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Organização de redes regionalizadas e integradas

ARTIGO ARTICLE
de atenção à saúde: desafios do Sistema Único de Saúde (Brasil)

The organization of regional and integrated healthcare delivery


systems: challenges facing Brazil’s Unified Health System

Silvio Fernandes da Silva 1

Abstract This article examines the causes of the Resumo O artigo refere-se às causas da segmen-
segmentation/fragmentation in the healthcare tação/fragmentação na atenção à saúde e aos be-
process and the benefits of the constitution of net- nefícios da integração e constituição de redes para
works set up to rationalize expenditures, optimize racionalizar gastos, otimizar recursos e promo-
resources and ensure care tailored to the needs of ver uma atenção condizente com as necessidades
the users. Its main purpose is to analyze the cur- dos usuários. Tem como principal objetivo anali-
rent challenges facing Brazil’s Unified Health Sys- sar os desafios presentes no Sistema Único de Saú-
tem, in order to promote improved integration de para promover uma melhor integração entre
between services. Among the challenges, those re- os serviços e organizar redes. Entre os desafios
lated to the insufficiency of resources due to low abordados, destacam-se os relacionados à insufi-
public funding, the training and education pro- ciência de recursos decorrentes do baixo financi-
cesses and their effects on the availability of health amento público, aos processos de formação e edu-
professionals to work in the public health system cação e seus reflexos na disponibilização dos pro-
and the difficulties in the decentralization of health fissionais para o sistema público e às dificuldades
services and actions in the context of the Brazil- inerentes à descentralização de ações e serviços de
ian Federation Pact should be stressed. The paper saúde no contexto do pacto federativo brasileiro.
concludes that, besides the efforts to tackle these O artigo conclui que, além de esforços para en-
challenges, the organization of regionalized net- frentar esses desafios, a organização de redes regi-
works integrated with the Unified Health System onalizadas e integradas no SUS depende de aper-
also depends on the improvement of intergovern- feiçoamento na gestão intergovernamental nas
mental management in the health regions to bol- regiões de saúde para qualificar a pactuação de
ster the agreement on responsibilities among the responsabilidades entre as esferas de governo e de
government areas and the qualification of prima- qualificação da atenção primária à saúde para
ry healthcare to coordinate care and ensure its coordenar o cuidado e ordenar sua continuidade
continuity at other levels of the system. nos outros níveis do sistema.
Key words Integrated delivery systems, Regional- Palavras-chave Redes de atenção à saúde, Regi-
1
Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de ization, Comprehensive health care, Primary onalização, Assistência integral à saúde, Atenção
Saúde. Eplanada dos health care, Unified Health System primária à saúde, Sistema Único de Saúde
Ministérios, bloco G, anexo,
ala B, sala 144. 70058-900
Brasília DF.
silviof@sercomtel.com.br
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Introdução e a focalização do acesso à saúde, especialmente


nas duas últimas décadas, têm como principal
A preocupação com a fragmentação na atenção causa o baixo financiamento público. De acordo
à saúde não é recente. Iniciativas de expansão no com Perdomo5, os gastos médios totais em saú-
acesso e na redução da segmentação entre servi- de na América Latina e no Caribe situavam-se
ços assistenciais e da fragmentação no cuidado à em 7% a 8% do PIB na década de 1990 e tiveram
saúde podem ser identificadas, por exemplo, no uma diminuição na seguinte, aproximando-se
relatório Dawson1, publicado na Inglaterra em dos 7%, com uma porcentagem do gasto públi-
1920. Entre seus objetivos, este relatório propu- co “ na grande maioria dos países do continente,
nha disponibilizar os serviços de saúde segundo inferior a 50% do gasto total “ bem inferior ao
as necessidades da população e integrar as ações observado nos países europeus com sistemas
curativas com as preventivas. nacionais com acesso universal.
