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A AUTODETERMINAÇÃO DE GÊNERO E SUAS IMPLICAÇÕES

DOCUMENTAIS: O AVANÇO FACILITADOR DA ALTERAÇÃO DE NOME DE


REGISTRO DE PESSOAS TRANS - PROVIMENTO 73/18

JhessikaTomaz Pereira1

Resumo: Os fatores sociais e a discriminação tem classificados os transexuais


de maneira diversa da sua real concepção, com direitos iguais a todos que
vivem em sociedade. Com muito esforço, os direitos das pessoas trans estão
sendo reconhecidos. A autodeterminação de gênero das pessoas trans, é
marcada por uma trajetória de despatologização do transexualismos, aceitação
social e reconhecimento de direitos. Tal trajetória inclui a utilização do nome
social, em documentos institucionais e o direito de alteração do prenome e do
sexo no Registro Civil sem a necessidade de vias judiciais. No dia 28 de junho
de 2018 foi aprovado o Provimento 73/2018, que afirma a possibilidade de
pessoas trans mudarem o prenome e o gênero em suas certidões de
nascimento ou casamento diretamente nos cartórios. O presente artigo busca
evidenciar as implicações documentais que tal trajetória envolve e apresentar a
evolução da alteração do prenome de pessoas trans no Registro Civil. Acredita-
se que o Provimento 73/2018 é uma conquista de suma importância no
reconhecimento da personalidade jurídica da pessoa transexual e que as
informações trazidas neste trabalho, quanto aos registros civis públicos e aos
documentos pessoais identitários, são de grande relevância para esse grupo
minoritário.

Palavras-chave: Autodeterminação de gênero. Transexualismo. Identidade de


gênero. Nome social. Nome de registro. Registro Civil. Provimento 73/18.
Documentos pessoais.

Abstract: Social factors and discrimination have classed transsexuals


differently from their real conception, with equal rights to all who live in society.
With much effort, the rights of trans people are being recognized. Gender self-
determination of trans people is marked by a trajectory of depathologizing
transsexualism, social acceptance and recognition of rights. This trajectory
includes the use of the social name in institutional documents and the right to
change the name and gender in the Civil Registry without the need for legal
proceedings. On June 28, 2018, Approval 73/2018 was approved, which affirms
the possibility that trans persons may change their name and gender in their
birth or marriage certificates directly in the notary offices. This article seeks to
highlight the documentary implications that this trajectory involves and present
the evolution of the change of the name of trans people in the Civil Registry.
Provision 73/2018 is a very important achievement in the recognition of the
juridical personality of transsexual people and that the information brought in
this work regarding public civil registries and personal identity documents are of
great relevance to this minority group .

1
Bacharela em Arquivologia e graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC
Key-words: Self-determination of gender. Transsexualism. Gender identity.
Social name. Record name. Civil Registry. Provision 73/18. Personal
documents.

1 INTRODUÇÃO

A determinação de gênero, especificamente os processos transitórios


que envolve o transexualismo, suscita grandes interesses nas áreas médicas,
sociais e jurídicas, pelos fatores psicológicos, físicos e de direito. Tais
Interesses também podem ser atribuídos ao âmbito documental, uma vez que o
processo de inserção da pessoa trans na sociedade em seu estado de direito,
acarreta diversas mudanças, inclusive mudanças documentais.
Os fatores sociais, a discriminação e o desconhecimento tem
classificados os transsexuais de maneira diversa da sua real concepção, de
pessoa humana com deveres e direitos iguais a todos que vivem em
sociedade. Com muita luta, esta real concepção está, aos poucos, sendo
afirmada e os direitos das pessoas trans reconhecidos.
A autodeterminação de gênero das pessoas trans, é marcada por uma
trajetória de despatologização do transexualismos, aceitação social e
reconhecimento de direitos, trajetória que ainda não está concluída, contudo
possui a necessidade de ser evocada. No âmbito documental, tal trajetória
inclui a utilização do nome social, em documentos institucionais e informações
pessoais e o direito de alteração do prenome e do sexo no Registro Civil sem a
necessidade de vias judiciais, podendo assim adequar os documentos
pessoais de registro a identidade de gênero da pessoa.
O Conselho Nacional de Justiça, publicou o Provimento 73/2018, o qual
afirma a possibilidade de pessoas trans mudarem o prenome e o gênero em
suas certidões de nascimento ou casamento diretamente nos cartórios,
extinguindo a necessidade de petições judiciais, situação que evidencia um
avanço facilitador em tal contexto.
O presente artigo, pretende de maneira exploratória e introdutória,
apresentar as principais concepções e definições que envolvem a
autodeterminação de gênero e o transexualismos, evidenciar as implicações
documentais que tal situação envolve e apresentar a trajetória e a evolução da
alteração do prenome no Registro Civil. Afirmando assim os avanços da
comunidade LGBT, no reconhecimento de seus direitos.
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Definir procedimentos metodológicos que orientam as formas de


