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Esta obra não tem a pretensão de esgotar o assunto, e sim dar aos
estudantes de Filosofia uma oportunidade, se já não tiveram, de se
aprofundarem no assunto e terem uma base sólida; e para os que já foram mais
adiante uma oportunidade para relembrar e atualizar-se.
FILOSOFIA
INDICE
INTRODUÇÃO . . . . . . . 4
DA DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA . . . . 14
DO MÉTODO DA FILOSOFIA . . . . . 17
DA FUNÇÃO DA FILOSOFIA . . . . . 18
O QUE É FILOSOFIA . . . . . . 22
RAMOS DA FILOSOFIA . . . . . 29
PRINCIPAIS FILÓSOFOS . . . . . 33
O QUE É FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO? . . . 49
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . 52
Edição 2005.
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INTRODUÇÃO
Metafísica
O sentido da palavra Metafísica deve-se a Aristóteles e a
Andrônico de Rodes.
Aristóteles nunca utilizou esta palavra, mas escreveu sobre
temas relacionados à physis e sobre temas relacionados à ética e
política, entre outros semelhantes. Andrônico, ao organizar os
escritos de Aristóteles, organizou os escritos de forma que,
espacialmente, aqueles que tratavam de temas relacionados à
physis vinham antes dos outros. Assim, eles vinham depois da
física (Metha = depois, além; Physis = física).
5 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Assim, conscientemente ou não, Andrônico organizou os
escritos de forma análoga à classificação dos dois temas. Ética,
política, etc, são assuntos que não tratam de seres físicos, mas de
seres não-físicos existentes apesar da sua imaterialidade.
Pré-socráticos
Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, os
filósofos anteriores a Sócrates.
Essa divisão acontece devido ao objeto da filosofia destes
filósofos e da novidade introduzida por Sócrates. Temporalmente,
os Sofistas são anteriores a Sócrates, pois já haviam sofistas antes
de Sócrates, contemporâneos a ele e posteriores. Mas o
pensamento deles situa-se em uma categoria própria em certas
vezes, e relacionados a Sócrates noutras vezes. Isso porque o
pensamento de ambos (sofistas e Sócrates) chega a tocar-se muitas
vezes; suas diferenças consistem em questões de conduta (os
sofistas cobravam por seu ensinamento, por exemplo) e algumas
posições (os sofistas eram, no mais das vezes, relativistas, por
exemplo). Mas ambos representam uma certa ruptura com os pré-
socráticos, que são também chamados de filósofos da physis.
Tais filósofos, considerados pioneiros da filosofia ocidental,
buscavam um princípio, a arché, que deveria ser um princípio
presente em todos os momentos da existência de tudo. Essa arché
deveria estar no início, no desenvolvimento e no fim de tudo.
São chamados "da physis" porque suas investigações giravam
sempre em torno do mundo material, físico; embora não poucas
Parmênides e Heráclito
Foi neste grupo de filósofos que iniciou um dos maiores
debates da filosofia ocidental (e essa discussão prossegue ainda em
aberto, ainda que não nos mesmos termos e à luz de todo o
pensamento ocidental desde aquela época até hoje), entre
Parmênides de Eléia e Heráclito de Éfeso.
Resumidamente: para Parmênides e seus seguidores (escola
eleática, o movimento não existe. Sua afirmação "o que é, é, e não
pode não ser, e o que não é, não é, e não pode ser" traduz seu
pensamento de que qualquer movimento (e/ou mudança) não
existe, pelo simples fato de que, se há movimento, há mudança, e
se há mudança, algo que não era passou a ser (ou ao contrário:
algo que era passou a não ser), o que contradiz a "regra" de sua
afirmação (se o que é é e não pode não ser, é impossível que haja
movimento, pois o movimento implica em mudança, o que, pela
regra de Parmênides, não somente está errado como é impossível).
Já Heráclito pensava justamente o contrário: "Panta rhei" ("tudo
flui") é a sua afirmação. Heráclito identifica o ser, a arché, no
movimento. Para ele, a única coisa que pode ser classificada de
imutável é o próprio movimento, e todas as outras coisas que
existem estão em permanente movimento, em permanente
mudança, e é impossível que não seja assim. Heráclito
SOFISTAS
Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-
socrática por uma unidade originária (a physis) iniciada com Tales
de Mileto e finalizada em Demócrito de Abdera (que embora tenha
falecido pouco tempo depois de Sócrates, tem seu pensamento
inserido dentro da filosofia pré-socrática).
