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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

Esta obra não tem a pretensão de esgotar o assunto, e sim dar aos
estudantes de Filosofia uma oportunidade, se já não tiveram, de se
aprofundarem no assunto e terem uma base sólida; e para os que já foram mais
adiante uma oportunidade para relembrar e atualizar-se.

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autor.

FILOSOFIA
INDICE
INTRODUÇÃO . . . . . . . 4
DA DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA . . . . 14
DO MÉTODO DA FILOSOFIA . . . . . 17
DA FUNÇÃO DA FILOSOFIA . . . . . 18
O QUE É FILOSOFIA . . . . . . 22
RAMOS DA FILOSOFIA . . . . . 29
PRINCIPAIS FILÓSOFOS . . . . . 33
O QUE É FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO? . . . 49
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . 52

Edição 2005.

www.cursoteologico.com.br

3 DR. JORGE LEIBE


FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

INTRODUÇÃO

Filosofia é uma palavra derivada do grego que significa


amor pela sabedoria (filo / sofia), especificamente, o filo, amor
fraterno, podendo ser traduzido então como amigo da sabedoria
(ver amizade no conceito aristotélico). O filósofo é, então,
concebido como o amigo da sabedoria: aquele que busca o
conhecimento sem se deixar corromper por sistemas pré-
estabelecidos.

A palavra filosofia ganha, em dimensões específicas de tempo e


espaço, concepções novas e diferentes tornando difícil sua exata
localização.
Historicamente, a Filosofia inicia com Tales de Mileto,
embora este princípio histórico seja mais um ponto de referência
do que uma discussão já acabada. Aristóteles escreveu que a
Filosofia foi possível através do ócio, pois, tendo resolvidos seus
problemas com moradia, alimentação, vestuário, e sendo
dispensados da necessidade do trabalho braçal pesado, os gregos
puderam dedicar-se à investigação filosófica. Tales foi o primeiro
dos filósofos Pré-socráticos, ou filósofos da Physis, que buscavam
a arché, que era um princípio que, além de ser o princípio de todas
as coisas, deveria também compor (ou fazer parte de) todas as
coisas, e mesmo ser o fim último de todas as coisas.
Platão é quem inicia esta nova linguagem, a filosofia como a
conhecemos, a busca da essência, a ontologia, dos conceitos
universais em detrimento do conhecimento vulgar, sensorial.
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Anteriormente a ele, a filosofia era discursada por sábios, era o
amor pela sabedoria daqueles que haviam experimentado a própria
ignorância, conceito, ao que parece, atribuído por Pitágoras.
Por muito tempo a Filosofia concebia tudo o que era
conhecimento, basta ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange
desde a física até a ética. Ainda hoje é difícil definir o objeto exato
da filosofia.
Seus objetos próprios são:
 Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico
(physis), do conhecimento do ser (ontologia), do que
transcende o sensorial e também da teologia.
 Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a
própria ciência e de como seria possível a apreensão deste
conhecimento.
 Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que
nos mostraria como devemos viver e agir

Metafísica
O sentido da palavra Metafísica deve-se a Aristóteles e a
Andrônico de Rodes.
Aristóteles nunca utilizou esta palavra, mas escreveu sobre
temas relacionados à physis e sobre temas relacionados à ética e
política, entre outros semelhantes. Andrônico, ao organizar os
escritos de Aristóteles, organizou os escritos de forma que,
espacialmente, aqueles que tratavam de temas relacionados à
physis vinham antes dos outros. Assim, eles vinham depois da
física (Metha = depois, além; Physis = física).
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Assim, conscientemente ou não, Andrônico organizou os
escritos de forma análoga à classificação dos dois temas. Ética,
política, etc, são assuntos que não tratam de seres físicos, mas de
seres não-físicos existentes apesar da sua imaterialidade.

Pré-socráticos
Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, os
filósofos anteriores a Sócrates.
Essa divisão acontece devido ao objeto da filosofia destes
filósofos e da novidade introduzida por Sócrates. Temporalmente,
os Sofistas são anteriores a Sócrates, pois já haviam sofistas antes
de Sócrates, contemporâneos a ele e posteriores. Mas o
pensamento deles situa-se em uma categoria própria em certas
vezes, e relacionados a Sócrates noutras vezes. Isso porque o
pensamento de ambos (sofistas e Sócrates) chega a tocar-se muitas
vezes; suas diferenças consistem em questões de conduta (os
sofistas cobravam por seu ensinamento, por exemplo) e algumas
posições (os sofistas eram, no mais das vezes, relativistas, por
exemplo). Mas ambos representam uma certa ruptura com os pré-
socráticos, que são também chamados de filósofos da physis.
Tais filósofos, considerados pioneiros da filosofia ocidental,
buscavam um princípio, a arché, que deveria ser um princípio
presente em todos os momentos da existência de tudo. Essa arché
deveria estar no início, no desenvolvimento e no fim de tudo.
São chamados "da physis" porque suas investigações giravam
sempre em torno do mundo material, físico; embora não poucas

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vezes o arché fosse algo não-físico, como os números, para os
pitagóricos, ou o a-peiron (uma "coisa" incriada e sem um
começo), para Anaximandro.

Parmênides e Heráclito
Foi neste grupo de filósofos que iniciou um dos maiores
debates da filosofia ocidental (e essa discussão prossegue ainda em
aberto, ainda que não nos mesmos termos e à luz de todo o
pensamento ocidental desde aquela época até hoje), entre
Parmênides de Eléia e Heráclito de Éfeso.
Resumidamente: para Parmênides e seus seguidores (escola
eleática, o movimento não existe. Sua afirmação "o que é, é, e não
pode não ser, e o que não é, não é, e não pode ser" traduz seu
pensamento de que qualquer movimento (e/ou mudança) não
existe, pelo simples fato de que, se há movimento, há mudança, e
se há mudança, algo que não era passou a ser (ou ao contrário:
algo que era passou a não ser), o que contradiz a "regra" de sua
afirmação (se o que é é e não pode não ser, é impossível que haja
movimento, pois o movimento implica em mudança, o que, pela
regra de Parmênides, não somente está errado como é impossível).
Já Heráclito pensava justamente o contrário: "Panta rhei" ("tudo
flui") é a sua afirmação. Heráclito identifica o ser, a arché, no
movimento. Para ele, a única coisa que pode ser classificada de
imutável é o próprio movimento, e todas as outras coisas que
existem estão em permanente movimento, em permanente
mudança, e é impossível que não seja assim. Heráclito

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exemplifica, dizendo que "não entramos duas vezes no mesmo
rio", o que é verdade, pois as águas de um rio estão sempre
mudando, as próprias células de seres orgânicos estão sempre
renovando-se, e mesmo nos seres inorgânicos há mudanças
(oxidação, erosão, etc).
Sócrates não interessou-se por este debate, por estar mais
preocupado com o ser humano do que com o que é externo ao
mesmo ser humano (a physis). Mas Platão e Aristóteles, sem
descuidarem também deste enfoque dado por Sócrates ao ser
humano, procuraram resolver esse problema levantados por dois
dos filósofos da physis.
O continuador de Parmênides foi Zenão, autor dos famosos
argumentos contra o movimento. Um desses argumentos é o
seguinte: imagine uma tartaruga posta para correr ao lado de
Aquiles, o herói grego, considerado invencível na corrida. Como a
tartaruga é menor e mais frágil, Aquiles lhe dá 10 metros de
vantagem. Num primeiro instante, Aquiles percorre esses 10
metros - mas a tartaruga também percorre alguns centímetros.
Novamente Aquiles está atrás, e precisa cobrir a distânica. Porém
ao fazê-lo dará tempo para que a tartaruga avance mais. E sempre
haverá um espaço entre a tartaruga e Aquiles, acabando num
abusrdo que comprovaria a inexistência daquilo que chamamos
movimento. Por trás destes argumentos lúdicos, Zenão professava
a mesma crença do seu mestre: a mudança é uma ilusão.

