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APOSTILA INTRODUÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ

INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO CRISTÃ REFLEXÕES, DESAFIOS E PRESSUPOSTOS 1


"O Que Ensina " (Rm 12.7) - Uma Palavra aos Professores: ·o coração do educador cristão deve ser
motivado pelo amor. Ainda que ninguém tenha uma motivação absolutamente pura, mesmo assim o
crescente desejo de nosso coração deve ser o de ver- pessoas crescendo na fé. Nosso ministério
educacional n§o deve ser egoísta, mas um serviço aos outros. O ensino deveria ser apresentado como um
dom de amor aos outros. Somente essa motivação é digna do adjetivo cristã" ( Perry G. Downs)2.
Introdução - Vivemos num mundo marcado por crises em diferentes áreas: costuma-se falarna crise do
desemprego - que tem sido um "fantasma• com um corpo bem definido já no iníci9 de nosso século - ,
política, financeira, habitacional ("sem-terra", "semteto"), de autoridade, de segurança pública, etc.
Compactuando com tais crises, encontramos o problema educacional.
A crise educacional não é, como alguns podem pensar, um fenômeno tipicamente brasileiro ou
simplesmente secular. A maioria dos países, desenvolvidos ou não, enfrenta em maior ou menor escala
esta problemática: O analfabetismo, falta de salas de aula, de pessoal competente, de recursos
(problema mais comum entre os países subdesenvolvidos,)de qualidade no ensino, de interesse por parte
dos alunos, etc. A Igreja também não está imune a isto.
Particularmente, creio que a análise do problema educacional tem pecado em sua abordagem,
sendo frequentemente unilateral, tentando resolver os problemas apenas pelo lado do professor - que
comprovadamente não tem grandes estímulos além de sua "vocação" - , proporcionando-lh,ese tanto,
cursos de "especialização", onde predominam "trabalhos em grupo" que, quando muito, geram em boa
parte da turma, algumas frases de efeito que passam a ser "slogans" dos "especializados". Ainda no
esforço de
resolver o problema do professo,r são-lhe dadas novas técnicas, objetivos, materia,l livros e apostilas
(Sempre com um discurso de como funcionou na experiência de quem ensina). Tudo isto vem
acompanhado de uma palavra de como deve ou não proceder o professor (e tome exemplos que
demonstram a veracidade do sistema). Nestes discursos, há uma palavra mágica, a qual abre todas as
possibilidades, dando uma autoridade acadêmica indizível: MODERNO. Quando falamos de "método
moderno" , é o momeato de prender a respiração porque agora, significa que, possivelmente mais uma
"revolução copernicana" vai ser realizada e, os "velhos manuais" que nem sequer chegaram a "idade do
por que", serão qualificados de "antiquados", "ideológicos", "alienantes" e "favorecedordo sistema". O
destino de tais "manuais"será as luzes; não do sucesso, mas da fogueira.
O método que então surge, vem sob o manto sagrado de "maduro", elaborado e testado no "primeiro
mundo" ou "adaptado à realidade brasileira", recebendo a adjetivação de "moderno" ou "novíssimo"
e, poderá ser apelidado de "novo", "adequado" ou mesmo "contextualizado". Este ritual do ocaso que não
é por acaso, contribui para que muitas vezes os professores se sintam massacrados pelas novas
fórmulas que prescrevem como ele deve agir sem que, na realidade, consiga com exagerada frequência,
dissolver a terrível barreira, amiúde sólida do desinteresse do aluno. Aqui não estamos propondo
nenhum "conservadorismo"inconsequente ; antes estamos sugerindo que, no sistema educacional -
como em quase tudo - , a questão da morte de uma forma ou idéia e o surgimento de outra, não deve
obedecer ao critério puramente temporal: o "velho" não é necessariamente "ultrapassado", nem o
"novo" é obrigatoriamente "o que faltava". Obviamente, a reciproca também é verdadeira.
Deixemos agora estes assuntos para os pedagogos, psicólogos e filósofos da educação e, voltemos às
considerações sobre o nosso tema. A Escola Dominica,l que costumeiramente em nossas igrejas é um dos
pilares fundamentais da Educação Cristã, tem as suas particularidades que a distingue de outras escolas e,
creio que a principal é o fato de termos um "Livro-Texto" inesgotáve,l infalível, atualíssimo, o qual nos traz
orientações seguras e diretas sobre o assunto que vimos considerando. O nosso propósito é analisar o
texto de Atos 20.17-35, estudando o comportamento do apóstolo Paulo como mestre, sob o título: "O Que
Ensina...". Assim procedendo, podemos observar que aquele que ensina deve ter:
1) Dignidade Pessoal (At 20.31) - Os efésios haviam convivido de forma intensiva com Paulo durante três
anos (At 20.31); por isso, eles o conheciam bem, sabiam de suas palavras e testemunho. Agora, quando
Paulo se despede daqueles presbíteros em Mileto, relembra aquilo que eles já sabiam: qual fora o seu
comportamento entre os irmãos durante aqueles an-qs em que ali viveu (At 20:18). "Vós bem sabeis "
(E)pistama, ).3 O termo grego expressa preliminarmente o conhecimento obtido devido à aproximação com o
objet9 conhecido, e, então, o conhecimento resultante de uma prática prolongada de percepção. O fato de
Paulo trazer â baila o seu passado de relacionamento fraterno com a Igreja de Éfeso revela uma vida digna ;
ele não tinha do que se envergonhar, ou tentar apagar a lembrança de seus irmãos; isto porque Paulo era um
homem honrado, que sempre soube se portar com dignidade. Todavia, como se manifestava a dignidade
pessoal de Paulo? O que isto tem a ver com o mestre? Competência por si só não basta?! Responderemos a
estas e outras perguntas no decorrer deste capitulo. Dentro deste tópico, podemos ver que Paulo revelou a
sua dignidade pessoal
tendo: A) AUTORIDADE MORAL - A autoridade moral de Paulo como mestre, se alicerçaví3 sobre alguns
pilares, analisemo-los:
1) Crer no que ensina - A dignidade pessoal do professor é evidenciada aqui. É preciso que ele creia no
que está ensinando. Se eu ensino o que não creio, a minha atitude é imoral, estou sendo desonesto. Um
dos motivos porque tem crescido o número de lideres religiosos com problemas d.e depressão está aqui
enraizado: não mais crêem no que ensinam. Então, por que ensinam? Para poder sobreviver. Esta dialética
diabólica entre o não crer e o ensinar é a causa determinante de diversas patologias. A fragmentação entre o
ensino e a fé conduz-nos à perda do respeito por nós mesmos. A ausência de integridade é o caminho fácil
que nos conduz ao sarcasmo e â desestruturação espiritual, moral e intelectual.
