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ok METODOLOGIA DA CU@NCHe | Apresentagao Imaginem uma situacSo corriqueira de orientacdo de pesquisa: uma sala com trinta alunos reunidos, os quais realizam 15 pesquisas com os mais diversos temas e com diferentes abordagens dentro de uma area de conhecimento. Varios alunos falam ao mesmo tempo, com a vitalicdacde dos jovens - “o que € pesquisa’ ‘como eu devo fazer o projeto?"; “professor, este livro é cientifico?"; “onde encontro bibliografia que fale de fanatismo no futebol?”; “come eu faco esta Citagdo?"; “mas este problema de pesquisa nao é muito simples?”; “quan- tas paginas 0 projeto tem que ter”; “professor, € 0 cronograma, como cu faco?*; “com que letra eu escrevo?”; “eu devo usar normas da ABNT, mas 0 arti- go que li tem as referéncias escritas de outro jeito!”; “professor, eu quero usar entrevista,", “mas, Maria, vocé ainda nao definiu o problema de pesquis Além disso, na maioria das vezes, sio alunos que estudam a noite € tra- balham durante o dia. O orientador leva pilhas e pilhas de livros e artigos sobre metodologia cientifica para encontrar respostas para todas as questdes Ha um problema adicional; nao sic todos os livros que podem ser encontra- dos na biblioteca e, se o forem, nao ha um numero suficiente de exemplares para todos. E nao se pode pedir aos alunos que comprem todas as obras, pois nao tém poder aquisitivo para tal. Entao, o orientador carrega a montanha de livros, que acabam sendo emprestados aos alunos, pois, em virtude da prote- Go aos direitos autorais, ndo se pode tirar cépias reprograficas. Assim, o que geralmente ocorre é que, ao final do semestre, o acervo do professor dimi- nuiu pela metade. Bem, © leitor, se me fiz claro, pode ter uma ideia da situacdo complexa que € orientar um grupo de alunos na elaboragio de suas pesquisas e das viii METODOLOGIA Da crENCIA varias outras atividades académicas que o orientador tem, além das orienta- cdes, internet, nas madrugadas, sAbados ¢ domingos. E - mais um agra- vante — 0 tempo é limitado para que o trabalho esteja pronto e, por fim, seja avaliado por uma banca piblica com trés professores - situagio que faz com que © orientador se sinta um verdadeiro malabarista do Cirque du Soleil. Fi uma questio: 0 orientador deve favorecer a construgio de um pensa- mento, uma obra de autoria dos alunos, ou pode ajudar a apagar pequenos incéndios nas rias decisoes que fazem parte da trajetria de uma pescquisa? E nesse ponto que este livro chega como um alento. Uma obra que, sem descuidar dos aspectos epistemoldgicos, além de uma postura critica, nos da de forma sintética e objetiva pistas claras que, com certeza, auxiliario o pes- quisador iniciante nas centenas de decisées que teri de tomar para res ¢ um trabalho com qualidade, Mais que isso, permite que o pesquisador va encontrando trilhas para um aprofundamento em cada aspecto da pesquisa com a farta bibliografia que oferece. E um trabalho corajoso, de folego, e muito bem-vindo para ajudar o professor orientador nas situagdes concretas como as descritas. Enfim, trata-se de uma obra de grande valor que, com certeza, estimula- 1 Muitos pesquisadores a sentirem prazer com a atividade de pesquisar, pois 0 texto é claro, didiitico, bem escrito, obj Com certeza, seri de grande auxilio para professores de metodologia cientifica, pesquisadores, orientadores de pesquisas em iniciacdo cientifica, trabalhos de conclusao de curso ¢ de pés-graduagao, ivo e con Creio ser um trabalho que se tornara uma referéncia. Quando estiver no olho do furacao, como as situagdes vividas que