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Fichamento: Cap 19 (Estética)

A estética é uma disciplina filosófica e, para entender a história de seu desenvolvimento, podemos
compará-la com a evolução de outras duas disciplinas filosóficas: a Metafísica e a Física.

Apesar de Aristóteles não ser o autor do termo metafísica, o objeto de estudo e os procedimentos de
investigação metafísicos já haviam sido completamente definidos em suas obras. Isto é, a disciplina
Metafísica já existia, mas o nome só foi dado posteriormente. A evolução da Física foi um pouco distinta.
Seu nome já existia desde os pensadores antigos, mas foi somente com as experimentações de Galileu
Galilei, nos séculos XVI e XVII, que a Física tornou-se uma disciplina com procedimentos próprios.

Já o desenvolvimento da Estética como disciplina filosófica foi diferente. Até o século XVIII, a
investigação sobre o sensível, o belo e a arte, objetos da Estética, vinha sempre acompanhada de
reflexões de outras áreas da Filosofia, como a Ética, a Metafísica e a Teoria do Conhecimento. Para
entender o que era o belo, por exemplo, era preciso também definir o que era o bem. Por isso, as
reflexões sobre a arte realizadas durante a Antiguidade e a Idade Média foram chamadas por alguns
estudiosos de pré-história da Estética.

O que é belo? Apesar de esse tema ter sido investigado por outros pensadores, Platão foi o primeiro a
formular tal questão com clareza. O método utilizados nos diálogos platônicos sempre buscou a
definição do objeto investigado. Sócrates, principal interlocutor dos diálogos, jamais aceitou exemplos
como resposta para a questão formulada. A pergunta “o que é coragem?” não podia ser respondida
com um exemplo de uma ação corajosa; da mesma forma, à pergunta “o que é belo?” não cabiam
exemplos.

Para responder a perguntada mencionada, Platão explica que o belo não poder ser percebido nas coisas
belas, mas na Ideia do belo. Logo, podemos dizer que o filósofo associava a reflexão sobre a “obra de
arte” à reflexão metafísica.

Aquilo que apenas impropriamente podemos chamar de reflexões estéticas de Platão não vieram
acompanhadas apenas de reflexões metafísicas, mas também de reflexões éticas. No diálogo Hípias
maior, Sócrates dirigiu perguntas ao seu interlocutor com o objetivo de encontrar uma definição do
belo. Essas perguntas, entretanto, surgiram em um momento do diálogo em que se discutiam a justiça e
as leis em Esparta, ou seja, um tema sobre a Ética e a Política.

O termo mimese ou imitação foi muito utilizado por Platão e Aristóteles em suas reflexões sobre a arte.
No entanto, esse conceito recebeu de cada um eles sentido diverso.

Platão condenou todos os artistas, pois dizia que suas obras os afastavam das coisas inteligíveis. De
acordo com a Metafísica platônica, o mundo inteligível reúne a essência única e imutável das coisas e é
alcançável apenas por via filosófica. Já o mundo sensível é inferior ao mundo inteligível, pois os objetos
percebidos pelos sentidos do corpo são apenas uma cópia, uma imitação das Ideias desses mesmos
objetos presentes no mundo inteligível. Como o pintor e o escultor representam em suas criações o
mundo sensível, imitando as formas e as cores dos objetos percebidos pelos sentidos, as artes visuais
seriam uma imitação do ligível. Logo, para Platão, as artes visuais eram um simulacro ou imitação da
imitação, ou seja, estavam muito afastadas do verdadeiro e do inteligível. Por isso, ele avaliou a mimese
como degradação.

Poética é a principal obra de Aristóteles sobre arte. Aristóteles não nutria as mesas restrições de Platão
em relação à imitação nem abordou as artes visuais (particularmente, a pintura), mas tratou do teatro.
Podemos acrescentar que essa obra não visa condenar um gênero artístico, como fez Platão, e sim
estabelecer regras para essa atividade produtiva.

Na Grécia antiga, as tragédias eram representações teatrais que narravam os feitos de grandes homens
em sua luta contra o destino. Apesar de se esforçarem durante toda a encenação para se libertar das
amarras, no desfecho da tragédia os heróis viam-se submetidos às determinações de sua sorte.

A expressão “gosto não se discute” é muito conhecida e refere-se às preferências de cada pessoa em
particular. Ao informar que o gosto não é, ou não pode ser discutido, a expressão indica que os critérios
que orientam ou definam a nossa preferência por um prato de comida, uma música, um filme ou uma
pintura, por exemplo, não podem ser conhecidos, pois o gosto seria algo que nos toca sem qualquer
motivo aparente. O gosto seria, portanto, algo totalmente subjetivo.