Paulo se gastou "noitee dia" (At 20.31) em prol do Evangelho, admoestando, ensinando publicamente e de
,cada em casa (At 20.20). Será que todo este esforço valeu a pena? Paulo estava convencido de que sim,
pois cria no que ensinava. Ele sabia por experiência própria, que o Evangelho é o poder de Deus para a
salvação de todos os que crêem (Rm 1.16). Por isso, apesar de muitas vezes os seus ouvintes buscarem
"sinais" e "sabedoria", ele pregava a Cristo, "poder de Deus e sabedoria de Deus" (1Co 1.22-24). Como
autênticos mestres cristãos podemos fazer uma confissão idêntica a que foi formulada em um Congresso
cristão realizado em Jerusalém (1928): "A nossa mensagem é Jesus Cristo. Nele sabemos quem é Deus
e o que o homem pode vir a ser por meio dele".4
O nosso ensino só será eficaz se primeiramente estivermos convencidos da validade do que ensinamos.
Todavia, quando ensinamos a Palavra de Deus, devemos estar convictos de que Ela é mais poderosa do
que a nossa incredulidade ou má vontade. Por isso, Deus na Sua sábia e inesgotável soberania pode se
valer até mesmo dos falsos mestres ainda que saibamos que estes não permanecerão impunes.
2) Viver o que ensina - Crer no que ensinamos é eficiente, mas, não suficiente; é preciso que procuremos
viver o que ensinamos. O conhecimento intelectual da verdade sem sua aplicação só aumenta a nossa
culpa diante de tal omissão.5 O descaso para com o que cremos no sentido de não buscar harmonizar a
nossa conduta com o que ensinamos é, primariamente, uma questão ética. Paulo vivia a sua pregação; e,
por isso, trazia â tona, â memória pública, o seu viver no meio daqueles irmãos durante os três anos em que
ali passou. Podemos observar
que Paulo não fez isso apenas como um ato retórico para impressionar seus ouvintes; pelo contrário, em
outras ocasiões ele demonstrou -a mesma segurança, fruto de uma consciência tranquila. Por isso, ele podia
conclamar os seus discípulos (aprendedores) a serem seus imitadores (1Co 4.16; 11.1) e, também, a
desafiar os filipenses, a olharem para ele como padrão daqueles que se diziam discípulos de Cristo (Fp
3.17).8 O exemplo de Paulo era o testemunho vivo da eficácia do seu ensino; ele encarnava em sua vida a
sua pregação; Paulo tinha a correta consciência de que o ensino não se limitava a apenas 50 minutos
semanais, antes, tal período deveria vir acompanhado de um exemplo vivo e diário.
A. H. MacKinney expressou bem esta verdade quando disse: "A verdade encarnada é a única verdade
espiritual que consegue apelar de modo efetivo. Por isso, cada professor deve sentir bem fundo em seu
coração que sua pessoa é a lição que mais apela ao coração".6 '
Talvez, alguns descrentes pudessem duvidar do que Paulo ensinava, contudo, tinham que se render ao
exemplo de sua vida. O exemplo tende sempre a ser mais eficaz do que o preceito. Todavia, o
comportamento não condizente com o principio ensinado, não deve simplesn;iente anulá-lo , mas , de fato,
enfraquece-o . Dai a importância do professor viver em harmonia com o seu ensinamento. Calvino constata
que "a doutrina será de pouca autoridade, a menos que sua força e majestade resplandeçam na vida
do bispo como o reflexo de um espelho. Por isso ele diz que o mestre seja um padrão ao qual os
discípulos possam seguir".7 Em outro lugar, após afirmar que Timóteo foi formado por Paulo na "na
academia de seu próprio ensino", acrescenta: um bom mestre é aquele que "molda seus alunos não só
por meio de suas
pa a ,1ras mas, por assim dizer, também lhes abre seu próprio coração para que tenham a experifJncia de
;;..e todo o seu ensino é sincero". 8
Xe'1c'onte (c. 430-355 a.C.), historiador e general grego, que foi discípulo de Sócrates (469-399 a.e ), sem
a: q.;e parece entender plenamente as lições de seu mestre, disse algo de grande relevância a respeito
:::e e Sei que Sócrates era para seus discfpulos modelo vivo de virtuosidade e que lhes administrava as
....,a ;s befas fições acerca da virtude e o mais que ao homem concerne".9
B) AUTORIDADE ESPIRITUAL - Aquele que ensina deve ter autoridade espiritual para fazê-lo; ela é
uma cecorrência natural de três elementos que formam a sua base.
1) Estudo das Escrituras - As Escrituras se constituem no meio usado por Deus para a nossa santificação
Jo 17.17). A Palavra de Deus é o alimento indispensável , vital para a nossa nutrição espiritual; por isso,
encontramos recomendações diversas para que a estudemos e pratiquemos os seus ensinamentos (Js 1 .8,
Mt 22.29; Jo 5.39; Tg 1.22- 25).
Considerando que Deus age por intermédio da Escritura, o estudo sério e sistemático da Palavra é
fundamental para o nosso crescimento espiritual. Obviamente, não será a leitura mecânica da Bíblia que
nos fará amadurecer em nossa fé em Deus. Houve e certamente há homens que possivelmente conheçam
a Bíblia melhor do que nós, sabendo passagens de memória, distinguindo bem os períodos históricos, etc .,
mas, não conhecem o Deus da Palavra. O conhecimento de Deus e de Sua Palavra evidencia-se pela
prática da Palavra. "O crescimento espiritual não é mfstico , senti mentaf, devocional, psicológico ou resultado de
tru ues secretos. Vem através da compreensão e da prática de princfpios dados pefa Palavra de
Deus" 1 , acentua MacArthur.
A santificação, portanto, não é uma experiência autônoma, antes é o exercício de compreensão e
aplicação da Palavra à nossa vida. Insisto. A experiência é o resultado deste processo. As nossas
experiências não servem de fundamento sólido para a nossa fé. Antes, elas devem ser examinadas à luz
das Escrituras. A Palavra de Deus é o firme fundamento de nossa fé. A Palavra deve ser a intérprete,
norteadora e corretora do que experimentamos.
A Palavra do Espirita é eficaz no propósito de santificação estabelecido por Deus. Paulo escreve aos
cristãos tessalonicenses: ·outra razao ainda temos nós para incessantemente dar graças a Deus: é que,
tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes nao como palavra de homens,
e, sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os
que credes" (1Ts 2.13). Deus nos gera pela Palavra (Rm 10.17) e, agora, crendo, também nos santifica
de modo eficaz por meio dela.
