...” Verificou se a barra estava limpa - todo mundo estava em aula, e Pirraça
não estava por perto. Um corredor vazio era uma coisa rara em Hogwarts.

"Ah, merda!" O moreno deu um tapa em Sua própria testa, “Eu não posso jantar mais
cedo, eu tenho aquela detenção com Filch. Só por uma hora, porém, sairei a tempo
de...”

"Sirius!"

780
"O que?!" Ele finalmente parou de falar a tempo de Remus pegá-lo desprevenido com
um beijo rápido nos lábios.

"Cale a boca, idiota." Sorriu, “Eu prefiro muito mais passar a tarde com você do que
estudar com Christopher.”

"Oh." Sirius corou, parecendo muito satisfeito.

***

14h15

Menos de vinte minutos depois, Remus estava completamente extasiado, deitado de


costas com o toca disco aos seus pés e a cabeça de Sirius apoiada no lado bom de seu
quadril. Bowie estava cantando e dedilhando suas oito cordas, e os dois garotos
compartilhavam um baseado que Sirius havia conseguido usando seus charmes com
um corvino no início da semana.

"O lobo também fica chapado?" Sirius perguntou na sua vez de tragar. Remus


balançou a cabeça, inalando profundamente e passando o baseado.

"Com mais fome, provavelmente." Respondeu com a voz emgargada.

"Hmm." O moreno murmurou.

Remus exalou e fechou os olhos, acomodando-se na pilha de almofadas. Era como


afundar em um melaço quente. Ele deixou seus pensamentos vagarem.

"Posso te perguntar uma coisa?" Murmurou,

"Vá em frente, Moony."

"Sobre o que Mary estava falando esta manhã?"

781
“Sobre a estamina do goleiro da Lufa-Lufa? Acho que ela estava se gabando, para ser
honesto com você. "

"Não isso," Lupin riu, "A coisa de sangrar ... sangrando da ... hum ... O que ela quis
dizer?"

Sirius girou a cabeça no colo de Remus para olha-lo com uma carranca confusa.

"Ela estava falando sobre ... você sabe, a 'época do mês' dela..." Ele ergueu as
sobrancelhas, como se o outro fosse entende-lo de alguma forma.

"O que é isso?" Franziu a testa, sem saber.

" Re-mus ... sério?!"

"O que??"

"Você sabe! As meninas são diferentes dos meninos ...”

"Bem, eu sei disso." Remus se irritou, ficando na defensiva agora.

“Ok, então garotas tem isso todo mês ...” Black começou a explicar. Remus ficou
totalmente horrorizado quando terminou.

"Essa é a coisa mais nojenta que já ouvi." Ele disse, sem rodeios.

"É natural." O moreno deu de ombros, “Vou pedir a Lily para explicar para você, eu
provavelmente disse algo errado. Puta merda, você tem quase dezoito anos, como
não sabia?!"

“Ah, sim, tire sarro do garoto do orfanato.” Remus resmungou “Eu cresci em um


reformatório para meninos! Como vou saber alguma coisa sobre garotas?!”

“Isso explica muito.” Black disse, secamente e Lupin puxou sua orelha. "Ai!"

"Por que você tem detenção, afinal?" Perguntou, se acomodando novamente.

782
"Azarei o Crouch."

"Ah, certo."

"Ele e  meu querido irmão  estavam atormentando alguns alunos do segundo ano - mas
obviamente ele escapou porque ele é um monitor." Sirius murmurou sombriamente.

O moreno nunca mais havia dito o nome dele, apenas ' meu querido irmão ' , naquele
sotaque cruel e excessivamente chique, que Remus pensou ser – provavelmente - para
zombar da elegância de Regulus. Exceto (e nunca diria isso em voz alta), durante os
primeiros anos que conheceu Sirius, ele possuía exatamente o mesmo sotaque.

"Você precisar tentar ignorar eles, se puder." Remus aconselhou. “Eu sei que ele te
incomoda, mas é melhor apenas ficar fora do caminho. A escola vai acabar, em
breve.”

"Eu sei." Sirius respondeu, segurando o baseado.

Lupin estendeu a mão para pegá-lo, agarrando seu pulso. Deus, ele amava os pulsos de
Sirius. Os ossos eram tão finos, as veias pareciam fitas azuis sob a pele
translúcida. Seus próprios dedos o envolviam facilmente. Ele o segurou agora e puxou
a mão de Sirius até a boca, chupando a ponta do baseado, e então o soltou.

Black apenas sorriu. O disco parou e ele teve de se levantar para virá-lo para o lado B.

"Eu acho que eu só não quero que ele machuque alguém." Suspirou, voltando a se
sentar.

"Esse não é o seu trabalho." Remus franziu a testa.

"Sinto que é." Sirius murmurou, se espreguiçando. “Você não sabe como ele era
quando éramos crianças. Ele não era ... ele não é ... eu não sei. Só não quero que ele
faça algo de que se arrependerá depois.”

783
Remus pensou muito - o que não era algo fácil com os pulmões cheios de erva
cultivada pelos corvinos.

"Posso te dizer uma coisa?" Perguntou.

"Um segredo?" Sirius respondeu, ansioso, levantando-se para se sentar ao seu lado.

“Er ... mais ou menos? Mas é sobre Regulus. Você pode não querer ouvir.”

Black ficou um pouco quieto; um pouco mais rígido, mas acenou com a cabeça,

"Diga."

"Lembra do bicho papão que eu e Chris enfrentamos, antes do Natal?"

"Como eu poderia esquecer?" Sirius respondeu, com uma nota de ciúme em sua voz,
"Queria ter estado lá, nunca vi um bicho papão."

"Lobisomens não são o suficiente para você agora?" Remus ergueu as sobrancelhas. -


De qualquer forma, er ... verifiquei o mapa logo depois que Chris foi buscar alguém e
... bem, tenho quase certeza de que foi Regulus quem colocou o bicho papão lá. Ele e
Barty estavam por perto.”

Remus esticou o pescoço levemente, para que pudesse ver o rosto de Sirius e como ele
estava recebendo a notícia. Sua boca era uma linha reta. Ele parecia mais cansado do
que com raiva. O moreno balançou sua cabeça.

"Idiota estúpido." Murmurou. “É tudo ela, você sabe. Ele é um idiota por querer


agradá-la, obviamente, mas é tudo culpa dela, de qualquer maneira. "

"Sua mãe?"

Sirius assentiu. Remus não sabia o que dizer. Eles haviam concordado, há muito


tempo - podiam falar sobre qualquer coisa, exceto mães. E assim que estava sendo, em
relação a Sirius, pelo menos. Lupin também não queria entrar nisso agora. Tudo estava

784
tão bom e agradável, e se pudessem apenas aguentar um pouco mais, então esta seria
uma boa memória, algo que ele teria dentro de si para sempre.

Ele estendeu a mão e acariciou a bochecha de Sirius, aquele maxilar perfeito. Se


sentou e se virou para encará-lo.

"Vamos esquecer toda essa merda." Disse “É chato”.

Sirius o beijou.

***

16:00

Remus desceu sozinho para jantar às quatro, quando Sirius saiu para sua
detenção. Estava tão cedo que era o único ali, exceto por Marlene, que também teria a
aula de cura da Madame Pomfrey.

“Estou feliz por você ir,” ela sorriu para ele. Marlene sorria muito ultimamente. "Não
te vejo direito desde o Natal!"

"Sim, desculpa!" Remus respondeu, começando sua segunda porção de lasanha, duas


vezes maior que a primeira, "Estive tão ocupado com as coisas dos NIEM ..."

“Eu realmente queria falar com você sobre o que aconteceu no trem ...”

"Oh! ... er ...” Lupin a encarou, o garfo a meio caminho da boca. Com todo o alvoroço
sobre Castor e a lua cheia, havia conseguido evitar falar sobre o estranho encontro
com Yasmin e Marlene no trem. E se sentiu culpado novamente. Obviamente, Marlene
estava pensando muito nisso.

"Espera aí," Ela pediu enquanto pegava sua varinha, "  Muffliato !" Murmurou.

O barulho no salão ao redor deles pareceu amortecer, ligeiramente.

785
"O que é que foi isso?" Ele perguntou, mantendo a voz baixa.

“Impede as pessoas de ouvir.” Marlene explicou “Lily nos ensinou. Mary usa para


fofocar o tempo todo em Feitiços.”

"Uau," Remus acenou com a cabeça, apreciativo.

“Então, de qualquer maneira,” Marlene se inclinou sobre os cotovelos, os olhos


brilhantes, “Você e Sirius! Alguém sabe?!"

"Oh!" Lupin finalmente largou o garfo e a faca, embora pudesse ter continuado


felizmente. “Sim, na verdade. James e Peter, Lily também.”

"Mesmo?!"

"Sim." Ele acenou com a cabeça, verificando se definitivamente não havia ninguém


ouvindo. “Só recentemente, no entanto. E você e Yaz?”

"Ninguém." Ela disse, com firmeza.

"Nem mesmo Mary?"

"Muito menos ela!" Marlene disse, com tristeza. Remus decidiu não perguntar


mais. Ele teve revelações suficientes sobre Mary por um dia.

“Está acontecendo há muito tempo? Vocês duas?" Perguntou. "Eu não fazia ideia…"

"Desculpe," Marlene corou, olhando para baixo, "Eu sabia que eu era ... diferente,
suponho, há muito tempo, e eu realmente queria dizer algo para você, especialmente
depois do verão, mas ... Não sei, como se traz isso à tona? "

"Nem me fale." Remus concordou ansiosamente.

786
“Yaz é minha namorada desde pouco antes do Natal. Ela é incrível.” McKinnon estava
sorrindo novamente, e Remus praticamente podia sentir a alegria irradiando dela. Ele
tocou gentilmente sua mão.

"Estou muito feliz por você."

"Obrigado." Ela apertou sua mão de volta. "Mas e você?! Indo direto ao ponto, e


quanto a Sirius?! "

"O que tem ele?"

“Estou apenas pasma, realmente. Ele é totalmente gay ou mais AC-DC?”

“Hum ... você sabe, eu não perguntei. Nós realmente não falamos sobre esse tipo de
coisa.”

"Vocês não falam?" Ela lhe deu um olhar estranho de soslaio. “Isso não te incomoda?
A história dele com garotas?”

"Não." Remus sentiu que ficava quente sob o colarinho. Esse era exatamente o tipo de
coisa que ele queria evitar discutir. Com qualquer um. “Não é relevante.”

“Ok,” Marlene deu de ombros, embora não parecesse convencida. "Se funciona pra
você, suponho."

Ele não respondeu e, eventualmente, o feitiço Muffliato passou e os dois terminaram


de comer, antes de seguirem para a aula de cura às 4h30.

Marlene estava planejando contar a Mary, havia dito, quando fosse a hora
certa. Remus conhecia esse argumento bem o suficiente e não achava que era
realmente sua função dar conselhos. Era bom saber que outra pessoa sabia como ele se
sentia, pelo menos mesmo um pouco.

A aula de cura passou muito lentamente. Remus descobriu que ainda estava muito
chapado, além de bastante cheio, o que o deixou com sono. Ele tentou ouvir o sermão

787
da Madame Pomfrey sobre feitiços diagnósticos circulatórios, mas sua mente
continuava vagando, voltando para a cama e para Sirius. A gentil enfermeira presumiu
que ele só estava sonolento porque a lua estava próxima e não o castigou como
costumava fazer - ele deveria ter se sentido mal com isso, mas estava muito feliz
sonhando acordado para se preocupar.

***

18h30

Remus ficou para trás na ala hospitalar e sentou-se silenciosamente no escritório da


Madame Pomfrey enquanto ela arrumava algumas coisas, antes que os dois fizessem
sua jornada juntos para a Casa. Haveria apenas mais quatro luas cheias em Hogwarts,
depois dessa, percebeu. Sabia que sentiria falta de Poppy Pomfrey mais do que
poderia dizer a ela. A mulher sempre seria a primeira pessoa que tentou deixá-lo
confortável; a primeira pessoa que pensou que poderia ajudar.

A curandeira se despediu e prometeu voltar logo pela manhã, como sempre. Ele fez a
mesma expressão corajosa de quando tinha onze anos e acenou alegremente para ela
da cama enquanto fechava a porta. Sozinho, Remus olhou para o chão por um tempo,
tentando se lembrar de sua tarde, e suprimir o medo crescente na boca do
estômago. Ele se levantou e caminhou um pouco, procurando algo para fazer.

Com o tempo, a porta se abriu mais uma vez e James enfiou a cabeça pelo espaço. Ele
olhou ao redor da sala, antes de entrar, parecendo tão estranho quanto naquela manhã.

"Oi, Moony", disse, empurrando os óculos para cima do nariz nervosamente ao entrar,
"Nada de Wormtail ainda?"

“Acho que ele tinha detenção para fazer da McGonagall.” Remus disse, sentando na
cama novamente.

"Certo." James acenou com a cabeça e ficou encostado na parede.

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Ambos ficaram completamente em silêncio por uns bons três minutos. Remus tentou
não se inquietar, mas o silêncio era bastante insuportável - ele e James nunca haviam
tido momentos constrangedores antes. Mesmo depois que Remus se assumiu, ele foi o
primeiro a jurar que nada havia mudado. Porém, claro, agora algo
realmente tinha mudado; algo que havia distorcido a dinâmica do grupo. Geralmente,
James era bom em se adaptar a uma situação difícil, mas parecia que ele tinha um
ponto cego quando se tratava de Sirius Black.

"Lily quer ser um animago, agora." James disse de repente, claramente tentando


quebrar a tensão.

"Claro que quer," Sorriu carinhosamente, "Aposto que ela domina na metade do
tempo que vocês levaram."

"Você não está errado." Potter riu, apreciativamente.

Mas isso levou a um beco sem saída, e o silêncio invadiu o espaço entre eles mais uma
vez. Remus engoliu em seco e observou James, que estava olhando para seus pés. Ele
tinha acabado de decidir a falar - fazer alguma piada, ou perguntar sobre quadribol,
quando Potter ergueu os olhos, de repente, encontrando seu olhar.

"  Olha-Moony-eu-sinto-muito-sobre-esta-manhã. " Ele disse, com pressa, como se


estivesse prendendo a respiração. Remus piscou.

" Você  sente muito?!"

“Sim, eu deveria ter percebido... você sabe, vocês dois estão.


Hum. Juntos. Saindo. Tanto faz - eu não deveria ter ficado tão surpreso...”

"Está tudo bem, Prongs." Respondeu gentilmente, " Eu sinto muito - temos tentado


não esfregar muito na sua cara e juro que nada estava acontecendo esta manhã, eu só
durmo lá às vezes."

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“Veja, isso é o que eu quero dizer; você não deveria ter que se esgueirar! " James
explodiu “Realmente, não é um problema! Você deve dormir onde quiser. "

"Oh ... ok, obrigado." Remus acenou com a cabeça.

"Eu não quero que as coisas fiquem estranhas." James disse, impotente.

"Nem eu!" Remus insistiu. “Essa é a última coisa que eu quero - Sirius também. Eu só


queria manter a discrição porquê ... bem, ele é seu melhor amigo, e ele e eu nos
vermos não significa...”

“Nunca pensei isso!” Potter falou apressadamente. Ele havia cruzado o quarto agora,


sua natureza inerente assumindo o controle quando ele se sentou ao lado de Remus na
cama, "E você também é meu melhor amigo, Remus."

Lupin olhou para suas mãos, timidamente.

"Cristo, Potter", ele sorriu, "Por que você sempre tem que ser tão perfeito?"

“Nasci assim.” James deu de ombros, refletindo o sorriso de Remus. "Venha aqui,


idiota." Ele o puxou para um abraço. Lupin relaxou, finalmente. Tudo estava bem.

Naquele momento, a porta se abriu mais uma vez, e Sirius entrou no quarto, seguido
por Peter.

“Ei!” Black praticamente latiu, apontando para James, "Tire as mãos do meu homem."

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Capítulo 132 : Sétimo ano: Vítimas

Uivando. Choramingando. Cheiros - animais, magia, mofo. Tinha que


sair. Caçar. Bando. Bando. O grande tentou detê-lo. O preto o segurou. Mas precisava
sair. Estava com tanta fome. Tão faminto...

“Remus?! Remus?? Acorde!"

Seus olhos se abriram quando Sirius o sacudiu rudemente pelos ombros.

"O quê??"

"Você está bem?"

Ele estava deitado de costas no chão empoeirado da cabana. E sangrava, mas não sabia
de onde. Sirius estava sangrando também. Remus tentou se sentar e estremeceu
quando sua cabeça girou e suas costas estralaram.

"O que aconteceu?" Engasgou, a garganta doendo de tanto uivar - ou gritar.

"Aqui," Black o ajudou a se levantar e ir para a cama. Ele puxou uma taça - não sabia
de onde - e sussurrou " Auguamenti." As mãos dele tremiam enquanto a água
derramava de sua varinha, e ele a entregou a Remus, que bebeu avidamente,
derramando-a por seu peito. Sabia que algo estava errado; podia sentir o cheiro do
sangue, do medo e do nascer do sol, mas seus pensamentos humanos demoraram a
voltar à sua mente; era como acordar ainda bêbado com uma ressaca para superar.

"O que aconteceu?" perguntou novamente, franzindo a testa, "Você está ferido?"

"Está tudo bem," Sirius balançou a cabeça. Ele estava muito pálido - sem sua
aparência aristocrática de costume, mas doentio, preocupado, amarelado de
suor. "Você apenas me arranhou algumas vezes - você continuava tentando sair."

791
"Eu... ?!" Remus o agarrou de repente, puxando sua camisa. Sirius o empurrou para
baixo gentilmente, pegando cobertores para cobri-lo. Ele balançou a cabeça,

“Não, nós mantivemos você aqui. Você nunca saiu, eu prometo.”

"Onde estão os outros?"

“Eles tinham que ir - Madame Pomfrey estará aqui em breve. Quando você se


transformou de volta, foi diferente - mais difícil do que o normal, eu acho. Você não
estava acordando direito, então James me deixou com a capa. Eu não queria deixar
você aqui.”

Remus se deitou, sua mente acelerando. Tentava se lembrar, mas estava tudo


embaralhado. Ele só sabia de uma coisa com certeza.

“Algo muito ruim aconteceu.” Sussurrou. Sua própria voz tremia agora, e um pavor


frio se instalou em seu estômago como uma doença. Sirius não disse nada, apenas
apertou sua mão.

Ele ficou debaixo da capa assim que Madame Pomfrey chegou, e ela entrou apressada,
com um terrível olhar cinzento em seu próprio rosto. Remus se sentou, todos os
músculos gritando.

"Poppy!" Murmurou “O que aconteceu? Por favor, me diga!"

"Primeiro, como você está?" Ela perguntou, aproximando-se para sentir sua testa,
"Você está muito quente."

"Eu me sinto bem" mentiu, afastando a mão dela com impaciência, "Houve um
ataque, não foi?"

A mulher acenou com a cabeça, sem palavras. Seu coração bateu forte,


“Quem? Quantos?"

792
"Não sei." Disse, muito baixinho. Remus nunca tinha ouvido aquela voz nela
antes. Por um momento, Pomfrey nem mesmo encontrou seus olhos. Ela sempre o
olhou nos olhos.

"Por favor." Ele pediu novamente. Ela balançou a cabeça levemente.

“Não há nada que eu possa dizer a você. Estará no noticiário de manhã.”

"Eu tenho que ver Dumbledore!"

"Ele não está aqui." Ela se levantou, “Agora, você pode andar? A professora
McGonagall disse que você deve ir às aulas normalmente se estiver bem o
suficiente? Não queremos ninguém perguntando onde você está. Vou te dar algo para
a dor.”

Eles caminharam pelo túnel em silêncio, com Sirius atrás deles, ainda
invisível. Madame Pomfrey lidou com o pior de seus arranhões - majoritariamente
feitos por Padfoot, embora - felizmente - ela presumisse que ele mesmo os havia
causado - e lhe disse para continuar com seu dia. Ele tomou a poção que lhe foi dada,
mas sua cabeça ainda latejava e seu corpo doía. Assim que ela virou uma esquina,
Sirius se revelou e passou o braço pelas costas de Remus.

"Por que você está fingindo que está bem?" Ele sibilou, apoiando-o enquanto subiam
as escadas de volta ao dormitório, "Você mal consegue andar!"

"Vou ficar bem em um minuto." Respondeu, cerrando os dentes, “Ela tem o suficiente


com que se preocupar. Ugh, porra de escadas. "

"James disse que mandaria uma coruja para seu pai imediatamente," Sirius continuou,
enquanto atravessavam lentamente a escada de mármore, "Se alguém souber o que
aconteceu, serão os Potter."

793
"Sim," Remus acenou com a cabeça, ofegando, "Bom..." Mas ele sabia que não era
nada bom. O que quer que tenha acontecido, aconteceu, e fora tão terrível quanto
Castor prometeu. Seria o fim de qualquer chance de civilidade para os lobisomens.

De volta ao dormitório, James ainda estava esperando por uma resposta de seus
pais. Remus se sentou em sua cama, pesadamente, o peito arfando, cada parte dele
doendo, sua pele em chamas.

"Você poderia simplesmente faltar," Sirius disse, sem jeito, olhando para os outros,
"Fazemos isso o tempo todo."

Remus balançou a cabeça. Ele se ergueu, agarrando-se à estrutura da cama.

“Não posso arriscar. Primeiro temos Aritmancia, Snape está nessa - se os jornais


estiverem cheios de ataques de lobisomem e eu não estiver lá, ele vai ser o primeiro a
começar a falar alguma coisa. Vou tomar um banho, só um minuto.”

Ele podia ouvir os outros três marotos sussurrando alto pela porta do banheiro, mas
não tinha energia para se concentrar em nada, exceto em passar pelas próximas seis
horas. Então, abriu as torneiras e deixou que a água sibilante o afogasse.

***

ATAQUES DE LOBISOMENS - COMUNIDADE MÁGICA EXIGE AÇÃO!

Centenas foram afetadas por uma série de ataques brutais de lobisomem durante a
lua cheia da última noite, que deixou quinze bruxos mortos e pelo menos cinco
desaparecidos - supostamente sequestrados. Nenhuma das criaturas responsáveis foi
identificada ainda, e o escritório do Auror aconselhou todos a ficarem em alerta
máximo e consultar as diretrizes do ministério - já publicadas- sobre a identificação e
abordagem de lobisomens, que são classificados como XXXXX e considerados
altamente perigosos.

794
O ministro interino da magia foi criticado por não manter o Registro de Lobisomem,
estabelecido por Newt Scamander em 1947. Falando pela oposição, Abraxas Malfoy
divulgou um comunicado na madrugada desta manhã:

"Os ataques de ontem à noite são mais uma prova de que o ministério está em
extrema necessidade de reforma e, em nome das famílias mágicas da Grã-Bretanha,
antigas e respeitadoras da lei, exigimos sanções mais rígidas para os meio-humanos e
outros elementos indesejáveis e potencialmente perigosos."

Esta declaração provocou indignação naquilo que estão descrevendo como um


ministério cada vez mais dividido...”

"Sem nomes." James murmurou sombriamente. "Isso não é bom."

“Protegendo as famílias das vítimas?” Sirius sugeriu.

“Desde quando o Profeta Diário se preocupa com isso?” Lily sibilou


venenosamente. “Desde quando o ministério se preocupa?!”

“Cuidado com o que você diz!” Peter sussurrou, com os olhos arregalados "Meu
primo que trabalha no Profeta disse que estão recebendo diretrizes muito rígidas sobre
o que podem escrever - sobre o ministério, a guerra, qualquer coisa - e há espiões em
todos os lugares verificando-os, certificando-se ninguém está sendo muito crítico.”

Isso fez com que todos ficassem quietos, e Lily olhou em volta nervosamente,
verificando por cima do ombro. Não importava; todos no Salão Principal pareciam
estar falando sobre a mesma coisa, amontoados em grupos sobre os jornais,
sussurrando entre si.

“Não é como se estivéssemos discordando do que o jornal diz,” Marlene sussurrou, se


inclinando para frente, “Eu odeio a política de Malfoy tanto quanto os próprios
mestiços, mas ele está certo sobre as falhas no registro. Os lobisomens precisam ser
contidos, ou coisas assim vão acontecer, com lorde das trevas ou não! "

795
"Isso é ridículo!" Black zombou, "Um ataque organizado como este só acontece
quando há alguém por trás dele, isso nunca aconteceria sem Voldemort o incitando."

Todos estremeceram quando ele disse o nome. Remus notou isso acontecendo cada
vez mais, conforme a lista de desaparecidos crescia e as pessoas confiavam menos
umas nas outras.

"Eles ainda são perigosos." Marlene respondeu. “Não vejo por que fingimos que não
são - está dito bem aqui”, ela apontou para a impressão em preto e branco,
“Classificados XXXXX. Eu sei que é uma pena para eles, eles poderiam ter sido
perfeitamente normais de outra forma, mas fatos são fatos.”

Ninguém disse nada sobre isso.

Remus fazia o seu melhor para ignorar a todos. Ele estava ocupado escrevendo uma
carta para o Professor Ferox, que era a única pessoa que conseguia pensar que poderia
estar em potencial perigo na noite anterior. Lívia o conhecia; ele a atacou uma vez, e
Remus pensou que ela parecia o tipo de pessoa que guardava rancor. Além disso,
escrever deu-lhe algo para se distrair de quão terrível se sentia; todo dolorido e cheio
de calafrios. Sabia que também estava com uma aparência péssima e achou melhor
manter a cabeça baixa.

"Ela não sabe do que está falando." Lily sussurrou para ele, no caminho para fora do
Salão. “Marls vê tudo em preto e branco. Não leve para o lado pessoal,”

"Eu não levei." Remus respondeu, cansado, "Estou bem, não se preocupe comigo."

Ainda assim, ele temia Trato das Criaturas Mágicas mais tarde naquela manhã,
quando teria que se sentar ao lado de Marlene. Ele lançou um feitiço para encobrir
suas cicatrizes mais recentes, e estava bebendo em uma poção energética como se
fosse mantê-lo vivo, mas não podia esconder o fato de que estava completamente
exausto. Sem mencionar a culpa esmagadora que sentia pelos ataques. Ele sabia

796
que eles iriam acontecer. Ele disse a Dumbledore, mas não foi o suficiente, deveria ter
feito mais.

Aritmancia não foi tão ruim; ele tinha Sirius, James e Lily, e eles formaram um
amontoado protetor ao redor dele, tomando seus assentos no fundo da classe. Os
exercícios eram quase impossíveis de fazer, Remus encontrou sua mente
estranhamente fraturada; incapaz de segurar um pensamento por muito tempo. James e
Sirius caíram em suas travessuras e palhaçadas de sempre, criando uma distração
satisfatória sempre que o professor olhava para Lupin. Estava muito grato,
especialmente porque os dois também haviam passado a noite inteira acordados.

Depois, Sirius o acompanhou até Trato das Criaturas Mágicas, já que ele tinha uma
hora livre, e Remus não teve energia para recusar. Os corredores estavam muito
ocupados para ele arriscar se apoiar no outro garoto, então foram devagar.

"Só falte essa?" Sirius implorou, observando-o lutar para descer o terceiro lance de
escada, "Você já mostrou seu rosto, Snivellus viu você..."

Remus apenas balançou a cabeça, continuando obstinadamente. Quando chegou ao


fim, alguns meninos do terceiro ano passaram correndo, gritando um com o outro e
rindo. Um deles esbarrou nele com sua bolsa, o que não teria sido nada em um dia
bom, mas naquele momento era exatamente a coisa errada, o que jogou Remus de lado
no corrimão. Ele mordeu o lábio quando o lado esquerdo de seu corpo atingiu a pedra
dura, mas não pôde evitar um suspiro de dor.

“Syrtis-corpius!’’ Sirius gritou, puxando sua varinha e atirando uma maldição em


todos os três garotos. Eles gritaram quando as escadas de mármore se transformaram
em areia movediça abaixo deles e começaram a engoli-los. Black só parou quando as
pernas deles estavam penduradas no fundo e os dois ficaram presos no meio do
caminho. "Olha por onde você anda!" Ele disse ameaçadoramente, antes de ajudar
Remus a descer os últimos degraus.

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Ninguém interveio - ninguém nunca fazia quando era Sirius - e Remus estava muito
focado em chegar à aula a tempo.

"Promete que você vai voltar e soltar eles?" Perguntou, enquanto se aproximavam da


sala "Não preciso que você consiga uma detenção além de tudo..."

"Se outra pessoa não os encontrou até agora," Sirius deu de ombros. “Eu só ensinei
uma lição, qualquer monitor teria feito o mesmo.”

Remus normalmente teria achado aquilo engraçado, mas sentiu como se ele estivesse
afundando em areia movediça também, seus membros pesados e lentos, tudo ao seu
redor nebuloso e turvo. "Certo," Sirius estava dizendo, "Eu estarei de volta aqui em
uma hora para te buscar."

“Não preciso que você me busque, não sou uma criança.” Murmurou.

"Não," Sirius apertou sua mão, muito rapidamente, "Você é meu Moony."

Ele fez uma anotação mental para guardar isso para mais tarde, quando estivesse
sozinho, e poderia se deleitar com a ideia de ser qualquer coisa de Sirius. Agora, ele se
odiava demais para permitir que alguém fosse gentil.

Trato das Criaturas Mágicas foi pior do que ele poderia ter imaginado. Sua
temperatura estava subindo ainda mais com o esforço, e teve que enxugar o suor dos
olhos, o cabelo grudando na testa. Apesar de o café da manhã ter acontecido apenas
uma hora antes, seu estômago parecia uma caverna vazia, roncando de forma
intermitente. Sua cabeça doía e sua visão turvava, mas ele se sentou ereto, olhando
fixamente para o quadro-negro.

Eles deveriam estar estudando dragões - identificando as várias espécies e suas


propriedades individuais. Kettleburn começou a lição como sempre fazia, com uma
história aterrorizante e geralmente angustiante de um encontro que ele teve com
qualquer criatura que estavam discutindo. Hoje não foi diferente, e o professor com

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cicatrizes de batalha estava com bastante energia - ele havia perdido dois membros
para os dragões.

Apesar desse conto animado, apenas metade da classe estava realmente prestando
atenção (você poderia dizer pela expressão de leve horror em seus rostos enquanto
escreviam anotações). A outra metade - Marlene e Mary incluídas - estava ocupada
lendo o capítulo em seus livros que tratava de lobisomens.

“Há algo um pouco sexy sobre toda essa coisa de homem-fera, no entanto,” Mary
sussurrou para Remus, que começou a se sentir tonto.

"Mary!" Marlene sibilou, com raiva "Isso é completamente insensível,


pessoas morreram!"

"Só estou dizendo!"

“Você não pensaria isso, de qualquer maneira, se conhecesse um de verdade! Falei


com Sian Bolsh durante o verão; ela saiu no ano passado para o treinamento de
curandeira, e ela está acompanhando um curandeiro na ala de licantropia do St.
Mungus. Eles têm uma higiene péssima, a maioria deles, porque não podem viver
perto de bruxos normais, e basicamente vivem de esmolas e caridade...”

"Bem, então eu sinto muito por eles!" Mary retrucou "Isso parece horrível, os bruxos
são tão sem coração."

“Você está sendo deliberadamente estúpida! Eles são perigosos -”

“Com licença, Professora Kettleburn,” toda a classe se virou para ver McGonagall
parada na porta. O estômago de Remus afudou - ela tinha vindo atrás
dele? O ministério finalmente veio atrás dele?!

A chefe da casa da Grifinória parecia muito séria e segurava uma carta na mão, mas
não olhou para Remus. “Lamento interromper. Marlene McKinnon, posso falar com
você?”

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Marlene franziu a testa e se levantou, colocando a pena de volta no tinteiro. Ela lançou
um olhar confuso para Mary e Remus antes de seguir a Professora para fora da sala. A
porta se fechou e todos olharam para ela em silêncio.

"Ela não pode estar com problemas," Mary sussurrou para Remus, "Ela é certinha
demais."

Remus resmungou algo, mas sua fome havia se transformado em enjoo e ele não
queria abrir a boca. Gostaria de poder tirar a capa, a sala estava tão abafada e
quente; ele estava ficando desconfortavelmente úmido sob as axilas e nas
costas. "Você está bem, querido?" Mary perguntou, seu rosto preocupado. "Parece que
você vai vomitar, são as histórias horríveis de Kettleburn?"

"Mmmph." Remus acenou com a cabeça levemente, disparando dores primeiro em seu


pescoço enquanto o fazia. Ele apoiou a testa nas mãos, esperando apenas parecer que
estava realmente interessado em suas anotações.

No entanto, não havia mais espaço para Mary sondá-lo. Um grito horrível soou fora da
sala de aula, seguido por um gemido arrepiante de desespero absoluto. Mary ficou de
pé imediatamente e saiu correndo da sala para ver sua amiga. Remus teve apenas um
vislumbre quando a porta se abriu e fechou, Marlene de joelhos, soluçando, e
McGonagall curvada sobre ela, dando tapinhas em seus ombros.

Até Kettleburn ficou mudo por alguns minutos, antes de recuperar a compostura e
limpar a garganta.

"Estamos vivendo em tempos difíceis", disse ele, um tanto fora do personagem, "Peço
a todos que sejam gentis uns com os outros, especialmente ao se preparar para deixar
Hogwarts."

A lição continuou depois disso, muito moderada, e Remus precisou de toda a


concentração para ficar consciente em sua cadeira, agora que ele estava sozinho em

800
sua mesa. Cerca de quinze minutos antes do final da aula, houve uma segunda batida
na porta.

"Entre!" Kettleburn gritou. A porta se abriu e Lily entrou,

"Bom dia, professor, vim buscar as coisas de Marlene para ela."

Kettleburn acenou com a cabeça e gesticulou para a mesa de McKinnon, onde seu
trabalho ainda estava espalhado, a mochila pendurada nas costas da cadeira. Lily se
aproximou e rapidamente começou a juntar as coisas. Ela deu uma olhada em Remus e
ergueu a cabeça, “Desculpe, professor - posso pedir a Remus para vir comigo? Eu não
percebi que Mary deixou as coisas dela também...”

“Claro, claro,” Kettleburn acenou com a cabeça, distraidamente, rotulando um


diagrama do covil de um dragão no quadro. "Capítulos 18 a 25 para a próxima lição,
por favor, Sr. Lupin."  

"Sim, senhor," Remus resmungou, pegando a bolsa de Mary. Graças a Deus não


estava pesado. E graças a Deus por Lily Evans.

Assim que eles estavam fora do corredor, Remus se apoiou pesadamente na parede e
fechou os olhos.

"Oh, Remus," disse Lily, ansiosa, levando a mão fria à testa dele, "Você está
horrível!"

"Estou bem." Ele murmurou, inutilmente, os olhos ainda fechados, "Só me dê um


segundo ... Marlene está ...?"

"Ela foi para casa." Lily baixou a voz, embora estivessem sozinhos. “- O irmão dela,
Danny, foi atacado ontem à noite. St. Mungus começou a divulgar nomes.”

A cabeça dele girou; ele abriu os olhos apenas para ver manchas pretas, e fechou-os
novamente, caso desmaiasse.

801
"Ele…"

"Ele está vivo. Mas ... não parece muito bem.”

A culpa era avassaladora, rugindo nos ouvidos de Remus. Como ele iria olhar Marlene
nos olhos novamente? "Vamos," Lily pegou seu braço e colocou-o sobre os
ombros. Ela se ajustou muito bem, mas ele não se atreveu a se apoiar muito nela,
“Estou levando você para a torre, você não está em condições de ir a mais aulas. Vou
dizer que está me ajudando a fazer as malas da Marlene.”

“Alguém deveria contar —” Ele estava prestes a dizer Yasmin, mas percebeu que
ainda era um segredo. "... Madame Pomfrey." Terminou, desajeitadamente, "Marlene
vai perder as aulas de cura."

"Tenho certeza que ela já sabe", respondeu Lily, vivamente, "Venha, agora."

Ela era muito mais difícil de recusar do que Sirius.

802
Capítulo 133 : Sétimo Ano: Tarde de
Domingo

Domingo, 29 de janeiro de 1978

"Moony?"

"Mmm?"

“Já passou do meio-dia...”

"E?"

"Achei que iria querer levantar...?"

"...não, obrigado."

"Posso entrar?"

"...não.”

“...Ok, então." Sirius começou a se afastar e o estômago de Remus embrulhou.

‘’Desculpa." Ele disse alto o suficiente para Black ouvir e parar. Remus finalmente


saiu das cobertas. "Eu quero você aqui, só não sei o que dizer."

Ele podia ouvir Sirius se remexendo, as mãos nos bolsos, e então os dedos passando
pelo cabelo. Finalmente,

"Não precisamos conversar?"

Remus suspirou. Ele estava uma bagunça; não tomava banho direito desde quarta-feira
e só saíra da cama para usar o banheiro. Os outros garotos o estavam alimentando
passando comida pela fresta de suas cortinas, e se não tivessem feito isso, Remus não

803
tinha certeza se teria comido. Ele estava no pior estado em que já esteve. Mas sentia
falta de Sirius.

"...Ok então."

As cortinas se abriram e Remus fez uma careta contra a forte luz do dia, mas Sirius
entrou rapidamente, fechando-as novamente. Ele o olhou, mas não por muito tempo,
logo se arrastando para deitar ao seu lado e envolvê-lo em seus braços.

"Obrigado," ele respirou contra o cabelo de Remus, "por me deixar entrar."

"Acho que estou fedendo."

Sirius respirou fundo, fazendo cócegas em sua testa e fazendo-o se contorcer.

"Não, apenas cheira como Moony."

"Sai, seu cachorro." Remus se contorceu para longe dele.

“Sente que vai querer levantar logo? Todo mundo está preocupado. E eles estão vindo
perguntar a mim agora, como se eu soubesse o que fazer, porque todo mundo sabe
sobre nós, o que é estranho, e muita pressão, na verdade.”

Remus riu, e foi estranho, mas bom. Ainda assim, ele tinha um episódio melancólico
para sustentar.

"Ainda não estou com vontade de levantar.”

"Ok, então você precisa deixar eu me esconder aqui com você, porque eu não vou
voltar para lá."

"  Sirius ."

" Re mus ." Black franziu a testa para ele, exagerando as sobrancelhas para parecer
estúpido.

804
"Pare com isso." Remus cruzou os braços, ciente de que estava começando a soar
como uma criança mal-humorada.

"Eu não vou." Sirius o cutucou nas costelas, "Vamos lá, eu sei que você está se
sentindo na merda sobre tudo, mas você já considerou que não é para você carregar
toda essa miséria assim? Que talvez se você conversar com seus amigos as coisas não
pareçam tão ruins?”

Remus franziu a testa para ele, os braços ainda cruzados.

"Talvez isso funcione para você ..."

"Você está dizendo que isso está funcionando para você?"

Remus apertou os lábios. Eles se encararam por um minuto. Lupin chegou a pensar


que gostaria de brigar com Sirius agora, como eles faziam nas luas cheias; só porque
era uma maneira divertida de expelir energia. Então ele percebeu algo. E cheirou o ar.

“Você está sangrando? Eu posso sentir o cheiro de sangue.”

"Provavelmente é você, da lua."

"Não, eu já me curei, minhas feridas nunca ficam abertas por mais de um dia."

“Puta merda”, Black riu levemente, “Como é possível você ser ainda mais legal?!”

"E é o seu sangue, eu consigo sentir."

“Lá vai você de novo! Você é basicamente um super-herói.”

"  Sirius !"

“Ok, ok,” ele se sentou, passando as mãos pelos cabelos. “Você me atacou algumas
vezes na lua, eu te disse isso, nós fizemos isso um com o outro. E você não pode me
transformar quando eu sou um cachorro, já testamos isso várias vezes.”

805
“Mas você ainda está sangrando?! Já faz quase uma semana! Você precisa ir até a
Madame Pomfrey! "

"Ah, sim, aí eu vou dizer que meu namorado lobisomem me arranhou enquanto eu
estava em forma de cachorro como um animago ilegal?!"

"Jesus." Remus gemeu, puxando-se para cima e para fora da cama, agarrando Sirius
pelo pulso e puxando-o consigo.

"Onde estamos indo?!"

“Eu preciso de uma luz melhor!”

Ele escancarou a porta do banheiro e fechou a tampa do vaso. "Sente." Instruiu. O


moreno obedeceu, meio sorrindo.

Remus abriu o pequeno armário com espelho acima da pia, pegando essência de
murtisco, desinfetante, gaze e bolas de algodão. (Ao longo de anos, havia descoberto,
entre tentativa e erro, que uma combinação de coisas mágicas e trouxas funcionava
melhor. Como quase todo o resto.) Ele puxou a varinha da calça do pijama e parou na
frente de Sirius.

"Ok. Me mostre."

Sirius abaixou a cabeça, não gostando mais da motivação recém-descoberta de


Remus. O moreno suspirou pesadamente e levantou a camisa, dizendo.

“Não é tão ruim assim ...”

Não estava tão ruim quanto temia, mas ainda sim fez seu estômago apertar quando
viu. Três listras vermelho-escuras nas costelas de Sirius. Elas estavam começando a
curar, mas Lupin sabia que poderia acelerar o processo com bastante facilidade. Ele
respirou fundo, encontrou os olhos de Sirius e pegou o desinfetante. Então sua

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varinha. Remus era muito bom em curar cortes a essa altura, e a crosta e a
vermelhidão desapareceram em um instante. Agora eram listras brancas.

“Eu sinto muito,” disse com pesar. “É uma ferida mágica. Você vai ter uma cicatriz aí
para o resto da sua vida agora.”

Sirius olhou para a marca e depois para cima novamente.

"Tudo bem, Remus." O moreno respondeu silenciosamente.

***

Então, por incentivo de Sirius, Remus se juntou ao grupo, e todos foram gentis o
suficiente para fingir que ele simplesmente tivera um mal estar, e não que esteve os
evitando. As notícias dos últimos dias foram particularmente sombrias. Primeiro,
o Profeta publicou uma lista dos mortos e suas fotos. Em seguida, publicaram uma
lista dos "supostos infectados", junto com suas fotos, o que provocou protestos entre
alguns dos comentaristas mais liberais e acendeu um debate sobre o registro
obrigatório para todos os lobisomens.

O nome de Greyback não havia sido mencionado, nem qualquer outro lobisomem que
Remus conhecesse. Era como se os crimes horríveis simplesmente tivessem
acontecido uma noite e os agressores tivessem desaparecido no ar. Ninguém tinha
ouvido falar de Marlene também, embora Danny McKinnon fosse um dos citados nos
jornais.

Ele recebera dez centímetros de texto, em virtude de sua fama como batedor dos
Chudley Cannons. O gerente da equipe foi entrevistado e citado dizendo que, embora
ainda não tivesse sido informado sobre os detalhes da condição de Danny, os Cannons
operavam uma política de 'tolerância zero' para 'mestiços e criaturas perigosas' e
lidariam com qualquer alegação de infecção adequadamente. James jurou que nunca
veria um jogo do Chudley Cannons novamente, mas Remus, principalmente, se sentia
mal por Danny.

807
Todos tentaram colocar toda essa miséria para trás e desceram para o almoço de
domingo (e graças a Deus; geralmente era a refeição favorita de Remus da semana, e
ele estaria ainda mais triste se a tivesse perdido), então passou o resto da noite
acomodado na sala comunal em frente ao fogo. Remus até concordou em jogar xadrez
com Peter, que ficou extasiado.

"Você sabe o que devemos começar a levar a sério?" Sirius pensou alto, remexendo
em sua coleção de discos.

“NIEMs?” Remus perguntou esperançoso, enquanto Peter capturava seu cavaleiro.

“Currículos de emprego?” Lily disse da poltrona, onde estava sentada no colo de


James, lendo uma revista.

"O campeonato de quadribol?" Sugeriu James.

"Pelo amor de Deus," Sirius disse, "Tenho vergonha de chamar vocês de marotos."

"O que?!" Todos os três franziram a testa, ofendidos. Peter riu.

“Ele está falando da grande pegadinha da Sonserina. Você sabe, começamos a planejar


antes do Natal.”

"Wormy querido, você é sem dúvida minha pessoa favorita." Sirius sorriu


amplamente. Peter bufou.

“Cai fora,” e prontamente capturou a rainha de Remus.

“Agh. Não sei por que me incomodo, não venço você desde que tínhamos treze
anos.” Lupin suspirou, deitando no tapete sobre os cotovelos. Ele olhou para Sirius,
“Bem, então? Tem um plano?”

"Talvez. O que quer que façamos, acho que devemos focar o ataque nas masmorras.”

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“Não vamos usar palavras como 'ataque',” disse Lily, apressadamente, “Isso é apenas
uma brincadeira, certo? Espírito saudável de rivalidade inofensiva?”

"Se quiser" Sirius deu de ombros, meio ignorando a interjeição. “De qualquer forma,
Moony, pensei que seu grupo de estudos estava envolvido nisso. De que adianta você
ter todos esses minions se não pode fazê-los trabalhar para você? "

"Ah meu Deus, pela última vez, eles não são meus 'minions'!" Remus revirou os
olhos. “De qualquer forma, ainda não fizemos uma reunião direito neste
semestre. Tenho estado um pouco ocupado.”

“Bem, como nenhum de nós está programado para estar em perigo mortal pelo
próximo mês ou mais,” Sirius respondeu, “Acho que devemos começar. Todo mundo
está precisando de uma risada, hein? Reúna as tropas, nos agruparemos na próxima
semana.”

“Contanto que não coincida com quadribol,” James bocejou, “Eu estarei lá. Certo, vou
para a cama, Transfiguração é a primeira aula amanhã.”

Todos os outros olharam para o relógio ou começaram a bocejar e concordaram em


seguir o exemplo. A sala comunal estava se esvaziando agora, de qualquer maneira, e
eles foram um dos últimos a sair.

Remus tinha acabado de colocar seu pijama e escovar os dentes, quando se lembrou
de que havia deixado seu livro no andar de baixo. Embora isso normalmente não
importasse, este livro em particular era Maurice, de EM Forster, e embora a capa fosse
indefinida, estava um pouco preocupado que se alguém o pegasse e lesse a sinopse, as
sobrancelhas seriam levantadas.

Suspirando, ele saiu do banheiro e desceu correndo, murmurando "Vou buscar meu
livro". para Sirius, que era o próximo na fila.

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Tinha acabado de pegar o livro e estava prestes a subir de volta quando ouviu o buraco
do retrato se abrir. Ele se virou para ver Mary entrar. Ela estava usando um vestido
curto de prata brilhante e tropeçou ao entrar, mas se conteve e deu uma risadinha.

"Tudo bem?" Ele a chamou.

Ela olhou para cima, apertando um pouco os olhos na luz fraca.

“Ei, sexy,” ela sorriu, vagando um pouco instável em seus pés. Poderia ser devido ao
salto de dez centímetros que ela estava usando. Ou poderia ser a Cerveja da Bruxa.
Remus podia sentir o cheiro flutuando dela.

"Oi, onde você esteve?" Ele voltou para os sofás, querendo ter certeza de que ela
estava bem antes de sair.

“Pfffff.” Ela acenou com a mão, desabando na poltrona mais próxima, espalhando as


pernas. Seu vestido curto subia por suas coxas, mas ela não parecia incomodada,
"Apenas uns drinques na sala comunal da Corvinal".

"Pensei que você estava saindo com um lufano?"

"Mm, ele estava lá." Ela exalou, sorrindo, inclinou a cabeça para trás e fechou os
olhos. Suas pálpebras estavam pintadas de ouro, e delineadas com kohl. Ela parecia
uma rainha egípcia em um vestido de festa. "Mas muitas pessoas estavam lá,
suponho."

Ela parecia triste. Remus se sentou na poltrona em frente a ela, segurando o livro no


colo.

"Você está bem, Mary?"

"Oh. Sim." A menina abriu os olhos lentamente, e sorriu para ele. Ela não estava tão
bêbada, ele percebeu, mas parecia cansada e profundamente infeliz. “Apenas coisas
em minha mente. Meninos sendo idiotas. Pobre Marlene.”

810
"Você teve notícias dela?"

Mary balançou a cabeça e se sentou, piscando.

“Você não tem um cigarro, tem, querido? Eu normalmente não fumo, mas eu
realmente quero um agora.”

"Tenho," Remus enfiou a mão no bolso em busca da caixa de fósforos onde guardava
os cigarros que ele mesmo bolava. Então a abriu, "Normal ou divertido?"

"Oooh, divertido, por favor", ela ronronou, estendendo a mão, "Pode me ajudar a
dormir."

“Hum, sobre Marlene,” Remus disse, acendendo o seu, “Eu acabei de pensar, er ...
você conhece a amiga dela, Yaz? Você a viu por aí? Eu não tenho certeza se alguém
contou a ela - "

"Eu contei." Mary disse, exalando, observando-o através da fumaça sob suas pesadas
pálpebras douradas. "Eu contei a ela."

"Oh!" Remus piscou surpreso. "Isso é bom, então."

“Mmm, achei melhor ela saber,” Mary continuou, puxando uma mecha de seu cabelo
e enrolando-a timidamente em torno de seu dedo mínimo. "Não queria que ela
pensasse que Marls tinha dado um bolo nela.”

Remus deu uma tragada rápida e afiada no cigarro, franzindo a testa levemente.

"O que você quer dizer?"

Mary riu, arqueando-se para trás na cadeira, mostrando seus dentes brancos
perolados. Ela deixou a mecha de cabelo enrolar de volta ao seu lugar como um saca-
rolhas.

“Ah, qual é, Remus,” a menina balançou a cabeça, “Eu sei.”

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"Você ... ela te contou?"

“Não,” Mary concedeu, voltando a se sentar com um suspiro, “Mas eu não sou burra,
apesar dos rumores que dizem ao contrário. Pelo menos, eu sei como romance é. ” Ela
arqueou a sobrancelha. “Não sou tão estúpida quanto James, por exemplo. Quanto
tempo ele demorou para descobrir? "

"Ele não sabe sobre Marlene," Remus respondeu, "Eles não devem conversar muito
durante os encontros para o quadribol."

“Eu não estou falando sobre Marlene agora. Eu estou falando de você."

"Eu?!"

"Ele beija bem, não é?" Ela piscou para ele. "Mas você também beija, eu me lembro."

"Como…?!"

“Mm, eu já suspeitava há algum tempo. Apenas pequenas coisas. Todo o tempo que


vocês passam juntos. Ele estar solteiro por mais de cinco minutos. Eu não tinha cem
por cento de certeza, mas você acabou de confirmar.”

"Droga."

Ela riu de novo, um som amigável e vibrante.

"Garoto bobo." Mary sorriu afetuosamente, brincando com seu cabelo novamente


enquanto fumava. Ela o olhou novamente, seus olhos mais focados. Quando falou, sua
voz estava mais séria do que o normal. “Está tudo bem se você quiser manter isso em
segredo. Eu ia esperar, para ver se você mesmo iria me contar - como estou fazendo
com Marls. Mas... Eu só queria que você soubesse ... Eu sei que tenho essa reputação
de ser um pouco fofoqueira, mas eu posso guardar um segredo, ok? Principalmente
dos meus amigos. E se ...” Ela mordeu o lábio, “Se houver mais alguma coisa que

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você esteja mantendo em segredo, Remus, então você pode confiar em mim, ok? Isso
não muda nada.”

Eram revelações demais para uma noite. Lupin deu uma tragada forte em seu cigarro,
e meio que desejou ter optado por um baseado também.

"O que você está dizendo?" Ele perguntou, com muito cuidado. "Você acha que sabe
de mais alguma... coisa?"

"Remus." Ela se sentou. "As cicatrizes? Ficar doente a cada lua cheia? Fazemos a


mesma aula de Trato das Criaturas Mágicas.”

"Você não pode contar a ninguém." Remus disse, sua voz muito baixa, embora eles
estivessem completamente sozinhos. “Por favor, Mary ... eu e Sirius, isso é uma coisa,
mas isso ... eu poderia ser expulso da escola. Eu poderia ser preso!”

"Ei!" Mary levantou-se rapidamente e veio sentar-se no braço da cadeira “Não vou


contar! É isso que estou tentando explicar.” Ela passou o braço em volta do ombro
dele. "Não faz diferença para mim, eu juro."

"Mesmo?"

"Mesmo." Ela beijou sua bochecha e deu-lhe um aperto. “Então não leve o que


aconteceu com o irmão de Marlene para o coração, hein? Não tem nada a ver com
você.”

"Ela nunca me perdoaria, se soubesse ..." Remus disse, tristemente. Mary entregou-lhe


o que restava do baseado e ele deu uma tragada, agradecido.

“Não se preocupe com isso,” A menina disse, petulantemente, “A cabeça dela vai
mudar. Ela sabe quem você realmente é. E talvez você possa ajudar? Você poderia
escrever para Danny, até - aposto que um amigo ajudaria.”

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"Isso é-" Remus estava prestes a dizer que embora fosse uma ideia muito boa, era
quase impossível, considerando o fato de que ele não era registrado, e seria uma má
ideia chamar atenção para si mesmo.

"Moony, cadê você?" A voz queixosa de Sirius desceu ruidosamente as escadas,


“Posso sentir o cheiro da maconha daqui, você não está sendo sutil - oh! E aí
MacDonald.”

"Black," Mary acenou com a cabeça, ainda empoleirada no braço da cadeira de


Remus, "Desculpe, estou tentando seduzir seu namorado."

"Oh sim, gostaria de ver você - espere, meu o quê?!"

Ela apenas mostrou a língua para ele. Sirius olhou para Remus, “Estamos apenas
contando pra todo mundo, agora?!”

“Ei!” Mary pulou do assento, “Eu não sou 'todo mundo'! Seu idiota arrogante. Não se
esqueça que eu tive vocês dois primeiro. "

Remus não pôde deixar de rir da expressão no rosto de Sirius, e levantou da poltrona,
envergonhado, ainda segurando Maurice.

"Desculpe, vou subir agora, estávamos apenas conversando." Ele olhou para Mary,
"Você vai ficar bem?"

“Sim,” ela acenou com a cabeça, sorrindo, “Eu estou indo para a cama também. Boa
noite rapazes!"

