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Leonardo Vasconcelos de
Araújo
Teoria da Comunicação
1ª Edição
Sobral/2017
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Sumário
Palavra do professor
Sobre o autor
Ambientação
Problematizando
Teoria hipodérmica
Introdução
O modelo semiótico-textual
Introdução
Revisando
Leitura Obrigatória
Bibliografia Básica
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Palavra do professor
Caro estudante,
O autor!
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Sobre o autor
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Ambientação
Bons Estudos!
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Trocando ideias com os autores
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Paradigmas Básicos da
Comunicação
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Conceito de Teoria e Comunicação
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uma aproximação do fenômeno sobre o qual pretende se debruçar, estando
sempre sujeita a revisões, críticas e reelaborações. Ainda segundo Turner
(1999), a elaboração de uma teoria social, o que obviamente também se aplica
aos estudos das teorias da comunicação, deve obedecer às seguintes
propriedades: representação de características genéricas do universo
estudado; produção de enunciados verificáveis; consideração de processos
causais.
Mas onde entra a comunicação em tudo que vimos falando até agora?
Como destaca Eduardo Duarte (2003), a comunicação é um campo de saber
relativamente novo, e é por esse motivo que ela ainda passa por tentativas de
atualizações e redefinições conceituais cujo objetivo é dar materialidade e rigor
científico a uma palavra que está presente no vocabulário das pessoas e que
possui diversos contextos de uso e aplicação. Ainda segundo Duarte:
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interessar aquele que permite o delineamento tanto de seu campo, quanto de
seu objeto de estudo.
O filósofo francês Merleau- Ponty vai dar uma contribuição aos estudos
da comunicação ao defini-la como uma partilha, com a construção dialógica de
um sentido comum. Isso não implica dizer que a comunicação é,
necessariamente, a construção de um acordo entre partes, uma vez que, a
elaboração de uma concordância ou discordância é algo de segunda ordem,
posterior ao estabelecimento do terreno comum onde se dá a interação,
mediada pela linguagem. Ainda segundo o filósofo, como destacado por Duarte
(2003), nessa interação entre sujeitos, cada um deixa algo de si; se
desterritorializam para, em seguida, se reterritorializarem novamente. Ou seja,
a comunicação pressupõe um movimento de reconfiguração dos territórios
subjetivos dos sujeitos em interação. Nas palavras de Duarte (2003), a partir da
leitura de Merleau-Ponty, a comunicação:
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objetos. De acordo com Duarte (2003), a comunicação teria por objeto o
encontro entre planos cognitivos, os quais, por esse mesmo encontro,
estabeleceriam um terceiro plano, ausente antes do encontro das partes em
diálogo.
Para finalizar esse tópico, a partir das ideias e conceitos tratados até
aqui, podemos dizer que uma teoria da comunicação é um esquema (modelo)
analítico que representa as propriedades essenciais do objeto em questão – a
comunicação – e, a partir que, é possível produzir enunciados abstratos e
verificáveis sobre ele; devendo, ainda, haver uma constante adaptação dos
processos que ligam os conceitos advindos do esquema geral às proposições
produzidas a partir dele.
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Introdução aos Paradigmas Básicos da Comunicação
Não obstante essa constatação é preciso deixar claro que não foram os
mass media que “inventaram” a comunicação. Esta deve ser compreendida
como um “processo social primário” (RÜDIGER, 2011), diante do qual os meios
de comunicação de massa representam sua mediação tecnológica, não
podendo ser com eles confundida.
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uma síntese exaustiva das teorias da comunicação seria praticamente
impossível, ainda mais levando em conta a exiguidade de espaço e o objetivo
do presente trabalho.
Teoria hipodérmica
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A teoria hipodérmica pode ser conceituada como “uma abordagem
global aos mass media, indiferente à diversidade existente entre os vários
meios e que responde, sobretudo à interrogação: que efeito tem os mass
media numa sociedade de massa?” (WOLF, p. 23, 1999).
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da entrada em cena desse novo ator político seria o enfraquecimento dos laços
tradicionais, o que acarretaria um enfraquecimento do tecido social como um
todo, preparando o terreno para o isolamento e a alienação das massas. De
acordo com essa visão, as massas seriam formadas por um aglomerado de
indivíduos com poucas ou nenhumas ligações entre si, restando, portanto,
indefesos frente às ingerências dos grupos de poder, sejam eles econômicos
ou políticos.