Paulo como todo Fariseu (At 23.26; 26.5; Fp 3.5} conhecia bem as Escrituras, as quais se constitulam
em seu sustento para todos os momentos de sua vida. Tanto é assim, que, conforme vimos, quando ele
se encontrou preso em Roma, pediu a Timóteo que, quando fosse se encontrar com ele, levasse duas
coisas· a "capa (...) bem como os livros, especialmente os pergaminhos " (2Tm 4.13). O inverno se
aproximava; Paulo desejava a sua capa para aquecer o seu corpo e os livros, pergaminhos e amigos,
para aquecer a sua alma saudosa. Ninguém é totalmente insensível às condições climáticas e, ninguém
está além da necessidade de amizade e solidariedade. A Bíblia foi escrita para que tenhamos
esperança em Deus (Rm 15.4), alimentando a nossa alma por meio da compreensão real da Sua
vontade. Paulo confiando a Igreja aos cuidados dos presbíteros, tem certeza da presença sustentadora
e santificadora de Deus, operando pela Sua Palavra: "Agora, pois, encomendo- vos ao Senhor e à pafavra
da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que sao santificados" (At 20.32).
'
2) Assiduidade aos Cultos - Quando nos reunimos para cultuar a Deus, exercitamos o Sacerdócio
Universal dos Crentes, que só se torna possível por intermédio do sacrifício expiatório de Jesus Cristo
(Vejam-se: Hb 7.22-28; 9.11-14;16 10.19-25/Hb 6.19-20). Ele foi o nosso precursor à presença de Deus
(Jo 14.2-3/Hb 6.17-20;17 Rm 5.2; Hb 4.16). No culto público nós exercitamos o Sacerdócio Universal dos
Crentes da seguinte forma:
1) Falamos com Deus expressando a nossa fé por meio dos cânticos, das orações, das ofertas, e dos
Credos. 2) Ouvimos e somos alimentados pela Palavra de Deus a qual é lida e exposta. 35
Compartilhamos
a nossa fé por intermédio do testemunho uníssono daquilo que cremos e que Deus tem feito. Por isso,
já no Novo Testamento, a aqueles que eram tentados a se ..ausentarem do culto por motivos
irrelevantes, o escritor da Epistola aos Hebreus, exortava: · Nao deixemos de congregar-nos como é
costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quanto vfsdes que o dia se aproxima..,·(Hb
10.25). As Escrituras
não prescrevem quantas vezes devemos nos reunir, contudo, vemos na Igreja Primitiva um grande prazer de
estar juntos estudando a Palavra e louvando a Deus (At 2.42-47). A nossa frequência aos cultos deve
pressupor um desejo de adorar, aprender e servir a Deus. O culto nunca é uma atitude passiva, antes
envolve o desejo de participação. Temos um bom resumo do sentimento que deve nortear a nossa
participação no culto em Hb 10.22-25.18 Por outro lado, como bem observou Warfield (1851-1921):
"Nenhum homem pode excluir-se dos cultos regulares da comunidade à qual pertence, sem sérios prejufzos
para sua vida espiritual pessoa/".11 E : "... nem o indivfduo mais santo pode se dar ao luxo de' dispensar as
formas regulares de devoção, e que o culto público regular da igreja, apesar de todas as suas imperfeições e
problemas localizados, é a provisão divina para o sustento da a/mau . 12 S m dúvida , a frequência à igreja
é um dos meios de grande relevância que Deus emprega para nos conduzir à maturidade cristã. Paulo,
mais uma vez serve-nos de exemplo. Após a sua conversão e recuperação da visã.o, passou a participar
dos cultos na Sinagoga, aproveitando a oportunidade para pregar a Palavra (Vejam-se: At 9.20; 13.5,14; 42-
44; 14.1; 16.13).
3) Comunhão por meio da Oração - O apóstolo Paulo não só ensinou a respeito da oração (Ef 6.18; 1Ts
5.17), mas, também, demonstrou em sua vida o significado da oração. O texto de
Atos, que registra a sua prisão na cidade de Filipos em companhia de Silas, diz: "E, depois de lhes darem
muitos açoi tes, os lançaram no cárcere, ordenando ao carcereiro que os guardasse com toda a segurança.
Este, recebendo tal ordem levou-os para o cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco. Por volta da
meianoite, Paulo e Si/as oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão
escutavam" (At 16.23-25).
Notemos que a oração não deve estar ligada simplesmente à determinada situação ou circunstância; ela
deve fazer parte da nossa cotidíanidade, na presença de Deus. A despedida de Paulo em Mileto foi
marcada por uma oração sincera e emocionada (At 20.36-38).
O mestre cristão fala de coisas concernentes ao Ser de Deus e à Sua vontade; por isso deve esmerar-se
por viver em comunhão com Deus por meio do estudo da Palavra e da oração a fim de poder aprender dEle
conforme o convite feito pelo próprio Senhor Jesus, o Deus Encarnado: "Aprendei de mim". (Mt 11.28-30).
lloyd-Jones (1899-1981) enfatiza a importancia da associação entre a "instrução" e a "oração": "A oração é
sempre necessária como instrução (...). Transmitir conhecimento não basta. É igualmente essencial que
oremos - que oremos por nós mesmos, para que Deus nos faça receptivos ao conhecimento e à instrução;
que oremos para sermôs capacitados a agasalhar o conhecimento recebido e aplicá-lo; que oremos para
que não fique só em nossas mentes, e sim que se apegue aos nossos corações, dobre as nossas vontades
e afete o homem todo. O conhecimento, a instrução e a oração devem andar sempre juntos; jamais devem
estar separadas".13 ' •
C) AUTORIDADE INTELECTUAL: - A competência do mestre também evidencia a sua dignidade pessoal.
A competência se desenvolve à medida que realizamos as nossas tarefas com íntegr idade . Lembro-me que
quando ingressei no Seminário em 1976, algo que me incomodava muito era a sensação de ignorância diante
daquelas enormes estantes cheias de livros na biblioteca; não sabia por onde começar, o que ler, como ler
uma língua desconhecida (a maioria dos livros estava em inglês). Algumas aulas me deixavam com
sensação idêntica. Alguns professores causavam muita admiração pela sua erudição. A minha impressão,
que ainda permanece, é que eu nunca os alcançaria.. Todavia, Deus nos concede as pequenas coisas para
que as realizemos. A competência consiste na utilização íntegra dos recursos que Deus nos confere. Muitas
vezes ficamos a espera das "grandes oportunidades" e não descobrímos,a beleza de servir a Deus mesmo
nos serviços rotineiros de nossa igreja. Neste caso, a nossa perspectiva é que está equivocada. Quando não
percebemos que a grandeza do que fazemos está no propósito para o qual realizamos e na forma como
fazemos, mesmo quando tivermos "grandes atividades" elas não permanecerão grandiosas para nós, antes,
se tornarão maçantes. Uma das maiores bênçãos que podemos ter neste estado de existência é a
consciência de que estamos servindo a Deus, onde quer que trabalhemos, aonde quer que formos. Somos
aperfeiçoados à medida que servimos. Por isso é que nada mais poderemos ser do que servos. Servir ao
Senhor é o nosso maior privilégio. Deus Se digna em utilizar se dos nossos talentos (1Co 15.1O). Paulo foi
um intelectual do cristianismo primitivo; antes disso, já fora extremamente bem formado dentro do judaísmo
(GI 1.13-14; Fp 3.4-6; At 22.3; 26.4-5). No entanto, após a sua conversão, vemos o processo primeiro que
Deus - utilizou para o seu preparo; Paulo descreve sumariamente sobre isso (GI 1.15-2.2). Sabemos que ele
era poliglota, sabendo e"Pressar-se em Hebraico, Aramaico, Grego e, possivelmente, em Latim; provavelmente
era doutor da Lei e, em alguns dos seus escritos demonstrou conhecer obras de poetas gregos (At 17.28;
1Co 15.33; Tt 1.12), além de revelar um estilo erudito na sua forma de argumentação (Veja-se: 1Co 15.12-22).