"Boa noite!"

De volta ao andar de cima, no brilho quente do dormitório, Peter já roncava baixinho


atrás das cortinas e James estava sentado de pernas cruzadas em sua cama, folheando
seu caderno de quadribol.

814
“Pensei que tínhamos perdido você, Moony,” ele sussurrou alegremente, quando os
dois garotos entraram.

"Encontrei Mary, ela foi a uma festa com os corvinos."

"Veja, isso é o que acontece quando você fica preso com o monitor-chefe e a
monitora-chefe em sua casa," Sirius suspirou, recostando-se na própria cama, "Toda a
diversão acontece em outro lugar."

“Oh, pare de reclamar,” James sorriu, fechando seu livro, “Teremos mais festas e você
sabe disso. Agora vá para a cama como um bom menino.”

"Tudo bem," Sirius bocejou, caindo dramaticamente para trás, então ele desapareceu
através das cortinas de veludo pesadas.

"Boa noite, então," Remus disse, indo para sua própria cama, mas a mão de Sirius
disparou e agarrou seu pulso.

“Moony ...” ele sussurrou suavemente, das sombras atrás do véu da cortina. Remus
mordeu o lábio e olhou para James, que desviou o olhar sem jeito, e começou a fechar
as cortinas de sua cama. Ah, bem. Foda-se.

"Mmm ... ok ..." Então deixou Sirius puxá-lo para dentro.

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Capítulo 134: Sétimo ano: Dia dos
namorados 1974

You think I'm a lame duck

But I don't give a blue fuck

So you leave me like crazy

Drive me to be lazy.

I love you, you big dummy!

I love you you big dummy!

'I Love You, You Big Dummy' by The Buzzcocks (originalmente escrita por Captain
Beefheart & His magic Band).

Segunda-feira, 13 de fevereiro de 1978

"Você sabe," Lily bocejou, "Outros namorados podem aproveitar a noite antes do dia
dos namorados para planejar algo legal para suas namoradas, em vez de atacar outros
alunos."

"Achei que estávamos chamando de brincadeira, Evans," Sirius piscou. “De qualquer
forma, como você sabe o que os outros meninos estão fazendo? Nós somos os únicos
garotos que você conhece, e estamos fazendo isso.”

“Touchè.” Lily mostrou a língua para ele de onde estava sentada de pernas cruzadas
na cama de James.

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"E," James disse, sentando-se no chão ao lado de Remus, dobrando os envelopes tão
rápido quanto Lupin conseguia enchê-los, "Como você sabe que eu já não planejei
algo legal?!"

"Quando você tem tempo?" Ela deu de ombros, "Sempre que você não está comigo,
você está jogando quadribol."

“Eu posso fazer várias coisas ao mesmo tempo”, disse ele com altivez, um brilho
malicioso nos olhos.

Remus deu a James um olhar de soslaio. Não conseguia se lembrar dele tendo
qualquer tempo livre, mas era melhor nunca subestimar James Potter.

"E você, Pete?" Mary perguntou, sentando-se do outro lado de James, empilhando
ordenadamente os envelopes que ele a entregou e marcando os nomes da lista,
"Grandes planos para amanhã?"

"Não." Peter respondeu, taciturno. Ele estava deitado de bruços em sua cama,
completando freneticamente seu dever de Feitiços para o dia seguinte. Havia jogado
algumas insinuações para Remus sobre querer copiar suas anotações, mas Lupin
fingiu não entender e, eventualmente, o pobre wormtail e apenas se resignou a fazer
um trabalho ruim.

"E quanto a Dorcas?" Mary pressionou.

"Me largou."

"Ah, pobrezinho." Ela murmurou "Pelo menos eu não serei a única solteira."

"Mesmo?" Pete ergueu os olhos, esperançoso.

"Sim, larguei aquele lufano estúpido." Mary acenou com a cabeça, curvada sobre seu
trabalho.

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“Ah, bem, talvez você gostaria de sair para jantar, talvez ...” Peter começou. A menina
balançou a cabeça.

"Oh não, desculpe Pete, eu já marquei de sair com três pessoas; será um milagre se
nenhum deles se esbarrar. "

"Oh." Peter voltou ao dever de casa, parecendo ainda mais deprimido do que antes.
Lily sufocou uma risadinha, mas MacDonald parecia alheia.

"Anime-se, Pete, nós ainda te amamos." Remus ofereceu, enchendo seu último
envelope e entregando-o a James. "Eu e Padfoot vamos jantar com você."

“Então, basicamente, será exatamente o mesmo que todas as outras noites do ano.”
Sirius brincou.

"Vocês dois não vão fazer nada, então?" Mary perguntou, casualmente. Mesmo assim,
parecia uma pergunta bem calculada, e Remus achava difícil ignorar os olhares que
seus amigos agora lançavam uns para os outros. Ele olhou para Sirius e disse, com
muita firmeza.

"Nem pense nisso."

O rosto de Black se abriu em um sorriso.

“Acho que o Dia dos Namorados é a ideia do inferno de Moony.”

"Exatamente." Remus acenou com a cabeça solenemente. Deixe as meninas terem


flores e corações. Haviam muito mais coisas acontecendo na sua vida agora, muito
obrigado.

"Aww, acho que é uma pena", disse Mary, riscando o último ano de sua lista e
esticando as pernas no tapete, apoiando-se nos cotovelos. “O Dia dos Namorados pode
ser bom, se você fizer direito.”

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Remus sorriu para ela. ‘Fazer direito’ para Mary significava receber ofertas votivas de
seus vários acólitos; viver uma fantasia em que ela era Afrodite, e todos iriam prestar
homenagem.

"Não, não estou interessado." Ele disse, esticando as próprias pernas rígidas. "É
apenas um dia normal."

" Sirius gosta." A morena comentou maliciosamente "Ele sempre foi mortalmente
romântico".

"Quando não estávamos brigando." Sirius interrompeu. Remus o olhou e percebeu que
nunca havia realmente considerado se o outro garoto estava ou não interessado em
comemorar. Apenas havia presumido que eles estavam na mesma página.

"De qualquer forma, isso era diferente." Peter pensou alto, chupando a ponta da pena e
sujando o lábio de tinta.

"O que era?" Mary perguntou.

"Quando Padfoot estava saindo com você." Pettigrew respondeu. "Obviamente, ele fez
todas as coisas sentimentais então."

"Obviamente?" Lily colocou. Remus se encolheu. Ele podia ver para onde isto estava
indo. A ruiva estava irritada; o que não acontecia com frequência, mas quando
acontecia sempre terminava em uma bronca. "O que você quer dizer, Peter?"

Peter também percebeu, mas Deus o abençoe, ele tentou se explicar.

"Eu não estava sendo desagradável", disse "é apenas ... bem, não é a mesma coisa, é?"

"Sim, é!" Mary franziu a testa.

James também estava claramente irritado. Remus suspirou internamente e olhou para
Sirius, que encolheu os ombros. Ele estendeu a mão e o outro pulou da cama para
pegá-la, puxando Remus de pé. Lupin pigarreou.

819
"Todos já terminaram de discutir nosso relacionamento entre vocês?"

Todos olharam para cima timidamente.

"Desculpe, Moony,

"Desculpe, Remus."

"Vamos continuar, vamos?" Remus ergueu uma sobrancelha e se encostou na


cabeceira da cama com as mãos nos bolsos. Ele acenou com a cabeça para a pilha de
envelopes lacrados, “Precisamos distribuí-los amanhã, assim que pudermos. Acho que
provavelmente é melhor fazer isso no café da manhã, para que fique misturado com a
postagem normal e não pareça suspeito.”

Isso foi recebido com um murmúrio de concordância geral.

“Não se esqueça, a tinta só se torna legível quando a pessoa certa dá o nome dela.”
Remus continuou. Ele foi até a mesa de cabeceira para pegar sua caixa de fósforos de
cigarros e puxou um para fora.

"Essa foi uma ideia tão boa, não posso acreditar que você fez isso tão rapidamente."
Disse Mary. Ela não sabia que o feitiço que eles usaram era exatamente igual ao do
Mapa do Maroto, e eles não iriam contar a ela.

“Você está na presença da realeza, MacDonald.” Sirius disse, pegando o cigarro de


Remus no segundo em que ele o acendeu. Remus suspirou e puxou outro.

“Pelo menos abra uma janela se tiverem que fumar aqui,” James suspirou.

"Temos que fumar aqui," disse Sirius, sacudindo a varinha para as janelas para que se
abrissem. “Porque nosso monitor-chefe baniu o fumo na sala comunal.”

“Todos os monitores votaram por isso, na verdade.” Lily disse astutamente.

820
"Veja, Moony," Black cutucou-o com o quadril, "É por isso que você deveria ter
continuado um monitor, você poderia ter sido a voz da razão."

“Verdadeiramente trágico.” Remus exalou fumaça.

"Certo, estou indo para a cama, então." Mary disse, levantando-se e carregando a pilha
de convites e colocando-as no baú de James. “Estou ansiosa por isso, é bom ter outra
coisa em que pensar.”

"Eu irei com você." Lily disse, levantando-se também.

"Devo caminhar de volta com você?" James se levantou de um salto. Ambas as


meninas riram, como se ele tivesse dito algo encantador, ao invés de ridículo.

"Vou mantê-la segura na árdua jornada pela sala comunal, Potter." Mary provocou.

Mesmo assim, Lily e James passaram os próximos cinco minutos se despedindo, o que
envolveu muitos amassos. Quando Mary finalmente conseguiu arrastar sua amiga para
longe, Lily estava rosa e sorrindo.

"Amo você!" Ela gritou enquanto descia as escadas.

"Amo você também!" James ligou de volta.

Sirius começou a fazer ruídos de vômito, o que fez Peter começar a rir, mas Remus
apenas observou a expressão estúpida de James. Ele nunca os tinha ouvido dizer 'eu te
amo' antes. Não achava que já havia ouvido alguém dizer isso, na verdade; não
alguém com quem ele se importasse, pelo menos. Havia visto isso escrito. Nos livros e
na carta de Hope. Porém, nenhuma dessas coisas parecia tão tangível quanto isso. Há
quanto tempo eles estavam dizendo isso? Há quanto tempo eles sentiam isso? Fora
difícil dizer da primeira vez? Remus achou que devia ser. Como lançar um patrono.

Ele terminou o cigarro em um estado de espírito contemplativo enquanto os outros se


moviam ao seu redor, terminando o dever de casa e se trocando para dormir. Supôs

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que poderia perguntar a Sirius sobre toda a coisa de 'amor', mas não tinha certeza se
queria abrir aquela caixa de pandora. Eles estavam felizes desse jeito, não? Estava
ficando confortável, agora que seus amigos sabiam. Além disso, depois de dois anos
rodando em círculos e quase um ano de sigilo, Remus queria apenas aproveitar o que
tinham, sem todo aquele material prescritivo pairando sobre eles.

Remus sabia por experiência própria que era melhor resistir à tentação de separar
coisas assim. Especialmente algo tão precioso e arduamente conquistado quanto o que
ele e Sirius tinham. O problema era: depois de começar, talvez você nunca mais se
lembre de qual foi o primeiro passo.

Ainda pensando, ele escovou os dentes e vagou em direção à cama de Sirius para
sentar e esperar por ele.

"Finalizado!" Peter gritou, erguendo sua pena com um floreio. " Finalmente ."

"Muito bem, Pete." James bocejou, subindo na cama.

"Eu não consegui te ajudar muito, no entanto." Peter disse, olhando para a pilha de
envelopes melancolicamente.

"Tudo bem, este é apenas um trabalho preliminar." Remus ofereceu “O verdadeiro


planejamento começa na quarta-feira.”

"Exatamente." James acenou com a cabeça encorajadoramente, "De qualquer forma,


não se sinta mal, Padfoot também não ajudou."

“Ei!” Sirius saiu do banheiro naquele momento, “Eu escrevi essas malditas coisas!
Onde vocês estariam sem minha bela caligrafia? E também não me lembro da Sra.
Prongs fazendo nada. "

Black havia começado a chamar Lily assim em particular (ele não ousaria dizer na
frente dela) sabendo que isso irritava James. O garoto de cabelo bagunçado apenas

822
rolou na cama, sacudindo o dedo médio na direção de Sirius. O moreno riu e foi para
sua cama. Remus também entrou, ainda perdido em pensamentos.

"Boa noite, rapazes!" Sirius chamou, fechando as cortinas.

"Noite!" Peter e James ecoaram de volta.

No escuro, Black segurou a mão de Remus, e eles sorriram um para o outro,


sonolentos.

"Você está muito quieto." Sirius sussurrou. "Tudo ok?"

"Sim." Sussurrou de volta. "Só pensando. Coisas sobre a pegadinhas.”

"Bom."

"...Sirius?"

"Remus."

“Sabe o Dia dos Namorados?”

"Já ouvi falar."

“Você queria ... er. O que Mary disse ...”

“Eu sabia que isso iria te deixar nervoso. Eu praticamente pude ver seu cérebro
começar a superaquecer.”

"Vai a merda." Remus chutou sua canela. "Eu só estou perguntando ."

“Mary amava todas aquelas coisas - presentes e flores e cartões e outras coisas. Eu
gostava de fazer isso por ela, porque a deixava feliz. Você odiaria, então eu não farei."

“É tão público,” disse.

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"Eu sei. Não se preocupe com isso.”

"Ok."

“...”

“...”

"Remus."

"O que?"

" Pare de se preocupar! "

"Tudo bem, eu acredito em você!"

"De qualquer forma, não é nem mesmo uma coisa real." Sirius disse, pensativo. "Dia
dos Namorados. Eu pesquisei."

“É real para os trouxas, não é?” Remus franziu a testa. Não poderia dizer que havia
pensado muito nisso.

“Havia um cara chamado Valentine, mas não há nada especialmente romântico nisso.
Mas descobri outras coisas, sobre os romanos.”

“Por que você não pode aplicar essa sede de conhecimento ao seu trabalho escolar
real?!”

"Ugh, não seja tão chato. De qualquer forma, você já ouviu falar da Lupercalia? ”

Remus sentiu um aperto no estômago e soltou a mão de Sirius.

"Eu não quero falar sobre coisas de lobo agora."

"Você já ouviu falar!" Sirius parecia satisfeito.

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"Não. Só conheço a palavra lobo em latim porque é o meu maldito nome.”

"Ah, certo ... Não é o que você pensa, é um festival!"

"Ok."

“E é muito legal, há sacrifícios de sangue, e correr pelado, e -”

"Eu vou dormir."

"Mas você gosta de história."

"Cale a boca, Padfoot, ele quer dormir." James gritou do outro lado do quarto. "E eu
também!

"Sim!" Peter ecoou.

"Cuidem das suas vidas." Sirius gritou de volta.

“Sonoro Quiesces.” Remus murmurou, criando uma bolha seca de silêncio dentro da
cama. Entretanto, continuou sussurrando porque era estranho falar em um volume
normal no escuro. "Eu disse que não queria falar sobre coisas de lobo, meu Deus."

“Eu só estava tentando fazer você se sentir melhor sobre o Dia dos Namorados.”

“Para começar, eu não me senti mal com isso!”

"Ok, desculpe, eu entendi mal." Sirius estava sussurrando também, mas alto,
obviamente irritado. “Você não falou nada sobre isso e eu queria animá-lo. Achei que
você estava com inveja de Lily e James. "

"Com inveja?!"

"Essa é a palavra errada. Você estava apenas ... Eu vi você os olhando, beijando e
outras coisas, e sendo todo piegas. E eu sei que você odeia demonstrações públicas de
afeto, mas não sei. Não é como se tivéssemos escolha de qualquer maneira ... ”

825
Remus piscou no escuro, rolando para trás para ver o rosto de Sirius.

"Isso te incomoda, não é?" Tinha que ser, porque nunca havia incomodado Lupin
antes. De repente, ele percebeu o que tinha acontecido.

"Um pouco, talvez." Black respondeu, honestamente. Remus procurou sua mão
embaixo do edredom novamente.

***

Terça-feira, 14 de fevereiro de 1978

Na manhã seguinte, James e Sirius não estavam em lugar nenhum - Remus presumiu
que eles haviam saído mais cedo para um treino de quadribol; era um dia claro e
ensolarado, apesar do frio no ar. Depois de alguns minutos de reflexão profunda,
Remus vasculhou sua gaveta de cabeceira em busca de seu último sapo de chocolate e
o enfiou no bolso antes de descer as escadas.

O resto dos Grifinórios acordaram para descobrir que, durante a noite, os elfos
domésticos haviam decorado sua sala comunal com guirlandas de corações de papel
vermelho e rosa - algo que parecia dividir todos os alunos.

“Não é apropriado para uma escola .” Christopher resmungou, encontrando Remus e


Mary no caminho para fora do buraco do retrato.

"Aww, acho que é adorável." Mary suspirou alegremente. Ela estava sutilmente
vestida para a ocasião, usando uma fita vermelha no cabelo e brincos de esmalte
vermelho em cada orelha. Christopher balançou a cabeça, severamente para a menina.

“Se fosse um feriado adequado, como Natal, Páscoa ou algo assim ...”

"Mas por que os bruxos celebram essas coisas?" Remus interrompeu, pensativo,
enquanto eles avançavam em direção ao refeitório. Cada corredor também foi
decorado com papel crepom rosa e vermelho, e parecia haver música vindo de algum

826
lugar, "Nenhum dos puros-sangues que conheci é cristão, ou mesmo sabe algo sobre
Jesus, ou o coelhinho da Páscoa, ou -”

“ O que da Páscoa?!” Christopher estava olhando para ele como se estivesse louco.

"Não se preocupe, Remus," Mary riu, "Lily e eu tentamos no primeiro ano. Não
devemos perguntar. "

O humor de Christopher não melhorou quando eles entraram no Salão Principal, que
era banhado por um brilho rosa por uma coleção de velas flutuando dentro de
lanternas de vidro vermelho. Flores frescas foram colocadas em vasos em cada mesa,
e envelopes rosa voavam para frente e para trás sobre as cabeças dos alunos - cartões
de dia dos namorados procurando por seu destinatário.

"Pelo amor de Deus." Chris murmurou, sentando-se e servindo-se de um café bem


preto.

“É apenas um dia.” Remus disse, levantando o bule, que também era rosa.

Assim que se sentaram, uma pilha de envelopes rosa caiu no colo de Mary, fazendo-a
gritar de alegria. Remus sorriu também. Ele pegou seus próprios envelopes e
sussurrou um encantamento, jogando-os no ar para que se misturassem com os outros
voando acima deles.

"Aqui está, Chris," Remus jogou um sobre a mesa, "Não é um dia dos namorados,
prometo."

"Oh. Er ... o que é? " O menino segurou o envelope em branco com cautela.

"Um convite." Remus piscou. “Dê seu nome, mas não divulgue, ok?”

"Er ... ok ..."

"Bom dia!" Lily apareceu, parecendo alegre como sempre, segurando um livro sobre
poções avançadas. "Alguém viu o Potter?"

827
"Campo de quadribol?" Remus ergueu a cabeça.

"Não," Lily deu de ombros, "Eu também pensei nisso, mas a corvinal o reservou esta
manhã."

"Ele e Padfoot tinham ido embora quando eu acordei." Disse Remus.

"Isso é exatamente o que eu temia ..." Lily respondeu, sentando-se.

Assim que ela adoçou seu mingau, um * pop * alto ecoou sobre suas cabeças, e todos
olharam para cima. Os alunos que não mergulharam imediatamente para se proteger
sob suas mesas de café da manhã, começaram a murmurar 'ooh' e 'ahh', quando uma
exibição de fogos de artifício espetacular começou sobre suas cabeças. As explosões
de cores tomaram a forma de gigantescos corações de amor brilhantes, e as brasas que
choveram revelaram-se flores rosa e brancas.

“Lírios!” Mary disse alegremente, enquanto alguém se acomodava em sua pilha de


cartas.

"Ah não!" Christopher lamentou, "Eu sou alérgico!" Ele espirrou, antes de apontar sua
varinha para cima e suspirar, " Protego! " para se defender das flores esvoaçantes.

"Eu não acredito nisso ..." Lily estava corando mais do que em qualquer outro
momento. Remus sorriu.

"Você estava pedindo por isso, infelizmente."

“Eu teria ficado feliz com um cartão!” Ela sibilou, quando os fogos de artifício finais
morreram, e o último dos lírios voou para o chão como grandes flocos de neve rosa,
enchendo a sala com seu cheiro adorável.

"Cale a boca, Evans," Mary resmungou, "É lindo demais da parte dele."

"Saúde, MacDonald," James apareceu no ombro de Lily, com Sirius.

828
"Seu idiota absoluto!" Evans se levantou e jogou os braços em volta do pescoço de
James, beijando-o. Remus não estava assistindo a essa exibição, no entanto; ele estava
observando Sirius, que sacudiu a varinha nas costas de James.

As flores que se juntaram na mesa (aquelas que Chris não tentou limpar, de qualquer
maneira) começaram a se mover novamente e se juntaram na frente do prato de Lily.
Com outro pequeno * pop * suave, a pilha se transformou em uma grande caixa,
adornada com ainda mais lírios.

"O que é isso?" Lily se virou, inclinando-se para olhar mais de perto.

"Abra e veja!" James estava sorrindo de orelha a orelha, claramente radiante consigo
mesmo.

Christopher espirrou novamente e assoou o nariz, mas foi totalmente ignorado quando
Mary e Remus se levantaram para ver melhor. Lily, ainda rosada e sorridente,
levantou cuidadosamente a tampa da caixa e todos se inclinaram para dentro. Sobre
um travesseiro de veludo vermelho, com um laço em volta do pescoço, estava um
pequenino gatinho cinza-carvão com enormes olhos amarelos.

"Ohhh!" Lily engasgou, estendendo a mão imediatamente para pegar a criatura


miando e aconchegá-la perto, “Sério, Potter?! Você me deu um gato?! Eu o amo! Ou
ela?"

"Ele," James acenou com a cabeça, "Eu sei que o gato da sua família morreu no Natal
passado, e Hagrid me disse que uma ninhada nasceu na vila na semana passada, então
..."

"Oh, ele é tão fofo!" Mary estendeu a mão para acariciar a cabeça do gatinho.

"Ah, pelo amor de Merlin ..." Christopher se levantou, levando o lenço ao nariz. “Eu
também sou alérgico a gatos! Dia maldito estúpido ... ”com isso, ele se levantou e saiu
furioso.

829
"Que vergonha." Sirius sorriu, sentando-se no lugar vazio. "Bom dia, Moony."

"Bom dia, Padfoot." Remus sorriu.

O resto do café da manhã foi gasto com todos os olhos sobre o novo gatinho de Lily
enquanto todos tentavam escolher um nome para ele. Remus manteve uma distância
educada, apenas por precaução. Tivera experiências ruins com gatos no passado e não
gostava de nenhum arranhão novo hoje, não importa o quão minúsculas suas garras
fossem.

Logo, todos estavam se levantando para ir às suas várias aulas (enquanto discutiam
sobre quem deveria cuidar do gatinho naquela manhã), e Sirius acertou o passo com
Remus.

“Posso te acompanhar para a aula de história?” Ele ofereceu.

"Ah, eu não preciso ir," Remus respondeu, astutamente, "É uma aula especial para os
NIEMs."

"Mas você sempre vai às suas aulas," Sirius respondeu, "Mesmo as opcionais."

"Eu sei, mas você está sempre me dizendo para relaxar, então ..." Remus secretamente
puxou sua caixinha de fósforos do bolso do robe e bateu nela. Black ergueu uma
sobrancelha.

“Por mais que eu realmente ame o Moony chapado - o que causou a rebeldia?”

“Tem que haver um motivo?” Remus encolheu os ombros. Ele olhou ao redor
rapidamente para verificar se ninguém estava ouvindo muito atentamente - mas todos
estavam muito absortos em seus vários cartões e presentes. Então, colocou o sapo de
chocolate no bolso de Sirius. "Feliz Dia dos Namorados, idiota."

Nunca tinha visto Sirius Black corar daquele jeito.

830
Capítulo 134.2: Sirius: Dia dos namorados
1978

Segunda-feira, 13 de fevereiro de 1978

"Obrigada por toda a ajuda", disse James, levantando e se espreguiçando. Eles


estavam curvados sobre os livros de feitiços há horas agora, e se Potter não fizesse
alguma forma de exercício pelo menos duas vezes por dia, então o mundo da forma
que conheciam chegaria ao fim. Provavelmente.

"Bem," Sirius respondeu, "Não seria bom deixar Evans desapontada, e sei que você
não teria conseguido sem mim.”

"Você é um amigo tão modesto e generoso."

"Se chama boa educação, Potter, pesquise."

James bufou de tanto rir, ainda se espreguiçando. Ele gemeu, "Campo de quadribol?"

“Sim, vamos, mas preciso estar de volta às cinco.”

"Moony?"

"Sim." Sirius apertou os lábios com isso. Algo dentro dele ainda estremecia quando o
outro mencionava Remus naquele contexto. Obviamente, era ótimo que Potter
soubesse. Obviamente. Porém, também era estranho e assustador. A pior parte é que
ele sabia que James se sentia estranho também, e era por isso que ele sempre tocava
no assunto. O idiota estava tentando ser um bom amigo.

"Er ... vocês dois vão fazer algo para o Dia dos Namorados?" Perguntou James.

831
Ele parecia desconfortável. Talvez porque fosse a primeira vez que havia parado para
pensar no assunto, depois de Sirius passar três horas ajudando-o a aperfeiçoar o feitiço
de fogos de artifício florais para Lily.

"Nah." Sirius balançou a cabeça. "Ele odeia esse tipo de coisa."

"Ele odeia?"

"Sim. Lembra da Grande Corrida de Amasso? Remus Lupin e romance não andam
juntos.”

"Eu só presumi que sua aversão a beijos era porque ele era ... hum ..."

“Queer?”

"Hm. Essa é a palavra certa?"

Sirius deu de ombros e eles caminharam para o campo de quadribol em um silêncio


confortável.

A verdade é que Sirius não tinha fazia ideia se era ou não a palavra certa - mas era a
que Moony usava, então ele supôs que estava tudo bem. Black já havia decidido não
pensar muito sobre palavras ou definições específicas, porque não gostava do jeito que
se sentia sobre.

Provavelmente pelo mesmo motivo que se fechava sempre que James tentava falar
com ele sobre seu relacionamento com Remus. Sirius claramente se lembrava de ter
contado a Potter todos os mínimos detalhes sobre seus vários namoros com garotas - o
que ia aonde, por quanto tempo, o quão rígido, o quão rápido, quão bom, quão grande,
quão pequeno. Não com Moony. Na verdade, pelo que James sabia, eles mal se
beijavam. Sirius sentiu uma onda de calor em sua barriga então, pensando em beijar
Remus.

832
Enfim, o que exatamente eles fariam no Dia dos Namorados? Não é como se eles
pudessem fazer uma grande exibição pública, como James costumava fazer. E cartas?
Poesia?? De jeito nenhum - Remus riria na cara dele ou morreria de vergonha.

Secretamente, Sirius pensava que o outro era legal demais para coisas de dia dos
Namorados. Remus não era flores e músicas românticas; ele era cigarros roubados e
jeans rasgado, ele era punk.

... embora, para ser justo, ele gostava de chocolate...

"Acorda, Black." James bateu em sua nuca com o cabo da vassoura.

“Ei!” Sirius esfregou o couro cabeludo, embora não tenha realmente doído. Ele
amarrou o cabelo para trás rapidamente e seguiu o amigo até o campo.

***

Mais tarde naquela noite, quando as garotas estavam em seu quarto, o assunto do dia
dos namorados foi abordado e Remus reagiu exatamente como Sirius esperava que ele
fizesse. O que era muito agradável; ele estava finalmente entendendo o jeito de
Moony.

De qualquer forma, Remus estava bem no meio do planejamento de uma pegadinha


gigante, e esta era a versão favorita de Sirius dele. Ele era tão direto e autoritário;
dando ordem a todos, cabeça erguida, olhar intenso. E então ele começou a fumar e
isso sempre pegou Sirius bem lá, por causa de seus lábios perfeitos para caralho e seus
dedos delicados e seus olhos...

Mal podia esperar para irem dormir e, felizmente, as meninas foram embora
rapidamente depois disso. Prongs e Evans deram um grande show, como sempre, se
beijando e sussurrando e continuando como se fossem ser separados por toda
eternidade, não por apenas algumas horas de sono. Sirius pegou Remus os observando
e pela milionésima vez se perguntou o que Moony estava pensando.

833
No momento em que Sirius estava pronto para dormir, Remus havia se aproximado,
quieto e pensativo, e Black não conseguia dizer se ele estava apenas cansado,
concentrado na pegadinha ou se era outra coisa.

Fosse o que fosse, Sirius só fez piorar. Ele entrou no assunto da coisa da Lupercalia,
não sabia por quê. Honestamente, às vezes era difícil acompanhar. Um dia, Remus era
perfeitamente receptivo a discutir sua condição de lobo. Em outros, era um tabu total,
e ele se fechava à menor menção.

Já haviam meio que resolvido isso entre eles - estavam ficando um pouco melhores
nessa coisa, cutucando um ao outro até entenderem. De qualquer forma, descobriu que
Remus estava realmente preocupado com todas as bobagens do Dia dos Namorados -
não porque ele queria música e dança, mas porque ele achava que Black gostaria.

Isso era tão incrivelmente doce que Sirius não conseguia parar de sorrir e teve que
começar a beijar Remus para que ele não pudesse ver o sorriso bobo em seus lábios.

***

Terça-feira, 14 de fevereiro de 1978

Para ser sincero, Sirius não havia realmente pensado muito nisso. Demonstrações
públicas de afeto, no caso. Pelo menos, ele não havia pensado nisso além de quaisquer
que fossem as necessidades e preferências de Remus. Fora a mesma coisa com Mary -
ela adorava se agarrar em público, adorava ser pega e se exibir; então Sirius também
adorou. Por outro lado, Remus sempre gostou de esconder e guardar segredos, e Sirius
estava aprendendo que isso poderia ser muito divertido por si só.

Talvez, para Black, fosse apenas mais fácil de lidar com afeto. Ou talvez ele gostasse
muito das pessoas. Claro que se irritava um pouco, quando Lily e James passavam
horas enrolados no colo um do outro na sala comunal, ou caminhavam de mãos dadas
entre as aulas, sorrindo, enquanto outros alunos tinham que se esquivar para sair de
seu caminho. Obviamente, ele e Moony nunca seriam aquele tipo de casal, não em

834
público, mas era muito cansativo ter que lembrar de manter as coisas platônicas fora
do dormitório. Afinal, Sirius gostava de se exibir. Ele gostaria de exibir Moony.

Pensou sobre isso enquanto ele e James se esgueiravam para o Salão Principal para
preparar o presente de Lily, no início da manhã. Ele deixou Moony dormindo, lençóis
enrolados em sua cintura, um braço sobre a cabeça, cabeça inclinada para cima. Na
luz da manhã, suas cicatrizes eram como veias no mármore, e Sirius queria se abaixar
e traçá-las com a língua. Não fez isso. Havia feito uma promessa a James.

"Acha que vai haver espaço suficiente?" Potter perguntou, quando eles entraram no
Salão Principal vazio. "Não quero que ninguém se machuque."

"São fogos de artifício florais," Sirius bocejou, "Ninguém vai se machucar, a menos
que seja gravemente alérgico."

"Droga, eu nem tinha pensado em alergias!"

"Merlin, não me diga que você vai mudar de ideia agora, não depois de me arrastar
para fora da cama a esta hora infernal."

"Eu não vou, não vou... vamos lá, vamos fazer isso, então."

Eles começaram a se ocupar, plantando os grandes detonadores em forma de bulbo


que haviam cuidadosamente construído e configurando os feitiços de gatilho para que
disparassem na hora certa.

"O que você vai fazer o resto do dia?" Sirius perguntou, sentando em uma das mesas e
balançando as pernas enquanto observava James se agitar sobre os toques finais. "Ou
você acha que aquele gato é o suficiente?"

"Ela tem a maior parte do dia livre e eu providenciei para que o banheiro dos
monitores seja misteriosamente fechado para reparos", Potter sorriu, satisfeito consigo
mesmo.

835
"Muito romântico." Sirius falou lentamente.

"Na verdade, é" James respondeu. "E você? Ainda fugindo de Moony? "

"Eh?"

"A briga, ontem à noite?"

"Aquilo não foi uma briga." Sirius sentiu suas bochechas esquentarem. Havia se
esquecido que Prongs tinha ouvido essa parte. “Nós nos reconciliamos, de qualquer
maneira. Só usamos um feitiço de silenciamento para que você parasse de espionar. "

"Oh, era para isso que servia...?" James ergueu uma sobrancelha arrogante, a língua
tocando o canto de sua boca.

"Cai fora," Black o empurrou, pulando da mesa. "Senhor Banheiro dos Monitores."

“Godric, Black, você está corando?! Você está realmente corando??” James riu,
empurrando-o para trás. "Uau, Moony deve ser de outro mundo."

“Não posso acreditar em você..." Sirius balançou a cabeça, começando a andar no


corredor para fora do Salão, desejando que seu rosto voltasse à cor normal. Que
vergonha.

"Ah, vamos lá", James riu, correndo levemente para alcançá-lo, "Sabe, estou
realmente aliviado. Vocês dois agem como se a manteiga não derretesse, na maioria
das vezes, eu nunca nem vi vocês se beijando. "

Ele disse 'beijo' e não 'amasso', porque James Potter era um romântico por completo.
Provavelmente, chamava sexo de 'fazer amor'. Haha. Sirius fez uma anotação para
lembrar disso mais tarde.

"Você acha isso estranho?" Sirius perguntou, diminuindo a velocidade. Ele realmente
gostaria de alguns conselhos sensatos, e Prongs teria que servir se Lily não estivesse
por perto. "Que você não tenha. Er. Visto? Nós nos beijando, quero dizer. ”

836
James encolheu os ombros, “Não sei. Vocês se beijam, não é? "

"Obviamente," Sirius jogou o cabelo para trás.

"Bem, então. Eu simplesmente presumi que fosse Moony sendo ele mesmo, daquele
jeito estranho.”

"Sim, é. Mas você sabe ... não podemos ser tão públicos quanto você e Evans. ”

James ficou bastante tempo pensando. “Não,” ele disse, finalmente, “Isso faz sentido.
Desculpe amigo."

"Não é sua culpa." Sirius encolheu os ombros.

"No entanto, você deve se sentir confortável perto de nós." Potter afirmou. “Nós
somos seus amigos.”

"Sim, eu sei."

"Quero dizer, confortável dentro do razoável", disse James apressadamente, o sorriso


voltando aos seus traços, "Eu não sei se estou pronto para ver meus melhores amigos
fazendo ... er ... bem, se vocês ao menos... quero dizer ... o que quer que seja que
vocês…"

"Potter, você está corando ?!"

***

Os fogos de artifício e o gatinho foram extremamente bem recebidos, é claro, mas


Sirius teve sua própria surpresa após o café da manhã. Remus Lupin realmente sugeriu
matar aula e ficar chapado em vez disso. Bem, talvez a parte de ficar chapado não
fosse tão incomum, mas matar aula definitivamente era. E um sapo de chocolate, para
melhorar! Isso tinha que ser uma forma de romance, Remus dando o último de seus
doces.

837
"Prongs vai reclamar tanto comigo por fumar aqui," Sirius deu uma risadinha, na
metade do primeiro baseado.

"Nah," Remus respondeu, preguiçosamente, deitado de lado e acariciando a perna da


calça de Sirius. “Apenas agite uma toalha molhada e ela se livra do cheiro. Era o que
os rapazes da St Eddy's faziam.”

"Maneiro." Sirius respirou, maravilhado. Remus deu a ele um olhar engraçado que lhe
dizia que ele estava sendo estranho. Mas ele não se importou. Se achar que Moony era
legal era estranho, então Sirius era estranho. Riu novamente. O outro sorriu,
balançando a cabeça e pegando o baseado.

“Fraco.”

“Tanto desdém. Tanta crueldade.” Black caiu de costas na cama e afrouxou a gravata.

"Você ama." Remus exalou fumaça, fazendo com que ela traçasse todo o corpo do
moreno, como névoa.

"Ei," Sirius olhou para baixo, franzindo a testa, "Não faça isso, meu uniforme vai
feder."

"Tire, então." O outro ergueu uma sobrancelha. Sirius o olhou.

"Mesmo?"

Remus levou o baseado aos lábios novamente e sugou. Aqueles lábios. Aqueles dedos.
Aqueles olhos. Ele acenou com a cabeça, exalando, "A menos que você pense que vai
para as aulas hoje?"

Sirius balançou a cabeça, sem palavras. Remus sentou-se de joelhos e estendeu os


braços compridos sobre Black para apagar o baseado na xícara de chá velha na
mesinha de cabeceira. O moreno fechou os olhos, já querendo senti-lo – sentir o peso,
o calor dele.

838
Nunca havia sido assim com Mary ou Emmeline. Ninguém nunca o fez se sentir
assim; como se pudesse ser desmontado e remontado, novo e melhor do que antes. E
daí se Moony não fosse afetuoso em público? Contanto que ele fosse assim em
particular.

"Vamos, então," Remus estava dizendo agora, um tom mais duro em sua voz, "Não
tenho o dia todo."

Sirius se moveu rápido - Remus não estava realmente com pressa, só que Black nunca
recusou uma ordem se ela fosse dada da maneira certa. Ele tirou a gravata e
desabotoou a camisa rapidamente. As calças, ele deixou para Moony, porque essa era
a parte favorita de Moony, e Sirius gostava de ver seus longos dedos trabalhando no
fecho de seu cinto.

Remus estava em cima dele agora, montando em seu corpo e se inclinando para frente,
beijando-o com força, movendo seus quadris suavemente para frente e para trás,
apenas o suficiente para ser enfurecedor. "Moony ..." Sirius murmurou contra seus
lábios, "Por favor ..."

Isso foi o suficiente - sempre era o suficiente. Remus rosnou e acelerou seus
movimentos, pressionando com mais força, praticamente mordendo os lábios de
Black.

Sirius gemeu em êxtase - lá estava; essa necessidade, esse poder furioso. Ele não tinha
vergonha de admitir que a força de Remus, sua capacidade de desarmar e oprimir
completamente, era uma de suas atrações mais poderosas. Ser querido - necessário -
por Remus era inebriante. Ele tentou freneticamente acompanhar o novo ritmo,
movendo seus próprios quadris com fervor.

"Mmph," Remus murmurou, se afastando de repente. Seus lábios e olhos estavam


escuros e Sirius estendeu a mão para ele, febril de desejo.

“Vem cá...”

839
"Porta-" Remus murmurou, olhando para o lado, "Cortinas - Prongs..."

"Ele vai ficar fora o dia todo," Sirius balançou a cabeça, desabotoando os botões da
camisa de Remus, puxando-o de volta para baixo "Eu prometo, ele me disse, está tudo
bem..."

"Eu amo o dia dos namorados para caralho" Remus sorriu, voltando a beija-lo.

Eu te amo pra caralho, Sirius pensou, do nada.

840
Capítulo 135: Sétimo ano: Cooperação
interna de planejamento da pegadinha dos
Marotos

Quarta-feira, 15 de fevereiro de 1978

"Não acredito que você está guardando essa coisa aqui." Christopher disse, agitado,
enquanto Remus destrancava a sala de Feitiços.

“Melhor maneira de evitar a detecção. Flitwick sempre me deixa usar.” Remus


respondeu.

"Exatamente! É tão descarado!” O menino o repreendeu quando eles entraram.

“Descarado é o nosso nome do meio!” James declarou animado, seguindo-os.

"Seu nome do meio é Fleamont, seu idiota." Sirius zombou. “E este lugar é genial,
ninguém jamais suspeitará de nada. Eu sabia que suas aulas de nerd seriam úteis um
dia, Moony. ”

“Muitas pessoas acham o grupo de estudo de Remus muito útil, na verdade.”


Christopher disse afetadamente, cruzando os braços e se encostado na parede.

"Oh, Chris, ele está apenas brincando," Lupin riu, colocando sua mochila no chão. Ele
deu uma olhada em seu relógio de bolso. "Estamos todos bem e adiantados, James,
você tem uma agenda?"

"Uma o quê?" James se virou do quadro-negro, onde estava direcionando o giz para
desenhar um leão gigante com ‘Grifinória Manda!’ embaixo dele.

"Deixa pra lá." Remus suspirou.

841
"Então, quem mais recebeu um convite?" Christopher perguntou, por cima de seu
livro (que parecia ter se materializado do nada - ele era a única pessoa que Remus
conhecia que poderia ir de 0 a leitura em menos de três segundos).

"Cerca de vinte ou trinta pessoas, talvez." Respondeu "Qualquer pessoa que


demonstrou interesse antes do Natal e que parecia confiável."

"Foi um processo de seleção extremamente rigoroso, na verdade", disse James, agora


de pé na mesa de Flitwick e tentando tocar o teto com a ponta dos dedos.

"Sim, quase não deixamos Wormtail participar." Sirius praticamente latiu de tanto rir
da janela, de onde estava meio inclinado para fora, fumando. Remus queria muito ir
até lá e abraça-lo, roubar o cigarro (que provavelmente era dele de qualquer forma,
Black era um ladrão) e beijar seu pescoço. Porém, os outros estariam chegando em
breve, e essa era uma linha de pensamento completamente insana.

"Por que todos vocês chamam Peter assim?" Christopher perguntou.

“Apenas um apelido.” Todos eles disseram em uníssono.

Peter chegou pouco depois disso, seguido por Mary, Lily e Yasmin. Em seguida
vieram os alunos do sexto e sétimo ano do grupo de estudo de Remus, e Dorcas - que
ainda mantinha relações amigáveis com Peter, aparentemente. O último ficante de
Mary, um garoto da Corvinal chamado Jonty Simmons, que parecia não acreditar na
própria sorte. E, finalmente, para desgosto de Lupin, Emmeline Vance entrou (dois
minutos atrasada) com Roman Rotherhide.

A sala ficou muito lotada e barulhenta com o zumbido de excitação depois disso. A
maior parte do grupo tinha alguma ideia do motivo de estar ali, mas outros estavam
curiosos e todos pareciam fascinados com os marotos.

Sirius e James adoravam a atenção, é claro, e imediatamente tomaram o centro do


palco.

842
"Bem, todos nós sabemos por que estamos aqui", James começou, usando sua voz de
capitão do time de quadribol.

Imediatamente, o braço de Emmeline Vance disparou para cima.

"Desculpe, mas eu não..."

Remus bufou impaciente e Christopher, sentado ao lado dele, lhe lançou um olhar
estranho.

"Nem eu!" Dorcas também levantou a mão, junto com um ou dois sextanistas do
grupo de estudos de Remus.

“Por que todos vocês vieram, então?!” Sirius perguntou, as sobrancelhas levantadas.
Um grupo de meninas sentadas no fundo da sala deu uma risadinha. Lupin fez uma
anotação mental. Ele havia tentado ao máximo evitar convidar muitos membros do fã-
clube de Sirius Black, mas era inevitável quando isso se aplicava a metade da escola.

“Estamos aqui para planejar um ... um protesto organizado”, disse Christopher,


corando um pouco, porque não estava acostumado a falar na frente de muitas pessoas.
"Contra Sonserina."

"Sim!" Outro aluno do sexto ano gritou "Ouvi dizer que vocês estavam planejando sua
maior pegadinha!"

"Ouvi dizer que um de vocês sabe como tirar o monstro da câmara secreta!"

"Ouvi dizer que vocês estavam planejando explodir as masmorras!" Um garoto da


Lufa-Lufa guinchou.

"Woah woah woah", James ergueu as mãos, "um pouco menos dramático do que isso
..."

843
"Bem, se é sobre nos vingar dos Sonserinos por todas as bobagens que eles fizeram,
estou dentro." Emmeline disse decisivamente, jogando seus luxuriantes cachos loiros.
Remus resmungou alto, e Chris lhe lançou outro olhar.

"É exatamente disso que se trata. E exatamente por isso que precisamos que todos
vocês fiquem calados sobre isso.” James disse, entrando no clima, agora. “Este é o
nosso último ano e estamos convidando todos vocês para nos ajudar a planejar nossa
pegadinha final.”

"Isso nos torna marotos?" O garoto da Lufa-Lufa guinchou novamente. Houve um


murmúrio animado.

" Não." Peter respondeu indignado, embora ninguém realmente tenha prestado
atenção.

“Gosto de pensar nisso mais como uma colaboração.” James disse, pensativo.

“Uma cooperação interna!” Sirius acrescentou.

Todos pareceram muito satisfeito com isso. Pelo menos, parecia impressionante e
oficial o suficiente.

"Certo." James bateu palmas e as esfregou, sorrindo para todos. “Agora que isto está
fora do caminho, quem tem algumas ideias?!”

Vinte mãos se levantaram.

"Err," Lily falou, "Eu acho que antes de entrarmos nisso pode ser bom ter algumas
regras básicas?"

"Como o quê?" Sirius cruzou os braços, mal-humorado.

“Como não machucar ninguém? Isso é só brincadeira, ok? Não é uma vingança por
tudo que a sonserina já fez. " Ela estava usando sua voz de monitora-chefe agora, e
algumas pessoas baixaram as mãos.

844
"É justo," disse James, erguendo as mãos amigavelmente, colocando-se entre Sirius e
Lily. “Nenhum dano físico pretendido. E como eu disse antes, nada de falar sobre isso
fora desta sala. Sob pena de morte. Estou brincando, Evans!” Ele se abaixou quando
ela deu um tapa em sua nuca.

Após esses problemas iniciais, todos pareceram entrar no espírito da coisa. Muitas
pessoas tinham ideias – desde o extremo (Lily vetou invocar uma banshee para
assombrar as masmorras), a sutis (Emmeline conhecia um feitiço que transfiguraria o
sapato direito de todo mundo em um sapato esquerdo - ela disse que tinha feito isso
com ela irmã durante o verão e levou três dias para ela perceber o que a estava
incomodando).

Eventualmente, o tempo se esgotou, então James passou uma "lição de casa" para
todos - pedindo que voltassem na próxima semana com uma ideia.

“Então podemos decidir qual é o melhor.” Sirius declarou.

“Quem decide?” Mary estreitou os olhos.

"Eu, James, Pete e Moony, obviamente." Sirius ergueu o queixo.

“Não podemos votar?” Um aluno do sexto ano perguntou.

"Sim, isso parece mais justo." Mary acenou com a cabeça. "Se todos nós estivermos
nos colocando em risco de expulsão por vocês."

"Expulsão?!" Christopher mordeu o lábio, "Certamente não ... certamente não iremos
tão longe ...?"

"Será que vamos ter problemas?" O garoto lufano ergueu a mão novamente. Todos
olharam para ele.

"Não muito." Sirius encolheu os ombros. “Um pouco de detenção nunca fez mal a
ninguém.”

845
"Não, desculpe, não quero dizer detenção." O menino balançou a cabeça, nervoso.
“Quero dizer com ... você conhece os sonserinos. Eles não vão ... dizer aos Comensais
da Morte para nos pegar, vão? "

Sirius parecia prestes a rir, quando percebeu que a atmosfera na sala havia mudado.
Algumas pessoas ficaram desconfortáveis, algumas estavam cochichando entre si.
Remus pôde até sentir um cheiro de medo real adentrando a sala; todos pareciam ter
ficado um pouco tensos.

Claro, Sirius e James não se preocupavam com esse tipo de coisa. Tudo isso fazia
parte da cruzada do caos que eles travavam desde os onze anos. Até mesmo Remus foi
bem irreverente sobre a magnitude da pegadinha. Porém, agora, viu que significava
muito mais para aqueles reunidos na sala. James, Sirius e Peter eram os únicos puro-
sangue presentes. Sem contar com Christopher, que tinha seus próprios assuntos a
tratar com os sonserinos.

James se levantou novamente, empurrando a mesa de Flitwick e se erguendo em toda


sua altura.

"Absolutamente não. Ninguém nesta sala irá se machucar por causa dessa pegadinha."

Algumas pessoas relaxaram - afinal, James Potter, herdeiro de uma elegante fortuna,
monitor-chefe, capitão do time de quadribol e principal criador de travessuras, era
alguém em quem a maioria das pessoas confiava. Remus acreditava nele de todo o
coração - mesmo que a questão não tivesse sido levantada, seria uma questão de honra
para James proteger qualquer pessoa que fosse menor do que ele. Lily estava sorrindo
para James e Sirius parecia muito satisfeito, como se aquela fala tivesse resolvido
tudo.

“Certo,” Lily bateu palmas agora, tomando a palavra novamente, “Vejo vocês
novamente na próxima semana, eu suponho. Acho melhor sairmos todos em pequenos
grupos, não queremos chamar atenção...”

846
Com isso, a sala lentamente voltou ao normal, grupos de alunos agora conversavam
animadamente sobre as ideias que tiveram ou maldições que gostariam de
experimentar. Lily assumiu sua voz de monitora-chefe e começou a direcionar as
pessoas para fora da sala em grupos de três ou quatro, em intervalos curtos. Os
marotos se voltaram para si para uma pequena reunião.

"Puta merda." James murmurou, para que não fosse ouvido, "Isso foi intenso."

"O que você esperava?" Mary resmungou, içando-se sobre a mesa e balançando as
pernas. “Isto não é apenas uma brincadeira para a maioria dessas pessoas - algumas
realmente querem vingança.”

"Então é isso que vamos dar a eles." Sirius disse ferozmente. O moreno possuía aquele
brilho em seus olhos que dizia a Remus que ele ficaria totalmente insuportável nas
próximas horas. Um plano estava em andamento, e nada poderia derrubar Sirius desse
tipo de empolgação.

"Acalme-se, Black," Mary provocou, "Vocês são garotos de escola, não generais."

"Por enquanto." Ele respondeu sombriamente.

“Ok, pessoal,” Lily voltou para a sala. Restavam apenas os sete. "Voltaremos em dois
grupos, porque ninguém vai acreditar que vocês quatro não estavam tramando algo ..."

Mary, James, Lily e Peter saíram primeiro, com instruções para Remus, Sirius e
Christopher darem a eles uma vantagem de dez minutos. Remus estava um pouco
relutante sobre isso, mas não havia como trazer à tona. Não podia deixar de lembrar o
que aconteceu da última vez em que ele e Chris estiveram sozinhos naquela sala de
aula com Black. Embora, é claro, Christopher não soubesse que Sirius estivesse lá na
hora, e Lupin jamais diria a ele.

Os três arrumaram as mesas, limparam o quadro-negro, apagando o leão de James e


ficaram parados desconfortavelmente.

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“Vamos jogar a verdade ou o desafio.” Sirius sorriu.

"Por que?" Remus suspirou, apoiando-se na mesa. Aqui vamos nós...

"Passar o tempo."

"Ou poderíamos apenas ter uma conversa normal ..."

"Christopher quer, não é, Christopher?"

"Errr…"

“Ótimo, você pode ir primeiro. Verdade ou desafio, o que você quer? "

"Hum." Os olhos de Chris alternaram entre Remus e Sirius nervosamente. "Eu não ...
hum ... verdade?"

"Excelente! Comece fácil, se for a primeira vez que joga,” Sirius acenou com a cabeça
encorajadoramente. “Hmmm, deixe-me ver ... ah! Ok, por que você quer se envolver
com a pegadinha?”

"O que?"

"Você sabe. Por que você veio hoje?”

"Chris está envolvido desde o início, Padfoot, você sabe disso." Remus resmungou.

"Certo, certo - então o que fez você se envolver em primeiro lugar?"

“Se você precisa saber.” Christopher disse, bastante friamente "Foi seu irmão."

Sirius, para seu crédito, não vacilou.

"Justo, ele é um idiota." O moreno assentiu. Ele lambeu os lábios e olhou para Remus,
depois de volta para Chris. "Tem certeza de que não havia outro motivo?"

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"Não."

"Eu irei em seguida," disse Remus, rapidamente. "Chris, você pode me pedir para
fazer um desafio." Ele nunca escolhia 'verdade', seria muito perigoso.

"Umm ..." Christopher mordeu o lábio, ainda um pouco confuso com a coisa toda.
"Ah, eu não sei, eu sou péssimo nesse tipo de coisa."

“Eu tenho um bom!” Sirius disse imediatamente. Ele piscou para Remus, então se
inclinou e sussurrou no ouvido de Chris. Os olhos de Christopher se arregalaram e ele
riu, cobrindo a boca.

“Ok, Remus,” Chris ainda estava corado, mas parecia estar se divertindo agora. “Ok,
você tem que escrever algo rude no quadro-negro e deixar aí.”

"Eu te dei detalhes." Sirius reclamou.

“Não vou dizer isso em voz alta!” O menino riu, ficando ainda mais vermelho. Remus
poderia facilmente adivinhar o tom da sugestão de Sirius. Ele ergueu uma sobrancelha
ironicamente, como se estivesse sob coação.

"Ok, tudo bem, eu farei..."

Ele foi até o quadro e pegou um pedaço de giz, então considerou por um momento,
"Quão rude?" Perguntou aos outros dois, casualmente.

"Muito." Christopher disse, sorrindo timidamente.

"Bem, são as regras do jogo, suponho ..." Remus começou a desenhar, apreciando as
risadas por cima do ombro enquanto habilmente traçava a primeira coisa rude que
surgiu em sua cabeça.

Ele deu um passo para trás, um artista admirando seu trabalho. Os outros dois meninos
estavam de cada lado dele, sorrindo loucamente. "Bem?" Perguntou.

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Sirius deu um tapa em suas costas.

"Moony, meu velho amigo, é o maior pênis que eu já vi."

"Bem, isso é um alívio." Remus sorriu de lado, se esquecendo que Christopher estava
lá. Ele não pareceu notar - ou então apenas presumiu que era uma piada interna dos
marotos (o que de certa forma era).

"Glorioso." O menino mais novo acenou com a cabeça, ainda muito rosado nas
bochechas.

"Vamos, então," Remus largou o giz, "Já demos tempo suficiente, podemos ir agora.
Sala comunal?"

"Ei, ainda não tive minha vez!" Sirius cruzou os braços.