Segundo Wolf:
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Os meios de persuasão de massa constituíam, de fato, um
fenômeno completamente novo, desconhecido, sobre o qual o
público ainda não tinha conhecimentos suficientes, e o contexto
social em que tais meios apareciam e eram utilizados era o dos
regimes totalitários ou de sociedades que se estavam a
organizar em torno da destruição das formas comunitárias
anteriores. Nesse contexto, grandes massas de indivíduos
eram representadas, segundo hábitos de pensamento
heterogéneos, mas concordantes neste ponto, como
atomizadas, alienadas, primitivas (WOLF, 1999, p. 28).
Como o próprio nome diz aqui não se trata tanto de uma teoria
comunicativa, como de uma abordagem, ou seja, um método cujos
desenvolvimentos se fiaram na vasta utilização de pesquisas empíricas. Nesse
tópico, reunimos, seguindo a orientação de Wolf (1999), as principais
características que se tem escrito sobre os resultados desses estudos, em
forma de um corpo de saber organizado.
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Diferentemente da teoria hipodérmica, que parte do pressuposto de
que a mensagem chega e é absorvida pelo receptor sem que este possa opor-
lhe qualquer resistência, na abordagem empírico-experimental, a persuasão
que a mensagem é capaz de causar a quem chega não é um fato dado. Há a
compressão, portanto, de que uma mensagem é capaz sim de persuadir um
destinatário, desde que sua forma consiga, de alguma forma, ressonar com sua
subjetividade, ou seja, que seja capaz de estabelecer uma conexão com seu
universo cultural e características pessoais.
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tornar uma mensagem persuasiva, ao mesmo tempo em que se preocupa em
entender, em caso de insucesso, os fatores responsáveis por isso.
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à audiência. A ordem de exposição dos argumentos é uma variável de
influência para a persuasão de uma mensagem, especialmente, quando o que
está em jogo é o cotejamento de argumentos opostos. Fala-se do efeito
primacy (primazia), quando se verifica uma maior eficácia dos argumentos
expostos incialmente. O efeito recency (aquilo que tem caráter recente) se
verifica quando os argumentos finais acabam por se mostrar mais eficientes.
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O nome consolidado para fazer referência a essa teoria pode dar a
entender que sua única preocupação é entender os efeitos das mensagens.
Mas o fato é que, na verdade, ela está interessada em processos sociais mais
amplos, os quais fogem a uma abordagem teórica calcada puramente em um
viés psicológico. Para Wolf (1999, p. 47), essa teoria “consiste em associar
processos de comunicação de massa às características do contexto social em
que esses processos se realizam”.
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uma determinada mídia vai levar em consideração, por exemplo, não só as
características individuais de uma audiência em particular, mas também as
relações entre seus hábitos de consumo e o estrato social onde podem ser
localizada. Além dessa variável específica, outras tantas podem ser
estabelecidas (gênero, idade, nível de escolaridade, profissão), conferindo um
maior poder analítico e acuidade à pesquisa.
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existem variáveis econômicas, sociológicas e psicológicas que exercem uma
ação constante” (WOLF, 1999, p. 55).
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Ainda segundo Wolf (1999), para o funcionalismo, a lógica que regula
os fenômenos sociais obedece às relações de funcionalidade que norteiam a
solução de quatro problemas centrais em todo sistema social, quais sejam, a
manutenção do modelo e o controle das tensões, adaptação ao ambiente, o
alcance dos objetivos pelos modelos sociais e a conexão das partes que
compõe o sistema.
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acima, a teoria hipodérmica apresentava uma visão muito primária de como se
dava a comunicação entre emissor e receptor, ao tirar destes últimos qualquer
poder de agência frente às ideias e mensagens que lhes chegavam.
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A comunicação constitui, portanto, um processo que visa, em
essência, a minimizar as tensões e reduzir a complexidade dos
problemas da interação social; que, embora, por vezes, veicule
certas disfunções, visa, em última instância, a conter as
tendências à desintegração do sistema social (p. 60).
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compreendida em um esquema teórico mais amplo do que o estabelecido pela
relação emissor-mensagem-receptor.
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interação, determinando o modo como pode se comunicar com sucesso” (p.
69).
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Uma teoria que se propunha interdisciplinar e que requeria
contribuições de intelectuais de diferentes áreas encontrou na Frankfurt dos
anos 20 um clima propício para o debate acadêmico e para o encontro de
ideias. Desse modo, Frankfurt acabou nomeando o círculo, ou melhor, a escola
a que pertenciam esses pensadores sociais, os quais possuíam vínculo com o
Instituto para a Pesquisa Social. Os principais nomes mais representativos da
Escola de Frankfurt foram: Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, Herbert
Marcuse, Erich Fromm, Walter Benjamin, Siegfried Kracauer.