Ele sem dúvida tinha autoridade
1t e l ectua l para ensinar. Creio estar correto Bourceau, ao dizer que, " Constitui grande imoralidade
desempenhar um cargo para o qual não se está habilitado. A incompetência profissional é, no fundo uma
questão de honestidade".14
Pau lo consciente desta realidade recomendou a Timóteo a necessidade de ter mestres competentes, a fim
de que estes pudessem ensinar a outros: "E o que de minha parte ouviste, através de muitas
testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos (i(kano/j = "competente", "apto",
"seguro",
· respeitável") para instruir a outros" (2Tm 2.2). ·
Lamentavelmente, há professores que não preparam as suas aulas devidamente, querendo ter apenas o título
de "professor'' e "mestr·e , não fazendo jus, contudo, à sua função, preferindo confiar numa suposta
"inspiração divina" como recompensa da sua preguiça. Assim procedendo, perdem a oportunidade de
aprender mais e, pior, desestimulam os seus alunos que, muitas vezes, perdem o- interesse (quando
há) pela matéria, pois tendem a identificar o professor com a disciplina.
Há outros professores, que devido ao não preparo, enchem o tempo quantitativamente com "experiências'J
as quais quase nunca são pertinentes ao assunto estudado e, há ainda aqueles que assumem uma
"metodologia diferente". J.M. Gregory, fala sobre os tais "mestres": "Outros mestres passam pela lição como
gato por cima de brasas. E concluem que, embora não a tenham aprendido bem ou inteiramente, ou
talvez uma parte dela, já apanharam bastante material para encher o perlodo de aula, e podem, caso
necessário, sµplementar o pouco que sabem com 'conversa mole', ou historinhas. Ou por falta de tempo
ou de ânimo para prepararem, deixam de lado a idéia de ensinar e enchem o tempo de aula com
exercícios que lhes oco"em na hora". 15
O mestre cristão sabe que tem coisas proveitosas para serem anunciadas e, por isso, procura utilizar o
máximo possível o tempo disponível. Foi justamente isto o que Paulo fez: "Jamaisdeixando de vos anunciar
cousa alguma proveitosa, e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa" (At 20.20). É
preciso que os mestres cultivem o hábito da leitura, a fim de obterem um cabedal de conhecimento que facilite
a comunicação da sua matéria e, enriqueça o conteúdo da mesma por meio de exemplos paralelos e
aplicação do que foi ensinado. A leitura de bons livros é eminentemente necessária para que haja uma
atualização constante do que se ensina, procurando enriquecer a argumentação e demonstrar a
praticabilidade do que é exposto.
Todavia, acima de tudo, o mestre cristão deve conhecer as Escrituras - li Tm.2 :15. Calvino traduz a
metáfora usada por Paulo, "maneja bem" (2Tm 2.15) por "dividindo bem", fazendo a seguinte aplicação:
"Paulo (...) designa aos mestres o dever de gravar ou ministrar a Palavra, como um pai divide um pão em
pequenos pedaços para alimentar seus filhos. le aconselha Timóteo a 'dividir bem', para não suceder que,
como fazem os homens inexperientes que, cortando a superfície, deixam o miolo e a medula intactos. Tomo,
porém, o que está expresso aqui como uma aplicação geral e como uma referência à judiciosa ministração da
Palavra, a qual é adaptada para o proveito daqueles que a ouvem. Há quem a mutile, há quem a desmembre,
há quem a distorce, há quem a quebre em mil pedaços, e há quem, como observei, se mantém na superfície,
jamais penetrando o âmago da doutrina. Ele contrasta todos esses erros com a boa ministração, ou seja, um
método de exposição adequado à edificação. Aqui está uma regra pela qual devemos julgar cada
interpretação da Escritura".
Toda a Escritura é útil para o ensino. Queremos aprender com Deus? Desejamos fazer a vontade de Deus?
Estamos dispostos de fato a ouvir a Sua voz? Se a sua resposta for não, confesso não ter argumentos para
convencê-lo da oportunidade que você está deixando escapar, contudo, o que posso reafirmar, é que Deus
Se revelou na Sua Palavra, para que possamos ser conduzidos a Cristo, aprendendo dEle a respeito de Si
mesmo, de nós e do significado de todas as coisas... Portanto, Ele deseja nos ensinar. A teologia deve estar
sempre a este serviço: aprender e ensinar. Enquanto não aprendermos a aprender, não poderemos ser
mestres! O mestre - assim como o teólogo - , tem paixão por ensinar, mas a sua paixão primeira e prioritária
deve ser a de ouvir a voz de Deus nas Escrituras.
O ensino das Escrituras contribui para a formação de homens perfeitamente habilitados para toda boa obra
(2Tm 3.17). No tempo de Paulo já havia os falsos mestres que eram ousadamente incompetentes :
" Pretendendopassar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os
assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações" (1Tm 1.7). A Ignorância é ousada!
Daqui se depreende que ousadia não é sinônimo de :-competência. Aliás , estou persuadido de que a
competência, em muitos momentos se caracteriza po.r um sonoro silêncio reverente diante do inescrutável
(Dt 29.29/At 1.6-7; Rm 11.33-36). A eloquência de Deus deve propiciar a nôssa adoração; o seu silêncio, o
nosso reverente temor. Calvino (1509-1564) comenta: "Tudo o mais que pesa sobre nós e que devemos
buscar é nada sabermos senão o que o Senhor quis revelar à Sua igreja. Eis o limite de nosso
conhecimento"16.
Afinal, tentar ensinar fora das Escrituras é tolice e, o papel do mestre cristão não é outro, senão o de
ensinar as Escrituras: "Mestre é aquele que forma e instrui a Igreja na Palavra da verdade"17. O
mestre efetivamente não sabe tudo; porém, deve saber tudo o que ensina!