caminhar, destacar e construir um processo de pesquisa, são norteados e
baseados por diversos relatos de pesquisa de rigor científico, com o objetivo de
definir procedimentos. Exigindo sempre do pesquisador clareza na definição
dos métodos os quais serão utilizados (LIMA; MIOTO. 2007)
Segundo Gil (2010), a constituição de uma pesquisa requer levar em
consideração o ambiente a qual ela pertence, a abordagem teórica, as técnicas
de coleta de dados e a análise de dados. Assim, delineando a presente
pesquisa, quanto aos procedimentos realizados, sua metodologia é
caracterizada como pesquisa bibliográfica e acadêmica.
Conforme Lima e Mioto (2007, p. 38) a pesquisa bibliográfica é “um dos
procedimentos mais visados pelos investigadores na atualidade, que pode ter
sua escolha definida sem o devido cuidado com o objeto de estudo que é
proposto”.
A presente pesquisa possui como objeto de estudo/tema principal as
implicações documentais existentes em um processo de autodeterminação de
gênero, objeto macro que embasa estudos referentes a trajetória do processo
de alteração do prenome de registro de pessoas trans. “A pesquisa bibliográfica
implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções,
atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório” (LIMA;
MIOTO. 2007, p.38). Obedecendo tais critérios metodológico da pesquisa,
foram analisadas diversas fontes bibliográficas relacionados ao objeto de
estudo, com o objetivo de fundamentar e embasar o tema escolhido. As fontes
bibliográficas utilizadas foram artigos de revistas da área, artigos em bases de
dados da área, trabalhos acadêmicos e livros. Os idiomas das referências
bibliográficas são em português, inglês e espanhol e houve uma restrição
temporal das fontes, considerando principalmente bibliografias de 1994 a 2019.

3 A AUTODETERMINAÇÃO DE GÊNERO

Antes de tudo, uma ressalva de grande importância é a escassez de


trabalhos científicos acerca da autodeterminação de gênero e a existência de
uma visão ainda muito patológica deste assunto.
A autodeterminação é considerada como direito fundamental de
liberdade, pela nossa Constituição Federal, em virtude de que a democracia
busca superar as desigualdades e respeitar a diversidade, possibilitando a
vivência unida com dignidade. Segundo Gerassi e Brasil (2014), essa liberdade
individual consiste em identificar e determinar qual a orientação ou identidade
de gênero que melhor se encaixa na realidade vivenciada. Assim, barreiras
como a falsa ideia de “anormalidade” da sexualidade diferente do padrão
heterossexual, são quebradas.
A identidade de gênero pode ser entendida como um autoconhecimento
profundamente sentido. É o gênero interno e individual de cada pessoa, que
pode corresponder ou não com o sexo atribuído ao nascimento.
A complexidade do estudo sobre identidade de gênero, gera diversas
concepções errôneas atreladas ao gênero, ao sexo biológico e a orientação
sexual, muitas vezes atribuindo aos termos o sentido e equivalência. A
orientação sexual determina por quem um indivíduo sente atração. Alguns
exemplos de orientações sexuais2 são: bissexualismo, monossexualismo,
homosexualismo, heterosexualismo etc. Segundo Souza (2016, p. 30) “as
ciências biológicas [...] utilizam classicamente a terminologia “sexo” para se
referir à designação de seres vivos enquanto macho, fêmea ou intersexual3”, ou
seja o sexo diz respeito a constatação física da genitália com a qual o indivíduo
nasceu. O termo gênero surgiu a partir do caráter social das distinções
baseadas em sexo. Neste contexto, Souza (2016, p. 30) considera que:

o gênero consiste na expressão performática de um indivíduo: a


maneira como se comportam e interagem reiteradamente no convívio
social. Sendo fruto de um comportamento reiterado, infere-se, então,
que é absolutamente dinâmico e transitório, podendo mudar várias
vezes ao longo do desenvolvimento existencial de um indivíduo.

É possível visualizar com mais clareza a distinção dos termos a partir da


imagem a seguir:

2
Com relação ao critério “orientação sexual” na identidade de gênero/papel, um indivíduo pode
ser bissexual ou monossexual. No caso monossexual, o sentido do erótico pode ser
homossexual ou heterossexual, ao passo que bissexual dimensiona-se para ambos.
(CARDOSO. 2008, p. 70)
3
Aqueles que possuem caracteres anatômicos tanto masculinos quanto femininos são
chamados, atualmente de intersexuais, em substituição à antiga nomenclatura de
“hermafroditas” (SOUZA. 2016, p.30)
Figura 1 - Identidade de Gênero X Orientação Sexual X Sexo Biológico

Fonte: INSTITUTO MERCADO POPULAR, 2015.