"Qual é o ponto?" Remus balançou a cabeça, "Você sempre escolhe desafio, e não há
nada que eu consiga pensar que o faria pensar duas vezes antes de fazer."

“Você está dizendo que eu sou o mais corajoso -”

"O mais estúpido, talvez," brincou, acotovelando-o nas costelas. "Venha, vamos."

Eles deixaram a sala de aula e seguiram pelos corredores silenciosos de volta à torre
da Grifinória. Já era bem tarde da noite e faltava apenas algumas horas para o toque de
recolher, então estavam sozinhos a maior parte do caminho, exceto pelos retratos, que
estavam curtindo a paz e o sossego.

"Você terminou Maurice, Remus?" Perguntou Chris. Sempre de volta aos livros.

"Quase," Remus respondeu. “Falta apenas um ou dois capítulos. Você me promete que
é um final feliz? "

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“Definitivamente,” Chris concordou. "Você vai amar. Eu estava pensando ... se você
estiver livre no sábado, poderíamos conversar sobre isso no Três Vassouras? Eu
realmente gostaria de saber o que você pensa.”

"Sim, talvez ..." Remus estava dividido entre seu desejo de não decepcionar
Christopher (o que ele sempre parecia estar fazendo) e sua aguda consciência do
humor muito instável de Sirius. “Não vejo porque não.”

"Esse é o livro trouxa que você andou lendo?" Sirius perguntou, "Ele é bom então?"

"Sim, muito bom." Acenou com a cabeça cautelosamente.

"Excelente. Talvez eu leia então. Posso terminar antes de sábado, leio mais rápido do
que você.”

"Você não lê mais rápido que eu!" Remus fez uma careta, escandalizado.

"Bem, eu tenho mais tempo para ler, de qualquer maneira."

"Só porque você dificilmente vai à metade das aulas." Atirou de volta.

"Duvido que seja o seu tipo de coisa, Sirius." Christopher falou. Os dois olharam para
ele, que deu de ombros, "Bem, não é! Diga a ele do que se trata, Remus. "

"Er ..."

Mas era tarde demais, Sirius já estava remexendo na bolsa em seu quadril enquanto
andavam e imediatamente retirou o livro. Remus lutou contra o desejo de pegá-lo de
volta, apenas porque ele havia sublinhado algumas partes, só as que havia gostado
muito e, agora, estava envergonhado por ter feito isso.

(Eu acho que você é lindo, a única pessoa bonita que eu já vi. Eu amo sua voz e tudo
o que tem a ver com você, desde suas roupas ou o quarto em que você está sentado.
Eu adoro você.)

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Felizmente, Sirius não folheou as páginas, apenas olhou para a contracapa, franzindo a
testa ligeiramente.

"Este não é um dos livros do meu tio?" Perguntou.

"Sim, você disse que eu poderia pegá-lo emprestado ..." Remus esfregou a nuca.

"É sexual?"

"Não."

"Ah, bem. Vou ler de qualquer maneira. " Sirius colocou a língua para fora. "Esse
pode ser meu desafio."

"Muito valente." Remus pegou o livro de volta e o colocou em sua bolsa.

"Mas é sobre ..." Christopher franziu a testa. Eles estavam quase no buraco do retrato
agora, e Sirius parou, fazendo os três pararem também. Black olhou para Remus,
levantando uma sobrancelha, então acenou para Chris.

"Ele faz muitas suposições, este aqui."

Remus ficou surpreso ao descobrir que suas próprias bochechas também estavam
esquentando. Ele encolheu os ombros.

"Ele não te conhece muito bem."

"Ei, Christopher?" Sirius lançou a ele um olhar muito perverso. "Me desafia a beijar o
Moony?"

"O qu-- eu-- ?!" Christopher parecia chocado, como se soubesse que havia uma piada
em algum lugar, mas não conseguia descobrir qual era.

Sirius não perdeu tempo. Ele pegou a cabeça de Remus rudemente e o puxou para um
beijo. Remus cedeu. Era meio cruel, mas ele dificilmente poderia recusar. Se fosse um

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teste de lealdade, ou simplesmente algo que Black acharia engraçado, apenas o
seguiria.

"Ah, pelo amor de Merlin!" Uma voz veio mais adiante no corredor, fazendo com que
Sirius e Remus se separassem. "Fico fora por uma semana e o castelo se transforma
em uma orgia!"

Os três meninos se viraram para ver Marlene parada ali em sua capa de viagem,
mochila nos braços. Ela deu a eles um sorriso malicioso, "Que monte de bichas."

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Capítulo 136: Sétimo ano: Jogos da Mente

Todos ficaram emocionados ao ver Marlene, é claro. Sirius a conduziu através do


retrato da senhora gorda o mais rápido que pôde, e praticamente cantou a chegada dela
para toda a sala comunal, como se ele a tivesse conjurado do nada.

Lily e James correram, abraçando-a e pegando sua bolsa, capa e levando-a para o sofá
perto da lareira, onde Mary a abraçou com tanta força que Marlene quase gritou.

“Sentimos sua falta!” Mary exclamou, finalmente deixando sua amiga ir.

"Eu posso ver isso!" McKinnon engasgou, suas bochechas rosadas. "Vocês todos
ficaram entediados sem mim?"

Remus ficou um pouco para trás. Ele e Marlene não se abraçavam muito, de qualquer
maneira, então não achou que seria notado. Lupin a observou com cautela e escolheu
sentar-se na poltrona mais distante dela, tentando não chamar a atenção para si
mesmo. Em algum momento, Christopher também havia escapulido, talvez para seu
dormitório. No fundo de sua mente, Remus esperava que Chris não estivesse zangado
com ele, mas guardaria isso para outra hora. Ele tinha muito com que se preocupar
com o retorno de Marlene.

“Como está Danny?” Mary estava perguntando agora, abaixando a voz.

"Ele está... se recuperando." Marlene acenou com a cabeça, os olhos sérios. "Ele está
em casa agora, mamãe o está deixando louco como de costume. Ele não... ele não vai
voltar para os Cannons. " Ela engoliu em seco e olhou para as próprias mãos.

"Isso é um puta absurdo." James bateu com o punho no braço do sofá, "Se eu fosse o
empresário deles, eu ..."

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"Ele está gravemente ferido, de qualquer maneira." Marlene balançou a cabeça,
enxugando rapidamente sob os olhos, "Ele teria ficado fora pelo resto da temporada
mesmo se estivesse no time, levará meses até que volte para uma vassoura. Então.
Tudo bem."

"Ainda é ridículo." James murmurou.

"Sim, bem." Marlene ergueu os olhos, um pouco chocada “Dificilmente posso culpá-
los. Eu sei que eu teria feito isso antes... de qualquer maneira. Não vale a pena pensar
nisso.”

Remus se sentiu mal devido a tensão. Todos os outros sentados ali sabiam o que ele
era - todos, exceto Marlene. A culpa que estivera evitando - com sucesso - por uma
semana, voltou sobre ele como uma ducha fria. A responsabilidade de alertar a todos
sobre o ataque fora sua. Ele havia contado a Dumbledore, mas não foi o suficiente;
havia falhado. E agora a evidência de seu fracasso estava bem na frente dele, com seu
rosto fino e os olhos sombrios de preocupação.

Marlene pigarreou e deu a todos um sorriso corajoso.

“Vou falar com a Madame Pomfrey assim que puder para ver se ela recomenda
alguma coisa. Os curandeiros do St. Mungus foram inúteis, mais preocupados em
mantê-lo em quarentena do que realmente ajudá-lo. Quase ninguém conseguia
responder às perguntas que eu tinha sobre transformações, ou cuidados posteriores, ou
alívio da dor... era como se eles preferissem que eu simplesmente parasse de falar
sobre ele, como se quisessem fingir que ele não estava lá ... "

Sua voz estava ficando mais alta e mais fina enquanto ela falava, as lágrimas
ameaçando sufocá-la. McKinnon pigarreou novamente. “Quer dizer, eu sei o que ele
é, não me entendam mal. Eu sei o que ele vai se tornar. Mas ele ainda é meu irmão,
pelo amor de Deus! "

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"Claro que ele é." Mary disse, apertando sua mão. Ela olhou para Remus e ele olhou
para os pés. Não. De jeito nenhum. Claro que não.

Ninguém mais estava falando, mas todos possuíam a mesma expressão em seus rostos.
Eles estão pensando em mim? Remus se perguntou, enjoado. Eles me culpam? Eles
estão se perguntando do que eu sou capaz?

"De qualquer maneira." Marlene balançou a cabeça novamente. “Quais são as


novidades por aqui? Esse é o seu gato, Lily? "

"Presente de dia dos namorados," Lily sorriu, acariciando o pacote ronronante em seu
colo. “O nome dele é Hieronymus.”

"Cativante." A loira fungou, sorrindo. "Boa, Potter, seu grande molenga."

"Você ainda está no time, certo?" James perguntou, inclinando-se para a frente,
"Minha melhor batedora?!"

"Obviamente," ela revirou os olhos, "Estou assumindo que os horários de treinamento


não mudaram...?"

"No primeiro horário amanhã de manhã." Potter sorriu.

"E, estamos planejando essa imensa -" Peter começou, ansioso, mas foi interrompido,

"Ei, McKinnon."

Todos se viraram para ver Yasmin de pé atrás do sofá, com as mãos nos quadris e
sorrindo amplamente. Ela obviamente estivera se preparando para dormir, seu cabelo
estava desajeitadamente preso no alto de sua cabeça e ela vestia uma camiseta enorme
da Holyhead Harpies e uma calça larga de moletom masculino.

"Tudo bem aí, Patel?" Marlene respondeu. Remus não conseguia ver o rosto dela, mas
sabia que estava sorrindo. A loira se virou no sofá, ajoelhando e as duas meninas se
abraçaram com força.

856
Era possível fazer isso, Remus percebeu, quando eram meninas. Ninguém achou
estranho. Ele se perguntou se Sirius estaria pensando a mesma coisa. Esperava que
não.

Isso praticamente acabou com qualquer conversa sobre lobisomens, o que foi um
alívio. Remus só esperava poder evitar isso mais tarde, quando estivessem apenas ele
e Sirius. Tinha certeza que Black iria querer saber como ele estava se sentindo, quais
eram seus pensamentos ... e, embora sim, ok, Remus entendia que comunicação era
importante e blá blá blá... mas isso significava que eles tinham que discutir cada
assunto doloroso nos mínimos detalhes?!

Pelo amor de Deus. Ele já estava ficando agitado sobre isso e nada havia acontecido
ainda. Remus estalou o pescoço e depois os ombros, desejando se soltar. Percebeu que
ainda estava um pouco nervoso por causa daquele beijo no corredor. Não tinha certeza
se Sirius quis dizer algo com aquilo ou se tudo fora apenas um show para Christopher,
mas alguma coisa havia se esticado dentro de si, e agora parecia... um assunto
inacabado. Ele se mexeu um pouco na cadeira e tentou ignorar isso também.

Mary, taticamente, havia se movido para a outra ponta do sofá, e agora estava
casualmente lixando as unhas e conversando com Lily, que estava brincando com
Hieronymus com uma pena.

Yaz subiu no encosto do sofá para ocupar o lugar dela, e ela e Marlene estavam com
as cabeças juntas, falando muito rápido e baixo. Remus sentiu o cheiro abafado do
feitiço muffliato, que era mais estranho por fora do que por dentro - como se as
palavras delas estivessem borradas de alguma forma. As duas estavam sentadas tão
próximas uma do outra que suas coxas se tocavam, o braço de Yaz pendurado nas
costas do sofá, logo atrás da cabeça de Marlene, de forma que teria levantado
sobrancelhas, mesmo se uma delas fosse um menino.

James e Sirius estavam em uma conversa profunda sobre a partida de quadribol contra
corvinal, Peter intervia ansiosamente de vez em quando com seus próprios insights

857
táticos. Remus puxou seu livro e tentou ler. O que não conseguiu. Não conseguiria se
concentrar com tantas pessoas conversando.

O último cartão-postal de Grant estava enfiado na sobrecapa de Maurice e ele o leu


novamente. Desta vez, a foto na frente era de três garotas de biquíni brincando no mar.
Até Sirius havia achado isso engraçado. Não havia muito escrito nas costas do cartão -
Grant era um homem de poucas palavras, quando se tratava de correspondência
escrita.

Tô trabalhando muito e me divertindo. Espero que esteja bem.

Com amor.

Aquela palavra novamente. Obviamente, Grant conseguia dizer isso. Ou escrever. Ele
não conseguia escrever o sobrenome de Remus da mesma forma duas vezes, mas
amor não era grande coisa. Eca. Apenas meia hora atrás, estivera quase
completamente livre de preocupações, encasulado por seus amigos e Sirius, e a ideia
idiota de que tudo ficaria bem se apenas pudessem inventar uma pegadinha realmente
boa.

Porém, a sombra havia caído sobre si agora, e não importava para onde olhasse, tudo
que Remus podia ver eram problemas e suas próprias falhas. Frustrado, ele fechou o
livro no cartão-postal, um pouco forte demais. Todo mundo ergueu os olhos.

"Tudo bem aí, Moony?" Lily perguntou gentilmente.

"Sim. Desculpe." Ele acenou com a cabeça, enfiando a mão no bolso para pegar um
cigarro, puxando sua caixa de fósforos rapidamente.

"Não na sala comunal, por favor!" Lily mudou para o modo monitora tão rápido
quanto um flash.

“Certo, certo, desculpe ...” Remus se levantou desajeitadamente, o cigarro entre os


lábios. "Eu vou subir."

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"Nós também vamos para a cama." Marlene disse, então corou e gaguejou
rapidamente: “Quer dizer, lá em cima. Dormir. Erm. Vocês sabem, se temos treino
amanhã de manhã... ”

Yaz mal conseguiu manter o rosto sério enquanto acenava para todos eles, antes de
subir correndo as escadas atrás de sua namorada. Mary e Remus trocaram um olhar
compreensivo, mas James e Lily ainda pareciam felizmente ignorantes.

"Boa noite." Lupin acenou com a cabeça para todos, colocando sua bolsa no ombro e
subindo o lance oposto de escadas para o dormitório masculino.

Isso foi um erro. Sozinho, não havia nada para distraí-lo de seus próprios julgamentos
- e eles eram severos. E, na sua opinião, bem corretos também. Se a família
McKinnon não conseguisse esquecer as repercussões de sua omissão, então por que
ele deveria ter qualquer alívio? E essas eram apenas as pessoas que ele sabia que havia
decepcionado – neste exato momento, em todo o país, haviam famílias enfrentando a
lua cheia pela primeira vez. Ainda bem que seu pai estava morto. Ainda bem que sua
mãe havia se livrado dele. Pelo menos não poderia causar mais dor a eles.

Ele se sentou no parapeito da janela, deixando o ar frio passar por seu corpo, fumando,
pensando e repreendendo-se até que pensou que poderia simplesmente se jogar para
fora dela. Porém, isso foi apenas uma fantasia passageira. Remus era covarde demais
para fazer o que deveria ser feito; isso ele sabia.

Ainda assim, ele sentiu um forte desejo de fazer algo. Algo drástico, algo violento. O
lobo lá dentro teria gostado de uma boa corrida, mas logo passaria do horário do toque
de recolher. Havia um pouco de droga em sua gaveta de meias, mas isso só o deixaria
mais sombrio. Alguém estava escondendo uma garrafa de whisky de fogo, podia sentir
o cheiro, mas provavelmente era uma preparação para seu próximo aniversário, e ele
não poderia estragar isso para seus amigos. Talvez colocasse um disco e se agitasse
um pouco, mas nunca havia gostado muito de dançar e seu quadril o estava
incomodando.

859
Os passos de Sirius na escada interromperam seus pensamentos. Remus lambeu os
lábios, lembrando-se daquele beijo anterior. Ah. Sempre haveria isso. O ápice da
distração.

Decisão tomada, ele apagou o cigarro e se levantou, caminhando decididamente pelo


quarto. Remus alcançou a porta no momento em que Sirius a abriu - melhor seria nem
mesmo dar a ele uma chance.

"Preste atenção, Moony, só vim ver se você..."

Ele o calou com um beijo feroz, apertando seus lábios, puxando-o pelos quadris para
que ficassem pressionados um contra o outro.

"Oh, ok..." Sirius engasgou, quando finalmente se soltou. Ele chutou a porta atrás de si
enquanto Remus o arrastava para a cama.

Era bom. Muito, muito bom. Sua urgência frustrada se fundia com a necessidade de
correspondência de Sirius, e eles se colidiam um contra o outro, fora de sincronia da
melhor maneira possível. Perder-se na bebida ou nas drogas não era nada comparado a
se perder em Sirius Black. Os dois já estavam nisso há tempo suficiente para conhecer
as bordas dos limites um do outro e o quão longe eles poderiam forçá-las.

"Porra." Sirius gemeu quando tudo acabou, quando as janelas estavam embaçadas e a
lua crescente já havia surgido do lado de fora. Remus pegou seus cigarros mais uma
vez, ainda zumbindo, sua pele quente vibrando. "Porra." Sirius repetiu, deitado de
costas, olhando para cima. Uma bela bagunça. "O que causou isso?"

"Só você." Respondeu, exalando fumaça. "Só queria."

"Não estou reclamando."

Remus se acomodou, fumando silenciosamente. Isso era bom. Isso era melhor, de
qualquer maneira, do que qualquer outra coisa que ele pudesse estar fazendo. No
entanto, ainda estava inquieto. Um pouco mais cansado, mas nervoso e agoniado.

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Poderia fazer novamente. Poderia fazer durante toda a noite, se isso fosse impedir seu
cérebro de funcionar. Isso o fez olhar para a porta - eles não tinham fechado as
cortinas e, por algum milagre, escaparam impunes.

"Onde estão os outros?"

"Hm?" Os olhos de Sirius já haviam se fechado, mas ele os abriu com certa
determinação "Oh, er... Pete está na terceira rodada de um jogo de xadrez com um
aluno do segundo ano que obviamente é algum tipo de super herói, Mary foi para a
cama, e Prongs e sua patroa foram para o banheiro dos monitores. Eles pensaram que
estavam sendo sutis.” Ele riu levemente sob sua respiração.

"Eu vou escovar meus dentes." Remus disse, levantando-se. No banheiro, tudo voltou
à tona, e ele não conseguia encontrar seus próprios olhos no espelho.

Quando voltou, Sirius estava sentado na cama, parecendo mais acordado. Ele sorriu
para Remus.

"Ei, eu só queria saber se você está bem sobre Marlene e tudo mais,"

"Tudo bem," Remus acenou com a cabeça casualmente, subindo de volta na cama,
fechando as cortinas enquanto o fazia. "É bom tê-la de volta."

"Mm, espero que você não esteja preocupado com..."

"Precisamos conversar sobre isso?" Ele rastejou em direção ao moreno, montando em


seu colo. Remus começou a beijar o pescoço de Sirius, se movendo sobre ele
lentamente.

"Caramba, de novo?" Black parecia surpreso, mas não exatamente infeliz com isso.

"Mmm..." Respondeu, pegando seus pulsos e segurando-os com força. Aqueles pulsos
tão, tão encantadores.

"Mmm ... bem, ok, mas se você está preocupado -"

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"Cale a boca, Black." Remus rosnou, se afastando e encontrando seu olhar. Sirius o
fez, mordendo o lábio. Lupin sorriu. "Muito melhor. Chega de falar esta noite.”

***

Era realmente um truque cruel, explorar a tendência peculiar de Sirius por seguir
instruções diretas. Mas funcionou, e, pelo menos naquela noite, Remus conseguiu sua
paz. O dia seguinte foi mais difícil, mas as aulas e o tempo na biblioteca tornaram-se
uma barreira confortável entre eles mais uma vez, sem mencionar a multidão de
amigos que os acompanhavam em quase todos os lugares.

Um homem mais sábio e corajoso poderia ter usado o tempo para examinar a si
mesmo, para lidar com os sentimentos de culpa, vergonha e auto aversão, e talvez
fazer algumas mudanças para melhor.

Remus preferia fingir que estava tudo bem.

E, parecia que, por um curto período de tempo, parecia que Sirius o deixaria. Os dois
ainda estavam juntos quase o tempo todo, e não era como se estivessem discutindo. Se
Sirius se perguntava o porquê da libido de Remus disparar sempre que começavam a
ter uma conversa privada, ele não disse nada. No final, Black adotou uma medida
diferente.

No fim de semana antes da lua cheia que se aproximava, eles estavam voltando para a
escola de Hogsmeade, e Remus teve que diminuir o ritmo por causa de seu quadril
estúpido, mais uma vez. Sirius e James conversavam e andavam mais a frente, mas
Christopher diminuiu o passo para lhe fazer companhia.

Eles já haviam estado no Três Vassouras, mas estando na companhia de um grupo tão
grande, Christopher sempre ficava muito tímido para falar muito nesse tipo de
situação. Então ele estava se arriscando agora.

"Estou feliz que você gostou do livro", o garoto disse, com as mãos nos bolsos
enquanto caminhava, "Não foi um bom final?"

862
"Sim, ótimo." Remus bufou, esfregando o quadril para tentar continuar andando.

“Maurice - o personagem - me lembrou um pouco de você.”

"O que? Nah. ” Ele estava começando a suar com o esforço, apesar do ar frio de
fevereiro. Lupin enxugou a testa, apertando os olhos colina acima. Sirius e James
estavam avançando, rindo de alguma coisa juntos. Christopher seguiu sua linha de
visão e apertou os lábios.

"Você e ele ...?" Ele não conseguia encontrar as palavras, e Remus sabia como era,
então apenas deu uma resposta direta. Não havia necessidade de ser tímido.

"Sim. Estamos."

"Oh." Christopher parecia desanimado, como se ainda pensasse que era tudo uma
piada às suas custas. "Como é isso, então?"

"Eu não sei. Bom. Excelente."

“Eu gostaria...” ele parecia tão triste, e nunca terminou a frase. Depois de um longo
tempo, e mais esforço para acompanhar, Remus tocou seu ombro gentilmente.

“Há alguém para todos, Chris.”

"Talvez."

“Ei Moony! Vamos!" Sirius estava gritando. Eles estavam quase na escola agora,
Black havia parado sob o arco de pedra do portal para esperar.

"Te vejo mais tarde, ok Remus?" Christopher murmurou, apressando-se em uma


pequena corrida engraçada. Remus avançou, finalmente alcançando o portão da
escola. Seu quadril praticamente gritava agora, as juntas queimando, a dor subindo e
descendo por sua perna. Ele acenou com a cabeça para Sirius como forma de
saudação, muito sem fôlego para falar e se encostou na pedra com um braço,

863
esperando que o moreno não se importasse de esperar um pouco mais enquanto ele se
recompunha.

"Desculpe." Ele ofegou, finalmente. "Odeio essa porra de subida."

"Você está bem?" Sirius perguntou, dando a ele um olhar engraçado. "Desculpe, não
queria deixar você para trás."

"Tudo bem." Remus respondeu "Você me conhece, só um pouco enferrujado." Ele se


endireitou, estremeceu e esfregou o lado do corpo novamente.

"É o seu quadril?" Sirius estava com as mãos nos quadris agora, e estava dando a ele
uma espécie de olhar de cima a baixo que era um pouco como Madame Pomfrey
depois de uma lua cheia especialmente ruim.

"Sim," Remus deu de ombros. "Sempre foi um pouco engraçado."

“Quando você diz 'um pouco engraçado', quer dizer que está com dor?”

“Só está dolorido. ” Respondeu indignado.

"Então, dor então." Sirius ergueu uma sobrancelha. Remus odiava aquele olhar
superior. "Há quanto tempo está doendo?"

“Ah, não sei,” Ergueu as mãos, exasperado - qual era o sentido disso?! "Desde que eu
tenho treze anos."

"Você está brincando?!"

“Às vezes dói, as vezes não.”

"O que a Madame Pomfrey diz?"

864
"Ah, pelo amor de Deus, eu não reclamo para ela sobre esse tipo de merda!" Remus
estava ciente de que sua voz estava ficando mais alta, alguns alunos do terceiro ano se
viraram para olha-lo, antes de sair correndo rindo.

"Você está sendo ridículo." Sirius cruzou os braços e sacudiu o cabelo, “Ela é uma
enfermeira, ela deveria fazer você se sentir melhor. O que você faria se eu dissesse
que estou sentindo dor há cinco anos?! ”

"Não é a mesma coisa!"

"Porque você está assim??"

"Você não é a porra de um lob---" Ele parou bem a tempo. Os dois olharam ao redor
furtivamente, verificando se ninguém estava ouvindo. Remus repreendeu a si mesmo.
Já fazia muito tempo que ele não deixava alguém descontrolar seu temperamento.

Sirius se inclinou para frente, o olhando.

"Você não merece sofrer, pelo amor de Deus." Ele murmurou.

Isso doeu. Não sabia por que, mas atingiu Remus com tanta força que o deixou sem
fôlego, e seus olhos arderam. Ele se endireitou, tomando cuidado para permanecer
sem expressão dessa vez. Ele ergueu o queixo para Sirius, encontrando seu olhar.

“Não vou mais falar sobre isso. Vamos, vamos perder o jantar. " E começou a
avançar, guardando para si a dor em seu lado.

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Capítulo 137: Sétimo ano: Remus, o Mártir

I was born with a plastic spoon in my mouth

The north side of my town faced east, and the east was facing south

And now you dare to look me in the eye

Those crocodile tears are what you cry

It's a genuine problem, you won't try

To work it out at all you just pass it by, pass it by

Substitute me for him

Substitute my coke for gin

Substitute you for my mum

At least I'll get my washing done.

'Substitute' by The Who.

Quarta-feira, 22 de fevereiro de 1978

O impasse entre Remus e Sirius durou pelo resto do fim de semana. Domingo fora o
jogo de quadribol Grifinória x Corvinal, então eles escaparam sem precisarem
conversar muito. Os dois se sentaram juntos nas arquibancadas, torcendo quando era
apropriado e vaiando a qualquer ponto feito pela corvinal.

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"Eeeeee outros dez pontos para a Grifinória!" O comentarista gritou pelo megafone
“Uma esmagadora marca de sessenta pontos agora marcados pelo capitão do time
James Potter, nenhuma surpresa aí - os fãs estão começando a se perguntar o que será
dos poderosos leões no próximo ano quando eles não tiverem seu menino de ouro para
de- ufa, cuidado com esse balaço, Simms!... Muito bem! Embora eu deva dizer, eu
teria mandado para a esquerda, mas suponho que nem todo mundo é escolhido por sua
destreza, às vezes é apenas sobre dar uma chance a todos, independentemente da
habilidade... "

“Quem deixou Lockhart ser comentarista?” Sirius resmungou. "O idiota não sabe nada
sobre quadribol."

"Ele me disse que estava escalado para jogar pelo Puddlemere", disse Peter, "E a única
razão pela qual ele nunca jogou pela Corvinal foi que seu treinador disse que ele não
deveria desperdiçar seu dom em jogos escolares."

"Você é tão crédulo, Pete," Remus o cutucou, "Eu sei mais sobre quadribol do que
aquele idiota."

"Sim, e Moony sabe tanto sobre quadribol quanto você sabe sobre julgar pessoas."
Sirius acrescentou, sua voz desnecessariamente afiada.

Remus corou. Tudo bem, se Sirius quisesse ser passivo-agressivo.

“Bem, Padfoot,” ele respondeu friamente, “Se você quer tanto fazer isso, vá e
pergunte a McGonagall. Acho que você seria perfeito para o trabalho.”

"Você-- o que?" Sirius ficou boquiaberto. Remus ergueu uma sobrancelha.

"Ah, sim, você é a única pessoa nesta escola que fala mais merda do que Lockhart."

Mary e Lily explodiram em risadas, cobrindo a boca. Black fez uma careta.

"Vai a merda." Ele murmurou.

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O jogo terminou com 280 pontos para a Grifinória, mas Sirius não estava
comemorando.

As partidas de quadribol geralmente tomavam a maior parte do dia, desde um café da


manhã ouvindo as conversas estimulantes de James, até a inevitável festa pós-jogo na
sala comunal. Sirius ficou acordado até tarde, então ninguém percebeu que eles não
foram para a cama juntos.

Na segunda-feira, eles estavam em termos um pouco mais civilizados – ou, pelo


menos, nenhum dos dois queria que seus amigos soubessem que estiveram brigados.
Remus mergulhou em sua revisão para os NIEMs - se não estivesse sozinho na
biblioteca, ele estendia suas sessões de estudo em grupo para durar uma hora a mais
do que o normal, todas as noites. Era a semana da lua cheia e ele estava
completamente exausto, mas pelo menos isso tornava o sono mais fácil.

E precisava evitar Marlene também, é claro. Ele deliberadamente faltava às aulas de


cura da Madame Pomfrey na terça à noite, apenas para o caso de o assunto sobre
lobisomens surgir de novo. Marlene era o tipo de garota que atrapalharia uma aula
inteira se pensasse que uma injustiça estava sendo cometida em algum lugar.

Para a surpresa de Remus, Gilderoy Lockhart, o bajulador comentarista da Corvinal,


fez uma aparição especial em seu grupo de revisão na quarta-feira. Lockhart estava no
ano anterior, e não havia cruzado muito o radar dos marotos até agora. Ele era um
pouco exagerado e irritante, propenso a rir muito alto durante o jantar no Salão
Principal, mas isso era tudo que sabia sobre ele.

Ele se aproximou de Remus, seu cabelo em ridículos cachos loiros bufantes. Gilderoy
também fedia a loção pós-barba.

“Amei essa ideia”, disse ele, “Ajudar outros alunos a alcançar o sucesso, muito bom!”

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"Er, sim, Yay." Remus acenou com a cabeça, "Eu preciso repassar uma legislação
anti-gigante com os alunos do terceiro ano hoje, mas você pode conversar com Chris,"
ele se afastou rapidamente, deixando Christopher lidar com isso.

Quarta-feira também era o dia da segunda reunião oficial sobre o planejamento da


pegadinha, então Remus e Chris ficaram na sala de Feitiços após o grupo de estudo.
Chris tinha uma expressão vagamente atordoada enquanto eles se encostavam na mesa
de Flitwick, esperando.

"Desculpe por isso," Remus ofereceu, acendendo um cigarro enquanto Lockhart saia.
"Não sei como lidar com ele."

"Ah, está tudo bem, ele está em metade das minhas aulas, então estou acostumado."
Chris respondeu, ainda parecendo um pouco perturbado.

"O que ele queria?"

"Demorou um pouco até eu descobrir," Christopher franziu a testa, "Ele ficava me


dizendo como ele é bom em tudo..., mas acho que ele queria ajuda com Feitiços."

Remus bufou com desdém.

A reunião de planejamento da pegadinha fora mais curta do que na semana anterior –


era perceptível que ninguém havia tido uma ideia decente ainda. Os corvinos do
quarto ano haviam descoberto algumas maldições realmente aterrorizantes, todos
estavam ansiosos para compartilhar, mas Lily interveio, reiterando a regra de que
ninguém deveria se machucar.

Todos se separaram novamente para a jornada de volta às suas salas comunais, e


Remus se deparou com a escolha entre Marlene e Yaz ou Sirius e Mary. No final,
decidiu que era melhor o diabo que ele conhecia e escolheu se juntar a MacDonald e
Black. A menina falou a maior parte do tempo, o que fora um alívio, e o único
momento embaraçoso veio quando os meninos estavam todos de volta ao dormitório.

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Remus foi para sua própria cama, puxando o edredom.

"Você vai dormir aí, então?" Sirius perguntou do nada. Lupin franziu a testa, virando-
se para olha-lo. Ele não tinha pensado que isso seria motivo de debate - eles mal
estavam se falando, por que diabos iriam dormir juntos? E por que diabos Sirius
queria chamar atenção para isso na frente dos outros?!

"Sim." Ele acenou com a cabeça, dando as costas, “Lua cheia amanhã. Achei que
devíamos todos dormir o máximo possível.”

"Sim, justo." Black respondeu. Remus entrou e fechou as cortinas, sem dizer mais
nada.

"Tudo ok?" James sussurrou muito alto. Sirius grunhiu uma resposta, e só.

***

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 1978

Remus estava mais nervoso do que o normal no dia da lua cheia. Havia dormido mal,
pensando sobre os McKinnons e Sirius e se perguntando como consertaria isso.

No café da manhã, parecia que Marlene também tinha tido uma noite difícil. Seus
olhos estavam avermelhados e seu cabelo estava mais bagunçado do que o normal.
Yaz e Mary sentaram-se uma de cada lado, competindo para ver quem a confortaria
mais.

"Eu simplesmente não consigo parar de pensar nele," Marlene balançou a cabeça,
olhando para sua tigela de sucrilhos. “Já li tantos livros e relatos, e todos dizem que
dói muito ...”

Remus parou de comer seu próprio café da manhã e tomou um gole de chá, tentando
esconder sua angústia.

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"Eu também já sobre", disse Sirius, "mas tenho certeza de que, se Danny pedir a ajuda
de que precisa, ele ficará bem."

Lupin tentou ignorar isso, fervendo em raiva silenciosamente.

"Mamãe teve que levá-lo para o ministério." Marlene continuou, infeliz, “Eles têm
celas lá, aparentemente. Perguntamos se haveria curandeiros presentes, mas ninguém
consegue dizer nada.”

"Tenho certeza de que é o melhor lugar", Yaz apertou o braço dela, suavemente.

Ninguém concordava com ela. Mary franziu os lábios.

"Ele não merece isso!" Marlene começou a chorar, "Ele não merece ser trancado
sozinho! Ele é meu irmão, meu adorável irmão, não algum ... algum animal. "

A náusea da culpa ameaçou dominar Remus, e ele saiu assim que pôde. Mal
conseguiu se concentrar nas aulas pelo resto do dia. Por mais perverso que fosse,
desde que os marotos se tornaram animagos, ele meio que ansiava pelas luas cheias
em Hogwarts. Já fazia um tempo desde que havia se sentido tão mal sobre uma.

À noite, quando chegou ao escritório da Madame Pomfrey, a encontrou franzindo a


testa para uma pilha de cartas. Ele nunca a havia visto se envolvendo com papelada
antes.

"Oh, olá, querido", ela sorriu para ele, cansada, "Vamos indo?"

Remus acenou com a cabeça e esperou pacientemente que ela colocasse a capa.
Pomfrey o viu olhando para as cartas. “São de ex-alunos, em sua maioria”, ela
explicou, “Aqueles que foram afetados pelos ataques. Alguns deles têm familiares
enfrentando sua primeira lua cheia, eles querem saber se eu sei algo de algo útil.”

"Oh."

871
“Consegui passar um pouco de conhecimento sobre os cuidados posteriores, mas você
e eu sabemos quão pouca informação real existe”, ela continuou, enquanto eles saíam.
Remus permaneceu mudo. "A pobre Srta. McKinnon vem aqui quase todos os dias.
Ela é sua amiga, não é?"

"Sim." A voz de Remus falhou ligeiramente. Madame Pomfrey deu um tapinha em


seu braço, suavemente.

"Deve ser muito difícil para você, meu querido."

"Está tudo bem."

"Você sabe que sempre pode falar comigo, se precisar."

"Obrigado." Ele podia ouvir a voz de Sirius na parte de trás de sua cabeça,
provocando-o, eu disse a você...

Mas Sirius estava errado. Dor física era o menor dos problemas de Remus, era algo
que ele estava disposto a suportar se fosse necessário. A dor o lembrava do que ele
devia.

Apesar de sua apreensão, a lua cheia foi um alívio. Remus nem mesmo gritou com a
transformação, ele apenas deixou que o consumisse. Por mais envergonhado que isso
o deixasse, era bom se tornar outra pessoa por algumas horas, abrir mão do controle.
O lobo ainda estava em boas relações com Padfoot, pelo menos, e eles podiam
brincar, correr e caçar sem nenhum problema humano os atrapalhando.

Mas não iria durar.

***

Sexta-feira, 24 de fevereiro de 1978

A rotina era padrão agora. Remus se transformou de volta, os outros verificaram se


estava bem, então foram embora, Madame Pomfrey veio buscá-lo, ele passou a manhã

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dormindo após tomar uma poção, acordou na hora do almoço, então voltou para sua
própria cama à tarde.

Mais recentemente, Sirius vinha buscá-lo na enfermaria, se seu horário permitisse. (E,
na verdade, até mesmo quando seu horário não permitia - o moreno dava qualquer
desculpa para cabular a aula.) Claro, dada a maneira como Remus estava agindo, ele
não esperava que Black viesse naquele dia.

Porém, Sirius era sempre cheio de surpresas.

“Trouxe um sapo de chocolate para você,” ele disse, esperando pacientemente


enquanto Remus terminava de amarrar seus cadarços. O moreno lhe entregou uma
caixa de sapo de chocolate. Seu temperamento havia esfriado um pouco; talvez um
bom e longo sono fosse tudo de que ele precisava.

"Obrigado."

"Podemos ficar bem de novo?" Sirius perguntou, parecendo genuinamente


arrependido. "Podemos apenas admitir que dissemos algumas coisas estúpidas, mas
que já acabou?"

Remus o olhou por um longo tempo, deixando-o cozinhar um pouco. Então sorriu,

"Okay, tudo bem, então."

Eles voltaram para a torre muito felizes, embora Remus estivesse se esforçando um
pouco mais do que o normal, tentando não mancar ou mostrar qualquer traço de
desconforto.

"Marlene está bem?" Lupin perguntou enquanto se aproximavam da sala comunal.

"Sim, acho que sim," Sirius acenou com a cabeça, "Ela recebeu uma carta da mãe dela
esta manhã, dizendo que Danny está bem. Chorou um pouco, mas ela está menos
comovida agora. "

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"Bom. Isso é bom."

Eles passaram pelo buraco do retrato e caminharam pela sala comunal.

"Acho que vou direto para a cama um pouco", disse Remus, indo para o dormitório.
"Se está ok?"

"Claro!" Sirius acenou com a cabeça, educado de uma forma quase exagerada,
enquanto eles subiam mais um lance de escadas. Remus estava se esforçando
seriamente agora, mas faria o impossível para evitar que o outro notasse.

"Você está cansado?" Perguntou.

“Nah,” Sirius disse, “Dormi a manhã toda. Peter também.”

"Ah, bom." Remus finalmente alcançou sua cama e se sentou. Sem nem mesmo
pensar, sua mão foi esfregar seu quadril. Ele parou assim que percebeu, mas os olhos
de Sirius fixaram-se nele imediatamente. Ele o encarou com ar de censura.

"Você falou com a Madame Pomfrey?"

“Tivemos uma conversa adorável, obrigado.” Remus enrijeceu, entrando na defensiva


novamente, “Conversamos sobre todos os pobres ex-alunos dela que tiveram que se
transformar pela primeira vez na noite passada. Foi muito alegre.”

Sirius resmungou.

"Mas você falou com ela sobre o seu quadril?!"

"Não." Remus bufou, deitando-se.

“Remus, pare de ser difícil! Você a vê toda semana! Basta mencionar para ela - quero
dizer, eu farei isso para você, se quiser. "

“Jesus Cristo, isso de novo não! Me deixe em paz!" Ele se sentou novamente.

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"Não!" Black respondeu, com a mesma crueldade, "Eu não entendo por que você não
conta a ela sobre isso, tenho certeza que ela poderia ajudar."

"Ah meu Deus, por que você não pode simplesmente esquecer isso? Eu disse que não
quero incomodá-la com merdas como essa. Você está fazendo um alarde por nada! "
Remus estava de pé agora, o lobo dentro de si querendo estabelecer alguma vantagem;
afirmando domínio.

“E você está evitando seus problemas de novo!” Sirius se enfureceu, "Você sempre
faz isso e é tão exaustivo! Você acha que está sendo tão maduro, não é? Mantendo
tudo para si. É estupido! Você está apenas se fazendo de mártir, é como se quisesse
ser miserável. "

"Ah, vá se foder, Black!" Lupin gritou de volta. “Fácil para você falar, não é?! Por que
a gente sempre tem que falar sobre a minha vida de merda, hein?! Senhor ‘Me conta a
porra de um segredo’?!”

Sirius piscou, chocado, e Remus estava exultante; ele tinha algo agora. Ele tinha Sirius
em suas mandíbulas, e não iria deixá-lo ir até que provasse seu sangue. “E você,
Sirius?! Como é que nunca podemos falar sobre sua família fodida, ou o seu irmão
comensal da morte e a sua prima louca?! Por que não falamos sobre sua dor e suas
cicatrizes por um tempo, para você ver como é.”

"Remus, pelo amor de Deus -"

"Não, eu sei! Por que não falamos sobre sua mãe? " Remus partiu para a matança, e
foi mais eficaz do que ele esperava. Sirius mudou completamente; sua expressão
congelou, sua postura ficou tensa, como se ele tivesse levado um soco no estômago.

Remus quase desejou ter dado um soco nele, porque então, pelo menos, Sirius poderia
simplesmente socá-lo de volta, e eles poderiam ter uma luta justa, e seria apenas isso.
Porém, isso não tinha sido justo, e ele não poderia voltar atrás.

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Sirius deu a ele um olhar de total dor e choque, antes de se transformar rapidamente
em raiva.

"Vá se foder, Lupin." Ele cuspiu, saindo pela porta como um furacão.

"É, caia fora, então!" Remus gritou quando a porta bateu.

Respirava com dificuldade e seu rosto estava muito quente. Ele gostaria que Black
voltasse e gritasse com ele um pouco mais, para que pudesse gritar de volta, mas se
contentou em fumar um cigarro atrás do outro e em ouvir The Sex Pistols. Foda-se
todo mundo.

Sirius não voltou, e Remus não sabia onde estava o mapa, então não pôde procurar por
ele.

Eventualmente, a porta do quarto do dormitório se abriu novamente, e Lily e James


entraram, muito próximos e sussurrando alegremente.

"Oh, oi, Moony!" James parou quando o viu pensativo perto da janela. Ele parecia um
pouco envergonhado, "Desculpe, pensamos que você ainda estaria na ala hospitalar."

"Não. Ela me deixa ir depois do almoço, normalmente.” Remus respondeu, monótono.


Ele se levantou: "Vou sair do caminho."

"Não, não, Remus, não!"! Lily disse, nervosa "Nós apenas viemos aqui para termos
silêncio."

"Mesmo?" Remus ergueu uma sobrancelha sarcástica, e Lily e James coraram,


desviando o olhar.

"Onde está Padfoot?" James foi se sentar em sua cama.

"Não sei."

"O que?"

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“Não sei. Não me importo.” Remus tirou outro cigarro de sua caixa de fósforos e
acendeu-o com a ponta do último.

"Vocês estão... brigando?"

"Olha, fique fora disso, Potter." Remus rosnou.

James recuou e olhou para Lily, que deu de ombros para ele.

Naquele exato momento, como se tivesse sido convocado apenas para quebrar a
tensão, uma coruja voou pela janela aberta, surpreendendo os três. Era dos Potter, e
James recuperou duas cartas amarradas em sua perna. Ele olhou para uma e a estendeu
para Lupin.

"Para você, Moony."

Estalando a língua irritado, ele se levantou do parapeito e foi arrancá-la da mão


estendida de James. A abriu, folheando o breve bilhete da Sra. Potter, que, tão
gentilmente, o encaminhava toda a sua correspondência.

Ele esperava por outro cartão-postal de Grant, mas era um envelope dobrado com
cuidado. Remus não reconheceu a caligrafia organizada em tinta azul, mas ela possuía
um carimbo trouxa.

Ele olhou para o endereço do remetente, escrito em letras minúsculas no verso.

Se não for entregue, por favor, devolva para:

Sra. Hope Jenkins, Sparrow Ward, Hospital de Cardiff City, Cardiff.

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Capítulo 138: Sétimo ano: Hope

They fuck you up, your mum and dad.

They may not mean to, but they do.

They fill you with the faults they had

And add some extra, just for you.

But they were fucked up in their turn

By fools in old-style hats and coats,

Who half the time were soppy-stern

And half at one another’s throats.

Man hands on misery to man.

It deepens like a coastal shelf.

Get out as early as you can,

And don’t have any kids yourself.

Poema This is the verse de Philip Larkin

Sra. Hope Jenkins

Remus engasgou com o cigarro, depois o deixou cair, queimando a calça. Gritando
com a dor, ele saltou, batendo freneticamente na mancha quente em sua coxa.

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"Remus!" Lily o olhou, alarmada, "Você está bem?!"

“Sim, sim ...” Ele pegou o cigarro e o jogou pela janela. Depois, amassou o pequeno
envelope usando a outra mão e o enfiou no bolso. "Só... indo ao banheiro."

Lupin correu para o pequeno banheiro e fechou a porta com força, tentando regular
um pouco a respiração. Ok. Ok. Deveria ter esperado isso. Afinal, havia sido ele quem
havia escrito para ela.

Remus puxou a carta do bolso e a alisou. Não poderia ter aberto na frente de Lily e
James; poderia conter algo importante, e ele estava tão despreparado. O garoto
mordeu o lábio. Queria muito outro cigarro, mas tinha acabado de jogar o último pela
janela. Típico.

Ele abriu o envelope lentamente, tomando cuidado para não o rasgar, como se isso
pudesse significar alguma coisa. O papel era fino como seda e ele o desdobrou com
cuidado. A caligrafia estava mais reconhecível agora, parecida com a da carta original,
escrita há tantos anos, só que agora era mais espigada; visivelmente torta, como se a
mão estivesse tremendo.

Caro Remus,

Lamento ter demorado tanto para lhe responder. Receio não ter estado bem e não
estive em casa para receber a correspondência.

Fiquei muito feliz em ouvir de você. Lamento não poder escrever mais, meu querido,
mas adoraria saber como você está. Por favor, me escreva de volta e mande para o
endereço abaixo.

Com amor, mamãe.

As próprias mãos de Remus tremiam agora. Com amor, mamãe. O que diabos isso
significava?!

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Ele sentiu a raiva crescendo dentro de si, pronto para engoli-lo por inteiro. A briga
com Sirius se tornou insignificante; agora estava realmente furioso. Era uma raiva que
permanecera adormecida por muito tempo, mas sempre esteve lá, em seu âmago. Uma
raiva que não possuía direção ou propósito, além de enchê-lo com uma mania
incandescente. Talvez Greyback a tivesse colocado lá. Talvez o abandono de Hope
tivesse. Agora ele não dava a mínima.

Incapaz de se controlar, ele chutou a porta do banheiro. Chutou com tanta força que
estilhaçou a madeira, quebrando-a.

"Porra." Ele murmurou. "Ai." Esperava não ter quebrado um dedo do pé.

"Ah meu Deus, Remus?!" A voz de Lily soou novamente.

"Desculpe." Ele disse, quase por instinto, enquanto arrancava o pé da porta e a


destrancava.

James estava bem ali, seus olhos grandes e arregalados, Lily logo atrás dele, como se
ele a estivesse protegendo de Remus.

"O que diabos você pensa que está fazendo?!" James disse, sua voz dura. "Olha, se
você está tendo uma briga com Padfoot, então resolva isso entre vocês, não comece a
destruir nosso quarto!"

"Desculpe." Lupin pediu de novo, se sentindo muito pequeno agora. Nunca havia sido
repreendido por James antes. Era mais assustador do que ele esperava.

"Remus?" Lily empurrou o namorado de lado, impaciente, "O que há de errado?"

Ele balançou a cabeça, olhando para a carta em suas mãos. Seus ombros caíram.
Ainda estava respirando com muita dificuldade para ser capaz de falar, então apenas
entregou a ela.

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Lily lhe deu um olhar interrogativo, mas pegou o papel. Enquanto ela lia, seus olhos
ficaram maiores e seu queixo caiu. James leu por cima de seu ombro, e logo as
expressões deles combinaram. Remus parecia não conseguir controlar sua respiração,
não tinha certeza do que estava acontecendo. Seu peito se apertava mais a cada
segundo, como se todo o ar tivesse sido sugado para fora do quarto. De repente, ele
sentiu muito calor e ficou tonto, seus olhos refletindo estrelas.

Ele tropeçou, agarrando-se ao batente da porta para se manter de pé.

“Remus?!” A voz de Lily veio a ele em um eco, como se estivesse no fundo de um


poço profundo. As mãos macias dela de repente estavam em seus ombros, e a menina
o guiou para baixo em direção ao chão - o que foi uma coisa boa, porque suas pernas
haviam decidido desistir. Ela começou a esfregar suas costas lentamente, enquanto
falava muito calmamente, “Respire fundo, Remus, você está me ouvindo? Inspire pela
boca, depois expire pelo nariz, ok? Faça comigo, um... dois... três…"

Remus não sabia que tipo de magia era, mas começou a funcionar e, após dez
respirações profundas, ele começou a se sentir normal novamente. Com sua visão
clareando, ele olhou para cima. Lily estava sentada ao seu lado no chão empoeirado
do quarto. James permanecia parado perto deles, parecendo preocupado. Ele estava
com a carta.

"Obrigado," disse, ainda sem fôlego, "Desculpe, não sei o que aconteceu."

“Minha irmã tem rompantes estranhos como esse o tempo todo, quando fica ansiosa”,
explicou Lily. “Tem algo doce? Ela normalmente come um biscoito depois que o pior
já passou.”

"Hm... sim." Remus procurou em seu bolso o sapo de chocolate que Sirius o havia
dado mais cedo. Ele desembrulhou e arrancou a cabeça com uma mordida,
rapidamente. Sua boca se encheu da rica doçura e ele realmente se sentiu muito
melhor.

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Então, tentou se levantar, e James imediatamente ofereceu um braço firme para
ajudar.

"Desculpa por ter gritado, Moony", disse ele, ainda parecendo muito preocupado, "Eu
fui um idiota."

"Não, eu não deveria ter quebrado a porta ..." Remus respondeu, passando as mãos
cuidadosamente por sua calça e caminhando para a cama para se sentar.

"Ah, isso não é nada," Lily se levantou e retirou sua varinha, "Reparo. Viram?"

"Posso ter a carta de volta?" Perguntou, fracamente.

"Claro, desculpe!" James correu para devolvê-la. Remus leu novamente. Seu
estômago se apertou, mas ele não ficou tonto como antes. Com amor, mamãe. "Eu não
sabia que você tinha enviado uma carta para ela." Continuou. "Eu nem sabia que você
sabia onde ela estava."

"Seus pais me ajudaram." Remus disse, ainda relendo. "Eu só contei a Sirius sobre
isso."

"Ah, amor," Lily veio se sentar ao lado dele e apertou sua mão. "Você vai escrever de
volta?"

Lupin olhou para cima, encarando em frente. Havia tomado uma decisão.

"Não. Eu vou vê-la. "

"Ah!" Lily guinchou, "Sim, claro ... er ... aposto que McGonagall ajudaria você a
organizar isso para o fim de semana, talvez..."

"Não." Balançou a cabeça, "Estou vou agora."

"O que?!" James perguntou.

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"Já esperei o suficiente." Disse Remus. “Eu tenho o endereço. Estou indo."

“Remus, você não quer pensar...” Lily começou.

"Não." Lupin disse, puxando sua mão para longe da dela.

Sua mão roçou a queimadura de cigarro em sua perna. Droga. Onde conseguiria outro
par? Seria melhor tentar um feitiço de conserto quando se acalmasse um pouco. Ele se
levantou e foi até seu malão para encontrar uma calça limpa. Não poderia encontrar
sua mãe com queimaduras de cigarro nas roupas, poderia?

"Sem pensar." Disse a Lily. "Ela está em um hospital, só Deus sabe por quê, mas
posso não ter muito tempo."

Ele se despiu sem nem mesmo pensar. Lily desviou o olhar rapidamente, corando, mas
ele não se importou. "Prongs", chamou, "Posso pegar sua capa?"

"Claro." James acenou com a cabeça, sem hesitação.

"Obrigado. Vou tentar aparatar da Dedos de mel, acho. Não devo ficar fora a noite
toda, posso voltar antes do toque de recolher, acho. "

"Bom plano." Potter acenou com a cabeça.

“Como você vai chegar à Dedos de mel ?!” Lily perguntou, parecendo muito confusa.
Remus olhou para James, curiosamente. O outro garoto deu uma risada tímida e
empurrou os óculos no nariz.

"Er ... há uma espécie de passagem secreta ..."

Menos de meia hora depois, eles passavam pela estátua da bruxa corcunda e estavam
prestes a começar a jornada para Hogsmeade. Às pressas, os três haviam se vestido
com roupas trouxas, algo que Lily sugeriu quase no último minuto. James tinha
sugerido contar a Sirius e Peter, mas Remus recusou. Peter não conseguia aparatar de

883
qualquer maneira, e não havia espaço para Sirius em sua cabeça agora. Felizmente,
James respeitou suas vontades.

“Mais quantos segredos vocês têm?!” Lily estava sussurrando, olhando em volta
enquanto avançavam ao longo do túnel escuro.

"Ela sabe sobre o mapa?" Remus perguntou inocentemente.

"Que mapa?! Potter! Qual mapa??"

Eles não estavam realmente brigando. Para Lily e James, fazia apenas parte da
diversão, todas as brigas. Os dois já haviam passado tantos anos fazendo isso que
simplesmente não sabiam como parar. Remus gostava. Isso manteve sua mente longe
de todo o resto.

Já que havia se acalmado agora, os pensamentos racionais estavam começando a


voltar. Para onde você está indo? Por que você acha que ela quer ver você, depois de
todos esses anos? Você será pego fora dos limites e expulso, e arrastará Lily e James
com você.

E Sirius. Ele queria mais do que tudo ter Sirius por perto, se eles não estivessem
brigando. Talvez ele mesmo tenha causado tudo isso, invocando a mãe de Black
daquela forma. Oh Deus, e se Hope fosse como Walburga?!

Mas ele continuou, porque já havia chegado tão longe agora. Logo estavam no porão
da Dedos de mel e todos memorizavam o endereço do hospital, preparando-se para
aparatar.

Essa era a parte fácil. Remus estava tão cheio de emoções e adrenalina que mal teve
que se mover e já estava voando pelo espaço, seguindo a corrente de magia em
direção a Cardiff. Lily e James pousaram momentos depois, de mãos dadas.

"Este é o País de Gales, então", disse Lily, olhando em volta para a rua tranquila da
cidade em que se encontravam. "Nunca estive aqui antes."

