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UNINORTE

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL

NOTAS DE AULA

DISCIPLINA – DIREITO E LEGISLAÇÃO

Prof. MSc. Antônio Carlos Gomes

2021
DIREITOS AUTORAIS

5.1 INTRODUÇÃO
"Direito Autoral é o direito que assegura ao autor de obra literária, artística ou
científica a propriedade exclusiva sobre sua obra, para que somente ele possa
fruir e gozar de todos os benefícios e vantagens que dela possam decorrer,
segundo os princípios que se inscrevem na lei civil.

São consideradas "obras" as criações do espírito, a obra intelectual fixada em


suporte material.

"O Direito de Autor protege a obra materializada e não a idéia que a originou,
até porque não há como privar uma pessoa de criar sobre uma idéia, em
virtude de outra haver tido a mesma idéia anteriormente. Cada criador tem a
sua própria maneira de decodificar a idéia e materializá-la.".

5.2 LEI DOS DIREITOS AUTORAIS (LDA)


A atual lei que rege os Direitos Autorais é a Lei de nº 9.610 de 19 de fevereiro
de 1998, que substituiu e revogou, na sua quase totalidade, a Lei 5.988/73.

Se a proteção do direito de autor é voltada para a criação intelectual


materializada, temos que os projetos complementares também merecem essa
proteção.

Assim, o inciso X do artigo 7° da Lei 9.610/98 estabelece que:

"Art. 7° São obras intelectuais protegidas as criações de espírito, expressas por


qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível,
conhecido ou que se invente no futuro, tais como:

...

X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia,


engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência".

Para que a obra do engenheiro receba proteção do direito autoral, é necessário


que seu trabalho seja original e inédito. A obra de engenharia deve possuir
características que a torne distinta de outra, expressando uma interpretação
própria de seu autor, seja pela organização dos espaços, por especificação de
materiais, por novo meio de harmonizar elementos construtivos, pelo estilo,
enfim, por todo modo que a torne distinta de outras.
Eduardo Salles Pimenta1 ressalta que "croquis e planos são tutelados como
obra intelectual.

“Croquís é o desenho de um objeto, feito em forma tal que necessariamente


não mostra uma escala de correspondência entre as dimensões reais e as que
mostra o desenho. Planos são as representações gráficas em duas dimensões
de objetos tridimensionais. Quanto aos projetos de engenharia, sua proteção
não se restringe apenas ao projeto, mas também ao resultado final, que é a
corporificação do projeto" (executado).

A Constituição Federal do Brasil também protege o direito do autor,


especialmente em seu artigo 5º incisos IX, XXVll e XXVIll. O inciso IX garante a
liberdade de expressão na atividade intelectual. O XXVll tutela os direitos
autorais e garante a sucessão dos direitos autorais patrimoniais e, finalmente,
como destaca Eduardo Salles Pimenta, o inciso XXVIIl "reconheceu o direito
exclusivo do autor de utilizar sua obra intelectual. A utilização exclusiva
abrange não só os preceitos já firmados pela LDA, de 1998 (uso, gozo e
fruição), estando também incluso o direito de utilização econômica, que permite
ao autor o recebimento dos proventos pela utilização da obra intelectual (art.
98, parágrafo único, da LDA)".

Observa-se que o artigo 11 da Lei 9.610/98 fixa que, obrigatoriamente, o autor


é a pessoa física. O parágrafo único do mesmo artigo estipula que a proteção
concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas. Cuida-se, aqui,
apenas do direito patrimonial que, de alguma forma, tenha sido transferido à
pessoa jurídica, uma vez que o direito moral do autor cabe única e
exclusivamente à pessoa física, como veremos no subcapítulo 5.8, adiante.

5.3 DIREITO MORAL E DIREITO PATRIMONIAL


Os direitos autorais contêm características de natureza moral e de natureza
patrimonial. Os direitos morais de autor são uma modalidade dos direitos de
personalidade e, como os demais direitos de personalidade, são considerados
aderentes à pessoa do autor.