D) APONTA PARA ALÉM DE SI MESMO - O mestre cristão sabe que ele não é a mensagem; contudo,
está convicto de que tem a mensagem salvadora de Jesus Cristo e, que esta deve ser ,anunciada. O
apóstolo Paulo diz que durante o tempo em que trabalhou em Éfeso, anunciou o Evangelho
sistematicamente, "Testificandotanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé
em nosso Senhor Jesus Cristno (At 20.21). Observe que o anúncio de Paulo era teocêntrico; o homem
Paulo era apenas o instrumento de proclamação; a mensagem era: "Arrependimentopara com Deus e a fé
em nosso Senhor Jesus Cristo". A mensagem teocêntrica traz em si sempre uma intimação para que o
homem, pelo Espírito, se arrependa e creia em Cristo. Assim também, por uma questão de dignidade pessoal
e de honestidade, o mestre cristão não se apresenta a si mesmo como mensagem , mas, aponta para Jesu·s
Cristo. Isto equivale a dizer que a mensagem cristã não é egocêntrica, mas sim Cristocêntrica; por isso,
Cristo é o conteúdo insubstituível do Evangelho; sem Ele não há Evangelho, quer no Antigo, quer no Novo
Testamento (Rm 15.20). Paulo em sua vida e ministério manifestou sempre a centralidade de Jesus : ele
sempre pregou o "Evangelho". (Vejam-se: At 14.6,7;11-15,21; 15.35; 16.10; 2Tm 4.2).
A Igreja tem uma missão contínua de ensinar (Mt 28.19,20), a fim de que os homens creiam na Mensagem
(Jesus Cristo, o Deus encarnado) e passe, também a ensiná-la (Ef 4.11-16; 2Tm 2.1-2; Hb 5.11-14).
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OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ - OSWALDO JACOB


A Educação Cristã trata dos ensinos de Cristo nas Escrituras. Ela é essencial na Igreja para a formação dos
discípulos de Jesus Cristo. Era o curso que o Mestre ministrava aos Seus discípulos. Ele tinha como
objetivo treiná-los para cumprirem a missão do Pai - anunciar o Seu evangelho para a salvação e alegria
dos povos. O Senhor deixou esta missão bem definida no Seu encontro com o publicano Zaqueu, em Jericó.
•o Fil ho do homem veio buscar e salvar o perdido" (Lc 19.1O). Paulo , um dos maiores mestres do
Novo Testamento, coloca de forma muito clara ao jovem pastor Timóteo: "O que ouviste de mim, diante de
muitas testemunhas, tr '"!smite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros" (2 Tm 2.2). Este
texto revela os três o bie ,t vos da Educação Cristã: informar, formar e transformar. Timóteo foi informado
(conteúdo), formado {caráter) e transformado (testemunho) . Um educador disse que há três elementos
fundamentais na formação de uma pessoa: a genética, o ambiente e as escolhas. Os dois primeiros
independem de nós, mas o terceiro depende de nós, pois trata das nossas escolhas, decisões. Vejamos os
três objetivos da Educação Cristã.
O primeiro é informar- Aqui trata de passar conteúdo. Vivemos num mundo de informações muito
volumosas e muito rápidas. São muitos os meios de informação. Elas hoje são muito valiosas. Há muitos
que pagam pelas informações, pois as empresas que as vendem estão valendo muito no mercado. Mas o que
significa informação? Por exemplo, temos as lições bíblicas de nossas revistas e demais publicações. Todas
estas informações precisam ser decodificadas, processadas e assimiladas. O conteúdo publicado deve ser
interpretado de forma correta. Sabemos que temos no Brasil muitos analfabetos funcionais , isto é, que leem,
mas não entendem. Por que razão? Uma questão cultural. O povo brasileiro lê muito pouco. Isto é muito
antigo. Uma herança muito ruim. Os nossos governantes não levaram a sério o que disse Monteiro Lobato :
"Um pais se faz com homens e livros". Mas as informações estão à nossa disposição. Precisamos lê-làs e
interpretá-las eficientemente. A literatura está muito mais acessível em nossos dias. Há um volume muito
grande de material para ser lido. Muita coisa boa e também muita coisa de péssima qualidade. Sabemos que
as informações não chegam só pela página impressa, mas pelas produções midiáticas - Tv, Internet, radio,
celular, etc. Devemos aprender a selecionar o que lemos. Buscar uma cultura geral, mas sempre pela ótica
da Revelação de Deus, dos princípios do Evangelho de Jesus. Entãà, é objetivo da educação trazer luz. Mas
há outro objetivo que queremos considerar.
O segundo é fonnar- Aqui tem a ver com caráter. Trata qe vafores assimilados . Formar é bem mais difícil
do que informar. O conteúdo da noticia ou recado precisa ser assimilado para ! azer parte do caráter do
aluno. Informar não dói, mas formar sim. Posso receber apontamentos sem codifica-los. Posso ouvir
comunicações, mas não absorvê-las. A formação depende de um ouvido apurado e entranhas bem
preparadas para processarem a matéria-prima. As inteirações são a matéria-prima para a formação do
indivíduo. Paulo disse aos irmãos Gálatas: "Sinto dores de parto até que Cristo seja formado em vós"
(4.19). Há sofrimento entre as informações e a formação. Também, muitos obstáculos neste mundo pós-
moderno. Vivemos numa sociedade larga e rasa, baseada em sentimentos e em leis formadas pela
pessoa (ela é a sua própria lei), ou seja, o que ela pensa é que vale. A socfedade pós-moderna é
pluralista. Infelizmente na maioria das igrejas isto também é verdadeiro. Há uma longa distancia entre
expor conteúdo e formar. Entre receber as informações e assimilá-las, apreendê-las e aprende-las. Há
muitas coisas que impedem que o conteúdo do Evangelho entre na mente e no coração para a
formação do caráter cr stão. Então, o coração tendente ao erro, a incredulidade, o entretenimento, a falta
de prioridade, a desatenção ou falta de concentração, as barreiras culturais e pessoais, a falta de
interesse e outros pontos afins, são elementos complicadores na assimilação do conteúdo cristão . Há
uma aritmética do aprendizado que precisa ser
utilizada abundantemente em nossas famílias e igrejas: INFORMAÇÃO + FORMAÇÃO =
TRANSFORMAÇÃO. Não podemos fugir desta realidade blblica tão clara. Este foi o método utilizado
pelo Senh,or Jesus. Seus ensinos por meio de parábolas, exemplos da natureza, da revelação do Velho
Testamento e de Si mesmo foram instruções que visavam a formação a partir dos Seus discípulos.
abemos que o fato de que alguém seja bem instruído não significa ser bem formado, pois depende do
interesse da pessoa. O problema básico seja do País, da Igreja e da sociedade nao é de informação,
mas de formação. O custo da instrução é muito menor do que da formação do caráter. É muito triste
percebermos membros de igrejas vivendo uma vida de incredulidade, mundanismo e alienação. Não
será por que falta conversão, regeneração ou novo nascimento? Parece também que é uma questão de
fundamentos não assimilados e, portanto, não vivenciados. Como pastores e educadores cristaos,
precisamos investir tempo no preparo pessoal com muita oraçao e treinamento de pessoas a partir do
nosso exemplo. O que precisamos é de pastores e educadores que preguem e ensinem a partir da
coerência blblica dominando a vida. Não adianta pregação e ensino sem exemplo, sem vida. É deste
ponto que desejo tratar com você agora o último objetivo da nossa reflexão.