Na época atual, a intensidade da fragmenta- De acordo com Mendes6, as propostas mais
ção observada nos diferentes países é muito di- recentes de integração em redes têm origem em
versa. Em 2008, a Organização Pan-Americana experiências realizadas nos Estados Unidos – país
da Saúde destacava as seguintes causas para isso: que tem como características dispor de um siste-
a segmentação do sistema de saúde; a descentra- ma de saúde bastante segmentado e com forte
lização que fragmenta os níveis de atenção; o pre- hegemonia do setor privado – na primeira meta-
domínio de programas focalizados em enfermi- de dos anos 19906. Segundo este autor, essas ex-
dades, riscos e populações específicas; a separa- periências também influenciaram as propostas que
ção dos serviços de saúde pública dos serviços de posteriormente se desenvolveram na Europa Oci-
atenção às pessoas; o modelo de atenção centra- dental e no Canadá, que contam com fortes siste-
do na enfermidade, nos casos agudos e com ên- mas públicos com acessibilidade universal.
fase na atenção hospitalar; as debilidades na co- É importante distinguir as racionalidades pre-
ordenação pela autoridade sanitária; insuficiên- dominantes nas propostas de integração presen-
cia e má distribuição dos recursos disponíveis e tes nos países europeus e no Canadá – que, em-
culturas organizacionais contrárias à integração2. bora com variações, enfatizam universalização
Na América Latina, de acordo com Conill e do acesso, equidade e integração como princí-
Fausto3, a segmentação e a fragmentação têm pios, e regionalização e hierarquização como es-
como causa importante a concepção seletiva para tratégias – daquelas do sistema de saúde dos Es-
o acesso aos serviços, que acarreta importantes tados Unidos da América. Neste país, as motiva-
lacunas na assistência e falta de garantia na con- ções têm relação com a necessidade de dar res-
tinuidade do cuidado. Eles destacam que em postas a um sistema altamente competitivo, frag-
muitos países do continente latino-americano a mentado e custoso, que utilizou estratégias de
focalização da atenção primária à saúde (APS), regionalização associadas à transferência de ris-
restrita à população de baixa renda e constituída cos financeiros e adoção de fortes mecanismos
de um pacote básico de serviços, e a não garantia de controle do acesso aos serviços.
de acesso aos níveis de maior complexidade são Deve-se lembrar que “redes” como alternati-
fatores importantes. va para o planejamento de políticas tornaram-se
Reformas que substituem a concepção seleti- um fenômeno mais presente com a globalização
va no acesso por sistemas nacionais de saúde com econômica, que alterou os processos produti-
acessibilidade universal representam uma condi- vos, associando-se à maior flexibilização, inte-
ção que oferece condições mais favoráveis para a gração e interdependência entre organizações, e
organização de redes assistenciais integradas. Per- também que as transformações recentes do Es-
domo, apud Silva4, aponta as seguintes condições tado impõem modelos de gestão que implicam
para a consolidação de sistemas universais de saú- parcerias entre entes estatais e organizações so-
de: (1) gasto público superior a 6% do PIB, como ciais e empresariais7. Castells8 de certa forma ra-
condição necessária, mas não suficiente; (2) eficiên- dicaliza ao afirmar que toda sociedade atual se
cia dos gastos e das instituições componentes; (3) organiza em redes. Destaca que as modificações
participação da população na gestão dos servi- nas tecnologias de informação e comunicação no
ços; (4) aliança público-privada subordinada às contexto de reestruturação do capitalismo nas
necessidades do sistema nacional de saúde; e (5) últimas décadas levaram à constituição de uma
sistemas baseados na atenção primária à saúde. intrincada rede de relações, não apenas as de na-
Na maioria dos países do continente latino- tureza política ou social, mas também biológica,
americano, a maior relevância dada ao mercado econômica e tecnológica.
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No Brasil, a construção do Sistema Único de relações de interdependência entre os atores envol-
Saúde reduziu a segmentação na saúde ao unir vidos18. Dificuldades inerentes ao processo de re-
os serviços de União, estados, municípios e os da gionalização e formação de redes no atual con-
assistência médica previdenciária do antigo texto do sistema de saúde brasileiro com refle-
Inamps. A consolidação do SUS na Constituição xões sobre os desafios a serem superados consti-
Federal de 1988, além de estabelecer a universali- tuem o foco deste trabalho.
zação do acesso, promoveu a descentralização/
regionalização e integração com formação de re-
des assistenciais como diretrizes fundamentais. Importância, benefícios para os usuários
Sobre isso, destaca Silva9: é importante lembrar e modelagem de redes regionalizadas
que o SUS deve se organizar em redes, conforme e integradas de atenção à saúde
determina a Constituição e, portanto, esse tema
esteve presente, de forma explícita ou implícita, na As redes regionalizadas e integradas de atenção à
agenda da reforma sanitária desde o seu início. O saúde oferecem condição estruturalmente mais
processo de descentralização com ênfase na mu- adequada para efetivação da integralidade da aten-
nicipalização na década de 1990 tem sido objeto ção e reduzem os custos dos serviços por impri-
de avaliação de diversos autores. Nesses estu- mir uma maior racionalidade sistêmica na utili-
dos10-13, identificam-se a ampliação do acesso aos zação dos recursos.