São indisponíveis, intransmissíveis (salvo aos herdeiros) e inalienáveis. Não


podem ser negociados. Conforme assinala Eduardo Salles Pimenta, "ante a
doutrina, direito moral é o aspecto do direito intelectual que diz respeito à tutela
da obra como entidade própria, assentado em um duplo fundamento: respeito a
personalidade do autor e defesa da obra considerada em si mesma como um
bem, com abstração do seu criador". Prossegue citando a definição proferida
na IV Conferência Interamericana de Advogados, qual seja; "o direito moral é
aquele que, dentro do regime do direito de autor, se ocupa a salvaguardar
1
In “Código de Direitos Autorais ante os Tribunais e Acordos Internacionais”. Editora Lejus, 1ª Ed., 1998.
a boa fama dos autores e compreende a faculdade do autor para exigir,
em todo caso, que seu nome seja mencionado e que as reproduções,
representações, exibições e execuções de suas obras se façam sem
menoscabo de sua honra e de sua reputação".

Já o direito patrimonial, segundo o mesmo autor, "é o aspecto do direito


intelectual, que tem o autor, durante sua vida, de exclusívamente utilizar,
fruir, dispor e de outorgar sua utilização ou fruição por terceiros, no todo
ou em parte, e obter dela um proveito pecuniário”.

Ou seja, os direitos patrimoniais do autor garantem ao mesmo a utilização,


disposição e fruição de sua obra, podendo ser cedidos total ou parcialmente,
mediante contrato com cláusula específica de cessão para determinado uso,
mediante remuneração. É um direito que integra e protege o patrimônio do
autor (enquanto o direito moral se ocupa em resguardar a honra, reputação e
boa fama do autor, autorizando-o, inclusive, a exigir que seu nome seja sempre
mencionado na apresentação e execução de sua obra).

Como bem destaca José Carlos Costa Netto2 sendo os direitos morais
modalidade dos direitos de personalidade, é importante, ao estudá-los,
examinar, dentre as várias espécies de direito de personalidade da pessoa,
três delas: "o direito à honra, ao nome e à imagem, e a sua correlação com
os direitos morais de autor". Nos ateremos a breves considerações sobre o
direito à honra e ao nome, pois aqui enfocamos apenas a pessoa física como
autor de obra de engenharia, não sendo pertinente a este trabalho discorrer
sobre o direito à imagem.

Conforme definição de Antonio Chaves3, "honra é, subjetivamente,


sentimento da própria dignidade e, objetivamente, apreço, respeito,
reputação, boa fama de que nos tornamos merecedores".

Importante para os engenheiros é compreender que a correlação entre o direito


à honra e o direito moral do autor, existirá, principalmente, quando houver uso
adulterado da obra. Nesse sentido, a legislação brasileira, além de proteger
outros aspectos dos direitos de autor, penalizando sua violação, protege
explicitamente a honra da pessoa do autor, como se observa no artigo 24,
inciso IV, da Lei 9.610/98, que estipula o seguinte:

"Art. 24. São direitos morais do autor:

IV - o de assegurar a integridade da obra, apondo-se a quaisquer modificações


ou à pratica de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo,
como autor, em sua reputação ou honra".

2
In Direito Autoral no Brasil, Editora FTD, 1ª Edição. 1998.
3
In Tratado de Direito Civil, Parte Geral 1, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1982.
Como mencionamos anteriormente, no tocante a obra de engenharia, o artigo
18 da Lei 5.194/66 estabelece que alterações no projeto original só poderão ser
procedidas por seu autor. Vê-se, portanto, que se assegura, no mesmo sentido,
a integridade da obra, pois a obra modificada sem autorização do autor pode
causar dano à sua honra ou reputação ensejando reparação pecuniária por
perdas e danos.