A principal doutrina sofística consiste, em uma visão relativa
de mundo (o que os contrapõe a Sócrates que, sem negar a
existência de coisas relativas buscava verdades universais e
necessárias). A principal doutrina sofística pode ser expressa pela
máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas".
Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano
quem tem de se moldar a padrões externos a si, que sejam
impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano, e
sim o próprio ser humano deve moldar-se segundo a sua liberdade.
Outro sofista famoso foi Górgias de Leontini, que afirmava
que o 'ser' não existia. Segundo Górgias, mesmo que se admitisse
que o 'ser' exista, é impossível captá-lo. Mesmo que isso fosse
possível, não seria possível enunciálo de modo verdadeiro e,
portanto, seria sempre impossível qualquer conhecimento sobre o
'ser'.
Estas visões contrastantes com a de Sócrates (que foi
adotada também por Platão e Aristóteles, bem como sua "luta"
anti-sofista) somada ao fato de serem estrangeiros - o que lhes
conferia um menor grau de credibilidade entre os atenienses -
Estoicismo
O estoicismo é uma doutrina filosófica que propõe viver de
acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença
(apathea) com respeito ao externo. O homem sábio obedece a lei
natural reconhecendo-se como uma peça no grande ordem e
propósito do universo.
Fundado por Zenão de Citio no século III a. C., o qual
ensinava em pátios de colunas construídos nos templos, mercados,
ginásios e outros edifícios da antiga Grécia. Ditos pátios recebiam
o nome de stoa, por isso a seus seguidores se chamassem estoicos.
A escola estoica floresceu na Grécia com Cleantes e Crisipo,
sendo levada a Roma no ano 155 a.C. por Diógenes de Babilonia.
Ali seus continuadores foram Marco Aurélio, Séneca, Epiteto e
Lucano.
Humanismo
Uma designação que assume segundo o biógrafo de Calvino,
Bernard Cottret, o seu actual significado apenas em 1877, o
humanismo significa segundo este autor o interesse dos sábios do
Renascimento pelos textos da antiguidade clássica (em Latim e
Grego) em detrimento da escolástica medieval. Autores clássicos
como Cícero ou Séneca voltam a ser lidos com um interesse
10 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
acrescido na Europa do século 16. Humanistas famosos são entre
outros Erasmo de Roterdão, François Rabelais e João Calvino. Os
académicos Andrea Alciati (italiano) e Gräzist Wolmar (alemão), a
cujas aulas Calvino assistiu em Bourges são também figuras
demonstrativas, se bem que num plano menor, do espírito
humanista em voga no século XVI.
Renascimento
Renascimento (ou Renascença) foi um movimento cultural
e simultaneamente um período da história Europeia, considerado
como marcando o final da Idade Média e o início da Idade
Moderna. O Renascimento é normalmente considerado como
tendo começado no século XIV em Itália e no século XVI no norte
da Europa. Também é conhecido como "Rinascimento" (em
italiano). O renascimento está associado ao humanismo, o
interesse crescente entre os académicos europeus pelos textos
clássicos, em Latim e em Grego, dos períodos anteriores ao triunfo
do Cristianismo na cultura europeia. No século XVI encontramos
paralelamente ao interesse pela civilização clássica um
menosprezo pela Idade Média, associada a expressões como
"barbarismo", "ignorância", "escuridão", "gótico" ou "sombrio"
(Bernard Cottret). O seguinte extracto de Pantagruel (1532), de
Rabelais costuma ser citado para ilustrar o espírito do
renascimento:
"Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as
línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento
do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito,
Origem do termo
A palavra francesa, também usada pelos ingleses,
"Renaissance", foi cunhada pelo historiador francês Jules
Michelet e posteriormente usada pelo historiador suíço Jacob
Burckhardt no século XIX.
Este termo foi usado em contraste com a "idade das trevas",
um termo cunhado por Petrarca, referindo-se à Idade Média.
Após a introdução por Petrarca, o termo foi considerado
apropriado porque, durante o renascimento, a literatura e a cultura
clássicas das antigas civilizações da Grécia e de Roma foram
adoptadas pelos académicos e artistas em Itália, e disseminados
extensamente através da imprensa. Durante o último quarto do
século XX, no entanto, um maior número de académicos
começaram a achar que o Renascimento poderá ter sido apenas um
entre outros movimentos.