serviços, a inovação na gestão e o aumento da Mattos19 e Magalhães Jr.20 destacam três as-
participação da população como os principais pectos que consideram relevantes. O primeiro é o
resultados favoráveis da municipalização. da integralidade no seu sentido vertical, que pres-
A implementação do SUS contribuiu pouco, supõe a busca das necessidades dos usuários a
no entanto, para a integração da saúde nas regi- partir de um olhar integral, ampliado, procuran-
ões que agregam diversos municípios, possivel- do captar holisticamente o que pode beneficiar
mente pela pouca ênfase dada à regionalização. sua saúde nos seus contatos com os diferentes
A publicação, em 2001, da Norma Operacional pontos do sistema. O segundo é o da integralida-
da Assistência à Saúde (NOAS/2001)14 teve como de horizontal, no qual se evidencia que as respos-
um dos seus principais objetivos suprir essa la- tas às necessidades dos usuários geralmente não
cuna, dando proeminência à necessidade de for- são obtidas a partir de um primeiro ou único
mação de redes integradas. A NOAS teve muitas contato com o sistema de saúde, havendo neces-
dificuldades de implementação e isso se deveu, sidade de contatos sequenciais, com diferentes
segundo alguns autores, à proposição de regras serviços e unidades, e monitorização do trajeto de
rígidas, excessivamente parametrizadas, na re- uns aos outros. O terceiro diz respeito à interação
organização dos serviços regionais, que se mos- entre políticas públicas e, portanto, à intersetori-
trou incoerente com as condições existentes15 e à alidade. Ou seja, as redes de atenção à saúde não
não consolidação de uma governança regional e devem ser restritas ao setor saúde, devendo in-
intermunicipal, fator indispensável para a arti- cluir políticas de outros setores relacionados às
culação da interdependência entre municípios e determinantes do processo saúde-doença.
destes com o governo estadual7. Esses diferentes sentidos, que se somam para
A regionalização retornou com mais força à uma definição mais completa do significado de
agenda do SUS com a publicação do Pacto pela integralidade em saúde, tornam-se ainda mais
Saúde, em 2006. Aprovado e regulamentado pe- relevantes quando se considera o progressivo
las portarias ministeriais no 399 e 69916,17, o Pacto crescimento das doenças crônicas em decorrên-
se propõe a substituir o formato rígido da NOAS cia do envelhecimento da população mundial e
por pactuação mais flexível, que resulte em cons- de mudanças no estilo de vida contemporâneo.
trução de arranjos que contribuam para a regio- De acordo com a Organização Mundial da Saú-
nalização e o aperfeiçoamento de redes. O Mi- de, essas enfermidades ultrapassam 60% e deve-
nistério da Saúde, nesse contexto, divulgou do- rão atingir 80% da carga total de doenças nos
cumento18 em que ressaltou a importância da países em desenvolvimento em 202021. As transi-
organização de redes regionalizadas de atenção à ções epidemiológica e demográfica nesses países
saúde no SUS, definindo-as como estruturas in- são acompanhadas de aumento de incidência de
tegradas de provisão de ações e serviços de saúde, doenças como hipertensão, diabetes, cânceres e
institucionalizadas pela política pública em um depressão, com coexistência de enfermidades in-
determinado espaço regional a partir do trabalho fectocontagiosas em índices elevados, outras de-
coletivamente planejado e do aprofundamento das nominadas emergentes e reemergentes como
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HIV/Aids, hanseníase, tuberculose, novas viroses lagem para articular esses níveis não deve ser na
respiratórias etc., além de expressivo aumento de forma piramidal, que habitualmente situa os ser-
causas decorrentes da violência. Esse perfil noso- viços de APS na base da pirâmide e os demais,
lógico, caracterizado por uma tripla carga de em complexidade crescente, da base para o topo.
