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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


CURSO DE LICENCIATURA EM HITÓRIA

HANNAH SANTOS
SHAIANE OLIVEIRA
YASMIN ARAÚJO FERNNDES

O AMOR E A FAMÍLIA NA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA

CURITIBA
2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................2
2 AS RELAÇÕES FAMILIARES NOS PRIMEIROS ANOS DA ÉPOCA
CONTEMPORÂNEA.....................................................................................................2
3 RELAÇÕES AMOROSAS NO INÍCIO DA ÉPOCA CONTEMPORÂNEA......4
4 AMOR E FAMÍLIA NA ÁFRICA DE HOJE E SUAS MODIFICAÇÕES
HISTÓRICAS................................................................................................................6
5 CONCLUSÃO..................................................................................................8
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1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história houve inúmeras sociedades, cada qual com seus


costumes e tradições particulares. Ao para analisar e possível notar mais claramente
sua evolução e seus desdobramentos, que caracterizam cada grupo social de forma
única. Dentro dessas modificações ocorrem certos eventos que deixam maiores
transformações em menores períodos de tempos e na África não haveria de ser
diferente. Mas no presente trabalhado será analisado mais objetivamente as
relações de amor nos grupos sociais desse vasto continente.
Quando o assunto e sociedade não é possível desvinculara completamente
um aspecto social do outro, é pertinente a breve contextualização de como o país
estava durante tais transformações. Em meados ao início da contemporaneidade
africana, ela encontrava-se em uma posição de vantagem dentro do comércio do
Atlântico, possibilitando a ela que se desenvolvesse bastante economicamente e
politicamente em suas relações com algumas potências europeias.
Paralelo a esses acontecimentos alguns costumes mantinham-se presente,
visto que em parte tal costume beneficiava a economia do país, pois na África além
de existir a escravidão em larga escala como conhecemos havia também a de
linhagem onde o indivíduo escravizado era inserido na sociedade, participando
ativamente das relações amorosas assim como as pessoas consideradas livres.
Tornando tais relações mais complexas uma vez que se tem mais aspectos a se
considerar.

2 AS RELAÇÕES FAMILIARES NOS PRIMEIROS ANOS DA ÉPOCA


CONTEMPORÂNEA

Desde o início da história a humanidade busca, sem perceber, o outro,


desenvolvendo relacionamentos de vários tipos, amizade, família, amor, por fim se
tornando uma sociedade. É evidente que ao longo dos anos essas relações foram
criando novas características, a princípio ter um alguém ao lado era questão de
sobrevivência e com as diversas mudanças, se relacionar tornou-se uma
necessidade de convívio, uma vez que o ser humano é um ser sociável.
Portanto, com os estudos, percebeu-se que a primeira sociedade que um
indivíduo participa é a família, se torando assim a primeira sociedade conhecida
efetivamente pelo ser humano, mais precisamente a relação criança-mãe (PIRES,
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2000), é provável que através desse laço que a família foi se organizando e
conforme as relações ficaram mais fortes passaram a se expandir para os parentes
mais ou menos próximos, segundo Cândida da Silva Antunes Pires em seu artigo
Família, Parentesco, e Casamento; Assimetrias espaciais e temporais:
É certo que essa relação fundamental criança-mãe
assenta, à partida, numa base biológica – o que explica a
sua universalidade –, não menos certo é que ela foi
evoluindo, ela foi-se abrindo natural e progressivamente
para a sociedade, de tal forma que pode mesmo dizer-se
que a família (...) tem sido reiteradamente considerada
condição indispensável do funcionamento das outras
instituições. (p. 618, 2000).

