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V Encontro Anual da ANDHEP - Direitos Humanos, Democracia e Diversidade

17 a 19 de setembro de 2009, UFPA, Belém (PA)

DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES E O ACESSO À JUSTIÇA:

ESTUDO SOBRE A LEI MARIA DA PENHA

Grupo de Trabalho 3:
Acesso à Justiça e
Direitos Humanos

LUÍSA HELENA DE OLIVEIRA MARQUES

Estácio-UniRadial
DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES E O ACESSO À JUSTIÇA: ESTUDO
SOBRE A LEI MARIA DA PENHA

Luísa Helena de Oliveira Marques


Estácio-UniRadial

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Direitos Humanos sob uma perspectiva de gênero; 3. A


violência doméstica e familiar contra as mulheres; 4. A Lei Maria da Penha como
instrumento de acesso à Justiça para as mulheres; 5. Conclusão; 6. Referências
bibliográficas.

RESUMO: Este trabalho, resultante de dissertação de mestrado em Direitos Humanos,


trata da questão do acesso à Justiça por um grupo social específico: as mulheres em
situação de violência doméstica e familiar. Demonstra-se como a Lei 11.340/06 criou
mecanismos que possibilitam a efetivação dos Direitos Humanos das mulheres,
através da sua proteção, da promoção da igualdade de gênero e da criação de
políticas públicas. Faz uso da abordagem de gênero, utilizando aportes jurídicos e
sociológicos adstritos à temática, analisando a forma esses direitos foram construídos
historicamente, traçando um panorama da violência contra as mulheres, para enfim
atingir a Lei Maria da Penha. Descreve as principais inovações trazidas pela Lei,
especialmente a mudança de paradigma no tratamento deste tipo de violência contra
as mulheres, que deve ser entendida como um problema social e de Estado.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos Humanos – Gênero – Violência contra as mulheres –


Lei Maria da Penha – Lei 11.340/06.

1. INTRODUÇÃO

O tema da violência doméstica e familiar contra as mulheres vem tomando

novos contornos desde a aprovação da Lei 11.340, em 07 de agosto de 2006, também

chamada Lei Maria da Penha.

Com a sanção da Lei Maria da Penha muitas questões tem sido suscitadas.

Dúvidas quanto à aplicação das medidas protetivas às mulheres e sobre o caráter

preventivo da Lei tem sido ventiladas. A própria constitucionalidade da Lei tem sido

alvo de muitas discussões, motivando uma Ação Declaratória de Constitucionalidade,

impetrada no Supremo Tribunal Federal pelo Presidente da República, todavia sub

iudice. Problematiza-se, ainda, aspectos da representação criminal e outros debates

técnico-formalistas da Lei, os quais não nos atentaremos neste trabalho.


O presente trabalho, decorrente parcialmente da pesquisa realizada em nível

de mestrado1, enfoca a referida Lei sob a ótica de gênero e dos direitos humanos,

demonstrando que a violência contra a mulher deve ser entendida como uma violação

de direitos humanos e que a Lei Maria da Penha é um instrumento eficaz de acesso à

Justiça das mulheres.

Analisa-se como os Direitos Humanos das mulheres foram construídos

historicamente, passando a abordar a violência contra as mulheres, para enfim atingir

a Lei Maria da Penha.

A especificidade do tema requer uma abordagem multidisciplinar. Para tanto,

foi utilizada a análise sociológica e jurídica da violência doméstica e familiar contra as

mulheres, através da leitura da bibliografia pertinente. O trabalho foi realizado com a

análise de legislação, pesquisa bibliográfica, além do exame de dados empíricos.

2. DIREITOS HUMANOS SOB A PERSPECTIVA DE GÊNERO

Para entendimento do tema da violência contra a mulher, é necessário

primeiramente a compreensão dos conceitos de gênero e de direitos humanos, assim

como do processo de afirmação histórica dos direitos humanos das mulheres.

Gênero pode ser conceituado como “o princípio que transforma as diferenças

biológicas entre os sexos em desigualdades sociais, estruturando a sociedade sobre a

assimetria das relações entre homens e mulheres”. (BRUSCHINI, 1998, p. 89)

Para que se possa compreender o que é gênero, é necessário que se

esclareçam as relações de poder que permeiam todas as relações sociais, ou seja, as

de classe, raça e etnia. Sobre as relações de poder baseadas no sexo, Joan Scott

1
MARQUES, Luísa Helena de Oliveira. A Lei Maria da Penha como instrumento de efetivação dos direitos
humanos das mulheres. São Paulo: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD-USP), 2009.
ressalta: “Gênero é o campo primeiro no seio do qual e por meio do qual o poder é

articulado. O gênero não é o único campo, mas ele parece ter constituído um meio

eficaz e recorrente de tornar eficaz a significação do poder no Ocidente” (SCOTT,

1994, p. 16).