descrevi, poderei, enfim, res- ponder ao aluno; “Va ao ‘Appolinario’ que vocé encontraré respostas”. Prof. Dr. Ricardo Franklin Ferreira Docente do programa de mestrido em Psicologia da Unive: sidade Sao Marcos Coordenador do curso de graduacao em Psicologia da Universidade S40 Marcos Xl Parte | — Aspectos Gerais da Filosofia da Ciéncia Capitulo I — Ciéncia: Uma Visdo Geral 2.0.00... ee eee Capitulo 2 - Evolucdo das Ideias Cientificas: Dos Gregos AO POSILIVISMO ....... eccentric Capitulo 3 — Os Grandes Debates da Ciéncia Contemporinea .............-...29 Parte Il - A Pratica da Pesquisa Capitulo 4 — © Sistema de Producao Cientifica ...... Capitulo 5 - As Dimensdes da Pesquisa... eect eee ee ceetee eee OD Capitulo @ — As Etapas do Trabalho Cientifice Capitulo 7 — As Partes de um Trabalho Cientifico.....0....cccccceceeeeeeee Capitulo 8 — O Discurso Cientifico eee IS X METODOLOGIA DA CIENCIA Capitulo 9 — Variaveis ¢ Niveis de Mensuracao..... .107 Capitulo 10 — Delineamentos de Pesquisa .................:ces cece seeeceeeseeee LDF Capitulo Ul — AmOstra gen .....fececscessessnssecsesorenstenvassessavesencenseens 129 Capitulo 12 — Coleta ¢ Tabulacio de Dados Quantitativos ..... 137 Capitulo 13 - Introducao a Andlise Quantitativa de Dados ......0.0.0c0 149 Capitulo 14 — Introducao 4 Andlise Qualitativa de Dados ............0..00......163 Capitulo 15 — Juntando Tudo: Um Exemplo Pratico de Pesquisa ............173 Referéncias .. ApGndice A — Websites de Busca Cientifica 020 eee OF Apéndice B — Modelos Diversos .........0: Apéndice C - Referéncias Padrao ABNT........... Apéndice D — Referéncias Padrao Vancouver «0.0.0... cece eceee ee 21S Prefdcio Apos muitos anos lecionando disciplinas relacionadas 4 metodologia cientifica, pude constatar uma verdade bisica: se os alunos nao compreenderem e expe- rimentarem © prazer da producio cientifica, essa drea particular do conheci- mento tem enorme potencial para se tornar um tormento insuportavel. Acredito que uma parte importante do problema esteja relacionada a duas questdes basi- cas: primeira, a falta de aplicabilidade dos contetidos da disciplina em projetos que sejam interessantes para os alunos e, segunda, a desorganizacao dos mate- tiais diddticos disponiveis para 0 aprendizado — fato que reflete a prépria diver- sidade nas formas de produgio do conhecimento cientifico. Uma das razées que me levaram a escrever uma obra como a que 0 lei- tor tem em mos foi tentar suprir - na medida do meu entendimento — essa segunda necessidade. E fruto de muitas experiéncias em salas de aula, incluin- do-se af a sequéncia em que a matéria deve ser desenvolvida, a: provimento de exemplos que realmente ajudem os alunos a compreender mais rapidamente o que o professor esta tentando lhes indicar. A obra esta dividida em duas partes independentes e complementares. Na primeira parte, dedico trés capitulos ao exame dos conceitos de ciéncia conhecimento cientifico, tal como foram desenvolvidos historicamente = dando especial atengdo aos movimentos da filosofia da ciéncia, notadamente no que se refere as discussGes contemporineas no seio das ciéncias humanas sociais. A segunda parte é essencialmente voltada para as quest6es priticas da producao do conhecimento cientifico: pode-se comeg¢ar a trabalhar com o livro a partir desse ponto, se assim © leitor desejar. Os Capitulos 4 e 5 foram eseri- tos com o intuito de levar o estudante a compreender melhor o mundo da im como oO aii METOMOLOGIA Da CIENCIA ciéncia, scus personagens e€ tipos de producdes. O Capitulo 6 - provavelmen- te o mais importante da obra — apresenta a sequéncia de passos