Quanto ao nome, José Carlos Costa Netto, lembra a lição dada por Adriano de
Cupis de que a "identidade constitui um bem por si mesma,
independentemente do grau de posição social, da virtude ou dos defeitos
do sujeito" e que, citando Sudre, Pacchioni e Stolfi "naturalmente, o bem de
identidade tem maior valor quando permite conservar do sujeito uma reputação
ilustre. Por outras palavras, a importância do nome será tanto maior quanto
mais ele designe uma pessoa de fama elevada; o nome é então o meio através
do qual a pessoa, individualizada com precisão, goza de toda a fama a ela
respeitante".

A indicação do nome do autor da obra é um direito moral do mesmo, já que o


respeito a ele vai propiciar a sua notoriedade.

A lei brasileira de direito autoral respeita o direito ao uso do nome, tanto no


inciso II do artigo 24 como no artigo 12, ambos da Lei 9.610/98", os quais
dispõem;

"Art. 24. São direitos morais do autor:

II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou


anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra".

"Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária,
artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por
suas iniciais, de pseudônimo ou de qualquer outro sinal convencional."

Assim, por exemplo, é ilícito denominar como sua obra alheia ou atribuir a
alguma pessoa, que não o autor, a autoria de uma obra.

Nota-se que grande parte dos engenheiros não assimilou a importância de ter
seu nome indicado na utilização de sua obra, deixando de exigir que se faça
respeitar sua boa fama e reputação, tal qual lhes é assegurado pelo inciso II do
artigo 24 da LDA, acima transcrito.

Basta que se analise, por exemplo, folhetos de publicidade e anúncios em


jornais de diversos lançamentos imobiliários, onde há reproduções dos projetos
sem indicação dos autores. Esses casos caracterizam não só uma
desobediência ao artigo 24 da LDA, acima mencionado, como também podem
induzir o público consumidor à conclusão de que a obra de engenharia ali
reproduzida é de autoria dos nomes mencionados na publicidade,
caracterizando uma violação de direitos autorais morais, punível administrativa,
civil e penalmente, conforme item 5.6 e seguintes deste capítulo 5.

Assim, é importante que tanto o cliente como o engenheiro, para salvaguardar


a ambos, deixem expresso em contrato a necessária indicação da autoria em
qualquer utilização da obra. A indicação da autoria é sempre obrigatória
independentemente de qual tenha sido o ajuste de cessão patrimonial total, ou
parcial, dos direitos de autor.

Já a utilização da imagem da obra executada para outros fins comerciais que


não o da promoção do próprio empreendimento imobiliário para o qual foi
projetada (cartão-postal, fotos parciais para publicidade de materiais de
construção, por exemplo), deve ser especificada em contrato.

O autor do projeto só cede os direitos patrimoniais especificados em contrato.


Todo o mais não especificado continua a integrar o patrimônio do autor, e, para
sua exploração comercial, deve haver uma nova contratação.

5.4 PRESCRIÇÃO DA PROTEÇÃO AO DIREITO PATRIMONIAL


O artigo 41 da Lei 9.610/98, estabelece que os direitos patrimoniais do autor
perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao
de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil. E seu parágrafo
único estabelece que às obras póstumas é aplicável o mesmo prazo de setenta
anos. Ou seja, os direitos patrimoniais além de perdurar por toda vida do autor,
perdurarão, conforme supra, após seu falecimento, podendo os sucessores
exercer esses direitos. Se não existirem sucessores, a obra cai em domínio
público.

Quanto aos direitos morais, a Convenção de Berna (artigo 6°) estabelece que
os mesmos sejam mantidos, depois da morte do autor, pelo menos até a
extinção do prazo de proteção dos direitos patrimoniais.

Para que a obra do engenheiro esteja protegida pela Lei dos Direitos Autorais
não é necessário que ela seja registrada, embora o engenheiro, para melhor
garantir o seu direito e, também, para fins de manter seu acervo técnico, possa
registrar seu trabalho no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.

