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Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0010293-50.2014.5.15.0081


em 18/09/2014 14:13:51 e assinado por:
- ANDRÉ ISSA GÂNDARA VIEIRA

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usando o código: 14091814135104500000006968531

14091814135104500000006968531
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) da Vara do Trabalho de Matão-SP

Processo Nº: 0010293-50.2014.5.15.0081


Reclamante: EDIO MUNHOZ PRATES
Reclamada: CITROSUCO S/A AGROINDÚSTRIA

Rodolfo Cezar Cavallari Souza, Engenheiro de


Segurança, Assistente Técnico da Reclamada na presente ação trabalhista e tendo
acompanhado os trabalhos periciais, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência requerer a juntada de seu parecer técnico em anexo.

Termos em que,
Pede Deferimento.
Matão, 16 de Setembro de 2014.
1 – Considerações Preliminares

1.1 – Da Perícia

Objetivos: Por determinação do Senhor Meritíssimo Juiz da Vara do Trabalho de


Matão, o Senhor Perito do Juízo informou que a perícia técnica destinou-se unicamente a
identificar e enquadrar os riscos que ensejam adicionais de insalubridade e/ou
periculosidade.

Perito: Alexandre Pinotti Vellosa, Engenheiro de Segurança

Local: Instalações da Reclamada em Matão

Data: 12/09/2014

Horário: 14:45 hs

Metodologia: Entrevista conjunta com o Reclamante, na presença dos demais


indicados pela Reclamada durante a inspeção dos locais de trabalho. Análise dos autos e
documentos fornecidos pela reclamada.

1.1.2– Da Reclamada

Empresa: Citrosuco S/A Agroindústria.

Endereço: Rua João Pessoa, 305 Centro – Matão/SP.

Atividade Principal: Produção de suco natural e concentrado de laranja e ração


animal.

Assistente Técnico: Rodolfo Cezar Cavallari Souza, Engenheiro de Segurança do


Trabalho.

1.1.3 – Do Reclamante

Nome: Edio Munhoz Prates

Função: Ajudante de Produção

Laborou na empresa nos períodos abaixo citados:

• 03/08/2011 a 24/03/2012;
• 11/06/2012 a 11/01/2013.

2 – Local de Trabalho do Reclamante

2.1 – Do Setor

Setores: Produção (Envase e Desenvase)


Local: Galpão construído em estrutura metálica e alvenaria, piso em cimento, teto
em telha de fibrocimento, iluminação e ventilação natural e artificial e área industrial.

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3 – Atividades Desenvolvidas pelo Reclamante

3.1 – Das Atividades

Função: Ajudante Geral (Envase e Desenvase)


Descrição: Realizar o transporte de tambores do pátio externo até o pátio de
envase utilizando o teleférico adequado para o transporte (Separa os tambores que não
estão conforme para uso, no caso de pintura danificada ou amassado, descritivos na parte
externa ilegível). Responsável pela abertura e limpeza e inspeção dos tambores antes do
envase de COJ e sub-produtos.
Realizar a preparação (sacos) para Operador de envase/desenvase e fechamento
dos sacos com fitilho e dos tambores com a utilização da (prensa) dos tambores, faz a
identificação com etiquetas previamente impressas e coloca o lacre no final do processo.
Retira o tambor fechado da linha e posiciona sobre o pallet com auxílio da talha para
enviar à armazenagem.
Executar a limpeza, higienização e organização da área e dos equipamentos
conforme procedimentos.
Auxiliar na movimentação de Desenvase de Produtos e Sub Produtos, abertura de
tambor, posiciona tambores na esteira do virador com o auxilio de talha apropriada para
esta operação, direciona o tambor até o virador, faz as operações necessárias do
equipamento para remoção do suco do saco plástico, direciona o tambor para fora da sala
e faz a limpeza final do tambor, faz o fechamento dos mesmos destinando-os ao pátio
externo de armazenamento de embalagens vazias, assim como também faz a destinação
dos sacos plásticos para os recipientes adequados. Auxiliar o operador de Blender no
acompanhamento de carretas para desenvase de suco.
Apoiar o Operador de envase de óleo a fazer carregamentos granel de ISO-tank e
de entamboramento na sala de envase de óleo.
Solicitar manutenção das máquinas e equipamentos, ao Operador de Produção,
quando apresentar alguma anomalia.