Na década de 1970 a palavra “gênero” passou a ser usada pelas feministas

americanas para enfatizar o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas

no sexo. Esta palavra indica uma rejeição ao determinismo biológico, implícito nos

termos “sexo” ou “diferença sexual”. Contrastando com esse determinismo, o termo

“gênero” foi utilizado para acentuar o aspecto relacional, pois só é possível

compreender mulheres e homens quando considerados em conjunto. Temos, portanto,

que o ser mulher e o ser homem são construções sociais, políticas e ideológicas.

Este novo paradigma representa um avanço no conhecimento, sendo, talvez, a

maior ruptura dos modelos até então vigentes, mudando a forma de se perceber o

masculino e o feminino, e a distribuição desigual de poder.

De acordo com Wânia Pasinato Izumino (1997, p. 148):

Se a referência ao gênero não permite eliminar todas as diferenças


entre os sexos – como pretendia o feminismo na década de 70 –,
possibilita que as diferenças percebidas entre os sexos percam o
caráter naturalizado de que sempre estiveram revestidas, passando a
serem reconhecidas como construções sociais, sendo, portanto,
passíveis de modificações e de superação – na forma como apregoa o
feminismo dos anos 80/90.

Esta nova ótica pode ser percebida na afirmação histórica dos direitos

humanos. Entende-se direitos humanos como “um conjunto mínimo de direitos

necessário para asseguram uma vida do ser humanos baseada na liberdade,

igualdade e dignidade”.2

2
RAMOS, 2005, p.19.
Foi apenas no século XX que se reconheceu juridicamente a igualdade de

gênero. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) trouxe a idéia de

que todos são titulares dos mesmos direitos humanos, devido a sua a dignidade

humana igual.3 Assim, ninguém pode ter seus direitos humanos negados por ser

diferente de outros, seja por sexo, raça ou etnia, trabalho ou descendência, casta,

cultura, religião, cor da pele ou outros motivos.

A luta para garantir o tratamento igual para todos é o centro de todos os

esforços para promover a proteção universal dos direitos humanos. Essa luta também

não pode esquecer que as diferenças entre as pessoas são valores que devem ser

preservados, posto que é da multiplicidade de culturas que se fortalece os direitos

humanos.

Pode-se perceber também que a evolução dos direitos humanos e do princípio

da igualdade levaram à criação de novos titulares de direitos.

Inicialmente, somente o indivíduo abstrato era considerado sujeito de direitos.

Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o indivíduo abstrato, genérico, a

quem a igualdade era garantida passou a ser considerado como um ser humano

especificado, que necessita de proteção de acordo com suas necessidades diferentes.

Assim, fatores como raça, gênero, idade, etnia, e outros motivos foram sendo

percebidos como fundamentais para a garantia proteção dos direitos humanos dos

indivíduos sem discriminação, na busca da efetiva igualdade de todos os seres

humanos.

Dentro do processo de especificação dos direitos humanos, o surgimento das

mulheres como sujeito de direito internacional autônomo teve início com a “Convenção

sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher”, que foi

aprovada pela ONU em 1979 e adotada pelo Brasil apenas em 1984, sendo a

3
De acordo com seu artigo 1.
convenção internacional que mais recebeu reservas dos países que a ratificaram. Ela

tem por fundamento as obrigações de eliminar a discriminação e assegurar a

igualdade, tratando do princípio da igualdade como objetivo e também como obrigação

vinculante.4

A Convenção prevê em seu artigo 4º a possibilidade de adoção de “medidas

especiais de caráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o

homem e a mulher, à igualdade de oportunidade e de tratamento”, ou seja, de ações

afirmativas.

Já a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência

Contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará), adotada pela OEA de 1994, insere-

se no sistema regional especial de proteção dos direitos humanos. Ela prevê a

possibilidade de apresentação de petições por indivíduos ou grupos à Comissão

Interamericana de Direitos Humanos, que podem chegar até à Corte Interamericana

de Direitos Humanos, que é um órgão judicial, tendo suas decisões força jurídica

obrigatória e vinculante.