5.5 TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS


Como vimos, os direitos morais de autor são indisponíveis (salvo aos
sucessores).
Já os direitos patrimoniais de autor podem ser negociados pelo autor, ou por
seu representante, ou sucessores. O artigo 49 da Lei 9.610/98 permite a
transferência dos mesmos, através de licenciamento, concessão, cessão ou
por outros meios admitidos em direito.

Com a transferência total dos direitos autorais patrimoniais por vontade do


autor, o novo adquirente é quem terá o direito de utilizar e autorizar o uso
econômico da obra, ensina Eduardo Salles Pimenta, que prossegue expondo
que "a cessão implica na transferência total ou parcial de direitos, a
concessão no licenciamento (autorização) temporária ou permanente de
uma das formas de utilização. Já o licenciamento é autorização para uma
simples utilização, o que ocorre em rádio e shows, entre outros".

Temos assim que, relativamente a obra arquitetônica, no que se refere a


projetos (planos), esboços (croquis) ou obras plásticas de engenharia (como
maquetes), estaremos cuidando de cessão (total ou parcial).

A cessão total ou parcial de direitos patrimoniais autorais deve ser formalizada


através de contrato escrito (inciso II do artigo 49 da Lei 9.610/98), O contrato
deve especificar claramente o que está sendo cedido e para qual finalidade, ou
seja, qual o uso que o engenheiro está autorizando ser feito, pelo cessionário,
com seu projeto, anteprojeto, esboços, desenhos. Os direitos patrimoniais não
cedidos expressamente no contrato continuam a integrar o patrimônio do autor.

5.6 VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS


São três os modos mais comuns em que se verifica a utilização indevida
(contrafação) da obra do engenheiro, a saber:

- reprodução total ou parcial da obra ("plágio");

- alteração não autorizada do projeto;

- repetição do projeto.

5.6.1 Plágio

Caracteriza-se o plágio quando um terceiro apresenta trabalho alheio como


sendo seu, mediante o aproveitamento disfarçado de idéias e criações alheias.
Alguns doutrinadores consideram o plágio a modalidade de contrafação (isto é,
utilização não autorizada) mais repulsiva, não só pelo furto intelectual mas
também pelo processo de dissimulação utilizado, conforme expõe José Carlos
Costa Netto;
5.6.2 Alteração não autorizada do projeto

O engenheiro tem o direito de manter intocada a sua obra, assegurando a


forma por ele concebida, Qualquer modificação efetuada na obra já edificada
(ou durante sua construção) sem conhecimento do autor do projeto, dá ao
mesmo o direito de pleitear indenização por danos morais (pois o
comprometimento da obra prejudica sua reputação), bem como o de repudiar a
obra, proibindo que a mesma seja vinculada a seu nome.

O artigo 26 da LDA estabelece que:

"O autor poderá repudiar a autoria de projeto alterado sem o seu


consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.

Parágrafo único. O proprietário da construção responderá pelos danos que


causar ao autor sempre que, após repúdio, der como sendo daquele a autoria
do projeto repudiado".

Relembramos, aqui, o já mencionado inciso IV do artigo 24 da LDA que


estabelece que são direitos morais do autor:

"IV - O de assegurar a integridade da obra, apondo-se a quaisquer


modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la
ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra".

Já o artigo 18 da Lei 5.194/66, estipula que alterações no projeto original só


poderão ser procedidas pelo seu autor. Se este, apesar de comprovada
solicitação, estiver impedido ou recusar-se a tanto, tais alterações poderão ser
feitas por outro engenheiro, a quem caberá a responsabilidade pelo projeto
modificado.