Porém, em cada comunidade a família possui diferenças, cada membro da


família têm um papel distinto em cada lugar do planeta. Há comunidades em que o
sistema patriarcal predomina e há em outras que o pai não se faz presente. Nas
famílias tradicionais do Ocidente, em sua maioria, é comum ter como cultura o ato
de se casar com alguém através do amor, que perdure e projete para seus filhos
(PIRES, p. 619, 2000), mas há as famílias que foram construídas através de
obrigações, onde os pais de cada cônjuge decidem o seu par romântico.
A família africana “é definida como uma unidade grupal na qual se
desenvolvem três tipos de relações: aliança (casal), filiação (pais/filhos) e
consanguinidade (irmãos).”(NABOR, 2016), ou seja, essa definição não difere muito
das outras famílias ao redor do mundo, porém, as famílias desse continente possui
um caráter comunitário, em outras palavras, cada pessoa é importante pois cada um
exerce funções que cooperam com o coletivo, uma vez que ter um sistema baseado
no comunitarismo é cultural, pertencendo à religião, economia e sociedade, da
família e, às vezes, da tribo.
Segundo Nabor Jr. (2016), a organização familiar africana tem como principal
característica os diferentes modos de filiação, sendo eles: patrilinear (relacionado
com a família paterna), matrilinear (somente a ascendência da mãe é tida em
consideração para a transmissão do nome, benefícios e status para poder fazer
parte de um clã ou casse) e bilinear (sucessão da linhagem de pai e mãe), fazendo
com que cada indivíduo pertença a uma conexão genealógica, esses sistemas criam
as linhagens, ou seja, conjunto de homens e mulheres descentes (NABOR, 2016),
voltando para o segundo parágrafo desse texto, a família passa a ser expandir
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saindo do âmbito de apenas pais e filhos e indo para os tios, avós, primos e assim
por diante

3 RELAÇÕES AMOROSAS NO INÍCIO DA ÉPOCA CONTEMPORÂNEA

Amor, um termo no qual designa diferentes categorias, formas e sentimentos


entre indivíduos, como casais, família etc. Entretanto, apresentar suas abordagens
em um viés específico como as relações Africanas na contemporaneidade é preciso
elencar um contexto histórico, que agregam esses valores e pressupostos sobre o
amor e as relações.
Para isso, utilizaremos algumas concepções referente a discursividade
amorosa, denotando um olhar reflexivo e abrangente sobre esses elementos. De
acordo com as autoras Souza e Alves (2000), seguindo um diálogo de Platão; “o
amor, então, está relacionado a uma tendência natural que visa atingir uma
perfeição ética pela busca e encontro do Bem. Nesse sentido é possível
compreender o que este conceito significa dentro de um padrão filosófico e
determinante. Dentro dessas percepções se insere o olhar descolonizador, que se
fez muito presente na condição africana. No entanto para conceber cada vertente, é
necessário “desconstruir” alguns parâmetros postos na sociedade, como por
exemplo se desprender da ótica colonial e proporcionar outros sentidos diante das
convicções de racionalidade, desta forma, segundo o filósofo essas tramas
relacionadas as essas ideias de amor são voltadas e produzidas na Modernidade e
Colonialidade. Portanto é relevante realizar um pequeno diálogo sobre o surgimento
desse amor na modernidade, embasando o pensamento de Araújo (2002): “O amor
e o casamento, tal como o conhecemos hoje, surgiu com a ordem burguesa, mas só
ganhou feição a partir do século XVIII, quando a sexualidade passou a ocupar um
lugar importante dentro do casamento”. Neste epistemológico é plausível fazer
relação com o papel que a colonização buscava impor nas comunidades, visto que
esses sentimentos amorosos se engajavam de acordo com o pensamento colonial e
não do que os africanos realmente viveram.
Porém, essa visão pode levar a definições mais visíveis e realistas, pondo em
pauta o que as sociedades africanas representavam diante dessas questões. Nos
argumentos da autora Sobonfu Somé (2007), citada por Souza e Alves a
compreensão sobre os modelos de relação e a intimidade, aborda um sentido posto
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na comunidade, no qual enfatiza “O espírito da Intimidade, Ensinamentos Ancestrais