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dinâmica histórica de constituição. Os dados colhidos em campo,
empiricamente, não seriam capazes, por si só, de evidenciar “as ligações com
a dinâmica histórica” (WOLF, 1999, p, 94), ou seja, não seriam capazes de
evidências como se constituiu o sistema social, tampouco sua relação com o
sistema econômico.
Ainda outro traço legado pela teoria crítica foi o entendimento, baseado
na dialética da razão, de que o projeto modernista de emancipação intelectual
do homem, acabou por produzir o seu contrário, ou seja, uma racionalização da
dominação e a reificação do homem (RÜDIGER, 2011). Nesse quadro, a
comunicação seria um elemento central para a sistematização dessa
dominação, estando submetida à lógica das trocas mercantis e do sistema
capitalista.
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reproduções do próprio processo de trabalho” (Wolf, 1999, p. 86). Para a teoria
crítica, portanto, mesmo em nossos momentos de lazer continuamos presos
nas engrenagens dos processos produtivos, os quais teriam objetivo disciplinar
e normalizar comportamentos.
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Por fim, ao enxergar a indústria cultural como um “sistema”, a teoria
crítica deixa passar muitas das contradições que lhe são inerentes, além de
desconsiderar os aspectos da vida social que ela reproduz, o que implica uma
visão dos meios de comunicação como ferramentas de dominação totalitária,
contra as quais estaríamos todos indefesos.
Teoria culturológica
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sociologia da cultura contemporânea e que, ao mesmo tempo, não caísse no
que Wolf (1999) considera um falso dilema que se associa à maneira como a
sociologia tradicional aborda a cultura de massa: estabelecendo uma clivagem
dos aspectos positivos e negativos que a constituem.
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possibilitaria a organização burocrático-industrial seria a estrutura do imaginário
do público consumidor com seus arquétipos1, que transformados em
estereótipos, serviriam de matéria-prima para a produção dos objetos culturais
de consumo.
Cultural Studies
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Para Jung, os arquétipos se configuram como estruturas inatas que servem de base para o
desenvolvimento e a expressão da psique. Em outras palavras, arquétipos são conjuntos de imagens
primordiais que tem origem na repetição progressiva de uma mesma experiência ao longo do tempo.
(Fonte: https://oarquetipo.wordpress.com/o-arquetipo/).
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Esses intelectuais – entre outros podemos citar Stuart Hall, Richard
Hoggart, E.P. Thompson – se reuniam no Centre for Contemporary Cultural
Studies (CCCS), fundado em 1964. Como dito acima, muito em razão da
própria origem social dos intelectuais que faziam parte do CCCS, o eixo
principal de concentração teórica se localizava nas formas, relações e práticas
culturais, em sua relação com a sociedade e suas transformações.
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Nesse sentido, os estudos culturais vão se interessar pela constituição
de um campo social comum de significados, de práticas sociais
compartilhadas, tendo a cultura como um elemento integrador das várias teias
que compõe o tecido societário.
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Com a crescente influência dos meios de comunicação de massa,
estes passam a ser vistos não somente como entretenimento, mas também
como aparelhos ideológicos de Estado (Althusser). Em relação aos meios de
comunicação, segundo destaca Escoteguy, a abordagem dos estudos culturais
se caracterizava:
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O paradigma materialista
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consciência produzida pelas condições históricas, que determinam essa
mesma práxis.
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Segundo Rüdiger:
Por exemplo, se hoje nos deparamos com uma ideologia que exorta a
gestão empresarial da vida - o que implica que todo sucesso ou fracasso que
alguém possa alcançar na vida depende exclusivamente de suas habilidades
como empresário de si, e não das condicionantes estruturais – é porque o
modo de organização da produção capitalista no século XXI produz esse tipo
de consciência em seu próprio benefício. Assumir riscos, ser empreendedor,
não depender do Estado, todos esses valores andam par a par com o processo
de flexibilização das leis trabalhistas e a modificação das relações de produção
em detrimento de quem efetivamente contribui a geração de riquezas. Esse é
um caso em que a produção de uma ideologia é reinvestida na alimentação do
próprio sistema, concedendo-lhe o que é necessário para sua manutenção.