Fases do Renascimento
Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases,
correspondentes aos séculos entre o XIV e o XVI.
12 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Trecento
O Trecento (em referência ao século XIV) manifesta-se
predominantemente na Itália, mais especificamente na cidade de
Florença, pólo político, econômico e cultural da região. Giotto e
Botticelli estão entre seus representantes.
Quattrocento
Durante o Quattrocento (século XV) o Renascimento
espalha-se pela península itálica, atingindo seu auge. Neste
período atuam Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael,
considerados o "trio sagrado" da Renascença.
Cinquecento
O Renascimento torna-se no século XVI um movimento
universal europeu, tendo, no entanto, iniciado sua decadência.
Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e a Contra
reforma instaura o Barroco como estilo oficial da Igreja Católica.
Comida
Servir refeições criativas e bonitas passou a ser uma
obrigação. Tanto que começaram a aparecer os livros de culinária.
A carne de caça era coberta com molhos finos e as sopas, que
podiam ser de cebola, de favas, peixe ou mostarda, viraram moda.
Em fins do século XVI, cozinheiros e massageiros italiano
espalharam-se pelo mundo, divulgando essa arte.
1. DA DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA
O QUE É FILOSOFIA, PROFESSOR? E PARA QUE SERVE?
Prof. Dr. Delamar José Volpato Dutra [UFSC/CNPq]
2. DO MÉTODO DA FILOSOFIA
A ciência moderna, caracterizada pelo método experimental,
foi tornando-se independente da Filosofia, dividindo-se em vários
ramos de conhecimento, tendo em comum o método experimental.
Esse fenômeno, típico da modernidade, restringiu os temas
tratados pela Filosofia. Restaram aqueles cujo tratamento não
poderia ser dado pela empiria, ao menos não com a pretensão de
esclarecimento que a Filosofia pretenderia.
A característica destes temas, determina um modo adequado
de tratá-los, já que eles não têm uma significação empírica. Em
razão disso, o tratamento empírico de tais questões não atinge o
conhecimento próprio da Filosofia, ficando, em assim procedendo,
adstrita ao domínio das ciências.
Ora, o tratamento dos assuntos filosóficos não se pode dar de
maneira empírica, porque, desta forma, confundir-se-ia com o
tratamento científico da questão. Por isso, no dizer de Kant "o
conhecimento filosófico é o conhecimento racional a partir de
conceitos". Ou seja, "as definições filosóficas são unicamente
exposições de conceitos dados [...] obtidas analiticamente através
de um trabalho de desmembramento". Portanto, a Filosofia é um
conhecimento racional mediante conceitos, ela constitui-se num
esclarecimento de conceitos, cuja significação não pode ser
ofertada de forma empírica, tais como o conceito de justiça,
beleza, bem, verdade, etc.
Apesar de não termos uma clara noção destes conceitos, nem
mesmo uma significação unívoca, eles são operantes na nossa
linguagem e determinam aspectos importantes da vida humana,
como as leis, os juízos de beleza, etc.
17 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
3. DA FUNÇÃO DA FILOSOFIA
Bibliografia
APEL, Karl-Otto. O desafio da crítica total da razão e o programa de
uma teoria filosófica dos tipos de racionalidade. Novos Estudos
CEBRAP. São Paulo: n. 23, mar. 1989. p. 67-84.
CHAUÍ, Marilena et al. Primeira Filosofia: lições introdutórias.
Sugestões para o ensino básico de Filosofia. 5. ed., São Paulo:
Brasiliense, 1986.
HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. (Trad. de
Guido A. de Almeida: Moralbewusstsein und kommunikatives Handeln).
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
HABERMAS, J. Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. Rio de
Janeiro, Tempo Brasileiro, 1990.
HABERMAS, J. Teoria de la acción comunicativa (I). Madrid, Taurus,
1987.
HEGEL, Georg W. F. Preleções sobre a história da filosofia. [Trad. E.
Stein]. In SOUZA, José Cavalcante de [org.] Os pré-socráticos. São
Paulo: Abril Cultural, 1973.
KANT, I. Crítica da razão pura. (Trad. de Valério Rohden: Kritik der
reinen Vernunft). São Paulo: Abril Cultural, 1980.
KANT, I. A paz perpétua e outros opúsculos. (Trad. A. Morão). Lisboa:
E. 70, 1988.
NIETZSCHE, Friedrich. Os filósofos trágicos. [Trad. R. R. Torres
Filho]. In SOUZA, José Cavalcante de [org.] Os pré-socráticos. São
Paulo: Abril Cultural, 1973.