O terceiro é transformar - Aqui tem a ver com mudança percebida, sentida, avaliada positivamente. Se o
informar é inicio, o formar é meio e o transformar fim ou produto final. Então, você tem a matéria-prima
(informar), o meio de produção (formar) e o manufaturado (transformar). Paulo usa a palavra metamorfose
para o verbo transformar. "E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus"
(Rm 12.2). A metamorfose só acontece a partir da informação e da formaçao. As pessoas são
transfiguradas pelo conhecimento experimentado ao longo a vida. Sabemos que a mudança deve ser
sempre avaliada e aperfeiçoada. O produto da informação e da formação nunca é acabado, mas sempre
aperfeiçoado. O caráter de Cristo a partir do ensino da Palavra vai sendo formado trazendo transformação
do ser cristão. O fato de sermos transmudados significa o prazer de glorificar a Deus em nossas atitudes e em
nossos atos. O ser convertido tem prazer nas coisas de Deus e não as guarda para si. O seu testemunho é
coerente e contundente. Prazeroso e vigoroso. Ele aproveita todas as oportunidades para repartir o que Cristo
fez e continuará fazendo em sua vida. A pessoa que experimentou mudança de vida não se conforma com o
erro. Ela se indigna com o sistema que está posto af. O cristão, autêntico é agente de mudança. Não se
deixa influenciar pelos que estao no erro, mas os influencia. Aproveita todas as oportunidades para revelar
Cristo, o Senhor. Fomos transmudados para levarmos esta experiência às pessoas sem Cristo. É interessante
que as pessoas regeneradas buscam o aperfeiçoamento dentro do ciclo do crescimento. Mudadas, buscam
mais informações para formação de outros conceitos do cristianismo autentico. Como diz Paulo: "Porque
agora vemos como por um espelho, de modo obscuro, mas depois veremos face a face. Agora conheço em
parte, mas depois conhecerei plenamente, assim como também sou plenamente conhecido" (1 Co 13.12).
Uma vez mudados, sempre em mutação até que Cristo volte. Parece um contrassenso, mas não é, pois
quando Paulo diz aos Gálatas "sinto dores de parto até que Cristo seja formado em vós", ele está se
referindo a cristãos que necessitavam de crescimento espiritual.
Que a nossa Educação Cristã tenha estes três objetivos para a glória do nosso Grande e Santíssimo Deus
Pai. Sejamos pregadores e educadores comprometiqos com o ensino de qualidi1de bíblica . Seja Cristo o
centro do nosso ensino, o Espírito Santo o iluminado e encorajador na apLicaçao do conteúdo e Deus, o
Pai, exaltado. Pregadores e professores cristãos sejam o exemplo de amor, compaixao, excelência,
santidade, disciplina e ética. Que haja sempre aplicabilidade em nossos conteúdos. Sejamos capazes da
parte do Senhor de reconhecermos os nossos erros, as nossas limitações na ministração de pessoas tão
preciosas. Tenhamos a consciência de Paulo: "Não que sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se
viesse de nós mesmos, a nossa capacidade vem de Deus" (2 Co 3.5). Aprendamos com Jesus o que
· significa educar pessoas. Façamos uma leitura da personalidade do Mestre dos mestres a partir do
c_o_nteúdo blblico como a Revelação. Sejamos seus imitadores. Busquemos nEle a nossa inspiração.
... 9
Aprendamos com Ele como tratar as pessoas com profundo amor. Tenho aprendido que aqueles que não
se assentam para aprender com o Mestre não podem ficar em pé ou sentados para ensinarem a outros.
Fomos chamados para fazermos toda a diferença no ensino cristão. Que o Senhor nos livre da arrogância,
da autossuficiência e da mediocridade. Sejamos mestres à semelhança do Mestre que deu a Sua vida pelos
Seus alunos visando, acima de tudo, a Gloria do Pai.
.
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F O N T E : h t tp : // w w w .p ra z e rd a p a l a v r a . e o m . b r /c o l u n i s t a s / o s w

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a l d o - jac o b / 55 04


A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ. TEXTO BÍBLICO: MATEUS 28.19-20
Presb. Weliano Pires.
INTRODUÇÃO - Por que' há tantos crentes imaturos e 'meninos espirituais'? Por que as seitas crescem
tanto? Não basta uma pessoa levantar a mão no domingo à noite, para afirmarmos que· ganhamos
alguém para Cristo. A decisão de seguir a Cristo representa segundo Billy Graham, cinco por cento da
conversão. Muitos que se decidem para Cristo, não permanecem, por 'falta de raiz', ou seja, por falta de
educação cristã.
_1. O que é educação cristã? A palavra educação vem do latim 'ducare' que significa guiar, conduzir; e o
· prefixo •'e' , significando para fora. Assim, educação é a atividade de 'conduzir para fora'. Podemos
pensar em educação cristã como um conjunto de atividades que conduz as pessoas para fora do reino
das trevas e as- ensina e capacita a viverem de acordo com os princípios de Jesus Cristo. É ensinar as
pessoas dentro de uma 'cosmovisãocristã' 2. Qual o papel do educador cristão? O novo convertido
vem para a Igreja e não conhece absolutamente nada sobre Deus, sobre a Bíblia ou sobre a Vida
Eterna. Muitos levantam a mão em um culto, movidos pela emoção, ou porque gostaram do culto e da
companhia dos crentes. Mas, isso não faz dele um cristão. O educador cristão ou professor tem a
responsabiliqade, de ensinar as doutrinas bíblicas e acompanhar passo a passo, o crescimento
espiritual do novo crente. 3. A educação cristã no crescimento da Igreja local. Muitas igrejas não
crescem ou crescem de forma não saudável. Crescem apenas em número de membros, não
necessariamente em número de cristãos verdadeiros. A educação cristã proporciona um crescimento
quantitativo e qualitativo da Igreja.