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"Nem eu." James e Remus responderam em uníssono.

"Vamos procurar o hospital, então", ela sorriu e largou a mão de James para segurar a
de Remus, meio que o levando para o fim da estrada.

Eles erraram o local exato por apenas uma ou duas ruas. O edifício principal era
ornamentado, com tijolos antigos e vermelhos, o resto era concreto cinza dos anos 60.
O lugar possuía aquela atmosfera institucional fria que lembrava muito a Remus de St.
Edmund's.

"Certo!" Lily disse, brilhantemente, de frente para um grande mapa do prédio, abaixo
de uma placa que apontava para várias direções. "Era a ala do Pardal, não era ... então
é ... ali."

A ruiva partiu novamente, e Remus estava tão, tão feliz por ela estar ali, porque tudo
nele o dizia para fugir e nunca olhar para trás. A ala pardal era em um dos blocos de
concreto. Eles pararam do lado de fora.

“Hum ... Lily? James?" Remus disse, fazendo-os parar. “Vocêm se importam em ...
não vir comigo? Eu só ... eu quero fazer isso sozinho. Desculpe."

"Claro." Lily respondeu, lhe dando um tapinha em seu ombro. "Vamos esperar bem
aqui, certo James?"

"Ok." James acenou com a cabeça com cuidado, "Moony, você tem certeza que não
quer que eu chame..."

"Ele não virá." Remus disse, com certeza absoluta. “Você estava certo, nós brigamos.
Eu fui horrível com ele, disse algumas coisas realmente horríveis. Ele está com raiva e
tem o direito de estar. "

"Sim, mas ainda ..."

"Está tudo bem, Prongs." Assegurou-lhe "Estou bem. Ok, vou entrar agora. ”

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"Boa sorte!" Lily sorriu. Ele acenou com a cabeça, severamente, e se aproximou das
portas giratórias.

Dentro do hospital haviam placas apontando em todas as direções, e três vezes Remus
teve que voltar porque havia virado em um corredor ou entrado em um elevador
errado. Era um lugar horrível; cheirava a doença, urina e desinfetante mascarando
sangue e morte. Seus nervos estavam enfraquecendo a cada minuto.

Finalmente, ele passou por um conjunto de portas duplas com a palavra "Pardal"
impressa perfeitamente em azul e branco. O que o levou a um corredor mais
silencioso, com um posto de enfermagem no final e muitos quartos iluminados e
abertos com filas organizadas de pessoas deitadas em camas.

Remus se arrastou até o posto de enfermagem, tentando dar uma olhada nos nomes
dos pacientes listados na parede atrás.

"Quem você está procurando, querido?" Uma enfermeira gorducha perguntou a ele
com um sorriso agradável.

“Hum. Hope Jenkins ...” Remus murmurou.

“Ah! Parente, não é? "

"Sim. Eu sou filho dela. "

"Ah, ela vai ficar tão satisfeita! Ela fala sobre os filhos o tempo todo, a Hope. Apenas
me siga, querido.”

Ele não teve tempo de ficar surpreso com a última revelação de que sua mãe possuía
"filhos", no plural. Mudo, Remus seguiu a enfermeira pelo corredor de linóleo verde e
ressonante, até uma enfermaria com seis ou oito camas. Ela o levou até a janela mais
distante, onde a luz entrava. "Hope, meu amor, você tem uma visita! Seu menino veio
ver você, não é legal? "

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A enfermeira o conduziu para dentro, e ele ficou parado ao pé da cama, impotente. A
mulher deitada parecia ter cochilado, embora estivesse apoiada em uma posição meio
sentada. Ela estava piscando agora, desorientada, e franziu a testa ligeiramente para a
enfermeira.

"Quem?" Ela falou em uma voz baixa e rouca, ainda confusa até que seus olhos
escuros pousaram em Remus. Suas sobrancelhas pálidas se ergueram. "Oh." Ela disse.

"Olá." Ele acenou, sentindo-se estúpido.

"Vou dar a vocês dois um pouco de privacidade", a enfermeira estava dizendo agora,
puxando as cortinas claras do hospital ao redor da cama, "Posso pegar uma xícara de
chá para alguém?"

"Não, obrigado." Ambos responderam, ainda olhando um para o outro.

Ela era muito pequena e muito frágil. Esquelética, até; seus ossos e tendões
aparecendo através da pele. Hope parecia muito mais velha do que Remus havia
imaginado; mas talvez fosse apenas a doença. Seu rosto estava encovado e tinha uma
aparência mórbida de uma caveira. Ele se lembrou de como ela estava linda em sua
fotografia e de como ainda poderia ser bonita, se estivesse bem.

Mais alertas agora, seus olhos negros lacrimejantes o encaravam, com um brilho quase
ganancioso; como se ela estivesse absorvendo cada centímetro de seu corpo
desengonçado. Ele ficou parado e deixou.

“Oh,” ela sussurrou, roucamente. Seus olhos se encheram de lágrimas. "Oh, você se
parece com ele."

Então esta era sua mãe. Ele a olhou e não sentiu nada.

Remus limpou a garganta.

"Recebi sua carta." Ele não sabia mais o que dizer. E desejou não ter vindo.

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"Você não precisava vir." Hope respondeu suavemente. "Não me atrevi a pedir isso.
Mas eu queria ver você. Eu queria ver você... há anos. " Ela fechou os olhos e as
lágrimas correram pelo seu rosto magro.

Ele mordeu a língua. Todos os tipos de coisas sujas e desagradáveis ferviam em sua
garganta, querendo ser faladas. Mas para que serviria? Ela estava claramente
morrendo, ele podia sentir o cheiro nela. Palavras raivosas não fariam diferença. A
mulher falou novamente. "Você está em Hogwarts?"

"Sim", ele acenou com a cabeça. "Último ano."

"Ele ficaria muito satisfeito. Lyall. Seu pai."

Silêncio novamente. Remus não queria olhar para ela por muito tempo. Hope parecia
tão triste, tão fraca e tão doente. "Há algo que você queira me perguntar?"

Remus encolheu os ombros. Isso era mais horrível do que ele poderia ter imaginado.
Ela riu, suavemente.

"Você não vai ferir meus sentimentos, sabe. Esta pode ser sua única chance.”

Ela engoliu em seco, quando ele ainda não falou. "Tudo bem então, vou apenas dizer a
você. Sinto muito pelo que fiz. Eu não estou orgulhosa. Eu amava seu pai mais do que
... bem, eu o amava com todo o meu coração. Ele era tudo para mim, gostaria que
você o tivesse conhecido. Quando você se machucou e ele morreu ... Eu simplesmente
não sabia o que fazer. Eu era tão jovem, estava sozinha. Fazia anos que eu não via
minha própria família e nem conhecia os vizinhos porque Lyall disse que
precisávamos manter as coisas em segredo. ”

Ela era galesa, Remus reconheceu o sotaque. A maneira como ela falou o nome de seu
pai em duas sílabas suaves - Ly-all. Ele se sentiu estúpido por não perceber, visto que
eles estavam em Cardiff, mas ainda assim. Ninguém nunca lhe disse que ela era
galesa. Ele supôs que não era uma informação pertinente para ninguém além dele.

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"Olha", disse ele, "está tudo bem, você não precisa explicar."

"Eu pensei em você", Hope falou, desesperadamente, "Todos os dias. Meu menino,
meu pobre menino.”

"Não faça isso." Remus pediu, sentindo-se desconfortável - assustado, até. “Está tudo
bem, por favor, não...”

Ele se sentou na cadeira de hospital de encosto rígido ao lado dela. Não estendeu a
mão para Hope, parecia demais.

“Eu pensei que seria o melhor a se fazer”, ela chorou, as lágrimas escorrendo pelo
travesseiro em que ela estava deitada, “Eu não poderia ter cuidado de você, você era
tão forte, mesmo quando era tão pequeno. Eu tive que trancar você, você estava com
tanto medo e estava chorando por mim e eu não pude entrar... "

Ele sentiu como se um pesado bloco de gelo tivesse se acomodado na boca do


estômago. Só queria que ela parasse de falar, não queria ouvir isso.

"Você fez a coisa certa." Disse “Você fez. Você fez tudo que podia, eu nunca culpei
você. "

Isso era verdade. Ele culpou seu pai uma ou outra vez em sua cabeça, o odiou
ferozmente por anos. Porém, de alguma forma, sentiu mais simpatia por sua mãe, uma
trouxa que foi deixada para morrer pela morte de Lyall tanto quanto ele.

"Ainda... acontece?" Ela perguntou, com os olhos arregalados. Eles eram do mesmo
marrom esverdeado que os seus. Ele assentiu.

“Não é tão ruim”, Mentiu, “Eu tenho ajuda. É mais seguro.”

Ela parecia aliviada, o que o deixou feliz.

“E a escola? Aposto que você é tão inteligente quanto seu pai! "

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“Eu gosto da escola”, respondeu, “me saio muito bem”. Não tinha certeza do que mais
poderia dizer sobre isso, "Eu er ... eu tenho a varinha dele. Lyall. ”

Hope sorriu, sua pele, uma fina camada de papel branco se esticando sobre seu rosto
oco, como uma caveira.

“E você ... tem alguém? Em sua vida, cuidando de você?”

“Eu ...” Ele pensou em Lily e James e em Peter e Grant e em Madame Pomfrey, e em
Mary e Marlene, e até na Professora McGonagall. E Sirius. "Sim. Eu tenho amigos."

Remus olhou para a vitrola na mesinha de cabeceira e a pequena pilha de discos na


cadeira. The Beatles, Cliff Richard, The Kinks. "São seus?" Ele perguntou,
genuinamente curioso pela primeira vez.

“Ah sim,” ela acenou com a cabeça, “Eu amo um pouco de dança, eu amo. Lyall era
um leitor, mas estou mais feliz com uma boa música pop. Ele costumava me
provocar.”

Seu sotaque era adorável, doce, amigável por completo. Ele estava feliz por ela não
ser chique, esperava que não parecesse muito comum para ela.

"Eu também gosto de música." Disse suavemente. Não conseguia levantar a voz, mas
ela não se importou. "David Bowie, principalmente."

“Você deve ter herdado isso de mim”, Hope disse, sonolenta, ainda sorrindo. “Meu
menino saltitante. Eu costumava colocá-lo no tapete enquanto fazia o trabalho
doméstico, tocava meus discos e você pulava e se contorcia como se estivesse
dançando. Love Me Do estava tocando no rádio quando deu seus primeiros passos.”

Ela começou a chorar enquanto dizia, seus olhos marejados.

“Acho que me lembro”, disse ele, rapidamente - era mentira, mas a deixaria feliz. Ele
não queria que ela ficasse tão triste, não por ele. Sem pensar, ele estendeu a mão para

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a dela, gentilmente, como se Hope fosse se despedaçar. Era uma mão muito pequena -
ela era uma mulher muito pequena. “Eu amo os Beatles”, disse ele, “sempre amei”.

Ela sorriu. Mesmo com as bochechas encovadas e os olhos escuros de sua doença, ela
tinha um sorriso adorável. Hope apertou a mão de seu filho e sorriu para ele, e eles se
sentiram confortáveis assim por algum tempo. Remus sentiu a agitação de algo dentro
de si - algo quente, antigo e familiar.

Eventualmente, ele se ofereceu para colocar uma música.

"Ah, está quebrado." A mulher respondeu.

"Mesmo? Deixe-me ver...” Remus procurou sua varinha no bolso e deu uma batidinha
na caixa preta de madeira. Ele fez isso sem soltar a mão dela, e Hope fez um pequeno
som de alegria e orgulho ao vê-lo usar magia.

O disco começou a girar, e o som que saiu era claro e adorável. Foi um disco da
Fairport Convention; Remus nunca se preocupou muito com eles antes; muito hippie
para seu gosto. Mas ela sorriu quando a voz de cotovia de Sandy Denny começou a
preencher a sala. Então ele escutou.

Across the evening sky, all the birds are leaving

But how can they know it's time for them to go?

Before the winter fire, I will still be dreaming.

I have no thought of time.

For who knows where the time goes?

Who knows where the time goes?

'Who knows where the time goes' by Sandy Denny.

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Os dois ficaram sentados ouvindo a música em silêncio, e Remus viu que ele havia
herdado um pouco da timidez dela, talvez. Hope nunca mantinha contato visual por
muito tempo e nunca o obrigava a falar. Remus tinha a sensação de que eles podiam
ficar sentados em um silêncio satisfeito por horas e se entender tão bem como se não
tivessem feito nada além de conversar.

Em pouco tempo, a enfermeira voltou. Já passava do horário de visitas, disse ela, e a


superintendente cuidaria de tudo a partir de agora. Remus não queria ir e Hope não
queria que ele fosse.

"Você vai voltar?" Ela implorou, ficando chorosa novamente.

"Eu vou." Prometeu. "Assim que puder, eu virei."

Ela levou a mão dele aos lábios. Ela estava muito fraca, mas ele deixou. Hope beijou
suas cicatrizes nos nós dos dedos.

"Eu te amo, meu querido."

Algo dentro dele quebrou quando percebeu que não poderia dizer de volta. Não sabia
como dizer isso com sinceridade.

"Vejo você em breve." Ele prometeu novamente, esperando que ela não se importasse
muito.

Remus saiu do quarto atordoado e foi um milagre ter conseguido sair do hospital.
Deve ter demorado o dobro do tempo que ele levou para entrar.

Lá fora, havia escurecido. Lily estava sentada em um banco, com um grande cachorro
preto ao seu lado. Ela se levantou, a luz da rua atrás de si iluminando seu cabelo,
parecendo incendiá-lo; uma luz de halogênio.

"Tudo bem, Moony?" Ela perguntou, seus olhos sérios.

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Ele encolheu os ombros, sem palavras. Instantaneamente, Lily deu um passo à frente e
passou os braços em volta de sua cintura, colocando a cabeça contra seu peito e
apertando. Remus passou os braços em volta dela, agradecido, e a abraçou de volta,
curvando a cabeça para inalar o adorável cheiro de casca de maçã. Ele estava
chorando, e Sirius estava bem ali, mas não se importou, ele apenas deixou Lily
continuar apertando-o, sentindo como se ela estivesse mantendo todas as suas partes
juntas. Podia ouvir Padfoot se lamuriando e ofegando. Finalmente, Remus se afastou,
esfregando os olhos.

"Desculpe", disse ele, timidamente.

"Não seja estúpido", ela apertou o braço dele, seus próprios olhos verde-mar
brilhando. “Quer ir para casa?”

"Na verdade," Remus fungou, "Eu quero ficar muito, muito bêbado."

Padfoot latiu.

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Capítulo 138.2: Hope

While I’m far away from you, my baby. 

I know it’s hard for you, my baby.

Because it’s hard for me my baby.

And the darkest hour is just before dawn.

- ‘Dedicated to the one I love’, The Mamas and the Papas.

"Você nunca foi uma garota muito inteligente, Hope."

"Não, mãe." Hope olhou para sua xícara de chá. Sem leite, apenas uma fatia de limão,
servido em uma xícara de chá adequada com um pires que tinha um design de folha de
rosa combinando. Ela deveria ter recebido um conjunto de porcelana semelhante
quando se casou, mas Lyall não queria trouxas na recepção.

Sua mãe resmungou alto.

“Eu sempre disse que ele não era bom. Homens assim - sem família, sem igreja. E
você nunca explicou exatamente com o que ele trabalhava.”

“Ele trabalhava no governo local.” Hope respondeu. Ela colocou a xícara de chá na
mesinha de canto da sala de estar de sua mãe.

"Gabinete?" Sua mãe perguntou, animando-se um pouco, "Bem, isso é alguma coisa.
Ele não deixou nenhuma pensão? Nada mesmo?"

"Só um pouquinho. Mas eu quero guardar para Remus. "

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Sua mãe resmungou novamente. Ela achava que era um nome bobo. Hope havia
tentado se comprometer, e deu ao filho o nome de seu pai também - mas Remus John
soava ainda pior, de acordo com sua mãe.

A Sra. Jenkins preferia fingir que o filho de Hope não existia, mesmo quando ele
estava dormindo no quarto do andar de cima. Hope queria ir ver como ele estava - dar-
lhe um abraço - mas não se atreveu a levantar-se; sua mãe diria que estava o mimando
demais e Hope não queria discutir. Ele estava dormindo muito – o que provavelmente
era normal para crianças de cinco anos.

Porém, Remus não era um menino normal de cinco anos, não mais.

Uma dor atingiu Hope no fundo de seu peito; seu coração parecia estar sendo
partido. Ela abaixou a cabeça, deixando o cabelo cair para a frente, fechou os olhos e
deixou as lágrimas correrem por seus cílios. Fungou. Eu preciso de você, Lyall. Como
você pôde fazer isso comigo?

“E o que você planeja fazer em relação a dinheiro? Eu não posso te bancar, não na
minha idade.”

“Achei que poderia voltar para a Central.” Hope disse, quase um sussurro. “Gethin


disse quando eu saí que eu poderia voltar se quisesse. Eles sempre precisam de
operadores.”

"Ele sempre teve um fraco por você, se me bem lembro." Disse sua mãe. Ela parecia
pensativa; não estava realmente falando com Hope agora, estava planejando. Hope
estava bastante familiarizada com o modo como a mente de sua mãe funcionava,
sempre maquinando, organizando e suavizando as coisas. Fazendo correções. Os
últimos seis anos foram um erro - que logo seria corrigido.

Isso não era nada novo para Hope; outras pessoas tomaram decisões por ela durante
toda a sua vida. Primeiro sua mãe, que a aconselhou a deixar a escola mais cedo e
conseguir um emprego na Central Telefônica. Depois, Lyall, a quem havia decidido

895
seguir para dentro de um mundo completamente diferente. Agora ele se foi, e ela
estava de volta à sua mãe. Você nunca foi uma garota muito inteligente.

Ela nem mesmo foi questionada sobre o funeral. Tudo havia sido resolvido por seu
povo - homenzinhos estranhos em mantos que podiam arrumar qualquer coisa com um
aceno de suas varinhas. Eles foram muito gentis com Hope, mas a trataram como uma
criança - uma particularmente estúpida. Um deles pegou todas as coisas de Lyall -
seus livros e sua varinha. Ela foi autorizada a ficar com a casa, mas lhe aconselharam
a pôr à venda.

“É realmente a casa de um bruxo, Sra. Lupin,” eles sorriram levemente, “Não é


adequada para habitação trouxa. Claro, você pode tentar...”

Mas não. Os feitiços que Lyall colocara não a deixavam mais entrar e, de qualquer
maneira, ela precisava do dinheiro. Os bruxos tinham um vago interesse em Remus,
embora ela tivesse feito o possível para mantê-lo escondido - Lyall colocara nela o
medo de Deus em relação a isso. Se alguém suspeitasse do que tinha acontecido com
seu filho, eles o levariam embora e o trancariam.

"Ele mostrou alguma habilidade mágica?" Um homem alto e quieto perguntou. Ele


tinha uma longa barba branca e olhos azuis penetrantes, e Hope tinha pavor dele.

Ela acenou com a cabeça.

"Ele faz todos os pratos do jantar flutuarem, às vezes." Ela confirmou.

(Ela não mencionou mais nada que Remus tinha feito. Que a primeira vez que a
transformação ocorreu; a primeira vez que o pobre bebê dela foi virado do avesso por
aquela maldição terrível, ele ficou tão apavorado que fez a porta desaparecer, e Lyall
teve de barricá-lo com a cristaleira da sala de jantar no final. Talvez essa tenha sido a
gota d'água, para Lyall.)

"Isso é muito bom," o velho sorriu, "Ele receberá sua carta de Hogwarts após seu
décimo primeiro aniversário."

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Ela não sabia o que dizer sobre isso, mas tentou parecer satisfeita. Hope esperava que
Remus fosse como seu pai - melhor do que ser como ela, de qualquer maneira - mas
não conseguia ver como ele entraria em uma escola exclusiva como aquela, não mais.

"Hope, você está me ouvindo?" Sua mãe explodiu. Hope piscou e ergueu os olhos.

"Desculpe, mãe."

“Eu estava perguntando sobre o menino. Você disse que tinha feito arranjos? "

“Oh. Sim."

O velho que perguntou sobre Remus a ajudou com isso também. Ele foi gentil a
respeito. Disse que dependia inteiramente dela, mas que conhecia alguém, se ela
precisasse de ajuda. Alguém que seria discreto. Ele a colocou em contato com uma
mulher chamada Sra. Orwell, que dirigia uma casa para meninos. Era em Essex, mas
talvez Remus se saísse melhor se crescesse na Inglaterra - não era como se houvesse
mais oportunidades no País de Gales. Hope sabia como era difícil se sentir como um
forasteiro, e Remus já teria o suficiente disso.

"Vou levar ele amanhã." Hope disse a sua mãe. "Vamos pegar o trem."

"Quer que eu vá com você, meu bem?" Sua mãe amoleceu. Ela sempre fazia isso,
quando Hope estava sendo obediente.

Hope abanou a cabeça. As lágrimas escorreram por suas bochechas, mas ela mal
percebeu. Era difícil acreditar que ainda não tinha murchado como uma passa, com
todas as lágrimas derramadas ultimamente. A mãe dela se levantou e veio se sentar no
braço do sofá. Ela colocou um braço em volta de Hope e apertou-a suavemente.

“Tudo bem, meu amor. É a coisa certa. A melhor coisa. Você ainda é jovem, vai se
recuperar. Espere um ano ou mais e será como se nada disso tivesse acontecido, eu
prometo a você. "

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Hope enxugou os olhos e se levantou, afastando-se da mãe.

"Vou ver como ele está."

“Não sei se isso é uma boa ideia ...”

“Vou dar uma olhada no meu filho, mãe.”

Ela subiu as escadas estreitas lentamente. Tapete marrom, papel de parede


marrom. Tudo parecia tão mundano, depois de Lyall. Ela se sentia como Judy Garland
no final do Mágico de Oz - o furacão havia passado e o mundo voltou a ser preto e
branco. Hope nunca tinha entendido por que Dorothy estava tão feliz por estar em
casa. Quem não escolheria a cor?

No topo do pequeno patamar escuro, Hope foi presenteada com três portas
fechadas. O quarto dos pais, o banheiro e seu quarto de infância. Seu quarto atual, na
verdade, até que economizasse o suficiente para se mudar. Ela pensou no dinheiro de
Lyall novamente. Não. Isso não era dela.

Ela abriu a porta lentamente. Não rangeu, mas o carpete sempre ficava preso e fazia
um barulho desagradável quando você o empurrava. Lá dentro, as finas cortinas
amarelas estavam fechadas, mergulhando tudo em um brilho amanteigado caloroso.

Seu vestido preto do funeral estava pendurado na porta do guarda-roupa. Ela o


comprou especialmente para a ocasião, porque nunca teve nada preto antes, custou
uma fortuna. Todos eles usavam túnicas, os amigos de Lyall, e ela havia se sentido
estranha.

Era tão estranho estar de volta a este quarto; tudo parecia tão pequeno e antigo,
embora na verdade só tivesse se passado seis anos desde a última vez que ela dormiu
aqui. Tudo ainda estava no lugar. Sua pequena penteadeira de vime pintada de branco,
que provavelmente ainda tinha um maço de cigarros escondido em uma das gavetas de
baixo, junto com os batons e sombras pelos quais ela e o pai haviam brigado quando

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ela tinha quinze anos. Um pôster dos The Monkees na parede acima da cama, ao lado
de uma impressão de Arthur Rackham.

O mais estranho de tudo era o menino aninhado na colcha lilás. Ainda dormindo, ele
era todos cachos dourados e bochechas rechonchudas e pequenos bracinhos
gordos. Seu coração deu um salto, como acontecia desde o primeiro momento em que
ela o segurou em seus braços. Seu filho.

Ela sentou-se cuidadosamente na cama e deitou-se ao lado dele. Ele se mexeu um


pouco, bocejou e se espreguiçou. Ela roçou os dedos levemente contra sua
bochecha; ela amava aquela pele de bebê perfeita, tão macia e sem manchas. Exceto
que estava manchada, agora. Um pequeno arranhão logo abaixo da mandíbula – que
poderia ser considerado apenas um arranhão casual. Crianças estavam sempre
esbarrando nas coisas, caindo. Mas não seu Remus. Ele era um menino tão
cuidadoso; observava a tudo.

Ela enrolou o corpo ao redor dele, virando as costas para o resto do quarto. Quando
Remus nasceu, ela não conseguiu sair da cama por dias, mas ele era um bebezinho tão
pacífico, os dois ficaram deitados assim, fazendo companhia um ao outro. Lyall
chegaria do trabalho e viria se juntar a eles. Ele envolveria seus próprios longos
membros em torno de Hope, e ela envolveria Remus, e fecharia os olhos e se sentiria
tão segura e tão feliz.

Se ao menos Lyall estivesse aqui agora. Era o toque dele que ela mais sentia falta. Ele
era tão alto, mesmo quando Hope usava seus saltos mais compridos, ele conseguia
descansar o queixo no topo de sua cabeça. As lágrimas arderam em seus olhos e ela
colocou a mão suavemente no peito de Remus, sentindo o constante subir e descer.

Às vezes, nas tardes em que a pequena família ficava deitada na cama, Lyall cantava
uma velha canção de ninar para Remus. Hope nunca a tinha ouvido antes, mas adorava
a maneira como ele a cantava; era a única vez que você podia ouvir o sotaque escocês
suave em sua voz. Ela cantarolou alguns versos agora, perguntando se Remus
lembraria que seu pai cantava para ele, e apenas para ele.

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Baloo, my boy, lie still and sleep

It grieves me sore to hear thee weep

If thou'lt be silent I'll be glad

Thy moaning makes my heart full sad.

Baloo, my boy, thy mother's joy

Thy father bred me great annoy

Baloo, baloo, baloo, baloo

Baloo, baloo, lu-li-li-lu.

- Lady Anne Bothwell’s Lament ou Baloo my boy

Oh, Lyall Lupin, seu bastardo. Era um fardo impossível odiar alguém que você não
conseguia deixar de amar. Como ele poderia colocá-la nesta posição? Ele deve ter
sabido que ela não poderia fazer isso sozinha. Ela não era mágica, como ele. Ela não
era forte. E ela nunca foi uma garota muito inteligente.

Ela estava chorando de novo, mas Hope aprendera a chorar sem fazer barulho. Talvez
isso fosse ser mãe, embora não se achasse merecedora desse título. Ela puxou o
corpinho quente de seu filho para perto do dela, sem se importar caso o
acordasse. Podia sentir seu pequeno coração batendo contra o dela.

Lembre-se disso, ela implorou silenciosamente. Eu te amo, eu te amo, eu te amo.

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Capítulo 139: Sétimo ano: Bêbados

Better get yourself together darling

Join the human race

How in the world you gonna see

Laughing at fools like me

Who on earth d'you think you are

A superstar?

Well, right you are

Well we all shine on

Like the moon and the stars and the sun

Well we all shine on

Ev'ryone come on

'Instant Karma' by John Lennon.

"Certo. Para o pub, então?” Lily disse, como se estivesse em uma reunião de negócios.
“Acho melhor voltarmos para Hogsmeade, vocês não? Não imagino como nos
sairíamos aparatando de volta para a Escócia bêbados... "

"Sim, bom plano," Remus acenou com a cabeça, enxugando o nariz na manga, ainda
fungando. "... onde está James?"

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“Bem, nós percebemos que ficaria muito suspeito se o monitor e a monitora-chefe
tivessem desaparecido,” A ruiva riu. “Então ele voltou para nos encobrir. Ele hum ...
ele enviou Sirius. Nós dois pensamos... ”

"Tudo bem." Remus acenou com a cabeça e finalmente se virou para se dirigir ao
cachorro, esperando pacientemente. "Sirius?"

Ele se transformou de volta imediatamente e ficou em pé, sem jeito, esfregando um


braço com o outro.

"Olá, Moony." Disse suavemente.

"Oi." Remus acenou de volta, de repente muito tímido.

"Ah, Remus, esqueci!" Lily quebrou a tensa atmosfera. Ela o entregou uma pequena
caixa de papelão quadrada. Um maço de cigarros Silk Cut. "Ideia de James" a ruiva
encolheu os ombros.

“Me salvou, obrigado!” O garoto o aceitou com gratidão.

“É melhor eu entrar em contato com ele, na verdade,” Evans continuou, olhando para
os dois, “Black, me dê o espelho? Eu o direi onde nos encontrar. "

Sirius entregou a ela e Evans sorriu, se afastando um pouco logo em seguida – e então,
ela estava longe o suficiente para não conseguir ouvi-los.

Remus se sentou no banco, abrindo a caixa de cigarros com os dentes e puxando um


para fora. Ele o ergueu para Sirius.

“Acende para mim? Estou tão nervoso que provavelmente explodiria na minha cara se
eu tentasse."

Sirius estalou os dedos e o cilindro acendeu. Remus tragou apreciativamente. Black se


sentou ao seu lado.

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"Moony, eu sou..."

"Sirius--"

Os dois tentaram falar ao mesmo tempo, depois sorriram timidamente um para o


outro.

"Sirius." Remus disse "Me desculpe. Eu fui um idiota.”

"Você foi." O moreno acenou com a cabeça, pegando um cigarro para si. "Mas você
não estava completamente errado."

"Nem você." Suspirou. "Não sei o que há de errado comigo."

"Não há nada de errado com você, Remus." Sirius tocou seu joelho gentilmente,
olhando-o nos olhos. Ele estava com roupas trouxas, o que era uma boa mudança,
Remus pensou. Jeans pretos e sua jaqueta de couro preta. Lupin sorriu.

"Você está muito bonito."

“Me conte algo novo.” Black mostrou a língua, mas tornou-se solene de novo, "Não
pude acreditar quando Prongs me contou sobre a carta. Eu me senti uma merda por ter
gritado com você, só queria ter certeza de que você estava bem, então ele disse que
você tinha ido... "

"Desculpe," Remus respondeu. "Eu só tinha que vir aqui imediatamente, nem pensei."

"Eu também teria feito o mesmo." Sirius admitiu. "Embora, na verdade, eu não sei se
eu iria exatamente correr para o lado da cama da minha mãe."

Remus riu sem entusiasmo, e os dois ficaram em silêncio por um tempo, pensando em
suas mães.

"Como ela é?" O moreno perguntou, finalmente.

903
Lupin considerou com cuidado antes de responder. Ele tentou se lembrar da voz dela,
dos olhos dela, da sensação da sua mão na dela.

"Ela é legal." Disse. "Eu acho que gosto dela."

"Tudo bem, vocês dois, prontos?" Lily voltou, obviamente após ter julgado que eles já
haviam feito as pazes apropriadamente.

"Sim", os dois responderam sorrindo.

***

Eles acabaram no Três Vassouras, todos os cinco - James trouxera Peter do castelo
com ele. Com três whiskies de fogo, Remus já se sentia agradavelmente aquecido e
solto, sorrindo estupidamente enquanto seus amigos faziam um barulho.

Ninguém lhe fez perguntas, o que foi perfeito; eles apenas beberam, riram e
conversaram como adolescentes de verdade pela primeira vez.

“Este mapa é uma das melhores magias que já vi.” Lily ficou maravilhada, depois de
estuda-lo por algum tempo. “E vocês só usam para pegadinhas?!”

“Para o que mais usaríamos?” Sirius ergueu uma sobrancelha.

"Vocês até colocaram as escadas que se movem!" Lily exclamou, claramente


encantada.

"Essa parte foi ideia minha." Remus disse, ansioso.

"É tudo seu" Black disse, "A coisa toda foi ideia sua, Sr. Moony."

"Sim, mas vocês ajudaram muito..."

“O que vão fazer com isso no final do ano?” Perguntou Lily.

904
Os quatro meninos se entreolharam com uma nota de tristeza. O mapa não seria mais
útil para eles, se não estivessem em Hogwarts. Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs
não seriam mais os principais criadores de travessuras de Hogwarts. James encolheu
os ombros.

"Passar adiante, suponho? Talvez para alguém da cooperativa. ”

Remus odiou essa ideia e terminou sua quarta bebida.

“Rosmerta!” Sirius gritou, levantando a mão, "Outra rodada, querida?"

“Já levo aí, meu amor ...” ela gritou de volta.

"Flerte." Remus o cutucou por baixo da mesa.

"Estou tentando deixar você bêbado." O moreno respondeu piedosamente, "Conforme


solicitado."

"Eu já estou bêbada," Lily balbuciou, piscando com força. “Não sei como vou voltar
andando para a escola...”

"Eu carrego você." James disse corajosamente, embora ele próprio estivesse
claramente começando a ficar um pouco vacilante.

"Eu não quero que isso acabe." Peter disse, taciturno.

"Calma Wormy, não vamos voltar ainda." Sirius falou quando Rosmerta apareceu com
uma bandeja de bebidas. Remus agarrou outro whisky de fogo e tomou tudo em um
gole. Ele gostava da queimação; parecia que estava funcionando.

"Eu não quis dizer esta noite." Peter disse, batendo desajeitadamente com o punho
rechonchudo na mesa "Quero dizer, escola, quero dizer tudo."

“A escola não é tudo.” Lily lhe deu um tapinha gentil.

905
"Não." Ele suspirou, "Mas tudo vai mudar, não é? Não nos veremos o tempo todo,
todos teremos empregos.”

“Fale por si mesmo,” Sirius riu, “Alguns de nós são independentemente ricos. De
qualquer forma, é claro que nos veremos todos os dias, idiota, vamos todos morar
juntos! "

Lily e James se entreolharam, repentinamente sóbrios. Os olhos de Black se


estreitaram, "O quê?"

“Cara,” James disse, sem jeito, “Er. Lily e eu temos conversado sobre... talvez
conseguir um apartamento juntos, depois do verão. "

"Sim," Sirius acenou com a cabeça, "Todos nós vamos e..."

"Padfoot," Remus tocou seu joelho, "Ele está se referindo apenas aos dois."

"O que? Por que?!"

“Não vamos falar sobre isso agora!” Lily disse apressadamente "Nada está decidido!"

Mas todos podiam ver que já estava.

"E quanto a essa pegadinha, então?" James perguntou, ainda olhando para Sirius, "O
que vamos fazer se ninguém tiver nenhuma ideia boa?"

"Nós vamos" Remus disse, "Ainda temos tempo. Sou só eu ou a ideia de uma
levitação em massa está começando a soar bem?”

"Ah bom, você está bêbado." Sirius sorriu, “Como diabos vamos levitar duzentos
alunos? E por que nós faríamos isso?”

"Seria engraçado." Lupin encolheu os ombros e deu uma risadinha. Naquele


momento, tudo parecia que seria engraçado.

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"Há pessoas o suficiente", disse James, "Se todos se concentrassem, poderíamos
facilmente levitar todos eles."

“E fazer o que com eles?! Pegadinhas práticas precisam de um elemento prático!”


Black insistiu. Todos os outros começaram a rir dele, então o moreno apenas balançou
a cabeça com desdém e tomou um gole de sua cerveja amanteigada.

"Você não está bebendo?" Remus notou de repente.

"Er... não." Sirius olhou para baixo, constrangido. “Achei melhor alguém continuar
responsável o suficiente para fazer vocês voltarem para o castelo por inteiro.”

“Ahhh,” Lily sorriu estupidamente, “Você se importa, Black! Você é todo doce e
sensível no fundo, não é? "

“Só não quero que ninguém seja expulso antes que possamos fazer essa pegadinha
decolar!”

"Decolar! Então você concorda com a ideia da levitação!” James gargalhou.

"Ah, pelo amor de Deus ..." Sirius revirou os olhos. "Eu estou indo ao banheiro." Ele
se levantou e os deixou rindo.

Remus aproveitou a oportunidade para sair e fumar um cigarro. Ele poderia ter
fumado dentro do pub, talvez Lily e James poderiam até deixá-lo, mas queria um
minuto para si mesmo. Lá fora estava bom e fresco, o ar parecia limpo. Ele acendeu o
cigarro e começou a tragar, envolvendo os braços ao redor do corpo para se proteger
do frio. Remus estava muito bêbado. Ele precisou se encostar na parede apenas para
permanecer de pé. Foi agradável; não precisava se preocupar com nada se estivesse
bêbado. Ninguém esperava que ele o fizesse.

Ele inclinou a cabeça para trás contra a parede, avistando a lua crescente pálida
brilhando através das nuvens. Pensou em Livia, como sempre fazia quando via a lua.
E Castor. Pensou sobre o aviso deles, e como tudo havia sido em vão no final. Por que

907
isso? Sua mente confusa devido ao whisky atingiu algo - algo que ele não tinha
pensado antes. Mas assim que apareceu, sumiu novamente. Remus balançou a cabeça,
confuso.

"Tudo bem?" Sirius saiu e se juntou a ele.

"Mmm." Acenou com a cabeça, sorrindo amplamente.

"Bêbado" O moreno sorriu.

“Ei!” Remus respondeu, brincando, “Eu posso segurar minha bebida, muuuito
obrigada. Ao contrário de alguns.”

"Ah, é?" Black brincou, encostando-se na parede também. Ele pegou a mão de Remus
e entrelaçou seus dedos.

“Sim” Lupin assentiu enfaticamente, “Lembra do meu aniversário de quinze anos?


Você e Pete ficaram tão fodidos, você vomitou no túnel.”

"Godric, como eu poderia esquecer," Sirius riu. "Horrível."

"Nahh," Remus suspirou feliz, apertando os dedos dele. "Foi bom. Você adormeceu
no meu ombro e me disse que eu era magia.”

"Eu disse?"

"Você disse."

“Isso soa bem. Eu devia estar muito bêbado.” Ele riu, "Não que eu não ache que você
não seja magia, Moony."

No entanto, a mente de Remus estava vagando. Seu cigarro havia apagado e ele o
largou.

“Gostaria de poder dizer coisas assim.

908
"Como o quê?" Sirius franziu a testa.

"Coisas legais."

"Você diz muitas coisas legais, Moony."

Remus balançou a cabeça, franzindo a testa. Não seria nada bom.

"Preciso de outra bebida."

“Ok, vamos lá então...”

Lá dentro, Peter estava meio adormecido, apoiado em seu cotovelo, e Lily estava
sentada no colo de James. Ela parecia estar tentando localizar as amígdalas dele com a
língua.

"Puta merda." Sirius reclamou, "Dá um tempo, vocês dois."

Remus deu uma risadinha, terminando o resto de seu uísque. Isso era melhor.

"Fale à vontade!" Lily mostrou sua língua rosa para ele. "Marlene me disse que pegou
vocês dois se agarrando no corredor outra noite!"

"E daí se ela nos pegou?" Sirius respondeu afetadamente: "Era algo bastante privado
até ela aparecer."

"Christopher estava lá," Remus falou. Lily riu e apontou para Black.

“Ha! Exibicionista!"

"Ela está certa." Lupin acenou com a cabeça, bêbado, “Você é. Lembra quando eu era
monitor e costumava achar você com Mary o tempo todo. ”

"Bem, aí era a Mary, você sabe como a Mary é..."

909
"Remus!" Lily disse, ainda rindo e com o rosto bem rosado agora "Você não vai
acreditar no que Mary me contou sobre você no ano passado!"

"O que?"

"Foi antes de você sair do armário, então pensei que ela tinha inventado, mas ela disse
a mim e a Marlene que você e ela... você sabe ..."

“Fizeram um doce amor heterossexual?” Sirius forneceu, mal sufocando sua própria
risada agora.

"Ah!" Remus disse "Sim, na verdade, é verdade.”

"O que?!" Lily olhou para ele com a boca aberta.

"Foi há muito tempo atrás…"

"Ano passado, na verdade." Sirius corrigiu. "Está tudo bem, Lily, ele só fez isso para
me deixar com ciúmes."

"Idiota arrogante." Remus bufou.

Peter começou a roncar. James olhou para ele, então para seu relógio de bolso.

"Acha que é melhor voltarmos?"

***

Remus insistiu em terminar não apenas sua bebida, mas a de todos os outros antes de
partirem. Ele queria estar bem e bêbado, para que caísse direto no sono, sem nenhum
dos pensamentos intrusivos que o atormentava desde o retorno de Marlene. Além
disso, embora não fosse contar a Sirius, seu quadril não doía tanto com todo aquele
álcool em seu sangue.

910
James foi fiel à sua palavra e carregou Lily em suas costas durante todo o caminho até
a Dedos de mel. Remus olhou para Sirius com uma sobrancelha arqueada. O outro
menino riu.

"Se quiser, eu te levito, mas não vou carregar você."

“Quem disse que o romance está morto?” Peter bocejou, esfregando os olhos e
arrastando-se ao lado deles.

No momento em que desciam os degraus para o porão da loja de doces, Remus estava
se sentindo muito menos animado com a coisa toda. Talvez os últimos uísques tenham
sido uma má ideia. Sua cabeça estava começando a latejar dolorosamente e sua visão
estava se borrando. Seus membros pareciam pesados e, à medida que afundavam na
escuridão do túnel, ele quase quis se deitar para dormir ali mesmo.

"Ninguém vai sentir nossa falta," ele murmurou enquanto Sirius o puxava gentilmente,
"Amanhã é final de semana."

"Eu realmente não acho que você ficará feliz acordando aqui, Moony," Sirius o
repreendeu gentilmente. "Confie em mim."

"Eu confio em você." Remus respondeu, sua boca cheia de saliva.

Tudo estava ótimo para Peter. Ele havia se transformado em um rato e se enrolou para
dormir no bolso de Lily.

“Ele é tão bom nisso,” Black se maravilhou, “Eu não consigo me transformar
bêbado.”

"Eu consigo!" James disse entusiasmado, e prontamente o fez, para grande susto de
Lily.

"Jesus Cristo." ela respirou, "Eu nunca vou me acostumar com isso."

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Prongs abaixou sua cabeça com chifres e abaixou um joelho, permitindo que Lily
subisse em suas costas. Ela agarrou o pescoço dele, sorrindo, e gritou quando James
começou a galopar pelo túnel.

Remus e Sirius ficaram olhando enquanto eles desapareciam na escuridão.

"Encantador." O moreno bufou.

“Por que você não é um animal mais útil?” Remus resmungou, apoiando-se
pesadamente contra ele.

“Não é como se tivéssemos escolha...”

"Urrgh." Remus gemeu, "Eu vou vomitar."

"Ugh, ali, então ..." Sirius o agarrou pelos ombros e o virou bem a tempo.

Felizmente, Remus não tinha comido muito naquele dia, mas ainda assim, ele se sentia
horrível. Seu estômago se contraiu dolorosamente e ele vomitou até seus olhos se
arregalarem, fazendo-o pensar que fosse engasgar. Seus olhos ardiam com as lágrimas
quando ele finalmente se levantou para respirar. Remus os esfregou rapidamente.
Sirius entregou a ele uma taça de água fria.

"Onde você conseguiu isso?" Balbuciou, limpando a boca.

“Eu guardo comigo para as luas cheias,” Sirius deu de ombros, “Feitiço de ausência de
peso. Devo ter deixado no meu bolso. Ei, apenas tome um gole, ou você vai colocar
tudo para fora de novo. "

Remus obedeceu, então lavou a boca e cuspiu.

"Desculpe." Ele disse, fracamente "Isso é nojento."

"É apenas vingança pelo seu aniversário de quinze anos" Sirius riu, "Vamos, vamos
andando?"

912
Lupin acenou com a cabeça, uma mão no ombro de Sirius para se manter firme.

"Não devia ter ficado tão bêbado." Murmurou.

"Você merece." Sirius respondeu, despreocupado. “Depois do dia que você teve. Ou a
semana que você teve... ”

"Eu fui um idiota." Remus estava ficando melancólico agora, sentindo pena de si
mesmo. Sirius não iria aceitar nada daquilo.

"Chega disso agora, já conversamos sobre isso."

"Eu sou um idiota."

"Não. Você é adorável." Black insistiu.

"Eu não tenho nenhum sentimento." Remus continuou.

"Do que você está falando, é claro que você tem sentimentos. Olha, estamos quase
chegando agora. Ugh, aqueles bastardos continuaram sem nós. Ei, você acha que
Prongs descobriu como se transformar de volta?"

"Ela me disse que me ama." Remus disse, sua testa no ombro de Sirius, agora.

"O que? Quem? ... oh ... certo ...” Sirius parou para verificar se ele estava bem e
tentou ser reconfortante "Bem, isso é bom, não é? É bom ouvir isso.”

"Eu não disse de volta."

"Oh, Moony, isso era esperado. Não significa que você não tenha sentimentos! Eu sei
que você tem em seu coração que você é um monstro, mas lamento dizer que você não
é."

"Não consegui dizer." Remus insistiu, sua voz abafada. “Eu não acho que consigo
dizer isso a ninguém. Mesmo se eu quiser.”

913
Sirius ficou muito quieto e completamente imóvel por um tempo. Eles estavam na
entrada do túnel agora, em alguns momentos estariam de volta ao castelo. Black lhe
deu um abraço rápido, acariciando seu cabelo gentilmente. Ele se afastou e segurou
sua mão com força.

"Tudo bem, Remus," ele sussurrou, embora estivessem sozinhos. "Tudo bem, porque
não é algo que você diz. É algo que você faz. Certo?"

"Certo." Lupin acenou com a cabeça, choroso e bêbado, mas perplexo de certa forma.

"Bom." Sirius sorriu novamente. "Agora, vamos te levar para a cama, hein?"

"Hm." Remus concordou. Assim que o moreno começou a empurrar a estátua da


bruxa corcunda para o lado, ele tocou seu braço, "Sirius?"

"Sim?"

"Você é magia."

914
Capítulo 140: Sétimo ano: Ideia brilhante

Sábado, 25 de fevereiro de 1978

Remus achava que nunca havia odiado tanto whisky de fogo como agora. Quando
acordou na manhã seguinte, sua garganta estava em carne viva, seus membros doíam e
sua cabeça latejava. Entre passar por uma noite de lua cheia e ficar de ressaca, ele
escolheria a lua cheia sem pensar duas vezes. Pelo menos depois da lua cheia, todos
eram compreensivos.

“Urrrgh.” Outra pessoa gemeu de uma das camas. Ouviu-se barulhos altos de passos
quando quem quer que fosse correu para o banheiro, bateu à porta e começou a
vomitar ruidosamente.

"Adorável." Sirius murmurou do travesseiro ao lado de Remus.

"Tudo bem aí, Pete?" Gritou James. Ele foi respondido com um som gorgolejante
alarmante de dentro do banheiro. "Um pouco de café da manhã vai te ajudar",
aconselhou.

Remus ouviu os pés de James pousando no chão. Ele começou a assobiar uma
melodia alegre. O maldito Potter perfeito e sua imunidade a ressacas.

O estômago de Remus roncou. Café da manhã parecia ser uma boa ideia, apesar da
dor aguda por trás de seus olhos. Sirius levantou a cabeça com o barulho e sorriu.

"Tudo bem, Moony?"

"Hm." Ele acenou com a cabeça fracamente, “Com sede. Com fome."

"Suponho que não vou conseguir passar o sábado deitado, então ..." O moreno
suspirou dramaticamente. Ele puxou o edredom e as cortinas para sair.

915
Remus se sentou lentamente.

"Sem pijamas?" Ele resmungou, tateando embaixo do travesseiro.

"Sim, você resistiu um pouco nessa questão," Sirius riu, se espreguiçando e


bocejando. “Disse que você estava muito quente. Você os jogou do outro lado do
quarto e eu desisti. "

"Fraco." Respondeu, pulando da cama em sua boxer para procurá-los. Ele teria que
usar o banheiro compartilhado no corredor, não parecia que Peter sairia do deles tão
cedo. Seus olhos arderam sob o forte sol da manhã e ele se curvou, tateando o chão
em busca da camisa e da calça do pijama como um animal confuso.

"Bom dia, rapazes," disse Lily, da cama de James.

"Merda!" Remus saltou, surpreso, e cobriu a virilha com a revista de quadribol mais
próxima, então mergulhou de volta para trás da cortina da cama, "O que diabos você
está fazendo aqui?!"

"Eu dormi aqui." Lily respondeu, com um sorriso em sua voz. "Eu não sabia que
vocês dois dividiam a cama."

"Eu não sabia que vocês dois dividiam a cama." Sirius respondeu, indignado. Ele
jogou o pijama para Remus, "Aí está, Moony, fique decente."

Remus iria matar James. O que ele achava que estava fazendo convidando meninas
para seu quarto? Certamente havia uma regra implícita sobre isso?! Nenhum lugar era
imaculado?! Ele vestiu o pijama o mais rápido que pôde por cima da cueca e saiu
correndo do quarto.

“Eu não vi nada!” Lily gritou atrás dele, rindo.

Cristo.

***

916
Ainda bem que era sábado. Eles andaram lentamente para o café da manhã, no final,
até Peter desceu para comer, embora ainda estivesse muito pálido e quieto, apenas
sentou-se para beber seu chá.

Remus, entretanto, encheu seu prato até que não pudesse ver o padrão de porcelana. O
café-da-manhã dos finais de semana eram os melhores; ovos fritos, salsichas
cumberland grossas, cogumelos fritos, bacon, torradas douradas com manteiga, feijão
cozido, tomate frito, pudim... ele iria realmente sentir falta da comida de Hogwarts.

"Por que Remus está tomando o café da manhã da ressaca?" Mary perguntou,
servindo-se de um pouco de suco de laranja. “E onde vocês estavam ontem à tarde?!”

“Acho que você respondeu sua própria pergunta, MacDonald,” Sirius piscou.

"Vocês sempre ficam com toda a diversão." Ela resmungou.

"Não tem nada de diversão." Peter respondeu, com a cabeça entre as mãos “Péssimo.
Horrível."

“Coma algo, Wormtail” Remus sugeriu, engolindo tudo que estava em sua boca.
"Você se sentirá melhor."

"Acho que ele está com medo de perder um braço..." Sirius sorriu, enquanto Remus
pegava outra porção de bacon.

"É, essa era a última fatia de torrada, Moony!" James reclamou.

"Ah, pelo amor de Deus, os pratos se reabastecem, não é?" Remus revirou os olhos.

“Sempre me perguntei como isso acontece”, refletiu Mary, observando enquanto o


prato de torrada era magicamente reabastecido.

“Não é tão complicado”, disse Sirius, “Feitiço básico de teletransporte - os elfos


domésticos têm mesas diretamente abaixo de nós nas cozinhas; eles enchem a mesa e,
em seguida, transportam a comida para os pratos correspondentes acima.”

917
"Mais ou menos como um elevador de mesa mágico." Remus acenou com a cabeça,
agora construindo para si um sanduíche muito complexo.

"Parece complicado para mim." Disse Mary. “Eu sou inútil em teletransporte, tive que
refazer meu teste de aparatação três vezes.”

“É mais fácil com objetos inanimados”, Lupin respondeu, servindo-se de ketchup, “e


eles estão apenas enviando diretamente para cima, então a parte do destino não exige
tanto esforço”.

“Eu tentei limpar meu quarto uma vez usando isso” Sirius disse, “Acabei mandando
toda a bagunça para o quarto acima do meu. Exceto que eu não consegui recuperar
nada depois, minha mãe colocou uma fechadura impenetrável no sótão. E eu
acidentalmente mandei minha cama, o que causou um pouco de confusão... ”

James e Remus deram risadinhas. Peter ergueu a cabeça.

"Hm." Ele murmurou.

"O que?" Lily perguntou "Você não vai vomitar de novo, vai?"

"Não, só estava pensando..."

"Merlin!" Black brincou, "Melhor dar a ele uma poção analgésica ..."

Peter o ignorou diligentemente, os olhos focados nos pratos de comida.

“Podemos fazer isso em uma escala maior?” Ele perguntou "A coisa do transporte?"

"Você quer dizer como levar comida da cozinha para o nosso dormitório?" Remus
perguntou, "Acho que não, acho que apenas os elfos domésticos podem fazer isso.
Seria ótimo, no entanto.”

"Não," Peter franziu a testa, balançando a cabeça, "Mais parecido com o que Sirius
estava dizendo - com camas, baús e móveis ..."

918
"Sim, provavelmente," Sirius deu de ombros, "Acho que é assim que tudo acaba indo
parar no trem no final do semestre. Porém, é uma magia um pouco poderosa - demorei
meio dia para fazer no meu quarto. Veja bem, eu tinha quatorze anos... ”

"Temos muitas pessoas, no entanto", disse Pettigrew, agora olhando para James,
sorrindo. "Nós poderíamos fazer isso."

"Peter", James estava começando a sorrir agora também. "Você acabou de ter sua
melhor ideia em sete anos de pegadinhas?"

Peter sorriu de volta para ele, parecendo mais feliz do que Remus o vira em anos.

“Reunião cooperativa de emergência!” James continuou, levantando-se, animado,


"Espalhem a notícia!"

***

O problema de planejar uma pegadinha entre trinta pessoas, em vez de quatro, era
pura logística. Entre os treinos de quadribol, clubes, revisão de NIEM e NOM e
disponibilidade de salas, convocar uma reunião de emergência era quase impossível.
Acabou sendo adiada para o domingo, depois para segunda - então, para a irritação de
James - seu horário habitual de quarta-feira.

“Ainda há muito tempo,” Lily o acalmou, “E podemos sempre começar a pesquisar


isso agora, então teremos os feitiços certos prontos para mostrar ao grupo.”

"Acho que sim." James murmurou, arrastando os pés nas lajes enquanto eles voltavam
para a sala comunal.

"Eu tenho algumas bombas de bosta por aí, se você quiser explodir algo por aí hoje..."
Sirius jogou um braço em volta de James.

"Sim!"

"Não consigo ouvir isso ..." Lily cobriu os ouvidos e correu para alcançar Mary.

919
No corredor da senhora gorda, Remus fez uma pausa.

"Vá em frente, só vou demorar um minuto." Ele parou do lado de fora da porta do
escritório da Professora McGonagall.

Sirius olhou para trás e deu a ele um aceno de compreensão, antes de continuar com
James e Peter, discutindo em voz alta sobre o melhor lugar para plantar as bombas de
bosta.

Remus bateu na porta timidamente.

“Entre,” veio uma voz de dentro.

Ele empurrou a porta e colocou a cabeça para dentro nervosamente antes de entrar.

