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Aspectos do licenciamento ambiental das obras de pavimentação da BR-163

Diante do avanço da sociedade e do desenvolvimento, a evolução dos métodos de


comunicação, construção e comércio ocorrendo sem limites, de maneira fluida, mesmo sendo
benéfica a primeira vista, pode ocasionar problemas em um futuro próximo, sacrificando até
mesmo gerações de cidadãos que aparentemente seriam beneficiados. Logo, limites e
cuidados especiais devem ser estabelecidos, e para isso o Estado tende a regular e observar
estas evoluções com cuidado. Um regulador que merece grande destaque é o licenciamento
ambiental, pois este trata de uma autorização de um empreendedor realizar uma determinada
obra, desde que respeite uma série de regras pré-estabelecidas.

Logo, para realizar uma grande obra, a licença ambiental é essencial, levando um grande
impasse entre os interessados pela edificação da obra, membros da sociedade civil que se
preocupam com as consequências ambiental dela e o Estado, o grande árbitro desta briga e
regulador dos interesses.

Um caso interessante a ser destacado é o da BR-163. A BR-163 é uma rodovia que liga o Rio
Grande do Sul (Tenente Portela) ao Pará (Santarém), com 3579 Km de extensão. Tem como
objetivo principal facilitar o escoamento da produção dos estados Norte e do Centro-Oeste
junto ao Sul do país, em especial a produção de soja. Logo, a pavimentação de trechos da BR-
163 que ainda eram de terra batida foi motivo de grandes debates entre grupos interessados e
ong’s ambientais.

Os maiores interessados pela obra eram fazendeiros, moradores, prefeitos, caminhoneiros,


comerciantes, que acreditavam a que pavimentação da rodovia impulsionariam o
desenvolvimento da região, trazendo dinheiro, impostos e facilidades a todos os habitantes
das cidades que eram cortadas pela rodovia. Por outro, grupos ambientalistas se preocupavam
com os grandes impactos que a rodovia poderia gerar a região, tais como aquecimento da área
devido a massa asfáltica, o avanço da devastação ambiental levando o deterioramento da flora
e a fuga de animais silvestres da região e a invasão de áreas indígenas protegidas por lei.

No entanto, alguma coisa deveria ser feita neste caso, pois a obra era muito necessária na
região. Conforme reportagem do G1, em 2017 mais de 4 mil caminhões ficaram atolados na
rodovia devido às fortes chuvas no sudoeste do Pará e diversos alunos das cidades próximas
não conseguiram sequer ir a escola.

Assim, o licenciamento ambiental desta obra foi fundamental para que os interesses de ambos
os setores fossem observados, fazendo que o progresso da região respeitasse todos os marcos
ambientais necessárias para que as consequências dos impactos ambientais fossem
minimizadas por meio de planos de atuação. Mesmo tendo o seu licenciamento ambiental
iniciado em 2002, o seu processo se arrastou bastante sendo que apenas 4 anos depois o
governo federal lançou o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de
Influência da Rodovia BR-163. Segundo Pêgo et all, “o projeto foi proposto a fim de alicerçar o
tripé valorização da floresta em pé, cadeias produtivas sustentáveis e participação das
comunidades locais.” Além disso, o licenciamento ambiental foi muito similar ao apresentado
para outras rodovias nacionais, sendo diferente apenas no tratamento das questões referentes
às áreas indígenas.
Logo, o licenciamento ambiental, que muitas vezes é visto por uns um objeto de atraso e de
burocracia, foi o garantidor do progresso sustentável e que respeitasse o interesse de todos os
atores envolvidos. Por fim, a pavimentação total da rodovia foi inaugurada do dia 14 de
fevereiro de 2020, pelo presidente do Brasil e pelos governados do Estado de Mato Grosso e
do Pará.

Diante deste caso, mesmo sabendo da importância do licenciamento ambiental, entendo que
como gestora ele poderia ser mais flexível ou propositivo. Creio que soluções poderiam ser
apresentadas para que os desejos da maioria dos interessados fossem realizados, sempre
promovendo ações criativas para o combate dos efeitos nocivos a natureza e a grupos étnicos.
Assim, temos que sempre refletir a respeito das perdas que um debate muito demorado sem
apresentação de soluções para os problemas envolvidas pode gerar, como por exemplo no
caso da BR-163, que recebe o escoamento da produção de soja, tendo como agravante o fato
do Brasil ser o maior produtor de soja mundial.

Referências Bibliográficas
[1] PÊGO et all. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO CONDICIONANTE À EXECUÇÃO DE
OBRAS DE INFRAESTRUTURA. http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8554/1/O
%20Licenciamento.pdf

[2] KUBOTA, Alexandre Hiroyuki (2018). Avalição de impactos ambientais e licenciamento. 1ª


edição. Editora Alumnus.

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