A identidade de gênero que permeia uma grande gama de excluídos do


sistema, segundo Gerassi e Brasil (2014), são os indivíduos transexuais. A
seguir serão abordados os principais aspectos conceituais e explanatórios do
transexualismo.

3.1 O TRANSEXUALISMO

No Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DMS


da Associação de Psiquiatria Norte-Americana - APA, o termo transexualidade
é catalogado como doença enquanto “transtorno de identidade de gênero” No
Brasil, o Conselho Federal de Medicina, também nomeia a transexualidade
como patologia, atribuindo critérios de diagnóstico para pessoas transexuais
regulamentados pela Resolução nº 1.652/2002.
De acordo com Souza (2016, p.36):

A patologização da transexualidade certamente não é um fenômeno


natural, descoberto e catalogado pela medicina. Aliás, jamais poderia
sê-lo, pois a própria transexualidade é conceito absolutamente
artificial fruto do processo de regulação e controle da diversidade de
existências.

Com base em diversos trabalho produzidos por pessoas do movimento


LGBT, principalmente de militância transexual e travesti, e suas vivências fica
clara a real legitimidade das definições abordadas neste artigo de que o
transsexualismo não é uma doença. Segundo Gerassi e Brasil (2014, p.8) “A
despatologização [do transexualismo] desatrelaria totalmente o sexo do
conceito biológico e determinista, transformando a figura do transexual de
doente em, simplesmente, diferente”.
Segundo Bento (2014), a transexualidade é o desdobramento de uma
ordem de gênero heteronormativa4 que não se pode evitar. Ela estabelece a
compreensibilidade dos gêneros no corpo físico.
É importante ressaltar que a transexualidade não está intrinsecamente
ligada ao desejo de transformação do órgão genital. A cirurgia
transgenitalizadora é uma escolha absolutamente íntima e a realização ou a
não realização da mesma não pode ser considerada como requisito para a
determinação de gênero.
Souza (2016, p.39) destaca que a transexualidade “é uma categoria
identitária fruto da ideologia dual de gênero a modernidade”, muitas vezes
difícil de se compreender e muito julgada. A necessidade de se superar o
preconceito e entender que a pessoa trans é uma pessoa humana, com os
mesmos direitos que todos é um desafio, que aos poucos vem sendo
superado.

4 O TRANSEXUALISMO E O NOME SOCIAL

Segundo Marinho (2017) a forma mais importante de individualização de


uma pessoa na sociedade é o nome. A partir deste, os indivíduos se tornam
distintos. O nome está atrelado ao direito à identidade, consequentemente ao
direito de personalidade.
A ausência de instrumentos normativos que viabilizem e protejam os
direitos fundamentais das pessoas trans, é uma situação ainda real, por mais
que existam conquistas importantes no cenário atual. Não a muito tempo atrás,
segundo Gerassi e Brasil (2014), existiam poucos dispositivos no âmbito

4
A heteronormatividade pode ser conceituada como a manobra cultural responsável por
identificar a heterossexualidade enquanto norma social que regula e determina a possibilidade
de corpos, gêneros e sexualidade, sendo possível as vidas circunscritas dentro de seus limites
do que é ser normal e humano, e impossíveis as vidas lançadas à margem da norma; os
corpos abjetos (SOUZA. 2016, p.36)
administrativo, com providências tímidas sem muitas força impositiva, como a
permissão de uso de nome social por pessoas trans, em determinados órgãos
públicos. De acordo com a I Conferência de 2008, em decorrência dos
trabalhos das Secretarias Estaduais de Educação do Paraná e de Santa
Catarina, a definição de nome social é dada como “o modo como a pessoa é
reconhecida, identificada e denominada na sua comunidade e no meio social,
uma vez que o nome oficial não reflete sua identidade de gênero ou possa
implicar constrangimento.” (ZANELA. 2018, p.375)
Segundo, Zanela (2018) enquanto os direitos não são reconhecidos, não
incluindo transexuais no âmbito jurídico, direitos institucionalizados, como as
Resoluções do Nome Social, são afirmados por contribuir para a permanência
de pessoas transexuais em instituições públicas, como por exemplo, em
universidades, escolas, ministérios, etc. Ainda segundo Zanela (2018) desde o
início de sua autodeterminação, as pessoas trans têm suas identidades de
gênero confrontadas com seus registros civis, circunstância que as
ridicularizam em determinadas situações as quais elas são expostas. A
existência de tais Resoluções são importantes para que as pessoas trans
conquistem a legitimidade de sua existência e seu espaço.