RORTY, Richard. A filosofia e o espelho da natureza. [J. Pires:
Philosophy and the mirror of nature]. Lisboa: D. Quixote, 1988.
WATANABE, Lygia Araujo. Filosofia antiga. In CHAUÍ, Marilena et al.
Primeira Filosofia: lições introdutórias. Sugestões para o ensino básico
de Filosofia. 5. ed., São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 13-35.
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. 2. ed., São Paulo, Abril
Cultural, 1979.
4. O QUE É A FILOSOFIA?
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5. RAMOS DA FILOSOFIA
História da Filosofia
A história da filosofia é para muitos a coluna vertebral da
epopéia histórica ocidental. É fato que em dois mil e quinhentos
anos de existência muitos movimentos revolucionários ocidentais
ganham mais sentido e coerência quando analisados em paralelo
com a evolução do pensamento filosófico. O estudo da história da
filosofia é igualmente indispensável para a compreensão do
pensamento de alguns de seus principais personagens.
Filosofia Clássica
A filosofia clássica é geneticamente importante para o
próprio espírito do ocidente. Também está foi responsável pelos
mais antigos esforços em filosofia. Alguns dos autores mais
famosos se aproximam de uma década de existência e foram
modelo de inspiração para dezenas de outros posteriores.
Filosofia Medieval
Livros de filosofia medieval são raros, mas preciosos. Há um
verdadeiro universo de informação de filosofia disponível nestes
livros. Nenhum outro período de nossa história concedeu a
filosofia um papel de tanto destaque na sociedade. Contudo o
Filosofia Moderna
A filosofia moderna representa para muitos o começo de
uma autentica busca pelo saber. Crítica por natureza, esta nova
etapa da epopéia espiritual do ocidente é central para sua
compreensão. Os séculos XVII e XVIII apresentam os mais
importantes pensadores modernos. Na Internet existe muito
material sobre o tema e muitos outros autores contemporâneos que
tratam o tema.
Filosofia Contemporânea
Este período é talvez o mais complexo de ser entendido.
Nele, como em nenhum outro, encontramos mais concepções
diversas de filosofia que propriamente disputas temáticas. Neste
terreno pedregoso encontramos as mais diferentes correntes
espirituais e científicas em filosofia. Devemos igualmente á
filosofia contemporânea o nascimento de várias subdisciplinas
filosóficas, como as filosofias da linguagem e da religião. Você
pode buscar em alguns sites representativos e descobrir mais sobre
este período. Boa sorte.
Lógica
A lógica é considerada por muitos uma disciplina
propedêutica em filosofia. A lógica esta para a filosofia como a
anatomia para a medicina. Nenhum texto filosófico que despreze a
30 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
estrutura lógica inerente a argumentação é digno de crédito. Esta
ciência dos juízos é hoje, como no passado, companheira fiel de
toda boa filosofia. Confira.
Ética
Toda ética é filosófica. Para um grandes filósofos, como
Platão, a ética é o fim último de toda a filosofia - seu motor e sua
razão de ser. Integrados a ética todas os demais ramos da filosofia
fazem sentido. Há muitos livros de Ética e Filosofia que você
pode encontrar subsídios para seus estudos e pesquisa e, até
mesmo para enriquecer seu conhecimento. Discutida sob a ótica
filosófica ou pragmática, a ética é analisada sob os mais diversos
ângulos e posturas.
Estética
A natureza daquilo que chamamos gosto, aqui se discute. O
belo é subjetivo ou objetivo? Existe um critério de beleza
universal ou fatores de natureza cultural determinam sua
heterogeneidade? Até que ponto podemos compartilhar o prazer
estético? Estas e várias outras perguntas excitam a atenção de
especialistas.
Epistemologia
A epistemologia foi aqui tomada como sinônima de teoria
do conhecimento. Todos os livros revelam aspectos deste mesmo
Filosofia Política
Como uma extensão da ética, a filosofia política investiga o
sentido da vida social e das relações de poder. Aristocracia ou
democracia? Individualismo ou comunitarismo? Várias são as
perguntas que a política nos faz. Para responde-las devemos
descortinar uma coerente visão do mundo. Muitos artigos e teses
estão disponíveis em vários sites na internet.