4 - Equipamento de Proteção Individual (EPI’s)

Em cumprimento a Norma Regulamentador Nº 06 – Equipamento de Proteção


Individual, Portaria do MTE 3.214, e inspecionado através das fichas de EPI’s e relatado
pelo próprio reclamante, a empresa fornecia os seguintes EPI’s:

Capacete de Segurança;
Protetor Auricular (Tipo Plug de Silicone)
Calçado de Segurança;
Luva de Segurança (PVC e Látex);
Óculos de Segurança;
Bota em PVC;
Blusa e calça impermeáveis;
Conjunto Térmico para temperatura até – 35ºC;
Uniformes do setor.

Para o uso adequado dos EPI’s fornecidos, o Reclamante foi orientado através de
treinamentos específicos para cada tipo de equipamento quanto ao uso correto,
higienização, guarda e conservação. Existe em cada setor da empresa, como também uma
forma de orientação, sinalização quanto a obrigatoriedade do uso de EPI’s de acordo com
os riscos existentes.

Durante a perícia o Reclamante declarou que recebia da Reclamada os EPI’s


anteriormente citados e os utilizava durante suas atividades laborais. Razão pela qual

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nunca fora advertido pelo não uso de seus superiores imediato. Declarou que havia EPI`s
a disposição no almoxarifado, sempre a disposição para requisição e uso.
O Reclamante foi questionado e declarou que recebeu treinamentos quantos aos
riscos e Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual necessários para eliminação e
neutralização dos riscos.

5 – Aspectos Legais de Adicionais de Insalubridade

5.1 – Do Adicional de Insalubridade.

De acordo com o texto vigente e a legislação aplicável serão consideradas


atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos
de trabalho, exponham os empregados a agente nocivos à saúde, acima dos limites de
tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos.

A insalubridade é classificada, de acordo com o tipo de agente em: insalubridade


por agentes físicos (ruído, calor, condições hiperbáricas, vibrações, frio e umidade);
insalubridade por agentes químicos (poeiras, gases, vapores, névoas e fumos); e,
insalubridade por agentes biológicos.

As atividades e operações insalubres estão reguladas pela NR 15 – Atividades e


operações insalubres, a qual considera como atividades e operações insalubres as que se
desenvolvem: acima dos limites de tolerância previstos nos anexos 1, 2, 3, 5, 11 e 12; nas
atividades mencionadas nos anexos 6, 13 e 14; e, comprovadas através de laudo de
inspeção no local de trabalho, constantes dos anexos 7, 8, 9 e 10. Sendo passível do
enquadramento legal como insalubres, somente as atividades e agentes elencados na
legislação vigente.

Dos agentes insalubres regulamentados pela NR 15 – Atividade e Operações


Insalubres do MTE, o ruído foi avaliado quantitativamente através dos documentos
apresentados pela Reclamada e constante dos autos, e os agentes químicos de forma
qualitativa na ocasião pericial. Sendo quantitativas e qualitativas as formas de caracterizar
as atividade e operações insalubres.

Com relação ao ruído:


O Resultado da dosimetria demonstrado ao perito oficial na ocasião da perícia,
apresentou valores abaixo dos Limites de Tolerância. Esta dosimetria foi fornecida através
do Programa de Prevenção de Riscos de Acidente (PPRA) dos anos de 2010 e 2012, sendo:
Ajudante (Envase) 88,2dB (A) e 84,6dB(A) respectivamente.
A empresa fornece Protetores Auriculares adequados a função (Protetor
Auricular – CA 11512 com NRRsf = 16 db e Protetor Auricular – CA 13027 com NRRsf =
15 db), reduzindo a intensidade do agente a níveis abaixo do Limite de Tolerância que
é de 85 db para uma jornada de trabalho de 8 horas, nos termos regulamentados pelo
Anexo Nº01 da NR 15, caso por algum motivo este nível de ruído viesse a ultrapassar o
nível de Limite de Tolerância.

