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A criação artística e a obra de arte

 Teoria Expressivista
 Teoria da Forma Significante
A definicao de arte:
A disciplina filosófica que estuda a
problemática da definição de arte é a Filosofia
Teorias nao essencialistas:
da arte.  Teoria Institucional
Uma das questões mais importantes consiste  Teoria Histórica
em estabelecer as condições em que podemos
definir um objeto como arte. As teorias essencialistas e não essencialistas
Contudo, a definição de arte não é consensual. tentam dar resposta ao problema da definição
da obra de arte. Tentam definir um critério que
O problema da definição da obra de arte ganha nos permita identificar alguns objetos como
relevo na Modernidade, em consequência do obras de arte e outros não.
aparecimento de novas formas de expressão
artística cada vez mais controversas. Temos facilidade em identificar alguns objetos
como obras de arte e outros não.
Qualquer teoria que pretenda definir a arte de
forma explícita deve fornecer as condições
necessárias (Caraterísticas que todas as obras
de arte têm em comum) e suficientes
(Caraterísticas que só a arte tem) para
classificar um objeto como arte. Concluindo
Ou seja, um critério classificativo e também A arte pode definir-se? Sim.
que seja valorativo, isto é, que nos permita
distinguir uma boa de uma má obra de arte. Teorias Essencialistas:
Muitas vezes os critérios são só classificativos
e não valorativos; outras vezes são valorativos  Propriedades intrínsecas que fazem
e não são classificativos. com que um objeto x seja considerado
uma obra de arte (a definição de arte
está na essência do objeto).

Porém, não é simples encontrar esses critérios. Teorias nao Essencialistas:


Por mais delimitados que sejam os critérios da
 O que faz de um objeto um objeto de
definição encontrada, será sempre possível
arte são propriedades extrínsecas ao
invocar contraexemplos que contradigam a
próprio objeto (a definição de arte está
definição.
fora do objeto, diz respeito ao contexto
Teorias essencialistas e não onde o objeto está).

essencialistas
Teorias essencialistas
Teorias essencialistas:
 Teoria da Imitação/Representação Teoria da imitacao:
A criação artística e a obra de arte
e harmoniza-as para que pareçam melhores ao
olho humano.

Tese: Para Aristóteles, a arte deve imitar a realidade,


mas é preferível representar o que é
 As obras de arte são produções impossível quando isso tiver um efeito
humanas que imitam a natureza ou a superior sobre o espectador.
ação do homem.
A qualidade da obra de arte depende da
qualidade da imitação do artista. Tanto Platão como Aristóteles defendem, de
maneiras diferentes, que a obra de arte
representa, através da imitação, a natureza
e o ser humano.
Platão e Aristóteles são partidários desta
teoria. Esta teoria foi considerada inquestionável por
muito tempo.

Platao:
Platão defende a teoria da arte como imitação
Argumentos:
e caracteriza o artista como um imitador que  Segundo esta teoria um objeto é arte se
não nos mostra a verdadeira realidade. tem a capacidade de representar a
realidade (uma obra de arte tem de
O trabalho do artista é, em vários momentos,
reproduzir algo).
avaliado negativamente pela filosofia
platónica (tolda a compreensão da verdade,
uma vez que, o artista, ao copiar a realidade,  Por representação compreendemos
está a fazer uma cópia da cópia, visto que algo que toma o lugar de outra coisa de
aquilo que a natureza nos mostra é já a cópia forma intencional.
da verdadeira realidade- as Ideias).
Platão dá especial importância à filosofia  Uma obra de arte é tanto melhor
como transmissão de conhecimentos. Este quanto mais fielmente reproduzir
lugar foi, durante muito tempo, ocupado pela aquilo que imita.
arte.
EX: A poesia era recitada publicamente como
forma de transmissão de conhecimento.

Objecoes:
Aristoteles:  A teoria da imitação não permite
considerar como boa arte muitas das
Para Aristóteles, a arte imita a Natureza e o ser obras de arte consagradas, a arte com
humano, mas não de maneira ilusória, a arte base na mimesis é demasiado restritiva.
tem um papel pedagógico. O artista pede
emprestadas as “formas” da vida EX: À partida poder-se-á pensar que a Pietá de
Michelangelo, por ser mais realista, será uma
melhor imitação da realidade. No entanto, esta
A criação artística e a obra de arte
obra foi produzida cerca de 15 séculos após o
acontecimento original. Logo, será difícil
Teoria da representacao:
garantir que a obra imita o acontecimento tal
como ele ocorreu.

Tese:
 Esta teoria usa um critério necessário,
 Um objeto é uma obra de arte se
mas não suficiente, pois há muitas
representar algo.
coisas que imitam e não são arte.
A qualidade da obra de arte depende da
EX: Uma impressão de uma paisagem feita
qualidade da representação do artista.
por uma impressora.