"Olá, professora." Ele disse, se aproximando da mesa dela.

McGonagall estava corrigindo algumas redações, empilhadas ordenadamente a sua


frente, uma pena vermelha batendo suavemente no pergaminho enquanto ela lia. Ela
olhou para cima e sorriu agradavelmente para ele.

“Lupin, que bom ver você. Por favor sente-se."

Ele sentou-se com cuidado, estranhamente lembrando-se da primeira vez que esteve
ali, e como ela parecia alta e assustadora. Realmente havia pensado que iria odiá-la,
ela parecia muito com a Diretora. Agora ele era capaz de olhá-la nos olhos e sorrir de
volta como se ela fosse uma amiga de verdade. "Como posso ajudar?" A mulher
perguntou, enquanto a pena vermelha pousava no tinteiro ao lado dos papéis.

“Eu... eu queria pedir um favor,” disse cuidadosamente. Ele apalpou os bolsos e tirou
a carta de sua mãe e a colocou sobre a mesa, deslizando-a. “No Natal, os Potters me
ajudaram a encontrar minha mãe. Eu escrevi para ela e ela respondeu. Ela está em um
hospital trouxa, no País de Gales. Eu gostaria de ter permissão para ir vê-la. "

McGonagall apenas olhou para a carta brevemente, antes de olhar para ele novamente.

920
"Claro. Podemos fazer os arranjos assim que você quiser.”

"Mesmo?!" Ele ficou surpreso por ter sido tão fácil.

“Mesmo” ela respondeu, “Sr. Lupin, isto é uma escola, não uma prisão. Os alunos têm
permissão para visitar os membros da família.”

"Ah. Bem, ótimo. Eu pensei que talvez no próximo fim de semana de Hogsmeade? ”

"Certamente", ela abriu um caderno e anotou algo, "Venha me ver na manhã desse
dia, e eu escreverei sua permissão."

"Obrigada."

"Você gostaria que alguém fosse com você?"

"Er... não. Obrigado, mas não." Agora que já havia ido lá uma vez, percebeu que era
algo que precisava fazer sozinho. Não estava ansioso para contar isso para Sirius, mas
não havia como evitar.

"Estou muito feliz por você, Remus," disse McGonagall, sorrindo novamente. “Você
sabe que minha porta está sempre aberta, se você precisar de alguém para conversar.
Embora eu saiba que você não tem falta de amigos. "

“Obrigado,” ele olhou para baixo, envergonhado.

"Como está indo sua revisão, Sr. Lupin?"

"Bem, obrigado." Remus acenou com a cabeça, feliz por estarem falando de um
assunto mais fácil.

“Melhor do que bem, pelo que ouvi”, ela continuou, sorrindo, “Todos os seus
professores deram excelentes relatórios sobre suas realizações. Na maioria das aulas,
você está tendo um desempenho bem acima de seus colegas, e ouvi dizer que você não
só tem trabalhado duro para si mesmo, mas para ajudar os outros também?”

921
“O grupo de estudos é algo colaborativo...” Ele respondeu sem jeito.

"Mesmo assim," Professora McGonagall balançou a cabeça, "Estou orgulhosa de tê-lo


em minha casa, Sr. Lupin."

Ele não sabia o que dizer sobre isso, então apenas olhou para as próprias mãos. "Sr.
Lupin," a chefe da grifinória continuou, "tenho um favor a pedir..."

"Um favor?" Remus ergueu os olhos, surpreso. Como assim!?

"Aham, sim..." McGonagall parecia um pouco envergonhada e se inclinou


ligeiramente, "Como tenho certeza que você sabe, a última partida de quadribol do
ano acontecerá em abril, pouco antes das provas"

"Sim, James colocou a programação em nosso quarto com uma contagem regressiva
encantada em segundos e tudo."

McGonagall sorriu com ternura.

“James tem sido um trunfo absoluto para o time, ele liderou a Grifinória em uma
sequência de vitórias recorde durante seu tempo aqui. A equipe que ele montou é de
primeira classe, preparada para ganhar sua sexta taça em poucos anos ... o que me traz
ao meu problema.”

"Er ... você quer minha ajuda com um problema de quadribol?!"

"De fato. Agora, não posso entrar em muitos detalhes, mas lamento dizer que
Alexander Gordon, nosso batedor, estará voltando para casa pelo resto do semestre.
Eu direi a Potter na segunda-feira, é claro, um substituto deve ser encontrado o mais
rápido possível, e é por isso que eu queria falar com você primeiro... ”

"Professora, eu sou péssimo no quadribol!" Disse Remus, suando frio.

McGonagall o encarou com uma carranca por um momento, antes de começar uma
risada (altamente fora do personagem). Ela levou a mão à boca, desculpando-se.

922
“Meu Deus, Lupin! Não tive a intenção de sugerir... embora eu tenha certeza de que
você é muito capaz em uma vassoura, não era você que eu tinha em mente. "

"Oh!" Ele exalou, seus ombros relaxando. “Oh, bom. Er... então como posso ajudar? "

“Bem,” McGonagall ficou séria mais uma vez. “Nós já temos um bom batedor na
Grifinória. Mas, como você sabe, ele foi expulso da equipe há dois anos.”

"Sirius."

“Agora, eu não desejo tolerar seu comportamento, nem diminuir a enormidade do


incidente que ocorreu em seu quinto ano...”

"Não..." Remus engoliu, encontrando sua boca bastante seca. Ele não gostava de
pensar naquilo, nunca. Como o quadril, era uma dor que às vezes vinha à tona, mas
que ele precisava ignorar para continuar.

“E eu mantenho a punição que ele recebeu”, sua professora continuou, “mas... bem,
ele só foi eliminado da equipe, não foi colocado sob proibição permanente”.

"Certo," Remus acenou com a cabeça, sobriamente. "Então ele pode jogar de novo, se
quiser."

"Remus, não vou permitir, a menos que você concorde." McGonagall disse, colocando
a mão na mesa entre eles. "Foi você que Sirius colocou em perigo, e se você sente..."

"Não." Respondeu "Quero dizer, sim, quero dizer... deixe-o voltar ao time."

"Tem certeza?" Ela olhou para ele por cima dos óculos, como se tentasse ler sua
expressão.

"Absolutamente!" Remus forçou um sorriso. "Claro. Foi há dois anos.”

McGonagall o observou um pouco mais, então sorriu de volta, visivelmente aliviada.


Ele fez a coisa certa, então. A coisa que ela queria.

923
“Obrigada, Sr. Lupin,” ela acenou com a cabeça, recostando-se novamente. "Eu direi a
Potter a primeira coisa amanhã."

"Excelente." Remus acenou com a cabeça, levantando-se de seu assento. "Obrigado,


professora, até segunda-feira."

924
Capítulo 141: Sétimo ano: Star Star

Se quisesse, ele poderia ter contado a James e Sirius imediatamente. Poderia ter
bancado o herói, aproveitado os holofotes e ser a causa da alegria deles. Mas não fez
isso. Disse a si mesmo que era para preservar a privacidade de Alexander Gordon ou
respeitar a autoridade de McGonagall. Porém, a verdade é que ele simplesmente não
queria ter nada a ver com isso.

Obviamente queria que Sirius fosse feliz. Obviamente não queria ser um obstáculo
para a felicidade de Sirius. E obviamente ele queria que a grifinória vencesse a
sonserina na partida final, queria que James tivesse seu momento de glória. Não
queria ver Sirius punido para sempre por um erro que cometeu aos dezesseis anos.
Não queria que a traição pairasse sobre eles daquele jeito, ou trazer tudo à tona
novamente. E, no entanto, lá estava.

Remus havia perdoado Sirius no banheiro dos Potter há dois anos atrás; havia
absolvido um menino com sangue nas mãos e olhos tristes verdadeiramente
arrependido. Fora antes de se entenderem, antes de tantas outras boas lembranças, de
coisas boas que mudaram sua amizade. Porém, Remus não tinha esquecido como se
sentiu. Sirius poderia destruí-lo completamente, mesmo sem querer. Na verdade,
estava ainda mais vulnerável a isso agora do que esteve aos dezesseis.

Não, Remus disse a si mesmo. Havia uma diferença entre reparação e vingança. Sirius
merecia isso.

Na manhã de segunda-feira, James recebeu uma carta de McGonagall, pedindo para


vê-lo antes do treino de quadribol. Ele saiu correndo sem nem mesmo terminar o café
da manhã - nada era mais importante do que a partida final. Marlene e Yaz
começaram a especular sobre o que poderia ser, Peter e Sirius inclinaram-se sobre a
mesa ansiosos para se juntar a elas. Remus apenas esperou, sentindo-se meio satisfeito

925
e meio algo mais. Quando o café da manhã estava terminando, a voz abafada de James
começou a emanar do espelho bidirecional no bolso do uniforme de Sirius.

“Padfoot! Padfoot! Campo de quadribol! Agora!"

"O que você acha que ele quer?" Sirius coçou a cabeça quando eles se levantaram da
mesa.

"Oh, acho que você vai gostar." Remus respondeu enigmaticamente. "Vá em frente,
ele parece animado."

"Você sabe o que é, não é?" Sirius olhou para ele com desconfiança.

"Talvez."

"Você não quer que eu te acompanhe até Trato das Criaturas Mágicas?"

"Eu me viro. Vai! Pressa!"

Remus viu James e Sirius novamente só no almoço, e os dois estavam sorrindo de


orelha a orelha. Potter tinha o cronograma de quadribol definido e estava marcando
dias extras de treinamento para que Black pudesse voltar ao ritmo.

"Você estava certo," Sirius sorriu, praticamente saltando no banco quando Remus
chegou, "Eu realmente gostei."

Remus apenas sorriu de volta. Bastava vê-lo feliz; e se amor era algo que você fazia,
esperava que isso fosse o suficiente.

"Por que você está tão feliz?" Marlene perguntou, sentando-se em frente aos meninos.

"Diga olá para o seu novo batedor," Sirius explodiu.

James riu, assentindo.

926
"Oh!" Marlene sorriu brilhantemente, “Excelente! Er ... o que aconteceu com
Gordon?”

"Foi para casa." James respondeu "Não pude perguntar porque."

“Ah. Bem, de qualquer maneira ", A loira balançou a cabeça," Isso é fantástico, senti
falta de ter você na minha retaguarda. Então, como é que McGonagall deixou? Achei
que você tivesse sido expulso por ter feito algo que ninguém fala sobre...? "

"Ah, sim", acrescentou Mary, mexendo o queijo ralado em sua sopa de alho-poró e
batata, "também me lembro de algo assim, o que você fez?"

Sirius visivelmente hesitou com isso, seus olhos se arregalando.

Remus franziu a testa ligeiramente. Esta era a primeira vez que isso havia ocorrido a
ele? Remus esteve agonizando com as implicações de um evento do qual Sirius mal
lembrava?! Porém, mesmo assim, ele o resgatou.

"Ha, você não pode esperar que Sirius se lembre de cada façanha estúpida que ele faz
e que o coloca em apuros." Respondeu alegremente.

As meninas aceitaram e o almoço continuou, mas Remus podia sentir os olhos de


Sirius nele o tempo todo. Aparentemente, ele havia entendido a situação agora. Bem,
pensou, pelo menos só levou apenas algumas horas. Naquela época, no ano passado,
teriam sido meses.

Durante o resto das aulas da tarde, o instinto de Remus era o de ser evasivo; fugir
rapidamente após sua última aula e ficar na biblioteca até o mais tarde que pudesse,
então ir direto para a cama sem falar.

Mas, sério, ele tentou raciocinar consigo mesmo, essa não seria apenas outra maneira
de punir Sirius? Certamente não demonstraria perdão. Não havia se esquecido da
recente briga deles e como o moreno o chamou de 'exaustivo', o que havia ferido
bastante seus sentimentos, porque sabia que era uma verdade dolorosa.

927
Então. Ele tentaria do jeito de Sirius.

"Quer dar um passeio depois do jantar?" Perguntou casualmente, batendo na caixa de


fósforos onde guardava seus cigarros e - às vezes - algo mais recreativo.

"Sim," Sirius sorriu, surpreso, "Parece bom."

Pudim apareceu na mesa na frente deles. James estava fazendo anotações sobre
mecanismos de teletransportes e continuou pegando os pratos assim que eles
esvaziavam, para ver se voltariam a encher no ar ou pousariam na própria mesa.

"Potter, se você deixar cair uma torta de melado, eu vou te arrebentar..." Lily
ameaçou.

***

Foi fácil para eles fugirem naquela noite, e os dois vagaram em direção à torre de
astronomia, porque as noites estavam agradáveis agora que o inverno finalmente
estava chegando ao fim e não haveria ninguém lá para reclamar por estarem fumando.

Eles interromperam um casal do quinto ano desajeitadamente se agarrando nos


parapeitos e usaram o privilégio de serem do sétimo ano para mandá-los embora.

"Honestamente, quando tínhamos a idade deles, nós nunca..." Sirius resmungou em


desaprovação.

"Tem certeza que quer terminar isso?" Remus ergueu uma sobrancelha irônico.

Os dois se acomodaram. Remus enrolou suas vestes para usá-las como almofada, e
eles se sentaram de costas para a parede, bolando seus baseados tranquilamente.
"Estou muito feliz por você." Remus começou, após sua primeira tragada. “Sobre o
quadribol. Você merece isso."

928
"Obrigado," Sirius acenou com a cabeça, parecendo aliviado. “Eu realmente... hum.
Eu perguntei a James, e ele disse que McGonagall perguntou a você primeiro se
estava tudo bem.”

"Ela perguntou." Concordou, mantendo a voz firme. “Obviamente eu disse que estava
tudo bem. Obviamente."

“Estou muito agradecido. Você não precisava, eu teria entendido."

"Mesmo?" Remus olhou para ele, finalmente.

“Claro,” Sirius disse, seriamente, “Eu mereci a minha punição. Eu merecia ser expulso
pelo que fiz. Ser trancado em Azkaban. Eu escapei fácil, e eu sei disso.”

"Eu nunca quis que você sofresse." Remus respondeu. “Eu te odiei por isso - eu não
vou mentir. Mas eu te perdoei, então não posso continuar guardando rancor. Você
cumpriu a sua promessa, como disse que faria. "

Ele se sentia um pouco atordoado enquanto dizia tudo isso. Não era muito, mas ele
sabia que os dois sentiam o peso das palavras. Sirius sempre tentou entendê-lo mais
do que qualquer um.

"Mesmo assim," Black respondeu, colocando uma mão sobre a de Remus, "Se você
ainda está com raiva, tudo bem. Ainda me sinto culpado por isso. Foi a pior coisa que
já fiz.”

"Não precisamos falar sobre isso..." Ele se mexeu desconfortavelmente. Realmente


não queria falar sobre isso.

“Eu só queria que você soubesse que ainda me sinto responsável. Eu não culpo
ninguém além de mim - nem mesmo Snivellus. Nem mesmo... nem mesmo ela."

"Quem?" Remus franziu a testa, perdido.

929
Ele sentiu a perna de Sirius enrijecer ao lado dele, viu sua mão tremer apenas por um
momento.

"Minha mãe." Ele respondeu baixinho. Sua respiração estava superficial, e o moreno
falou tão baixo que Remus teve que esforçar os ouvidos para entender tudo. “Você se
lembra do que aconteceu naquele Natal? Foi quando fui expulso... ”

Remus acenou com a cabeça. Como poderia esquecer? Fora uma das piores noites de
sua vida, e ele já havia tido muitas delas.

Sirius continuou, olhando para os joelhos, encolhendo-se ainda mais contra a parede
de pedra.

"Ela já havia feito coisas antes - quero dizer, você sabe sobre isso, os cortes e o
silenciamento e daquela vez em que ela fez meu cabelo sumir. Mas - e eu sei que isso
parece estranho - eu nunca pensei que ela faria... aquilo. Ela ameaçava me expulsar o
tempo todo, ameaçava fazer todo tipo de coisa. Mas até o momento que eles
começaram a se aprofundar em Voldemort, eu nunca realmente acreditei nela.”

Ele fez uma pausa, aparentemente para respirar fundo algumas vezes, então continuou
bravamente. “Sempre foi a coisa mais importante, quando eu estava crescendo, a
família. Lealdade à família. Eu sei que eles baniram Andrômeda, mas minha mãe
sabia que eles ainda mantinham contato, ela não tentou impedir. Então pensei - bem,
eles devem estar planejando perdoá-la um dia, traze-la de volta, porque ela era família.
E foi arrogante da minha parte, mas eu realmente nunca pensei que isso fosse
acontecer comigo.”

Ele olhou para Remus timidamente, como se tivesse dito algo idiota e esperasse ser
provocado. Remus não disse nada, apenas agarrou sua mão. Sirius suspirou.

“Mas então aconteceu - e eles já haviam me punido tantas vezes antes que eu pensei
que sabia o que esperar. Mas não naquele dia. Eu nunca tinha ficado tão... tão
assustado. " Seus olhos estavam brilhando agora, e ele estava olhando com raiva para

930
a frente. “Eu odiava, odiava me sentir daquele jeito e tudo que eu conseguia pensar,
deitado na cama dos Potter, era como você ou James teriam se saído melhor, sido mais
corajosos, ou como teriam pensado em uma maneira de revidar. Eu não revidei,
porque... porque eles eram minha família. "

"Sirius ..." Remus tentou soar gentil, mas Sirius balançou a cabeça, enxugando os
olhos rapidamente.

"Não, está tudo bem, não estou dizendo isso para que você sinta pena de mim, não
estou dando desculpas. Não há desculpa. Eu só estou... sei lá, tentando explicar. De
qualquer maneira, isso aconteceu no Natal, e depois eu estava morando na casa dos
Potters, então tudo bem para mim, não estava? Tipo... eu estava seguro e não tinha do
que temer. Mas eu ainda sentia que ela poderia me pegar. Eu tive esses pesadelos,
lembrando da maldição. Desculpe, eu sei que parece estúpido.”

“Não parece nada estúpido!”

"Ainda sim. Eu senti que tinha que fazer algo e não era como se eu sempre tivesse as
melhores ideias. Você sabe como eu era – todo arrogante, agindo como um idiota. Eu
e James, nós dois costumávamos incitar um ao outro, não é? E Snape era tão fácil de
incomodar, porque ele já é tão asqueroso e desagradável. Godric, tão desagradável.
Ele tentou atacar Mary, e então ele e Reg tentaram machucar você também, lembra? E
ele simplesmente continuava, não importava o que fizéssemos. E eu só... não é como
se Snape fosse a minha mãe ou algo assim - acho que há pelo menos seis graus de
maldade entre eles - mas ele me fez sentir do jeito que ela me fazia sentir. Como se eu
não conseguisse controlar. Eu só queria deixá-lo com medo, fazê-lo sentir isso
também, para que talvez ele parasse. Isso não é uma desculpa e eu sinto muito,
Moony. "

Remus não largou a mão de Sirius. Algo estranho estava acontecendo dentro dele.
Algo que raramente sentia fora da lua cheia. Um desejo feroz e irresistível de proteger
o garoto sentado ao seu lado. Um desejo de ter certeza de que ele nunca mais sentiria

931
medo de novo. Ele puxou Sirius para si, pegando seu baseado e pressionando seus
lábios juntos.

"Está perdoado." Ele disse: "Estou falando sério".

Sirius não falou nada, apenas o olhou, grato e feliz, e Remus pensou que se pudesse
engarrafar aquele olhar, ele nunca mais teria problema em produzir um patrono
novamente. "E você pode culpar sua mãe por isso, se quiser." Disse, se afastando, "Ela
certamente parece uma vagabunda."

Sirius bufou de tanto rir e enterrou o rosto no ombro dele.

"Seu incivilizado", ele riu, alegremente. "Eu realmente te..."

“Quem está aqui?!” Mary dobrou a esquina na ponta dos pés. "Oh." Ela suspirou ao
vê-los. "Eu esperava que fossem Marlene e Yaz, estou tentando pegá-las há muito
tempo para finalmente acabar com essa brincadeira de se esconder."

Sirius encostou-se na parede, enxugando os olhos rapidamente.

“Tudo bem, MacDonald,” ele sorriu, apertando os olhos para ela.

"Ohhh, é isso que eu acho que é?" Mary viu o baseado na mão de Remus, "Egoístas!"

***

Sexta-feira, 10 de março de 1978 - Pouco antes da meia-noite.

“Moony! Onde você foi? Eles vão fazer o seu bolo antes que James realmente fique
bêbado...” Sirius gritou escada acima.

Remus sorriu para si mesmo, embriagado. James já estava bêbado demais a essa
altura, se perguntassem a ele. Potter estava pulando em toda a mobília da sala comunal
ao som de "Jean Genie" a meia hora já.

932
"Sim, só mais um segundo!" Remus gritou de volta.

Ele estava procurando algo para usar como um vaso e finalmente decidiu transfigurar
uma velha bota Wellington que deve ter sido de Peter no primeiro ano. “Aguamente,”
ele murmurou, sua varinha fez um movimento um pouco desleixado por causa da
cidra. Ele havia pensado que cidra seria uma escolha mais inteligente do que uísque,
mas parecia tê-lo tornado mais estúpido do que o normal.

Ele mergulhou o buquê de tulipas no vaso que parecia muito borrachento e sorriu para
si mesmo.

"O que você está fazendo?" Sirius entrou. Ele também estava bêbado. O moreno usava
um chapéu lilás de aba larga que havia conseguido em algum lugar e o estava usando
em um ângulo elegante. "Flores?" Ele parecia confuso.

“Er, sim. De um dos lufanos do meu grupo de estudos.”

“Quem está te dando flores?!”

“Miranda O’Dell. Quarto ano."

"Mas por que?!"

"Eu pedi a ela," Remus sorriu, curtindo o jogo.

Sirius ergueu as mãos.

“Moony! Estou bêbado demais para seus quebra-cabeças!”

"São para Hope," Ele colocou a língua para fora. "Vou vê-la amanhã, lembra?"

"Oh sim!" Sirius sorriu de novo, olhos praticamente violetas sob a sombra de seu
chapéu roxo ridiculamente lisonjeiro. "Ansioso?"

933
"Sabe de uma coisa, eu meio que estou? Pelo menos eu não quero vomitar, como da
última vez.”

"Progresso!" Black abriu os braços. O volume da música no andar de baixo aumentou


alguns decibéis, quando o som da guitarra vibrante recomeçou, e a voz de James pôde
ser ouvida estrondosamente.

“A small Jean Genie snuck off to the city, strung out on lasers and slash-back blazers,
ate all your razors while pulling the waiters…”

"James realmente gosta dessa música, hein?" Remus sorriu, as mãos nos bolsos,
gostando de ficar longe de tudo um pouco.

“Depois de anos de tentativas, Bowie finalmente conseguiu entrar nele.” Sirius voltou,
dando alguns passos tímidos em direção a Remus, encostando-se na cabeceira da
cama daquele jeito devastadoramente casual. "Você está gostando da sua festa?" Ele
inclinou a cabeça para baixo enquanto perguntava, os olhos grandes e sedutores como
os de uma garota.

"Muito," Remus balançou a cabeça, retribuindo o sorriso.

"Alguém convidou Lockhart, o idiota."

"Ah é?"

"Sim, como é que ele é assim, afinal?!"

Remus apenas deu de ombros, os olhos fixos na maneira como Sirius movimentava os
quadris inconscientemente para frente e para trás no ritmo do baixo que reverberava
nas tábuas do piso. Quando saíssem da escola, Remus compraria para ele cem pares de
jeans preto, e isso seria tudo o que permitiria que ele vestisse.

"Quer seu presente?" Sirius perguntou de repente, chamando sua atenção.

934
"Você já me deu um presente!" Remus protestou. Havia ganhado suprimento de sapos
de chocolate para anos inteiros - embora tivesse certeza de que poderia acabar com
eles assim que os exames terminassem.

"Eu tenho permissão para te dar mais de uma coisa." Black disse, petulantemente.

Ele se afastou da cama, com as pernas abertas, e acenou com as mãos


extravagantemente no ar como um mágico trouxa. Então, com uma reverência
dramática, ele tirou o chapéu da cabeça em um movimento fluido, enfiou a mão dentro
e retirou uma pequena coisa de metal.

Black o entregou a Remus, que sentiu o cheiro de ouro maciço. Era uma caixa
retangular, apenas maior que a palma da mão. Possuía o mesmo desenho de videira
frondosa de seu relógio de bolso de ouro, e parecia bom e pesado em sua mão. Ele a
abriu para encontrar uma fileira de dezoito cigarros bem enrolados aninhados dentro.
A tampa interna também tinha um desenho, delicadamente gravado para que as linhas
finamente talhadas brilhassem quando refletissem a luz. Era um céu noturno
cintilante, com uma grande lua celestial em um canto e Canis Major destacado em
incrustações de madrepérola.

"Sirius." Remus disse baixinho, o olhando.

"Para que você possa se livrar daquela caixa de fósforos velha e nojenta."

"Obrigado... é lindo."

"Ei, vocês dois, se apressem ou Wormtail vai comer o bolo!" James gritou escada
acima, ignorando as tentativas de Lily de calá-lo.

Remus e Sirius sorriram um para o outro e desceram, de mãos dadas até o último
degrau.

A sala comum estava em um estado incrível; quase irreconhecível. Luzes de fadas


multicoloridas penduradas em cada viga, balões flutuando para cima e para baixo

935
como águas-vivas inchadas esquisitas, as armaduras ocasionalmente soltavam fogos
de artifício sem chamas, e havia pessoas em cada extensão de carpete e garrafas em
cada superfície.

“Jean Genie! Lives on his back! Jean Genie! Loves chimney stacks! He’s outrageous,
he screams and he bawls… ”

A maioria dos convidados agora estava pulando pela sala com toda a graça e
dignidade de crianças em pula-pula, liderados por James, Peter, Lily e Mary, que
estavam pulando com mais vigor. James parou ao ver Remus e ergueu os braços
comemorando.

"Moonyyyyy!"

"Bolo!" Peter começou a entoar "Bolo, bolo, bolo!"

Todos se juntaram, e a multidão se separou para Christopher e Marlene, que


carregavam entre eles um enorme bolo retangular, do tamanho de uma fronha
estofada. Quando o trouxeram para Remus, ele viu, com uma onda de alegria, que
estava decorado com cobertura de creme de manteiga de chocolate para parecer um
livro gigante encadernado em couro.

“Minhas duas coisas favoritas,” ele riu, ignorando a cotovelada de Sirius nas costelas.

Ele apagou as velas e cortou o bolo, fazendo o mesmo pedido nas duas vezes. Depois
disso, James começou a liderar todos em uma série de brindes; cada um mais
complicado e elaborado do que o anterior, encorajado por Sirius e Peter. O que
significou pelo menos mais dois litros de cidra e cerveja da bruxa de Mary quando ele
acabou.

A última lembrança de Remus de sua festa de aniversário de dezoito anos foi de


algum lunático decidindo colocar Goats Head Soup - que devia ser seu álbum menos
favorito dos Rolling Stones, mas ele estava bêbado e não se importou. Os pulos e
batidas continuaram, e a sala estava quente, barulhenta e suada, e todos estavam com

936
o rosto vermelho e sorrindo - e Remus nem se importou quando Lily e James
apontaram e riram dele quando a última faixa começou a tocar e todos gritaram com
toda a força de seus pulmões.

If I ever get back to New York, girl

Gonna make you scream all night

Yeah! You're a star fucker, star fucker, star fucker, star fucker, star!

Yeah, a star fucker, star fucker, star fucker, star fucker, star!

A star fucker, star fucker, star fucker, star fucker star!”

937
Capítulo 142: Sétimo Ano: Visita ao
Hospital

Ela adorava tulipas. Ela adorava margaridas. Ela adorava não-me-esqueças e gerberas


e rosas e narcisos – ela amava cada flor que ele trazia. Ele sempre tentava trazer
alguma coisa. As flores eram de graça, desde que mantivesse Madame Sprout de bom
humor, e Hope não tinha muito apetite, então chocolate não era a melhor opção.

Eles se viram mais cinco vezes na primavera de 1978, e Remus marcaria cada um
desses encontros com as flores que trouxera para ela, com as conversas que tiveram
também, é claro - mas as flores pareciam fixar tudo; colorindo cada sessão com sua
própria personalidade.

Tulipas presidiram o segundo encontro. Elas eram laranja, rosa e amarelo, com caules
robustos e verde escuro e pétalas de veludo suntuosas. Uma flor muito generosa,
Remus pensou.

Ela estava pronta para ele, desta vez; havia lavado e penteado o cabelo, que brilhava
em um loiro platinado ensolarado contra os cobertores rosa do hospital. Havia
colocado um pouco de maquiagem também, embora Remus se sentisse mal por
perceber isso, porque sentia que não deveria se importar com a aparência dela.

“Pedi à minha irmã para desenterrar algumas fotos,” disse Hope ansiosamente,
batendo em um envelope de papel pardo ao lado da cama, enquanto Remus colocava o
estranho vaso que havia transfigurado enquanto estava bêbado.

“Do que são as fotos?” Perguntou com cautela, puxando uma cadeira para o lado
dela. Ele não queria ser pego de surpresa por nada muito doloroso.

"Algumas são suas, quando bebê", ela sorriu com lábios cor de coral brilhantes,
"Algumas de mim e de seu pai."

938
"Lyall." Remus disse, rapidamente.

"Eu e Lyall", ela se corrigiu por educação.

Hope sempre fazia o possível e o impossível para impedir Remus de sentir, até
mesmo, o menor desconforto; isso esteve claro desde o início. Ele achava isso
perturbador; muito poucas pessoas haviam se importado com seus sentimentos tão
intensamente antes.

Ele pegou o envelope e o segurou por um momento.

“Você não tem que olhar. Podemos fazer isso em outro momento.” Disse Hope, com
um tremor de medo na voz. Ele não queria assustá-la. Queria dizer a ela para não se
preocupar; que ele não iria fugir ou desaparecer para sempre; que queria estar lá e
queria conhecê-la. Mas isso era demais, então apenas abriu o pacote e sorriu.

"Não, eu quero ver."

Felizmente, não haviam muitas - mas ele ficou surpreso ao descobrir que mais da
metade das fotos eram mágicas, e as imagens se moviam em suas mãos como rolos de
filme.

“Tive de mantê-las escondidas”, confidenciou Hope, “Lyall nunca gostou do tipo


normal de fotografia; ele dizia que eram muito sem graça.”

"Quantos anos ele tinha nesta aqui?" Remus ergueu uma foto de seus pais, no quintal
de alguém. Lyall estava usando um terno trouxa e os dois estavam com os olhos
semicerrados por causa da luz do sol, mas sorrindo. Ele estava com o braço em volta
da cintura de Hope.

"Oh, acho que só nos conhecemos algumas semanas antes de a foto ser tirada", disse
Hope, pegando-a para olhar mais de perto, "Ele teria... trinta anos, eu acho?"

939
Remus olhou novamente. Ele sabia que era parecido com Lyall, havia ouvido isso
algumas vezes e, até certo ponto, concordava. Ambos eram desengonçados, altos,
magros e com má postura. Porém, Lyall parecia mais à vontade do que Remus jamais
se sentira em seu corpo comprido; seus movimentos na fotografia eram confiantes e
seguros.

Ela o deixou levar as fotos de volta à escola, e ele as mostrou aos amigos. Durante
seus sete anos em Hogwarts, ele viu muitas fotos de família. Peter e James mantinham
as fotos em porta-retratos ao lado da cama, ou então pregadas nas paredes sobre os
armários. Lily tinha um álbum que folheava quando estava com saudades de casa, e
Mary possuía uma caixa de sapatos cheia de fotos tiradas durante férias, natais,
cartões postais e fotos de seus primos na Jamaica. Então foi uma experiência
surpreendentemente boa, Remus pensou, ser capaz de compartilhar sua própria
coleção modesta.

"São eles", disse timidamente, enquanto se sentavam ao redor da lareira, "Eles são
meus pais."

"Remus, você se parece com o seu pai!" Lily disse, querendo ser gentil.

"Uau, olhe o cabelo da sua mãe!" Mary sorriu, "Que gatinha glamorosa!"

"Ahhh!" James pegou outra foto, acenando para todos, "Olhem para o bebezinho
Moony!"

Era bobo, Remus sabia, mas até sentiu o início do orgulho por compartilhar sua
família assim. Era prova de que um dia já havia sido normal, assim como seus
amigos. Esse é quem eu sou. É de onde eu vim.

Uma tarde, ele até voltou ao corredor da corvinal para ver o troféu de duelo com o
nome de Lyall nele. Era o mesmo de sempre, mas não lhe dava mais aquela misteriosa
dor como no segundo ano.  

Christopher e Marlene passaram enquanto ele estava olhando.

940
"Oh, 'Lupin'!" Christopher disse surpreso, olhando para dentro da caixa para ver o
troféu “É o seu pai? Legal!"

"Obrigado," Remus colocou as mãos nos bolsos, de repente tímido. Marlene tocou seu
ombro de maneira amigável e reconfortante. Ele sorriu para ela, agradecido. "Eu
conheci minha mãe recentemente," explicou a Christopher, "E isso me fez pensar."

“Você conheceu sua mãe? Achei que seus pais estivessem mortos.” Christopher coçou
a cabeça. Honestamente, se não fosse sobre algo que estivesse escrito em um livro, ele
poderia ser incrivelmente estúpido sobre algumas coisas.

"Apenas Lyall." Remus respondeu calmamente, apontando para o troféu.

"Então, se sua mãe está bem, por que você morava em um abrigo?"

"Cale a boca, Chris." Marlene resmungou. Ela deslizou o braço pelo de Remus, se


colando a ele, "Vamos, amor, o jantar vai ser em breve." A menina começou a levá-lo
embora.

"Eu não queria ser rude!" Christopher disse, correndo atrás deles.

"Tudo bem." Remus o tranquilizou, pensando rápido. “Minha mãe está no hospital, ela


não esteve bem o suficiente para cuidar de mim.” Era apenas uma meia mentira.

***

"Como ele era?" Remus perguntou a Hope, na próxima vez que a viu. Desta vez, levou
um vaso de gerânios vermelho vivo e berrante, com lindas folhas largas como leques
chineses.

"Lyall?" Ela perguntou.

Ele acenou com a cabeça, se preparado para o impacto.

941
“Ele era o homem mais inteligente que já conheci.” Hope respondeu
decisivamente. “Nunca entendi metade das coisas que ele dizia, mas adorava ouvir - e
ele adorava falar.”

"Parece um pouco ... arrogante?" Remus disse, desconfortável. Hope riu.

“Oh, ele era arrogante, sim! Ele também sabia disso. Sempre tinha que estar certo,
sempre tinha que dar a última palavra. Nós brigávamos como um cão e um gato por
causa disso, às vezes.” Ela viu o olhar de desânimo dele e se apressou em esclarecer,
“Eu o amava por isso, no entanto. Eu amava quanta certeza ele tinha, quanta
confiança. Ele nunca me decepcionou.”

Sim, ele te decepcionou. Remus pensou, amargamente. Ela se esquecia de coisas assim


- talvez fosse sua doença ou apenas um efeito colateral de uma vida encurtada. Ela era
implacavelmente otimista, incapaz de encontrar defeitos nas pessoas que amava.

Ela contou a ele como eles se conheceram, como se fosse um conto de fadas.

“Certa tarde, eu estava voltando do trabalho para casa. Naquela época, eu era
operadora de uma central telefônica. Peguei um atalho, o mesmo de sempre, no
principal ponto de ônibus da cidade, por um trecho de um bosque. Então, do nada,
esse homem veio e me atacou - um vagabundo, pensei, ou um prisioneiro
fugitivo. Gritei e foi Lyall quem me salvou. Bem, eu o amei no momento em que ele
me segurou em seus braços, ele era um herói. Claro, ele me disse mais tarde que tinha
sido apenas um bicho-papão, mas ainda assim era muito corajoso, não era?"

Remus acenou com a cabeça distraidamente.  

“Eu conheci algumas pessoas que o conheciam”, disse ele, “eles me disseram que ele
tinha um temperamento ruim”.

"O que? Não." Ela franziu a testa, “Ele ficava irritado às vezes, mas todos nós ficamos
também, não? Mas ele sempre foi bom e sempre gentil conosco. Ele odiava violência.”

942
"Certo." Remus acenou com a cabeça. Ele nunca soube o que pensar sobre Lyall. Nada
sobre ele parecia real, porque nada que aprendesse poderia apagar o que ele havia
feito.

As conversas com Hope nem sempre eram difíceis. Frequentemente, eram muito


agradáveis. Eles falavam sobre coisas pequenas e sem importância; gostos e
desgostos, comidas favoritas, filmes ou canções favoritas.

Ela amava os Beatles e Fairport Convention - e acima de tudo, gostava de Simon e


Garfunkel. Ela gosta de canções tristes. Hope cantarolava junto 'The Only Living Boy
in New York', quando tocava na vitrola, mas 'America' era sua favorita, porque a fazia
chorar.  I’m empty and aching and I don’t know why.

Às vezes ela não estava bem e cochilava, perdendo e recuperando a


consciência. Remus apenas se sentava e lia seu livro até a hora de ir embora. Ela até
pediu que ele lesse para ela, uma ou duas vezes.

“Não me importo sobre o que seja, só gosto da sua voz”, ela sorria sob as pálpebras
pesadas. Ele gostava daqueles tempos, neles, Remus realmente sentia que eles
pertenciam um ao outro.

"Você já perguntou a ela por quê?" Sirius perguntou a ele uma noite, quando voltou de
um dia no hospital.

"Perguntou a ela por quê o quê?" Bocejou, se espreguiçando e colocando os pés no


colo do moreno. Ele pensou que eles poderiam se safar - não era algo muito íntimo, e a
sala comunal estava relativamente vazia.

"Você sabe. Por que ela nunca entrou em contato.”

Remus franziu a testa. Ele apoiou a cabeça no braço do sofá e olhou para o teto.

"Não." Ele disse “Não vejo sentido em perguntar”.

943
"Eu gostaria de saber." Sirius respondeu, brincando com os cadarços das botas de
Remus.

"Bem.” Respondeu friamente, "Esse é você."

"Ok," Black disse, "Desculpe."

Remus sentiu uma pontada de culpa. Sirius estava sido extremamente sensível em


relação à Hope, deixando-o assumir a liderança quando se tratava de conversar sobre
isso, então não era justo rebater.

Na verdade, ele estava apavorado. Queria muito saber exatamente o que Hope vinha
fazendo consigo mesma por treze anos, mas sabia que nenhuma resposta o
satisfaria. As outras crianças mencionadas pela enfermeira em sua primeira visita
nunca foram mencionadas e ela não usava aliança. Não haviam outras fotos ao redor
de sua cama de hospital e nenhum sinal de que alguém a estivesse visitando.

E Remus era egoísta. Ele gostava de ter Hope só para ele. Gostava de fingir que não
havia mais ninguém no mundo. Era a única maneira de eles se comunicarem por
enquanto, decidiu. A única maneira era bloquear todo o barulho de outras pessoas, e
apenas serem eles mesmos juntos.

“É um grande livro”, ela sorriu, acordando no meio de outra visita. Margaridas,


naquela visita; flores grandes, alegres e amigáveis. "É sobre o que?"

“Revisão de história.” Ele explicou, fechando-o com cuidado agora que ela estava
acordada. "Meus exames finais estão chegando."

“Menino inteligente,” ela murmurou, suas pálpebras tremulando. “Qual é a sua melhor


matéria?”

"Hum... História, suponho." Ele respondeu “Mas eu sou bom em Feitiços e gosto


muito de Trato de Criaturas Mágicas”.

944
“Assim como seu pai,” ela sorriu, fechando os olhos. Naquele dia, seu rosto estava
muito pálido e ele não tentou corrigi-la, ela estava obviamente exausta. "Talvez você
salve uma garota bonita de um bicho papão, um dia." Ela riu baixinho.

"É, talvez." Respondeu. Então, porque ele se sentiu mal por mentir, adicionou "Eu
gosto de Transfiguração também, mas meu amigo Sirius é o melhor da classe - ele
pode se transformar em um cachorro e tudo mais."

Ela sorriu.

"Sirius é um bom nome."

"Sim. Sirius Black." Disse Remus. Ele estava feliz que os olhos dela estivessem


fechados, isso tornava as coisas mais fáceis. "Ele é meu melhor amigo. ... Quer dizer,
eu tenho muitos amigos, mas ele é o mais... provavelmente vamos morar juntos,
depois que acabar a escola.”

"Isso vai ser bom..." ela adormeceu novamente. Remus se remexeu um pouco,


sentindo-se ansioso, então voltou para sua revisão. Ele a acordou um pouco antes de
ter que sair, no entanto.

"Vejo você na próxima semana?" Ela apertou a mão dele com uma força
surpreendente.

"Não, desculpe", ele balançou a cabeça, "Eu... próxima sexta-feira é lua cheia, então
não poderei viajar no sábado."

“Lua cheia...” ela murmurou, levando alguns segundos para entender. Quando a névoa
se dissipou, ela teve um olhar agudo de pânico que Remus não suportou.

“Mas talvez eu possa vir no domingo. Eu verei." Ele se abaixou e beijou sua bochecha,
muito levemente. Ela começou a chorar e ele teve que ir embora. Estava no meio da
enfermaria quando a ouviu murmurar, muito baixinho.

945
"Maldito seja, Lyall Lupin, seu bastardo."

946
Capítulo 143: Sétimo ano: Colapso

If I seem a little jittery I can't restrain myself

I'm falling into fancy fragments

Can't contain myself

I gotta breakdown, breakdown, yeah

I gotta breakdown, breakdown, yeah

Breakdown by The Buzzcocks.

Sexta-feira, 24 de março de 1978

03:00 AM

Remus rolou novamente. Ele não conseguia dormir. Ficava com muito calor com o
edredom e com muito frio sem ele. Suas pernas se enroscavam nos lençóis, seu
travesseiro tinha caroços e em algum lugar da torre da Grifinória uma torneira
pingava, o que o estava deixando louco. Além disso, simplesmente não se sentia
cansado.

Ele suspirou pesadamente e rolou novamente. Ao lado dele, Sirius gemeu.

"Moony, você é meu melhor amigo, e eu provavelmente entraria na frente de uma


maldição por você, mas se você me acordar mais uma vez, não posso ser
responsabilizado por minhas ações." Ele disse tudo isso sem abrir os olhos.

"Desculpe," Remus sussurrou, "Acho que é a lua, não consigo dormir."

"Mmmrgh."

947
"Desculpe."

Ele saiu da cama. Não adiantava fazer o outro permanecer acordado também.

Do lado de fora das cortinas da cama, na escuridão da manhã do quarto, Remus ficou
parado na janela por um tempo. Era uma noite clara e a lua estava quase cheia. Falta
apenas um pedacinho. Ele se perguntou se já havia visto uma lua cheia com seus
próprios olhos humanos. Talvez fora muito jovem para se lembrar.

A floresta sob a lua estava negra com as sombras, e parecia inacreditável para Remus
que em apenas algumas horas ele e seus amigos estariam correndo por entre aquelas
árvores escuras e misteriosas como se fosse seu playground pessoal. Agora, parecia
assustador; um grande buraco negro que poderia engoli-lo por inteiro.

Apenas mais quatro luas em Hogwarts. E depois?

Ele deixou esse pensamento de lado, para outra hora.

Remus olhou para sua própria cama vazia sem entusiasmo. As cortinas não eram
fechadas há semanas, porque ele nunca dormia lá, apenas usava para fazer o dever de
casa. Como consequência, estava coberta de livros, penas quebradas, embalagens de
chocolate, bolas de papel amassadas. Mesmo que estivesse arrumada, os lençóis
pareciam de alguma forma frios e pouco convidativos ao luar. Teria suspirado de
novo, mas não queria fazer mais barulho.

Haviam alguns biscoitos na sala comunal. Uma lata de garibaldi da Sra. Potter. Se
pegasse seu livro e cigarros, poderia passar algumas horas agradáveis antes de
finalmente adormecer ou chegar a hora do café da manhã. Seu estômago roncou, e
essa foi a decisão tomada. Ele calçou um par de meias grossas (na verdade, eram de
Peter, mas ele nunca se importou muito em emprestar coisas), pegou sua varinha, seu
livro e desceu para a sala comunal, tomando cuidado e pulando por cima do degrau
barulhento da escada.

948
Enquanto Remus abria a porta da sala comunal, percebeu - tarde demais - que não
estava sozinho. A lareira estava acesa e as lâmpadas ao redor dos sofás brilhavam
calorosamente. Uma figura estava enrolada no maior sofá de veludo vermelho, envolta
em um grosso cobertor marrom, com apenas uma longa trança preta saindo do topo.
Na poltrona, segurando uma caneca oval quente e olhando fixamente para o fogo,
estava Marlene. Ela ergueu os olhos quando ele entrou, e Remus não teve escolha a
não ser sorrir afavelmente e se aproximar dela.

Enquanto se aproximava, ele podia ver que seus olhos estavam escuros e pesados,
suas bochechas vermelhas e manchadas de lágrimas.

“Oi”, ele sussurrou para não acordar Yaz.

Ela deu um sorriso pequeno e distante, desdobrando-se ligeiramente e enxugando o


rosto.

"Oi."

"Você está bem?" Se prostrou, perto o suficiente. Ele não queria saber a resposta. Se
arrependeu de tudo e desejou com cada fibra de seu ser estar de volta na cama com
Sirius, levando um chute na canela toda vez que se movia.

Marlene balançou a cabeça tristemente, olhando para o fogo, seus olhos se enchendo
de lágrimas. Era uma visão familiar, nos dias de hoje, e não apenas Marlene. Más
notícias eram tão comuns. Membros da família no hospital, mortos ou - pior do que
ambos - desaparecidos.

"Eu disse que ele poderia entrar em contato pela lareira se quisesse conversar esta
noite." Ela sussurrou, sua voz rouca como a de uma velha. “Danny. É lua cheia
amanhã. Bem, esta noite, eu suponho. " A menina olhou de relance para o relógio.

"Ah, é?" Remus assumiu um ar o mais casual possível.

Marlene acenou com a cabeça, ainda olhando para o fogo.

949
“Tem que ser esta noite, você vê. Ele vai para o ministério amanhã e eles vão trancá-lo
nas celas de lá. Eu queria ir para casa por isso, mas ele diz que não há nada que eu
possa fazer.”

"Suponho que não." O estômago de Remus se apertou com tanta força que ele queria
se dobrar. Já estava tão nervoso e agitado. "Ele vai ficar bem..." tentou, esperando que
soasse gentil.

"Ele vai sobreviver." Ela disse, amargamente. “Mas eu não acho que ele vai ficar bem.
Isso tira um pouco de você, todas às vezes. Eu os vi, no St Mungo's. E... ele me
contou. Como se sente."

"Por que?!"

"Eu perguntei." Ela encolheu os ombros. “Madame Pomfrey disse que eu tenho uma
mente curiosa, é por isso que serei uma boa curadora. Queria saber para poder ajudar.
Mas ele estava tão deprimido depois do mês passado, tão fraco.”

“Tenho certeza de que apenas você estando lá já ajuda.” Remus tentou.

Marlene enxugou os olhos novamente com as mangas.

"Não parece o suficiente." Ela suspirou pesadamente e seu foco pareceu retornar um
pouco. A menina o olhou diretamente, pela primeira vez “Desculpe, amor, está tudo
bem com você? O que você está fazendo acordado?"

"Oh, simplesmente não conseguia dormir." Ele levantou seu livro para demonstrar.

"Nem eu. Eu sabia que Danny provavelmente não tentaria entrar em contato, mas não
poderia ir para a cama, caso ele precisasse. Pobre Yaz, tentou de verdade ficar
acordada”, ela lançou um olhar afetuoso para a garota que dormia no sofá. "Ela é boa
demais para mim."

950
"Pessoalmente, não acho que ninguém seja bom o suficiente para você." Remus disse -
embora não fosse ele falando, não realmente - eram palavras de Sirius. Percebeu que
se parecia mais e mais com Black a cada dia, e descobriu que não se importava. De
qualquer forma, isso fez Marlene sorrir novamente.

"Menino adorável." Ela disse, suavemente. “Sente-se, hm? Você está me deixando
nervosa pairando assim. "

Ele se sentou desajeitadamente no sofá em frente a Yaz. Marlene sentou,


espreguiçando-se, como se suas costas doessem. Quando ela desdobrou as pernas,
uma pena caiu no chão.

“Opa”, a menina se inclinou para pegá-la, “eu ia tentar escrever uma carta para ele.
Mas não sei o que dizer.” Ela puxou o pergaminho em branco da lateral da almofada
da poltrona.

Remus sentou-se rigidamente com seu livro no colo.

“É realmente uma cela o luga em que o colocam? No ministério? " Perguntou, incapaz
de conter sua curiosidade. Ela se levantou para se esticar mais e concordou com a
cabeça.

"Sim. Mamãe me disse. Ele não quis me contar sobre isso - o que significa que deve
ser ruim. Mamãe disse que é melhor eu não saber muito... "

"Mmm." Remus ficou de boca fechada, sem confiar em si mesmo. Marlene inclinou a
cabeça com simpatia.

"Eu sinto muito, Remus, eu nem pensei. Eu me sinto péssima reclamando disso
levando em conta a sua situação."

"O que?!" Ele olhou para ela, seu coração batendo forte.

951
“Com sua mãe no hospital,” Marlene respondeu, bocejando, colocando a pena e o
pergaminho na mesinha de centro entre eles. "Não me admira que você também não
consiga dormir."

“Ah, sim ...” Ele se esforçou para se acalmar. "Sim. Está tudo bem, eu entendo. ”

“Posso sentar com você um pouco? Você pode ler seu livro, eu não vou incomodar.”
Ela perguntou, mordendo o lábio. “Eu só não quero ser a única acordada.”

"Sim claro."

Para sua surpresa, ela não se sentou novamente, mas veio se juntar a ele no sofá.
Marlene se acomodou, ficando confortável, puxando o cobertor até o queixo. Ele
fingiu fazer o mesmo, abrindo o livro e apoiando-se casualmente no braço da poltrona.

"Revisão?" Ela perguntou, apoiando a bochecha em seu ombro.

“O que mais”, respondeu. “Aritmancia Avançada.”

"Oh Remus," ela bocejou novamente, sua voz grossa, "Que fascinante." A menina
relaxou um pouco e pousou a mão no joelho dele. Ele deu um aperto rápido para
conforto.

"Você me conhece", disse ele suavemente, juntando-se ao sarcasmo dela, "Eu vivo
perigosamente."

Marlene deu uma risada baixa, fechando os olhos. Ele leu enquanto sentia o batimento
cardíaco dela se estabilizar, sua respiração regular, e, em apenas alguns minutos, ela
estava profundamente adormecida, um peso morto enrolado contra ele. Ele não se
importou. Na verdade, era muito bom.

Remus parou de ler depois que Marlene adormeceu. Ele gentilmente fechou seu livro
e apenas ficou pensando por um tempo. Podia sentir o cheiro salgado das lágrimas
secando na pele dela e a ansiedade em seu sangue. Não conseguia tirar Danny da

952
cabeça, em uma cela no Ministério da Magia - provavelmente subterrânea,
provavelmente vazia, escura e fria...

A dor seria um verdadeiro choque, se você nunca a tivesse experimentado antes,


Remus pensou. Podia muito bem imaginar que a segunda lua cheia seria ainda pior,
porque você saberia o que estava por vir. Não admira que Danny não quisesse falar
sobre isso.

Se o que Marlene disse era verdade, então seu irmão não tinha mais ninguém para
perguntar sobre isso. Ninguém para dizer a ele que se você tentasse lutar contra a
transformação, se você tentasse se afastar isso, apenas doeria mais. Ninguém para
dizer que a essência de murtlap era melhor para os cortes iniciais, mas se você usasse
também antisséptico trouxa, a pele se curaria de forma mais limpa. E havia coisas que
Remus não tinha certeza se alguém sabia - sobre o cheiro de magia, ou como você
poderia extrair dele. Como isso o tornava mais forte, contanto que você pudesse
canalizar direito. Como ser um lobisomem significava muitas coisas, e nem todas
eram horríveis.

Não mais perto de dormir, Remus pegou o pedaço de pergaminho em branco e


começou a escrever.

***

I feel my brain like porridge coming outta my ears

And I was anticipating reverie

Taken leave of my senses and I'm in arrears

My legs buckle over, I'm living on my knees

I gotta breakdown, yeah

You gimme breakdown, yeah

953
I'm gonna breakdown, yeah, uh-huh

Sexta-feira, 24 de março de 1978

17:30

"Você não tem que me levar," Remus retrucou irritado, "Eu sei onde fica a ala
hospitalar."

"Eu sei," Sirius respondeu alegremente, levantando-se mesmo assim.

James, Peter e Lily encaravam a comida.

"Você ainda não terminou o jantar." Remus franziu a testa.

"Nem você."

"Isso é porque eu não quero vomitar em mim mesmo quando a agonia paralisante
chegar." Murmurou sombriamente.

Sirius olhou para os amigos deles, que encaravam com firmeza seus pratos vazios.

"Vamos, Moony, vamos ..." ele disse, um pouco mais gentilmente.

Remus enfiou as mãos nos bolsos das vestes e saiu rapidamente do Salão Principal,
forçando Sirius a correr um pouco para acompanhá-lo. "Ei!" O moreno correu atrás
dele.

Não diminuiu a velocidade até que estivessem na metade do caminho para a ala
hospitalar.

"Ok, entendi, você está de mau humor", Sirius bufou.

“Estou sempre de mau humor.” Remus resmungou. "Você deveria parar de fumar,
como vamos vencer a Sonserina se você está tão sem fôlego que não consegue me
acompanhar?"

954
"Você pode falar," Sirius se endireitou. "Esta é a primeira vez que eu vejo você sem
um cigarro na boca há semanas. De qualquer maneira. O que há de errado?"

"Mesmo? Você tem que perguntar." Remus acelerou novamente.

“Ok, ok,” Black agarrou o braço dele para atrasá-lo, “Você não está dormindo e não
pôde jantar, embora tivesse pudim e shortbread de caramelo, que é o seu favorito ...
Justo, eu também estaria rabugento.”

