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Tribunal Judicial da Comarca de Loulé

Loulé - Juízo Cível Local

Urgente

Meritíssimo(a) Juiz de Direito,

R, titular do Cartão Nacional de Identidade n.º 1, emitido pela República Francesa, válido até
16/01/2023, Contribuinte Fiscal n.º 2, e M, titular do Cartão Nacional de Identidade n.º 6 emitido
pela República Francesa, válido até 10/04/031, Contribuinte Fiscal n.º 28, casados entre si
em regime de comunhão de adquiridos, ambos residentes na Rua dos P, Lote 16ª, Azeitão, ao
abrigo do disposto no artigo 256º do Código de Processo Civil, vêm requerer:

PROCEDIMENTO CAUTELAR ESPECIFICADO DE ARRESTO

Contra:

V, portador do Cartão de Residente n.º 02, emitido a 18/11/2010 pelas autoridades


competentes de Faro, válido até 15/07/2019, Contribuinte Fiscal n.º 23, e W, portadora do
Cartão de Residente n.º 0, emitido a 18/11/2010 pelas autoridades competentes de Faro,
válido até 15/07/2019, Contribuinte Fiscal n.º 23 casados entre si em regime de separação de
bens, ambos residentes na Casa Loulé

O que fazem nos termos e com os seguintes fundamentos:

A) DOS FACTOS:

A 08 de abril de 2016, Requerentes e Requeridos, celebraram um Contrato Promessa de


Compra e Venda (doravante designado por Contrato), referente ao Prédio Urbano sito em
Boliqueime, Algarve, Concelho de Loulé, Freguesia de Loulé (São Sebastião), composto
por Cave, R/C e 1º andar com cozinha, 2 quartos, 2 casas de banho, corredor, garagem e
logradouro com piscina e terraços, destinada a habitação de tipologia T-2, com a área de 150m2
(doravante designado por Prédio), (Cfr. Doc. nº 1).

Imóvel registado na Conservatória do Registo Predial de Loulé sob o n.º 0000/19870928, inscrito
na respetiva matriz predial urbana sob o artigo 1111, com a licença de utilização n.º9999
emitida pela Câmara Municipal de Loulé a 06/01/1993, para o qual foi emitido o Certificado
Energético n.º CE24, classe energética “B-“(Idem Doc. nº 1).

Na data da celebração do contrato os Requerentes pagaram aos Requeridos a quantia de €


26.500,00, a título de sinal e princípio de pagamento (Idem Doc. nº 1 a fls. 4 e Doc. nº2).

O pagamento do remanescente do preço (€238.500,00) seria efetuado no ato da celebração da


escritura de compra e venda (Idem Doc. nº 1).

Entre os Requerentes e os Requeridos ficou acordado que a escritura de Compra e Venda seria
realizada até ao dia 15 de maio de 2016 (Idem Doc. nº 1).

O que,

Por motivo não imputável aos Requerentes, não se realizou.

Porquanto,

Através da análise das plantas que lhe haviam sido entregues no momento da assinatura do
Contrato, os Requerentes depararam-se com desconformidades a nível das mesmas face ao
estado real do Prédio (Idem Doc. nº 1).

Nas plantas anexadas ao Contrato, estão desenhadas umas escadas exteriores dentro da
propriedade dos Requeridos, sitas na fachada Este do Prédio (Idem Doc. nº 1 a fls. 19 e 20).

No entanto, os Requerentes aperceberam-se que as escadas não se encontravam na fachada


Este, mas sim na fachada Norte do Prédio (Cfr. Doc. nº 3).

Motivo pelo qual,

10º

Foi realizado um levantamento topográfico (idem Doc. nº 3).

11º

Com o resultado do levantamento topográfico, os Requerentes certificaram-se que as escadas


se encontram na fachada Norte do Prédio (idem Doc. nº 3).

12º

As aludidas escadas encontram-se, quase no seu todo, inseridas no terreno confinante,


propriedade de outrem (idem Doc. nº 3).

13º

À data da celebração do Contrato, os Requeridos tinham conhecimento da irregularidade


desconforme com o objeto do mesmo.

Mais,

14º

Comparando as plantas apresentadas no Contrato, verifica-se que, estas dizem respeito à


aprovação das alterações de construção pela Câmara Municipal de Loulé (Cfr. idem Doc. nº 1 a
fls. 19 a 20).
E ainda,

15º

Não só foram omissas pelos Requeridos as plantas da situação real do Prédio como também foi
omissa a situação por todos os meios.

Posteriormente,

16º

Os Requerentes confrontaram os Requeridos com tamanha irregularidade.

17º

Na tentativa de solucionar as irregularidades, existiram várias comunicações entre mandatários.

Contudo,

18º

Os Requeridos mantiveram a situação por regularizar.

19º

O que levou a que, ainda não se tenha celebrado o Contrato Definitivo de Compra e Venda.

Dado que,

20º

O objeto do Contrato representa encargos e responsabilidades administrativas e financeiras para


os Requerentes.

21º

Desrespeitando a Cláusula Segunda do Contrato.

22º

A Cláusula Oitava, em caso de incumprimento definitivo e culposo dos Requeridos confere aos
Requerentes o direito de resolver o Contrato e exigir dos primeiros a restituição da quantia
entregue a título de sinal, em dobro.
23º

A 28 de Abril de 2016, por carta registada com aviso de recepção, os Requerentes propuseram a
rescisão amigável do Contrato Promessa e ficaram a aguardar data para assinatura da rescisão
e devolução do sinal nos termos da cláusula oitava do contrato (Cfr. Doc. 4).