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SOFISTAS
Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-
socrática por uma unidade originária (a physis) iniciada com Tales
de Mileto e finalizada em Demócrito de Abdera (que embora tenha
falecido pouco tempo depois de Sócrates, tem seu pensamento
inserido dentro da filosofia pré-socrática).
A principal doutrina sofística consiste, em uma visão relativa
de mundo (o que os contrapõe a Sócrates que, sem negar a
existência de coisas relativas buscava verdades universais e
necessárias). A principal doutrina sofística pode ser expressa pela
máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas".
Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano
quem tem de se moldar a padrões externos a si, que sejam
impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano, e
sim o próprio ser humano deve moldar-se segundo a sua liberdade.
Outro sofista famoso foi Górgias de Leontini, que afirmava
que o 'ser' não existia. Segundo Górgias, mesmo que se admitisse
que o 'ser' exista, é impossível captá-lo. Mesmo que isso fosse
possível, não seria possível enunciálo de modo verdadeiro e,
portanto, seria sempre impossível qualquer conhecimento sobre o
'ser'.
Estas visões contrastantes com a de Sócrates (que foi
adotada também por Platão e Aristóteles, bem como sua "luta"
anti-sofista) somada ao fato de serem estrangeiros - o que lhes
conferia um menor grau de credibilidade entre os atenienses -

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contribuiu para que seu pensamento fosse subvalorizado até
tempos recentes.

Estoicismo
O estoicismo é uma doutrina filosófica que propõe viver de
acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença
(apathea) com respeito ao externo. O homem sábio obedece a lei
natural reconhecendo-se como uma peça no grande ordem e
propósito do universo.
Fundado por Zenão de Citio no século III a. C., o qual
ensinava em pátios de colunas construídos nos templos, mercados,
ginásios e outros edifícios da antiga Grécia. Ditos pátios recebiam
o nome de stoa, por isso a seus seguidores se chamassem estoicos.
A escola estoica floresceu na Grécia com Cleantes e Crisipo,
sendo levada a Roma no ano 155 a.C. por Diógenes de Babilonia.
Ali seus continuadores foram Marco Aurélio, Séneca, Epiteto e
Lucano.

Humanismo
Uma designação que assume segundo o biógrafo de Calvino,
Bernard Cottret, o seu actual significado apenas em 1877, o
humanismo significa segundo este autor o interesse dos sábios do
Renascimento pelos textos da antiguidade clássica (em Latim e
Grego) em detrimento da escolástica medieval. Autores clássicos
como Cícero ou Séneca voltam a ser lidos com um interesse
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acrescido na Europa do século 16. Humanistas famosos são entre
outros Erasmo de Roterdão, François Rabelais e João Calvino. Os
académicos Andrea Alciati (italiano) e Gräzist Wolmar (alemão), a
cujas aulas Calvino assistiu em Bourges são também figuras
demonstrativas, se bem que num plano menor, do espírito
humanista em voga no século XVI.

Renascimento
Renascimento (ou Renascença) foi um movimento cultural
e simultaneamente um período da história Europeia, considerado
como marcando o final da Idade Média e o início da Idade
Moderna. O Renascimento é normalmente considerado como
tendo começado no século XIV em Itália e no século XVI no norte
da Europa. Também é conhecido como "Rinascimento" (em
italiano). O renascimento está associado ao humanismo, o
interesse crescente entre os académicos europeus pelos textos
clássicos, em Latim e em Grego, dos períodos anteriores ao triunfo
do Cristianismo na cultura europeia. No século XVI encontramos
paralelamente ao interesse pela civilização clássica um
menosprezo pela Idade Média, associada a expressões como
"barbarismo", "ignorância", "escuridão", "gótico" ou "sombrio"
(Bernard Cottret). O seguinte extracto de Pantagruel (1532), de
Rabelais costuma ser citado para ilustrar o espírito do
renascimento:
"Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as
línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento
do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito,

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Hebraico, Caldeu, Latim (...) O mundo inteiro está
cheio de académicos, pedagogos altamente
cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que
me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero
ou Papinianus, o estudo era tão confortável como o
que se vê à nossa volta. (...) Eu vejo que os ladrões
de rua, os carrascos, os empregados do estábulo
hoje em dia são mais eruditos do que os doutores e
pregadores do meu tempo".

Origem do termo
A palavra francesa, também usada pelos ingleses,
"Renaissance", foi cunhada pelo historiador francês Jules
Michelet e posteriormente usada pelo historiador suíço Jacob
Burckhardt no século XIX.
Este termo foi usado em contraste com a "idade das trevas",
um termo cunhado por Petrarca, referindo-se à Idade Média.
Após a introdução por Petrarca, o termo foi considerado
apropriado porque, durante o renascimento, a literatura e a cultura
clássicas das antigas civilizações da Grécia e de Roma foram
adoptadas pelos académicos e artistas em Itália, e disseminados
extensamente através da imprensa. Durante o último quarto do
século XX, no entanto, um maior número de académicos
começaram a achar que o Renascimento poderá ter sido apenas um
entre outros movimentos.

Fases do Renascimento
Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases,
correspondentes aos séculos entre o XIV e o XVI.
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Trecento
O Trecento (em referência ao século XIV) manifesta-se
predominantemente na Itália, mais especificamente na cidade de
Florença, pólo político, econômico e cultural da região. Giotto e
Botticelli estão entre seus representantes.

Quattrocento
Durante o Quattrocento (século XV) o Renascimento
espalha-se pela península itálica, atingindo seu auge. Neste
período atuam Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael,
considerados o "trio sagrado" da Renascença.

Cinquecento
O Renascimento torna-se no século XVI um movimento
universal europeu, tendo, no entanto, iniciado sua decadência.
Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e a Contra
reforma instaura o Barroco como estilo oficial da Igreja Católica.

Comida
Servir refeições criativas e bonitas passou a ser uma
obrigação. Tanto que começaram a aparecer os livros de culinária.
A carne de caça era coberta com molhos finos e as sopas, que
podiam ser de cebola, de favas, peixe ou mostarda, viraram moda.
Em fins do século XVI, cozinheiros e massageiros italiano
espalharam-se pelo mundo, divulgando essa arte.

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1. DA DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA
O QUE É FILOSOFIA, PROFESSOR? E PARA QUE SERVE?
Prof. Dr. Delamar José Volpato Dutra [UFSC/CNPq]

A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser


caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas
tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma
como trata tais temas. Com relação aos conteúdos,
contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem,
beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de
temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na
Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX
não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na
Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a
Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que
passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de
conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado
a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição
filosófica.
Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição
filosófica foi aquela enunciada por Tales, a saber, que a água é o
princípio de todas as coisas [Aristóteles. Metafísica, I, 3].
Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de
Tales. Muitos ensaiaram uma resposta a esta questão. Hegel, por
exemplo, afirma: "com ela a Filosofia começa, porque através
dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro,
o único que é em si e para si. Começa aqui um distanciar-se
daquilo que é a nossa percepção sensível". Segundo Hegel, o

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filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja, um único
como verdadeiro. Nietzsche, por sua vez, afirma:
"a filosofia grega parece começar com uma idéia
absurda, com a proposição: a água é a origem e a
matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário
deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três
razões: em primeiro lugar, porque essa proposição
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo
lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e,
enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora
apenas em estado de crisália [sic], está contido o
pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em
primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade
com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira
dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da
natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna
o primeiro filósofo grego".
O importante é a estrutura racional de tratamento das
questões. Nietzsche analisa esse texto, não sem crítica, e remarca a
violência tirânica como essa frase trata toda a empiria, mostrando
que com essa frase se pode aprender como procedeu toda a
filosofia, indo, sempre, para além da experiência.
A Filosofia representa, nessa perpectiva, a passagem do mito
para o logos. No pensamento mítico, a natureza é possuída por
forças anímicas. O homem, para dominar a natureza, apela a rituais
apaziguadores. O homem, portanto, é uma vítima do processo,
buscando dominar a natureza por um modo que não depende dele,
já que esta é concebida como portadora de vontade. Por isso, essa
passagem do mito à razão representa um passo emancipador, na
medida em que libera o homem desse mundo mágico.
"De um sistema de explicações de tipo genético
que faz homens e coisas nascerem
biologicamente de deuses e forças divinas, como
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ocorre no mito, passa-se a buscar explicações
nas próprias coisas, entre as quais passa a
existir um laço de causalidade e constâncias de
tipo geométrico [...] Na visão que os mitos
fornecem da realidade [...] fenômenos naturais,
astros, água, sol, terra, etc., são deuses cujos
desígnios escapam aos homens; são, portanto,
potências arbitrárias e até certo ponto
inelutáveis".
A idéia de uma arqué, que tem sentido amplo em grego, indo
desde princípio, origem, até destino, porta uma estrutura de
pensamento que a diferencia do modo de pensar anterior, mítico.
Com Nietzsche, pode-se concluir que o logos da metafísica
ocidental visa desde o princípio à dominação do mundo e de si. Se
atentarmos para a estrutura de pensamento presente no nascimento
da Filosofia, podemos dizer que seu logos engendrou, muitos anos
depois, o conhecimento científico.
Assim, a estrutura presente na idéia de átomo é mesma que
temos, na ciência atual, com idéia de partículas. Ou seja, a
consideração de que há um elemento mínimo na origem de tudo. A
tabela periódica também pode ser considerada uma sofisticação da
idéia filosófica da combinatória dos quatro elementos: ar, terra,
fogo, água, da qual tanto tratou a filosofia eleática.
Portanto, em seu início, a Filosofia pode ser considerada
como uma espécie de saber geral, omniabrangente. Um tal saber,
hoje, haja vista os desenvolvimentos da ciência, é impossível de
ser atingido pelo filósofo.
Temos, portanto, até aqui:
i] a Filosofia como conhecimento geral;
ii] a Filosofia como conhecimento específico.