Africanos sobre a maneira de se relacionar”. Podendo apresentar outros modos de
experenciar o amor.
Na vida em comunidade, o indivíduo vive em um ritmo menos acelerado, de
forma em vivenciar o momento e a comungar com a terra e a natureza. Uma vez que
qualquer vida humana depende de outras vidas não humanas como o ar, água, fogo
e terra, resultando que os seres humanos recebem e continuam a receber a vida de
outros seres não humanos.
A intimidade, de um modo geral, é uma canção do espírito, que convida duas
pessoas a compartilharem seus espíritos. De acordo com os ensinamentos
africanos, existe uma espécie de dimensão espiritual, independentemente de sua
origem. Duas pessoas se unem porque o espírito as quer juntas. Assim, é
“importante ver o relacionamento como algo conduzido pelo espírito e não pelo
indivíduo”. Essa noção espiritual, mantem a conexão, tanto consigo, quanto com o
coletivo.
Já os ancestrais, como abordado anteriormente, também são chamados de
espíritos e eles têm a habilidade de ver não somente o mundo invisível do espírito,
mas também o mundo que vem dentro e fora de nós mesmos. Sua visão gera
dimensões. Em um relacionamento existe uma “tendência natural” com o objetivo
dos espíritos se unirem. No momento em que dois espíritos conseguem de fato
comungar profundamente, as pessoas passam a estabelecer entre elas um forte
laço sincero e amoroso.
Na comunidade se encontra uma forte crença, em um espírito poderoso
presente, que deve ser honrado, ao invés de desprezado, para que assim haja a
prosperidade nos relacionamentos. Esse ensinamento é transmitido para criança, a
colocando em ligação com o conhecimento da existência desse espírito. O
compromisso com as ancestralidades, significa que cada geração deve reconhecer
uma dívida, para com seus antepassados, e por isso, essa mesma responsabilidade
deve ser mantida como um legado. Dando continuidade à busca do fortalecimento a
vida considerada como a pedra angular da ética africana.
A comunidade é o lugar onde a população compartilha seus dons e ao
mesmo tempo, recebem as dadivas dos outros. Quando não se tem comunidade,
não há execução dessa cultura, não se compartilha experiências coletivas e nem
espirituais.
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A linha desses pensamentos, são muito imprescindíveis para nossa


sociedade, pois o olhar colonial, fez com que essas abordagens se tornassem
invisibilizadas, no entanto as culturas e perspectivas devem sempre ocupar seu
lugar, desde raízes até as gerações que deixaram seus grandes legados, no qual
são seguidos e desenvolvidos de acordo com o sentimento, crença e reflexão de
cada comunidade.

4 AMOR E FAMÍLIA NA ÁFRICA DE HOJE E SUAS MODIFICAÇÕES


HISTÓRICAS

Segundo Nabor Jr. (2016), a família é definida como uma unidade grupal na
qual se desenvolvem três tipos de relação: aliança (casal), filiação (pais/filhos) e
consanguinidade (irmãos). Sua unidade fundamental é a família extensa, que
funciona como elemento mítico, espiritual e solidário.
De acordo com essas concepções é relevante compreender que essas
definições foram se reinventado cada vez mais, ou melhor dizendo, as culturas
africanas voltadas nessas relações familiares passaram por ideias e argumentos que
infelizmente representavam um olhar invisibilizado. No entanto esses aspectos
começaram a ter um estudo mais aprofundado e significativo, tanto em pensamentos
historiográficos, quanto as perspectivas antropológicas e sociológicas. Nesse
sentido a África passou a estabelecer a visão de família como uma categoria social e
moral, ganhando novos contornos sob tal conceito.
Atualmente em nossa sociedade, estamos rodeados de diferentes culturas,
costumes, modos de vida, ou seja, a diversidade. Nela são postos variados
elementos que representam heranças e recordações de proporção que pode estar
dentro de nosso meio social e que servem como chave para o surgimento de novos
pensamentos e movimentos. Entretanto, no caso da África é possível analisar com
um olhar crítico e reflexivo o desenvolvimento e evolução da família.
Os pesquisadores de nossa contemporaneidade, questionam o modo de se
referir a família, pondo em vista que a imagem de família nos séculos anteriores não
segue os mesmos parâmetros identitários. Uma dessas definições caracterizam
essas conceções de um modo tradicional, isto é, aquela família composta por um
casal heterossexual, unido pelo casamento e criando seus filhos biológicos. Para
muitos jovens, por exemplo, parece que o casamento legal se tornou um meio de
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formalidade e não somente uma obrigação moral. Portanto, ao imaginar que a