As resoluções que dispõem sobre o uso do nome social, apresentam-


se como uma importante política de inclusão de transexuais e
travestis, fomentando uma fundamental estratégia para a
permanência e o retorno de pessoas transexuais e travestis em
escolas, universidades e demais órgãos públicos. É no direito ao
nome social que transexuais e travestis encontram acolhimento para
se manterem inseridas no meio social. (ZANELA. 2018, p.374)

Em 2010 na Conferência Nacional de Educação, recomendações foram


feitas com o intuito de assegurar às pessoas trans o direito de terem seus
nomes sociais colocados nos documentos oficiais de instituições públicas,
contudo, segundo Marinho (2017), nem todos os estados adotaram tal medida.
A implantação de políticas que afirmam o uso do nome social ajudam a
erradicar o preconceito e a exclusão nos ambientes de exposição coletiva,
acredita-se que tal posicional se faz necessário a todas os estados e
instituições deste país.

5 O TRANSEXUALISMO E SUAS IMPLICAÇÕES DOCUMENTAIS


Dentre os diversos desafios das pessoas trans na busca por direitos,
será destacado neste artigo as implicações documentais que gera esta
autodeterminação identitária, pois o respeito ao direito ao nome, ao
reconhecimento da personalidade jurídica e à liberdade pessoal, foram
conceitos utilizados pelo Supremo Tribunal Federal para autorizar pessoas
trans a mudarem seu nome de registro civil.
O Código Civil prevê que o nome civil é composto por por duas partes “o
prenome, sendo o primeiro nome, apresentando-se simples ou composto; e o
patronímico, que é o nome de família, popularmente conhecido como
sobrenome” (MARINHO. 2017, p.93).
Segundo Zanela (2018, p.373):

[...] a alteração do nome civil é uma das reivindicações mais


importantes para aquelas que vivem no trânsito de gêneros. A
mudança do nome nos registros oficiais é de suma relevância para
ela, pois o uso de documentos adequados ao seu modo de viver pode
ser significativo instrumento para minimizar as humilhações que
vivenciam diariamente.