Estas duas convenções possibilitaram a quebra da dicotomia entre o público e

o privado na esfera jurídica, ao permitirem que o direito se estendesse ao âmbito

doméstico, alcançando a violência que ali ocorre. Segundo Flávia Piovesan:

Isto reforça o quanto a implementação dos direitos das mulheres está


condicionada à dicotomia entre os espaços público e privado, que, em
muitas sociedades, confina a mulher ao espaço exclusivamente
doméstico da casa e da família. Vale dizer, ainda que se constate,
crescentemente, a democratização do espaço público, com a
participação ativa de mulheres nas mais diversas arenas sociais, resta
o desafio de democratização do espaço privado – cabendo ponderar
que tal democratização é fundamental para a própria democratização
do espaço público.5

4
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW/ONU) define em
seu artigo 1º a discriminação contra a mulher como “toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo, exercício pela mulher, independentemente de seu
estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos
campos político, econômico, social, cultural e civil ou e qualquer outro campo.”
5
PIOVESAN, 2006, p. 188.
As convenções também abarcaram tanto direitos civis e políticos quanto

econômicos, sociais e culturais, reafirmando a necessidade de implantação de todos

esses direitos para o desenvolvimento da dignidade humana.

Na ocasião da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos em 1993, o

movimento de mulheres reivindicou que “os direitos da mulher também são direitos

humanos”, que foram reconhecidos pela primeira vez no foro internacional. Ficou

consignado então na Declaração e Programa de Ação de Viena, em seu item 18, que:

“Os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte

integral e indivisível dos direitos humanos universais.”

A Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, de 1995, enfatizou que os

direitos das mulheres são parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos

universais.

O direito brasileiro também refletiu essa evolução histórica dos direitos

humanos e o novo paradigma de gênero. Com base nisto, apesar de o princípio da

igualdade já abranger a proibição da desigualdade entre os sexos, o legislador

constitucional achou por bem destacar no inciso I do artigo 5º que “homens e mulheres

são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.”

Portanto, “a abordagem da desigualdade jurídica sob o ponto de vista do

recorte de gênero é bastante recente no Brasil e ainda carece de aprofundamento

teórico-metodológico, contudo pode-se afirmar que há uma espécie de consenso entre

os pesquisadores que tratam de temas relativos à situação da mulher na sociedade

brasileira contemporânea, de que o uso do conceito de gênero para definir as relações

entre os sexos, marcou o início de um novo debate em torno dessas questões.”6

6
IZUMINO, 1997, p. 148.
3. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA AS MULHERES

A violência doméstica e familiar contra as mulheres é uma das formas de

violação dos Direitos Humanos das mulheres. Conforme os dados a seguir, é um

problema complexo, que ocorre diuturnamente no mundo todo, independente do lugar,

de classe social e de raça ou etnia.

Violência é o “uso da força física, psicológica ou intelectual para obrigar outra

pessoa a fazer algo que não está com vontade; é constranger, é tolher a liberdade, é

incomodar, é impedir a outra pessoa de manifestar seu desejo e sua vontade, sob

pena de viver gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada, lesionada ou

morta. É um meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio, é uma violação dos

direitos essenciais do ser humano.” (TELES e MELO, 2003, p. 15)

Adotada na pesquisa a perspectiva de gênero, pode-se entender a violência

contra as mulheres como “conflitos de gênero”. De acordo com Wânia Pasinato

Izumino7:

Quando utilizada nos estudos sobre violência contra a mulher, a


categoria de gênero permite que esta passe a ser vista enquanto um
conflito que tem origem na oposição entre os sexos, ou antes, na
oposição entre os papéis sexuais socialmente construídos, que resulta
em relações de poder que se desenvolvem cotidianamente em
múltiplas direções, estabelecendo diferentes possibilidades de
dominação e submissão.