família conjugal seria a única adequada a modernidade, muitos pesquisadores
interpretavam as mudanças, como o aumento do divórcio e a baixa natalidade como
um indício de crise ou até mesmo um declínio geral das relações familiares.
Segundo Martins e Fortes (2010), em suas experiências antropológicas de
campo, a família é uma presença da sociedade, onde há a transmissão de regras,
valores e normas de conduta às crianças e jovens, que são vistos como o método
“correto” da estruturação de família. Essa visão foi caracterizada nos pontos de vista
dos cabos-verdes, em que a família continua sendo como sempre foi, apesar de ela
ser marcada por constrangimentos, como a pobreza, o fracasso e o descrédito das
relações conjugais, violência baseada no gênero etc. Nessas premissas é
importante fazer relação com a vivência escravocrata que as comunidades negras
sofreram durante um grande período da história, no qual são gerados os
questionamentos voltados as organizações familiares entre senhores, empregados e
escravos. Além disso é pertinente fazer ligação com a chamada escravidão de
linhagem, no qual a mulher era usada como objeto, mas que após a morte de seu
“dono” ela poderia se tornar livre, igualmente com os filhos gerados dentro dessas
relações. Essa visão pode proporcionar um sentimento de revolta ou até mesmo de
um modo que favoreceu essas comunidades, porém em meio a essa discussão
também é visto um “estereotipo” familiar, mesmo que siga um modelo considerado
incoerente e desapropriado como é o caso desses padrões.
Não sendo diferente dos aspectos relativos ao modo familiar de violência e
constrangimento, como mencionado anteriormente, é importante relacionar
argumentos e debates que muitas vezes são deixados de lado, por conta do senso
comum e intolerância. Portanto a desconstrução crítica da ideia de crise na família
demostrara que as diferentes estratégias podem permitir a convivência de múltiplos
modelos de relações familiares, que não se esgotam apenas no modelo normativo
de família patriarcal.
No atual cenário que estamos inseridos, os termos “moderno” e “arcaico”
parecem perder o sentido, fazendo com que a hierarquização seja invisibilizada de
forma familiar. No entanto, isso não significa que não exista diferenças sobre essas
questões, mas sim a ausência de um modelo claro e hegemônico, no qual
acompanha o crescimento de dinâmicas familiares específicas a determinados
contextos.
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Desde a independência, o país tem mostrado melhorias, em um sentido


substancial em relação a todos os indicadores no qual estabeleceu o crescimento
econômico e o acesso à educação básica e secundária pública e mais tarde ao
ensino superior dentro das universidades públicas e privadas. No caso do território
em cabo verde, marcado pela longa carência de recursos naturais e pela pobreza
essas novas e rápidas mudanças não deixaram de ter um impacto importante, pois a
crescente acessibilidade e as oportunidades de educação e formação, juntamente
com a disponibilidade de bens e até mesmo serviços de consumo fez com que
ocorresse um novo modo de vida para a população.

5 CONCLUSÃO

Foi analisado vários aspectos das relações africanas, como se dão as


relações e algumas de suas crenças, que se fazem parte indistinguível de como
esses grupos sociais expressão o amor.
Tais elementos podem ser considerados a base dos relacionamentos
estabelecidos no continente. A intimidade: quando duas pessoas se conectam em
um só espírito; os ancestrais: entidades que veem através e além dos indivíduos
vivos e os guiam; a comunidade: onde todos os indivíduos estão conectados, pois,
para eles a vida em sociedade é essencial para toda e qualquer pessoas. Esses
aspectos juntos formam a base de como todo o resto se desenvolve em seu meio,
sempre compartilhando com todos a sua volta, não somente as pessoas, mas
também o ambiente, a natureza.
Essas características no entendo servem para nos mostrar como eram essas
sociedades nos dando uma base de como elas são hoje e como talvez possam vir a
ser visto que as relações humanas não estáticas elas estão em constantes
transformações à medida que as pessoas vão mudando.
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Referências
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descoloniais e antirracistas. 1° Edição. Porto Alegre: editora rendaunida, 2020.
Disponível em: <
http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/7338/1/DISCURSIVIDADES_AM
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https://www.scielo.br/j/pcp/a/c994NrJ8VpydGdwZ9h4z4gw/?lang=pt# > Acesso em:
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MARTINS, Felipe; FORTES, Celeste. Para além da crise. Relações familiares na


África Contemporânea: notas sobre Cabo Verde. 7° Congresso Ibérico de estudos
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PIRES, Cândida da Silva Antunes. Família, Parentesco, e Casamento; Assimetrias


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