“Eu não sou 'rabugento'.” Contra-argumentou.

“Sensível, então.”

"Vai se foder." Remus praticamente rosnou. "Me deixe em paz se você vai ficar
agindo como um idiota."

“Estou apenas tentando manter as coisas em perspectiva!”

"Você não entende."

"Me faça entender!"

Eles estavam quase chegando à ala hospitalar agora, e todos estavam jantando, então o
corredor estava vazio - o que era uma sorte, porque Remus não verificou antes de
perder a cabeça completamente.

“Fazer você entender?!” Ele gritou “Puta que pariu, ok, vá em frente então. Entenda
que estou escalando porras de paredes de preocupação e estresse e ... são os NIEMs e
a merda da lua e a porra da minha mãe chorando porque não posso vê-la amanhã
porque a porra do meu pai não conseguiu controlar a porra do seu temperamento e
agora estou... e Marlene chorando por causa do irmão, o que nem foi culpa minha,
mas parece que sim, e a escola está quase acabando, e há uma guerra, e uma partida de
quadribol e uma grande pegadinha, e meu quadril dói, e estou cansado, e queria muito,
muito mesmo comer pudim!”

955
Ele se sentiu um tolo depois que acabou, mas um pouco melhor também. Como se
houvesse um balão inflando em seu peito todo esse tempo e finalmente tivesse
estourado, dando-lhe espaço para respirar novamente. Ele ficou lá, olhando para
Sirius, esperando por uma reação.

" Minha nossa." O retrato em frente a eles disse. Era uma bruxa de aparência muito
severa, sentada em uma cadeira de madeira de encosto alto. “Nunca ouvi uma
linguagem tão nojenta.”

"Ah, vai a merda sua velha idiota." Sirius retorquiu em uma imitação muito boa de
Remus. Então, o olhou para novamente, e seu rosto se abriu em um sorriso, “Você
quer se sentar um pouco? Acho que você nunca disse tantas coisas de uma só vez. "

Remus expirou e sorriu fracamente de volta.

"Desculpe."

"Pelo que? Vamos, Madame Pomfrey vai ter um treco se demorarmos...” Eles
continuaram o caminho, o ar estava limpo e nada parecia tão sombrio. Ainda assim,
Remus odiava que Sirius tivesse que ir sabendo que, da próxima vez que se
encontrassem, nenhum dos dois seriam eles mesmos.

"Então, do jeito que eu vejo," Black continuou, ainda alegre, depois de tudo aquilo "Se
eu correr de volta para o salão o mais rápido que puder, posso pegar o último pedaço
de shortbread de caramelo e embrulhar para você, para o café da manhã. Posso fazer
mais alguma coisa para ajudar?”

"Você é um idiota às vezes."

"Yep."

“Na verdade, há algo...”

"Qualquer coisa."

956
"Er ... você poderia postar isso para mim?" Remus entregou a ele um envelope
lacrado. Sirius pegou, olhando para baixo com a testa franzida.

"Tem certeza?"

"Não. Mas é a coisa certa a fazer.”

"Ok. Eu vou fazer isso agora. "

"Obrigada."

“Qualquer coisa pelo nosso moon---”

Remus o calou com um beijo.

***

Whatever makes me tick

It takes away my concentration

Sets my hands trembling, gives me frustration

Breakdown, yeah. I’m gonna breakdown yeah.

I hear that two is company,

For me it's plenty trouble

Though my double thoughts are clearer

Now that I am seeing double

Breakdown, yeah

Sábado, 25 de março de 1978

957
A transformação não foi tão ruim quanto esperava - talvez porque nada podia ser tão
ruim quando você realmente espera o pior. E a própria noite fora maravilhosa; ele
correu, correu e correu, até que Prongs e Wormtail se perderam, quilômetros atrás
deles, e então eram apenas o lobo e o cachorro, mordendo e provocando um ao outro
de brincadeira.

De manhã, depois que Remus se contorceu e se retorceu de volta ao seu corpo


humano, ele sentiu como se seus ossos fossem feitos de espaguete cozido de tão
exausto. Ele tropeçou de volta para a ala hospitalar com Madame Pomfrey, meio
adormecido, e ficou grato ao desabar em sua cama favorita perto da janela mais
distante e dormir a manhã inteira. Era um milagre não estar preocupado, não estar se
contorcendo ou comprimindo a mandíbula ou procurando uma distração.

A tarde já estava no fim quando Marlene finalmente ouviu sobre a carta.

O barulho dela discutindo com Madame Pomfrey acordou Remus. Ele despertou de
repente, o coração batendo mais rápido ao som de vozes elevadas. A primeira coisa
que viu foi Sirius, dormindo profundamente na cadeira ao lado, os braços cruzados
sobre o peito, a cabeça pendurada, os pés apoiados na beira da cama do hospital.
Havia um prato com pelo menos vinte shortbread de caramelo na mesa de cabeceira.

Os olhos de Sirius se abriram alguns segundos depois de Remus e ele piscou surpreso,
franzindo a testa.

“É a McKinnon?!”

“DEIXE-ME VÊ-LO, POPPY!”

“SENHORITA MCKINNON, ABSOLUTAMENTE NÃO LIDAREI COM ESTE--”

“EU SEI QUE ELE ESTÁ AQUI!”

“VOU CHAMAR A PROFESSOR MCGONAGALL!”

958
“REMUS?! REMUS LUPIN!”

"Estou aqui, Marlene," Remus começou a se levantar da cama, pronto para enfrentar o
inevitável. Se tudo tivesse acabado, ele ainda sim teria sobrevivido por sete anos.
Ainda tinha permissão legal para fazer magia, mesmo que fosse exposto. "Está tudo
bem, Madame Pomfrey," ele chamou, enquanto Marlene caminhava com estrépito
pela enfermaria, puxando a cortina que o escondia.

"É verdade?!" Seu cabelo voou sobre seu rosto enquanto ela entrava, seus olhos
arregalados e selvagens.

Ela o encarou, e Remus soube que ela o estava vendo de verdade, pela primeira vez, o
analisando. Uma curandeira nata, Marlene olhou para a cama, e para Sirius e para suas
cicatrizes e sua estrutura danificada, e ele sabia que ela estava se lembrando de cada
vez que esteve cansado, faltou uma aula ou adquiriu um novo arranhão. A luz da
verdade iluminou seus olhos e ela começou a chorar. "Seu bastardo de merda."

959
Capítulo 144: Sétimo ano: Escolhas

Her phobia is infection

She needs one to survive

It's her built-in protection

Without fear she'd give up and die

He's a germ free adolescent

Cleanliness is her obsession

Cleans her teeth ten times a day

Scrub away, scrub away, scrub away

The S.R. way.

Germ Free Adolescents by X-ray Spex

"Seu bastardo de merda!"

“Ei!” Sirius se levantou imediatamente.

"Está tudo bem," disse Remus - sem saber com quem estava falando; Sirius, que
saltou para o modo de defesa, ou Marlene, soluçando, com o rosto vermelho e
zangado.

"Desgraçado!" Ela repetiu desafiadoramente, esfregando os olhos.

"Srta. McKinnon!" Madame Pomfrey apareceu, parecendo estranhamente nervosa,


"Eu a terei escoltada para fora se não puder ser civilizada."

960
"E você!" Marlene se virou para ela, “Você disse que não sabia de nada sobre isso!
Você disse que nunca tinha trabalhado com um antes! "

"Não a culpe, Marlene, por favor ..." Remus disse, sentando-se na cama novamente,
sentindo-se um pouco tonto, "Ela só estava tentando me proteger!"

"Quanto tempo?!" Marlene se virou e olhou para ele novamente.

"... desde que eu tinha cinco anos."

"Desgraçado!"

"Marlene, por favor ..."

Ela jogou um pedaço de pergaminho na cama. Era uma carta dobrada e um pouco
amassada de tanto ter sido mexida. Remus a alcançou com as mãos trêmulas. Marlene
ficou lá, com o rosto impassível, esperando que lesse.

Ele a desdobrou, olhou para baixo e tentou o seu melhor. Na maior parte do tempo,
não tinha problemas para ler. Porém, ainda estava muito cansado e tão nervoso que, de
repente, se sentiu com onze anos de novo, as letras pareciam se mover e mudar
conforme ele tentava entendê-las.

"Desculpe," balançou a cabeça, "Desculpe, estou com dor de cabeça, o que ... er ...?"

Sirius pegou dele e, ao fazê-lo, colocou-se visivelmente entre Remus e Marlene. Ele
pigarreou, franzindo um pouco a testa.

"É de Danny McKinnon ... droga, Moony, o que você fez?"

"Por favor, apenas me diga o que está escrito" Remus balançou a cabeça, inclinando-
se para frente e segurando a testa nas mãos. Ele realmente estava ficando com dor de
cabeça. Marlene estava batendo o pé impacientemente, e Madame Pomfrey ainda
estava pairando ao redor deles, obviamente sem saber se deveria ou não interferir com
toda essa situação.

961
Sirius examinou a página, estando muito mais confortável com toda a atenção.

“Ele disse ‘obrigado’.” Black falou.

"O que?!" Remus olhou para cima, apertando os olhos,

"Bem, esse é o ponto principal..." Sirius respondeu, ainda lendo, "... Ele recebeu uma
carta quando chegou em casa esta manhã de um dos amigos de Marlene, que 'afirma
ser um lobisomem’. Continha muitos conselhos úteis e ele gostaria de conhecê-lo. Ele
diz que não vai contar a ninguém, e ele não tem ideia de quem você é, de qualquer
maneira. "

"Mas eu sim." Marlene disse. Ela havia parado de chorar agora, e sua voz estava um
pouco mais calma, mas Remus podia sentir o calor da emoção irradiando dela.

"Sim." Ele acenou com a cabeça, seu pescoço rígido, "Eu sabia que você entenderia."

"E você mandou a carta mesmo assim?" Ela vacilou por um momento.

“Eu queria ajudar.” Remus encolheu os ombros.

Houve uma longa pausa. Remus gostaria de se deitar, mas sentiu que não seria
adequado.

“Dumbledore sabe? E McGonagall? ” Marlene falava muito mais baixo agora, como
se mal pudesse acreditar.

"Sim."

“É tão perigoso.” Ela sussurrou "Você poderia ter matado alguém."

"Não." Sirius disse, com as mãos nos quadris, "Está tudo perfeitamente seguro, desde
o primeiro ano, não é, Poppy? Remus nunca faria mal a ninguém. "

"Remus não faria." Marlene encontrou seus olhos, "Mas o lobo poderia."

962
"Nunca aconteceu nada, nunca." Remus sentiu a necessidade de confirmar. “Fizemos
todo o possível.”

“Você está registrado?” Ela retrucou.

"Er ... bem, quase tudo o que é possível." Ele cedeu.

“E você ... você só queria ajudar Danny? Você não estava tentando ... eu não sei,
colocá-lo daquele lado?"

“De que lado você está falando, McKinnon?!” Sirius deu um passo à frente,
ameaçador, "Moony está do nosso lado. Ele é seu amigo. "

"Eu pensei que ele era." A menina respondeu. Ela não tinha medo de Sirius. Marlene
poderia vencê-lo no campo de quadribol qualquer dia, e Madame Pomfrey estava bem
ali.

"Eu tive que manter isso em segredo, Marlene," Remus implorou, a tensão se tornando
muito insuportável, "Eu tive que manter em segredo, caso contrário, eu nunca poderia
ter vindo para Hogwarts. Você sabe como é quando há algo... diferente em você. Você
sabe como as pessoas são.”

Ele encontrou os olhos dela ao dizer isso, e a viu ficar fria de medo quando percebeu
exatamente a que ele estava se referindo.

"Como você ousa." Marlene disse. "Como você ousa."

"Não, eu não quis dizer ..." Ele ergueu as mãos, mas era tarde demais.

“Fique longe da minha família!” Ela retrucou, antes de girar em seus calcanhares e
sair furiosamente, da mesma forma que havia chegado.

Remus exalou. Ele realmente não se sentia com medo, embora não tivesse ideia do
que Marlene planejava fazer a seguir. Se perguntou vagamente se poderia fazer seus
exames de NIEMs por correspondência - ou se os Potter o deixariam ficar na casa

963
deles sem que James ou Sirius estivessem lá. Porém, sua cabeça estava muito confusa
para fazer um plano adequado, e ele pensou que preferia apenas dormir um pouco
enquanto podia.

Ele se deitou na cama, Madame Pomfrey e Sirius o observando.

"Estou bem." Disse “De verdade. Vou apenas descansar um pouco.”

"Vou falar com a Professora McGonagall imediatamente." Madame Pomfrey disse


finalmente.

"Eu acho," Remus respondeu sonolento, fechando os olhos, "Seria melhor conversar
com Marlene, assim que ela se acalmar. Ela respeita sua opinião. Não a coloque em
apuros, ela não fez nada de errado.”

Madame Pomfrey deu a ele um olhar muito suave, então se aproximou para alisar um
pouco seus lençóis, tocando sua mão suavemente antes de sair.

“Não fez nada de errado.” Sirius murmurou, arrastando os pés contra o piso de laje.
"Ela está sendo uma vaca preconceituosa."

"Não é um ponto de vista incomum," Suspirou, "É melhor me acostumar com isso
algum dia."

“Eu deveria ir e -”

"Não." O interrompeu bruscamente, "Deixe-a em paz."

"Mas ela vai..."

"Ela vai falar com seus amigos, primeiro." Remus disse com firmeza. “Lily e Mary.
Eu preferia que ela conversasse com as duas. Elas são as melhores pessoas para esta
situação.” Ele bocejou.

"Puta merda, Moony." Sirius balançou a cabeça. “Como você pode estar tão calmo?!”

964
"Estou exausto." Remus respondeu. E foi a última coisa que ele disse por horas.

***

A questão era, de qualquer maneira, Remus não conseguia ver muito futuro para si em
Hogwarts. Obviamente estava grato por tudo que Dumbledore, McGonagall e
Madame Pomfrey fizeram por ele. Ele amou cada uma de suas matérias (exceto
Poções, talvez) e, acima de tudo, possuía um grupo de amigos que eram mais queridos
do que qualquer família seria. Porém, as coisas boas continuariam sendo boas, mesmo
se tivesse que partir.

Talvez fosse ter mais tempo para ficar com Hope. Mais tempo para se dedicar a
vencer essa guerra terrível. Remus não estava mais aprendendo nada na escola que já
não tivesse aprendido nos livros. Ele ansiava por experiência prática, queria ser
verdadeiramente testado. Você não precisava de NIEMs para isso, apenas uma
biblioteca bem abastecida e coragem suficiente. Agora, ele tinha tudo que precisava
para fazer o que queria fazer quase toda a sua vida.

Se Marlene o fizesse ser expulso da escola, então Remus estaria finalmente livre para
procurar Greyback.

A ideia estava ali desde que soubera o nome do lobisomem e, naquela noite em que
ele escreveu para Danny, tudo pareceu muito claro.

Foi para isso que havia nascido. Quase como se tivesse herdado a tarefa de Lyall.

O desajeitado, insignificante e pobre Remus Lupin nunca iria derrubar alguém tão
insidiosamente terrível e poderoso como Lord Voldemort. Porém, o lobo nele sabia
que poderia ter uma chance com Fenrir Greyback. Remus sabia que isso poderia matá-
lo, mas, com certeza, faria algum estrago antes de isso acontecer.

Ele não disse nada a Sirius sobre isso. Por mais que estivessem juntos, Remus estava
profundamente envergonhado de seu próprio desejo de vingança, de sua incapacidade
de domar aquela raiva imprudente. Sirius o procurava em busca de autocontrole, em

965
busca de uma resposta razoável e medida, e Remus não gostaria de quebrar essa ilusão
e arriscar arruinar tudo que funcionava nessa dinâmica.

De qualquer forma, tinha dezoito anos agora e, sendo trouxa ou bruxo, poderia fazer
escolhas por si, não importava o quão perigoso fosse. E se deixar Marlene infeliz era o
que daria o pontapé inicial, então pelo menos ele havia sido capaz de ajudar seu irmão
de alguma forma. Então, um dos bordões fatalistas da Diretora surgiu em sua cabeça:
"nenhuma boa ação fica impune". Embora não soubesse exatamente sobre quaisquer
boas ações feitas por ela.

Quando acordou pela segunda vez naquele dia, era hora do jantar. Sirius não estava
mais lá, mas o mapa do Maroto estava debaixo do travesseiro de Remus. Ele o retirou
e viu que os marotos estavam todos na sala comunal com Mary e Lily por perto. Havia
uma torta de frango em um prato ao lado da cama, magicamente mantida quente de
alguma forma - Remus ainda não havia descoberto como, talvez um feitiço no prato?

Decidiu que comeria antes de qualquer coisa, e o fez em silêncio, pensando a uma
milha por minuto, como se seu cérebro estivesse compensando todo o tempo que
havia perdido dormindo. Ele examinou o mapa em busca de Marlene. Ela estava no
dormitório feminino, com Yaz.

Ele não sabia se isso era bom ou ruim. Nenhuma multidão furiosa brandindo tridentes
havia aparecido ainda, o que provavelmente era um bom sinal. Madame Pomfrey veio
quando ele estava terminando sua segunda fatia de shortbread de caramelo. O doce
espesso e viscoso era muito reconfortante.

"Como você está se sentindo, querido?" Ela perguntou, rugas profundas em seu rosto.

"Bem!" Respondeu brilhantemente e estendeu o prato para ela, “Quer um? Eu nunca
vou conseguir comer todos eles. " Isso era uma mentira e os dois sabiam disso, mas
Madame Pomfrey foi educada o suficiente para aceitar.

966
"Bem ... como não há mais ninguém na ala hospitalar hoje", ela sorriu, sentando-se na
cadeira ao lado dele e aceitando um doce. Poppy conjurou dois pires, então despejou
chá fumegante de sua varinha, e foi tudo muito agradável, mas Remus podia sentir
uma Grande Conversa chegando.

"Eu irei, depois disso", disse ele, "Parar de te incomodar."

"Você nunca é um problema, Remus," ela respondeu gentilmente, soprando o chá para
esfriar. "Mesmo quando você era um garotinho."

“Eu era um pirralho idiota no primeiro ano.” Remus rebateu. Ela sorriu e balançou a
cabeça.

"De jeito nenhum. Era um diamante em bruto."

"Oh." Ele disse, sentindo-se aquecido. Se fosse qualquer outra pessoa ele teria dito
‘cale a boca' ou 'dá o fora', mas ele nunca, jamais diria uma palavra rude para Madame
Pomfrey.

“Passou voando, os últimos anos,” ela suspirou, “eu me lembro daquele pequeno
pedaço de gente que você era, só olhos e cotovelos. Você se tornou um belo jovem. "

Ele desejou que ela parasse. Por mais bom, não sabia o que fazer com isso. "E você
merece todo o sucesso, Remus, está me ouvindo?" Ela continuou: "Não vai ser fácil
para você, depois da escola, e eu sei que você sabe disso."

Ele assentiu.

"Eu vou ficar bem."

"Você vai." Ela sorriu, seus olhos brilhando com lágrimas, "E se você precisar de
alguma coisa, você sabe onde me encontrar."

"Claro."

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"Eu conheci Danny McKinnon, você sabe," ela disse, pigarreando, aí vem, Remus
pensou. Ela o havia dominado astutamente com todas aquelas coisas boas, e agora ele
só teria que cerrar os dentes e ouvir.

"É?" Perguntou casualmente, pegando outra fatia de bolo.

“Sim, quando ele era um estudante aqui. Ele vinha aqui uma centena de vezes para
remenda-lo - era o batedor da grifinória, como Marlene. Ele era um pouco mais
extrovertido do que ela. ”

"Não sei," Remus respondeu, secamente, "Mas ela dificilmente pode ser vista como
alguém tímida."

Madame Pomfrey sorriu, apesar de si mesma.

“Sim, bastante. Ela tem aquela tenacidade McKinnon e um aguçado senso de certo e
errado.”

"Sim." Suspirou. Ele sempre gostou disso em Marlene; sua franqueza, "E eu sei o que
você vai dizer - que nem tudo é tão simples, que há tons de cinza e que não importa o
que as pessoas pensam de você, importa o que você faz..."

"Bem, sim."

“Eu sei de tudo isso e está tudo bem. Eu sabia de tudo isso quando escrevi para
Danny, até sabia como Marlene reagiria. Mas no final, não importou. A única coisa
que importava era ajudá-lo.”

"Estou orgulhosa de você, Remus."

Isso o deixou confuso. Sua garganta se apertou e ele quase engasgou tentando engolir
o resto de sua fatia, o açúcar se transformando em ácido no seu caminho para baixo.
Ele gaguejou e tossiu, pegando o chá para engoli-lo. Madame Pomfrey se levantou
sorrindo e deu um tapinha em seu ombro enquanto se recuperava.

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"Eu vou deixar você ir."

Ele levou alguns minutos para se recompor antes de levantar. Tirou as migalhas dos
lençóis e arrumou a cama, embora soubesse que realmente não precisava. Embrulhou
o resto dos doces em um pergaminho e cuidadosamente colocou o pacote em sua
bolsa. Ele pode precisar deles mais tarde.

Remus quase ficou surpreso com a calma que sentia. Havia uma sensação de
encerramento, de chegar a um fim inevitável. Alguém sempre iria descobrir, disse a si
mesmo. Ele teria sido um idiota em pensar que todos eles poderiam esconder uma
coisa tão grande para sempre. Haviam feito um trabalho muito bom, mas tudo foi
sorte, e eles correram tantos riscos. Pelo menos dessa forma fora sua escolha; havia
controlado tanto quanto podia. Dessa forma, os marotos também estariam seguros.
Ninguém saberia o que todos eles haviam feito em cada lua cheia.

Ele voltou lentamente para a Torre da Grifinória. Estava todo tenso por ter dormido o
dia todo e estava grato pela oportunidade de esticar as pernas com privacidade. Sirius
não havia mencionado o problema do quadril por um tempo, mas Remus o via apertar
os lábios ou franzir a testa sempre que o notava mancando ou esfregando o lado do
corpo.

"Blatherskite", disse à senhora gorda, que mal ergueu os olhos de lixar as unhas para
deixá-lo passar.

Ele entrou na sala e sentiu seis pares de olhos o mirando ao mesmo tempo. Se
recompondo e colocando um sorriso despreocupado no rosto, Remus se aproximou de
seus amigos, sentados em seus lugares habituais, ocupando dois sofás e uma poltrona.

"Moony!" Sirius se levantou de onde estava esparramado para abrir espaço, "Eu ia
subir e ver se você estava acordado."

"Estou acordado", disse redundantemente, sentando-se.

969
"Sirius nos contou o que você fez." Peter atirou, como se não pudesse se conter. Ele
estava manuseando uma peça de xadrez - havia um jogo acontecendo, mas Remus não
sabia dizer contra quem ele estava jogando.

"Bom," Remus assentiu. "Er ... alguém falou com Marlene?"

“Gritaram com a gente,” suspirou Mary, indicando a si mesma e a Lily. "Acho que ela
está mais magoada por ter sido a última a descobrir."

"Hm."

“Ela não disse nada mais, no entanto. Está trancada com Yaz. ”

"Certo."

"Escute, Moony," James se inclinou, os olhos muito sérios, "Nós estivemos


conversando e lembra do quinto ano? Dumbledore impediu Snape de contar a todos.
Ele pode parar Marlene também, se for o caso.”

"Ele pode." Remus acenou com a cabeça, embora não tivesse tanta certeza. Ele
poderia servir a Dumbledore melhor fora da escola agora do que pôde aos dezesseis.
Especialmente considerando os contatos que já havia feito. "Mas deixe-o de fora por
enquanto, ok?"

"Por que você fez isso?!" Peter perguntou, ainda segurando a peça de xadrez.

“Para ajudar Danny.” Remus respondeu, surpreso. Ele olhou para todos, "Ele estava
sozinho, ninguém o estava ajudando, a própria Marlene me disse isso."

“Mas Remus ...” Lily disse, “Você sabia como ela se sentiria sobre isso. Você sabia
que ela não entenderia. "

"Eu sabia. Mas era por Danny.” Repetiu com firmeza.

970
Todos prometeram dar um tempo e ver o que Marlene decidiria fazer a seguir. Lily e
Mary juraram que fariam tudo o que pudessem e, naquela noite em seu dormitório,
elas explicariam, tentariam convencê-la. Remus agradeceu, porque sabia o quanto as
meninas se importavam com ele.

Eles tiveram uma noite tranquila. Remus jogou xadrez com Peter e perdeu, então
Sirius assumiu e eles empataram. James e Lily questionaram um ao outro sobre os
ingredientes de poções e Mary trabalhou nos formulários de emprego de forma nada
entusiasmada.

"Metade são de serviços chatos de secretariado trouxa para agradar a mamãe e metade
são de serviços chatos do ministério de magia para agradar McGonagall," ela
suspirou.

Eventualmente, eles foram para a cama um por um e, embora Remus mal tivesse
permanecido acordado por três horas naquele dia, ele subiu as escadas bocejando.
Sirius havia sido muito paciente. Não havia falado nenhuma palavra ainda, e Remus
sabia o quão difícil isso devia ser para ele. Então, quando eles finalmente estavam na
cama, e tão sozinhos quanto poderiam estar em Hogwarts, ele deitou-se
silenciosamente de costas, olhou para as cortinas de veludo e deixou Sirius falar.

"Eu não vou deixá-la fazer isso." Sirius sussurrou em seu ouvido, pegando sua mão,
"Eu vou falar com ela, Mary e Lily vão falar com ela, e nós a faremos entender.
McGonagall e Madame Pomfrey - elas vão querer te ajudar, ela vai ouvi-las mesmo
que não nos ouça. Ou Dumbledore. James poderia expulsá-la do time - qualquer coisa.
Não vamos perder você, Moony, você trabalhou muito, não vai ser expulso só por
tentar ser legal com aquela ingrata, arrogante, intolerante... "

"Vai ficar tudo bem, Padfoot." Remus disse.

"Exatamente!" Sirius acenou com a cabeça, seu cabelo farfalhando contra o


travesseiro, "Exatamente, porque nós vamos impedi-la."

971
“Não, quero dizer, não importa o que aconteça, vai ficar bem. Se eu sair daqui a três
meses ou tiver que ir amanhã, tudo ainda vai ficar bem.”

“Mas seus NIEMs!”

"Bem, eu estava ansioso para destruí-lo completamente em História e Feitiços ..."

"E Aritmancia, tenho copiado de você o ano todo."

“E Aritmancia.” Remus riu. “Mas ... bem, os NIEM não significam muito. Ainda não
poderei entrar em nenhum dos programas de treinamento do ministério sem me
registrar como lobisomem, e não vou fazer isso, nunca. Não sei se realmente quero
fazer esse tipo de trabalho. O que eu quero é começar a mudar as coisas. É por isso
que escrevi para Danny em primeiro lugar. ”

“... quer dizer que você quer ser expulso?!”

“Eu não acho que vai chegar a esse ponto. Eu não acho que Marlene faria, mesmo que
ela esteja com raiva. Mas ela pode me pedir para sair, e se for o que ela quer, então eu
irei.”

"E então se juntar à guerra." Sirius terminou. Sua voz soou estranha. Nada ruim, mas
Remus sabia que ele entendia.

"Sim, suponho que você poderia colocar dessa forma." Acenou com a cabeça.

"Eu irei com você, então. Eu também não preciso de NIEMs, sou um Black. ”

"Eu não pediria a você para fazer isso."

"Eu sei. Mas eu vou. Nós sairemos juntos.”

Remus não queria admitir, mas estava silenciosamente emocionado. Talvez fosse a
parte grifinório dele, mas deixar a infância para trás e correr de cabeça para o
desconhecido com seu melhor amigo parecia tão gloriosamente tentador. Seria o

972
nascimento deles; longe de Hogwarts e horários e todas as rixas e rivalidades idiotas
de lá. Eles tinham muito a oferecer, ele sabia disso. Eles não triunfaram em tudo o que
já haviam tentado? Não foram eles os heróis de todas as histórias até agora? Não seria
nada para eles. Eles poderiam acabar com esta guerra e realmente começar suas vidas.

"Obrigada." Ele rolou para beijar Sirius. Beijou seus lábios e suas mãos deslizaram
sob sua camiseta e ele continuou beijando-o, seus lábios, seu pescoço, sua mandíbula,
"Obrigado, obrigado ..."

973
Capítulo 145: Sétimo ano: O que nos falta

Eram promessas maravilhosas, mas não era para ser. Remus não teria a chance de
fazer uma saída misteriosa e digna de Hogwarts, e Sirius não teria a oportunidade de
provar que seguiria seu Moony em qualquer lugar.

Mais tarde - depois que a guerra e todo o resto acabaram - Remus se perguntaria se
as coisas poderiam ter sido diferentes se ele e Sirius tivessem deixado a escola. Talvez
pudessem ter mantido um ao outro mais perto ou ter mantido outras pessoas mais
seguras.

De qualquer maneira, não aconteceu e não adiantava ficar pensando nisso.

Depois, por anos e anos, uma vez que a agonia de todos aqueles funerais e obituários
e memoriais e discursos tivesse desaparecido, Remus ficaria com memórias de seus
últimos meses em Hogwarts, quando eles foram estúpidos e ingênuos e
indescritivelmente felizes sem nem mesmo saberem.

Quarta-feira, 29 de março de 1978

O fim de semana passou silenciosamente; havia dever de casa para fazer, quadribol
para treinar e uma pegadinha extremamente complicada para planejar, e Marlene não
deu um passo em nenhuma direção.

Sirius e James relataram que ela participou do treino de quadribol e jogou tão bem
como sempre, mas não tinha falado com eles. Mary disse que ela ainda estava
chateada, mas que ainda não havia se decidido se contaria ou não.a

A semana seguinte já estava quase chegando quando Marlene finalmente decidiu se


aproximar de Remus novamente. Ela o pegou sozinho - o que era raro atualmente.

974
Ele estava arrumando a sala de aula de Feitiços após uma sessão de revisão, pouco
antes da reunião de quarta-feira da Cooperação entre Casas de Planejamento da
Pegadinha. Normalmente Chris o ajudava, mas ele estava com um resfriado e havia
tirado a tarde de folga. Remus quase havia desejado cancelar completamente o grupo
de estudo. Tudo parecia tão fútil; aprender e aprender e aprender - para quê? Para
passar nos exames, tirar uma boa nota e depois? Se Greyback não o matasse antes dos
vinte anos, ele ainda seria um desempregado. Porém, todos pareciam gostar do grupo
de estudo e odiaria decepciona-los

Marlene entrou na sala cheirando a ervas da estufa - alecrim, sálvia e solo rico em
terra. Ele se virou e inconscientemente se afastou até encostar na parede.

"Olá." Disse.

Ela ficou parada por um tempo, o olhando em total silêncio antes de responder.

"Olá. Estou furiosa com você. "

"Eu sei." Ele acenou com a cabeça, tentando ser compreensivo, "Eu acho que é justo.
Você... hum. Você está pronta para falar sobre isso?”

"Não." Ela retrucou, cruzando os braços. Marlene o olhou e Remus desviou os olhos,
como um suplicante implorando perdão. Ele a ouviu se inquietar um pouco e suspirar
impacientemente. "Mas Danny disse que eu preciso."

Remus conscientemente evitou sorrir, mas não pôde ignorar a onda de alívio que
sentiu com essas palavras. Ele ergueu os olhos novamente, com cuidado.

"Você falou com ele direito, então?"

"Sim. Ele disse que experimentou a essência de murtlap combinada com antisséptico
trouxa e está se curando mais rápido. E você estava certo sobre tomar um sonífero.”

975
“É a melhor coisa que eu descobri. Para cura.” Remus respondeu cautelosamente,
desviando os olhos novamente. Ela o fazia se sentir tão envergonhado de si mesmo.

"Todo mundo sabia, exceto eu." Marlene disse. Ela estava encostada na parede oposta
agora, uma sala inteira de confusões de cadeiras e mesas entre eles. "Até Mary."

"Ela descobriu sozinha, eu não contei a ela."

"Eu sempre pensei que você era estranho porque você era queer."

Remus franziu um pouco a testa. Ele era estranho? Mesmo assim, não disse nada, ele
não conseguia pensar em nada que pudesse melhorar a situação.

"Você realmente magoou meus sentimentos, Remus." Marlene continuou “Você


mentiu para mim durante anos. Achei que éramos amigos, compartilhei coisas com
você que não contei a mais ninguém.”

"Nós somos amigos!" Remus protestou, "Eu sou seu amigo, de qualquer maneira."

Ele suspirou profundamente. Seria sempre assim quando as pessoas descobrissem?


“Olha, eu não podia te contar, haviam muitas pessoas envolvidas... Madame Pomfrey,
e até mesmo Dumbledore. Eu tive que manter isso em segredo por causa deles
também. E... você deixou bem claro, no passado, como se sentia em relação a pessoas
como eu. ”

"Você deveria ter me contado."

"O que você teria feito?" Remus estava ficando irritado agora. “Reclamar? Dizer a
todos? Me fazer ser expulso?”

"Talvez não." Ela mordeu o lábio e desviou o olhar. Quanto menos certeza ela tinha,
mais irritado Remus ficava.

976
"Bem, eu não queria correr o risco!" Ele disse "Não tenho uma família ou uma casa de
verdade para onde ir, caso você tenha esquecido. Eu não tenho nada fora desta escola,
então me perdoe por fazer tudo que pude para ficar. ”

"Eu entendo isso," ela o olhou rapidamente, estendendo as mãos, "- e eu nunca iria
querer causar nenhum problema, mas Remus, você não vê o quão perigoso -"

“Eu tinha onze anos! Eu era apenas uma criança, e um velho aparece e me diz que
estou indo para a escola de magia - o que você teria feito?!”

“Não grite comigo!” Ela franziu a testa, encolhendo-se um pouco. "Eu não vim aqui
para gritar."

"Desculpe." Ele murmurou. "Eu não tive minha chance naquele dia."

"Me desculpe por isso."

"Bom."

Eles ficaram quietos depois disso, ambos olhando para o chão, ambos mexendo nas
mãos. Remus podia ouvir o coração de Marlene batendo forte em um ritmo constante
e ansioso.

"Olha." Ele disse, mantendo a voz baixa e firme, abrindo os punhos. “Se você quiser
que eu saia de Hogwarts, então eu irei. Contanto que você prometa não colocar
ninguém em apuros, eu não vou resistir. "

“Mas seus NIEMs ...”

"Eles não vão importar se você vai contar a todos o quão perigoso eu sou."

"Você fala como o Danny."

Silêncio novamente. Remus balançou a cabeça, cansado e exasperado. Então decidiu


tentar uma abordagem diferente.

977
"Como ele está agora? A carta dizia que ele queria me conhecer?”

"Ele está bem." Ela acenou com a cabeça, seus olhos um pouco brilhantes. "Acho que
o animou, saber que outra pessoa estava passando pela mesma coisa."

“Sim,” Remus concordou, “É algo que eu teria gostado. James, Sirius e Pete... eles
sempre se certificaram de que eu nunca me sentisse sozinho. Então, eu sei a diferença
que isso faz.”

Marlene acenou com a cabeça e enxugou os olhos.

"Estou com raiva." Ela disse, cansada. "Mas não sei se estou com raiva de você. Você
só ... foi um choque tão grande, e não tenho certeza de quantos choques a mais posso
aguentar hoje em dia. "

Ele riu e não sabia bem por quê.

Ela sorriu fracamente. “Eu não vou dizer nada. Eu não quero que você vá a lugar
nenhum. Danny diz ... ele diz que precisamos nos concentrar em nossas semelhanças,
não em nossas diferenças. Agora mais do que nunca. Lily e Mary disseram o mesmo.
Eu sei que eles estão certos, é apenas mais difícil do que eu esperava. "

"Eu não posso ter você me odiando." Remus respondeu cautelosamente.

"Eu não te odeio."

“Odiar o que sou é a mesma coisa.”

"Estou tentando, Remus." Ela piscou para afastar as lágrimas. "Eu juro, vou tentar."

"Obrigada." Ele assentiu.

Por uma fração de segundo ele ficou desapontado; estivera tão pronto para uma
mudança. Saber que teria que esperar um pouco mais doeu por um momento, mas o
sentimento se dissipou rapidamente, como uma porta se fechando. Ponto final. Ele

978
terminaria a escola e tiraria a maior nota de todas em História - Aritmancia também,
provavelmente - e assistiria ao jogo final de quadribol, e ficaria bêbado demais
comemorando com seus amigos. Greyback esperaria.

"Posso te ajudar com isso?" Marlene apontou para a sala de aula bagunçada. "Potter e
Black e sua gangue de malfeitores estarão aqui em um minuto para planejar seu ataque
à Sonserina..."

“É, ok,” Remus acenou com a cabeça, e os dois começaram a mover as carteiras. O
confronto parecia ter acabado e, por enquanto, os dois estavam satisfeitos. Ele estava
feliz, havia sido horrível não ter Marlene como amiga.

Remus e Chris geralmente usavam magia para mover os móveis da sala de aula para
trás, mas Marlene nunca foi boa em feitiços de locomoção, então ela apenas começou
a levantar e empurrar as coisas. Remus não queria se exibir agora que eles estavam
conversando um com o outro, então fez o seu melhor para se igualar a ela.

"Vou falar com a Mary." Marlene disse de repente, levantando uma cadeira e
empurrando-a para baixo de uma mesa. “Yaz quer que eu fale. Eu já contei a Danny.”

"Isso é bom." Remus sorriu, encorajadoramente. “Tenho certeza de que Mary ficará
bem. Das pessoas que conheço, ela é a que menos julga os outros. "

"Sim, você provavelmente está certo." Marlene o observou pensativa, enquanto ele
colocava a mesa final de volta no lugar. "Remus?"

"Hm?"

“Você está mancando por causa das transformações?”

"Estou mancando?" Remus ficou um pouco mais reto, constrangido.

"Às vezes mais, depende do dia", respondeu ela com naturalidade. “Eu sempre pensei
... com a sua criação. Sempre pensei que alguém fazia isso com você.”

979
Ele balançou sua cabeça.

“Quando eu tinha treze anos ou mais, acho que algo se encaixou no lugar de forma um
pouco instável.” Ele encolheu os ombros. “Fica um pouco rígido de vez em quando.
Quase não penso nisso agora.”

"Mmm." Ela respondeu, parecendo pensativa

"-- Quantas vezes?!"

A porta se abriu e Lily entrou parecendo furiosa, James seguindo atrás dela, Peter e
Sirius logo atrás, ambos sorrindo maliciosamente. “Dissemos que não haveriam
pegadinhas até o final do semestre! Deveríamos ser discretos, você é o monitor-
chefe!"

"Vamos, Evans," James disse, estendendo as mãos, "Aquilo não foi nada, quase nem
foi uma pegadinha, foi ... er ..." ele lançou um olhar suplicante para Sirius.

"Para animar os alunos!" Sirius forneceu.

"Para animar os alunos!" James acenou com a cabeça, sorrindo.

"Todos os espelhos do banheiro de repente refletindo os rostos dos trolls é algo para
animar os alunos?!" Lily se virou para os dois.

Não adiantou, os três meninos caíram na gargalhada.

Remus riu também; ele havia feito metade da pesquisa para aquela pegadinha. Na
semana anterior, passou horas procurando retratos em livros de histórias da dinastia
troll para obter todas as características certos. Esperava ter a chance de ver algumas
das reações antes que Flitwick conseguisse quebrar o feitiço que eles usaram.

"Seus malucos." Marlene sorriu timidamente.

"Marlene!" Lily se surpreendeu.

980
Todos se viraram para olhar para ela e depois para Remus, boquiabertos. Ele fez
questão de sorrir de volta para todos eles, relaxando os ombros e unindo suas mãos.

"Venham! Esta cooperativa não vai se conduzir sozinha...”

***

Sirius ainda possuía algumas opiniões sobre Marlene, é claro. Remus se recusou a
ouvi-las. Ele queria encerrar o assunto, queria seguir em frente. E queria conhecer
Danny, o mais rápido que pudesse. Pela primeira vez, para melhor ou para pior,
Remus sentiu que tinha um aliado lá fora. Alguém que era como ele, do lado deles.
Ele escreveu outra carta, depois a descartou e tentou novamente. Então, novamente e
novamente. Havia tanto a dizer que Remus não sabia por onde começar.

"Mas por que você quer falar com ele?" Sirius bocejou uma noite na cama, enquanto
Remus desistia de outra tentativa de se apresentar apropriadamente. "Você sabe mais
sobre ser um lobisomem do que ele, não é como se ele fosse te ajudar em algo."

“Não é realmente sobre isso.” Remus bocejou de volta, apagando a luz de sua varinha
e se deitando. Ele esfregou as juntas e dedos da mão direita. Alguns dias ele sentia
como se nunca tivesse largado a pena, estava sempre escrevendo ou revisando
febrilmente suas anotações para os NIEMs, ou então fazendo cálculos complexos para
ajudar na grande pegadinha, ou escrevendo para Grant, Ferox ou Danny.

"Espere até a escola terminar, então." Sirius aconselhou. "Mais seguro para vocês
dois."

"Há três luas até lá." Remus respondeu, tentando ficar confortável. Os lençóis sempre
acabavam amarrotados na cama de Sirius, ele não tinha ideia de como o outro garoto
conseguia.

"Eu sei disso," Sirius respondeu indignado. "Mas não há muito que você possa fazer,
não é?"

981
"Suponho que não."

"E você não deve nada a ele."

"Não." Remus escolheu suas palavras com cuidado. "Mas devo a mim mesmo fazer a
coisa certa, não é?"

"É isso que está na sua cabeça?" Sirius estava emburrado, Remus sabia.

Uma vibração em sua barriga lhe dizia que eles estavam indo em direção a uma briga,
e ele poderia evitá-la agora apenas mudando de assunto.

“O que você quer dizer com 'o que está na minha cabeça' ?!” Remus rebateu.

“Quando você escreveu para Danny em primeiro lugar. Você tem que admitir que foi
um pouco imprudente. "

"Desculpe?!"

"Bem, para alguém que passou sete anos tentando manter cada aspecto de si mesmo
completamente privado, foi um pouco louco simplesmente enviar uma carta para um
estranho -"

“- irmão da minha amiga -”

“- derramando todos os segredos sobre tudo -”

"Não tudo!"

“- mas se o objetivo era fazer a coisa certa, então eu suponho que está tudo bem.”

"Olha, se você está puto comigo, então é só dizer, essa merda sarcástica não combina
com você, Black." Remus rolou de lado.

"Não estou puto." Sirius disse.

982
"Que bom."

Remus sabia que aquele não era o fim. Ele esperou impacientemente.

“... Só estive pensando, só isso.” Sirius disse finalmente. Remus sorriu para si mesmo,
antes de rolar de volta, franzindo a testa.

"O que?"

"É como se você quisesse ir embora ou algo assim."

“Obviamente eu queria ir” Remus sibilou, entrando na briga “Eu te disse. É inútil, eu
fazer os NIEMs, me preocupando com exames idiotas, clubes e pegadinhas, quando as
coisas estão acontecendo lá fora, agora. Tive a chance de ajudar e aproveitei. E daí se
eu não me importasse com as consequências?! Me chamar de imprudente?! Achei que
você entenderia! O que aconteceu com querer se vingar de sua família? O que
aconteceu com querer acabar com isso?”

"Eu quero ..." Sirius respondeu, parecendo menor.

“Bem, você não está agindo de acordo. Você parece mais preocupado com aquela
partida de quadribol idiota do que com a guerra. Talvez sejam a mesma coisa para
você. "

"Merlin!" Black respondeu fracamente, "Você não para até sentir o gosto de sangue,
não é?"

"Deve ser o lobo em mim." Remus concluiu brevemente.

Ele rolou novamente e fechou os olhos.

983
Capítulo 146 : Sétimo ano: Superego
Oh mine eyes have seen the glory of the theories of Freud,

Oh, meus olhos viram a glória das teorias de Freud,

He has taught me all the evils that my ego must avoid.

Ele me ensinou todos os males que meu ego deve evitar.

Repression of the impulses results in paranoid

A repressão dos impulsos resulta em paranóia

As the id goes marching on.

Enquanto o id continua marchando.

Psychotherapy' by Melanie.

Sábado, 1 de abril de 1978

"E ai!"

"Olá."

“Deus, se anime um pouco, raio de sol! Depois de eu ter passado por todo esse esforço
para marcar uma maldita audiência com você!”

"Desculpe! Estou muito, muito feliz em falar com você.”

"Cristo, você fica mais mauricinho a cada dia."

Remus riu apesar de si mesmo. O som ecoou de volta pelo receptor e o fez pensar na
voz de Grant viajando por toda a linha telefônica, desde a Inglaterra até a Escócia. Os
trouxas também eram muito mágicos.

984
"Como você está?" Ele perguntou "Ainda curtindo a praia?"

"O inverno foi terrível pra caralho." Grant respondeu, se acomodando na


conversa. Remus podia ouvir o cigarro entre os dentes, o rangido de um isqueiro. Ele
ansiava por ver o outro garoto, ver seu rosto e observar suas
expressões. "Chuva. Vento gelado - vem do mar, sacode as janelas mais do que em St.
Eddy's. Veja bem, os alunos compensaram.”

“Alunos?”

“Na Faculdade de Arte e em Brighton Poly. Tem vários como nós nas escolas de
arte. Eu estava saindo com um engenheiro, um poeta e um pintor”.

“São três pessoas diferentes ou uma pessoa muito inteligente?” Remus perguntou


ironicamente.

“Engraçadinho. Quem é você para falar.” Grant deu uma risadinha. “E quanto a você,


afinal? Como está o namorado? "

Remus bufou zombeteiramente.

"Bem."

"Bem?"

"Bem."

Grant exalou ruidosamente.

“Senhor, não é outra briga, é? Vou te dizer uma coisa, querido, você precisa controlar
esse seu humor.”

“Que humor ?!” Remus franziu a testa. Grant riu.

985
“Você é o cara mais temperamental que eu conheço, pior do que uma garota naqueles
dias quando algo te irrita. E você não segura a língua. Já tive costelas quebradas que
doeram menos do que algumas coisas que você disse.”

"Você nunca disse..."

“Não, bem, eu deixei você se safar porque é mais fácil do que começar uma briga.
Não é sua culpa. Eu sou do mesmo jeito, não sou? Todos nós, crianças
institucionalizadas, somos.”

“Institucionalizadas?!”

Era uma palavra enorme vinda de Grant, mas parecia rude dizê-lo. Deus, Remus
pensou consigo mesmo, quando eu me tornei tão esnobe?

“Sim, aparentemente é isso que somos. O poeta me disse - ele estava fazendo um
curso de psicologia. Disse que tenho medo de ficar com uma pessoa por muito tempo
porque fui muito abandonado quando era pequeno. Larguei ele depois disso,
obviamente. "

"Estou com o Sirius há muito tempo." Remus respondeu defensivamente. "Sempre foi


ele."

"Mas tem o mesmo problema.” Grant pensou, como se estivessem apenas passando o


tempo, "Quando foi a última vez que você deixou alguém ser legal com você sem
dizer algo terrível de volta?"

Remus apertou os lábios.

"Eu não faço isso." Ele disse, embora já soubesse que Grant estava certo. Desgraçado.

"Se você diz." Grant respondeu, casualmente. "Como está todo o resto, afinal?"

“Eu conheci minha mãe.”

986
"Caramba."

"Sim. Ela é ok."

"É isso que deixou você todo mal-humorado?"

"Não. Talvez."

“Não culparia você se fosse. Eu fico assim por semanas depois de ver a minha. Adora
me dizer o quanto ela me odeia.” Ele sempre parecia estar sorrindo, mesmo enquanto
dizia isso. Isso tornava tudo mais desagradável de alguma forma.

"Bem. A minha não disse isso.” Disse Remus. "Na verdade, ela disse que me ama."

"Isso é bom, então."

"Sim."

“Você não tem que dizer isso de volta, sabe. Ela largou você, a vaca insensível, ela
não tem o direito de esperar que você responda.”

Remus recuou um pouco com isso, chocado.

“Ela tinha motivos. De qualquer forma, não é como se eu não sentisse nada por ela. É
difícil dizer. Acho que seu amigo psicólogo pensaria que isso se deve ao fato de eu ser
'institucionalizado'.”

"Acho que sim."

“Mas você nunca teve um problema. Com, er ... afeto. "

Grant riu de novo, uma gargalhada alegre.

"Se você não acha que transar com todo rapaz que me olha de soslaio é um problema."

"Eu só quis dizer que você está mais aberto ..."

987
Remus não podia continuar, a risada de Grant estava abafando tudo.

"Desculpe!" Ele ofegou "Deus, esqueci o quão engraçado você era."

"Eu pensei que estava sendo mal-humorado."

“Você é um homem complicado, maldito Remus Lupin. É por isso que eu te amo.”

Remus resmungou. Grant riu novamente. "Não se preocupe, não é de um jeito queer."

Isso fez Remus rir, e por alguns minutos aquela risada foi tudo o que se passou entre
eles, por quilômetros e quilômetros de fio telefônico.

***

Remus voltou para Hogsmeade com o coração mais leve do que há uma hora atrás. Só
em falar com alguém de fora de Hogwarts, alguém de fora da guerra, foi um alívio
maravilhoso.

(“Eu gostaria que houvesse um telefone na escola que eu pudesse usar”, ele disse, se
desculpando, “Eu ligaria para você o tempo todo”.

“Quando formos milionários excêntricos”, pensou Grant, “podemos pagar a alguém


para nos seguir com um telefone, aonde quer que formos. O engenheiro disse que
serão capazes de fazer isso, talvez por volta dos anos 80.”

"Não vejo como isso poderia funcionar," Remus franziu a testa, "Onde plugaríamos os
fios do telefone?"

“Me diga você, não sou eu que estou numa escola chique.”)

Ele havia prometido se encontrar com os outros no Os Três Vassouras depois do


telefonema, que levou semanas para ser planejado. Sirius não disse nada quando
Remus se dirigiu para a cabine telefônica fora da cidade - talvez algumas semanas
atrás ele teria se oferecido para caminhar com ele, mas eles ainda não estavam sendo

988
legais um com o outro. Não sendo desagradáveis, mas não estavam felizes. Era
cansativo, mas ceder parecia um trabalho ainda mais difícil.

Remus parou por um momento antes de entrar no pub. Ele fumou, encostado na


parede sob a placa. Era um belo dia de primavera e o primeiro fim de semana em
tempos que estava livre. Observou a movimentada rua principal, estudantes felizes
andando de um lado para outro com seus amigos, sacolas de compras estufadas e
rostos radiantes. Quão diferente era deles? Ele era menos?

Não para seus amigos, pensou, com confiança. Não para Sirius.

De repente, ele sentiu um cheiro familiar no vento, e procurou na multidão


rapidamente para encontrar Chris, passando apressado.

“Ei! Ei, Christopher!” Remus chamou.

O menino tímido parou, viu quem estava gritando e se aproximou - com certa
relutância.

“Olá, Remus,” Chris acenou com a cabeça, parecendo agitado. Ele não tinha sua bolsa
usual de livros e suas roupas estavam mais elegantes do que o normal. Ele cheirava
um pouco diferente também - um sabonete novo, ou... não poderia ser colônia?!

“Oi, não vejo você há um tempão” Remus sorriu para ele.

"Sim, estive tão ocupado ... então tive um resfriado, lembra?" Christopher não olhou
bem em seus olhos. Ele estava corando, mas Christopher estava sempre corando, então
Remus não deu muita importância a isso.

"Ah, sim, está se sentindo melhor?"

“Sim, obrigado.

“Entre, os outros estão lá dentro ...”

989
“Oh ... não, desculpe, Remus, hum. Estou com alguém...”

"Oh!" Remus o olhou de cima a baixo novamente. Bem, agora fez um pouco mais de


sentido. "Quem?"

“Erm. Ninguém que você conheça ... desculpe, mas ... você se importa? Vou me
atrasar."

"Claro que não! Desculpe ...” disse Remus, um pouco irritado. Christopher nunca o


rejeitou assim antes. Ele o viu sair apressado pela rua e virar uma esquina.

Ok.

Remus apagou o cigarro no pote de gerânios vermelhos na soleira da porta do pub,


então empurrou a porta e entrou. James, Lily, Mary, Peter, Marlene e Yaz estavam
sentados no canto mais distante, a mesa cheia de copos vazios.

Ele sorriu caminhando até eles, abaixando a cabeça sob as vigas pretas do teto e
levantando a mão em saudação.

"Moony!" James sorriu, acenando de volta. Peter e Mary moveram-se no assento de


veludo verde para abrir espaço para ele.

“Como foi sua ligação?” Lily perguntou animadamente.

"Boa, obrigado." Remus acenou com a cabeça. "O que vocês têm feito?"

“Planejando a festa de fim de ano.” Mary sorriu ansiosamente.

“Meus pais disseram que pode ser lá em casa.” Disse James. “Vamos convidar todos
do ano. A maioria deles, de qualquer maneira ...”

"Parece bom." Remus sorriu de volta.

990
As coisas estavam estranhas entre todos eles, porque era dolorosamente óbvio que ele
e Sirius estavam brigando. Lily tentou ser prática e agir como se estivesse acima de
tudo, mas James estava perpetuamente preso entre eles e nunca sabia para onde olhar.

"Certo, venham e peguem...!" Sirius de repente apareceu por cima do ombro de James


vindo do bar, uma bandeja de canecas em seus braços. Ele olhou para cima e viu
Remus, e o sorriso morreu em seus lábios.

Todos desviaram o olhar, envergonhados, e Remus sentiu algo endurecer em seu


peito. Uma torrente de frases curtas brilhou em sua mente; coisas rancorosas e
afiadas. Foi necessário um enorme esforço para ignora-las. Ele não queria que fosse
mais fácil ser cruel do que gentil. Recusava ser esse tipo de pessoa. St. Edmund's não
poderia ser tudo o que era.

“Oi,” ele sorriu, abaixando a cabeça para que seu cabelo caísse em seus olhos e ele
tivesse que empurrar os cachos para trás. Estava uma bagunça, precisava cortar.