necessdria para a producio de pesquisas cientificas, servindo de indice para os assuntos que serio tratados em detalhes nos capitulos subsequentes. © Capitulo 7 apresenta ao leitor as diferentes partes de um trabalho de pes- quisa, concernentes 4s modalidades vistas nos capitulos anteriores. Em seguida, no Capitulo 8, discutem-se as particularidades do discurso cientifico, suas carac- teristicas, normatizagdes ¢ dificuldades. Os Capitulos 9, 10 ¢ 11 sic dedicados ao estudo das varidveis e seus niveis de mensuracao, os delineamentos possi- veis em pesquisas cientificas e as técnicas de amostragem, respectivamente Os Capitulos 12 € 13 sao dedicados 4 exploragio das questées referentes a coleta, tabulagio e andlise de dados quantitativos, contemplando-se inclus ve uma breve revisio acerca dos principais t6picos das estatisticas desc iva e inferencial utilizadas em pesquisas. Como contraponto, @ Capitulo 14 desen- volve algumas das principais ideias envolvidas na andlise qualitativa de dados, discutindo especificamente 0 uso das técnicas da andlise do contetido e oa método fenomenolégico Finalmente, no Capitulo 15, é apresentado um exemplo completo de pes- quisa, que serve como base e modelo aos diversos aspectas ledricos vistos em todos os capitulos anteriores. A obra traz ainda quatro apéndices contendo a ista dos principais sites de busca cientifica na internet, uma série de modelos de partes das pesquisas, inclusive e projetos de pesquisa, ¢ as normas atuali- zadas da ABNT (NBR 6.023) e Vancouver para elaboragio de referéncias. Para concluir, gostaria de frisar que este livro nao teria sido escrito s valiosa ajuda de muitas pessoas que gentilmente tiveram a paciéncia de ler e criticar os originais, sem o que a obra nao obteria o grau de confiabilidade desejado para o uso em sala de aula. Assim, desejo expressar meus sinceros agradecimentos aos professores Manuel José Nunes Pinto, Luiz Fernando Viti, Dirceu da Silva, Anténio Benedito Silva Oliveira e Lilian Domingues Graziano, pelas observagées, corregdes ¢ melhorias acrescentadas ao texto, AO mestre € amigo Ricardo Franklin Ferreira, um agradecimento especial pela carinhosa e inspirada apresentacao feita 4 obra. Finalmente, nao posso deixar de mencio- nar o apoio e a dedicacio de toda a equipe da Cengage Learning. A todos, meus sinceros agradecimentos ma O autor. Aspectos Gerais da Filosofia da Ciéncia Ciéncia: Uma VisGo Geral Assim como casas sao feitas de pedras, a ciéncia ¢ feita de fatos. Mas uma pilha de pedras nao é uma casa e uma colegio de fatos no é, necessariamente, ciéncia. Jules Henri Poincaré A ciéncia talvez seja o mais novo dos empreendimentos intelectuais huma- nos, se considerarmos que, em seu formato atual, surgia apenas no século XVIL Todavia, encontramo-nos hoje totalmente imersos em suas referéncias subprodutos (os artefatos tecnoldgicos), Compreender a ciéncia significa compreender um pouco do nosso mundo contemporings = incluindo ai sua subjetividade inerente. Muito embora a maioria de nés néio pretenda se transformar em um cien- tista propriamente dito, consideramos fundamental compreender minimamente como essa forma de conhecimento funciona ¢ como influencia nossa vida coti- diana, O objetive deste capitulo é buscar uma primeira aproximagio com 9 con- ceito e o universo da ciéncia, em s s diversas acepcdes, A Melhor Calga Jeans do Brasil Imagine a seguinte situacdo: voce deseja comprar uma calea jeans nova. Mas vocé decide utilizar um procedimento cientifico, ja que pretende alcangar | METODOLOGIA DA CTENCIA > resultado mais preciso ¢ correto possivel. Bem, para que isso se