24º

Os Requeridos manifestaram vontade de não o fazer, também por carta registada com aviso de
recepção de 11 de Maio de 2016 (Cfr. Doc. 5).

25º

Existiu mais troca de correspondência, mas que não pôs fim ao litígio.

26º

Estando perante uma obrigação que contém prazo certo, por força da alínea a) do n.º 2 do artigo
805º do Código Civil, os Requeridos já se encontram em mora há muito.

27º

Em consequência dessa mora, os Requerentes manifestaram a vontade de, a não ser


regularizada tal situação, perderiam o interesse que tinham na realização da escritura.

28º

Foi neste contexto que os Requerentes, a 23 de novembro de 2016, requereram notificação


avulsa dos Requeridos no tendo tomado a referência de processo nº 0000/16.000FAR.

29º

A presente notificação corre termos no Tribunal Judicial da Comarca de Loulé – Juízo Local
Cível sob o mesmo número, desconhecendo-se se já foi efectivada.

Sucede que,

30º

O funcionário judicial encarregue de proceder à notificação avulsa contactou o mandatário da


Requerente a relatar as dificuldades em proceder à notificação dos Requeridos.
31º

Apesar de diligências várias, até à data de hoje, têm sido improfícuas as tentativas no que
respeita à notificação dos Requeridos.

32º

Para esta impossibilidade contribui o facto de não se conhecer outros bens, excluído o
supracitado, propriedade dos Requeridos.

33º

Os Requeridos, ausentes em parte incerta, conseguiram, entretanto, celebrar contrato-promessa


de compra e venda com terceiros e registar esse ato na Conservatória do Registo Predial de
Albufeira (Cfr. Doc. nº 6).

34º

O comportamento dos Requeridos evidencia uma inequívoca vontade de não cumprir a


obrigação assumida para com os Requerentes.

35º

Dispensando-se, assim, qualquer interpelação prévia admonitória e tendo-se o contrato


promessa por definitivamente incumprido.

36º

Deste modo, não pode deixar de se concluir que estando verificado o incumprimento definitivo
por parte dos Requeridos assiste aos Requerentes o direito à resolução do contrato, com as
consequências dai decorrentes – in casu a restituição do sinal prestado em dobro.

B) DO DIREITO:
37º

Nos termos da leitura conjugada dos arts. 619º do Código Civil e 391º do Código de Processo
Civil, o arresto assenta em dois requisitos.
38º

Um primeiro que consiste na existência provável ou aparência de um direito, o chamado “fumus


boni iuris”, que, no presente caso, está demonstrado, muito para além de qualquer dúvida
razoável ou “probabilidade forte”, conforme resulta do vertido nos arts. 1º a 28º e 33º a 35º, da
presente peça processual.

39º

Um segundo que se traduz no “justificado receio de perder a garantia patrimonial”, também


designado como “periculum in mora” e cujo preenchimento no caso concreto assenta nos factos
ínsitos nos arts. 29º a 32º, da presente peça processual.

40º

Citando Antunes Varela, Das Obrigações em Geral, Volume II, 7ª Edição revista e actualizada,
1991, pág. 463:

“O arresto, que constitui o último dos meios de conservação da garantia patrimonial


previstos e regulados na lei civil (arts. 619.º e segs.), consiste na apreensão judicial de bens
do devedor, quando haja justo receio de que este os inutilize ou os venha a ocultar.”

41º

E segundo Abílio Neto, Novo Código de Processo Civil Anotado, 3ª Edição revista e ampliada,
2015, pág. 495:

“O justificado receio de perda da garantia patrimonial – para efeitos de decretar


arresto de bens do devedor – tem de ser aferido com base em critérios objectivos e, portanto,
terá de assentar em factos concretos que revelem ou indiciem uma real situação de perigo de
insatisfação do crédito decorrente da inexistência de bens que por ele possam responder.”

42º

No caso concreto, o comportamento dos Requeridos, que pretendem alienar o único bem de que
são proprietários demonstra o justificado receio dos Requerentes na perda do seu direito.
DO PEDIDO:

43º
Assim, requer-se o arresto do prédio urbano, sem audiência prévia, propriedade dos Requeridos,
sito em Boliqueime, descrito na Conservatória do Registo Predial de Loulé, sob o nº
0000/19870928.

Nestes termos e nos demais de Direito que V. Exª


doutamente suprirá, deve o presente procedimento
cautelar especificado de arresto ser julgado
procedente por provado, sem audiência prévia dos
Requeridos, e em decorrência ser decretado o arresto
do prédio urbano, propriedade dos requeridos, sito
em Boliqueime, Algarve, Concelho de Loulé,
descrito na Conservatória do Registo Predial de
Loulé sob a ficha nº 0000, Freguesia de Loulé (São
Sebastião).

Da Prova:
Documental
6 (seis) documentos cujo teor se dá aqui como integralmente reproduzidos para todos os efeitos
legais:
a) Contrato Promessa de Compra e Venda;
b) Sinal – Cheque Bancário;
c) Levantamento Topográfico;
d) Carta AR de 28 de abril de 2016;
e) Carta AR de 11 de maio de 2016;
f) Certidão Permanente.

Depoimento de parte dos Requerentes caso se considere necessário


Testemunhal: A NOTIFICAR caso se considere necessário.
Gerente da Agência Imobiliária _ Sociedade de Mediação Imobiliária Lda, com licença AMI
0000, com sede na Faro.
Junta: Procuração e Substabelecimento, DUC comprovativo de autoliquidação da taxa de
justiça.
Valor: 53.000,00€ (Cinquenta e três mil euros)

O Advogado O Advogado Estagiário


(Assinado eletronicamente) (Assinado eletronicamente)

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