"Oi." Sirius baixou a bandeja com um estrondo. "Eu vou voltar e pegar para você -"

"Remus pode ficar com o meu," disse Mary, saindo, "Samuel do meu grupo de
Feitiços tem me jogado olhares a tarde toda ... senta aí, Black." Ela o cutucou no
assento, e Sirius cautelosamente tomou seu lugar ao lado de Remus.

"Até logo!" Mary vibrou, desfilando pelo chão do pub em direção a um grupo de


meninos da Corvinal.

Marlene sorriu e balançou a cabeça para Yaz, que riu e apertou a mão dela em cima da
mesa. O coração de Remus saltou e ele olhou ao redor furtivamente.

Ninguém mais estava olhando - a pequena mesa ficava em um canto estranho da sala,
longe das janelas e mal iluminada por lâmpadas a gás. Sem dúvida, foi pela
privacidade que eles escolheram, Remus viu agora que todos os seus amigos estavam
com as bochechas rosadas e os olhos vidrados por causa da cerveja. Lily estava

991
praticamente sentada no colo de James, e a mão direita dele havia desaparecido na
parte de trás do suéter dela.

“Como foi a ligação?” Sirius perguntou, neutro, olhando para sua cerveja.

"Boa." Remus respondeu baixinho, “Ele parecia muito bem. Feliz."

"Que bom."

Remus tomou um grande gole de cerveja para ganhar coragem. Peter estava


conversando sobre quadribol com Marlene e Yaz, James e Lily só tinham olhos um
para o outro. Ele se virou para Sirius, girando de lado no assento.

"Eu sou um idiota." Disse.

"Sim." Sirius bebeu também, ainda sem realmente olhar para Remus, embora o canto
de seus lábios tenha se erguido quando ele inclinou a cabeça para trás.

O lampejo de pele branca em seu pescoço enquanto ele engolia chamou a atenção de
Remus, que se mexeu no assento, mais perto de Sirius.

"Eu sinto muito." Ele sussurrou, de forma que apenas Sirius pudesse ouvi-lo.

"Eu não posso falar com você às vezes sem que você arranque minha cabeça
fora." Black resmungou. "Você fica com esse humor e eu não consigo alcançá-lo."

"Eu sei..." Remus disse, tentando não se distrair muito com a forma como o pomo-de-
adão de Sirius balançava, ou a forma como sua veia palpitava naquela depressão
acima de sua clavícula, ou seus adoráveis pulsos finos, ou como ele adoraria segurar
eles rápido e...

Remus olhou em volta mais uma vez, só para garantir, antes de se inclinar ainda mais
perto, empurrando o cabelo de Sirius para trás com os dedos e beijando aquele lindo
pescoço, movendo a língua para cima, logo atrás do lóbulo da orelha. Ele ouviu a

992
inspiração aguda de Sirius, e o sangue correndo tão rápido em suas veias que parecia
efervescente, e a temperatura de Remus começou a subir.

“Eu realmente sinto muito”, disse ele novamente, “É minha culpa e eu vou melhorar”.

"Melhorar?" Sirius murmurou, sua cabeça baixa para que seu cabelo caísse sobre seu
rosto.

"Sim, melhorar. Eu sinto muito. Eu perco a paciência quando as pessoas me dizem o


que fazer, mas vou tentar.”

A cabeça de Sirius se inclinou em direção a ele e Remus se afastou para que eles
pudessem se olhar nos olhos. Ele não estava mais com raiva, ou cauteloso, o que foi
um alívio.

"Suponho que não seja realmente meu trabalho dizer a você o que fazer em primeiro
lugar..." Sirius disse, cedendo tão facilmente. Ele não conseguia guardar rancor,
exceto talvez por sua família. Ele era muito bom, por dentro e por fora. Remus sentiu
outra pontada de culpa devido a isso, o que fortaleceu sua determinação: faria de tudo
para mudar, para merecer a lealdade cega de Sirius.

"Não, mas eu não tenho que ser tão idiota sobre isso," Remus rebateu, se afastando um
pouco mais e pegando sua bebida. "Eu vou te compensar, eu prometo."

"Ah é?" Black ergueu uma sobrancelha. Com todas as coisas perdoadas, sua mente
havia claramente retornado à sua preocupação usual.

"Mais tarde." Remus respondeu imperiosamente, dando-lhe um leve tapa na coxa.

"Então, o que Grant disse?" Sirius se acomodou confortavelmente no canto da


mesa. Terminada a parte desconfortável, sua postura relaxou e ele apoiou uma bota no
banco livre mais próximo, inclinando-se para a frente sobre o joelho.

993
“Ah, só conversamos,” Remus disse, engolindo sua cerveja levemente, “Ele ainda está
trabalhando em Brighton, tem seu próprio apartamento; quer comprar um carro para
os fins de semana.”

“Nós poderíamos ir lá, depois que as aulas terminassem.” Sirius sugeriu, “Se você
quisesse? Se houver tempo para férias.”

"Talvez," Remus acenou com a cabeça, bebendo novamente. Na verdade, nenhum


deles realmente sabia o que aconteceria quando as aulas terminassem. Até mesmo
James e Lily estavam confusos com os detalhes.

“- então eu disse a ele que o azararia se ele me perguntasse mais uma vez.” Yaz estava
apenas dizendo, Marlene rindo e escondendo o rosto nas mãos,

"Você é horrível!"

“Bem, ele precisa aprender a lição!”

"Quem?" James e Sirius perguntaram, nenhum deles querendo ficar de fora de


qualquer fofoca.

"Ugh, Lockhart," Yaz sacudiu a cabeça com altivez, balançando o rabo de cavalo.

"Ele está incomodando você de novo?" James franziu a testa, “Eu disse a ele para ficar
longe do meu time! Vou contar ao Flitwick...”

"Não se preocupe, ele entendeu a mensagem desta vez", Marlene riu, "Yaz é
convincente."

"O que ele quer?" Sirius perguntou.

"Ele fica farejando, tentando descobrir o que estamos fazendo." James suspirou,


balançando a cabeça, “Acho que ele está sentindo que está sendo deixado de fora. Ele
é como uma versão mais higiênica do Snape no quinto ano.”

994
Lily deu uma cotovelada nas costelas dele, o que só fez James rir.

"Deixado de fora do quê?" Remus franziu a testa, "Ele nem mesmo joga e é um


corvino - eles perderam o último jogo."

"Moony!" Sirius exclamou, "Você acabou de demonstrar conhecimento de


quadribol?!"

Todos riram dele e Remus fez cara feia, bebendo mais cerveja.

"É difícil evitar em nosso maldito dormitório." Ele retrucou.

"De qualquer forma, ele não está interessado no time de quadribol." James balançou a
cabeça, sorrindo, "É a outra coisa." Ele disse isso de forma muito ameaçadora, as
sobrancelhas franzidas e lançando olhares suspeitos ao redor do pub. Ah, Remus
pensou: a pegadinha.

“Ele não me perguntou,” Remus disse, encolhendo os ombros.

“Isso é porque você engana todo mundo”, respondeu Marlene. "A escola inteira de
alguma forma pensa que você é o mais manso desse grupo."

Remus sorriu docemente para ela.

"Você está sugerindo que eu não sou?" Ele ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo
para ela.

Ao lado dele, Sirius fez um pequeno ruído tenso no fundo da garganta. Seu pulso
ainda não tinha se estabilizado.

"Certo," Lily se levantou, esvaziando sua bebida e limpando os lábios na parte de trás
da manga, "Temos duas horas antes de começar a reunir os monitores de volta, e
preciso ir à papelaria antes que feche. Potter?"

"Sim, estou indo", James engoliu o resto de sua própria cerveja.

995
"Nós dois precisamos de polimento de vassoura, se você quiser vir, Pete?" Marlene
disse, gentilmente. Wormtail estava sendo deixado bastante de fora ultimamente; até
Dorcas o estava ignorando.

"Excelente!" Ele se levantou ansiosamente, seguindo James para fora.

"Black?" Marlene olhou para Sirius. "Você não queria luvas novas?"

"Vou encomendá-las da Quadribol Mensal." Ele respondeu, mal olhando para ela.

“Como quiser,” ela encolheu os ombros. Houve um pouco de comoção enquanto todos


juntaram suas coisas e acertaram a conta, mas finalmente Remus e Sirius foram
deixados sozinhos. Remus se virou para ele lentamente, tentando parecer inocente.

“O que você gostaria de fazer, então? Caminhar? Dedos de mel?”

“Quando é garantido que o dormitório ficará vazio por pelo menos duas
horas?!” Sirius lambeu os lábios.

“Provavelmente só uma hora e meia pelo tempo que levaremos até chegar lá ...”

"É melhor irmos logo, então."

"Ei," Remus sorriu, levantando-se, as mãos nos bolsos. "Pensei ter dito que não gosto
que me digam o que fazer."

Eles saíram da fila do pub e Remus segurou a porta aberta. Enquanto Sirius passava
por ele, arrastando-se para o seu lado, Black se inclinou sutilmente e sussurrou.

"Você apenas terá que me dizer o que fazer, então."

Remus sorriu.

996
Capítulo 147: Sétimo ano: Noite e dia

God save the queen.

The fascist regime.

They made you a moron;

A potential H bomb.

God save the queen.

She ain’t no human being

And there’s no future

And England’s dreaming...

'God save the Queen' by The Sex Pistols

Sexta-feira, 28 de abril de 1978

“Remus ... Remus. Puta merda, acorda... "

"Cai fora." Remus resmungou, acordando. “Está de madrugada."

"Você está rangendo os dentes de novo." Sirius reclamou.

“Eu não posso evitar. Vá dormir."

“Entre o barulho dos seus dentes, o ronco do Prongs e o Wormtail levantando a cada
cinco minutos, como é possível?!”

“Ei!” Uma voz veio do outro lado do quarto "Estou com a bexiga nervosa!"

997
"Você não deveria beber tanto antes de dormir!" Sirius sibilou de volta.

"Desculpe, mãe." Peter respondeu, mal-humorado "Não sabia que você estava
monitorando minha biologia."

“Você tropeça na sua roupa suja toda vez que se levanta!”

"Na verdade, são os livros do Moony!"

"Não são meus!" Remus replicou "São para a pegadinha!"

"Todos vocês, calem a boca!" Gritou James.

Eles ficaram em silêncio por um minuto.

"Maldito Wormtail." Sirius murmurou em seu travesseiro, rolando.

"Ótimo, agora eu preciso ir ao banheiro..." Remus resmungou, saindo da cama, seus


pés descalços encostando no chão frio.

Ele não acendeu a luz na tentativa de ficar semi-adormecido, mas não adiantou.
Quando se levantou, cruzou o quarto, fez xixi e lavou as mãos, Remus já estava
totalmente acordado. E sua mandíbula doía, então Sirius devia estar certo sobre os
rangidos. Era pelo mesmo motivo que Peter ficava para cima e para baixo a noite toda,
e provavelmente o mesmo motivo pelo qual Sirius não conseguia dormir. Os NEWTs
começariam na próxima semana.

Ao sair do pequeno banheiro, Peter correu para entrar novamente, alcançando o painel
de interruptores na parede enquanto o fazia, e apertando o errado. Remus estremeceu,
sentindo como se suas retinas tivessem explodido quando o brilho artificial
surpreendente encheu o quarto.

"Wormtail, seu imbecil!" Sirius rosnou da cama. Remus tinha deixado as cortinas
meio abertas, e a luz atingiu seu rosto como um raio laser.

998
"Desculpe, desculpe!" Peter disse, pulando de um pé para o outro enquanto se
atrapalhava com os interruptores na parede, "Eu não queria apertar aquele..."

"Eu não posso esperar até que eu não tenha mais que dividir o quarto com você, seu
pequeno roedor," Sirius cuspiu, sentando-se, "Você nunca pensa em mais ninguém?!"

"Cale a boca, idiota," Peter respondeu, parecendo sonolento e chateado, "Acha que
gosto de compartilhar com você e Moony?!"

“E eu e o Moony?!” Sirius sentou-se bruscamente.

"Só vá ao banheiro, Peter," Remus suspirou, acendendo a luz do banheiro e depois


apagando a do quarto para que fossem lançados na escuridão mais uma vez. Peter
bateu a porta depois a trancou.

"Pirralho imbecil..." Sirius resmungou para si mesmo.

"Sirius!" Remus retrucou, com aquela voz autoritária que sempre funcionava, "Pare de
choramingar."

Black apertou os lábios, ficando instantaneamente quieto, os olhos fixos em Remus.

"Bom garoto," Remus sorriu de lado. Ele esfregou a nuca, olhando para o relógio na
mesa de cabeceira de Peter. Três e meia. "Vou descer, não vou conseguir dormir
agora. E você pode ter um pouco de paz."

Eles andavam compartilhavam a cama de Remus nas últimas noites e, embora fosse
grande, não era para dois meninos adultos. Infelizmente, eles não tinham mais
escolha, já que a própria cama de Sirius havia desaparecido no início da semana. Os
marotos estavam praticando para a pegadinha e estavam tendo um pouco o problema
com o encantamento principal. Sirius permanecia alegremente otimista de que a cama
apareceria de novo eventualmente, mas Remus tinha menos certeza.

Ele desceu as escadas em silêncio, um livro debaixo do braço.

999
Remus amava a sala comunal quando estava vazia; estava cheia de algumas de suas
memórias mais felizes de Hogwarts.

Ele se aproximou e abriu a grande janela. Remus sempre se sentia muito quente, e
sempre gritavam com ele por abrir as janelas para deixar o ar frio entrar, mas ninguém
estava por perto para reclamar dessa vez. Remus inalou o cheiro da floresta e do
castelo; o céu noturno e a neve das montanhas; a água lisa aveludada do lago e cada
folha de grama no campo de quadribol. Hogwarts. Ele se perguntou se algum dia se
sentiria tão em casa em qualquer lugar novamente.

Remus balançou a cabeça, percebendo o quão bobo e sentimental estava sendo. Ele
deixou as janelas abertas e voltou para a sala, acomodando-se no grande sofá de
veludo e abrindo seu livro. Ele acenou com a varinha para a chaleira pendurada sobre
o fogo, e ela começou a esquentar enquanto folheava seu livro, tentando encontrar
aonde tinha parado.

Onde conseguiria seus livros depois de Hogwarts? Era fácil se filiar a uma biblioteca
trouxa - mas os bruxos também as tinham? Outra pergunta para Sirius - ou talvez
Chris, quando Remus o visse novamente. Christopher estava sendo muito esquivo
desde que se encontraram em Hogsmeade.

Assim que a chaleira ferveu, os ouvidos de Remus se aguçaram ao som de passos


familiares descendo a escada do dormitório. Ele sorriu um sorriso secreto para si
mesmo e, sem se virar, simplesmente convocou uma segunda xícara de chá do
armário, preparando-se para servir.

"Achei que você quisesse dormir." Disse suavemente, enquanto Sirius andava pelo
carpete ainda enrolado em seu cobertor e se sentava no lugar quente que Remus havia
deixado no sofá.

"Prongs ainda está roncando." Sirius bocejou, puxando o cobertor para mais perto
enquanto Remus trazia o chá. "Puta merda, está congelando aqui."

1000
“Vou fechar a janela -”

"Não, está bem. Vou me aquecer. "

Remus se sentou com seu chá, sussurrando “ Levio liber ” em seu livro, para que
pudesse lê-lo com o chá em uma das mãos e um braço em volta de Sirius, que se
apoiava sonolento em seu ombro. Será assim? Remus se perguntou, depois de
Hogwarts? Noites no sofá sem ninguém nos incomodando.

"O que você está lendo?" Sirius perguntou, observando o livro pesado levitando logo
acima do colo de Remus.

"Oh, algo que descobri sobre legilimência."

"É?" Sirius ergueu a cabeça, formando uma pequena carranca. "Por que?"

"Apenas fiquei interessado." Respondeu. “Queria ler algo fora dos meus textos
centrais para os NIEM, e pensei - leitura de mentes, legal. Quem não gostaria?”

“Eu acho que deveria ser ilegal.” Sirius disse, repentinamente espinhoso, embora
Remus não soubesse por quê. “É uma invasão de privacidade - praticamente magia
negra.”

"Bem, só estou lendo sobre isso." Remus disse, com cuidado.

"Eu não quis dizer que você iria..." Sirius suspirou, voltando a se sentar. Vendo que
isso o aborreceu, Remus permitiu que o livro parasse de levitar e acariciou seu cabelo
gentilmente, porque ele sempre gostava, mesmo que fingisse que não. Ele sentiu
Sirius relaxar contra si novamente, antes de ouvi-lo dizer em uma voz estranha
"Desculpe, eu não queria explodir. É que minha mãe consegue fazer isso. Ela é uma
legilimens. "

"Oh…"

1001
“Para que ela pudesse descobrir o que estávamos fazendo - onde estava nossa
'lealdade'.”

"Sinto muito, Padfoot." Remus apertou seu braço. Aquela sensação protetora voltou,
fria e doce como adrenalina.

"Não sinta. Eu estou cheio dela, morcega velha louca. E eu meio que aprendi a desviar
disso, no final. O que a deixava com tanta raiva. ” Ele soltou uma risada vazia.

"Você aprendeu oclumência?" Remus ergueu as sobrancelhas, "Isso é incrível!"

"Não exatamente..." Sirius franziu a testa novamente, mas desta vez Remus sabia que
era porque ele estava pensando muito. Ele se sentou, afastando-se de Remus, e se
inclinou para colocar seu chá na mesa de centro.

“É mais como ... você aprende a não pensar nas coisas que ela quer que você pense.
Piorou quando éramos adolescentes, você sabe, ela estava preocupada com
‘pensamentos impuros’. Tojours pur. Então, eu só ... a distraia pensando em outra
coisa. "

"Para que ela não descobrisse sobre Mary?" Remus perguntou, "Ou as outras garotas
nascidas trouxas?"

"Hum." Sirius mexeu suas mãos, desviando o olhar, “Sim, isso. E ... bem, tanto faz,
qualquer coisa que eu não queria que ela soubesse. O problema é que você acaba se
confundindo. É como amarrar seus próprios pensamentos em nós. Difícil de solta-
los... você meio que teve que encarar as consequências ruins disso, um pouco.”

Então, ele encontrou seus olhos e parecia tão envergonhado e arrependido, que Remus
percebeu exatamente o que ele quis dizer. Foi por isso que tudo foi tão difícil, no
começo? Por que Sirius havia insistido tanto em fingir que nada estava acontecendo
entre eles?

1002
Remus largou seu próprio chá e abraçou Sirius com força. Ele a odiava. Ele odiava a
guerra e odiava a si mesmo por não ser capaz de dizer as palavras certas. Esta era uma
daquelas ocasiões em que isso poderia realmente fazer a diferença.

"Sirius ..." ele disse, o coração batendo forte quando eles finalmente se soltaram, "Eu
sinto..."

“Está tudo bem, Moony. Acabou agora." Sirius sorriu para ele corajosamente.

"Eu sei, mas eu quero que você saiba, eu quero te dizer ... eu realmente ... de
verdade... eu ..."

"Eu sei." Sirius o beijou gentilmente, envolvendo os braços ao redor dele mais uma
vez e apertando-o de volta. "Eu também."

***

Well we got no choice

All the girls and boys

Makin' all that noise

'Cause they found new toys

Well we can't salute ya can't find a flag

If that don't suit ya that's a drag.

'School's Out' by Alice Cooper

Sexta-feira, 5 de maio de 1978

"Eu falhei." Marlene sussurrou enquanto eles saíam da sala de exames, torcendo as
mãos.

1003
"Você não falhou." Mary colocou o braço em volta do ombro da amiga.

"Pelo menos acabou." Marlene suspirou.

"Não, você está me deixando toda emotiva." Mary riu. "E você, Lupin?" Ela estendeu
a mão para enlaçar seu braço com o dele enquanto os três caminhavam pelo corredor
em direção ao terreno aberto.

“Se estou emotivo?” Ele perguntou, levantando uma sobrancelha.

"Como você acha que foi?" Mary esclareceu “Eu sei que você é estoico”.

“Ok, eu acho. A pergunta sobre os basiliscos me confundiu um pouco, mas acho que
consegui.”

“Estóico e modesto, meu homem dos sonhos.” Mary suspirou.

"Eu tenho que ir", disse Marlene, quando eles viraram uma esquina, "Desculpe, eu
disse que me encontraria ..."

"Yasmin." Mary terminou por ela, um pouco maliciosamente. Ela soltou Marlene
debaixo do braço. "Vá logo, então."

"Vaca mal-humorada", Marlene mostrou a língua, "Você sabe que eu te amo para
sempre."

"O mesmo", Mary franziu o nariz. "Vejo você no jantar."

"Tchau, Marlene," disse Remus, educadamente. Eles eram amigos de novo, mas ainda
parecia estranho.

"Até mais tarde!"

Mary manteve seu aperto no braço de Remus e o olhou.

1004
"Você não vai me abandonar por um jogador de quadribol de cabelos negros também,
não é?" Ela perguntou "Honestamente, é como um clube em que vocês estão
completamente dentro."

“Ah, cale a boca,” ele riu, “E não. Ele tem seu exame de estudos trouxas. "

"Então você é meu?!"

"Todo seu." Ele assentiu. Ela sorriu e beijou sua bochecha. Eles continuaram andando
em direção ao sol.

“Eu acho que estraguei um pouco as cockatrices,” Mary pensou, “Eu nunca poderia
levá-las a sério o suficiente para estudar - quero dizer, pelo amor de Deus, meio
dragão, meio galinha?! Bobagem do caralho. Mesmo assim, acho que fui ok. ”

"Tenho certeza que sim," disse Remus, "Você se esforçou muito - todos nós nos
esforçamos."

“Eu me esforçava mais quando Ferox estava ensinando,” Mary sorriu.

"Deus, eu também," Remus respondeu casualmente, fazendo Mary cair na risada. Ele
gostava de chocá-la; o que era difícil de fazer, na maioria das vezes. Veja bem, ela
levava tudo com calma. Assim que eles dobraram a última esquina, Mary parou no
meio do caminho, um olhar de desgosto cruzando seu rosto.

"Ugh, é Rotherhide."

Remus seguiu sua linha de visão. Eles estavam na última arcada que dava para o
terreno aberto. Era um dia ensolarado, embora um pouco frio, e depois de um início de
ano chuvoso, todos os alunos que não estavam nas aulas ou exames estavam
aproveitando o clima. Roman Rotherhide, o arrasador de corações da Corvinal do
sétimo ano, estava vadiando com alguns de seus amigos à alguns metros. Ele e Mary
estavam entrando e saindo de um relacionamento há anos e, a julgar pela expressão
em seu rosto, eles estavam definitivamente "desligados" agora.

1005
"O que ele fez?" Perguntou Remus.

"Nada, ele só me irrita." Ela disse. “Alguns dias todos eles me irritam.”

"Rapazes?"

“Bruxos.”

"Justo. Venha, vamos apenas continuar caminhando. "

"Me beije!" Mary se virou para ele: "Vá em frente, isso vai deixá-lo louco. Rápido, ele
está olhando!”

"Mary!" Remus riu, desviando-se dela, "Não!"

"Por favor!"

"Não!"

“Ugh, que grande amigo você é,” ela resmungou. "Venha, então…"

"Você é maluca." Remus balançou a cabeça, seguindo-a. Ele suspirou e colocou a mão
na dela. "Pronto, isso serve?"

“Meu herói,” ela sorriu para ele, apertando sua mão de volta, balançando-a para frente
e para trás para que Roman notasse.

Eles se acomodaram debaixo de uma grande árvore de faia perto do lago. Remus
deitou-se de costas com os braços atrás da cabeça, observando os galhos rangerem
lentamente acima, enquanto Mary começava a lixar e pintar as unhas.

Sirius fez Remus prometer não começar a revisar nada depois que seu exame de Trato
das Criaturas Mágicas fosse concluído e, pela primeira vez, Remus não discutiu.
Estava no ponto ideal entre as luas cheias, onde se sentia mais saudável e humano -
além disso, as aulas haviam terminado para sempre, o que significava que ele não teria

1006
dever de casa e todos estavam de bom humor ultimamente - por que se trancar na
biblioteca?

"Deus, mal posso esperar para que tudo acabe." Mary disse "Vou sentir saudades de
todos vocês, obviamente, mas estou de saco cheio da escola."

"Você sabe o que vai fazer depois?" Remus perguntou, fechando os olhos e encarando
as veias vermelhas brilhantes de suas pálpebras.

“Mamãe quer que eu faça um curso de datilografia, consiga um ‘emprego de


verdade’.”

"Você poderia se quisesse," Remus ponderou, "Você poderia enfeitiçar uma máquina
de escrever fácil."

“Ha, eu deveria. Isso mostraria a mamãe que eu consigo. De qualquer forma,


provavelmente vou engravidar e ter que me casar quando tiver dezenove anos, como
ela fez. Então a partir daí é cozinhar, lavar roupa e ir à igreja para o resto da minha
vida.”

"Que pensamento alegre." Remus bufou.

"Lily disse que vocês iam ajudar Dumbledore." Mary disse de repente.

Remus abriu os olhos e virou a cabeça, semicerrando os olhos para ela. Ela estava
usando um par de óculos de sol com armação branca tipo gatinho, então ele não podia
ver seus olhos, mas sua boca estava séria, não mais alegre.

"Isso mesmo." Disse.

"E aí? Vocês todos vão terminar a escola e salvar o mundo? "

"Bem." Remus respondeu firmemente, "Vamos começar vencendo a guerra, de


qualquer maneira."

1007
"Remus, por favor, não."

Ele se sentou, então, irritado.

"Por que você está trazendo isso à tona?"

"Porque Lily perdeu todo o senso de razão desde que ela está com Potter. Potter e
Black pensam que são intocáveis de qualquer maneira e Peter não consegue pensar
por si mesmo. Você é o sensato. "

"Não, eu não sou."

“Eu só ... eu penso sobre os ataques no Natal. O irmão de Marlene. A maneira como
as pessoas olham umas para as outras atualmente. Estou com medo. Vai piorar.”

"Sim, vai." Sua voz é dura. "A menos que alguém faça parar."

“Mas por que tem que ser você? Qualquer um de vocês?! Deixe Dumbledore lutar, se
ele é tão poderoso como todos dizem. Por que ele precisa de crianças para ajudá-lo?”

“Não somos crianças. Mary, isso não é sobre Dumbledore, ou mesmo Voldemort, é ...
é sobre todo o mundo mágico. A comunidade; é sobre tornar ela um lugar onde todos
nós podemos - ”

"Remus, você nunca será um deles."

"Desculpe?"

"Veja. Você sabe por que minha família acabou no Reino Unido? Meu avô lutou na
guerra. Ele ganhou medalhas e toda aquela merda, "a gratidão do império". Eles
disseram que não poderiam ter derrotado Hitler sem os soldados da comunidade. Você
quer saber o que aconteceu com aquela gratidão quando a guerra acabou? Quando ele
se mudou para cá para ter uma vida melhor? Você sabe como o chamavam? " Ela
balançou a cabeça com raiva. “As coisas não mudam por causa de atos heroicos
estúpidos. As pessoas não mudam. Mesmo se vencermos a guerra, mesmo se aquele

1008
cara assustador Lorde das Trevas for preso, ou derrotado, ou o que seja. Potter e Black
podem conseguir os desfiles da vitória, mas ninguém vai ... você vai ser um excluído
para sempre. Veja como Danny está sendo tratado.”

"Mary." Remus disse, seu tom muito frio agora. Como eles entraram nisso? Eles
nunca brigaram, "Não vou discutir mais sobre isso."

"Não fique com raiva de mim." Ela disse "Estou apenas tentando ..."

"Eu sei. Mas eu não estou interessado.”

"... Remus, eu-"

“Por que não praticamos alguns feitiços? O exame é em dois dias.” Ele se levantou,
puxando sua varinha. Mary permaneceu sentada na grama. Ela olhou para ele,
baixando os óculos escuros, seus olhos castanhos em reprovação, franziu os lábios e
deu de ombros.

"OK. Apenas deixe-me terminar minhas unhas.”

1009
Capítulo 148: Sétimo ano: A final

Arseholes, bastards, fucking cunts and pricks

Aerosole the bricks

A lawless brat from a council flat, oh oh

A little bit of this, and a little bit of that, oh oh.

Dirty tricks.

From the Mile End Road

To the matchstick Becontree

Pulling strokes and taking liberties...

'Plaistow Patricia' by Ian Dury and the Blockheads.

Ah foda-se. Inferno de merda. Como diabos isso aconteceu?! Como havia deixado isso
chegar tão longe?! A boca de Remus estava seca, as palmas das mãos úmidas e quanto
menos falasse sobre suas entranhas, melhor. Ele gostaria de ter Sirius por perto, ou até
mesmo James, para ajudá-lo a se acalmar. Mas ninguém poderia ajudá-lo agora. Ele
estava sozinho.

McGonagall se virou para ele.

"Pronto, Sr. Lupin?"

Ele engoliu em seco e acenou com a cabeça. Era hora de jogar a merda no ventilador.

Porra, pelo amor de Deus. Isso tudo era culpa de Christopher.

1010
***

A bagunça toda começou quatro dias antes. Os marotos estavam na biblioteca


estudando para seu último exame, Aritmancia. Bem, Peter não fezia Aritmancia, mas
ele estava lá de qualquer maneira; ostensivamente para apoio moral, mas
principalmente para fornecer alimento. Ele tinha sido uma dádiva de Deus para Remus
em particular, fazendo viagens de hora em hora até a cozinha e voltando com bolos
caldeirões, pastéis, bacon e tortas de geleia.

"São onze e meia," Sirius bocejou, "Vamos, não acho que meu cérebro possa absorver
mais conhecimento esta noite."

"Eu não acho que seu cérebro já absorveu qualquer --- ow!" James estremeceu quando
Sirius o chutou por baixo da mesa.

"Vamos," ele repetiu, "Vai ser toque de recolher em breve, de qualquer maneira."

"Estamos com o monitor-chefe, não acho que o toque de recolher seja importante."
Remus respondeu, escrevendo tão rápido quanto sua pena permitia.

Mas James pegou o bocejo de Sirius. Ele tirou os óculos e esfregou os olhos,
afastando-se da mesa.

"Nah, Padfoot está certo - estamos aqui há horas. Vamos encerrar e fazer uma sessão
de recapitulação amanhã?”

Peter estava olhando para Remus com esperança, claramente extremamente entediado.
Remus franziu a testa para todos eles.

"Vocês vão, se quiserem, mas vou me odiar se perder tempo - é nosso último exame!"

"Você quase não está perdendo tempo", disse Sirius, "Você esteve tanto na biblioteca
neste semestre que estão considerando colocar uma placa em sua homenagem."

"É necessário." Remus disse, "Eu quero me sair melhor que Snape."

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"E você vai." Sirius o acalmou, "Vamos, você está ficando com olheiras sob os olhos."

"Oh, não," Remus suspirou sarcasticamente, guardando seus papéis, "Minha aparência
arruinada..."

"Cale a boca, seu idiota bonito." Sirius deu uma leve cotovelada nele.

Eles juntaram o resto de seus livros, limparam as migalhas de comida o melhor que
puderam e se dirigiram para a saída da biblioteca. Ainda havia muitos alunos
estudando, todos em diferentes estados de angústia.

"Mal posso esperar para que tudo acabe", sussurrou Peter, "Imaginem! Chega de dever
de casa para sempre! ”

Remus deve ter parecido chocado com isso, porque Sirius berrou de tanto rir e jogou
um braço em volta de seus ombros (era um gesto fraternal, Remus havia decidido,
então permitiu que fizessem em público).

"Você ainda terá prazos para cumprir," James pensou, bocejando novamente quando
eles entraram nos corredores mal iluminados do castelo. “Se você quiser trabalhar no
ministério. Papai reclama deles o tempo todo.”

"Duvido que algum dia serei tão importante quanto seu pai", respondeu Peter,
enfiando as mãos nos bolsos.

“Como vão as aplicações, afinal?” James perguntou a ele.

"Ah. Bem. Mamãe disse que meu padrasto pode ser capaz de me colocar em bons
termos... você sabe, caso eu não tenha uma resposta de qualquer lugar. "

“Não será sua culpa, Wormy”, disse James, “Eles estão fazendo cortes em todos os
lugares - por causa da guerra. As coisas estão difíceis.”

"Não para jogadores de quadribol." Peter murmurou.

1012
Sirius balançou a cabeça em desaprovação, mas não disse nada.

"Eu não vou ser um jogador de quadribol", disse James levemente, "Não até que a
guerra seja vencida."

O que não estava sendo dito aqui, Remus pensou, era o fato de que James não
precisava realmente de um emprego, com guerra ou sem guerra, com talento ou não.
O mesmo com Sirius, que era tão rico que nunca falava sobre dinheiro. Embora ele
não concordasse com sua amargura, Remus simpatizava com Peter nesse quesito; os
Pettigrew eram firmemente de classe média e, embora ele sempre tivesse tido uma
vida suficientemente confortável, esperava-se que ele começasse a ganhar dinheiro o
mais rápido possível. No que dizia a respeito de Remus, que mal era da classe
trabalhadora mesmo em um dia bom -

Ele foi interrompido de seus pensamentos por um ruído estranho à frente e parou no
meio do caminho. Os outros pararam também.

"O que há de errado?" Sirius perguntou "Esqueceu algo?"

Remus balançou a cabeça, ouvindo. E sussurrou para seus amigos,

“Tem alguém virando a esquina.” Ele podia ouvi-los respirando, mas não estavam se
movendo - nem indo nem vindo, o que era extremamente suspeito, dada a hora da
noite.

"Filch?" James sussurrou.

Remus balançou a cabeça.

"Eu acho que é ..." ele avançou, virando a esquina, "Chris!"

"Oh, olá ... hum ... Remus?" Christopher sorriu para ele atordoado.

Ele não estava fazendo nada. Estava apenas parado ali, encostado na parede, olhando
para o nada.

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"Você está bem?"

“Ah sim,” o menino mais novo acenou com a cabeça novamente, enfaticamente,
“Muito bem, obrigado. Muito bem. Muito bem mesmo. ”

"Ele está... chapado?" Sirius já estava ao lado de Remus e examinava Chris com uma
diversão mal disfarçada.

"Acho que não ..." Remus franziu a testa. Ele estendeu a mão e tocou gentilmente o
braço de Chris, falando devagar, “Christopher? O que você está fazendo? É quase
hora do toque de recolher, você está patrulhando? "

"Patrulhando?" Christopher o encarou sem expressão, antes de piscar, então assentiu


novamente, sorrindo, “Sim! Sim, deve ser isso!"

"Ele está confuso." Disse James. “Christopher? Alguém lançou um feitiço em você
esta noite? Ou perto de você e saiu pela culatra? "

“Talvez ele tenha feito isso a si mesmo,” Wormtail sugeriu. "Eu fiz isso uma vez,
lembra?"

"Não, Chris não tentaria confundir ninguém." Remus balançou a cabeça. "Chris, quem
foi a última pessoa que você viu?"

“Hm? Oh er ... foi ... você? "

“Não,” Remus colocou as mãos em seus ombros, encontrando seus olhos e tentando
prender sua atenção, “Não, eu não. Concentre-se. Antes de eu chegar aqui, o que você
estava fazendo?”

"Eu estava patrulhando?"

"Não, quero dizer ... ah, vamos, vamos voltar para a torre, hein?" Remus manteve a
mão no ombro de Christopher e começou gentilmente, mas com firmeza, a conduzi-lo
pelo corredor, lançando olhares ansiosos para os outros.

1014
"Devemos contar a alguém?" Sirius perguntou a James, "Ou ... não sei, leva-lo para a
Madame Pomfrey?"

"Eu não estou doente!" Christopher saltou, alegremente.

James passou as mãos pelos cabelos, encolhendo os ombros.

"Eu não sei. Vamos perguntar a Lily, ela saberá o que fazer. "

Lily não sabia o que fazer. Ela ficou com a mão no quadril e um olhar cético no rosto,
e fez algumas perguntas a ele, mas estava tão perplexa quanto os meninos. Ele se
sentou diante dela em uma poltrona, muito feliz enquanto sorria para a ruiva. Ele não
pareceu se importar com o interrogatório e, embora não pudesse dar-lhes nenhuma
informação real, respondeu a tudo com uma polidez alegre e vazia. Desistindo, Lily
estalou a língua.

"Quero dizer, ele parece bem ... e não parece chateado ... Christopher? Você brigou
com alguém? Alguma discussão?"

"Acho que não." Christopher disse pensativo, sua voz grossa e sonhadora. Ele
bocejou. "Acho que vou para a cama, se estiver tudo bem para vocês."

Remus, James e Lily se entreolharam desamparadamente. Então Lily se virou para


James.

“Leve-o para cima, sim? Apenas certifique-se de que ele não se perca no caminho.”

Potter acenou com a cabeça, feliz por poder agir, e deu um tapa nas costas de
Christopher.

"Vamos então, cara, vamos levá-lo ao seu dormitório ..."

Lily, Remus, Sirius e Peter os assistiram desaparecer escada acima.

"Esquisito." Disse Lily. "E ninguém mais estava por perto?"

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“Não que eu tenha visto,” disse Remus. "Mas Deus sabe quanto tempo ele ficou
parado ali."

"Bem, ele estava na escala de patrulha esta noite", disse ela, puxando seu pequeno
caderno de capa de couro para verificar. “Eu sempre digo aos monitores para andarem
em pares, então ele não deveria estar sozinho. Chris geralmente é tão confiável. Vou
falar com ele pela manhã, talvez esteja um pouco mais esperto. "

"Não parece que ele sofreu algum dano", disse Peter casualmente, folheando um
exemplar antigo do Quadribol Semanal, "Talvez ele estivesse bêbado, ou drogado ou
o que seja, e só esteja tentando encobrir seus rastros."

Remus discordou - era totalmente fora do personagem. Mas então, ele não tinha visto
muito Chris ultimamente, os dois estavam tão ocupados. Ele se lembrava de ter se
encontrado com o garoto mais novo em Hogsmeade há um tempo - ele estivera agindo
estranho também, mas Remus tinha acabado de presumir que ele estivesse em um
encontro e não queria que soubesse com quem. Se alguém respeitava a privacidade
das outras pessoas, era Remus.

James voltou, dizendo que Chris parecia bem uma vez que entrou em seu quarto, e
eles não conversaram muito sobre isso pelo resto da noite. Em uma escola cheia de
adolescentes aprendendo a usar magia, não era totalmente fora do comum que
acidentes acontecessem.

A conversa logo se voltou para a próxima partida de quadribol da Grifinória x


Sonserina, a última partida do ano, e o jogo final das carreiras escolares de James e
Sirius. Remus se desconcentrou um pouco, deixando que os outros se preocuparem
com isso. Secretamente, ele mal podia esperar para tudo acabar - por mais que isso os
deixasse felizes, e por mais que quisesse que a Grifinória vencesse, era entediante
ouvir sobre isso o tempo todo. Ele pegou seu livro de Aritmancia e voltou para sua
revisão, acomodando-se na poltrona mais confortável.

"Moony, vamos, hora de dormir." Sirius o acordou meia hora depois. Droga.

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Remus piscou, sua visão turva, olhando para seu livro. Ele mal tinha passado do
primeiro parágrafo antes de adormecer, sua pena ainda equilibrada entre os dedos.

"Merda." Murmurou, fechando o livro e se espreguiçando.

Sirius riu.

"Eu disse que era o suficiente por um dia."

Remus apenas bocejou para ele, levantando-se. A sala comunal estava quase
completamente vazia agora, exceto por James e Lily, que estavam "se despedindo" no
sofá. Isso geralmente demorava um pouco, então os outros três marotos os deixaram
por conta própria, subindo as escadas para a cama.

***

Na manhã seguinte, Remus foi acordado por Sirius - ou melhor, pela ausência de
Sirius. Ele estava rastejando para fora da cama e tentando ser sorrateiro.

"Mmm, fique aqui..." Remus o alcançou sonolento, tentando puxá-lo de volta. Suas
mãos correram sobre a pele da parte superior do braço do moreno. Sirius possuía uma
pele fantástica, era tão lisa e imaculada em todos os lugares, exceto na parte de trás de
suas pernas. Ele insistia em falar sobre querer tatuagens, um pensamento que
horrorizava Remus.

"Desculpe, Moony," Black sorriu, gentilmente se soltando, "Grande jogo em dois dias,
tenho que praticar."

"Que horas são?"

"Acabou de passar das cinco horas."

"Eca" Remus se jogou de volta na cama, colocando os cobertores sobre a cabeça,


"Você está louco."

1017
"Sim." Sirius riu, "Volte a dormir, vejo você mais tarde."

Ele saiu com cuidado, fechando as cortinas atrás de si. Remus rolou para o vazio
quente que o corpo dele havia deixado para trás, inalou o cheiro em seu travesseiro e
voltou a dormir.

Ele acordou bem a tempo de pegar o resto do café da manhã e voltou para a biblioteca,
onde encontrou Lily para mais estudos de Aritmancia.

“Estou tão cansada de números!” Lily gemeu esfregando os olhos. Os dois já


estudavam a algumas horas e logo seria o almoço.

"Vou sentir falta disso," Remus respondeu, "Gosto dos gráficos, eles são relaxantes."

"Bem, estou feliz por não haver nada assim nas poções."

"James disse que você estava procurando um emprego em um boticário?"

“Talvez,” Lily deu de ombros. “Eu gostaria de fazer algo assim. Talvez pesquisar para
o St Mungus. Slughorn se ofereceu para escrever recomendações para mim. Mas as
coisas vão ficar complicadas por um tempo, eu acho. James está otimista, mas...”

"Sim." Remus acenou com a cabeça. “Nós apenas teremos que esperar para ver.”

"Vamos descer para almoçar?" Ela fechou o livro, jogando o cabelo sobre um ombro,
"Os meninos terminarão logo, podemos encontra-los."

O estômago de Remus roncou e ele cedeu.

"Vamos, então."

Assim que eles estavam se levantando para sair, as portas da biblioteca se abriram e
Madame Pince gritou "Não corra!"

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"Lily! Remus! Eu preciso de ajuda!" Christopher veio correndo na direção deles tão
rápido que suas pernas bateram na mesa, jogando todos os livros para frente.

"O que há de errado?!" Lily perguntou, seus olhos esmeralda arregalados.

“Eu não posso explicar, vocês precisam ver...”

"Ver o que?" Remus perguntou, reordenando sua pilha de livros.

“Eu ... eu fiz algo estúpido. Por favor, só venham? " Chris implorou. Seu rosto estava
vermelho e brilhante de tanto correr e, embora ele definitivamente parecesse mais
alerta do que na noite anterior, ele estava claramente chateado. Então eles foram.

Ele os levou para o corredor de Feitiços, e por todo o caminho até lá ficou tagarelando
sobre como havia sido um acidente e como não queria que tivesse acontecido. Lily
continuava tentando fazê-lo se acalmar dele, mas Chris nem ao menos lhes dava uma
pista do que estava acontecendo.

Finalmente, ele parou diante da porta fechada da sala de Feitiços. O professor Flitwick
realmente deveria começar a tranca-la, Remus pensou consigo mesmo, enquanto
Christopher os encarava, pálido e trêmulo. Ele mexeu nas mangas de suas vestes,
olhando para baixo.

"Ok ... por favor, não entrem em pânico... foi um acidente..."

"Christopher, apenas nos mostre, ok?!" Lily rebateu, batendo o pé no chão de pedra.

Christopher pulou com seu tom autoritário, normalmente reservado para alunos que
estavam se comportando mal, respirou fundo e empurrou a porta, conduzindo-os para
dentro e batendo-a atrás deles.

"O que diabos ..." Lily suspirou quando viram.

O que estava diante deles era uma geleia azul enorme, trêmula e brilhante. Era
facilmente do tamanho da mesa de Flitwick, e apenas estava ali no meio da sala de

1019
aula, translúcida e oscilante. Remus sufocou uma risada. Em sete anos em Hogwarts,
esta era definitivamente uma das coisas mais ridículas que ele já viu.

Christopher abaixou a cabeça,

“Ele me atacou, foi em legítima defesa!”

Remus parou de rir e olhou novamente.

“Aquilo é uma pessoa?! Chris! Que porra é essa?!”

“Remus, olha a boca” Lily deu uma cotovelada nele. "Christopher, quem é esse?"

“É o Roy. Gilderoy. ”

“Lockhart??”

"Eu vou ter problemas?" Chris piscou para os dois, seus olhos castanhos enormes e
assustados.

"O que você... como você fez isso?!" Lily estava boquiaberta.

“Foi um feitiço de pernas de gelatina. Eu apenas expandi um pouco - Remus me


ensinou!”

Lily olhou feio para Remus, que ergueu as mãos.

“James me ensinou! E nunca teve esse resultado.”

"Mas por que você fez isso, Chris?" Lily perguntou, ainda encarando.

"Ele ia usar confundus em mim de novo!"

"Espere, o que? Foi Lockhart?

1020
Christopher balançou a cabeça, encolhendo-se com o temperamento de Lily. Ele
estava envergonhado, Remus percebeu, e olhava para os próprios pés.

“Ele fez isso outro dia, mas saiu pela culatra, acho que tentei desviar. Talvez ele já
tenha feito isso antes, não sei.

"Mas por que?”

"Ele estava ... ele estava preocupado que eu contasse ..."

“Contasse o que?!"

"Ele estava ... nós ... ele ..."

"Christopher, pelo amor de Deus!" Lily cruzou os braços com raiva. Remus sentiu
uma pontada de simpatia quando as bochechas de Chris ficaram com um tom de
vermelho mais profundo.

"Olha, Lily, isso não importa agora, importa?" Ele disse, virando-se para ela para
tentar desviar o foco de Christopher. "Devemos fazer com que Lockhart seja
examinado, primeiro..."

Ele não tinha certeza de como conseguiu, mas no final convenceu Lily a ir buscar
Madame Pomfrey, enquanto ele e Christopher esperavam com o Lockhart gelificado.

Depois que ela saiu, Christopher pareceu ficar ainda mais ansioso.

“Eu vou ser expulso!”

"Não, você não vai," Remus se encostou na parede casualmente, puxando sua caixa de
cigarros. Ele ofereceu um a Chris, que balançou a cabeça, enquanto se remexia e
enrolava os punhos das mangas. "James e Sirius já fizeram coisa pior do que isso."

“Eu nunca recebi uma detenção antes!”

1021
"Sério?!" Remus ergueu as sobrancelhas enquanto acendia o cigarro, “Bem, não é tão
ruim assim. Você vai sobreviver. Então... você quer me dizer o que está acontecendo?
"

Christopher o olhou, suas bochechas escurecendo novamente.

“Foi apenas ... nós apenas ...”

"Suponho que seja essa a pessoa que você estava encontrando em Hogsmeade daquela
vez?" Remus perguntou, tentando tornar mais fácil.

Chris olhou para os pés novamente e acenou com a cabeça.

“Ok,” Remus exalou fumaça. Ele estava surpreso, obviamente, e mais do que
intrigado, mas tinha que tentar não demonstrar se quisesse ouvir mais alguma coisa de
Chris. "Então, vocês se encontraram algumas vezes?" Outro aceno de cabeça, “E
então...” Remus tentou juntar as peças, “Algo deu errado? Vocês brigaram? "

"Mais ou menos, eu ... hum ..."

Deus, isso era insuportável.

"Olha, Chris, eu não me importo, ok? Ele é um idiota que merecia isso de qualquer
maneira, e se você e ele ... bem, não importa, não é? "

"Eu não quero que você pense que eu sou estúpido, ou ... ou ingênuo ou algo assim.
Eu nem gostava tanto dele, eu juro, era só ... apenas beijar, e eu só ... você sabe, ele
mostrou interesse, e eu pensei - bem, esta pode ser minha única chance. "

"Oh..." O coração de Remus se apertou. Ele tocou seu ombro, segurando-o no que
esperava ser um gesto reconfortante. “Claro que não é sua única chance. As pessoas
não têm apenas uma chance...”

"Bem, tanto faz." Chris disse, olhando para o espaço logo acima do ombro de Remus,
mas deliberadamente não para Remus. “Suponho que tenha muito a ver com sorte. De

1022
qualquer forma, ele era um idiota. Acontece que tudo o que ele realmente queria era
descobrir sobre a pegadinha. Ele pensou que você e eu estávamos ... ele achou que eu
poderia dar a ele informações privilegiadas."

"Bem, você poderia," Remus respondeu, "Você fez metade dos estudos comigo, você
sabe mais do que Sirius."

"Eu não disse nada", Chris falou, "Eu não disse nada a ele."

"Bom. Sabia que você não faria. "

Chris sorriu com isso e encontrou os olhos de Remus adequadamente pela primeira
vez.

“Eu disse a ele para parar de tentar descobrir. Ele ficou irritado e me chamou de algo
horrível. Então eu fiquei com raiva e disse a ele que contaria a todos o que estávamos
fazendo, e ele deve ter entrado em pânico. "

Chris suspirou profundamente. “Eu não teria dito nada, eu juro. Eu não seria tão
horrível. Eu estava com raiva, só isso.”

“Eu sei, cara,” Remus o tranquilizou. "Então ele tentou confundir você para que você
não contasse a ninguém?"

Chris acenou com a cabeça.

“Tudo o que consigo lembrar é que devo ter tentado m defender de alguma forma, o
que enfraqueceu o feitiço. Provavelmente por isso eu estava agindo de forma tão
estranha ontem.”

"E isso ..." Remus gesticulou para a geleia Lockhart.

“Quando acordei esta manhã um pouco mais da minha memória tinha voltado. Eu
percebi o que ele tinha feito e vim confrontá-lo. Eu ... er ... perdi um pouco a
paciência. "

1023
"Bem." Remus apagou o cigarro, "Eu não vou ficar irritado com você por isso."

Lily, porém, já era outro assunto. Ela voltou com a Madame Pomfrey e a Professora
McGonagall. A essa altura, Remus já havia decidido o que fazer.

"Um de vocês, rapazes, pode explicar o que aconteceu aqui?" A chefe da casa da
grifinória perguntou, seus olhos prateados e afiados. Remus estava um pouco mais
alto do que ela agora, mas de alguma forma McGonagall sempre parecia maior do que
a vida, especialmente quando ela estava prestes a repreendê-lo.

"Nenhuma ideia." Remus disse prontamente, ignorando o olhar de horror de Lily por
trás do ombro de McGonagall. "Chris acabou de encontrá-lo assim, não é, Chris?"

Christopher olhou desesperadamente para Remus, então para McGonagall, sua boca
abrindo e fechando como um peixe. Finalmente, ele apenas acenou com a cabeça.

"Sério, Sr. Lupin?" McGonagall ergueu uma sobrancelha escura.

"Sim." Ele acenou com a cabeça, as mãos nos bolsos, tentando parecer casual.

"O Sr. Barley simplesmente encontrou o Sr. Lockhart já neste" ela gesticulou para a
enorme geléia, que Madame Pomfrey estava circulando lentamente, murmurando
baixinho, "... estado alterado?"

"Sim." Remus acenou com a cabeça com firmeza. Ele teria gostado de outro cigarro,
mas não era assim tão descarado.

"Então, por favor, explique," os lábios de McGonagall se curvaram nos cantos, "Como
o Sr. Barley sabia que este era o Sr. Lockhart?"

"Hum." Remus olhou de volta para a grande geleia azul. "Bem. Se parece com ele,
não é? "

1024
"Isso não vai demorar muito, Minerva," Madame Pomfrey disse animada, "Nenhum
dano de longo prazo, mas ele ficará fora de ação por alguns dias." Ela começou a
acenar sua varinha e murmurar encantamentos.

“Considero ataques aos alunos algo muito a sério, no entanto,” respondeu


McGonagall. “Uma semana de detenção, Sr. Barley. E quanto a você, Sr. Lupin, como
este é seu último mês na escola, não vejo que a detenção seja muito eficaz.”

Isso não foi um alívio para Remus. Ela ainda estava sorrindo, o que significava que
sabia exatamente a melhor forma de puni-lo, e ele não iria gostar.

"Me dê uma detenção se quiser!" Ele disse rapidamente.

McGonagall riu, balançando a cabeça.

“Não, eu acho que tenho a coisa certa. Com o Sr. Lockhart fora de ação, acredito que
temos uma vaga para comentarista de quadribol.”

Remus praticamente sentiu a cor sumir de seu rosto. A mulher era claramente um
gênio do mal. Qualquer coisa menos isso. Por cima do ombro de McGonagall, Lily
sorriu.

***

James e Sirius acharam a coisa toda hilária, é claro, depois que terminaram de xingar
o nome de Lockhart. Eles adoraram a ideia de Remus - que sabia tanto sobre quadribol
quanto sabia sobre futebol, ou física quântica - ter que comentar sua partida final.

"Eu simplesmente não vou fazer isso." Remus continuou dizendo. "Vou ficar sentado
com a boca fechada, não há nada que eles possam fazer.

“Não seja ridículo!” Sirius o cutucou, "Você precisa cantar nossos louvores!"

"Na verdade, trata-se apenas de seguir a goles", disse James, "Se você puder ficar de
olho nisso, você ficará bem."

1025
“Ei, pensem nos batedores!” Marlene ligou.

“E o goleiro!” Yasmine acrescentou.

Peter foi o menos encorajador e passou o resto da noite emburrado no canto,


emburrado sobre seu tabuleiro de xadrez.

"Sinto muito, Pete," Remus tentou, após horas sendo ignorado, "Eu sei que você
gostaria de fazer isso, mas lembre-se de que isso é um castigo para mim."

"Eu seria muito bom nisso." Peter murmurou, os braços cruzados sobre o peito. “Eu
sei tudo sobre a equipe, você nem assistiu a nenhum dos treinos.”

"Eu sei, você teria sido incrível," Remus assegurou-lhe. "Você vai me ajudar?"

"Ajudar?" Peter olhou para cima, com cautela, "Ajudar como?"

"Ponha-me em dia," encorajou Remus, "Me dê suas anotações, pela primeira vez."

"Sim ... sim, acho que posso fazer isso."

"Vou até perguntar a McGonagall se você pode sentar comigo na cadeira do


comentarista," Remus disse, "Então, se eu errar, você pode me consertar de novo."