Filosofia da Religião
A religião é reflexo de um estado evolutivo primitivo da
cultura ou é inerente ao homem enquanto criatura? A filosofia da
religião analisa as implicações éticas, políticas, gnosiológicas e
teológicas da existência de Deus. Há muitas questões a serem
respondidas e muitas outras a serem elaboradas no interior desta
nova disciplina filosófica. Confiram.
Filosofia da História
A história segue regras fixas ou nossos destinos estão
marcados pela fria mão do acaso? Os rumos da cultura ocidental
estão marcados por um movimento cíclico ou progressivo? Quais
são as forças determinantes do processo histórico? Determinismo
versos livre arbítrio - é possível compatibilizá-los? A filosofia da
história ocupa um lugar de destaque no pensamento moderno.
32 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Compreender suas problemáticas e encontrar suas respostas
é obrigação de uma filosofia contemporânea honesta.
6. FILÓSOFOS
A seguir vamos conhecer um pouco os principais filósofos de
todos os tempos, bem como suas idéias principais: o pensamento
filosófico, de cada um.
Aristóteles
Aristóteles superou seu mestre Platão em praticamente todos
os âmbitos da filosofia. Como todo bom filósofo é um parricida.
Seu pensamento se opõe ao do mestre em vários pontos, mas nem
por isso Aristóteles deixou de ser um dos mais fiéis representantes
do pensamento socrático.
Vida
Aristóteles (384 a.C. em Estagira, Calcídia - 322 a.C. em
Cálcis, Eubéia) foi um filósofo grego com um extenso trabalho em
ética, política, metafísica, física, matemática e lógica.
Aristóteles de Estagira (384 a.C. - 322 a.C.)
Aristóteles era um empirista, o que contrasta com a sua
associação ao alegado dogmatismo medieval.
Aristóteles era filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do
rei macedônio Amintas II, pai de Filipe e avô de Alexandre, o
Grande. Com cerca de dezesseis anos partiu para Atenas a fim de
fazer sua instrução e ingressou na Academia de Platão, onde
permaneceu até a morte do mestre, em 347 a.C.
O pensamento aristotélico
As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de
algo:
Essência e acidente
Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em
alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o
que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser
reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo - e um exemplo
a grosso modo: um livro sem nenhum tipo de letras não pode ser
considerado um livro, pois o fato de ter letras é o que permite-o ser
identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente
"papel em branco").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas
que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o
tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor
grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também,
pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma
cor, ainda assim tla característica não faz de uma flor o que ela é)
Potência e Ato
Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência
é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore
35 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como
uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas
as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma
árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou
uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato
Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada
em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre
igual a si mesmo, e não é um antecendente de coisa alguma. Desse
conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus.
Obra
A filosofia aristotélica é um sistema, ou seja, há relação e
conexão entre as várias áreas pensadas pelo filósofo. Seus escritos
versam sobre praticamente todos os ramos do conhecimento de sua
época(menos as matemáticas).
Embora sua produção tenha sido excepcional, apenas uma
parcela foi conservada. Seus escritos dividiam-se em duas
espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricas eram
destinadas ao público em geral e, por isso, eram obras de caráter
introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As
acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e
compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se
conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da
exotéricas, restaram apenas fragmentos.
O conjunto das obras de Aristóteles é conhecido entre os
especialistas como corpus aristotelicum.
O Organon, que é a reunião dos escritos lógicos, abre o corpus e é
assim composto:
Categorias: análise dos elementos do discurso;
Sobre a interpretação: análise do juízo e das proposições;
36 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Analíticos (Primeiros e Segundos): análise do raciocínio
formal através do silogismo e da demonstração científica;
Tópicos: análise da argumentação em geral;
Elencos sofísticos: tido como apêndice dos Tópicos, analisa
os argumentos capciosos.
Em seguida, aparecem os estudos sobre a Natureza e o mundo
físico. Temos:
Física;
Sobre o céu;
Sobre a geração e a corrupção;
Meteorológicos.
Segue-se a Parva naturalia, conjunto de investigações sobre
temas relacionados.
Da alma;
Da a sensação e o sensível;
Da a memória e reminiscência;
Da o sono e a vigília;
Da os sonhos;
Da adivinhação pelo sonho;
Da longevidade e brevidade da vida;
Da Juventude e Senilidade;
Da Respiração;
História dos Animais;
Das Partes dos Animais;
Do Movimento dos Animais;
Da Geração dos Animais;
Da Origem dos Animais.