Uma obra de arte perde o Objecoes:


valor artistico por nao  O principal problema da teoria da
representação
reproduzir fielmente a
está no facto de muitas coisas
realidade? Deverao as obras representarem algo e não serem arte.
de arte que nao imitam EX: os sinais de trânsito representam e não são
arte.
nenhum aspeto da realidade
ser excluidas do mundo da
arte? Na verdade:
Nenhuma destas teorias que procura fixar os
critérios objetivos para definir obras de arte
Por um lado, um número significativo de conseguiu identificar as propriedades
obras plásticas contemporâneas não são sequer essenciais presentes em todas as obras de arte
figurativas, ou seja, não reproduzem nenhum e ausentes em todos os outros objetos que não
aspeto identificável da realidade. considerados artes.
Por exemplo, a generalidade da escultura e da
pintura abstrata contemporânea não refletem
qualquer aspeto da realidade. Assim sendo, Teoria expressivista:
segundo a teoria da arte como imitação, não
teriam valor artístico.
Por outro lado, há formas de expressão
artística, como a música e certas formas de
Tese:
dança, que não imitam a natureza ou a ação  As obras de arte são expressão de
humana. Desse modo, teriam de ser excluídas emoções.
das formas de expressão artística.
A criação artística e a obra de arte
 As obras de arte expressam a emoção criar uma obra de arte, ele tem uma
do criador e permitem ao espetador mistura de sentimentos muito confusos
sentir emoção idêntica. e a obra serve para ele através dela
clarificar esse sentimento e que depois
desperta o mesmo sentimento no
De entre os autores que se destacaram na espectador (emoção estética)).
defesa desta posição encontramos Lev Tolstoi, Esta teoria oferece um critério valorativo: uma
Collingwood e Croce. obra de arte é de arte apenas se expressar as
emoções e essas são compreendidas pelo
público.
Argumentos: Oferece um critério de classificação: diz-nos o
(Tolstoi) que é ou não arte.

 O objeto expressa uma emoção sentida


pelo artista (o artista tem de sentir
algo). As negacoes da teoria da
arte de Croce:
 O artista cria intencionalmente a obra
com o objetivo de provocar uma Para Croce, “a arte é visão ou intuição.”
emoção específica no seu recetor
 A definição da arte não pode ser
(público.
encontrada nas características físicas
da obra de arte.
 Tem de haver autenticidade por parte
do artista (se estiver triste e não
 A arte não serve a função de produzir
expressar isso, está a fingir).
prazer, ou seria utilitária.
 A emoção estética sentida pelo
 A arte não serve uma função moral ou
espetador é idêntica à emoção expressa
de transmissão de conhecimento, ainda
pelo criador.
que

Argumentos: possa surtir esse efeito no espectador.

(Collingwood)
 A arte é a expressão de sentimentos, Objecoes:
mas a sua função é clarificar
sentimentos indefinidos do artista com  Inacessibilidade dos estados
recurso à imaginação (não é de todo emocionais e mentais do artista no
claro o sentimento que o artista sente momento em que criou a obra de arte.
quando está a
 O artista nem sempre sente o que a
obra exprime
EX: no cinema, no teatro o ator pode não estar
a sentir o que está a representar.
A criação artística e a obra de arte
 As obras de arte são criações humanas
 Existe arte inexpressiva destinadas a provocar emoções
estéticas.
EX: o urinol de Duchamp, a arquitetura, a
escultura…, há objetos que não possuem
 Forma significante: conjunto de
qualquer intenção de criar ou expressar
harmonia, de traços, de linhas e cor,
sentimentos.
formas e relações de formas, de
equilíbrio que se transmite naquela
 Alguns artistas não tiveram como obra e que desperta um sentimento
intenção a expressão de sentimentos. estético. A obra tem que despertar esse
sentimento estético no público.
 Há muitos objetos que geram emoção e
não são arte.
Portanto, desde que uma obra desperte essas
emoções estéticas partindo da sua forma
significante, então estamos perante uma obra
de arte.

Objecoes:
 Pouco esclarecedora de como se define
o seu fator distintivo: a forma
Teoria da forma: significante.

 Esta teoria assenta num erro de


argumentação, pois trata-se de um
Tese: argumento circular. O conceito de
emoção estética é explicado com o
 As obras de arte são objetos
conceito de forma significante e, por
produzidos por mão humana, com
sua vez, o conceito de forma
forma significante, a qual produz
significante é definido com o conceito
emoções estéticas.
de emoção estética.
 Não importa a emoção que o artista
quis revelar na obra, mas sim o A forma significante produz emoções
sentimento que a obra desperta no estéticas justificam a forma significante.
público.
Nas obras de Andy Warhol, e outros artistas
do Ready Made, objetos comuns foram
 É a forma da arte que vai despertar o
elevados à condição de objetos artísticos.
sentimento estético.
Porém, a forma que possuem, como as latas de
sopa ou as caixas de Brillo (um detergente),
são exatamente iguais às do objeto comum.
Argumentos:
(Clive Bell)
A criação artística e a obra de arte
Por outro lado, a ideia de forma significante E essa definição de obra de arte tem de ser
pode aplicar-se às obras plásticas, mas não a procurada fora da própria obra, no seu
obras de outras formas de manifestação contexto.
artística.