doenças – crônicas, infecciosas e da violência –, Os serviços de saúde interagem entre si em dife-
exige diferentes respostas dos sistemas de saúde. rentes fluxos, em uma relação horizontalizada
Para atender a essas necessidades, os serviços pre- com elevado grau de interdependência, de forma
cisam estabelecer vínculos mais estáveis e dura- tal que os clássicos instrumentos de referência e
douros com os usuários e instituir mecanismos contrarreferência entre níveis de atenção em um
que assegurem longitudinalidade, através de li- modelo piramidal não se mostram adequados.
nhas de cuidado que abranjam prevenção e pro- Um princípio importante a ser adotado é o do
moção e orientem os usuários no seu caminhar sistema em redes usuário-centrado, no qual de-
nas redes de atenção à saúde. vem estar instituídas linhas de cuidado levando
Quanto à otimização dos recursos, as redes em conta a singularidade de suas demandas e
de atenção à saúde têm sido consideradas um necessidades.
importante fator de racionalização de gastos e Os principais componentes das redes inte-
melhor aproveitamento da oferta assistencial dis- gradas e regionalizadas de atenção à saúde são:
ponível. Em sistemas com essa organização, os (1) os espaços territoriais e suas respectivas po-
recursos podem ser mais bem aproveitados des- pulações com necessidades e demandas por ações
de que sejam aperfeiçoados os mecanismos de e serviços de saúde; (2) os serviços de saúde “ ou
incorporação tecnológica e de acesso dos usuári- pontos da rede “ devidamente caracterizados
os aos diferentes serviços, e de obtenção de eco- quanto a suas funções e objetivos; (3) a logística
nomias de escala e escopo na composição e or- que orienta e controla o acesso e o fluxo dos usuá-
ganização deles. rios; e (4) o sistema de governança.
Economia de escala é obtida quando o custo Embora as redes não precisem necessaria-
médio dos procedimentos diminui pelo bom mente de territórios definidos, isso representa
aproveitamento da capacidade instalada, com uma evidente vantagem. Essa condição favorece
distribuição dos custos fixos para o maior nú- uma definição mais clara das responsabilidades
mero possível de procedimentos, eliminando oci- que cabem a cada serviço situado no território e
osidades e desperdícios. Economia de escopo se também melhor articulação intersetorial para
obtém ampliando a gama de serviços oferecidos intervenção em determinantes de saúde através
pela unidade assistencial, com isso reduzindo de integração com outras políticas públicas. Tem
também os custos fixos pelo fato de eles se dilu- sido uma condição considerada imprescindível
írem em tipos diferentes de procedimentos como quando se pretendem cooperação e solidarieda-
ocorre, por exemplo, com unidades de APS de de entre os atores e organizações de saúde da
maior porte, que agregam alguns serviços am- região para o atendimento das demandas e ne-
bulatoriais especializados e de diagnose-terapia. cessidades em saúde de uma dada população.
No entanto, deve-se levar em conta o acesso mais Além disso, oferece melhores condições para cons-
facilitado das pessoas ao procedimento assisten- trução de vínculos e corresponsabilização entre
cial, buscando um equilíbrio deste com escala/ profissionais e usuários para melhoria das con-
escopo, já que o acesso, assim como a eficiência dições de saúde2,6,23.
econômica, é também um componente impres- No trinômio espaço territorial/população/
cindível da qualidade em saúde. serviços de saúde, deve-se enfatizar a importân-
Estudos que atestem a efetividade e a racio- cia primordial da atenção primária à saúde (APS)
nalização de gastos em sistemas integrados em como coordenadora do cuidado e ordenadora
redes são mais facilmente encontrados quando do acesso dos usuários para os demais pontos
se trata de aferir os benefícios dos cuidados para de atenção. O papel-chave da APS para o ade-
situações específicas como na atenção à Aids, nas quado funcionamento das redes de atenção à
redes de saúde mental e atenção hospitalar, entre saúde tem sido enfatizado por numerosos auto-
outras, tal como apontam Hartz e Contandrio- res3,24-27, e seu fortalecimento depende de um con-
poulos22. Esses autores destacam que ainda per- junto de condições entre as quais se destacam:
sistem lacunas na avaliação do desempenho dos (1) disponibilidade de médicos generalistas com
sistemas de saúde em seu conjunto. boa formação para cuidar da saúde da comuni-
Outro aspecto importante é a relação entre dade, com utilização das melhores evidências cien-
os níveis de atenção da rede assistencial. A mode- tíficas na terapêutica dos problemas mais pre-
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valentes; (2) ações de saúde abrangentes e articu- nação, gerenciamento e financiamento da saúde
ladas, que contemplem vigilância, prevenção de na região e visa construir propostas que moti-
enfermidades e promoção de saúde; (3) gerenci- vem os participantes para a integração e trans-
amento do cuidado visando garantir sua conti- parência na gestão e execução das ações de saú-
nuidade, através da regulação do acesso e inte- de, possibilitando o controle da sociedade sobre
gração com os demais níveis de atenção; (4) es- os processos17. Financiamento em volume mini-
copo assistencial amplo, se necessário incluindo mamente suficiente é uma das condições neces-
outras especialidades médicas para que atuem sárias para uma boa governança, mas as redes
de forma articulada com os médicos generalistas de atenção à saúde exigem também um adequa-
nas situações de maior prevalência, tais como do sistema de incentivos para que os prestadores
cardiologia, ortopedia, entre outras; e (5) inte- de serviço se motivem a aderir aos objetivos es-
gração matricial com os especialistas23. tabelecidos para o trabalho em rede.