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Em suma, “comunicação, linguagem e consciência formam, de
qualquer maneira, uma unidade, cujo surgimento está entrelaçado com o
desenvolvimento da produção material e o processo de cooperação entre os
homens” (RÜDIGER, 2011, p. 81).
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As teorias
comunicativas
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Introdução
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fonte destinatário
Sentido da transmissão
mensagem mensagem
(ruído)
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O modelo comunicativo semiótico-informacional
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Os signos seriam divididos em três espécies principais: ícones, índices
e símbolos. O primeiro, diz respeito a um tipo de signo em que significado e
significante possuem uma semelhança de fato, como um cachorro e um
desenho que o represente, por exemplo. O índice tem a ver com um signo que
apenas indica o objeto significado, como é o caso da fumaça, que avisa de um
possível incêndio. O último, símbolo, depende da adoção de uma regra para
seu uso, como é o caso das bandeiras que representam as nações.
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Por fim, vale salientar que esse modelo tem importância por revelar
que, nas pesquisas sobre os mass media é essencial integrar as estratégias de
análise a influência dos “mecanismos comunicativos na determinação dos
efeitos macrossociais” (WOLF, 1999, p. 125); ou seja, dar a ver as
interferências e efeitos em larga escala que os meios de comunicação de
massa são capazes de provocar, ainda mais quando se leva em consideração
o contexto das novas tecnologias da comunicação.
O modelo semiótico-textual
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A noção de “conjunto de práticas textuais” parte da ideia de que a cultura
pode ser representada como um mecanismo que cria um conjunto de textos,
sendo estes últimos um tipo de realização da cultura. E é o fato de os mass
media serem uma cultura textual que vai afetar as próprias modalidades de seu
consumo, uma vez que, a interpretação operada pelos destinatários se dá por
meio do amálgama e da articulação com conjuntos de textos já consumidos.
Isso quer dizer que, para interpretar uma mensagem, os destinatários se valem
de textos (cultura) já consumidos para elaborar um ato interpretativo, e isso é
levado em conta, pelos próprios mass media na elaboração da mensagem.
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Hipótese da agenda-
setting e a nova
comunicação
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Introdução
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Em outras palavras, tal hipótese traz a compreensão de que, por meio
da ação das mídias de comunicação de massa (televisão, jornal, rádio e, de
certo modo, a internet), o público ignora ou dá atenção a determinados temas,
que passam a ocupar ou não o espaço público. Além da escolha dos temas em
si, a importância dada a elas, segunda a hipótese da agenda-setting também é
definida pelos mass media.
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privilegiadamente no espaço público, mas sim, juntamente com ela, das
molduras de sentido, por meio das quais a realidade será interpretada. Essa
construção da realidade traz muitas implicações para a dinâmica social, por
conformar uma visão de mundo que tem influência direta no modo pelo qual as
pessoas encaram os assuntos mais diversos, desde os mais estruturantes,
como política, violência urbana, até os mais tangenciais, como o artista ou a
música da moda.
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como a nossa, fica evidente que esse fator não poderia ficar de fora na análise
de se a mídia televisiva ou a impressa seriam mais bem sucedidas em
conseguir provocar efeitos mais duradouros. A hipótese agenda-setting não
chega a representar uma teoria. Segundo Wolf:
Quanto a nova comunicação, podemos afirmar que ela surgiu nos anos
50, tendo como principais teóricos Gregory Bateson, Paul Watzlawick, Ray
Birdwhistlell, Edward Hall e Erving Goffman.
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Revisando
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Como estudantes de comunicação, isso nos coloca diante do desafio
perpétuo de construir novas abordagens, estratégias de reflexão e
entendimento, que lancem mão não só das mais modernas teorias e
tecnologias, mas também das contribuições passadas, pois seus erros e
acertos são ótimas pistas para indicar que caminhos deverão seguir. O desafio
está lançado a quem se dispuser a enfrentá-lo, lembrando que a melhor
maneira de vencê-lo é adotando uma postura sempre crítica e solidamente
vincada em uma observação entusiasmada dos fenômenos que constituem o
mundo social.
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Leitura Obrigatória,
LEIA O LIVRO PARA PRODUZIR UMA RESENHA SOBRE O ENFOQUE DOS AUTORES
SOBRE MIDIA E SOCIEDADE.
Guia de Estudo:
Leia o livro para produzir uma resenha sobre o enfoque dos autores sobre
mídia e sociedade.
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Bibliografia Básica
Bibliografia complementar
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