concreti- ze, primeiro precisaremos de dinheiro — algo em torno de R$ 350 mil sé para ~ comecar (toda pesquisa cientifica deve ter um orgamento). O primeiro passo sera descobrirmos, por meio de um levantamento de mercado, os modelos e fabricantes disponiveis, para que possamos efetuar comparagdes, Assim que soubermos quantos modelos vamos testar, podemos planejar as fases seguintes da nossa pesquisa. Digamos que concluimos, apés um levantamento que durou 30 dias, que hi 600 modelos diferentes de cal- cas, incluindo ai todas as variacdes de lavagens, tecidos, modelagens e fabri- ‘antes. O préximo passo sera adquirirmos, preferencialmente pelo menor prego possivel, um exemplar de cada modelo — nado nos esquecendo de ano- tar 0 preco e os dados bisicos dos fornecedores em uma planilha, para ana- lise futura. Teremos, entdio, de submeter essas 600 calgas a uma série de testes. Por exemplo: o teste do “caimenta”, Vamos convidar cinco especialistas em moda — trés estilistas e dois jornalistas especializados — para que possam avaliar esse que- sito, atribuindo-lhe uma nota de zero a dez, enquanto vocé desfila elegantemen- te em uma passarela, com cada um dos 600 modelos, é claro. Com uma média de 40 modelos por dia, essa etapa levard cerca de 15 dias para ser completada. Depois, passamos ao segundo teste: montamos um laboratéric com 60 méquinas de lavar ¢ 60 secadoras de roupa. Lavamos e secamos continuamen- te cada pega pelo menos 20 vezes. Analisamos dois itens nessa etap: de desbotamento da tintura (a cada lavagem) e a taxa de desagregacio pro- gressiva do tecido, quando analisado por meio de microscépios. Considerando um tempo (estimado) de uma hora para lavar, 40 minutos para secar ¢ uma hora e 20 minutos para analisar cada pega entre cada operagao de “lavagem- secagem-anilise”, teremos 300 horas de trabalho por peca. Como sao 60 mi- quinas realizando o servico simultaneamente, podemos considerar um total de trés mil horas de trabalho. Uma vez que no: laboratério conta com a co- laboragao de dezenas de diligentes assistentes de pesquisa, que tabalham 12 horas por dia, podemos estimar que essa fase levard uns 250 dias. Para encurtar 0 processo (ou entao gastaremos toda a nossa verba), con- comparando todas essas varidveis (prego, estilo, qua- jizando algumas técnicas especiais da estatistica ¢, a0 lidade do tecido) util CIENCIA: UMA VISAG GERAL 5 final de aproximadamente dez meses, chegamos 4 conclusio perfeitamente cientifica de que a melhor calga jeans do Brasil é a... Bem, nao vamos revelar essa informagao confidencial de altissimo valor comercial. Muito bem. A essa altura, vocé deve estar pensando: é invidvel tentar resol- ver todos os problemas por meio de procedimentos “cientificos”. No caso da nossa calga, talvez o melhor mesmo seja consultar aquela nossa amiga que ja tem opinido formada sobre o assunto e, entdo, baseando-nos em sua experién- cia, podemos concluir alguma coisa sobre o tema — s6 que de forma rapida e grat A esse segundo procedimento damos o nome de senso comum. O senso comum talvez. seja a primeira forma de conhecimento a ter surgi- do sobre a face da Terra, juntamente com o Homo sapiens, ha cerca de 40 mil anos. E essa forma de conhecer o mundo é extremamente importante: sem ela, nao poderiamos resolver os problemas mais banais do nosso dia a dia — como. © problema de descobrir a melhor calga jeans entre todas as que existem no mercado brasileiro. A todo instante precisamos tomar decisdes: a melhor marca de creme dental, a melhor combinagao de cores para a roupa que vamos usar em uma entrevista de emprego, o aparelho