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2. DO MÉTODO DA FILOSOFIA
A ciência moderna, caracterizada pelo método experimental,
foi tornando-se independente da Filosofia, dividindo-se em vários
ramos de conhecimento, tendo em comum o método experimental.
Esse fenômeno, típico da modernidade, restringiu os temas
tratados pela Filosofia. Restaram aqueles cujo tratamento não
poderia ser dado pela empiria, ao menos não com a pretensão de
esclarecimento que a Filosofia pretenderia.
A característica destes temas, determina um modo adequado
de tratá-los, já que eles não têm uma significação empírica. Em
razão disso, o tratamento empírico de tais questões não atinge o
conhecimento próprio da Filosofia, ficando, em assim procedendo,
adstrita ao domínio das ciências.
Ora, o tratamento dos assuntos filosóficos não se pode dar de
maneira empírica, porque, desta forma, confundir-se-ia com o
tratamento científico da questão. Por isso, no dizer de Kant "o
conhecimento filosófico é o conhecimento racional a partir de
conceitos". Ou seja, "as definições filosóficas são unicamente
exposições de conceitos dados [...] obtidas analiticamente através
de um trabalho de desmembramento". Portanto, a Filosofia é um
conhecimento racional mediante conceitos, ela constitui-se num
esclarecimento de conceitos, cuja significação não pode ser
ofertada de forma empírica, tais como o conceito de justiça,
beleza, bem, verdade, etc.
Apesar de não termos uma clara noção destes conceitos, nem
mesmo uma significação unívoca, eles são operantes na nossa
linguagem e determinam aspectos importantes da vida humana,
como as leis, os juízos de beleza, etc.
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3. DA FUNÇÃO DA FILOSOFIA

Em razão da impossibilidade de abarcar, hodiernamente,


todo o âmbito do conhecimento humano, parece mais plausível
pensar numa restrição temática à Filosofia, deixando-a tratar de
certos temas, como os mencionados acima. Nesse sentido, a
filosofia teria um âmbito de problemas específicos sobre os quais
trataria. No entanto, o tratamento desse âmbito específico continua
a manter ao menos uma função geral, a qual pode ser considerada
de forma extremada ou de forma mais modesta. Assim, a lógica, a
ética, a teoria do conhecimento, a estética, a epistemologia são
disciplinas filosóficas, tendo uma função geral para o
conhecimento em geral, seja para as ciências, a partir da lógica,
teoria do conhecimento, epistemologia, seja para os sistemas
morais, a partir da ética filosófica, seja para as artes, a partir dos
conhecimentos estéticos. Por exemplo, no que concerne à lógica,
ao menos como a concebeu Aristóteles, ela pode apresentar uma
refutação do ceticismo e, portanto, estabelecer a possibilidade da
verdade, determinando a obediência necessária ao princípio de não
contradição. De forma menos modesta, mas não sem o mesmo
efeito, podemos dizer que as outras disciplinas pretendem o
mesmo, determinando, portanto, a possibilidade de conhecimentos
morais, estéticos, etc. No caso da moral, ela pode mostrar que
questões controversas podem ser resolvidas racionalmente, bem
como apontar para critérios de resolução racional de problemas.
Essa tarefa pode ser considerada de uma forma mais ou
menos audaciosa. Habermas apresenta, nesse particular, três
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concepções. A de Kant, a de Rorty e a sua própria. Kant, dentro
do fundamentalismo da teoria do conhecimento, "ao pretender
aclarar de uma vez por todas os fundamentos da ciência e de uma
vez por todas definir os limites do experienciável, a Filosofia
indica às ciências o seu lugar". É a função de indicador de lugar.
Conjugado com isso, Kant pôde afirmar: "pode-se encarar a
Crítica da Razão Pura como o verdadeiro tribunal para todos os
conflitos da razão. Com efeito, não está envolvida nestas disputas
enquanto voltadas imediatamente para objetos, mas foi posta para
determinar e julgar os direitos da razão em geral segundo os
princípios de sua primeira instituição". Aqui, a Filosofia é
concebida como um tribunal, exercendo o papel de juiz, a partir de
seu lugar privilegiado, de onde detém os fundamentos e dita leis.
Rorty, por sua vez, desconfia desse conhecimento
privilegiado que a Filosofia possa ter. Por isso, "abandonar a noção
do filósofo que conhece alguma coisa acerca de conhecer o que
mais ninguém conhece tão bem seria abandonar a noção de que a
sua voz tem sempre um direito primordial à atenção dos outros
participantes na conversação. Isto implica no abandono de que o
filósofo possa decidir quaestiones juris. A tese de Rorty é,
portanto, relativista. De fato, já Wittgenstein afirmara: "a filosofia
não deve, de modo algum, tocar no uso efetivo da linguagem; em
último caso pode apenas descrevê-lo. Pois também não pode
fundamentá-lo. A filosofia deixa tudo como está".
Já, Habermas propõe a função de guardiã de racionalidade
no lugar da função de indicador de lugar. Ou seja, a Filosofia seria
uma espécie de defesa da racionalidade contra o relativismo
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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
extremado. Por outro lado, função de juiz seria substituída pela de
intérprete, na medida em que faria uma mediação entre os saberes
especializados e o mundo vivido.

Kant Rorty Habermas


Função indicador de lugar - guardiã de racionalidade
Função juiz - intérprete
Pode-se dizer que esse trabalho esclarecedor tem o papel de
tornar explícitos saberes operantes na linguagem e na nossa forma
de ver o mundo e, nesse sentido, tem um papel conscientizador e
por que não, potencialmente crítico, já que torna as pessoas mais
atentas a certas determinações conceituais.
Em suma, a filosofia tem como tarefa delimitar uma
concepção mínima de racionalidade. Porém, o conceito de razão
daqui resultante não é, como em Kant, "uma ilha fechada pela
natureza mesma dentro de limites imensuráveis". Segundo
Habermas, "a razão comunicativa não passa certamente de uma
casca oscilante – porém, ela não se afoga no mar das
contingências, mesmo que o estremecer em alto mar seja o único
modo de ela ‘dominar’ as contingências". Nesta perspectiva, a
filosofia conserva uma função crítica no sentido kantiano, isto é,
uma autoridade indiretamente legisladora, pois aponta os desvios
no cumprimento das condições de possibilidade da racionalidade.
A recusa de uma posição teórico filosófica como sendo sem valor
para a prática já foi diagnosticada por Kant como sendo a
pseudosabedoria do olhar de toupeira, incapaz de olhar com os
olhos de um ser feito para ficar de pé e contemplar o céu.

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Temos, portanto:
i] o conhecimento específico da filosofia com uma função geral
forte [Kant];
ii] o conhecimento específico da filosofia sem uma função geral
[Rorty];
iii] o conhecimento específico da filosofia com uma função geral
fraca [Habermas].