Os demais serviços que compõem as redes
regionalizadas e integradas de atenção à saúde
têm como objetivos suprir as necessidades de Desafios para a consolidação
oferta ambulatorial especializada, hospitalar, de das redes regionalizadas e integradas
suporte diagnóstico, de assistência farmacêutica de atenção à saúde no SUS
e de transporte. A distribuição desses pontos nas
regiões de saúde deve atender critérios de econo- O baixo financiamento do SUS - em torno de
mias de escala, escopo e acessibilidade. 3,5% do PIB - é uma das principais dificuldades
A logística para orientar o acesso e o fluxo para que as redes contem com recursos suficien-
dos usuários nas malhas das redes pressupõe tes para atender às necessidades assistenciais. O
meios de identificação individual das pessoas, gasto nacional total em saúde no Brasil tem se
melhor conhecimento das famílias e das condi- mantido em torno de 8% do PIB, e o setor públi-
ções clínicas dos usuários e cadastramento dos co participa com menos de 50% deste valor. Ou-
profissionais e prestadores de serviço. Além dis- tros desafios, tais como a relação entre as esferas
so, define as normas para regular o acesso e o de governo e suas atribuições no contexto da
fluxo dos usuários, com destaque para a utiliza- descentralização da saúde, a gestão intergover-
ção de protocolos técnico-assistenciais. namental nas regiões e a integração em um mo-
A implementação de linhas de cuidado para delo assistencial no qual a APS tenha centralida-
as doenças mais prevalentes e de projetos tera- de, serão abordados a seguir.
pêuticos que atendam necessidades mais singula-
res da população da área são indispensáveis para Suficiência de recursos assistenciais
a qualificação do cuidado. As “linhas de cuidado”
são estratégias habitualmente utilizadas para or- Apesar de a cobertura assistencial no SUS,
ganizar a atenção de enfermidades crônicas, e são especialmente na área ambulatorial, ter aumen-
basicamente as normas que orientam os usuári- tado nestas duas últimas décadas, a oferta de re-
os sobre os caminhos preferenciais que devem cursos ainda é insuficiente para atender às neces-
percorrer e condutas a serem adotadas para te- sidades da população. A expansão se deu quase
rem suas necessidades adequadamente atendidas. exclusivamente pelos municípios, induzidos pelo
Normalmente se aplicam a doenças como diabe- governo federal por transferências de recursos
tes, asma, dor lombar, transtorno depressivo, entre financeiros através de incentivos para implantar
outras. “Projetos terapêuticos singulares” também serviços e programas, e existem indícios de que
utilizam linhas de cuidado, mas são mais específi- há um esgotamento nessa forma de expansão.
