TEMA: A HERANÇA DA ESCRAVIDÃO E A VIOLÊNCIA DOS DIAS DE
HOJE
Apesar da abolição da escravatura no Brasil ter ocorrido há mais de 130 anos,
pouco comparado a outros países, percebe-se que ela ainda deixou marcas que estão presentes na sociedade, como a violência e a injustiça. Além disso, a integração dos negros, ex-escravizados, também foi pautada na submissão e na exclusão, fazendo com que a escassez de oportunidades funcionasse como um “incentivo” à criminalização, cada vez mais presente nos dias de hoje. É fato que a “herança” violenta da escravidão deixou marcas na sociedade. Com efeito, o Brasil possui uma tendência de queda no Índice Global da Paz, motivada por mortes violentas, confrontos envolvendo o tráfico de drogas e alto índice de encarceramento. Segundo Darcy Ribeiro, os aspectos de crueldade vistos em nosso país são marcas de um passado de violência, ou seja, para ele, ninguém sairia ileso de situações tão degradantes como as vistas na escravidão. Portanto, como descendentes de escravos e de senhores de escravos, “seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós”. Outra conjuntura que merece atenção é o fato da população negra ser, em sua maioria, pobre e marginalizada. De acordo com Florestan Fernandes, isso ocorre pois a abolição teve um caráter cruel, ou seja, os negros, além de maltratados, não foram preparados para o novo sistema de trabalho, fazendo com que ficassem à margem da sociedade, em situações de miséria e sem qualquer tipo de amparo. Nesse sentido, muitos recorreram à criminalidade, tendo como consequência o aumento da violência. Logo, constata-se que o que aconteceu com os negros libertos reflete-se até hoje na nossa sociedade, posto que ainda sejam alvos de racismo, falta de oportunidades e violências policiais. Em suma, faz-se necessário que as escolas norteiem o trabalho docente com questões históricas bem construídas, a fim de que não se banalize a violência, pois o despertar da sensibilidade nos alunos inibe o sentimento da conformação e da ignorância. Ademais, no que diz respeito a uma nova perspectiva para jovens que sentem o impacto da violência e da criminalidade, causada pela falta de oportunidades, o Estado deve investir em projetos de qualificação técnica, como também na qualidade educacional e cultural, buscando diminuir a evasão escolar. Sendo assim, também deve estar atento às políticas de inclusão social e distribuição de rendas, como a ampliação das cotas e bolsas de estudos, como forma de reduzir as desigualdades sociais e a violência, que tanto oprimem os brasileiros, em sua maioria negros e pobres.