Após os tratados que versam sobre o mundo físico, temos a
obra dedicada à filosofia primeira, isto é, a Metafísica. Não se
deve necessariamente entender que 'metafísica' signifique uma
investigação sobre um plano de realidade fora do mundo físico.
Esta é uma interpretação neoplatônica.
Linha do Tempo
387 a.C. - Platão funda a Academia.
384 a.C. - Nascimento de Aristóteles.
367/66 a.C. - Aristóteles chega a Atenas e ingressa na
Academia.
356 a.C. - Nascimento de Alexandre, o Grande.
347 a.C. - Morte de Platão. Aristóteles deixa a Academia e
Atenas.
343 a.C. - Aristóteles preceptor de Alexandre.
338 a.C. - Os macedônios derrotam os gregos na batalha de
Queronéia.
335 a.C. - Retorno de Aristóteles a Atenas e fundação do
Liceu.
323 a.C. - Morte de Alexandre na Babilônia.
Bertrand Russel
A união de genialidade matemática e filosófica jamais se
deu com igual graça, em uma só pessoa, como em Bertrand
Russell. Seus escritos apresentam um homem que tem a coragem
de fazer uso da própria razão. Fundador da filosofia analítica e da
filosofia da linguagem sua obra é ampla e extremamente positiva.
Seus escritos são ricos em pura filosofia e de fácil leitura.
Descartes
Considerado pai da filosofia moderna, Descartes é um
pensador dividido entre dois momentos intrinsecamente diferentes.
O estudo de Descartes e de suas inquietações filosóficas abre uma
passagem entre os mundos moderno e medieval. O famoso "penso,
logo existo", já um tanto em descrédito, é emblemático para
descrever este fundamental personagem da epopéia espiritual do
ocidente. Apesar da simplicidade de suas idéias para o nosso
tempo, elas ainda valem a pena, confira lendo e descobrindo seus
momentos.
John Locke
Kant
Kant produziu uma revolução copernicana na história da
filosofia. Sua importância é tal que não se pode mais honestamente
pensar a filosofia sem que sua obra seja considerada. Sua filosofia
crítica descortina uma nova visão de mundo dando verdadeiro
estatuto para a consciência humana. Sua obra é tão revolucionária
que uma série de novos termos e sentidos são apresentados a
cultura ocidental e constituem hoje parte de nosso vocabulário
corrente. Para uma boa aproximação da obra de Kant a humildade
é seu melhor amigo.
Friedrich Nietzche
Aquele que de forma mais incisiva alerta o ocidente para seu
sono dogmático. A inconsistência de nossa moral, de nossa
religião e até mesmo de nossa ciência é grotescamente exposta em
suas páginas. Os valores de uma sociedade aristocrática voltam a
ter um lugar na filosofia moral e política. A leitura de Nietzsche
sempre é um desafiador olhar para dentro do homem. Confira os
seus livros polêmicos.
Friedrich Nietzsche, nascido a 15 de Outubro de 1844 em
Röcken, nos arredores de Lützen, actual Alemanha e falecido a 25
40 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
de Agosto de 1900 em Weimar, foi um filósofo alemão do século
XIX; Filólogo e Teólogo por formação acadêmica; grande crítico
da cultura ocidental, das religiões e, consequentemente, da moral
judaico-cristã, associado geralmente ao nihilismo. Nietzsche deu
forma ao Nihilismo com os seguintes argumentos:
A moral não tem importância; os valores morais não têm
qualquer validade, só são úteis ou inúteis consoante a situação.
A verdade não tem importância; verdades indubitáveis,
objectivas e eternas não são reconheciveis. A verdade é
sempre subjectiva.
Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna.
O Homem depende apenas de si mesmo
O eterno retorno do mesmo: A história não é finalista, não há
progresso nem objectivo.
Na Alemanha Nazi, a figura de Nietzsche foi cultivada e
promovida. Em Mein Kampf, Hitler descreve-se como a
encarnação do sobre-homem. A propaganda nazi colocava os
soldados alemães na posição desse sobre-homem e segundo Peter
Scholl-Latour o livro "assim falou Zaratustra" era dado a ler aos
soldados na frente de batalha, para motivar o exército.
Idéias
Seu estilo é aforismático, escrito em trechos concisos, muitas
vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas.