cos e visam planejar e monitorar a atenção indivi- O crescimento na oferta assistencial ambula-
dual de pessoas portadoras de doenças ou condi- torial foi expressivo. Segundo dados do Cadas-
ções graves, tais como crianças prematuras, trans- tro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
plantados, portadores de lesões de medula espi- (CNES), as unidades de saúde passaram de
nhal, Aids, por exemplo. 16.319, em 1992, para cerca de 40.000, em 2008, e
Finalmente, os sistemas de governança com- a produção de serviços ambulatoriais, segundo
preendem o conjunto dos arranjos institucionais o SIA/SUS, de 1.250.612.021 procedimentos em
necessários para a cooperação das instituições, 1996 para 2.404.857.167 em 2006, o que corres-
organizações e atores sociais e políticos que par- ponde a um aumento de 92% no período. O nú-
ticipam das redes de atenção à saúde. A gover- mero de agentes comunitários de saúde (ACS),
nança regional abrange as atividades de coorde- 29.000 em 1994, supera 235.000 em 2010, e as
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equipes de Saúde da Família, 300 em 1994, ultra- área de recursos humanos como um dos pontos
passam 35.000 em 2010. de estrangulamento do SUS. Afirmava o autor:
Apesar de, evidentemente, positiva para am- A inserção de novos profissionais de saúde no SUS,
pliar o acesso, a expansão de cobertura não tem mesmo tendo sido crescente nas duas últimas déca-
se mostrado suficiente para atender na plenitude das, tem sido ultimamente constrangida por fato-
às necessidades assistenciais dos usuários do SUS. res conjunturais e estruturais que poderão ter for-
Para ilustrar, o número de consultas médicas por te repercussão negativa na agenda futura do SUS29.
usuário do sistema público situa-se em 2,5 por Para enfrentar tal desafio, esse autor propunha,
ano, enquanto nos países da Organização para a na época, que se regulamentasse uma legislação
Cooperação Econômica Europeia (OECD), com compatível com o contexto da descentralização
sistemas universais, varia de 5 a 928. da saúde e que os municípios fossem apoiados
Os indícios de esgotamento dessa forma de solidariamente pelos outros níveis de governo.
expansão se expressam no crescimento dos gas- Em 2007, Silva e Silva30, analisando os desa-
tos municipais - já que os incentivos cobrem ape- fios da gestão municipal para a sustentabilidade
nas parte dos custos de implantação - e em res- da expansão dos serviços do SUS, apontaram
trições legais para contratação de pessoas. Os para a necessidade de revisão do pacto federati-
gastos municipais em saúde, que já vinham cres- vo, redefinindo as responsabilidades e atribui-
cendo na década de 1990 e segundo o Instituto ções entre os entes federados, e propuseram a
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o realização de uma reforma tributária que ajus-
Banco Central representavam 0,62% do PIB em tasse os tributos às responsabilidades assumi-
2000, continuaram a subir nesta última década, das e a revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal
atingindo 1,07% em 2007. Os empregos públicos para a saúde. Consideraram também que a cria-
em saúde, principal componente de gastos de ção de um fundo especial tripartite para contra-
funcionamento dos novos serviços, que em 1980, tação de trabalhadores para o SUS seria uma al-
segundo o IBGE, eram 43.086, perfaziam 997.137 ternativa a ser considerada, pois poderia con-
em 2005, o que corresponde a um aumento su- substanciar operacionalmente a necessária soli-
perior a 2.000% nesse período. dariedade entre as esferas de governo na estrutu-
A maioria dos municípios compromete em ração da força de trabalho no SUS.
torno de 20% do orçamento municipal com saú- De acordo com Arretche31, é natural que os
de - lembrando que a Constituição estabelece 15% governos centrais procurem induzir as esferas
como limite mínimo - e muitos atingiram os li- subnacionais a implementar as políticas neces-
mites de gastos com pessoal impostos pela Lei de sárias para a consolidação de um sistema de saú-
Responsabilidade Fiscal (LRF). Um dos efeitos de forte e extensivo a todo o território nacional.
colaterais dessa situação é a contratação de pro- Acha necessário, no entanto, que seja preservado
fissionais de saúde através de parcerias com insti- um grau razoável de autonomia dos governos
tuições privadas para driblar a LRF, mas que dei- subnacionais para que eles adaptem o modelo
xam os gestores municipais em situação de fragi- de saúde às peculiaridades regionais e locais. Para
lidade perante o Ministério Público do Trabalho garantir a unidade do conjunto das políticas e o
pela dubiedade da legislação nesse aspecto. Outro uso adequado dos recursos transferidos, meca-
é a precarização nas formas de contratação, com nismos de regulação devem ser instituídos. O tri-
prejuízos aos direitos dos trabalhadores, o que nômio indução, autonomia e regulação deve ter
contribui para aumentar a rotatividade. um equilíbrio para que as relações entre os entes
federados seja harmônica. O excesso de indução
Equilíbrio entre indução, autonomia da década de 1990, especialmente após a vigência
e regulação entre as esferas de governo da NOB SUS 01/9632, sem considerar os reflexos
no processo de descentralização de longo prazo, foi um dos fatores importantes
da expansão não sustentada dos recursos assis-
A indução federal para os municípios assu- tenciais do SUS23,29.