Estudos apontam a dimensão epidêmica da violência doméstica. Segundo

pesquisa feita pela Human Rights Watch8, de cada cem mulheres assassinadas no

Brasil, setenta o são no âmbito de suas relações domésticas. De acordo com pesquisa

7
IZUMINO, 1997, p. 148.
8
Americas Watch, Criminal Injustice: Violence against Women in Brazil, 1992. Afirma ainda o relatório da Human
Rights Watch que, “de mais de 800 casos de estupro reportados a delegacias de polícia em São Paulo de 1985 a 1989,
menos de um quarto foi investigado”. Ainda esclarece o mesmo relatório que “a delegacia de mulheres de São Luís no
Estado do Maranhão reportou que, de mais de 4.000 casos de agressões físicas e sexuais registrados, apenas 300
foram processados e apenas dois levaram à punição do acusado” (Americas Watch, Criminal Injustice: Violence
against Women in Brazil, 1992).
realizada pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos, 66,3% dos acusados em

homicídios contra mulheres são seus parceiros. 9

A violência doméstica ocorre não apenas em classes socialmente mais

desfavorecidas e em países em desenvolvimento como o Brasil, mas em diferentes

classes e culturas. 10

Estima-se que a cada quinze segundos uma mulher seja vitimada pela

violência doméstica no Brasil.11 Segundo a mesma pesquisa, aproximadamente 43%

das mulheres já sofreu algum tipo de violência doméstica e mais da metade delas não

procura ajuda.

Segundo a ONU, a violência doméstica é a principal causa de lesões em

mulheres entre 15 e 44 anos no mundo. Nas palavras da Recomendação Geral nº 19

do Comitê para Eliminação da Discriminação contra a mulher:

A violência doméstica é uma das mais insidiosas formas de violência


contra a mulher. Prevalece em todas as sociedade, no âmbito das
relações familiares, mulheres de todas as idades são vítimas de
violência de todas as formas, incluindo espancamento, o estupro e
outras formas de abuso sexual, violência psíquica e outras, que se
perpetuam por meio da tradição. A falta de independência econômica
faz com que muitas mulheres permaneçam em relações violentas. (...)
Estas formas de violência submetem mulheres a riscos de saúde e
impedem a sua participação na vida familiar e na vida pública com
base na igualdade.

Entretanto, a violência doméstica e familiar contra as mulheres, conforme o

artigo 7º da Lei 11.340/06, pode assumir cinco formas: física, psicológica, sexual,

moral e patrimonial.

Atualmente, já se reconhece que a violência contra a mulher não é um

fenômeno associado à pobreza, ou à ignorância, e que pode ocorrer em qualquer

classe social, independente de nível econômico, escolaridade, religião ou opção

9
Apud PIOVESAN. In LEOPOLDI (2007, p.15)
10
Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Violence against women. Cedaw
General recom. 19, A/47/38. (General Comments), 29/1/1992. Apud PIOVESAN, idem.
11
Pesquisa A mulher brasileira nos espaços públicos e privados. Fundação Perseu Abramo, 2001. In VENTURINI,
2004, p. 227 e ss.
política. Determinante nesses casos parece ser o entendimento que a sociedade

abrangente, ou grupo social em questão, produz a respeito das relações de gênero e

os limites de atuação para homens e mulheres dentro da sociedade, incluindo-se aqui

o grau de respeito pelas liberdades individuais.12

4. A LEI MARIA DA PENHA COMO INSTRUMENTO DE ACESSO À JUSTIÇA PARA

AS MULHERES

Mesmo com os avanços obtidos em termos de direitos humanos no Brasil com

a redemocratização do país e a Constituição Federal de 1988, o tema da violência

contra a mulher ainda continuava a ser ignorado.

O Estado brasileiro, apesar de ser signatário de tratados internacionais que

previam o combate à violência doméstica contra as mulheres, entre eles a Convenção

sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e a

Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a

Mulher, não havia dado materialidade a essas normas.

A mulher vítima de violência doméstica e familiar continuava legalmente

desamparada. Não havia legislação penal específica que cuidasse da violência

doméstica e familiar contra as mulheres, sendo aplicada então as normas

incriminadoras do Código Penal. Quanto à parte processual, aplicavam-se os

procedimentos do Código de Processo Penal ou da Lei 9.099/95, para os crimes

apenados com no máximo dois anos de reclusão.

A maior parte dos crimes cometidos contra a mulher dentro lar é o de lesão

corporal leve (artigo 129 do Código Penal) e o de ameaça (artigo 147 do Código

12
IZUMINO, 1997, p. 167.
Penal), que têm pena máxima de dois anos de reclusão, e por isso submetida à Lei

9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

A vontade do legislador ao criar os Juizados Especiais era dar mais celeridade

ao Poder Judiciário, fazendo uso do modelo conciliatório, prevendo procedimento

simplificado e penas mais brandas, como prestação de serviços à comunidade,

pagamento de multa ou distribuição de cestas básicas. Entretanto, cerca de 80% dos

casos que chegavam aos Juizados Especiais Criminais eram de crimes de lesão

corporal leve e ameaça, os mais comuns na violência doméstica contra as mulheres.