Bibliografia
APEL, Karl-Otto. O desafio da crítica total da razão e o programa de
uma teoria filosófica dos tipos de racionalidade. Novos Estudos
CEBRAP. São Paulo: n. 23, mar. 1989. p. 67-84.
CHAUÍ, Marilena et al. Primeira Filosofia: lições introdutórias.
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HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. (Trad. de
Guido A. de Almeida: Moralbewusstsein und kommunikatives Handeln).
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
HABERMAS, J. Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. Rio de
Janeiro, Tempo Brasileiro, 1990.
HABERMAS, J. Teoria de la acción comunicativa (I). Madrid, Taurus,
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HEGEL, Georg W. F. Preleções sobre a história da filosofia. [Trad. E.
Stein]. In SOUZA, José Cavalcante de [org.] Os pré-socráticos. São
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RORTY, Richard. A filosofia e o espelho da natureza. [J. Pires:
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WATANABE, Lygia Araujo. Filosofia antiga. In CHAUÍ, Marilena et al.
Primeira Filosofia: lições introdutórias. Sugestões para o ensino básico
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WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. 2. ed., São Paulo, Abril
Cultural, 1979.

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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

4. O QUE É A FILOSOFIA?

Uma abordagem histórica e temática da filosofia, que


quisesse responder de um modo simples e correto "o que é a
filosofia", teria de recorrer a cinco grandes concepções.

4.1 Admiração e Desbanalização

Platão e Aristóteles deram à filosofia uma de suas melhores


definições. Eles viram a filosofia como um discurso admirado e/ou
espantado com o mundo.
Nesta linha de raciocínio, dizemos que quando falamos sobre
o mundo e colocamos questões do tipo "o que é um raio?" e "como
acontece um raio?", estamos propensos a adentrar no campo da
ciência, enquanto que quando fazemos perguntas do tipo "o que é
o que é?" estamos assumindo o que pode ser o discurso filosófico.
As perguntas da filosofia mostram uma atitude de máxima
admiração, pois demonstram inquietude com aquilo que até então
era o mais banal. Se alguém pergunta "o que é que é?", este
alguém está criando a desbanalização de algo bastante corriqueiro,
que é a condição de ser, o que até então não havia preocupado
ninguém.
Estamos cotidianamente preocupados em saber coisas que
não sabíamos. Agora, perguntar pelo ser das coisas que queremos

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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
saber o que são, nos parece meio fora de propósito ? por que
teríamos de perguntar pelo que é tão banal? Ora, o que a filosofia
faz, na acepção tradicional que aparece em Platão e Aristóteles, é
justamente isto: ela põe certas perguntas que nos obrigam a olhar o
banal como não mais banal. A filosofia, então, é o vocabulário
com o qual desbanalizamos o banal. Tudo com o qual estamos
acostumados torna-se motivo para uma suspeita, tudo que é
corriqueiro fica sob o crivo de uma sentença indignada, e então
deixamos de nos ver acostumados com as coisas que até então
estão estávamos acostumados.

4.2 O Saber Ignorante

Se fosse perguntado a Sócrates "o que é a filosofia?", é


possível dizer que ele não responderia como Platão, ainda que não
o desmentisse. Sócrates esteve mais disposto a fazer filosofia do
que erigir uma discussão meta-filosófica.
Estava disposto a fazer da filosofia um trabalho com
conseqüências mais drásticas - para a vida prática - do que as
vistas por Platão. Ele não estava interessado na admiração ou no
espanto com o que é banal no mundo, mas motivado a ver a
desbanalização do que poderia ser tomado como banal para si
mesmo e para outros homens: a condição de cada um a respeito do
que sabe sobre o mundo e sobre si mesmo em relação à conduta na
vida prática, na vida moral. No jogo de perguntas e respostas para
cada transeunte de Atenas, Sócrates não tinha respostas para nada,
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ainda que tivesse um bom número de perguntas cujo objetivo era
levar seus interlocutores a perceber que o que sabiam do mundo e
de si mesmos (especialmente no campo das verdades morais) era
muito pouco, e que a condição de sábio, aquele que poderia se
auto-conhecer, talvez fosse justificável para os que sabiam que
nada sabiam.

4.3 A Critica da Razão e da Racionalidade

Entre a desbanalização do banal e o auto-conhecimento que


leva a se sentir ignorante, há ainda uma outra acepção de filosofia,
que apareceu na modernidade. Essa acepção ficou conhecida como
a filosofia enquanto um discurso da razão que faz a crítica da
razão.
Kant foi quem acreditou que o papel da filosofia era o de
crítica de tudo aquilo que ela, e não só as ciências, poderiam dizer.
Ele se propôs, então, a colocar a razão em um tribunal um tanto
esquisito, uma vez que a razão estaria nele como ré e juiz ao
mesmo tempo. Foi a época na qual a filosofia se transformou,
basicamente, em epistemologia, perguntando não mais coisas a
respeito do mundo (humano, social, físico), mas sim,
especificamente, sobre o conhecimento; ou mais exatamente: sobre
as condições do conhecimento e da normatividade, sobre os limites
da razão na sua tarefa de produção do saber e de delimitação das
normas de conduta.

24 DR. JORGE LEIBE


FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Kant perguntou sobre as condições do conhecimento e da
liberdade de agir e, assim, elaborou a crítica da razão, tanto da
razão teórica - a que conhece - quanto da razão prática - a que
julga e que é responsável pela conduta moral -, sendo que também
esboçou algo semelhante em relação ao aparato capaz de fazer
juízos estéticos. Mas Kant fez essa crítica, em grande medida, sem
levar suficientemente a sério a história.
Marx, por sua vez, tendo lido Hegel - o filósofo que
racionalizou a história e historicizou a razão - levou adiante a idéia
da filosofia de Kant como uma busca pela crítica da razão, mas
uma razão banhada na racionalidade dos homens no mundo
histórico. Daí que a crítica de Marx não era somente uma crítica da
razão, tomada em um sentido epistemológico restrito, mas a crítica
da racionalidade da vida humana enquanto vida social e
econômica. Não à toa, portanto, a obra máxima de Marx, O
Capital, vinha com o subtítulo de "crítica da Economia Política".
A racionalidade humana enquanto impregnada no âmbito sócio-
histórico havia sido descrita pelos teóricos da "Economia Política",
mas Marx achava que eles não haviam levado em conta um estudo
crítico, ou seja, um estudo capaz de revelar limites, condições e
pressupostos de suas próprias conclusões. O conhecimento da vida
econômica e social dos homens deveria passar por uma atividade
que, hoje, podermos chamar de epistemologia social crítica.

4.4 A Terapia da Linguagem

25 DR. JORGE LEIBE


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Os filósofos do Círculo de Viena fizeram uma revolução na
filosofia. Para eles as atividades de desbanalização, de adquirir o
saber ignorante e de crítica só tinha algum sentido se fosse levado
em conta que tudo isso estava impregnado da idéia de que a
filosofia, desde sempre, procurou por algo que, talvez, não fosse lá
muito correto de se procurar: um ponto arquimediano, ou seja,
uma âncora que ligasse pensamento ou linguagem ao mundo.
Em outras palavras, a filosofia teria sido, de alguma forma,
desde sempre, uma metafísica, e a metafísica seria apenas um
grosseiro erro provocado por uma linguagem excessivamente
rebuscada. A filosofia, ao ter se dedicado à busca de fundamentos
metafísicos que envolviam a criação de uma linguagem
descuidada, teria se enredado em um grande número de problemas,
todos eles, na verdade, pseudo-problemas, pois adviriam de
confusões criadas por um uso indevido das palavras, sentenças,
proposições etc.
Alguns desses filósofos, então, acreditaram que a filosofia
poderia ainda ser crítica, mas crítica da linguagem, de modo a
revelar o que é que haveria de puro e realmente sólido por baixo de
tantas frases meramente alusivas, metafóricas etc, na nossa
linguagem, tanto quando falamos no cotidiano quanto quando
falamos cientificamente. Outro grupo, nunca achou que a atividade
de análise da linguagem, que seria então a atividade par excellence
da filosofia, deveria cumprir uma função crítica, desveladora,
iluminista, mas que ela seria, sim, apenas uma terapia da
linguagem: ela teria menos a ver com "resolver problemas" e mais
a ver com "dissolver pseudo-problemas". De Nietzsche aos
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positivistas lógicos e filósofos analíticos do século XX, muitos
quiseram ver o fim da metafísica adotando uma postura que
incidiu em colocar a linguagem na sala de cirurgia.