De acordo com Hume, os sentimentos não erram. Por outro lado, apesar de haver um consenso em
torno da qualidade estética da obra de arte, facilmente se percebe que os gostos podem variar. Mas,
então, se existe um consenso em torno da qualidade da obra de arte, o que já havia ficado provado com
os poemas de Homero, todas as pessoas não deveriam sempre apreciar as mesmas coisas, visto que os
sentimentos não erram?

Essa dificuldade levou Hume a modificar seu modo de investigar a crítica do gosto. Assim, o filósofo não
dirigiu mais sua atenção ao objeto artístico ou à obra de arte, mas ao sujeito que aprecia a arte e que
emite um juízo de valor sobre ela.

As reflexões estéticas de Kant foram publicadas em sua obra Crítica da faculdade do juízo (1790). A
expressão “crítica do Juízo” tem o mesmo sentido que a expressão “crítica do gosto”, utilizada por
filósofos franceses e ingleses como Hume. Apesar de o termo ter sido criado por Baumgarten para
batizar a disciplina mais de 50 anos antes da publicação da Crítica da faculdade do juízo, Kant utilizou
“estética” em um sentido diferente daquele atribuído por Baumgarten. O termo estética aparece na
obra Crítica da razão pura para definir o espaço e o tempo como condições da percepção sensível.

Sublime é um conceito com longa tradição na História da Filosofia e foi tratado amplamente por Kant na
“Crítica da Faculdade do juízo”. De acordo com ele, o sublime é a experiência de deslumbramento e
pequenez que vivenciamos diante das coisas que são gigantescas por seu tamanho ou por seu poder.
Essa experiência não é fruto de conhecimento nem somente da percepção. Quando passamos por essa
experiência, nós nos sentimos pequenos, porque ela nos dá a consciência do que somos diante do
ilimitado, principal característica do sublime.

O principal representante da Filosofia da arte como uma etapa em direção ao absoluto foi Hegel, que
ministrou aulas sobre Arte e Estética, entre os anos de 1818 e 1830, na Universidade de Berlim. As
anotações feitas por seus alunos foram reunidas na obra Curso de estética, publicada somente após a
morte do filósofo, Dela destacamos dois temas principais: a revalorização do sensível e o papel que a
arte ocupa no sistema filosófico de Hegel.

Em toda sua trajetória filosófica, Nietzsche abordou o tema da arte vinculado à vida. Essa associação
pode ser verificada em seu estilo de filosofar. Ele não filosofava por meio de uma argumentação
sistemática em sentido tradicional, mas por meio de aforismos que frequentemente desconcertavam
seus leitores e que realçavam sua preocupação com estilo literário da escrita. Muitos se referem a ele
como um poeta-filósofo.

O filósofo Martin Heidegger foi um crítico severo da Metafísica ocidental iniciada com Sócrates. A
trajetória filosófica ocidental teria sido marcada pelo esquecimento do ser e das questões ontológicas.
Heidegger buscou refazer a história da Metafísica e “fazer lembrar” o ser e as questões ontológicas em
seu trabalho “Ser e tempo”m projeto que não chegou a ser concluído.

A Filosofia analítica foi uma das correntes filosó0ficas comtemporâneas que mais se dedicou ao
problema da definição da arte. Os analíticos se recusavam a atribuir para a arte um conceito fechado,
De acordo com essa noção, para realmente ser uma obra de arte, a suposta obra deve corresponder a
um conceito preexistente de obra de arte. Assim, o conceito de arte existiria independentemente do
trabalho dos artistas.

Walter Benjamin foi um filósofo alemão da Escola de Frankfurt. Em seu ensaio “A obra de arte na época
da reprodutibilidade técnica”, investigou a situação da obra de arte no contexto do desenvolvimento
técnico da sociedade capitalista.

Os filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer também fizeram parte da Escola de Frankfurt.
Assim como Benjamin, os dois estavam interessados em diagnosticar a situação da arte no contexto da
sociedade capitalista. No entanto, a preocupação deles não era abordar o fenômeno da reprodução da
obra artística, mas sua transformação em mercadoria, destinada ao entretenimento, As relações
capitalistas haviam se tornado tão fortes que a obra de arte se transformou mais em um objeto de
consumo que de contemplação.

Adorno e Horkheimer criaram o conceito da indústria cultural para indicar a situação da arte
contemporânea. Para esses dois, os bens produzidos pela indústria cultural, como filmes, programas de
TV e rádio voltados para o grande público, perdem seu valor estético e sua importância como obra de
arte. Ao mesmo tempo, assim como qualquer mercadoria, os bens culturais são produzidos em enormes
quantidades e destinados ao consumo de grande massa.

Alunos: Ana Carolina Brunetto (01) e Lucas Pierre (17)

Turma: 302

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