Eram então aplicadas tais penas, que levavam à banalização da violência e ao

sentimento de impunidade. (DEBERT e OLIVEIRA, 2007).

Apesar de todos os danos causados pela violência doméstica não só à mulher,

mas à família e à sociedade como um todo, este assunto ainda era tratado com

descaso pelo Estado e motivo de desdém. Frases como “em briga de marido e mulher

não se mete a colher” ou “ele não sabe por que está batendo, mas ela sabe por que

está apanhando” revelam a banalização e a naturalização dessa violência. Nas

palavras de SAFFIOTI (2001, p. 46):

A violência de gênero, a violência contra mulheres, a violência


doméstica e a violência intrafamiliar passam despercebidas. Será que
as próprias mulheres concebem a maioria das violências domésticas
cometidas contra si próprias por seus companheiros como “crimes de
menor potencial ofensivo”, como o faz a Lei 9.099/95, lei federal que
liberou os delitos perpetrados por homens contra mulheres,
substituindo as penas de privação de liberdade por penas alternativas
sem o menos caráter pedagógico, como pagar uma pequena multa ou
entregar uma cesta básica a uma instituição de caridade?

Para enfrentar a violência doméstica e familiar contra as mulheres, se faz

necessária a ação organizada e conjunta do Estado e da sociedade.

O caso Maria da Penha, que deu nome à Lei 11.340/06, é paradigmático ao

revelar as estruturas de poder vigentes no país, que impossibilitam o acesso à Justiça

por parte das mulheres em condição de violência. Após anos em busca por uma
resolução para sua lide, a vítima viu-se compelida à recorrer às instâncias

internacionais, auxiliada por organizações de direitos humanos das mulheres, para

enfim conseguir acessar a Justiça.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no Informe 54/2001,

condenou o Brasil por violação de direitos humanos, no caso “Maria da Penha Maia

Fernandes”. O Poder Judiciário do estado do Ceará foi considerado responsável pela

demora de 17 anos em prestar justiça e punir o autor por graves atos de violência

contra a mulher. Segundo a Comissão:

Dado que essa violação contra Maria da Penha é parte de um padrão


geral de negligência e falta de efetividade do Estado para processar e
condenar os agressores, a Comissão considera que não só é violada a
obrigação de processar e condenar, como também a de prevenir essas
práticas degradantes. Essa falta de efetividade judicial e discriminatória
cria o ambiente propício à violência doméstica, não havendo evidência
socialmente percebida da vontade e efetividade do Estado como
representante da sociedade, para punir esses atos.13

A condenação do Brasil e a Lei Maria da Penha nascem, assim, de uma

patente ineficiência histórica do país em promover o acesso à Justiça e os direitos

humanos para grupos socialmente excluídos.

Nesta toada, buscando uma legislação específica para os casos de violência

contra as mulheres, um consórcio formado por ONGs (ADVOCACY, AGENDE, CEPIA,

CFEMEA, CLADEM/IPÊ e THEMIS), juristas e feministas especialistas no assunto

começou a se reunir em 2002 para escrever um anteprojeto de lei sobre Violência

Doméstica e Familiar contra a Mulher.

No final de 2003, no Seminário "Violência Doméstica", que aconteceu no

Congresso Nacional, a proposta foi entregue à Bancada Feminina no Congresso

Nacional e à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da

13
Comissão Interamericana de Direitos Humanos – OEA. Informe 54/01, Caso 12.051, de 04.04.2001, Maria da Penha
Fernandes versus Brasil, parágrafo 56.
República, que instalou um Grupo de Trabalho Interministerial, com representantes de

vários ministérios e ainda com duas representações do consórcio de ONG's para

discutir a proposta apresentada e elaborar um projeto de lei para coibir a violência

contra as mulheres.

Em 7 de agosto de 2006, após ser aprovada por unanimidade no Congresso

Nacional, foi sancionada a Lei 11.340, a chamada Lei Maria da Penha.

A Lei Maria da Penha surgiu para tutelar as mulheres em situação de violência.