Notamos assim que, enquanto a LDA proíbe a alteração de projeto sem o


consentimento do autor, impondo a quem o faz as sanções administrativas,
civis e penais que adiante indicamos (dentre as quais indenização por perdas e
danos), o artigo 18 da Lei 5.194/66 também a proíbe, mas considera a hipótese
de estando o autor impedido de proceder ao trabalho ou de recusar-se a tanto,
poder a alteração ser feita por outro profissional. Leva-se em conta, aqui, o
direito de propriedade do dono da construção, Ocorre que o permissivo do
artigo 18 da Lei 5.194/66 não isenta o proprietário da obra de indenizar o autor
pela alteração não consentida de seu projeto.

Na lei suíça, existe uma regra conciliatória (art. 12, inciso 3, lei de direito
autoral da Suíça, de 09/10/92) que impõe que o proprietário, ao proceder a
alterações, respeite as características originais da obra. No Brasil, não existe
em lei essa determinação. Ou o proprietário tem o consentimento do autor, ou
poderá estar sujeito a indenizá-lo por perdas e danos por ter-lhe causando
prejuízos morais. É esse, por exemplo, o teor do julgado do Tribunal de Justiça
de São Paulo, 3ª Câmara Civil - AC n° 25605/1 - São Paulo -j. 11-11-82 -
unânime - p.180 - Jurisprudência Brasileira - v. 95 - Curitiba - 1985:

"Se o projeto é alterado sem a concordância dos seus criadores, aos mesmos
assiste, irrecusavelmente, o direito a uma indenização pela violação dos seus
direitos autorais.

A existência de prejuízo em casos como esses é flagrante.

Pela indenização decorrente da violação dos direitos do autor do projeto


respondem, solidariamente, o engenheiro, como responsável pela obra, que
alterou, conscientemente, o projeto desfigurando-o, e o dono da mesma
porque, obviamente, anuiu nas alterações, acompanhando-as, passo a passo,
durante a construção.

Como todo engenheiro quer incluir no seu currículo os projetos que elaborou, é
por meio de suas criações, concretizadas em edifícios, que evidenciará as
qualidades do seu trabalho. O dano indenizável na hipótese de alteração
desautorizada do seu projeto é o de não poder incluir entre suas obras
efetivamente realizadas o desfigurado, liquidação que deve ser feita por
arbitramento para que o prejuízo possa ser estimado com segurança (TJSP)
(JB, 117:262)".

5.6.3 Repetição

Dá-se a repetição quando o cliente utiliza o projeto do engenheiro em locais


diversos daquele para o qual foi originalmente criado e seu uso cedido. Nesse
caso, o engenheiro está deixando de perceber remuneração a que tem direito
(dano ao direito patrimonial) e não estará fiscalizando a fidelidade da
construção ao seu projeto (dano ao direito moral).

5.7 SANÇÕES A VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS


As sanções aplicáveis a quem viola direitos autorais podem ser aplicadas no
âmbito administrativo, civil e penal.

-Sanções administrativas: estão listadas no artigo 71 e seguintes da Lei


5.194/66 e, de acordo com a gravidade, consistem em advertência reservada,
censura pública, multa, suspensão temporária do exercício profissional e
cancelamento definitivo do registro.

-Sanções civis: se traduzem pela imposição de reparação pecuniária ao autor


prejudicado. O valor devido a título de indenização será analisado, em juízo,
caso a caso, considerando-se também o caráter de repreensão que deve
prevalecer sobre aquele que praticou o ato repugnado.

Assim, a jurisprudência brasileira tem-se lastreado em dois princípios básicos;

• a efetiva penalização dos infratores, com o objetivo de desestimular a


prática ilícita;

• a adequação indenizatória diante do volume econômico da atividade em


que a utilização indevida da obra foi inserida.

-Sanções penais: O Código Penal Brasileiro qualificou como crime a violação


do direito autoral, conforme tipificado no título III, Capítulo I (dos crimes contra
a propriedade intelectual) do mencionado código.