4.5 A Redescrição de Nós Mesmos e a Liberdade

Quando perguntaram a Richard Rorty qual era o livro mais


importante do século XX, ele citou as obras de Freud que
mudaram a imagem que tínhamos de nós mesmos. Certamente, se
a conversa fosse sobre outros séculos, Rorty teria falado de
Darwin, de Jesus etc., ou seja, todos aqueles que contribuíram
para gerar discursos capazes de descrições inovadoras sobre nós
mesmos, os "bípedes sem penas".
A tarefa da filosofia, para o neopragmatismo de Rorty, é
basicamente a tarefa de poder nos dar imagens de nós mesmos
com as quais possamos estar mais seguros de que temos
potencialidades que até então contávamos para nós mesmos. Sendo
assim, a tarefa da filosofia seria a de colaborar com um discurso
que nos convencesse continuamente de que podemos ser mais
livres.
Rorty, como Hegel, gosta de ver a história como caminhando
em direção à liberdade, ainda que diferentemente de Hegel ele não
acredite que a história tenha um caminho. Mais liberdade, para
Rorty, é algo que só pode ser alcançado se sobrepusermos imagens
sobre nós mesmos que nos convença que podemos ser mais do que

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somos: mais plurais, leves, soltos, audaciosos, diferentes e livres,
enfim, capazes de usar dessa liberdade para a construção de
sociedades democráticas onde sejamos mais diferentes, mais
livres, mais plurais, mais leves, mais soltos e mais audaciosos.
Todavia, diferente de toda e qualquer outra filosofia ou doutrina,
esta não seria uma doutrina sobre o que é o mundo, capaz então de
nos dizer que nossa ação está fundamentada, mas sim uma teoria
sobre nós e o mundo que funcionaria ad hoc. Assim sendo, como
teoria ad hoc, ela não poderia ser desbancada com a acusação de
querer fundamentar qualquer saber, reivindicando para si a
pseudo-legitimidade de um saber de segunda ordem, eleito por si
mesmo - o eterno círculo denunciado pelos filósofos da Escola de
Frankfurt, que faz da filosofia não instância de saber mas, sim,
instância de poder. Como teoria ad hoc ela seria bem mais útil.
A filosofia deve ser uma dessas descrições? Sim e não. Ela
pode ser, dependendo de como conversamos e do que queremos
fazer, o conjunto dos objetivos postos por cada uma dessas
acepções. Isso nos levaria a cair em contradições e, enfim,
deixarmos de agir filosoficamente? Se não tomarmos cuidado, sim,
mas se formos inteligentes, não.
© Paulo Ghiraldelli Jr. do Centro de Estudos em Filosofia
Americana

www.cursoteologico.com.br

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5. RAMOS DA FILOSOFIA

História da Filosofia
A história da filosofia é para muitos a coluna vertebral da
epopéia histórica ocidental. É fato que em dois mil e quinhentos
anos de existência muitos movimentos revolucionários ocidentais
ganham mais sentido e coerência quando analisados em paralelo
com a evolução do pensamento filosófico. O estudo da história da
filosofia é igualmente indispensável para a compreensão do
pensamento de alguns de seus principais personagens.

Filosofia Clássica
A filosofia clássica é geneticamente importante para o
próprio espírito do ocidente. Também está foi responsável pelos
mais antigos esforços em filosofia. Alguns dos autores mais
famosos se aproximam de uma década de existência e foram
modelo de inspiração para dezenas de outros posteriores.

Filosofia Medieval
Livros de filosofia medieval são raros, mas preciosos. Há um
verdadeiro universo de informação de filosofia disponível nestes
livros. Nenhum outro período de nossa história concedeu a
filosofia um papel de tanto destaque na sociedade. Contudo o

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período é pouco conhecido, mesmo pelos estudantes de filosofia.
Uma boa pesquisa ajudará você a conhecer melhor este período.

Filosofia Moderna
A filosofia moderna representa para muitos o começo de
uma autentica busca pelo saber. Crítica por natureza, esta nova
etapa da epopéia espiritual do ocidente é central para sua
compreensão. Os séculos XVII e XVIII apresentam os mais
importantes pensadores modernos. Na Internet existe muito
material sobre o tema e muitos outros autores contemporâneos que
tratam o tema.

Filosofia Contemporânea
Este período é talvez o mais complexo de ser entendido.
Nele, como em nenhum outro, encontramos mais concepções
diversas de filosofia que propriamente disputas temáticas. Neste
terreno pedregoso encontramos as mais diferentes correntes
espirituais e científicas em filosofia. Devemos igualmente á
filosofia contemporânea o nascimento de várias subdisciplinas
filosóficas, como as filosofias da linguagem e da religião. Você
pode buscar em alguns sites representativos e descobrir mais sobre
este período. Boa sorte.

Lógica
A lógica é considerada por muitos uma disciplina
propedêutica em filosofia. A lógica esta para a filosofia como a
anatomia para a medicina. Nenhum texto filosófico que despreze a
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estrutura lógica inerente a argumentação é digno de crédito. Esta
ciência dos juízos é hoje, como no passado, companheira fiel de
toda boa filosofia. Confira.

Ética
Toda ética é filosófica. Para um grandes filósofos, como
Platão, a ética é o fim último de toda a filosofia - seu motor e sua
razão de ser. Integrados a ética todas os demais ramos da filosofia
fazem sentido. Há muitos livros de Ética e Filosofia que você
pode encontrar subsídios para seus estudos e pesquisa e, até
mesmo para enriquecer seu conhecimento. Discutida sob a ótica
filosófica ou pragmática, a ética é analisada sob os mais diversos
ângulos e posturas.

Estética
A natureza daquilo que chamamos gosto, aqui se discute. O
belo é subjetivo ou objetivo? Existe um critério de beleza
universal ou fatores de natureza cultural determinam sua
heterogeneidade? Até que ponto podemos compartilhar o prazer
estético? Estas e várias outras perguntas excitam a atenção de
especialistas.

Epistemologia
A epistemologia foi aqui tomada como sinônima de teoria
do conhecimento. Todos os livros revelam aspectos deste mesmo

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problema, emblemático do pensamento moderno - O que podemos
saber? Se aprofunde mais e descubra o mundo do conhecimento.

Filosofia Política
Como uma extensão da ética, a filosofia política investiga o
sentido da vida social e das relações de poder. Aristocracia ou
democracia? Individualismo ou comunitarismo? Várias são as
perguntas que a política nos faz. Para responde-las devemos
descortinar uma coerente visão do mundo. Muitos artigos e teses
estão disponíveis em vários sites na internet.

Filosofia da Religião
A religião é reflexo de um estado evolutivo primitivo da
cultura ou é inerente ao homem enquanto criatura? A filosofia da
religião analisa as implicações éticas, políticas, gnosiológicas e
teológicas da existência de Deus. Há muitas questões a serem
respondidas e muitas outras a serem elaboradas no interior desta
nova disciplina filosófica. Confiram.

Filosofia da História
A história segue regras fixas ou nossos destinos estão
marcados pela fria mão do acaso? Os rumos da cultura ocidental
estão marcados por um movimento cíclico ou progressivo? Quais
são as forças determinantes do processo histórico? Determinismo
versos livre arbítrio - é possível compatibilizá-los? A filosofia da
história ocupa um lugar de destaque no pensamento moderno.
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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Compreender suas problemáticas e encontrar suas respostas
é obrigação de uma filosofia contemporânea honesta.

6. FILÓSOFOS
A seguir vamos conhecer um pouco os principais filósofos de
todos os tempos, bem como suas idéias principais: o pensamento
filosófico, de cada um.

Aristóteles
Aristóteles superou seu mestre Platão em praticamente todos
os âmbitos da filosofia. Como todo bom filósofo é um parricida.
Seu pensamento se opõe ao do mestre em vários pontos, mas nem
por isso Aristóteles deixou de ser um dos mais fiéis representantes
do pensamento socrático.