É um marco legislativo para as mulheres brasileiras e uma importante ferramenta para

o atendimento dos casos de violência. A Lei inova ao dar um novo tratamento à

questão, que passa a ser considerada, por força do artigo 6º, uma violação de direitos

humanos e não mais um crime de menor potencial ofensivo.

A Lei 11.340/06 não dispõe somente sobre medidas repressivas, dedica-se

também às medidas preventivas, prevendo a integração operacional dos órgãos

competentes para a aplicação dessas medidas. Prevê, ainda, a publicização da

Legislação, sobremaneira pelos meios de comunicação, a criação de aparato

segurança unificado e de uma base de dados, a implantação de programas de

educação e de erradicação da violência contra as mulheres. Todos esses mecanismos

previstos na Lei possibilitam um maior acesso à Justiça por parte das mulheres.

Deve-se atentar ao fato de que a Lei em tela não prevê somente a punição do

agressor, mas, principalmente, de ações afirmativas e preventivas. E são estas ações

o aspecto mais relevante da Lei e que produzirão os efeitos de mudança de uma

sociedade culturalmente androcêntrica, que é o objetivo da Lei Maria da Penha.


5. CONCLUSÃO

Dada a construção histórica e legal das hierarquias de gênero já explicitada, o

Estado não adentrava no âmbito privado para regular as relações desiguais que ali

ocorrem. A Lei Maria da Penha regula a violência doméstica e familiar, que ocorre

dentro do lar.

Tentamos explicitar o novo paradigma trazido pela Lei 11.340/06, fazendo com

que o Estado tutele o espaço privado das relações e promova o real acesso à Justiça

por parte das mulheres que sofrem esse processo de invizibilização.

O acesso à Justiça, na exegêse principiológica da Constituição, deve ser

compreendido como a realização do objetivo principal do Estado Democrático de

Direito, que é a concretização dos direitos fundamentais.

Antes, com a aplicação da Lei 9.099/95 para a maior parte dos casos de

violência dessa natureza, as vias de acesso das mulheres à Justiça encontravam-se

cerradas, já que a maioria delas enfrentava óbices já nas Delegacias de Defesa da

Mulher, sendo desencorajadas a registrar Boletim de Ocorrência e ofertar a queixa-

crime.

Quando o faziam, era desacreditas pelo Poder Judiciário, que impunha um rito

– dos Juizados Especiais Criminais – que acabava por banalizar e minimizar o delito

ocorrido, como apenas uma “briga de marido e mulher”, em que o Estado não deveria

“meter a colher”.

Quando o processo realmente vingava, obtinha-se como resultado a transação

penal, na maioria das vezes traduzida no pagamento de cestas básicas.

Com tudo isso, obteve-se um processo crescente de descrença na Justiça e

nas Instituições, que apenas contribuia para a impunidade e para a legitimação da

violência doméstica e familiar contra as mulheres.


A aprovação da Lei Maria da Penha teve como objetivo modificar tal cenário,

tratando de “empoderar” as mulheres com os instrumentos necessários para acessar e

obter, efetivamente, Justiça.

Resta, obviamente, que esse instrumento seja aplicado e efetivado em todo

território nacional. Esforços por parte do Poder Público – sobremaneira da Secretaria

Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM) e do

Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – e da sociedade civil organizada – movimento de

mulheres, ONGs – têm sido realizados nesse sentido. Entretanto, muito ainda há de

ser feito, a fim de que a Lei Maria da Penha cumpra seus objetivos, permitindo o

acesso à Justiça por parte das mulheres e efetivando os direitos humanos.

Neste novo paradigma, o combate à violência doméstica e familiar contra as

mulheres, que permanecia privatizada e naturalizada pela cultura sexista, baseada na

discriminação de gênero (conforme acima exposto), passa a ter maior visibilidade,

reconhecimento social e político, tornando-se uma questão pública.

Para alguns autores, essa transformação somente foi possível pela luta do

movimento de mulheres. De acordo com Leila Linhares Barsted (2006, p. 288):

O balanço de mais de uma década no enfrentamento da violência


contra as mulheres no Brasil revela o importante papel dos movimentos
de mulheres no diálogo com o Estado em suas diferentes dimensões.
(...) Não há dúvidas de que, ao longo das três últimas décadas, o
movimento de mulheres tem sido o grande impulsionador das políticas
públicas de gênero, incluindo aquelas no campo da prevenção da
violência. Mas, apesar das conquistas obtidas, é inegável a
persistência da violência doméstica e sexual contra a mulher no Brasil.