Segundo a Lei no 8.159/91, os documentos pessoais são aqueles


produzidos e recebidos por pessoa física a partir do exercício de atividades
específicas, isto é, aquilo que uma pessoa recebe e/ou produz quando exerce
seus direitos e cumpre com suas obrigações. Segundo Santos (2008), são
exemplos de documentos pessoais inseridos neste contexto: carteira de
identidade ou registro geral (RG), cadastro de pessoa física (CPF), título de
eleitor, o passaporte, a certidão de nascimento, a carteira de trabalho e
previdência social (CTPS), a identidade estudantil, o registro profissional, o
certificado de dispensa de incorporação, a carteira nacional de habilitação
(CNH), etc.
A pessoa trans, após todo o processo de autodeterminação de gênero,
como cidadã com direitos e deveres e já inserida na sociedade, possui a
necessidade de substituir seus documentos pessoais, iniciando pela alteração
de seu prenome no registro civil.
Segundo Lehmkuhl e Silva (2018, p. 266), “o registro civil identifica os
cidadãos de um país (nome, nacionalidade, naturalidade, estado civil),
garantindo, assim, uma das tarefas fundamentais do regime democrático”. De
acordo com a Lei n° 6.015/73, o nome de registro é dado no nascimento, em
território nacional e o registro deve ser feito em cartório. São elencados na lei,
requisitos para o registro, compostos pelo sexo, o nome e o prenome, sendo
este último definitivo. O intuito do Registro é segundo Silva (1994, p.110) “[...]
superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime
democrático que realize a justiça social”
A Lei de Registros Públicos (Lei n° 8.935, de 18 de novembro de 1994)
determina que os serviços de registro buscam garantir a publicidade, a
segurança, a autenticidade e a eficácia dos atos jurídicos. Sendo assim, o
registro civil é de todos, visto que o mesmo “visa comprovar, publicitar e tornar
juramentado e abrangente, tanto o fato básico do nascimento de cada pessoa
como os demais fatos que a lei obrigatoriamente sujeite a esse registro”
(LEHMKUHL; SILVA. 2018, p. 266).
A alteração do prenome no registro civil é o início de uma corrida que
implicará na necessidade do requerente em procurar as outras instituições
responsáveis pela emissão dos demais documentos pessoais, para obter
novos registros. No Brasil existem instituições específicas para a emissão de
cada tipo de documento pessoal de identificação. Muitas dessas instituições
não se conversam, impossibilitando assim uma integração de dados, sendo
necessário a obtenção de cada documento de maneira distinta, demorada e
muitas vezes desgastantes. Com base no que segundo Santos (2008) são
caracterizados como documentos pessoais, serão apresentados a seguir
alguns destes documentos.
Segundo o Ministério da Justiça (2019) o Registro Geral (RG) ou
identidade é um documento que serve para confirmar a identidade da pessoa
nascida e registrada no Brasil. O RG é usado para a emissão de outros
documentos. O documento é de uso nacional e substitui o passaporte para
viagens nacionais e para os países integrantes do Mercosul. O órgão
responsável por sua emissão é a Secretaria de Segurança Pública de cada
estado. Sua solicitação deve ser feita nos postos de identificação civil. A
primeira emissão do documento é gratuita, as demais são cobradas uma taxa.
O documento não possui validade, mas pode não ser aceito se estiver em más
condições. Para sua emissão é necessário uma foto ¾ recente e a Certidão de
Nascimento/Casamento.
Segundo a Receita Federal (2019) o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
é um banco de dados que armazena informações cadastrais dos contribuintes
que estão inscritos de maneira voluntária. Tal documento é indispensável para
a realização de ações como, abrir conta em banco e declarar Imposto de
Renda. Os órgãos responsáveis por sua emissão são: o Banco do Brasil, a
CAIXA e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios). Existe uma
taxa para emissão e postagem do documento.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (2019), o título de eleitor é o
documento responsável para participação do cidadão brasileiro na vida política
do país. Sem ele não é possível tomar posse em cargos públicos, tirar ou
renovar o passaporte, fazer o CPF, se matricular em Universidades Públicas,
etc. O documento pode ser emitido diretamente no cartório eleitoral ou pela
internet. Os documentos necessários para sua emissão são o RG ou Certidão
de Nascimento/Casamento, comprovante de residência e comprovante de
quitação militar, caso o eleitor seja do sexo masculino.
Segundo o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN (2019), a
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é obrigatório para quem está dirigindo,
pois atesta que o cidadão brasileiro está apto a conduzir veículos. A CNH pode
ser utilizada para identificação em todo o território nacional, pois contém o
número do RG e do CPF do cidadão. Sua emissão é feita no Departamento de
Trânsito (DETRAN) da cidade do requerente. É cobrada uma taxa para sua
emissão, alteração e atualização, que varia de acordo com o estado.
Segundo o Ministério do Trabalho e do Emprego - MTE (2019), a
Carteira de trabalho e Previdência Social (CTPS), é um documento obrigatório
para toda a pessoa preste algum tipo de serviço, como industria, comercio,
natureza doméstica, etc. É um documento que reproduz a vida funcional do
trabalhador e garante o acesso aos principais direitos trabalhistas. Muitas
unidade de emissão do CTPS requerem um agendamento prévio que pode ser
realizado pelo Sistema de Atendimento Agendado do MTE, com o
preenchimentos de alguns dados, ou por telefone. No local de emissão
escolhido, na data e horário definido deverão ser levados os documentos
necessário para requisitar a CTPS: CPF, comprovante de residência, certidão
de nascimento e documentos oficial de identificação civil. Um prazo será
informado e após o mesmo o requisitante deverá comparecer ao local de
emissão para receber o documento.
6 A ALTERAÇÃO DO NOME DE REGISTRO CIVIL

Segundo Peirano (2009), os documentos de identificação são


indispensáveis, pois é preciso provar quem você é, não somente afirmar. Os
elementos básicos dos documentos de identificação, como nome, foto, sexo,
assinatura, existem para eliminar a ambiguidade na equivalência entre o
documento e o seu portador. Segundo Zavataro (2010, p.13):

A Lei de Registros Públicos apenas admite a alteração do prenome


em casos de apelido público notório (art. 58, parte final), sofrer
coação ou ameaça ao colaborar com a investigação de um crime (art.
58, parágrafo único) e exposição ao ridículo (art. 55), silenciando-se
quanto à substituição do prenome de pessoas transexuais.

A autora justifica que a imutabilidade do nome preconizada pela Lei de


Registros Públicos é um princípio fundamental para as relações jurídicas em
sociedade, que uma vez singularizada, não deve ser alterada. Contudo, em
virtude do respeito à dignidade humana da contemporaneidade, superando as
ideias preconceituosas com implicações negativas nos direitos humanos, os
direitos e garantias fundamentais estão começando a serem relativos e não
absolutos.
A partir da contextualização do tema, fica de fato claro que a alteração
do nome da pessoa trans é a concretização do seu direito à dignidade e a
identidade de gênero. Em nível mundial, segundo Souza (2014), leis estão
sendo aprovadas em vários países com o intuito de permitirem que as pessoas
transexuais possam adequar seu nome e seu sexo no registro civil, sem a
necessidade de fazer uma cirurgia transgenitalizadora. Países como a
Espanha, que em 2007 aprovou a Lei de Identidade de Gênero, permitindo a
alteração do nome no documentos pessoais de pessoas trans, sem a
necessidade de travar-se uma batalha judicial.
No Brasil a alteração do nome de pessoas trans no registro civil era feita
somente através de uma petição na justiça, contudo através de um provimento
publicado em 2018 pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, a alteração
desses dados podem ser solicitadas em cartório, no qual foi feito o primeiro
registro de solicitação. Serão apresentados a seguir a alteração de nome por
trâmite judicial e a sua nova forma de alteração publicada pelo CNJ, com o
intuito de enfatizar mais uma conquista dos direitos fundamentais das pessoas
trans.