"É imposta ao infrator a pena de detenção de três meses a um ano, ou multa;


ou, conforme o caso, reclusão de um a quatro anos e multa."

5.8 ESPECIFICIDADES SOBRE DIREITOS AUTORAIS


A obra intelectual do engenheiro pode ser tipificada quanto ao número de
autores e sua titularidade, a saber:

- Número de autores:

• individual; obra desenvolvida por um único engenheiro;

• em regime de co-autoria: a obra é desenvolvida por mais de um


engenheiro, desde que se possa individualizar a participação de cada um;

• coletiva (ou em colaboração): obra desenvolvida com a participação de


vários engenheiros, mas sob a organização de um.

Conforme os artigos 1 ° e 2° da Lei 6.496/774, a Anotação de Responsabilidade


Técnica (ART) é obrigatória aos engenheiros e é ela, ART, que define, para
efeitos legais, os responsáveis técnicos pelas obras de engenharia.

Conforme mencionado anteriormente, teremos assim que o autor individual, os


co-autores e os autores coletivos deverão, cada qual, recolher suas respectivas
ART's que poderão ser individuais (um só autor) ou vinculadas (através de
tantos formulários quantos forem os profissionais envolvidos na obra ou
serviço).

4
Institui a “Anotação de Responsabilidade Técnica – ART”, nos serviços de engenharia
5.9 TITULARIDADE DOS DIREITOS AUTORAIS
O titular pode ser originário (pessoa física) ou derivado (pessoa física ou
jurídica).

“O artigo 11 da Lei 9.610/98, estabelece que autor é a pessoa física criadora da


obra. Entretanto, o parágrafo único do mesmo artigo prevê que as pessoas
jurídicas poderão ser titulares de direitos autorais - sob o aspecto patrimonial e
não moral - e nesta condição exercê-los, se coube a elas a organização e
realização da obra intelectual, o que se aplica a empresas de engenharia.

O titular originário do direito do autor não pode ser outro senão o criador da
obra (embora essa criação possa se dar individualmente, em regime de co-
autoria ou colaboração).

A titularidade derivada depende da cessão (envolvendo os aspectos


patrimoniais) ou sucessão (envolvendo não somente aspectos patrimoniais
mas também morais) dos respectivos direitos.

Quanto à titularidade da pessoa jurídica, devemos analisar as formas mais


comuns de relacionamento entre os autores e as empresas usuárias de obras
intelectuais, quais sejam:

- relacionamento de forma desvinculada, sem qualquer participação do


usuário na elaboração da obra. O titular originário, mediante certas condições
de uso e remuneração, autoriza a utilização de sua obra (para uma "mostra",
por exemplo) sem, no entanto, ceder ou transferir seus direitos;

- relacionamento sob o regime da prestação de serviços, sem vínculo


empregatício.

A pessoa jurídica encomenda e remunera o autor para a criação do projeto que


será utilizado por aquela. Ainda que a obra venha ser utilizada, organizada e
custeada pela empresa, o autor mantém seu direito autoral moral e cede e
transfere à empresa os seus respectivos direitos autorais patrimoniais;

- relacionamento sob o regime de prestação de serviços com vínculo


empregatício: a empresa contrata o engenheiro para a função de criação de
obra intelectual. Também nesse caso, ao encomendante (empregador) cabe o
direito de exploração econômica (patrimonial) da obra intelectual, mas não seu
direito autoral moral.

Entendemos assim que para prática profissional dos engenheiros é


fundamentai o entendimento interativo e a utilização dos instrumentos que a
legislação vigente lhes faculta, em especial a inter-retação entre a Lei 5.194 e a
LDA.
A Lei 5.194 aborda a questão da autoria como necessária à explicitação da
responsabilidade técnica do autor com especial enfoque à proteção do público.

Já as questões da Lei de Direitos Autorais tratam do assunto especialmente


para a proteção dos direitos do autor de obra intelectual.

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