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Vinicius G. Lirio
1. Introdução
O Presente artigo busca a partir do recorte Histórico (1870 – 1879) evidenciar no
jornal Correio Paulistano as mudanças Urbanas provenientes dos desenvolvimentos
industriais e de obras públicas voltadas para esse setor, fazendo uma leitura de como o
jornal aborda o tema e possibilitando reflexões sobre os ideais daqueles que estão por
traz da edição do jornal da cidade. Como ferramenta de consulta irei utilizar do acervo
da Biblioteca Digital Nacional, esse acervo é extremamente rico e completo
possibilitando a consulta de todas as edições do jornal.
Pesquisar sobre esses períodos Históricos sobre uma cidade que hoje é um dos
maiores polos comerciais do país é algo extremamente importante, possibilitando a
compreensão das dinâmicas sociais nesse período e principalmente a influência da
Industrialização nos planejamentos Urbanos e no cotidiano das pessoas. O jornal
Correio Paulistano é considerado para a época um dos mais importantes e influentes
jornais da cidade, sendo passível de, além disseminar informações que lhes interessava,
ser um idealizador de ideias podendo interferir no pensamento crítico da população em
relação a alguma informação.
2. O Correio Paulistano
O jornal tinha um custo de 15$000 anual e 8$000 semestral, ele possuía uma
página dedicada a propaganda que tinha como principal setor o comercio, sendo que
para assinantes possui a possiblidade de fazer anúncios de forma gratuita, porém
limitado em dias e quantidade de linhas.
Ainda na mesma página do jornal destaco outro trecho que deve ser evidenciado:
“Além da exposição dos factos relativos a reunião dos acionistas da nova companhia,
traz ainda fiel indicação da vida ituana, hábitos da população, seus recursos etc., e
notável exposição, embora summaria, da importantíssima fabrica para fiar e tecer
algodão há pouco tempo montada naquela cidade com as mais aperfeiçoadas machinas
conhecidas na Europa e com o poderoso auxilio do vapor”. Esse trecho temos duas
principais características extremamente importantes, uma delas é a importação de
maquinas da Europa, demonstrando que esse continente exibe uma grande influência na
economia brasileira, a outra é a menção da máquina a vapor na indústria de algodão que
acaba de abrir, essa menção é extremamente relevante, pois de fato essas máquinas a
vapor representava um grande progresso tecnológico, além disso representa também um
grande investimento por parte de um empresário, isso significa que a região está se
desenvolvendo e proporcionando um clima seguro para investimentos em altas
tecnologias. Um outro fator interessante é em relação ao produto em que essa empresa
irá trabalhar, que é o algodão, isso reforça o fato de o surgimento de ferrovias estimular
a produção de outros produtos além do café que era muito cultivado ainda nesse
período.
Saindo um pouco das ferrovias, agora falarei um pouco sobre uma grande
evolução no que se diz respeito a iluminação. As ferrovias já podemos considerar um
dos grandes responsáveis pelas modificações Urbanas, pois agora os mais ricos deixam
de viver aos arredores em chácaras vivendo dentro dos centros Urbanos, e utilizando
esses pequenos sítios apenas para feriados, também foi responsável por facilitar a
comunicação e encontros entre pessoas de cidades diferentes. Mas nesse período ainda
se usava iluminação a velas e lâmpadas a querosene, e no ano de 1870 já se inicia
prelúdios da chegada da iluminação a gás, essa afirmação pode ser configurada no
seguinte recorte: “Esperanças de Iluminação” – dia 8 de junho de 1870, edição 04175,
“Parece que vae afinal desencantar-se a de tanto tempo projectada e encantada
iluminação á gaz da capital. Communicam-nos que hontem foi depositada no tesouro
provincial a quantia de duas mil libras (...) Como promessa de que em breve começarão
as obram”. Vemos então que a capital do Brasil já possuía essa iluminação e que São
Paulo espera ansiosamente para a tal chegada. No trecho “Iluminação a Gaz” – dia:
02/04/1872 – página: 2, edição 04687, “Anunciou-se que a iluminação geral dos bicos
de gaz ante-hontem era a inauguração do serviço. Parece que não. Foi experiencia ao
mesmo tempo festejo á volta do Imperador. Hontem houve repetição, mas ainda com
caracter festivo, assim como anuncia-se para hoje a iluminação do jardim, se não
chover, com musica etc. Como inauguração seria inaceitavel o serviço, pois havia
muitos bicos de gaz (principalmente fora das ruas principaes da cidade), dando menos
luz que uma vela de sebo. Além do mais, não nos consta que as obras estejam recebidas
pela comphania, correndo portanto estas experiencias por conta dos empreiteiros.
Experiencia ou inauguração, o que é certo é que ainda não é satisfatório o serviço. Pois
então o projeto de iluminação a Gás é finalizado no ano de 1872, mas antes de fazer
comentário sobre esse trecho, gostaria de citar mais um na Seção particular intitulada
“Iluminação a Gás” do ano de 1873 e edição 05008, irei expor apenas um pequeno
trecho, pois o texto é longo e denso, destaco assim “ Antes de haver gáz a iluminação a
querosene me custou 18$ a 20$, se houvesse continuado com o querosene durante esses
onze meses teria gasto com iluminação no meu estabelecimento 220$, gerando um
economia de mais de cem por cento sobre o misterioso gás de São Paulo” É interessante
de se perceber que a iluminação a gás era muito esperada, porém não agradou nem um
pouco a população paulista, desde sua inauguração começou a se questionar se valia a
pena essa iluminação, ao analisar diversas páginas de jornais havia uma quantia muito
grande de informações deslegitimando essa iluminação com o argumento que ela é
menos eficaz e mais cara, ademais haviam noticias onde pessoas responsáveis pela
empresa que distribuía o gás dizendo que essas informações de o gás seria mais caro era
uma falácia, mas estava muito claro de quem o custo da iluminação a gás era
extremamente mais cara em comparação a de querosene, gerando altos custos para
empresários, comerciantes e outros.
5. Conclusões
Referências bibliográficas
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 9.ed.
São Paulo: Editora UNESP, 2010. Capítulo 6 Urbanização no Brasil no século XIX.
LUZ, Nícia Vilela. A luta pela industrialização. Editora Alfa Omega, São Paulo,
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MARTINS, Ana Luiza. Imprensa em tempos de Império. In: MARTINS, Ana Luiza;
LUCA, Tania Regina de. História da imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções – Europa 1789 – 1848. 19° edição. São
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