Não reconhecer a violência doméstica e familiar contra as mulheres como uma

questão que merece tutela específica e que a situação das mulheres ainda é desigual

fere os direitos humanos, já que o Brasil é signatário de acordos internacionais que

prevêem essa proteção pelo Estado.


A Lei Maria da Penha pode ser entendida como um “microssistema jurídico”14,

pois nela estão contidas normas de Direito Civil, Penal, Processual, além de previsão

de políticas públicas.

Além disso, deve ser considerada como um instrumento de concretização dos

direitos humanos das mulheres, alcançando os objetivos destes. Nas palavras de

Flávia Piovesan:

A ética emancipatória dos direitos humanos demanda transformação


social, a fim de que cada pessoa possa exercer, em sua plenitude,
suas potencialidade, sem violência e discriminação. É a ética que vê no
outro um ser merecedor de igual consideração e profundo respeito,
dotado do direito de desenvolver as potencialidades humanas, de
forma livre, autônoma e plena. Como um construto histórico, os direitos
humanos não traduzem uma história linear, não compõem uma marcha
triunfal, nem tampouco uma causa perdida. Mas refletem, a todo
tempo, a história de um combate, mediante processos que abrem e
consolidam espaços de luta pela dignidade humana.” PIOVESAN. In
LEOPOLDI (2007, p.19-20)

O recrudescimento da sanção penal é, ao menos em um primeiro momento,

necessário. Há que se esclarecer a toda sociedade que a violência doméstica e

familiar contra as mulheres é uma violação de Direitos Humanos, e como tal deve ser

evitada e reprimida.

Não se pode imputar ao sexo masculino o comportamento violento. Se existem,

de fato, causas genéticas ou biológicas para a agressividade das pessoas deste sexo,

estas são reforçadas e agravadas pela construção social e cultural que recai sobre

eles.

E estas causas socialmente construídas podem e devem ser modificadas.

As relações sociais de gênero, que envolvem poder e dominação de um sexo –

masculino – sobre o outro – feminino – estão sendo paulatinamente transformadas.

Mas não com a velocidade esperada.

14
Terminologia utilizada por Maria Berenice Dias.
Com isto, espera-se que, em alguns anos, as relações entre homens e

mulheres sejam diferentes e, assim, que a violência de gênero deixe de ser um

problema global.

Para tanto, deve o Estado contribuir, através de políticas públicas, de

legislação específica, de ações afirmativas e da educação em Direitos Humanos.

O Estado brasileiro tem a obrigação de promover o acesso à Justiça, a

equidade de gênero e os direitos humanos, e de prevenir e erradicar a violência contra

as mulheres.

Estas obrigações decorrem de normas internacionais e da própria Constituição

Federal. Se o país assinou tratados e convenções que dispõem neste sentido e fez

constar essa obrigação em sua Lei Maior, então deve buscar meios materialmente

eficazes de efetivá-los.

Cabe ao Estado, por meio de um processo de “publicização” da Lei 11.340/06,

de políticas públicas e de educação em Direitos Humanos e em gênero, atingir o real

objetivo da Lei: a erradicação da violência e a real igualdade entre os sexos dentro das

relações domésticas.

Não se trata aqui de culpabilizar os homens pela violência. O processo de

construção da identidade de gênero é histórico e cultural, e, portanto, lento.

Não se pode esperar que a Lei, sozinha, transforme a sociedade. É necessário

que todos – Estado, por meio dos seus entes conjugados, e sociedade civil – atuem

nesse sentido.

Tampouco se deve, através do subterfúgio de evitar a punição penal como

ultima ratio, permitir que milhares de mulheres sofram violência e morram todos os

dias vitimadas pela violência doméstica.


Nesse sentido tem se encaminhado a legislação que trata do tema em diversos

países, obtendo, com sucesso, o tratamento e a diminuição deste tipo de violência,

como a Espanha e diversos países da América Latina.

Deve-se atentar ao fato de que a Lei em tela não prevê somente a punição do

agressor, mas, principalmente, de ações afirmativas e preventivas. E são estas ações

o aspecto mais relevante da Lei.