A Educação Cristã na Igreja local tem algumas fases:
a) O discipulado - São os primeiros ensinos que o novo convertido recebe. É o "leite espiritual', que é dado
para os bebês cristãos, ·que ainda não podem ingerir comida sólida. b) A Escola Dominical - Esta é a
maior escola teológica que existe. Nela temos ensinos para todas as faixas etárias. Estuda-se
sistematicamente a Palavra de Deus. Cada trimestre é estudado um tema, dividido em lições semanais. São
muito bem explicados, divididos por: Títuló da liçao,· texto áureo, verdade prática, Texto Bíblico, leitura
diária, introdução ao comentário, tópicos, conclusão e questionário. c) Os seminãrlos e capacitações d) A
educação teológica acadêmica - Ê a formação teológica propriamente dita. Os cursos teológicos têm o
nível básico, médio e o bacharel. Este último em algumas escolas tem o reconhecimento do MEC, como
sendo um curso superior. Na minha opinião as igrejas deveriam exigir pelo menos o curso médio para a
separação de obreiros acima de diácono. Todos os crentes deveriam estudar pelo menos o nível básico,
para conhecer as doutrinas fundamentais do Crist ianis mo.
3. A educação cristã e a Obra Missionária - A educação cristã não se resume à Igreja local. Jesus disse que
deveríamos ensinar a 'todas as nações'. Portanto, a Igreja precisa implantar a educação cristã relacionada à
obra missionária, preparando e enviando missionários ao campo. A CGADB (Conv nção Geral das
Assembleias de Deus no Brasil) possui um órgão chamado SENAMI (Secretaria Nacional de Missões), que
cuida dessa área. Se alguém tem a chamada específica para missões, pode fazer um curso de missões e
se preparar para ir ao campo. Há várias barreiras a serem superadas, como a separação dos familiares, o
idioma, as perseguições, a nova cultura, etc.
4. Preparando novos educadores cristãos - O tempo passa e a Igreja cresce. Obreiros passam para a
eternidade, mudam para outros campos de trabalho, outros se desanimam, etc. Por isso, há a necessidade
de se preparar novos obreiros para dar continuidade ao trabalho. Com a educação cristã, n.ão é diferente .
Precisamos preparar novos educadores para ensinar aos crentes a Doutrina Cristã.
Como preparar novos ensinadores? a) Orando, para que o Senhor envie mais ceifeiros para a sua seara; b)
Observando na Igreja, quem tem chamada; c)lnvestindo na educação cristã, . d) Organizando
seminários, EBO, palestras, etc.. •
Conclusão - Você conhece as doutrinas bíblicas fundamentais? Sente-se capacitado para ensinar aos
outros estas verdades? Precisamos urgentemente nos preparar, para cumprir o IDE de Jesus. A educação
cristã precisa ser uma realidade em nossa Igreja. Não podemos aceitar que continuem a desprezar a Escola
Dominical e os cultos de ensino em nossas igrejas. Para os congressos, que exaltam o ego dos crentes, se
gasta verdadeiras fortunas. Para um congresso de escola dominical ou curso preparatório a Igreja não pode
gastar nada. Quem quiser participar terá que pagar. O ministério de Jesus esteve sempre voltado para o
ensino
10
-
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3 A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO ANTIGO TESTAMENTO O processo de transmissão do
conhecimento é chave no texto do Antigo Testamento. A identidade do povo de Israel é formada a partir
da transmissão oral de seus antepassados e de Deus. Moisés, ao liderar o povo, instruído pelo Espírito,
irá redigir o texto da lei que é confiado aos levitas para que ensinasse o povo. O próprio Deus prezava
para que a sua lei foi ensinada, e isso acontecia em meio às cerimôniasreligiosa, conforme a ordem de
Deus descrito, em Deuteronômio: Quando todo o Israel vier a comparecer perante o SENHOR teu Deus,
no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos.Ajunta o povo, os
homens e as mulheres, os meninos. e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que
ouçam e aprendam e temam ao SENHOR vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras
desta lei;E que seus filhos, que não a souberem, ouçam e aprendam a temer ao SENHOR vosso Deus,
todos os dias que viverdes sobre a terra a qual ides, passando o Jordão, para a possuir. (Dt 31.11-13) A
educação também é uma atitude de devoção a Deus, pois ele próprio é o mestre supremo (Is 48.17;
54.13). Exemplo disso é a motivação do rei Josafá, rei temente ao Senhor, quando encaminha oficiais e
levitas para ensinarem o povo: E exaltou-se o seu coração nos caminhos do SENHOR e, ainda mais,
tirou os altos e os bosques de Judá. E no terceiro ano do seu reinado enviou ele os seus
príncipes, a Bene-Hai,l a Obadias, a Zacarias, a Natanael e a Micaías, para ensinarem nas cidades
de Judá. E com eles os levitas, Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias
e Tobe-Adonias e, com estes levitas, os sacerdotes, Elisama e Jeorão. E ensinaram em Judá, levando
consigo o livro da lei do SENHOR; e foram a todas as cidades de Judá, ensinando entre o povo.E veio o
temor do SENHOR sobre todos os reinos das terras, que estavam ao redor de Judá, e não guerrearam
contra Jeosafá. (2 Cr 17. 6-1O) Esdras , um dos líderes do povo pós-exílio, estabelece a reforma
religiosa em Israel, tendo como pilar a educação do povo. Bernard S. Jakson2 , analisando Esdras,
chama atenção à sua didática de ensino, pois ele ao propor a leitura da lei para o povo, instrui os levitas
a explicarem-na totalmente (Ne 8.7-8). Jackson ainda aponta para o que ele chama de "auditóriomais
especializado", na qual os lfderes do povo , sacerdotes e pessoas influentes da sociedade são reunidos
por Esdras para estudarem os textos da lei.
4 A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NOVO TESTAMENTO Jesus foi mestre, sendo reconhecido por seus
discípulos (Jo 1.49; 4.31), por pessoas importantes (Mt 19.16; Lc 11.45; Jo 3.2) de sua época e pelas
multidões (Mt 7.29; 13.54). Ele desenvolvia seu ministério através do ensino (para as multidões e para os
seus discípulos), conforme o relato dos evangelhos: "Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a
multidão ia ter com ele, e ele os ensinava" (Me 2.13); "Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo,
pousava no monte chamado das Oliveiras. E todo o povcr ia ter com ele no.templo, de manhã cedo, para
o ouvir." (l c 21.37-38) A prática educacional em Cristo .era notória: ensinava diferentes dos escribas:
"porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas." (Mt 7.29); ensin.ava com
parábolas: "Então lhes _en sinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino" (Me 4.2); e
ensinava para a formação: "Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu
dali a ensinar e a pregar nas cidades da região." (Mt 11.1) Como relatado nesses textos citados, o
ministério de Jesus foi pautado no ensino, e conforme a sua grande comissão, esse é o ministério da
Igreja. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
Portanto ide, fazei disclpulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensina do-os a observar
13
.,
.
todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos. (Mateus 28.18-20, grifo nosso) Essa ordenança foi cumprida pelos apóstolos e
pela Igreja Primitiva, dos quais dão o seguinte testemunho: "e perseverava na doutrina dos apóstolos"
(At 2.42}; "E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a
Jesus, o Cristo" (At
--5.42 ). O apóstolo Paulo, em seus escritos, deixa clara a sua relação entre o ensino e o crescimento
· espiritua:l "o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a
sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo " (CI 1.28}. Lopes A.N., analisando
os escritos do apóstolo Paulo, aponta a importância do ensino para a Igreja nas cartas paulinas: para o
apóstolo, o ensino deve ser exercido por pessoas designadas para esse fim com autoridade. Essa
relação entre ensino e autoridade transparece nessa mesma carta [Timóteo). quàndo Paulo manda que
Timóteo
· ordene e ensin·e aos fiéis as coisas que o apóstolo lhe transmitiu (1Tm 4.11}. (2Q08, p. 116-117) Esse
ensino apresenta características formais sendo exercido por pessoas específicas ·(2 Tm 2.2), o que,
segundo Lopes A.N., não significa que o ensino deva ocorrer em ambientes formais: Todavia, isso nã
significa para o apóstolo que o ensino só pode ser feito pelas autoridadeseclesiásticasem ambiente
formal. Ensinar é principalmente um dom do Espírito (que deve ser exercido com esmero e dedicação, Rm
12.7) e pode ser exercido por todos os cristãos, mutuamente [A palavra de Cristo habite em vós
ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações](CI 3.16). (2008, p. 117)
A EDUCAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA-Tito 2.7-8 -(Josué Adam Lazie)
I

Introdução - A educação foi uma ação que acompanhou o trabalho dos apóstolos e do movimento cristão
no I século da Era Cristã. Encontramos nas epístolas do Novo Testamento inúmeras evidências do
desenvolvimento da educação. Ela foi um instrumento de formação dos novos convertidos. A educação é
fundamental para a confessionalidade metodista e para a sua doutrina acerca da missão.
O texto de Tito 2.7-8 é emblemático. Ele está num bloco de recomendações ministeriais feitas para as
pessoas com responsabilidades educativas da Igreja. O texto começa com a expressão tu, porém,
denotando os contornos do ministério exercido pelos educadores e educadoras (Tt 2.1). Este bloco de
recomendações se constitui num conjunto didático em forma de um catálogo de virtudes. Podemos chamá lo
de "catálogo de virtudes dos educadores".
A orientaçãoé para que ensinem em todo tempo a sã dOtJtr ina para os diversos grupos presentes na igreja,
em destaque os idosos (2.2), as idosas (2.3-5), os jovens (2.6) e os servos..(2.9-10 ). Paulo faz várias
recomendações usando esta expressão tu, porém (1 Tm 6.11; li Tm 1.14; 2,.1; 3.1O; 3 .14 ; 4 . 5 e Tt 2.1). Elas
apresentam as característicasque devem acompanhar a vida e o ministério daqueles que foram alcançados
1 • pela graça de Deus.
O ensino cristão - Tito deveria enfatizar a sã doutrina (2.1). Ao usar a palavra grega didaquê, o apóstolo
está se referindo as ações de Tito como um educador no Corpo d·e Cristo. O ensino foi fundamental
na
,•. preparação dos novos membros para o batismo. Foi fundamental também para a transmissão da tradição
cristã, que se constituía das palavras, ensinos e atos de Jesus Cristo. Para a compreensão de muitas coisas
16
-
que Jesus disse e ensinou o uso do Antigo Testamento foi necessário e determinante. Isso dá evidência de
que algum método de ensino foi usado e de que a educação cristã na igreja foi observada com bastante
rigor. Tito deveria dar atenção especial aos jovens. Há um destaque para esta faixa etária no bloco de
recomendações que recebe (2.3-5), pois a juventude sempre foi o maior alvo dos propagadores de falsos
valores e anunciadores de fantasias que tendem a escravizar o jovem em vicias e práticas maléficas à vida.
Ao citar a juventude, provavelmente o apóstolo está se referindo aos pré-adolescentes, juyenis e jovens.
Assim, tanto a igreja como a escola têm a missão de educar para a vida e para uma vivência com
dignidade.
Modelo de ensino - A ação educativa deveria ser exercida de forma a ser- modelo , sobretudo para os mais
jovens. Trata-se de uma orientação para todos, pois o "estar apto para ensinar é uma qualidade que todos
os homens e mulheres podem desenvolver, para atingirem a maturidade cristã" (.1). Para assinalar a
importância da educação algumas qualidades são relacionadas à mesma: integridade, reverência,
linguagem sadia, ser irrepreensível e confrontar as falsas doutrinas. •
Vamos refletir sobre a primeira característica do educador arrolado no texto indicado. Integridade quer dizer
ausência de qualquer interesse outro que não a edificação na vida cristã. Integridade vem do latim
integritate e significa qualidade de íntegro; inteireza; retidão; pureza; etc. (2) Já o termo Integro significa
inteiro; completo; perfeito; reto; imparcial; brioso; etc. (3)
Normalmente nos fixamos no sentido de retidão e pureza, mas o termo é mais abrangente. Ele inclui o
sentido de brio, força, coragem. Devemos considerar que educar transmitindo conhecimento é tarefa fácil,
mas educar transmitindo vida com o exemplo e com as práticas se constitui numa tarefa mais árdua. No
caso de Tito, cuja recomendação serve para nós, ele deveria "combinar uma motivação pura com uma
exposição sadia e com um comportamento sério" (4). A Igreja Primitiva desenvolvia esta perspectiva de
educação , ou seja, transformadora, capacitadora e libertadora.
Para continuar a reflexão - As outras características destacadas nos texto indicam o zelo, a seriedade, o
compromisso, a preparação e o cuidado com a vida. Indica ainda que o educador deva dar atenção para não
ensinar uma coisa que não vivência em suas ações e comportamento.
A educação cristã é mais do que simplesmente a informaçao bíblica e o acúmulo de conhecimentos. Implica
no ensino prático para atender as necessidades dos membros da igreja, na capacitação para o trabalho, no
treinamento para o exercício dos ministérios e para o cumprimento da missão.
O mesmo se dá na escola. A educação é mais do que simplesmente transmitir conhecimentos, é formar
cidadãos transformados com o compromisso de atuarem na sociedade como agentes de transformaçao.
Para isto, o texto bíblico nos desafia a sermos íntegros, briosos, fortes e corajosos para atuarmos como
educadores numa perspectiva libertadora.

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