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Recurso Ordinário

1- Definição.
É o meio estabelecido pela lei para impugnar as decisões definitivas ou
terminativas das varas e juízos e as decisões definitivas ou terminativas dos
tribunais regionais, em processos de sua competência originária, quer nos
dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos (art. 895, I e II, CLT).

2- Fundamento legal.
O Recurso Ordinário está disposto no art. 895, I e II, CLT e as suas
contrarrazões estão no art. 900, CLT.

3- Procedimento para o recurso.


O Recurso Ordinário segue uma das seguintes estruturas abaixo, de
acordo com a competência originária da ação:
4- Hipótese de cabimento.
Cabe Recurso Ordinário das decisões definitivas e terminativas:
a) das Varas do Trabalho, que será julgado pelo Tribunal Regional do
Trabalho da região correspondente à Vara do Trabalho (art. 678, II, a, CLT).
b) dos Tribunais Regionais do Trabalho, em dissídio individual de
competência originária, que será julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, é cabível recurso


ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária
trabalhista (Súmula 158, Tribunal Superior do Trabalho). Também, da mesma forma
em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o
Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados
apresentarem razões de contrariedade (Súmula 201, Tribunal Superior do Trabalho).

c) dos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídio coletivo de


competência originária, pelo Tribunal Superior do Trabalho.
5- Decisão interlocutória.
No Processo do Trabalho não cabe recurso imediato para as decisões
interlocutórias, de acordo com o que dispõe o art. 893, § 1º, da CLT, salvo nas
hipóteses de decisão (Súmula 214, Tribunal Superior do Trabalho):
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do TST;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para o Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado.

6- Recurso ordinário no procedimento sumaríssimo (art. 895, § 1º, II,


CLT).
O recurso ordinário, quando recebido no Tribunal, deve ser imediatamente
distribuído, cabendo ao relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e à
Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para
julgamento, sem revisor.
a) Terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer (art. 895, § 1º,
III, CLT);
b) Terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a
indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir
do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá
de acórdão (art. 895, § 1º, IV, CLT).

7- Prazo.
O prazo do recurso ordinário é de 8 (oito) dias contados da data em que
houve a intimação da decisão, com a exclusão do dia de início e inclusão ao
final (art. 895, CLT).
A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para
todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir
da intimação pessoal (art. 183, CPC).
A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais (art. 186, CPC).
O Ministério Público do Trabalho também tem prazo em dobro para
recorrer (art. 180, CPC).
Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§
1º e 2º, do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de
incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente (OJ 310, SDI-1, do
TST).

8- Preparo recursal.
É o pagamento de custas e de depósito recursal. No Recurso Ordinário é
necessário que o recorrente efetue o pagamento das custas processuais,
salvo as hipóteses de isenção.
O empregador que recorrer também deverá recolher o depósito recursal,
desde que seja devedor.
Atualmente o valor do depósito para o Recurso Ordinário está limitado em
R$ 10.059,15 (dez mil, cinquenta e nove reais e quinze centavos) (Ato 287 da
Secretaria-Geral Judiciária – Gabinete da Presidência, de 13 de julho de
202020).

9- Efeitos.
O Recurso Ordinário é dotado de efeito meramente devolutivo (art. 899,
CLT).
É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário
mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao
vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo
do trabalho do art. 1.029, § 5º, do CPC de 2015 (Súmula 414, I, TST).
O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do
§ 1º do art. 1.013 do CPC/2015 (art. 515, § 1º, do CPC/1973), transfere ao
Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não
examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde
que relativos ao capítulo impugnado. Se o processo estiver em condições, o
tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da
causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando
constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos (Súmula 393,
TST).

10- Procedimento e interposição.


De acordo com a CLT, o Recurso Ordinário é interposto por simples petição
direcionada ao juízo (Vara ou Tribunal) que proferiu a decisão (art. 899, CLT).
Entretanto, o art. 1.010, I a IV, CPC prevê que o recurso será interposto por
petição dirigida ao juiz e conterá:
i) os nomes e a qualificação das partes;
ii) a exposição do fato e do direito;
iii) as razões do pedido de reforma ou decretação de nulidade; e
iv) o pedido da nova decisão.
Dessa forma, o Recurso Ordinário deverá conter duas peças. A primeira é
petição de interposição, direcionada ao juízo que proferiu a decisão (juízo a
quo), responsável por fazer o primeiro juízo de admissibilidade do recurso,
chamado de juízo de admissibilidade prévio. A segunda incluirá as razões do
Recurso Ordinário, estas encaminhadas ao juízo que reexaminará a questão
(juízo ad quem), fazendo um segundo juízo de admissibilidade do recurso.

11- Contrarrazões.
Após a interposição do recurso, o recorrido será notificado para oferecer as
suas razões, no prazo de 8 (oito) dias.

12. Denegação de seguimento.


Se for denegado seguimento ao Recurso Ordinário, caberá o recurso de
Agravo de Instrumento. Caso seja recebido, mas improvido, caberá Recurso
de Revista, nos termos da lei.

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