mirem responsabilidades crescentes na assistên-
cia à saúde desconsiderando restrições do pacto Planejamento e gestão intergovernamental
federativo brasileiro, especialmente após a déca- nas regiões de saúde
da de 1990, tem sido motivo de preocupação dos
gestores municipais há algum tempo, especial- O Pacto pela Saúde tem a integração regional
mente pelo impacto na folha de pagamento. No como um de seus principais objetivos. Estudos
início dessa década, em 2001, Silva29 apontava a que avaliam sua implementação têm mostrado
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que nos aspectos formais – tais como rever e ade- A oferta de médicos é insuficiente nas regiões
quar os marcos geográficos da regionalização, mais afastadas e inclusive nos grandes centros,
constituir os colegiados regionais previstos, pro- para a APS e também para outras especialidades.
gramar oferta de serviços etc. – ocorreram avan- Além disso, no Brasil é baixa a proporção de
ços. Mudanças mais substantivas que promoves- médicos generalistas entre os profissionais em
sem integração regional decorrentes de pactua- atividade. Na Espanha, por exemplo, correspon-
ções entre gestores induzidas pelo Pacto pela Saú- dem a 37% do total de médicos em atividade, na
de, no entanto, foram pouco observadas33. Bélgica a 46%, na França a 54% e no Reino Unido
Entre os motivos, pode-se destacar a desarti- a 60% (Giovanella apud Silva23). No ano de 2007,
culação no planejamento nas regiões de saúde. o Brasil contava com 243.302 médicos atuantes.
Os Colegiados de Gestão Regional (CGR), segun- Deste total, 18.669 trabalhavam na saúde da fa-
do o Pacto pela Saúde, têm a responsabilidade de mília, e mesmo entre esses apenas uma pequena
elaborar diagnósticos e propor e implementar parte tem a formação de generalista23.
planos de intervenção visando qualificar o cuida- Outro desafio considerável é romper com ca-
do e integrar serviços nas regiões de saúde. Nos racterísticas hegemônicas do modelo de saúde,
estados em que os CGR têm se empoderado, ou centrado em procedimentos, e organizar a produ-
seja, em que há um processo de legitimação e ins- ção do cuidado a partir das necessidades do usuá-
titucionalização dessas arenas políticas, a condi- rio, instituindo um modelo usuário-centrado,
ção para mudanças fica mais favorável. Para que conforme enfatizado por diversos autores36-38.
isso aconteça, um dos fatores importantes é a in- Identificam-se diversos movimentos nessa
corporação da agenda da regionalização do Pac- direção. Um deles está sendo implementado no
to pela Saúde pelas secretarias estaduais de saúde. Brasil na perspectiva de aperfeiçoamento de ges-
Essa, no entanto, não é uma condição pre- tão da clínica em redes de atenção à saúde e hos-
sente na maioria dos estados da federação, e isso pitais do SUS39,40. Movimentos nesse sentido ti-
se explica pela fragilidade institucional na imple- veram origem ao final de década de 1990 na Grã-
mentação do Pacto pela Saúde, pois a adesão a Bretanha, quando o National Health Service
ele em seus aspectos substantivos e não mera- (NHS), com a denominação de governança clí-
mente formais depende da vontade política dos nica, propôs uma serie de medidas que basica-
governantes. Para superar esses desafios, Santos mente procuravam garantir a qualidade dos ser-
e Andrade34,35 propõem a constituição da “rede viços por utilização de padrões nacionais, traba-
interfederativa de saúde”. Essa proposta fortale- lhos colaborativos entre os diferentes serviços e
ceria os vínculos entre os entes públicos envolvi- autoridades envolvidas e aumento da confiança
dos através de contratos que definiriam melhor dos usuários no NHS. Em 1998, Scally e Donald-
as responsabilidades, reforçando a instituciona- son23 definiram governança clínica como uma
lidade no planejamento regional. Seja através de proposta na qual as organizações de saúde pro-
contratos ou de outros instrumentos legais, o curavam melhorar continuamente os seus servi-
fato é que a consolidação da regionalização da ços e manter elevados padrões de cuidado, sem
saúde no SUS depende da potencialização de es- contrariar, no dizer de Mintzberg41, sua condi-
forços das três esferas de governo, e isso só ocor- ção de organizações profissionais, que segundo
rerá em um país federativo de dimensões conti- esse autor têm como essência depender basica-
nentais como o Brasil com o fortalecimento dos mente de seus operadores. Em outras palavras,
mecanismos político-institucionais em vigor. pode-se compreender a gestão da clínica como
uma ponte entre os operadores do cuidado à
Integração entre os serviços saúde e os gestores na busca de consensos para
com centralidade na APS qualificar a atenção ao usuário.
