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Recursos

1- Conceito.
É o direito que deriva do direito de ação e permite à parte vencida impugnar,
ou seja, requerer ao Poder Judiciário que reveja sua decisão. Nem todos os atos
judiciais são recorríveis. Os termos de conciliação lavrados na Justiça do Trabalho
não podem ser objeto de recurso.
Assim, após a sentença ou acórdão proferidos pela Justiça do Trabalho, a CLT e
demais leis aplicáveis permitem que a parte vencida interponha um recurso. Para
tanto, aquele que recorre deverá observar os pressupostos de admissibilidade
recursais.

2- Decisão interlocutória.
No processo do trabalho não cabe recurso imediato para as decisões
interlocutórias, de acordo com o que dispõe o art. 893, § 1º, da CLT, salvo nas
hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do TST;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos
para o Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado
(Súmula nº 214 do TST).

3- Interposição de recurso.
A expressão correta a ser utilizada por quem entra com um recurso na Justiça
é interpor, que significa colocar uma coisa entre outras, ou seja, formalizar um
recurso judicial.

4- Denominação das partes.


Aquele que recorre é chamado de recorrente e aquele contra quem se recorre
é chamado de recorrido.

5- Razões e contrarrazões.
O recorrente, ao interpor o recurso, leva até o Poder Judiciário as suas razões
recursais, ou seja, os motivos pelos quais os julgadores devem dar provimento
ao seu recurso. Já o recorrido poderá apresentar as suas contrarrazões ao recurso
do recorrente, ou seja, os motivos pelos quais os julgadores não devem dar
provimento ao recurso do recorrente.

6- Pressupostos recursais ou de admissibilidade.


São as condições mínimas exigidas daqueles que interpõem um recurso.
Esses pressupostos se dividem em subjetivos ou intrínsecos, objetivos ou
extrínsecos e especiais, de acordo com o recurso cabível.

7- Pressupostos recursais ou de admissibilidade subjetivos ou


intrínsecos.
Dizem respeito ao sujeito que interporá o recurso. São eles:
a) Interesse. Tem interesse em recorrer aquele que perdeu, ainda que
parcialmente, a ação.
b) Legitimidade. Somente poderá recorrer aquele que perdeu, o terceiro
prejudicado e o Ministério Público, quando atuar como fiscal da lei (custos legis).
c) Capacidade. Aquele que apresenta um recurso deverá ser capaz, nos
termos da lei.
8- Pressupostos recursais ou de admissibilidade objetivos ou
extrínsecos.
Dizem respeito à decisão propriamente dita. São eles:
a) Cabimento. Não são todas as decisões que podem ser objeto de recurso.
b) Adequação. A escolha do tipo de recurso pelo recorrente deve se adequar
a decisão a ser impugnada.
c) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo.
d) Tempestividade. A lei prevê um prazo certo para a interposição de
recursos. O prazo (todos) para interpor os recursos e apresentar as contrarrazões
é de oito dias. As exceções estão nos embargos de declaração (5 dias) e no recurso
extraordinário (15 dias).
e) Preparo. A lei exige, para alguns recursos, o pagamento das custas
processuais, que são de 2% sobre o valor da causa e do depósito recursal,
aplicável ao devedor que recorre, para que seja garantida a execução mínima da
dívida.

9- Custas.
Servem para manutenção do processo e custeio do Estado.
a) Valor. Correspondem a 2% sobre o valor da causa, do acordo judicial ou
da condenação (arts. 789 e seguintes da CLT).
b) Isenção. Estão isentos do pagamento de custas os beneficiários da
assistência judiciária gratuita (art. 790, § 3º, da CLT), a Administração Pública
direta, autárquica e fundacional e o Ministério Público (art. 790-A da CLT).
c) Pagamento. Deverão ser pagas pelo vencido ao final do processo. Quando
houver recurso devem, no entanto, ser recolhidas e comprovado o seu
recolhimento dentro do prazo do recurso.

10- Depósito recursal.


Tem por finalidade garantir a execução no juízo recursal, sendo exigido
somente do reclamado quando este interpuser o recurso. O reclamante, quando
recorre, não precisa efetuar esse depósito.
a) Pressuposto. Deve haver condenação em pecúnia. Caso não haja
condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito recursal de que tratam
os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT (Súmula nº 161 do TST).
b) Condenação solidária. Havendo condenação solidária de duas ou mais
empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais,
quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide
(Súmula nº 128, III, do TST).
c) Forma de recolhimento. O depósito recursal será feito em conta vinculada
ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança.
d) Comprovação do depósito. O depósito recursal deve ser feito e comprovado
no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a
dilação legal (Súmula nº 245 do TST).
e) Recolhimento insuficiente das custas ou do dep ósito recursal. Em caso de
recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal,
somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias
previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC/2015, o recorrente não complementar e
comprovar o valor devido. (OJ 140, da SDI-I do TST).
f) Requerimento de isenção na fase recursal. O benefício da justiça gratuita
pode ser requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase
recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso. Indeferido
o requerimento de justiça gratuita formulado na fase recursal, cumpre ao relator
fixar prazo para que o recorrente efetue o preparo (art. 99, § 7º, do CPC de 2015)
(OJ 269 da SDI-1 do TST).
g) Valor. O seu valor é fixado pelo TST (art. 40 da Lei nº 8.177/1991). Esse
depósito é feito na conta vinculada do FGTS do empregado (art. 899, § 4º, da
CLT), cabendo à empresa promover a abertura da conta, caso ela não exista (art.
899, § 5º, da CLT).
Importante

É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação


a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum
depósito mais é exigido para qualquer recurso (Súmula nº128, I, do TST).
h) Reduzido pela metade. O valor do depósito recursal será reduzido pela
metade para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos,
microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
i) Isenção. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça
gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial.
j) Fiança bancária. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança
bancária ou seguro garantia judicial.

11- Efeitos.
Os recursos são interpostos por simples petição e tem efeito meramente
devolutivo, ou seja, devolvem ao Judiciário a análise da matéria discutida no
processo. Há exceções previstas na lei, casos em que há também o efeito
suspensivo, em que a execução das dívidas também fica suspensa.

12- Fazenda Pública. Reexame necessário (Súmula nº 303 do TST).


Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na
vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública,
salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a: (a) 1.000
salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito
público; (b) 500 salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que
constituam capitais dos Estados; (c) 100 salários mínimos para todos os demais
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em: (a)
súmula ou orientação jurisprudencial do TST; (b) acórdão proferido pelo STF ou pelo
TST em julgamento de recursos repetitivos; (c) entendimento firmado em incidente
de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; (d)
entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.
Em ação rescisória, a decisão proferida pelo TRT está sujeita ao duplo grau
de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas
hipóteses dos incisos anteriores.
Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação
processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela
concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como
impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a
hipótese de matéria administrativa.

13- Irregularidade de representação (Súmula nº 383 do TST).


É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos
autos até o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter
excepcional (art. 104 do CPC/2015), admite-se que o advogado,
independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de cinco dias após
a interposição do recurso, prorrogável por igual período mediante despacho do
juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato praticado e não se conhece do
recurso. Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal,
em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão
competente para julgamento do recurso designará prazo de cinco dias para que
seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do
recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o
desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art.
76, § 2º, do CPC/2015).

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