Entretanto, a mídia, o Judiciário e muitos pesquisadores voltam seu foco

apenas para o lado punitivo da Lei. Toda essa exacerbada exposição do lado punitivo

da Lei contribuiu para uma diminuição inicial no número de denúncias de violência. Os

dados, ainda escassos, apontavam para uma queda.15

Não se pode precisar, todavia, se esta queda no número de denúncias se deu

pelo medo das mulheres de denunciar seus parceiros atuais ou passados e estes

serem presos, ou se realmente a Lei conseguiu fazer diminuir os casos de violência.

Dados recentes da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres revelam

que em 2007 foram feitas 20.050 denúncias e em 2008 atingiu-se a marca de 24.523

relatos de agressão pelo número de atendimento deste órgão. E no último relatório,

nota-se um aumento de 32,36% na procura pela "Central de Atendimento à Mulher -

Ligue 180" entre janeiro e junho de 2009, comparando-se com o mesmo período de

2008, num total de 161.774 atendimentos.

Apesar dos avanços, quando se leva em conta a efetividade das punições

impostas pela lei, ainda não há o que se comemorar. De acordo com dados

apresentados no primeiro balanço da lei, divulgado em 30 de março do corrente ano

pelo Conselho Nacional de Justiça, dos 75.829 processos abertos, no período de julho

a novembro de 2008, apenas 1.801 resultaram em condenações.

15
Em 6 meses da Lei Maria da Penha, o número de denúncias cai 18,8% - O Estado de S.Paulo, 28/05/07.
Dos 150.532 processos em tramitação no país, 41.957 são referentes a ações

penais, como no caso de agressões físicas; outras 19.803 ações dizem respeito a

questões cíveis, envolvendo casos de indenização moral e/ou patrimonial. No período

analisado, também foram computadas 11.175 prisões em flagrante e foram

concedidas 19.400 medidas protetivas. Além disso, foram realizadas 60.975

audiências para o deferimento de medidas com caráter de urgência.16

Estes dados revelam uma premente necessidade de se trabalhar com o

fenômeno da violência contra a mulher através de uma abordagem holística e

multidisciplinar; da realização de estudos, pesquisas e estatísticas, bem como da

construção de indicadores; da elaboração de políticas, planos e estratégias de

mediano e longo prazo; e do acompanhamento e monitoramento constantes.

Com freqüência, é ressaltada a relação existente entre a violência de gênero e

o costume arraigado de não intervenção nos assuntos da vida privada, muito

especialmente no que diz respeito à violência doméstica. Preocupam as freqüentes

manifestações de prevalência da filosofia de preservação da família, em detrimento

dos direitos da mulher a uma vida sem violência.

Deve-se enfatizar a relevância do papel da educação e da mídia, inclusive da

inserção da temática de gênero e da violência nos currículos escolares, em todos os

níveis, enfocando as atitudes de homens e mulheres, de meninos e meninas.

A Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e

familiar contra a mulher, representa não só uma resposta do Estado brasileiro à

demanda do movimento feminista e de mulheres, mas uma vitória dos Direitos

Humanos.

Neste período inicial de sua vigência, cabe ao Estado e ao movimento vigiar e

monitorar sua operacionalização. Isto representa um grande desafio, pois há sinais

16
“Número de mulheres que recorrem à Lei Maria da Penha cresce 32% “ - Última Instância, 09/08/2009.
preocupantes da má vontade de vários operadores do direito e da polícia, sem falar de

vastos setores conservadores e mesmo retrógrados da sociedade brasileira, enquanto

um todo.

Nenhuma legislação é completa, muito menos perfeita. O Direito não

consegue, em sua incompletude, abarcar ou acompanhar a realidade da sociedade.

Entretanto, não podemos, em nome de um idealismo ou de um conservadorismo

jurídico, deixar de tutelar os grupos vulneráveis que carecem de legislação e atenção

específica. Não se pode, por mero preciosismo jurídico, deixar que milhares de

mulheres continuem a sofrer diariamente violência e tenham a sua vida e a de sua

família dilacerada.

Não se trata, aqui, de esperar que uma lei modifique a realidade social e seja a

panacéia para os problemas das mulheres. No entanto, um grande passo já foi tomado

em direção à solução da questão. A transformação da sociedade, das mentalidades e

dos comportamentos requer anos, décadas, séculos. O Estado e o Direito tem um

grande papel nessa mudança, por serem instituições que regulam a vida social.

Fato é que não se pode esperar que a Lei atinja seus objetivos em um primeiro

momento. Se, nestes três iniciais anos de aplicação da Lei, não foram obtidos os

resultados esperados, há que lutar para esses sejam alcançados.


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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