Vida
Aristóteles (384 a.C. em Estagira, Calcídia - 322 a.C. em
Cálcis, Eubéia) foi um filósofo grego com um extenso trabalho em
ética, política, metafísica, física, matemática e lógica.
Aristóteles de Estagira (384 a.C. - 322 a.C.)
Aristóteles era um empirista, o que contrasta com a sua
associação ao alegado dogmatismo medieval.
Aristóteles era filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do
rei macedônio Amintas II, pai de Filipe e avô de Alexandre, o
Grande. Com cerca de dezesseis anos partiu para Atenas a fim de
fazer sua instrução e ingressou na Academia de Platão, onde
permaneceu até a morte do mestre, em 347 a.C.

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Com a morte de Platão e a escolha de seu sobrinho Espeusipo
para a chefia da Academia (fato que provavelmente desagradou
Aristóteles), o Estagirita partiu para Assos com alguns ex-alunos
de Platão. Lá fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda de
Hérmias, tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por
três anos e casou-se com Pítias, sobrinha de Hérmias. Sendo
Hérmias assassinado, Aristóteles partiu para Mitilene, na ilha de
Lesbos, onde realizou a maior parte de suas famosas investigações
biológicas. No ano de 343 a.C. tornou-se preceptor de Alexandre,
filho de Felipe II, função que exerceu até 335 a.C., quando
Alexandre subiu ao trono.
No mesmo ano, de volta a Atenas, Aristóteles fundou o Liceu,
também conhecido por escola peripatética, nome que provém do
seu hábito de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que
cercavam o Liceu de Atenas. Aristóteles dirigiu o Liceu até 323
a.C., pouco depois da morte de Alexandre III. Devido ao recente
descontentamento dos atenienses contra os macedônios, deixou a
escola aos cuidados de Teofrasto (371 a.C. - 287 a.C.) e retirou-se
para Cálcis, na Eubéia, onde morreu no ano seguinte.
Foi uma das mais brilhantes inteligências da humanidade de
todos os tempos. Prestou inigualáveis contribuições para a
anatomia, a filosofia comparada, a lógica, a história, e a filosofia
segundo os conceitos modernos.

O pensamento aristotélico
As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de
algo:

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 A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa,
como a argila, por exemplo);
 A causa formal (a coisa mesma, como um vaso de argila);
 A causa motora (aquilo que dá origem ao processo em que
a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila, por
exemplo);
 A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, como
enfeitar a sala e portar flores, por exemplo).

Essência e acidente
Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em
alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o
que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser
reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo - e um exemplo
a grosso modo: um livro sem nenhum tipo de letras não pode ser
considerado um livro, pois o fato de ter letras é o que permite-o ser
identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente
"papel em branco").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas
que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o
tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor
grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também,
pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma
cor, ainda assim tla característica não faz de uma flor o que ela é)

Potência e Ato
Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência
é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore
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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como
uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas
as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma
árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou
uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato
Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada
em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre
igual a si mesmo, e não é um antecendente de coisa alguma. Desse
conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus.

Obra
A filosofia aristotélica é um sistema, ou seja, há relação e
conexão entre as várias áreas pensadas pelo filósofo. Seus escritos
versam sobre praticamente todos os ramos do conhecimento de sua
época(menos as matemáticas).
Embora sua produção tenha sido excepcional, apenas uma
parcela foi conservada. Seus escritos dividiam-se em duas
espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricas eram
destinadas ao público em geral e, por isso, eram obras de caráter
introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As
acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e
compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se
conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da
exotéricas, restaram apenas fragmentos.
O conjunto das obras de Aristóteles é conhecido entre os
especialistas como corpus aristotelicum.
O Organon, que é a reunião dos escritos lógicos, abre o corpus e é
assim composto:
 Categorias: análise dos elementos do discurso;
 Sobre a interpretação: análise do juízo e das proposições;
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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
 Analíticos (Primeiros e Segundos): análise do raciocínio
formal através do silogismo e da demonstração científica;
 Tópicos: análise da argumentação em geral;
 Elencos sofísticos: tido como apêndice dos Tópicos, analisa
os argumentos capciosos.
 Em seguida, aparecem os estudos sobre a Natureza e o mundo
físico. Temos:
 Física;
 Sobre o céu;
 Sobre a geração e a corrupção;
 Meteorológicos.
 Segue-se a Parva naturalia, conjunto de investigações sobre
temas relacionados.
 Da alma;
 Da a sensação e o sensível;
 Da a memória e reminiscência;
 Da o sono e a vigília;
 Da os sonhos;
 Da adivinhação pelo sonho;
 Da longevidade e brevidade da vida;
 Da Juventude e Senilidade;
 Da Respiração;
 História dos Animais;
 Das Partes dos Animais;
 Do Movimento dos Animais;
 Da Geração dos Animais;
 Da Origem dos Animais.
Após os tratados que versam sobre o mundo físico, temos a
obra dedicada à filosofia primeira, isto é, a Metafísica. Não se
deve necessariamente entender que 'metafísica' signifique uma
investigação sobre um plano de realidade fora do mundo físico.
Esta é uma interpretação neoplatônica.

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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
À filosofia primeira, seguem-se as obras de filosofia prática,
que versam sobre Ética e Política. Estas reflexões têm lugar em
quatro textos:
 Ética a Nicômaco;
 Ética a Eudemo (atualmente considerada como uma
primeira versão da Ética a Nicômaco);
 Grande Moral ou Magna Moralia (resumo das concepções
éticas de Aristóteles);
 Política (a política, para Aristóteles, é o desdobramento
natural da ética)

 Existem, finalmente, mais duas obras:


 Retórica;
 Poética (desta obra conservam-se apenas os tratados sobre
a tragédia e a poesia épica).
 O corpus aristotelicum ainda inclui outros escritos sobre
temas semelhantes, mas hoje sabe-se que são textos apócrifos.

Linha do Tempo
 387 a.C. - Platão funda a Academia.
 384 a.C. - Nascimento de Aristóteles.
 367/66 a.C. - Aristóteles chega a Atenas e ingressa na
Academia.
 356 a.C. - Nascimento de Alexandre, o Grande.
 347 a.C. - Morte de Platão. Aristóteles deixa a Academia e
Atenas.
 343 a.C. - Aristóteles preceptor de Alexandre.
 338 a.C. - Os macedônios derrotam os gregos na batalha de
Queronéia.
 335 a.C. - Retorno de Aristóteles a Atenas e fundação do
Liceu.
 323 a.C. - Morte de Alexandre na Babilônia.

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FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
 322 a.C. - Morte de Aristóteles em Cálcis, Eubéia.

Bertrand Russel
A união de genialidade matemática e filosófica jamais se
deu com igual graça, em uma só pessoa, como em Bertrand
Russell. Seus escritos apresentam um homem que tem a coragem
de fazer uso da própria razão. Fundador da filosofia analítica e da
filosofia da linguagem sua obra é ampla e extremamente positiva.
Seus escritos são ricos em pura filosofia e de fácil leitura.

Descartes
Considerado pai da filosofia moderna, Descartes é um
pensador dividido entre dois momentos intrinsecamente diferentes.
O estudo de Descartes e de suas inquietações filosóficas abre uma
passagem entre os mundos moderno e medieval. O famoso "penso,
logo existo", já um tanto em descrédito, é emblemático para
descrever este fundamental personagem da epopéia espiritual do
ocidente. Apesar da simplicidade de suas idéias para o nosso
tempo, elas ainda valem a pena, confira lendo e descobrindo seus
momentos.

John Locke

39 DR. JORGE LEIBE


FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
O sensualismo de Locke provou ter profunda influência nos
destinos da filosofia ocidental. Seus escritos políticos são
igualmente indispensáveis na construção da moderna sociedade
liberal. Pouco conhecido no Brasil, este pensador é extremamente
atual. Confira suas obras e se surpreenda.

Kant
Kant produziu uma revolução copernicana na história da
filosofia. Sua importância é tal que não se pode mais honestamente
pensar a filosofia sem que sua obra seja considerada. Sua filosofia
crítica descortina uma nova visão de mundo dando verdadeiro
estatuto para a consciência humana. Sua obra é tão revolucionária
que uma série de novos termos e sentidos são apresentados a
cultura ocidental e constituem hoje parte de nosso vocabulário
corrente. Para uma boa aproximação da obra de Kant a humildade
é seu melhor amigo.