6.1 A ALTERAÇÃO POR TRÂMITE JUDICIAL

A Lei de Registros Públicos afirma que o prenome é definitivo e sua


mudança poderia ser feito somente na Justiça. Essa mudança pode ocorrer
somente em casos excepcionais como os de erro, exposição ao ridículo e
adoção, etc. Como é um direito de personalidade proteger sua própria
identidade, a situação excepcional revitalizada pela Lei de Registro públicos, de
exposição ao ridículo ou a uma situação vexatória segundo Cruz (2017), se
adequa ao tratamento de pessoas transexuais. Sales et al (2014, p.8) afirma
que “há de se entender que, para um transexual, ser chamado por um nome
que não representa a sua condição físico-psíquica, representa a sua exposição
ao ridículo e isto fere frontalmente o seu direito à dignidade da pessoa humana”
Contudo em uma ação de retificação de registro civil, muitas vezes, tal situação
não é tratada com essa ponderação.
Segundo Oliveira (2017), em uma ação de retificação de registro civil, as
pessoas trans estão sujeitas ao regime do art. 109, que aborda a retificação do
registro de uma forma ampla, com procedimentos complexos e demorados. In
verbis:
Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique
assentamento no Registro Civil, requererá, em petição fundamentada
e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o
Juiz o ordene, ouvido o órgão do Ministério Público e os interessados,
no prazo de cinco dias, que correrá em cartório. (Renumerado do art.
110 pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 1° Se qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público
impugnar o pedido, o Juiz determinará a produção da prova, dentro
do prazo de dez dias e ouvidos, sucessivamente, em três dias, os
interessados e o órgão do Ministério Público, decidirá em cinco dias.
§ 2° Se não houver impugnação ou necessidade de mais provas, o
Juiz decidirá no prazo de cinco dias.
§ 3º Da decisão do Juiz, caberá o recurso de apelação com ambos os
efeitos.
§ 4º Julgado procedente o pedido, o Juiz ordenará que se expeça
mandado para que seja lavrado, restaurado e retificado o
assentamento, indicando, com precisão, os fatos ou circunstâncias
que devam ser retificados, e em que sentido, ou os que devam ser
objeto do novo assentamento.
§ 5º Se houver de ser cumprido em jurisdição diversa, o mandado
será remetido, por ofício, ao Juiz sob cuja jurisdição estiver o cartório
do Registro Civil e, com o seu "cumpra-se", executar-se-á.
§ 6º As retificações serão feitas à margem do registro, com as
indicações necessárias, ou, quando for o caso, com a trasladação do
mandado, que ficará arquivado. Se não houver espaço, far-se-á o
transporte do assento, com as remissões à margem do registro
original. (BRASIL, 1973)

É possível observar que tal tramitação é extremamente demorada,


desgastante e complexa, na qual são exigidas instruções probatórias com
documentos ou indicações de testemunhas que atestem que a pessoa trans
utiliza ou é reconhecida pelo nome que pleiteia.
De acordo com Oliveira (2017, p.63), outro fato negativo da ação de
retificação de registro civil na Justiça é a provável exposição, levando as
alteração de registro civil de uma pessoa trans a conhecimento público. Tal
situação pode “acabar revertendo-se contra o/a própria solicitante, uma vez
que pode acarretar em ainda mais estigmas e discriminações”. O autor ainda
afirma que o processo de retificação do registro civil, ao todo se torna tão lento,
que muitas pessoas optam por não se submeterem a tal medida.

6.2 NOVA FORMA FACILITADA DE ALTERAÇÃO

A permissão de alteração do nome e do gênero da pessoa trans,


independentemente de qualquer procedimento médico e sem a necessidade de
passar por vias administrativas e judiciais, foi uma decisão do Supremo
Tribunal Federal - STF em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI
4275/DF5, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República, com base na Lei de
Registros Públicos, que determina que qualquer alteração de nome deve ser
motivada e aguardar sentença do juízo a que estiver sujeito o registro. Na ADI
4175/DF foram definidos os principais requisitos para a substituição do
prenome e do gênero no registro civil, independentemente da realização de
qualquer intervenção médica. In verbis:

Para a análise dos pedidos de mudança de nome e gênero, propõe


que se estabeleça como requisitos a prova (i) de maioridade, (ii) da
convicção de pertencer ao gênero oposto ao biológico por mais de
três anos e (iii) de que seja presumível, com alta probabilidade, que a
pessoa não mais modificará sua identidade de gênero. Defende que
tais requisitos devem ser atestados por um grupo de especialistas
que avaliem aspectos psicológicos, médicos e sociais. (BRASIL.
2018)