"Ok!" Peter acenou com a cabeça parecendo entusiasmado agora. "Sim, você precisa
saber muito... Vou começar agora, Moony, não vou decepcioná-lo!"

No final, Peter produziu mais anotações sobre a final da Grifinória vs. Sonserina de
1978 do que ele já havia escrito para qualquer uma de suas aulas. Havia resmas e
resmas de pergaminhos com diagramas rotulados, listas de jogadores e seus números,
formações de voo e uma explicação detalhada do que parecia ser o equivalente em
quadribol da regra do impedimento. Ele até escreveu um pequeno script de frases que
Remus poderia usar se ficasse confuso.

1026
Então, mesmo depois do exame de aritmancia de Remus (ele estava bastante confiante
de que havia feito um trabalho perfeito nele, tinha sido moleza), ele ainda tinha outro
teste para o qual estudar.

Ainda assim, nada poderia prepará-lo para como se sentia agora, sentado em uma torre
bem acima do campo, um mar de alunos com mantos vermelhos e verdes abaixo dele,
esperando que falasse.

Ele se sentiu enjoado e desejou não ter comido um café da manhã tão farto. Também
havia tomado uma dose de firewhisky (cortesia de James) e meio baseado com Mary
antes do jogo começar, na esperança de que isso acalmasse seus nervos. Infelizmente,
parecia ter tido o efeito oposto, e o conselho extremamente inútil de Sirius de
‘imaginar todos de cueca’ ficou preso em sua cabeça, então agora Remus não sabia
para onde olhar.

"Sr. Lupin," McGonagall disse novamente, "Você está pronto?"

Remus olhou para as anotações de Peter, embaralhando-as. Ele engoliu em seco e


acenou com a cabeça.

Peter tinha uma caligrafia muito bonita e redonda, mas a cabeça de Remus estava um
pouco nebulosa agora - o uísque o deixara mais aguçado no início, mas isso
combinado com o baseado estava fazendo com que ele se sentisse um pouco tonto e
quente. Ele beliscou a parte interna do pulso para maior clareza.

“Sr. Lupin,” sussurrou McGonagall, empurrando o microfone em sua direção. “Os


jogadores estão em campo”.

"Oh! Desculpe!" Ele piscou, assustado, olhando para a grama abaixo e pigarreando.
Ele leu cuidadosamente o pergaminho à sua frente, "Olá ... er, quero dizer... bem-
vindos, todos, à final da Copa de Quadribol de Hogwarts, 1978..."

Sua voz soou estranha, ecoando pelo estádio oval, mas ele podia ouvir os aplausos
enquanto falava, o que lhe deu um pouco de coragem. Ele olhou para McGonagall,

1027
que sorriu e acenou com a cabeça encorajadoramente. Remus voltou seu foco para o
solo abaixo e tentou fazer alguns comentários.

“Certo, um. Então, vamos lá ... as equipes estão em campo. É a Grifinória de vermelho
- Capitão James Potter e a Sonserina de verde - Capitã Kerensa Smythe. Hum ... quero
dizer, não tenho de muito a dizer, na verdade, até que todos estejam no ar... ”Ele olhou
para as anotações de Peter novamente ‘ apresente os jogadores e seus pontos fortes ’,“
Oh, ok, então os jogadores ... bem, obviamente James. Ele é o artilheiro ... ele é muito
bom, me disseram. Quero dizer, foi ele quem me disse... "

Algumas risadas da multidão. Remus sorriu, engoliu em seco novamente e continuou.

“Hum. O goleiro da Grifinória, Yasmin Patel, também muito boa, suponho, quero
dizer, pelo que sei, não sou nenhum especialista... Sirius Black e Marlene McKinnon,
batedores - bons batedores ... Quer dizer, todo o time é muito bom, sabe."

Ele ouviu Peter gemer, sentado atrás dele, e uma gargalhada da multidão. McGonagall
estava dando a ele um olhar cínico, mas tudo o que ele podia fazer era encolher os
ombros impotente e listar os jogadores da Sonserina com igual inépcia.

(No entanto, teve grande prazer em anunciar ‘apanhador da sonserina, Reggie Black’ -
ele tinha certeza de que viu os ombros de Regulus se encolherem com isso.)

"Oh, ótimo, parece que eles estão prestes a começar," Remus continuou, acomodando-
se, "Sim, lá vai o apito e - sem surpresas aqui - Potter está com a goles. Caramba, ele é
rápido, olhe para ele! Eeeeee é um gol! Dez - zero para a Grifinória! Boa, Prongs! ”

A multidão aplaudiu e James disparou pelo campo, com os braços erguidos em vitória.
Ele ergueu um polegar para cima para Remus enquanto voou pela torre do
comentarista, então cumprimentou Sirius no ar, antes de voltar seu foco para o jogo.

Isso não era tão ruim, Remus pensou; tudo o que ele realmente precisava fazer era
observar o que acontecia e então apenas dizer em voz alta. Um idiota poderia fazer
isso.

1028
"Sonserina agora de posse da goles ... er ... acho que é Timothy Bulstrode ... sim, ok ...
hm, não tão rápido quanto James, não é? Não importa, ele está quase lá - argh! Não,
bloqueado por um balaço de McKinnon, muito bem Marlene, parece que doeu! "

"Sr. Lupin, um pouco menos de preconceito, por favor."

"Desculpe, professora ... ok, então, Potter de volta à posse, ele passa para Eriksson ...
Eriksson está realmente voando, ela está quase --- ah, merda. Sonserina de volta à
posse. "

“Olha a boca, Sr. Lupin!”

"Desculpe! Bulstrode indo para as traves agora ... ah, vamos, até eu sou mais rápido
do que isso ... ele joga e --- BLOQUEADO pela goleira da Grifinória Patel! Vejam, eu
disse que ela era boa! "

Vivas subiram de um lado da multidão, vaias de outro. Yaz fez um loop de vitória,
radiante, e Sirius passou voando pela caixa dos comentaristas, sorrindo para Remus
enquanto o fazia. Remus teve que admitir, quadribol era mais emocionante do que ele
se lembrava.

"Eriksson de volta à posse da goles agora, passa para Potter, Potter está atacando - está
vendo, Bulstrode?! É assim que se voa, porra - desculpe professora - GOL! Vinte -
zero para a Grifinória! ”

"Regulus!" Peter guinchou atrás de Remus, seu dedo apontando por cima de seu
ombro para o irmão Black mais novo de manto verde, que agora estava voando muito
rápido, um olhar de concentração em seu rosto enquanto ia em direção a um quadrado
vazio do céu.

"Parece que o apanhador da sonserina Black pode ter visto o pomo," disse Remus
apressadamente no microfone, esperando que o apanhador da Grifinória estivesse
ouvindo. "Sim, ele definitivamente viu algo, ele está acelerando, ele está --- ah, que
azar, bloqueado por um balaço do batedor da Grifinória, Black."

1029
Remus sorriu e poderia jurar que Sirius piscou para ele do outro lado do campo.
Regulus, que teve que frear e mergulhar de repente, parecia furioso, assim como o
resto do time da Sonserina. As coisas ficaram bastante desagradáveis depois disso -
tanto no jogo quanto nos comentários de Remus.

“Eriksson está com a goles de novo, ela vai passar para o Potter..? Não, parece que ela
mesma vai tentar um gol - VAMOS, ERIKSSON! OH POR - quero dizer, que
chatisse! Isso foi desnecessário! Eriksson atingida por um balaço de Avery -
Sonserina, e Knott agora tem a posse. Eriksson parece atordoada... ela está ... não, isso
é um polegar para cima, boa menina! "

"Sr. Lupin, o jogo, por favor..."

"Certo, então Knott tem a goles ... ele atira ... dez pontos para a Sonserina - mas ainda
é o jogo da Grifinória! Potter tem a goles, ele está voando ... ele está quase lá, ele está
- MERDA, CUIDADO, JAMES! "

Kerensa Smythe, a batedora Sonserina estava voando a toda velocidade diretamente


para o lado de James, e foi jogada para fora do caminho nos últimos segundos por
Marlene, que bateu com o corpo inteiro direto na capitã.

"Puta merda!" Remus gritou, “Muito bem, McKinnon! Aquela garota é brutal - oh,
vamos, Hooch, isso tem que ser um pênalti para a Grifinória, apite a porcaria da
partida! Uh oh, parece que o pequeno Reggie Black está de olho no pomo de novo...”

"Sr. Lupin!" McGonagall disparou novamente, "Vou tirar o microfone."

"Manda ver!", ele ofereceu, sorrindo para ela. Ela balançou a cabeça, resmungando.
Remus voltou ao jogo, “Então, agora estamos - o que é? Ah, certo, sessenta - vinte
para a Grifinória - só mostra que trapacear não vai valer a pena - espero que você
esteja ouvindo, Black - quero dizer, o Black mais jovem, obviamente... ”

"Remus!" Peter sibilou atrás dele. "Se acalme! Você deveria estar dando um equilíbrio
- Oh Merlin! "

1030
"Puta que pariu, essa foi perto!" Remus gritou, enquanto Regulus e o apanhador da
Grifinória alcançavam o pomo ao mesmo tempo, apenas para que ele se arremessasse
tentadoramente para fora do alcance, mandando os dois jogadores para as
arquibancadas, Regulus se recuperou um pouco mais rápido do que o apanhador da
Grifinória, mas ambos permaneceram milagrosamente em suas vassouras.

"Remus!" Peter sussurrou de novo, "Sonserina acabou de marcar ..."

“Eles o quê? eles - merda, desculpe, pessoal! Sonserina marcou de novo, devo ter
perdido aquele..."

Remus se desculpou com a multidão que gritava, metade rindo, a outra metade agora o
vaiando.

“Não vai acontecer de novo!” Ele assegurou-lhes alegremente: "Certo, Potter de volta
em busca da goles, desvia de um balaço de Avery aí - Jesus, este jogo é violento -
Black – o Black bom - alcança o balaço e mira em... sim, Regulus Black mais uma vez
tem que se esquivar. Sorte que ele está tão acostumado a fugir de problemas... "

"Detenção, Lupin," McGonagall estava murmurando, "Você ficará detido pelo resto
de sua carreira escolar."

"PUTA MERDA!" Remus gritou no microfone, enquanto Sirius e Marlene atiravam


balaços no batedor sonserino que seguia Regulus, forçando-a a mergulhar tão baixo
que ela quase atingiu o chão.

“Completamente loucos!” Remus ficou boquiaberto, "Sério, não tenho ideia de por
que alguém joga isso - ah, mas jogo limpo, Regulus se distraiu o suficiente para ...
espere ... Sim! SIM! PORRA. SIM! É A GRIFINÓRIA COM O POMO! NÓS
GANHAMOS, CARALHO! AH MEU DEUS PORRA, OBRIGADO POR ISSO, EU
REALMENTE - ”

"É o bastante!" McGonagall arrancou o microfone dele finalmente.

1031
Ele sorriu para ela novamente, muito entusiasmado com a vitória para se preocupar
muito em ter se metido em encrenca. Peter estava pulando para cima e para baixo atrás
dele também, o que não ajudou.

“Desculpe ...” ele começou.

“Estou absolutamente chocada,” disse McGonagall, severamente. “Esperava esse tipo


de comportamento de Black, mas não de um ex-monitor! Aguardarei uma carta de
desculpas ao time da Sonserina e à Madame Hooch. ”

"Sim, professora." Remus baixou a cabeça e tentou parecer arrependido, mas não
conseguiu evitar que seus lábios se contraíssem um pouco. Mal podia esperar para ver
Sirius. Ele correria até os vestiários se seu quadril (e inibições) permitissem.

Felizmente, se havia algo que McGonagall amava mais do que aplicar as regras da
escola, era a vitória da Grifinória no quadribol.

“Depois que as celebrações terminarem, é claro.” Ela disse.

“Obrigado, professora!” Remus ergueu os olhos, sorrindo novamente.

"Honestamente", ela riu, balançando a cabeça, "Você nunca me lembrou mais de


Lyall."

Elogio ou insulto, Remus não se importou. Pela primeira vez, nem mesmo uma
menção a seu pai afetaria o bom humor de Remus.

1032
Capítulo 149: Sétimo ano: Legado - Parte 1

And as we wind on down the road,

Our shadows taller than our souls...

'Stairway to Heaven', de Led Zeppelin.

"Você poderia roubá-lo, aposto que não seria difícil." Sirius disse, parado ao lado de
Remus na frente da estante de troféus. "Apenas faça o vidro desaparecer por um
segundo."

"O professor Flitwick notaria." Remus ergueu uma sobrancelha, distraído agora pelo
reflexo fantasmagórico de Sirius no vidro. “Ou um dos corvinos.”

"Nah", o outro garoto chamou sua atenção e sorriu para ele, os dentes brancos
perolados, "Ninguém vai perceber isso."

“Eu acho que” Remus respondeu, lambendo os lábios e voltando seu olhar para a
pequena figura dourada em cima do troféu, “Lyall teria preferido que ele ficasse aqui.
Assim, sempre haverá um pedaço dele em Hogwarts. ”

"Ahh, você está todo sentimental porque é a última semana?" Sirius o provocou.
Remus sorriu, imperturbado.

"Sim, um pouco."

Sirius riu e se inclinou em direção a ele confidencialmente.

"Eu também."

Remus fez uma careta para ele. “Vamos então, estou com fome. Almoço."

1033
Os dois seguiram pelo corredor em direção ao Salão Principal. Além da sequência de
detenções de Remus após a final da partida de quadribol, todos eles tiveram uma
semana muito relaxante, sem nada para fazer a não ser planejar o futuro. O que, é
claro, significava que eles não haviam feito absolutamente nenhum planejamento para
o futuro.

“Não vamos deixar nada para trás.” Remus disse pensativo, enquanto caminhavam.

"Que?" Sirius perguntou, distraído por um grupo de garotas que haviam passado
rindo. Remus bateu em sua orelha. "Ai!" O moreno se abaixou, "Elas estavam olhando
para você, Remus “Nós Ganhamos, Caralho” Lupin . O que você estava dizendo?"

"Não vamos deixar nada para trás, como o troféu de Lyall."

“James e eu estamos na taça de quadribol. E Prongs é monitor-chefe, isso não fica


gravado em algum lugar? E Peter ganhou aquele torneio de xadrez. ”

"Ah sim. Deve ser apenas eu, então. " Remus suspirou, desamparado.

"Er... Tem o salgueiro-lutador?" Sirius tentou.

Remus apenas fez uma careta para ele. Bem, ele supôs. Isso é o que você ganha por
tentar não ser notado. Ele permaneceu neste estado contemplativo durante todo o
almoço - que era peixe com batatas fritas, com ervilhas moles ou inteiras como
acompanhamento (Remus experimentou uma combinação de ambos).

"Tudo bem aí, Moony?" James perguntou, entre garfadas. "Você está muito quieto."

"Ele está preocupado com seu legado," Sirius anunciou. "Ele quer um troféu."

"Cale a boca, não, eu não quero." Remus corou.

“Se você me perguntar, aqueles comentários da partida mereciam uma medalha.


Serviços especiais para a escola ”, Mary riu. “É impossível ir a qualquer lugar no
castelo sem ouvir alguém gritar 'Puta que pariu, essa foi perto!’ É brilhante."

1034
Remus sorriu, se sentindo um pouco melhor. Ele estava desfrutando silenciosamente
de seus quinze minutos de fama. Havia recebido cigarros e chocolates suficientes para
durar o verão inteiro. O que era bom, ele supôs, porque em poucos meses ele teria que
começar a se sustentar.

"Não se preocupe, Remu, você sabe o que vai acontecer na sexta-feira," James
sussurrou, inclinando-se, “Ninguém vai nos esquecer tão depressa."

"Achei que a questão era que ninguém fosse saber quem fez?" Remus ergueu uma
sobrancelha.

"Ah, qual é." Lily zombou. E ela tinha razão.

Ainda assim, Remus não pode evitar ficar um pouco perturbado. Ele não queria que
seu único monumento fosse o salgueiro-lutador ou aquele barraco esquecido por Deus.

“Como os fantasmas acontecem?” Ele perguntou pensativo, vendo Nick-Quase-Sem-


Cabeça passar por ali, conversando com o Frei Gorducho.

“Merlin, Moony, anime-se,” Sirius gemeu, a boca cheia de batatas fritas, “Você teria
que estar morto para se tornar um fantasma. E suponho que você teria que morrer aqui
também, no terreno da escola. ”

Remus encolheu os ombros. Morrer em Hogwarts não parecia muito provável, a


menos que algo terrível acontecesse nos próximos dias.

"Um retrato, então." Ele disse. "...Na verdade, não. Eu não quero ser capaz de falar
comigo mesmo, isso é assustador. ”

“Eles também são muito caros”, disse James, “Nossa família nunca se importou com
isso”.

1035
"Típico dos Potter" disse Sirius, com altivez. Com o prato vazio, ele colocou a faca e o
garfo cuidadosamente no centro, que logo desapareceu. “É claro que os Black são
todos preservados para a posteridade na galeria da família.”

"Até você?" Remus olhou para ele.

"Eu não." Sirius balançou a cabeça com um pequeno sorriso, “Eu não estava lá
quando atingi a maioridade, mas acho que o de Reggie já tenha sido terminado a essa
altura. Idiota. ”

"Remus!" Marlene veio correndo até a mesa de jantar. Ela parecia corada e animada.

"Sim?" Remus se endireitou, olhando-a com expectativa.

“Posso ter você por um minuto? Eu tenho uma coisa para você!" A menina estava
pulando de um pé para o outro, claramente muito ansiosa para lhe dizer algo.

"Er...ok..." Remus olhou ao redor nervosamente. Ele não gostava de surpresas, mas
confiava em Marlene por enquanto, e ela parecia muito feliz.

“Venha comigo,” ela agarrou sua mão e puxou-o para cima.

"Eu devo…?" Sirius começou, mas Marlene balançou a cabeça,

"É privado! Vamos, Remus! " Ela praticamente o arrastou para fora do Salão,
aparentemente não se importando que ele fosse perder o pudim.

"Ugh, vá devagar, tudo bem?" Ele ofegou, sentindo seu quadril estalar quando eles
começaram a atravessar o primeiro lance de escadas.

"Desculpe, estou tão animada para mostrar a você!"

"Mostrar o quê?!"

"É privado!"

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Ele suspirou e apenas se concentrou em tentar acompanhá-la. Às vezes Remus sentia
que havia passado a vida inteira sendo arrastado pelo castelo por pessoas que eram
mais atléticas do que ele. Quando chegaram à sala comunal da Grifinória, Remus
olhou para ela com expectativa, e a loira de repente ficou tímida, roendo a unha do
polegar.

"O que?" Ele disse: "Não é privado o suficiente?!" Ele gesticulou para a sala vazia -
todos os outros estavam jantando, provavelmente saboreando o pudim. Não serviam
maçã crumble há anos, a sorte de Remus seria grande se eles estivessem servindo esse
prato hoje e ele tivesse perdido.

"Acho melhor subirmos para o seu dormitório." Marlene disse, partindo novamente.
"Por precaução."

"Jesus Cristo, Marls, o que está acontecendo?" Remus a seguiu escada acima.

“Ah, de repente eu decidi que gosto de caras, então eu te atraí até aqui para te
seduzir,” ela casualmente jogou o cabelo por cima do ombro.

"Você passa muito tempo com Mary." Ele respondeu secamente.

Uma vez que eles estavam no quarto, ela fechou a porta, e Remus foi se sentar em sua
cama, com as pernas doloridas. Marlene olhou em volta furtivamente,

"Por que há apenas três camas aqui?"

“O teste para a pegadinha deu um pouco errado.” Remus encolheu os ombros.

Marlene apenas balançou a cabeça como uma mãe excessivamente indulgente. Ela
enfiou a mão no bolso de suas vestes e puxou um pequeno frasco raso, e o estendeu
para Remus.

"Tire as calças", disse ela.

"Desculpe?!"

1037
“É para o seu quadril!” Ela abriu o jarro com entusiasmo, os olhos brilhantes e
ansiosos, "Eu fiz para você e Danny já testou e tudo!"

"O que ... o que isso faz?" Ele olhou para dentro do frasco com cautela. O que quer
que estivesse dentro parecia vaselina, semitransparente com uma consistência grossa e
pegajosa.

“Eu pensei sobre o que você disse sobre como uma mistura de medicina trouxa e
mágica funciona melhor,” ela explicou, “Então eu fiz alguns experimentos.
Experimentei valeriana, confrei e açafrão ... descobri que o gengibre funciona melhor,
quem diria? Em seguida, basta combiná-lo com a quantidade certa de cataplasma
antiinflamatório e um pouco de ditamno para dar força extra. Vamos! Passe! "

“Er. Ok …” disse Remus, pegando o frasco, entrando no banheiro e trancando a porta


atrás de si. Ele o segurou nas mãos por um tempo, cheirando o conteúdo. Cheirava a
gengibre, o que era bastante agradável e não muito forte.

“Você não deve precisar de muito,” Marlene gritou do quarto, fazendo-o pular e
caminhar para o mais longe que pôde da porta. "Basta passar na pele sobre a área
dolorida."

“Ok,” ele respondeu, rouco. Isso era estranho. Mas ele devia isso a Marlene, se isso
fosse uma oferta de paz, ele tinha que tentar.

Ele desabotoou a calça e puxou-as até a coxa, cueca e tudo. Em seguida, equilibrando
o pote com cuidado ao lado da banheira, ele tirou uma pequena porção da mistura - do
tamanho de uma uva - com os dedos e cuidadosamente esfregou na pele nua.

A princípio formigou e depois começou a esquentar - mas não de forma desagradável.


Ele podia sentir a pomada se infiltrando em sua pele, descendo para as juntas,
cartilagens e ossos, aquecendo e curando enquanto se impregnava. Era uma sensação
que, há muito tempo, havia se esquecido. Alívio.

"Marlene!" Ele gritou.

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"O que?! Você está bem?!" Ela respondeu ansiosamente.

"Se você ainda quiser me seduzir, provavelmente faria qualquer coisa que você me
pedisse agora."

Ele a ouviu rindo do outro lado da porta.

"Funciona, então?"

"É a porra de um milagre"

"É a porra da magia, seu idiota", respondeu ela. "Saia daí, então!"

Ele puxou apressadamente as calças de volta e as fechou, caminhando até a porta e


abrindo-a. Nem mesmo uma pontada de dor.

Seu quadril o incomodava há tanto tempo que ele mal conseguia se lembrar de como
era andar sem estar ciente de suas limitações. Ele sorriu para Marlene, agarrou-a pela
cintura e a girou.

"Obrigado!" Ele disse, então repetiu mais algumas vezes.

Ela gritou.

"Lupin, seu lunático, me deixe ir!"

Ele a beijou na bochecha e a colocou no chão.

“Você é muito mais forte do que parece,” ela riu, corando, colocando o cabelo atrás da
orelha, “Ah, estou tão feliz que funcionou! Eu queria pedir a ajuda da Madame
Pomfrey tantas vezes, mas achei que você preferia que eu mantivesse isso para mim. "

"Obrigado", disse ele novamente. “Você é... você é incrível! Eu gostaria de ter algo
para te dar em troca! ”

1039
“Você já me deu” ela balançou a cabeça, “Você ajudou Danny, embora nunca o tenha
conhecido e embora soubesse o quão perigoso era. E ... você me ajudou, no final,
também. Eu sei o que quero fazer agora. Vamos vencer esta guerra e, quando acabar,
vou começar a fazer pesquisas adequadas sobre a licantropia, sabe, montar clínicas de
verdade para que as pessoas tenham a ajuda de que precisam. Se todo mundo puder
ver o que eu vejo em você e no meu irmão, então talvez ... eu não sei, talvez as coisas
possam ser melhores. ”

Ela estava olhando para os próprios pés timidamente enquanto dizia isso, mas Remus
não conseguia parar de sorrir, mudando de um pé para o outro apenas para provar a si
mesmo que não doía. Nada doía. Ele tinha que contar a Sirius.

“Você vai ser uma curandeira incrível, Marls,” ele a abraçou novamente. "Posso ficar
com isso?" Ele voltou ao banheiro para pegar o frasco, segurando-o.

"Claro que pode!" Ela balançou a cabeça vigorosamente, “Eu não sei quanto tempo os
efeitos duram ... se você não se importasse de anotar isso, cada vez que você
reaplicar? Será útil saber... ”

"Sim, sim, qualquer coisa", respondeu ele, cuidadosamente recolocando a tampa.

“É melhor eu ir encontrar Yaz - ela não tem ideia de onde estive o dia todo, eu disse a
ela que era por causa da pegadinha, mas acho que ela não acredita em mim ...”

"Eles estão na sala comunal, todos eles, acabaram de voltar do jantar," Remus
respondeu casualmente, ainda olhando para o pote com admiração.

"Como você pode saber disso?"

"Er ..." ele olhou para cima, sem jeito ... "Bom olfato… tipo, realmente muito bom."

Seus olhos se arregalaram e ela balançou a cabeça solenemente.

“Eu tenho muito que aprender ...”

1040
"Vamos lá", ele riu, dando tapinhas em seu ombro, "Uma coisa de cada vez ..."

***

Sirius foi um verdadeiro cavalheiro quando Remus contou a ele a boa notícia sobre a
pomada de Marlene, e não disse 'Eu te avisei' nem uma vez. Black estava apenas
muito feliz ouvindo Remus balbuciar sobre como ele se sentia muito melhor.

"Eu não sei o que eu já fiz." Remus suspirou depois que eles foram para a cama mais
tarde naquela noite.

"O que você quer dizer?" Sirius bocejou.

"Você sabe. Você aprendeu lenticular magna por mim, lá no primeiro ano. E Lily me
fez aquele auxiliar para leitura, e você, Peter e Prongs se tornaram animagos, só para
poder passar um tempo comigo. ”

"Onde você quer chegar?"

"Eu não sei o que eu fiz," Remus respondeu, encolhendo os ombros, "Para merecer
isso."

"Moony," Sirius deu a ele um olhar engraçado. "Você está fazendo aquela coisa de
novo."

"Hm?"

“Nós somos seus amigos! Amigos ajudam uns aos outros! Como se você não tivesse
feito coisas por Lily e Marlene, Wormtail, James e por mim ... Merlin, por mim mais
do que qualquer um. ”

“Eu sei,” Remus respondeu, ainda sorrindo, “Eu sei. Acho que me sinto muito
sortudo. ”

1041
"Você está sentimental esses dias’" Sirius sorriu, cruzando os braços atrás da cabeça.
“É assim que vai ser morar com você? E eu sempre pensei que você fosse um cara
resistente ”

"Ainda sou mais resistente do que você." Remus o olhou de lado.

Os olhos de Sirius estavam fechados, mas ele estava sorrindo. Agora parecia um
momento tão bom quanto qualquer outro.

"Você realmente quer morar comigo?" Perguntou Remus.

"Claro que sim," Sirius respondeu, os olhos ainda fechados.

“Quero dizer ... não apenas com os pais de James. Em nosso próprio lugar. ”

Sirius abriu os olhos,

"Obviamente. Esse é o plano, não é? "

"Eu ..." Remus procurou as palavras certas. Ele estava muito confortável perto de
Sirius agora, sentindo que poderia dizer quase qualquer coisa. Porém, às vezes era a
mesma luta de sempre. “Eu não tinha certeza. Você sabe que não tenho muito
dinheiro... ”

"E você sabe que estou rolando em dinheiro," Sirius deu de ombros, fazendo os
lençóis dobrarem. "O que é meu é seu, não quero que você se preocupe com essas
merdas chatas."

"Só é chato para você porque você nunca teve que pensar sobre isso."

“Bem, agora você não tem que pensar sobre isso também. Entendeu?"

"Ok." Remus acenou com a cabeça. Algo para revisitar mais tarde, talvez, quando não
houvesse uma guerra iminente e eles pudessem ter conversas sobre coisas normais do

1042
dia a dia. Por enquanto, se eles não estivessem falando sobre a guerra, Sirius preferia
falar sobre sonhos. Remus se acomodou, "Onde devemos morar, então?"

"Londres." Sirius disse, com firmeza. "Londres trouxa."

"Em uma casa grande?"

"Não." Sirius balançou a cabeça, franzindo a testa um pouco, “Eu não gosto de casas
grandes, muitos quartos vazios. Se formos apenas dois de nós, não precisamos de todo
esse espaço. ”

Essa foi uma consideração extremamente sensível, mas Remus não disse nada. Ele
entendeu. Mas já que estavam sendo sensíveis...

"Eu quero que você conheça Hope." Ele disse. Sirius abriu os olhos novamente,

"O que?"

“Ela está morrendo,” disse Remus, com naturalidade, “Câncer de pulmão - uma coisa
que os trouxas têm. De qualquer forma, não tem cura, e não acho que ela tenha mais
de um ano. ”

"Moony, me desculpe ... eu não fazia ideia."

“Está tudo bem” Remus respondeu, “Eu sei disso desde a primeira vez que a conheci.
Eu sabia que não teria muito tempo. Ela não é perfeita, mas se preocupa comigo. Eu
quero que ela veja que eu tenho alguém. Que eu não estou sozinho. ”

“Moony…”

"Eu sei, eu sei," Remus riu, "Estou sendo sentimental ..."

"Não," Sirius esticou o braço e colocou a mão suavemente no peito de Remus. “Essa é
uma das coisas mais legais que já ouvi.”

1043
Remus virou a cabeça também, e eles se olharam por um momento, ambos sorrindo na
escuridão da noite silenciosa. Quando seus olhos começaram a arder, Remus riu de
novo, desviando o olhar.

"Cristo", disse ele, "olha isso, somos piores do que Potter e Evans."

"Não conte a ninguém!" Sirius riu, enxugando os olhos rapidamente. “Faltam apenas
três dias para acabarmos a escola, temos reputações a manter.”

1044
Capítulo 150: Sétimo ano: Legado - Parte 2

So here we are...

With freedom within our sweaty, greedy, grasps.

So remember this, boys and girls,

When your freedom comes along...

Don't

Pish

in the water supply,

Just because... school is out for the summer…

Alex Harvey Band de 'School's Out'

“Tivemos sorte com o tempo,” Remus comentou, olhando para o céu azul claro.
"Teria sido um pesadelo trazer todos eles para o lado de fora se estivesse chovendo."

Ele não iria sentir falta dos "verões" escoceses.

Ele e Christopher estavam sozinhos no corujal, esperando. Começaria a qualquer


momento.

"Não tire sarro de mim, ok?" Christopher sussurrou, olhando para o terreno das janelas
altas abertas "Mas esta é a coisa mais emocionante que já fiz."

Remus sorriu para ele com ternura e apertou sua mão rapidamente.

1045
“Aposto que isso é apenas o começo. Você vai fazer tantas coisas emocionantes, eu
sei disso. ”

“Eu não sei, vai ficar tudo quieto com vocês indo embora,” Chris respondeu, olhando
para o gramado abaixo deles, “Eu aposto que eles vão fazer Regulus ser o monitor-
chefe... ooh! Esse é o sinal! ”

Uma fonte de faíscas douradas disparou de trás das estufas, e Remus pôde ouvir o
coração de Christopher começar a bater mais rápido com a excitação.

"Vamos fazer isso então!" Remus deu uma cotovelada nele.

Os dois se viraram para olhar para as corujas, centenas delas empoleiradas em fileiras
ao longo das paredes da torre até as vigas. Ao lado deles havia uma pilha de cartas -
todas em branco, exceto pelo endereço. E todas elas tinham o mesmo endereço.

Chris parecia que estava prestes a explodir de emoção com tudo isso, e Remus deu um
passo para trás, dando-lhe espaço.

"Você conhece o feitiço, faça você."

"Mesmo?!"

"Sim," Remus sorriu, "Haverão muitas travessuras para fazer depois disso..."

"Ok!" Ele arregaçou as mangas, lambendo os lábios. Ele pronunciou o encantamento e


passou sua varinha amplamente ao redor da torre. Um pio baixo, um arrepio de penas
e então... caos absoluto quando todas as quinhentas corujas de repente pularam de seus
poleiros e se precipitaram em direção aos dois meninos, que se abaixaram para se
proteger.

Remus nunca havia visto nada tão magnífico; cada coruja em Hogwarts abriu suas
asas e voou para fora da janela, cada uma pegando uma carta em branco ao passar.
Deve ter levado dois minutos inteiros para que todas conseguissem fazê-lo e, quando

1046
acabou, Remus e Christopher correram em direção a janela para vê-las desaparecer em
direção ao pátio, através dos arcos até seu destino.

"Uau!" Chris ficava dizendo, como um cachorrinho barulhento "Uau, uau, uau!"

Remus apenas sorriu e pensou em James e Sirius em outros lugares do castelo,


esperando por aquele sinal. E Mary, Marlene e Yaz, preparadas e prontas para sua
parte, e todos os outros no castelo esperando, esperando pelo que estavam planejando
desde o Natal.

"Vamos!" Remus disse, agarrando o braço de Chris, "Podemos alcançá-las e ver todas
elas voando."

Se quinhentas corujas de repente se aglomerando nas masmorras não fizesse todo


mundo sair, então Remus estava confiante de que os assentos de banheiro explodindo
patenteados de James e Sirius dariam conta do recado.

Eles desceram a escada em espiral juntos (Remus pulando os degraus de dois em dois,
ainda saboreando sua recém-descoberta mobilidade) e foram para o corredor principal,
onde o pandemônio reinava supremo.

Cada retrato estava cantando o mais alto que conseguiam - de canções populares
trouxas a canções infantis de bruxos, o que quer que o terceiro ano tenha imaginado
quando lançou o feitiço, Remus assumiu. As armaduras deixaram seus postos e
começaram a seguir os alunos. Remus esperava que isso não fosse muito ameaçador -
elas não estavam fazendo nada, afinal, apenas imitando seus movimentos. Havia sido
ideia de James - rei dos feitiços de locomoção.

"Eu consegui, Remus, eu consegui!" Um corvino do quarto ano saiu correndo do


banheiro mais próximo, seguido por uma massa de bolhas cor-de-rosa, "Estourou
tudo!"

"Muito bem!" Remus deu um tapinha nas costas dele, parabenizando-o.

1047
“Mal posso esperar pelo grande final!”

"Melhor se apressar," Remus aconselhou, "Não vai demorar."

O aluno do quarto ano acenou com a cabeça e saiu em direção ao terreno aberto
enquanto a espuma rosa inundava o corredor.

“Você ensinou a tantas pessoas coisas que elas nunca teriam aprendido”, Christopher
se maravilhou enquanto caminhavam. O grande relógio do lado de fora do Salão
Principal girava loucamente, os ponteiros girando - assim como todos os outros
relógios, se o feitiço do sexto ano tivesse funcionado corretamente.

“Ah sim,” Remus bufou, “Explodir banheiros e levitar mesas. Muito útil."

"Não se esqueça de todos os feitiços defensivos", Christopher franziu a testa, "Eu teria
ficado confuso de novo se não fosse por você."

Eles seguiram o fluxo constante de alunos saindo do prédio. Remus só esperava que
eles tivessem causado confusão suficiente em áreas suficientes do castelo para levar
todos para o gramado. Não seria divertido se metade da escola perdesse o evento
principal.

“Como está Lockhart?” Ele perguntou casualmente.

“Bem, eu acho. Não está me importunando, de qualquer maneira. "

"Bom. Suponho que você possa lidar com ele se ele o fizer. "

"Sim." Eles haviam chegado ao pátio agora e estavam à vista do terreno. Christopher
apertou os olhos sob o sol forte de verão e olhou para Remus, parando por um
momento. "Eu realmente sentirei sua falta, no entanto."

“Você só estará aqui por mais um ano,” Remus respondeu, “Estará muito ocupado
com os NIEMs para pensar em qualquer outra coisa. Confie em mim."

1048
"Não, eu ainda vou sentir sua falta." Chris disse, com firmeza. “Vou manter o grupo
de estudos em andamento - mas não será o mesmo. Todo mundo gosta tanto de você,
você é paciente com eles. ”

Remus não sabia como responder a isso, então ele não o fez. Havia um nó engraçado
em sua garganta, mesmo assim.

"Vamos," ele puxou o braço de Christopher, movendo-se em direção ao terreno. “Não


quero perder!”

Mais da metade da escola havia se reunido no gramado extenso de Hogwarts, todos


conversando a mil por hora sobre as várias interrupções e intrusões em suas manhãs.

"Você viu todas aquelas corujas?"

“O Grande Salão está inundado! Inundado! ”

"A aldrava da Corvinal está falando bobagem, não deixa ninguém entrar."

“A estátua do cavaleiro no quinto andar jogou balões de água em mim!”

"Marotos, você acha?"

"Definitivamente."

"Não! Eu vi Emmeline Vance lançando um feitiço nos retratos - e um grupo de alunos


do sexto ano plantando bombas de esterco. Não podem ser os Marotos. ”

"Bem, não pode ser todo mundo-- "

A conjectura foi interrompida quando os últimos dos sonserinos - Regulus, Barty


Crouch, Mulciber e Snape, para a satisfação de Remus - emergiram do castelo. Eles
estavam todos cobertos de lodo verde. As bombas surpresa de Lily haviam funcionado
muito bem. Remus fez uma nota mental para parabenizá-la mais tarde. Ela seria um
maroto, em breve

1049
"Vocês!" Snape veio correndo, gotas de gosma verde ervilha pingando de seu cabelo,
da ponta de seu nariz. Ele apontou um dedo longo para Remus, o rosto contorcido de
raiva. "Você fez isso! Você e seus amiguinhos imundos! ”

"Qual é o problema, Snivellus?" Remus perguntou friamente, mantendo-se firme,


"Você não parece diferente para mim."

"Vocês! Vocês!" Snape balbuciou, risadas explodindo ao seu redor enquanto os alunos
mais jovens se reuniam para ver.

“Scourgify,” Regulus lançou um feitiço de limpeza em si mesmo, restaurando suas


roupas e cabelos à sua impecável limpeza usual. Ele deu a Snape um olhar entediado,
“Tenha um pouco de decoro, Severus. Não morda a isca patética deles. ”

"Ei, Prongs, olhe, eles pegaram o Snivellus!" Sirius apareceu no meio da multidão
sorrindo, seguido por James e Peter, "Excelente!"

"É uma boa aparência, se você quer minha opinião," James sorriu, dando um tapinha
no ombro de Remus como forma de saudação.

Ao ver Sirius, Regulus revirou os olhos e foi embora, juntando-se a um grupo de


sonserinos perto da beira do lago que estavam amontoados e murmurando entre si
como um bando de corvos.

"Quando Dumbledore descobrir que você está por trás disso, ele vai-" Snape se
enfureceu.

"O que?" Sirius ergueu uma sobrancelha, apoiando-se no ombro de James


casualmente, como se eles estivessem apenas conversando, “Nos expulsar? No último
dia de aula?! ”

"Você vai pagar!" Snape rosnou. Ele se virou e começou a voltar para a escola, suas
vestes ainda pingando.

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“Vai com calma, Snivellus!” Peter gritou, mal conseguindo conter sua empolgação:
"Você não quer perder o grand finale!"

"Wormtail!" Sirius sibilou, chutando sua canela. "Shh!"

"Vamos, está quase na hora," disse Remus, tentando afastá-los de Snape. Ele estava
obviamente prestes a enlouquecer, e Remus não confiava nos outros para não
empurrá-lo até o limite.

De forma preocupante, eles acabaram bem próximo de Regulus e sua gangue, perto do
lago - mas estava ficando lotado e não havia muitos lugares para ficar. Remus nunca
foi de demonstrações públicas de afeto, mas ele realmente gostaria de poder segurar a
mão de Sirius naquele momento, apenas para impedi-lo de fazer qualquer coisa
estúpida.

Não teve essa sorte.

"Reggie," Sirius acenou com a cabeça para o irmão agradavelmente, os olhos


brilhando com travessura.

"Sirius." Regulus respondeu, olhando para frente, a cabeça erguida. Ele era como uma
estátua de alabastro, uma versão de mármore frio de seu irmão de sangue quente. "Eu
esperava que você tivesse aprendido a deixar esses jogos infantis para trás." Regulus
falou lentamente, parecendo entediado como sempre. “Travessuras e esquemas bobos
não serão úteis para você uma vez que a guerra for vencida. O Lorde das Trevas exige
ordem. "

"Dane-se seu velho estúpido lorde das trevas," Sirius resmungou, cruzando os braços.
Remus percebeu que os dois irmãos estavam imitando a linguagem corporal um do
outro.

Ao redor do lago, os alunos se reuniam; eles estavam a segundos de distância. Remus


aproveitou a oportunidade para dar uma olhada nos rostos mais familiares - lá estava
Christopher, conversando animadamente com alguns de seus amigos do sexto ano,

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repetindo o que havia feito no corujal. Marlene, Mary e Yaz estavam rindo entre si, e
um pouco mais adiante estava Emmeline Vance, ainda uma donzela de gelo perfeita,
flertando com o pobre Roman Rotherhide. Uns alunos mais jovens do grupo de estudo
praticavam o encantamento que estavam prestes a fazer, e ao lado de Remus, Lily e
James estavam de mãos dadas, varinhas em punho.

Com um grande estrondo, a torre do relógio de Hogwarts bateu meio-dia e James


soltou um assobio alto, chamando a atenção de todos. Era agora!

Pareceu a Remus que todos eles estavam prendendo a respiração por alguns instantes,
e ele agarrou sua própria varinha com mais força, jogando um sorriso rápido para
Sirius, antes de voltar sua atenção para o lago - e o que havia abaixo.

Todos trabalhando como um só, os membros da Cooperação interna de planejamento


da pegadinha dos Marotos ergueram suas varinhas e juntaram suas forças, gritando
“Attollo Magna!”

Os joelhos de Remus enfraqueceram. Eles haviam testado algumas vezes, apenas os


quatro em seu quarto (daí o desaparecimento da cama de Sirius), mas nunca com
tantos outros - nunca tanta magia ao mesmo tempo. Ele sentiu como se tivesse enfiado
o braço da varinha em uma colmeia; a magia começou a retumbar e vibrar através
dele, enchendo sua boca e narinas como ácido de bateria e acumulando-se
profundamente. Poder. Estava tonto com isso; praticamente bêbado. Ele balançou a
cabeça obstinadamente, tentando manter o foco e aguentar - não fazia ideia do que
aconteceria se ele se soltasse.

Enquanto isso, algo estava acontecendo no lago. A superfície começou ondulava e


tremulava; um estranho som de gemido e rangido veio de uma milha abaixo, e então
... então ... * POP *. Com um imediatismo quase cômico, o feitiço funcionou. Remus
sentiu uma grande torção dentro de si - o que não era desagradável, mas também não
era ignorável, fazendo-o engasgar

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Eles conseguiram. Os alunos começaram a rir e apontar, os sonserinos gritavam, um
por um, estúpidos de tanto choque. Até a boca de Regulus caiu aberta.

Lá, pairando a poucos metros acima das águas paradas, diretamente sobre as
masmorras, pairava cada cama e baú dos dormitórios da Sonserina. Era bonito.
Absolutamente perfeito em todos os sentidos. O layout de cada dormitório foi
preservado; tudo o que precisaram fazer foi transportar tudo cerca de um quilômetro
para cima. O feitiço de barreira (ideia de coração mole da Lily) estava funcionando
bem também - o que significa que os pertences de ninguém corriam o risco de se
molhar. Eles apenas teriam que trabalhar no contra-feitiço, e tudo voltaria ao normal -
desde que todos os sonserinos trabalhassem juntos, é claro.

Essa foi uma ideia da Lufa-Lufa.

Os músculos de Remus ainda estavam contraídos de canalizar toda aquela magia. Ele
era um fio elétrico; a estática zumbia na ponta dos dedos. Felizmente, muito poucas
pessoas notaram, estavam muito ocupados torcendo ou gritando de consternação com
a visão diante deles. Fogos de artifício voavam por cima das camas agora, soletrando;

Tenha um ótimo verão, Sonserina! De: Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa!

"Você está bem, Moony?" Sirius olhou para ele, estendendo o braço.

"Não me toque!" Remus retrucou, dando um passo para trás e encolhendo os ombros,
apressadamente. Ele não sabia o que aconteceria; mas não se sentia seguro de estar
por perto.

Sirius esfregou o próprio braço, parecendo magoado.

"Desculpe," Remus respirou, balançando a cabeça novamente, "Só me dê um minuto-"

"VOCÊS!" Ah não. Severus havia reaparecido e estava avançando em direção aos


Marotos, varinha erguida, rosto vermelho. Parecia que ele havia se livrado da maior
parte do lodo.

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"Ladrões!" Ele sibilou, olhando feio para James e Sirius, “Devolvam minhas coisas!
Abaixe-as de UMA VEZ! ”

Sirius e James estavam fora de si de tanto rir, o que não ajudava em nada, mas Snape
realmente tinha provocado isso. Ninguém mais estava reclamando e delirando como
um lunático.

Lily tentou intervir, se separando de James.

"Severus, não é o que você pensa, é fácil o suficiente -

Mas era tarde demais. Snape já havia se virado para o lago e apontando sua varinha
para qualquer cama que fosse sua. Ele estava tentando um feitiço básico de
levitação,mas não ia funcionar - os Marotos haviam projetado o feitiço
especificamente para proteger contra esse tipo de medida.

"Não, não!" Lily gritou, cobrindo os olhos.

Mas é claro que Snape nunca ouviu; não quando ele sentiu que foi injustiçado.
Pareceu funcionar por um momento; uma das camas estremeceu um pouco e
balançou. Porém, apenas por um microssegundo. A próxima coisa que viram foi que
ela se soltou, despencando nas águas cintilantes abaixo com um barulho alto.

Severus ficou olhando; sua boca malvada era uma linha reta e dura, o cabelo escuro e
oleoso caindo em seus olhos.

Ele se virou, a varinha erguida, e Remus sentiu um cheiro - um cheiro que ele havia
reconhecido apenas duas vezes antes; como carne carbonizada. Magia negra. Uma
maldição. Outra torção em seu intestino, desta vez bem menos agradável, e Remus
sentiu uma mudança dentro dele.

“Sectumsempra! ” Snape gritou.

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Remus nem mesmo precisava de sua varinha; ele tinha poder mais do que suficiente e,
sem pensar, deu um passo à frente de James, levantando a mão enquanto Severus
lançava a maldição.

O mundo pareceu assumir um tom estranho tom, de vermelho, e o vento rugia nos
ouvidos de Remus, de modo que ele ouviu apenas o grito de Lily, e James e Sirius
gritaram, "Moony!"

A maldição atingiu Remus - mas ele não sentiu nada. Pareceu simplesmente se
dissipar assim que tocou sua pele, deixando-o com nada pior do que uma leve
sensação de queimadura de sol. Ainda sim, ele estava mais fraco agora do que há dois
minutos. Como se a força da barreira que ele criou o tivesse minado de todas as suas
outras magias.

Ele piscou e tudo voltou ao normal. Snape ainda estava de pé na frente dele,
parecendo apavorado e furioso na mesma medida. A mão de Sirius estava no braço de
Remus, e James agora estava avançando em direção a Snape.

Remus afundou lentamente na grama abaixo, exausto. Ele se sentou de pernas


cruzadas no chão, atordoado, Sirius agachado ao lado dele,

"Moony?!"

"Estou bem."

"Que porra foi essa?!" Sirius sussurrou com urgência. Ele parecia assustado.

"Eu... eu não sei." Remus sussurrou de volta, abaixando a cabeça.

“Foi apenas uma contra-azaração!” Lily gritou de repente, e Remus percebeu que ela
estava se dirigindo aos alunos que se reuniam ao redor, curiosos. Sempre rápida em
seus pés, aquela garota, “Snape tentou amaldiçoar Potter, todos vocês viram! Lupin
pegou a tempo. "

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"Você pode se levantar?" Sirius estava perguntando, puxando seu cotovelo. "Nós
iremos para a Madame Pomfrey-"

“Não,” Remus balançou a cabeça ferozmente, levantando-se, “Estou bem.


Honestamente. Apenas me surpreendi. Usei magia sem palavras ou algo assim, ainda
não peguei o jeito. ”

"Ok..." Sirius estava olhando para ele com cautela. Lily estava no controle da
multidão, e James parecia ter afugentado Snape - ou então ele foi até Slughorn para
reclamar formalmente sobre a pegadinha.

O equilíbrio se restaurou. Remus deu a Sirius seu melhor sorriso e um aperto suave
em seu braço para mostrar que estava tudo bem agora. Sirius relaxou um pouco,
assentindo.

Os sonserinos mais velhos um pouco mais adiante na margem do lago agora


conversavam entre si. Parecia que o infortúnio de Snape havia beneficiado seus
companheiros de casa. Pelo menos agora eles sabiam o que não funcionaria.

"Meio legal, não é?" Mary se aproximou, sorrindo amplamente e completamente


alheia ao que acabara de acontecer. “Vejam todos eles trabalhando em equipe.
Podemos ter unidade na casa ainda! ”

“Não conte com isso,” Marlene sorriu, logo atrás dela.

Os sonserinos começaram a discutir em voz alta.

Todos eles ficaram para ver o drama se desenrolar mais um pouco. Uma tentativa
particularmente hilária de restaurar a ordem resultou em mais uma cama sendo
levantada alguns metros mais alto. Outro feitiço fez com que todas se voltassem para
o oeste, sem nenhuma razão perceptível. Depois de uma hora, um grupo de corvinos
se interessou e começou a trabalhar mais ideias com os desesperados sonserinos.

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A esse ponto, Remus estava se sentindo normal novamente, o que significava apenas
uma coisa.

"Eu estou com fome." Ele anunciou.

“O banquete será em meia hora,” disse Lily, distraída pela lula, que estava brincando
com uma das mesinhas de cabeceira de um sonserino, tentando rebatê-la com seu
tentáculo mais longo.

"Eu posso subir e me trocar então." Mary disse.

Todos concordaram. Deixe os sonserinos fazerem isso.

Enquanto eles voltavam para o castelo, sorrindo e rindo juntos, Remus estava ciente
dos olhos de Sirius ainda nele, mas ainda não conseguia oferecer nenhuma explicação.
O que quer que tenha acontecido, só aconteceu uma vez antes - naquela tarde na
floresta com Castor e Livia. E essa não era uma lembrança agradável para ele ou
Sirius.

"Oi, Black", disse Marlene, do lado deles, "Já conseguiu sua cama de volta?"

"Hm?" Sirius franziu a testa, “Ah, não, eu nunca tentei. Já se foi, suponho. Boa sorte,
cama velha. ” Ele suspirou melancolicamente.

Remus deu uma risadinha.

"Você não está preocupado que a escola vá cobrar de você por isso?" Marlene disse.

Ele encolheu os ombros. Marlene resmungou,

"Moleque mimado."

"Você ao menos tentou recuperá-lo?" Perguntou Lily.

"Bem, não sabemos para onde foi." James respondeu, rindo da memória.

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"Nem mesmo um feitiço de convocação básico?"

“Não, nós nunca...”

"Cama Accio! " Sirius gritou com toda a força de seus pulmões, acenando com a
varinha.

Um estrondo fraco e distante.

"Oh merda ..." Sirius murmurou.

O lago atrás deles começou a borbulhar, e todos se viraram a tempo de ver a cama de
dossel de Sirius surgindo da água como um grande submarino de mogno. Envolto em
algas marinhas e pesadas cortinas de veludo encharcado, ela se ergueu no ar e voou na
direção deles de modo que eles tiveram que se espalhar e mergulhar no chão, cobrindo
as cabeças. A cama caiu no local para o qual Sirius a convocou com um baque pesado
e estridente, e prontamente se estilhaçou em vários pedaços.

Silêncio por alguns segundos, enquanto Lily, Marlene, Mary, Yaz, James, Peter,
Remus e Sirius levantam suas cabeças mais uma vez, se levantando em espanto.
Depois, risadas de todos os lados - especialmente os sonserinos ainda se reuniam na
beira do lago.

Sirius apenas ficou lá, coçando a cabeça.

"Hm." Ele disse. "No fundo do lago o tempo todo, hein?"

Ainda estava pingando. Os lençóis estavam verdes de algas, areia e grãos empilhados
no colchão.

"Oi, seu idiota!" James disse, se aproximando da cama resgatada e pegando uma pilha
retangular de cobertura morta acinzentada, "Esta é a minha revista de quadribol?!"

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"Er ... talvez ..." Sirius sorriu - então, percebendo o brilho assassino nos olhos de
James, começou a correr a toda velocidade de volta para o castelo, James o
perseguindo.

“Suponho que agora seja um momento tão bom quanto qualquer outro,” Peter
sussurrou para Remus, “Mas, er ... Filch me pegou com o mapa mais cedo. Ele o
confiscou. ”

"O que?!" Remus se virou para ele, com raiva. Esse mapa era dele! Sua ideia, sua
magia!

"Não fique com raiva de mim, Moony!" Peter se encolheu, “Estava trancado e tudo, eu
prometo! Ninguém pode descobrir o que tem lá a menos que não façam nada de bom -
e eles teriam que invadir o escritório de Filch! ”

Remus parou com essas palavras. Ele estava certo sobre isso. Depois de tudo,
qualquer um que pudesse realizar essas duas façanhas certamente seria digno do
mapa. E ele queria deixar algo para trás; um verdadeiro legado. Dessa forma, talvez os
Srs. Moony, Wormtail, Padfoot & Prongs possam ser lembrados, um dia.

Ele apertou os olhos para ver os dois garotos de cabelos escuros perseguindo um ao
outro e gritando de tanto rir. Ele olhou para as quatro garotas, que estavam de braços
dados e voltavam alegremente para o castelo, com vozes leves e despreocupadas.

Por que Remus Lupin estava com raiva? Com o que ele deveria se preocupar? Seu
coração inchou e ele se lembrou de algo que Sirius havia lhe contado alguns meses
atrás. O amor era algo que você fazia , não algo que você dissesse; e cada uma dessas
pessoas havia provado isso a ele.

“Tudo bem, Wormy,” Remus jogou o braço em volta dos ombros de Peter, sorrindo,
“Você está perdoado. Vamos lá, vamos conversar. "

------ FIM DO HOGWARTS --------

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