Friedrich Nietzche
Aquele que de forma mais incisiva alerta o ocidente para seu
sono dogmático. A inconsistência de nossa moral, de nossa
religião e até mesmo de nossa ciência é grotescamente exposta em
suas páginas. Os valores de uma sociedade aristocrática voltam a
ter um lugar na filosofia moral e política. A leitura de Nietzsche
sempre é um desafiador olhar para dentro do homem. Confira os
seus livros polêmicos.
Friedrich Nietzsche, nascido a 15 de Outubro de 1844 em
Röcken, nos arredores de Lützen, actual Alemanha e falecido a 25
40 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
de Agosto de 1900 em Weimar, foi um filósofo alemão do século
XIX; Filólogo e Teólogo por formação acadêmica; grande crítico
da cultura ocidental, das religiões e, consequentemente, da moral
judaico-cristã, associado geralmente ao nihilismo. Nietzsche deu
forma ao Nihilismo com os seguintes argumentos:
 A moral não tem importância; os valores morais não têm
qualquer validade, só são úteis ou inúteis consoante a situação.
 A verdade não tem importância; verdades indubitáveis,
objectivas e eternas não são reconheciveis. A verdade é
sempre subjectiva.
 Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna.
O Homem depende apenas de si mesmo
 O eterno retorno do mesmo: A história não é finalista, não há
progresso nem objectivo.
Na Alemanha Nazi, a figura de Nietzsche foi cultivada e
promovida. Em Mein Kampf, Hitler descreve-se como a
encarnação do sobre-homem. A propaganda nazi colocava os
soldados alemães na posição desse sobre-homem e segundo Peter
Scholl-Latour o livro "assim falou Zaratustra" era dado a ler aos
soldados na frente de batalha, para motivar o exército.
Idéias
Seu estilo é aforismático, escrito em trechos concisos, muitas
vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas.
Embora muitas de suas frases tenham se tornado famosas, sendo
repetidas nos mais diversos contextos, são, de fato, exemplo das
muitas distorções de que Nietzsche é vítima. Algumas delas:
1. "Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor
remédio? - Vitória!"
41 DR. JORGE LEIBE
FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
2. "Há homens que já nascem póstumos."
3. "O Evangelho morreu na cruz."
4. "A diferença fundamental entre as duas religiões da
decadência: o budismo não promete, mas assegura. O
cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
5. "Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na
vida mas no “além” - no nada -, tira-se à vida o seu centro
de gravidade."
6. "Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas.
Diante de tanta sujeira, tal atitude é nescessária."
7. "O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da
humanidade."
8. "A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
9. "As convicções são cárceres."
10. "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do
que as mentiras."
11. "Até os mais corajosos raramente têm a coragem para
aquilo que realmente sabem."
12. "Aquilo que não me destrói me fortalece" (que talvez tenha
originado a famosa "Aquilo que não mata engorda")
(e centenas de outras...) Mas Nietzsche não pode ser
compreendido por meia dúzia de frases descontextualizadas.
Compreendê-lo significa conhecer o que ele conheceu em 3000
anos de história e comportamento humano, através de seus estudos
teológicos, filológicos, filosóficos, históricos e de Ciências
Naturais. Compreendê-lo significa estar disposto a despojar-se de
dogmas, transvalorar todos os valores e caminhar pari-passu com
ele, Nietzsche, ou se preferirem, com Zaratustra.
Longe de ser um escritor de aforismas, era ele um grande
estilista da língua alemã, como o prova Assim Falou Zaratustra,
livro que ainda hoje é de dificílima compreensão estilística e
conceitual. Seus profundos conhecimentos da religião em seus

42 DR. JORGE LEIBE


FATUN CURSOS INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
diversos "sabores" levaram-no a teses, dificilmente refutáveis, mas
extremamente incomôdas aos conservadores de hoje e de antanho.
Alçado à condição de filósofo por sua imensa capacidade de
pensar o ser humano (se auto-definia como um "velho psicólogo",
quando ainda não se falava em psicologia), entrou no limbo da
filosofia. Excetuando-se quem realmente conhece Nietzsche, vida
e obra, os estudiosos de filosofia e os cursos atuais param
convenientemente em Kant com toda sua cantilena absolutista
religiosa e seu imperativo categórico - inumano- e depois saltam
para Bertrand Russel. Nietszche, declarou em sua auto-biografia,
"Ecce Homo", que nasceu póstumo. Tão póstumo que ainda hoje o
desconhecem e o temem.
Adorava a França e a Itália, porque eram terras de homens
com espíritos-livres. Admirava Voltaire, e considerava como
último grande alemão Goethe, humanista como Nietszche e J.M
Arouet. Naqueles países passou boa parte de sua vida e ali
produziu seus mais memoráveis livros. Detestava a arrogância e o
anti-semitismo prussianos, chegando a romper com a irmã e com
R. Wagner, por ver neles a personificação do que combatia - o
rigor germânico, o antisemitismo, o imperativo-categórico, o
espírito aprisionado, antípoda de seu espírito-livre. Anteviu o seu
país em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou 14 anos
após sua morte, com a primeira grande guerra e a gestação do
Nazismo.
Obra
Suas principais obras são:
1. Assim Falou Zaratustra

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2. O Crepúsculo dos Ídolos Como filosofar com o Martelo,
obra onde dilacera as crenças, os ídolos e analisa toda a
gênese da culpa no ser humano.
3. A Gaia Ciência (ou A Alegre Sabedoria)
4. Para Além do Bem e do Mal
5. O Anticristo Contra o Cristianismo ou o Anti-cristão
seriam traduções mais corretas para a sua obra conhecida
sob o título deturpado de O Anticristo. Nesta obra, ele
mesmo declara nada ter contra Cristo.
6. Genealogia da Moral
Escreveu ainda uma recolha de poemas, publicados
postumamente, com o nome de "Ditirambos de Diónisos.

Comentários de terceiros sobre Nietzsche


Raymond Aron

Em O ópio dos intelectuais, Raymond Aron escreve:


"Nietzsche e Bernanos, este último um crente, enquanto que o
primeiro proclamando a morte de Deus, são autenticamente não-
conformistas. Ambos, um em nome de um futuro pressentido, o
outro invocando uma imagem idealizada do Ancien Régime,
dizem não à democracia, ao socialismo, ao regime das massas.
Eles são hostis ou indiferentes à elevação do nível de vida, à
generalização da pequena burguesia, ao progresso da técnica. Eles
têm horror da vulgaridade, da baixeza, difundida pela práticas
eleitorais e parlamentares".

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Bertrand Russell

Bertrand Russell escreve em "A History of Western


Philosophy": "Apesar de Nietzsche criticar os românticos, a sua
atitude é fortemente determinada por eles; é o ponto de vista do
anarquismo aristocrático que Byron também representara, de modo
que não é surpreendente que Nietzsche seja um grande admirador
de Byron. Ele tenta unir duas categorias de valores que
dificilmente se

Platão
Os diálogos deste grande mestre apresentam sob vários
ângulos todos os principais problemas do pensamento ocidental.
Ética, estética, política, metafísica e até mesmo uma filosofia da
linguagem são vistos em sua intimidade através de ricos diálogos.
Pelos seus livros você vai conhecer melhor a divisão, feita pelos
acadêmicos destes diálogos e faça uma leitura guiada.

Sartre
A liberdade como autodeterminação existencial e o
engajamento político comunista de Sartre podem ser encontrados
nestes poucos livros no Brasil, porém há vários sites disponíveis na
Internet que podem lhe ajudar. Um pensador em plena sintonia
com uma das eras mais conturbadas da história ocidental.

São Tomás de Aquino

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Ninguém, como São Tomás, chegou tão perto de igualar
Aristóteles no volume e na densidade da produção filosófica. Em
um amalgama de teologia e filosofia o pensamento tomísta
mergulha fundo em questões da maior importância. Muitas destas
questões estão longe de ter encontrado solução e continuam a
inquietar dedicados especialistas. A importância do pensamento
tomísta aparece viva nos escritos referente a Tomás de Aquino,
confira você mesmo.

Voltaire
Voltaire é muito conhecido por sua ousadia crítica e
literária. Mas nenhum pensador esteve em tamanha sintonia com
as graves mudanças que assolaram a Europa setecentista. Profunda
e permanente foi sua contribuição para a filosofia da história. A
obra de Voltaire é um universo de pequenas jóias a serem
descobertas. Os livros disponíveis fazem uma boa abordagem,
fazendo jus a seu gênio, e contém informações interessantes.