5
Disponível em: <https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2691371> Acesso em
11 nov. 2018.
O Provimento 73/20186 emitido pelo CNJ, é considerado neste trabalho,
um avanço na obtenção de direitos de pessoas trans. No processo de decisão
do STF, foi invocado o princípio de dignidade humana pelos ministros, no qual
o ministro Celso de Mello7 menciona que:

a prévia autorização judicial é desnecessária e encontra


equacionamento na lei dos registros públicos, uma vez que se surgir
situação que possa caracterizar fraude caberá ao oficial do registro
civil a instauração de procedimento administrativo de dúvida.
(CONSULTOR JURÍDICO. 2018)

In verbis o Provimento “dispõe sobre a averbação da alteração do


prenome e do gênero nos assentos de nascimento e casamento de pessoa
transgênero no Registro Civil da Pessoas Naturais (RCPN)” (BRASIL, 2018, p.
8). Contendo dez artigos regulatórios, o documento determina, primeiramente,
que somente pessoas maiores de 18 anos podem requerer a alteração e a
averbação do prenome e do gênero, com o intuito de adequá-lo a identidade
autopercebida. A alteração não compreende nomes de família (sobrenome),
estes poderão ser desconstituídos somente em vias administrativas ou
judiciais. O requerente deverá ir ao cartório em que foi feito o seu primeiro
registro para solicitar as devidas alterações In verbis:

Art. 3° A averbação do prenome, do gênero ou de ambos poderá ser


realizada diretamente no ofício do RCPN onde o assento foi lavrado.
Parágrafo único. O pedido poderá ser formulado em ofício do RCPN
diverso do que lavrou o assento; nesse caso deverá o registrados
encaminhar o procedimento ao oficial competente, às expensas da
pessoa requerente, para a averbação pela Central de Informações do
Registro Civil (CRC). (BRASIL. 2018)

O texto do documento afirma que o procedimento será feito com base na


autonomia do requerente. O mesmo deverá declarar sua vontade ao
registrador, sem a necessidade de autorização judicial prévia ou comprovação
de cirurgia. É importante e preciso declarar a inexistência de um processo
judicial em andamento com o mesmo objetivo de alteração de prenome. Para
solicitar a alteração em cartório, deverá ser comprovado o arquivamento do

6
Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=3503> Acesso em 11 nov.
2018.
7
De acordo com a Wikipedia (2019) José Celso de Mello Filho é Ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) desde 1989, sendo o decano (membro mais antigo) do tribunal desde 2007. Foi
presidente daquela corte de 1997 a 1999.
processo.

Segundo o sexto parágrafo do Art. 4°, o requerente deverá apresentar os


seguintes documento no cartório no ato do requerimento In verbis:

I - certidão de nascimento atualizada;


II - certidão de casamento atualizada, se for o caso;
III - cópia do registro geral de identidade (RG);
IV - cópia da identificação civil nacional (ICN), se for o caso;
V - cópia do passaporte brasileiro, se for o caso;
VI - cópia do cadastro de pessoa física (CPF) no Ministério da
Fazenda;
VII - cópia do título de eleitor;
IX - cópia da carteira de identidade social, se for o caso;
X - comprovante de endereço;
XI - certidão do distribuidor cível do local de residência dos últimos
cinco anos (estadual/federal);
XII - certidão do distribuidor criminal do local de residência dos
últimos cinco anos (estadual/federal);
XIII - certidão de execução criminal do local de residência dos últimos
cinco anos (estadual/federal);
XIV - certidão dos tabelionatos de protestos do local de residência
dos últimos cinco anos;
XV - certidão da Justiça Eleitoral do local de residência dos últimos
cinco anos;
XVI - certidão da Justiça do Trabalho do local de residência dos
últimos cinco anos;
XVII - certidão da Justiça Militar, se for o caso. (BRASIL, 2018)

No artigo 5° do provimento, é assegurado que as informações sobre a


alteração não serão divulgadas sem a vontade da pessoa ou da Justiça. In
verbis:

A alteração de que trata o presente provimento tem natureza sigilosa,


razão pela qual a informação a seu respeito não pode constar das
certidões dos assentos, salvo por solicitação da pessoa requerente ou
por determinação judicial, hipóteses em que a certidão deverá dispor
sobre todo o conteúdo registral. (BRASIL, 2018)

Com relação aos demais documentos pessoais, o texto regulatório


afirma que o ofício do RCPN que processou a alteração notificará os órgãos
responsáveis pela emissão do Registro Geral de identidade (RG), do Cadastro
de Pessoa Física (CPF), do Título de Eleitor, do Passaporte, etc., contudo,
caberá ao próprio requerente procurar essas órgãos para a emissão de novos
registros. In verbis:

Art. 8° Finalizado o procedimento de alteração no assento, o ofício do


RCON no qual se processou a alteração, às expensas da pessoa
requerente, comunicará o ato oficialmente aos órgão expedidores do
RG, ICN, CPF e passaporte, bem como ao Tribunal Regional Eleitoral
(TRE).
§ 1° A pessoa requerente deverá providenciar a alteração nos demais
registros que digam respeito, direta ou indiretamente a sua
identificação e nos documentos pessoais.
§ 2° A subsequente averbação de prenome e do gênero no registro
de nascimento dos descendente da pessoa requerente dependerá da
anuência deles quando relativamente capazes ou maiores, bem como
da de ambos os pais.
§ 3° A subsequente averbação da alteração do prenome e do gênero
no registro de casamento dependerá da anuência do cônjuge.
§ 4° Havendo discordância dos pais ou do cônjuge quanto à
averbação mencionada nos parágrafos anteriores, o consentimento
deverá ser suprido judicialmente.(BRASIL, 2018)

Essas novas regras de alteração já estão em vigor desde sua data de


aprovação 28/06/2018 pelo Ministro João Otávio de Noronha8. Essa conquista
garante mais praticidade e sigilo no processo de alteração do nome de registro
civil das pessoas trans, aferindo a estas o respeito ao direito ao nome, ao
reconhecimento da personalidade jurídica, à liberdade pessoal, à honra e à
dignidade.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em decorrência da ausência de uma legislação específica no Brasil, a


alteração do prenome e do sexo no registro civil tem colocado as pessoas trans
em situações desonrosas, sendo obrigadas a depender do Judiciário para
terem respeitada sua dignidade. Contudo, a constante luta pela vitalização de
seus direitos como cidadãos, está gerando bons frutos.
Após os constantes esforços na busca pelo direito à autodeterminação,
direito de identificar e determinar qual a orientação ou identidade de gênero
que melhor se encaixa a sua realidade, após todo um processo de
despatologização do transexualismo, mostrando que definitivamente não se
trata de uma doença, mais sim de um estado ser diferente, agora as pessoas
transexuais possuem o direito básico de identificação.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 4275/DF que gerou o
Provimento Provimento 73/2018 é considerado uma conquista de suma
importância no reconhecimento da personalidade jurídica da pessoas
transexual, uma vez que, segundo Zanela (2018) se trata de uma reivindicação

8
De acordo com a Wikipedia (2019) João Otávio de Noronha é um magistrado brasileiro,
ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo o atual presidente desta corte, foi
também corregedor nacional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
de extrema importância para as pessoas que vivem o trânsito de gênero.
Acredita-se que para a pessoa trans, o nome é mais que uma identificação
perante a sociedade é a sua individualidade preservada. Ter um nome que
condiz com a sua realidade é assegurar seus direitos e garantias pessoais.
É importante destacar que primeiro passo para minimizar o preconceito
em virtude da incompatibilidade da identidade de gênero e ao registro dado ao
nascimento foi a implantação de Resoluções do Nome Social, que contribuiu
para a permanência de pessoas transexuais em instituições públicas, podendo
os documentos das mesmas, portarem o nome social da pessoas trans e não o
de registro.
Superado o direito de autodeterminação e do direito à identidade, como
consequência surgem as mudanças do nome nos registros oficiais e tais
mudanças são essenciais para minimizar as humilhações, as coações e o
preconceito vivenciados pela pessoa trans diariamente. Obter documentos
pessoais identitários adequados a sua identidade de gênero é uma implicação
documental que o transsexualismo e a alteração do nome de registro civil
acabam resultando. Tais implicações demandaram maiores conhecimentos no
que diz respeito aos registros civis públicos e aos documentos pessoais
identitários, desde suas concepções e conceitos até as características,
importâncias, órgãos e formas de emissão de cada documento específico.
Informações trazidas por este trabalho, caracterizadas como pertinentes de
acordo com a demanda por reconhecimento do grupo minoritário das pessoas
tansexuais e dos direitos humanos.
Conjectura-se que esta conquista é uma das muitas outras que ainda
precisam e estão por vir, não se tratando somente do direito à identidade da
pessoa trans, mas também a necessidade de facilitar a emissão de
documentos identitários no Brasil para todos os cidadãos.
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Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8
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2018.

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Dispõe sobre o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços
notariais e de registro (Lei dos cartórios). Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8935.htm>. Acesso em: 23 nov.
2018.

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2018. Dispõe sobre a averbação da alteração do prenome e do gênero nos
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das Pessoas Naturais (RCPN). Diário Oficial [da] República Federativa do
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