celular que devemos comprar (e também qual operadora de telefonia celular e plano de assinatura sic os melhores para nds) etc. Baseando-s eno ‘xemplo da calea, vocé ja imaginou se féssemos nos me- ter a utilizar procedimentas cientificos para cada decisao dessas? E 6bvio que nao podemos fazer isso, pois nao teriamos nem o tempo nem os recursos neces- Sdrios para tanto. E é precisamente por isso que © senso comum € muito valio- so: ele nos permite tomar centenas de decisSes diariamente, sem que tenha- mos de mover “céus e terra: Por outro lado, acreditamos ter se tornado perfeitamente Gbvio também que © conhecimento adquirido por meio de um “método cientifico” parece ser bem mais preciso que o obtido por meio do senso comum. No caso do nosso exem- plo, pode até ser que os dois processos conduzissem As mesmas conclusées (embora isso seja improvivel), porém o processo cientifico é muito mais digno de confianca Assim, podemos estabelecer as bases para uma primeira comparacdo en- te os dois processos: CIENCIA: UMA VISAO GERAL 7 Portanto, um método é um procedimento ou um Conjunto de passos que se deve realizar para atingir determinado objetivo. Nesse sentido, podemos encontrar 0 método na culindria (o método para produzir um delicioso pavé de chocolate esti especificado em sua receita), na arte (os diversos métodos para produzir uma escultura ou uma pintura também so bem-cefinidos) e até mesmo na reli- gido (ha métodos, por exemplo, para a realizacdo de ceriménias religiosas, ora- gdes etc). Como vemos, 0 método, como processo organizado, légico ¢ sistematico, esti presente em todos os Aimbitos da experiéncia humana. O método cientifi- co seria, portanto, apenas um caso particular dos diversos tipos de métodos e de algumas etapas bem-cefinidas, como: identificagdo de um fend- meno no universo que peca explicagio (observacdo); produgao de uma expli- cacao provisoria que desvende esse fendmeno (geraigdo de hipdteses), execugaa de um procedimento que possa testar essa explicagdo, para verificar se ela € ver- dadeira ou falsa (experimentacdo); analise ¢ conclusio, visando estabelecer se a hip6tese pode ser considerada verdadeira também em outros contextos, dife- rentes daquele do experimento original (generalizagdo), consisti Por exemplo: um pesquisador na drea de educagdo observa que seus alu- nos parecem obter melhor desempenho académico quando tém acesso ao mate- rial de estudo antes da aula (observagao). Dessa forma, ele supde que isso ocor- fa porque, ao ler o material com antecedéncia, os alunos assistem as aulas mai relaxados e podem fazer perguntas de melhor qualidade (geracdo de bipdteses O pesquisador decide, entio, testar essa suposicao da seguinte forma: distribui seus alunos em dois grupos. © primeiro teri acesso ao material antes da aula, ao passo que o segundo, nado. Ao longo de seis meses de aulas, o pesquisador aplica provas de conhecimentos para acompanhar o desenvolvimento da com- preensao dos alunos sobre o tema ensinado e observa o seu comportamento em sala de aula, o tipo de pergunta que fazem etc. (experimentagdo). Ao fi- nal de todo o processo, ele compara as notas dos alunos dos dois grupos e verifica que sua suposicao estava correta: “alunos que tém acesso ao material instrucional com antecedéncia apresentam desempenho académico superior, pois assistem as aulas mais relaxados e fazem perguntas de melhor qualida- de" (generalizacdo). Ja temos uma nogao do que é o método cientifico, mas e a ciéncia, 0 que seria? Diversos autores tém tentado defini-la e, nos pr6ximos capitulos da

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