Embora muitas de suas frases tenham se tornado famosas, sendo
repetidas nos mais diversos contextos, são, de fato, exemplo das
muitas distorções de que Nietzsche é vítima. Algumas delas:
1. "Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor
remédio? - Vitória!"
41 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
2. "Há homens que já nascem póstumos."
3. "O Evangelho morreu na cruz."
4. "A diferença fundamental entre as duas religiões da
decadência: o budismo não promete, mas assegura. O
cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
5. "Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na
vida mas no “além” - no nada -, tira-se à vida o seu centro
de gravidade."
6. "Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas.
Diante de tanta sujeira, tal atitude é nescessária."
7. "O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da
humanidade."
8. "A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
9. "As convicções são cárceres."
10. "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do
que as mentiras."
11. "Até os mais corajosos raramente têm a coragem para
aquilo que realmente sabem."
12. "Aquilo que não me destrói me fortalece" (que talvez tenha
originado a famosa "Aquilo que não mata engorda")
(e centenas de outras...) Mas Nietzsche não pode ser
compreendido por meia dúzia de frases descontextualizadas.
Compreendê-lo significa conhecer o que ele conheceu em 3000
anos de história e comportamento humano, através de seus estudos
teológicos, filológicos, filosóficos, históricos e de Ciências
Naturais. Compreendê-lo significa estar disposto a despojar-se de
dogmas, transvalorar todos os valores e caminhar pari-passu com
ele, Nietzsche, ou se preferirem, com Zaratustra.
Longe de ser um escritor de aforismas, era ele um grande
estilista da língua alemã, como o prova Assim Falou Zaratustra,
livro que ainda hoje é de dificílima compreensão estilística e
conceitual. Seus profundos conhecimentos da religião em seus
Platão
Os diálogos deste grande mestre apresentam sob vários
ângulos todos os principais problemas do pensamento ocidental.
Ética, estética, política, metafísica e até mesmo uma filosofia da
linguagem são vistos em sua intimidade através de ricos diálogos.
Pelos seus livros você vai conhecer melhor a divisão, feita pelos
acadêmicos destes diálogos e faça uma leitura guiada.
Sartre
A liberdade como autodeterminação existencial e o
engajamento político comunista de Sartre podem ser encontrados
nestes poucos livros no Brasil, porém há vários sites disponíveis na
Internet que podem lhe ajudar. Um pensador em plena sintonia
com uma das eras mais conturbadas da história ocidental.
Voltaire
Voltaire é muito conhecido por sua ousadia crítica e
literária. Mas nenhum pensador esteve em tamanha sintonia com
as graves mudanças que assolaram a Europa setecentista. Profunda
e permanente foi sua contribuição para a filosofia da história. A
obra de Voltaire é um universo de pequenas jóias a serem
descobertas. Os livros disponíveis fazem uma boa abordagem,
fazendo jus a seu gênio, e contém informações interessantes.
Montesquieu
Charles de Secondat, barão de Montesquieu (La Brède,
França, 18 de Janeiro de 1689 - 10 de Fevereiro de 1755) foi um
político e filósofo francês, famoso pela sua teoria da separação dos
poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas
constituições nacionais.
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8 - BIBLIOGRAFIA
1. FORD, Leroy, Ensino Dinâmico e Criativo, Juerp, RJ,1985.
2. ZÓBOLI, Graziela, Prática de Ensino e Subsídio para a
atividade docente. Ática. São Paulo, 19991.
3. MENDES, Eunice e Costacurta L. A. Junqueira. Falar em
Público: Prazer ou Ameaça? Qualitymark, Rio de janeiro,
1997.
4. LEIBE, Jorge, S. Pereira. Introdução à Filosofia da Educação
– IBVEC – RJ – Brasil – 2005.
5. LEIBE, Jorge, S. Pereira. Introdução à Filosofia da Religião –
IBVEC – RJ – Brasil – 2005.
6. Durkheim, E. - As regras do método sociológico. São Paulo,
Ed. Martin Claret, 2002.
7. Arron, R. - As etapas do pensamento sociológico. (págs: 297 a
369)
8. Joldman, L. - Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed.
Difel. 1967 (págs: 27 a 70)
9. Martins, J. de S. - Ideologia e sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a
45).
10. Nova Enciclopédia Barsa
11. Paulo Ghiraldelli Jr. do Centro de Estudos em Filosofia
Americana.
12. Léa Freitas Perez é professora do Departamento de Sociologia
e Antropologia da UFMG.
52 DR. JORGE LEIBE
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