No SUS, a operacionalização das propostas
A grande rotatividade e a pouca disponibili- de gestão da clínica nas redes de atenção à saúde
dade de profissionais para as demandas da APS, tem sido enfatizada por alguns autores. Mendes6
com destaque para o médico, constituem duas propõe “trilhas para uma atenção à saúde efetiva
dificuldades importantes. De acordo com dados e de qualidade”, com utilização de tecnologias de
de pesquisa nacional sobre precarização e quali- gestão da clínica orientadas por diretrizes clíni-
dade do emprego no PSF, realizada pelo Nescon/ cas que se desdobrariam em gestão da condição
FM/UFMG em 2006, 60% dos médicos de Saúde de saúde, gestão de caso, auditoria clínica e lista
da Família, por exemplo, ficam menos de dois de espera, gestão de patologias e adoção de
anos no posto de trabalho. protocolos clínicos e linhas-guia, entre outras.
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Campos38 tem divulgado a proposta de “co- cessárias para avançar na integração dependem
gestão da clínica”, que procura compartilhar as do momento histórico e dos marcos político,
responsabilidades entre paciente/usuário, gestor/ econômico e técnico que delimitam a organiza-
organização e clínico/equipe visando obter condi- ção dos sistemas de saúde; portanto, a investiga-
ções mais favoráveis para a efetivação da clínica ção sobre a integração em saúde deve considerar
ampliada. Esta tem como fundamentos a valori- os elementos contextuais presentes em cada país.
zação dos aspectos sociais e subjetivos, sendo mais Os obstáculos estruturais e conjunturais que
adequada para enfrentar as singularidades pre- dificultam a efetivação plena dos princípios da
sentes no trabalho em saúde. Nessa proposta, é reforma sanitária brasileira, tais como o baixo
dada ênfase à participação do paciente como su- financiamento público, as contradições entre as
jeito do processo de cuidado à saúde e à utilização políticas de formação e educação em saúde e as
de estratégias para incorporar os conceitos de ges- necessidades do sistema público e os problemas
tão da clínica nas organizações de saúde, tais como: não resolvidos de gestão e regulação públicas na
atuação multiprofissional em visitas clínicas; cria- saúde, constituem desafios importantes que de-
ção de equipes de referência para um conjunto de vem ser considerados na avaliação da integração
pacientes; elaboração de projetos terapêuticos sin- da saúde no SUS.
gulares para casos e situações mais complexas; e Além destes, dificuldades mais específicas
adoção de formas interativas para suporte especi- como as inerentes à institucionalidade para o pla-
alizado, através de equipes matriciais42. nejamento e gestão intergovernamental nas re-
giões de saúde e à gestão da produção do cuida-
do, com implementação de modelos de gestão e
Considerações finais de atenção à saúde que deem centralidade à APS
tanto para coordenar o cuidado quanto para or-
A integração da saúde, com constituição de redes denar as redes de atenção, são desafios também
regionalizadas e integradas de atenção, é condi- presentes no contexto do SUS. Propostas de in-
ção indispensável para a qualificação e a conti- tegração e constituição de redes de atenção à saú-
nuidade do cuidado à saúde e tem grande im- de no SUS terão chances reduzidas de avanço se
portância na superação de lacunas assistenciais e utilizarem modelos prescritivos sem considerar
racionalização e otimização dos recursos assis- esses elementos contextuais e as estratégias ne-
tenciais disponíveis. Condições e estratégias ne- cessárias para que as mudanças aconteçam.
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Ciência & Saúde Coletiva, 16(6):2753-2762, 2011


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Artigo apresentado em 18/08/2010


Aprovado em 26/10/2010
Versão final apresentada em 16/12/2010

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