Com relação a produtos químicos (soluções sanitizantes):

De acordo com o relatado pelo próprio Reclamante, a exposição a agentes químicos ocorria
durante a manutenção de máquinas e equipamentos (filtros) que demandava em média de
10% da sua jornada de trabalho semanal.
Importante lembrar que o manuseio de produtos químicos, o Reclamante recebeu os
EPI’s apropriados para suas atividades laborais.

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5.2 – Da Neutralização da Insalubridade:

De acordo com o artigo 191 da CLT, a neutralização da insalubridade ocorrerá coma


utilização de EPI’s pelo trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo ao
limite de tolerância. Outro fator que neutralizará a insalubridade é a incorporação de
sistema automatizados e de circuitos fechados, fazendo que não aja nenhuma exposição do
trabalhador aos agentes químicos.

A NR 15 em seu item 15.4.1 estabelece a eliminação ou neutralização da


insalubridade por:
a) adoção de medidas de ordem geral que conserve o ambiente de trabalho
dentro dos limites de tolerância; e
b) com a utilização de EPI’s.

6 – Aspectos Legais de Adicionais de Periculosidade

6.1 – Do Adicional de Periculosidade

De acordo com a NR 16 do MTE, são considerados atividades e operações perigosas


as constantes do Anexo 1 (Explosivos), Anexo 2 (Inflamáveis) e Anexo* (Radiações
Ionizantes ou Substâncias Radioativas) com seus respectivos quadros, assegurando ao
trabalhador a percepção de adicional de 30 % incidente sobre o salário, sem os acréscimos
resultantes de gratificação, prêmios ou participação nos lucros da empresa.

O conceito de periculosidade vem enunciado pelo artigo 193 da CLT, in verbis:

“Serão consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente
com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado”.

Trazendo-nos o texto legal, dois pressupostos básicos para caracterização da


periculosidade: o contato permanente com o agente; e, a condição de risco acentuado;
além de um terceiro pressuposto pertinente ao ponto de fulgor/inflamabilidade da
substância, este definido pela NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis.
A definição de contato permanente foi elucidado na vigência da Portaria MTE nº
3.311/89, assim explicitando-o como sendo aquele que se estende por toda a jornada de
trabalho. Enquanto a condição de risco acentuado, não esclarecida pela legislação,
representa tecnicamente a possibilidade de um inflamável vaporizar-se pela atmosfera;
isto é, se estiver em recipiente aberto ou ser produzido em circuito aberto. Daí, a
conclusão lógica de que um vasilhame fechado ou lacrado e, por outra, um sistema
hermético não representam condições de risco acentuado, pois não produzem vapores
para o ambiente, inexistindo assim o risco de incêndios ou explosões.
Durante a perícia foi mencionado que durante o período que trabalhou no setor de
envase e desenvase, o reclamante mantinha contato com óleo essencial de forma
esporádica, quando realizava o auxilio do envase de óleo, descaracterizando dessa forma a
exposição permanente ao risco.

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De acordo com a CLT em seu Art. 193, são consideradas atividades ou operações
perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em
virtude de exposição permanente do trabalhador. (Redação dada pela Lei nº 12.740, de
2012).

Pelo Decreto nº 4.882, DE 18.11.2003, em seu art. 1º: “O regulamento da


Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048, de 06.05.1999, passa a vigorar com as
seguintes alterações:

“Art. 65. Considera-se trabalho permanente, para efeito desta subseção,


aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual
a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao
agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do
serviço.”

Perante os questionamentos e análise do Sr. Perito do Juízo verificou-se que o


Reclamante não tinha contato com produtos insalubres e nem perigosos, sendo
descaracterizada a atividade como insalubre e perigosa.

7 – Conclusão
Diante do anterior e integralmente relatado, considerando as informações prestadas
no ato da perícia, conclui-se que o Reclamante não desenvolveu atividade insalubre e nem
perigosas no decorrer do pacto laborativo.

8 – Encerramento
O presente parecer técnico, redigido e digitado pelo Assistente Técnico da
Reclamada, é composto por 06 (seis) laudas, todas rubricadas, sendo a última datada e
assinada.

Matão, 16 de Setembro de 2014.

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