Teoria institucional:
Teorias não essencialistas
As teorias não essencialistas surgem num
contexto social e filosófico diferente. Tese:
 Social porque os artistas criam cada  Ser um artefacto
vez mais obras de arte desafiadoras e  Pertencer ao mundo da arte
desconcertantes.

 Filosófico porque surgem novas As quatro condicoes para


tentativas de definir uma obra de arte.
pertencer ao mundo da arte:
 Agir em nome de uma instituição (estar
Uma teoria é não essencialista se defende que no mundo da arte).
o que faz com que um determinado objeto seja
um objeto de arte, tenha de ser encontrado fora
 Atribuir um estatuto a esse objeto.
do objeto e não no objeto em si.
 Ser candidato.
Ao contrário dos essencialistas que olham para
as obras de arte de acordo com a função que a
 A avaliação (do mundo da arte).
arte deve desempenhar (representar, expressar
ou despoletar emoções), os não
O reconhecimento de um objeto como sendo
uma obra de arte tornou-se independente das
essencialistas elaboram um conjunto de suas propriedades intrínsecas.
caraterísticas das obras de arte que não estão
A teoria institucional da arte, proposta por
apenas relacionadas com a sua funcionalidade,
George Dickie, é a tentativa contemporânea
tais como:
para explicar o que é a arte de forma
 Alargar o conhecimento abrangente, incluindo objetos tão
 Exprimir e explorar emoções diversificados como uma sinfonia, os quadros
 Divertir e entreter de Dali ou os ready made de Duchamp.
 Comunicar ideias
 Criticar aspetos da sociedade
 Transformar o mundo Argumentos:
 Criar beleza
 Dar sentido às nossas vidas…  Qualquer artefacto pode ser uma obra
de arte na condição de ser considerado
como tal por um representante do
A criação artística e a obra de arte
mundo da arte: galerias, críticos de
arte, museus e outras instituições
Teoria da arte como
similares. renovacao da tradicao
 Quaisquer que sejam as suas historica:
propriedades intrínsecas, não são elas
TEORIA HISTÓRICA DE LEVINSON: a
que permitem considerar um objeto
definição de arte terá de passar por estes três
como uma obra de arte.
elementos.
 A propriedade que confere aos objetos
o estatuto de arte não é intrínseca, mas
Intencao:
relacional (entre o público e os
artistas). A relação que Dickie tem em  O artista tem a intenção de que o seu
mente é um objeto ter sido proposto produto de arte seja inserido numa
para apreciação por alguém que dada tradição.
represente o mundo da arte (uma das
suas instituições).
Historia:
 Contudo, se o ato de batizar um
artefacto como arte não é arbitrário,  A sua obra seja integrada na história da
tem de obedecer a critérios específicos, arte (que obedeça a uma determinada
sendo eles que contam para definir a evolução da arte que já de si tem
arte, não as instituições que os aplicam. alguns critérios).

 O objeto criado tem que ser um objeto


Criterios especificos: estético e tem de ser olhado como tal.

 O mérito da teoria institucional da arte


foi ter posto em destaque o facto de o Propriedade:
conceito de arte ser uma construção
cultural, um produto de instituições  O criador é proprietário dos objetos
que refletem as tendências próprias de que cria.
certos momentos históricos e não algo
intemporal.  Tem a intenção de que o produto
artístico seja visto como obra de arte.
 A capacidade criadora dos artistas,
bem como a evolução histórica das
sociedades faz deste movimento
constante um problema filosófico em  História: uma obra é arte em virtude de
aberto. uma relação com as coisas já
reconhecidas como arte.

Concluindo:
A criação artística e a obra de arte
Um objeto é arte se e somente se uma pessoa,
com direito de propriedade sobre o seu objeto,
tem a intenção séria de que tal seja encarado
como arte como outros objetos foram ao longo
da história da arte.

Objecoes:
 Ao conceito de propriedade: parece
que a propriedade é restritiva para
determinadas artes, ou outras formas
de expressão de arte que existem.

 Ao conceito de tradição histórica: uma


obra de arte está inscrita na História da
Arte porque obedece a certos critérios
da história e é olhada como tal
(continuidade histórica).

EX: A que curso da história pertencem as


pinturas rupestres se não há nada antes delas
que se conheça como manifestações artísticas?

 À Intencionalidade

Ex: A metamorfose de FRANZ KAFKA


(publicado pelo amigo do autor, depois da sua
morte); macaco Betsy ( ensinado a pintar).

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