Montesquieu
Charles de Secondat, barão de Montesquieu (La Brède,
França, 18 de Janeiro de 1689 - 10 de Fevereiro de 1755) foi um
político e filósofo francês, famoso pela sua teoria da separação dos
poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas
constituições nacionais.

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O espírito das leis


Seu trabalho mais famoso é um importante marco nas teorias
políticas tanto quanto sociológicas. Nele o autor procura
estabelecer a relação das leis com as sociedades, ou ainda, com o
espírito dessas.
O que Montequieu descreve como espírito geral de uma
sociedade aparece como resultante de causas físicas (o clima),
causas morais (costumes, religião...) e as máximas de um governo
(ARON, R.). Modernamente, seria o que chamamos de uma
identidade nacional que se constitue conforme os fatores citados
acima.
As máximas anteriormente descritas dizem respeito aos,
segundo o próprio autor, tipos e conceitos que dariam conta
daquilo que as causas não abrangem. Seriam o princípio e a
natureza de um governo.
 Natureza: aquilo que faz um governo ser o que é,
determinado pela quantidade daqueles que detêm a
soberania;
 Princípio: o que põe esse governo em movimento, o
princípio motor em linguagem filosófica, constituído pelas
paixões e necessidades dos homens.
Os tipos de governos e suas máximas:
 República - soberania nas mãos de muitos (de todos =
democracia - de alguns = aristocracia) - princípio é a
virtude;
 Monarquia - soberania nas mãos de um só segundo leis
positivas - princípio é a honra;
 Despotismo - soberania nas mãos de um só segundo o
arbítrio deste - princípio é o medo;
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Apesar de beber na fonte dos clássicos (notadamente
Aristóteles) seu esquema de governos é diverso do daqueles.
Montesquieu, ao considerar democracia e aristocracia um mesmo
tipo e falar do despotismo como um tipo em si e não a corrupção
de outro (da monarquia no caso), mostra-se mais preocupado com
a forma com que será exercido o poder: se segundo leis ou não.

Das Leis em suas relações com os diversos seres


A lei como natural dos seres, próprio deles. A lei deriva da
natureza das coisas e não do arbítrio de um, qual seja a crítica ao
sistema hobbesiano.

Das Leis da Natureza


1. a paz;
2. impulso pela procura de alimentos;
3. relação entre os sexos;
4. desejo de viver em sociedade;
5. No estado de natureza há paz, segundo Montesquieu, pois
neste estado os homens se temem e o medo os impede de se
atacarem ao que cada um se sente inferior com relação ao
outro. Será apenas com a constituição da sociedade que os
homens perderão esse medo e se enfrentarão.

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7. O QUE É FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO?

7.1 - O que é filosofia da educação?

O problema não é saber o que é e o que não é filosofia da


educação. Em grande parte, tais questões foram respondidas nos
livros O que é filosofia da educação e Estilos em filosofia da
educação, ambos da DPA, publicados em 2000 e 2001. O
problema é saber o que se faz em filosofia da educação.

7.2 - Métodos em Filosofia da Educação

No texto "O que é filosofia?", publicado na capa do Portal


Brasileiro da Filosofia, pude fazer uma exposição breve sobre o
que é que filósofos fizeram e fazem em filosofia. Se olharmos para
tal disposição daquela classificação de know how, penso que
poderemos tirar um quadro semelhante para a filosofia da
educação.

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Grosso modo, podemos dizer que fazemos filosofia da
educação a partir de quatro práticas metodológicas: "crítica",
"terapêutica", "utópica" e "redescritiva". Essas práticas não são
necessariamente excludentes. Alguns as tomam conjuntamente, e
isso não desmerece o trabalho que desenvolvem. Todavia, aqui
abaixo, falo rapidamente delas de modo didático, isto é, em
abstrato.
A prática "crítica" analisa textos (e ações) em educação e
pedagogia a partir da idéia de que os textos pedagógicos e
educacionais (por onde se fica sabendo das ações e intenções de
que toeriza e de quem faz educação) estão crivados
ideologicamente. A tarefa do filósofo da educação é a de mostrar
que eles apontam para direções erradas, fazendo então uma análise
de tais textos que deve levar em consideração, de modo mais claro,
interesses de classes e grupos que ficaram, muitas vezes
propositalmente, escondidos. O marxismo fez isso em parte, na
educação brasileira. Paulo Freire e a perspectiva culturalista que a
ele se associou mais tarde, após o desprestígio do marxismo,
continuou tal tarefa.
A prática "terapêutica" vê os textos em educação e
pedagogia a partir da idéia de que uma série de problemas que eles
levantam são pseudo-problemas, gerados pela linguagem dos
educadores que, não sendo ainda claramente científica, envereda
por um grande número de caminhos mais complexos do que os
necessários. Cabe ao filósofo da educação, portanto, uma assepsia
dos textos, não para resolver problemas, mas para dissolver
problemas neles apontados. Alguns filósofos da educação ingleses,

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nos anos 60 e 70, fizeram análises fecundas de palavras e
expressões usadas por educadores, mostrando o quanto elas tinham
de excessivamente retóricas, não necessariamente podendo apontar
para elementos delimitados, que soubéssemos de fato o que eram.
Creio que em parte Nicholas Burbules faz um pouco esse tipo de
atividade. No livro O que é filosofia da educação traduzi um texto
dele que lembra tal prática.
A prática "utópica" vê as ações e textos em educação e
pedagogia como excessivamente realistas, muitas vezes apegadas
ao que é prático, sem refletir possibilidades de mudanças. A
prática do filósofo da educação, neste caso, é a de criar um espelho
pedagógico negativo, que reflita tudo que não é feito na prática
educacional, não para mostrar o que deve ser feito, mas para
mostrar que o que é feito tem um contraponto, em um modelo
opositor. Esse modelo pode não ser realizável, pode ser utópico,
mas ao mostrá-lo o filósofo da educação condena o que é feito na
prática vigente. Rousseau, com o seu Emílio, é um bom exemplo
desse tipo de filósofo da educação.
A prática "redescritiva" é aquela que sempre está acreditando
que textos pedagógicos e educacionais poderiam ser comentados a
partir de outros textos, de modo a serem lidos de outro modo, e
que ações educacionais e pedagógicas poderiam ser recontadas, de
forma a serem vistas a partir de novas alternativas. Além disso, tal
prática implica também em redescrever pessoas, por exemplo, a
figura do professor e do aluno, que poderiam ser redesenhados a
partir de mais e mais novas silhuetas, de modo a vermos neles
mais potencialidades do que até então vimos. O filósofo da
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educação, neste caso, é mais um diretor de cinema, um desenhista
de histórias em quadrinhos, um poeta, um romancista do que
propriamente um homem que faz da pedagogia a busca da Verdade
da Educação Como Ela É. Richard Rorty faz muito isso em seus
artigos, atualmente. Seu texto "Educação como socialização e
individualização", traduzido em um livro meu, O que é preciso
saber em Filosofia da Educação, da DPA, é uma amostra disso

8 - BIBLIOGRAFIA
1. FORD, Leroy, Ensino Dinâmico e Criativo, Juerp, RJ,1985.
2. ZÓBOLI, Graziela, Prática de Ensino e Subsídio para a
atividade docente. Ática. São Paulo, 19991.
3. MENDES, Eunice e Costacurta L. A. Junqueira. Falar em
Público: Prazer ou Ameaça? Qualitymark, Rio de janeiro,
1997.
4. LEIBE, Jorge, S. Pereira. Introdução à Filosofia da Educação
– IBVEC – RJ – Brasil – 2005.
5. LEIBE, Jorge, S. Pereira. Introdução à Filosofia da Religião –
IBVEC – RJ – Brasil – 2005.
6. Durkheim, E. - As regras do método sociológico. São Paulo,
Ed. Martin Claret, 2002.
7. Arron, R. - As etapas do pensamento sociológico. (págs: 297 a
369)
8. Joldman, L. - Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed.
Difel. 1967 (págs: 27 a 70)
9. Martins, J. de S. - Ideologia e sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a
45).
10. Nova Enciclopédia Barsa
11. Paulo Ghiraldelli Jr. do Centro de Estudos em Filosofia
Americana.
12. Léa Freitas Perez é professora do Departamento de Sociologia
e Antropologia da UFMG.
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