Cadernos PDE
Resumo
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
[Digite texto]
possam compreender a sociedade atual. Dando-se assim, o processo de construção
do conhecimento histórico, na perspectiva apresentada por Bittencourt,
3
Conteúdos significativos vinculam-se a uma seleção critério baseado, direta ou indiretamente, nos
problemas do aluno e da sua vida, em sua condição social e cultural. BITTENCOURT, Circe Maria.
Conteúdos históricos: como selecionar? In: Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo:
Cortez, 2004.
[Digite texto]
competências nocionais para a resolução de determinadas tarefas em uma
mesma disciplina ou várias delas [...] (apud: ABUD,2005, p. 30).
[Digite texto]
Dentre as várias formas que auxiliam no processo de ensino e
aprendizagem, as HQs podem ser utilizadas com fontes/documentos históricos em
sala de aula, pois, seu uso não pode limitar-se apenas a função de ilustração de
conteúdo. Para trabalhar com quadrinhos devem ser analisados alguns elementos,
durante a sua leitura, como descreve Vilela (2010), “Quem é o autor? Quando e
onde foi produzida? Por quem fala? A quem se destina? Qual é a sua finalidade.
Assim, o uso da HQ em sala de aula como documento histórico, é uma forma
para que o aluno compreenda uma das interpretações possível do acontecimento
histórico, que é retratada nos quadrinhos, de acordo com o contexto no qual foi
produzido. Por isso, destaca-se neste trabalho o uso das HQs como estratégia de
ensino pois, mesmo diante do desenvolvimento de novos meios de comunicação e
entretenimento, cada vez mais variados, rápidos e sofisticados, não impediu que as
histórias em quadrinhos, continuassem atraindo um grande número de leitores.
A leitura e a produção de história em quadrinhos em sala de aula pelos
alunos podem contribuir para uma melhor compreensão dos conteúdos históricos.
Sob a condução do professor, o educando necessita pesquisar sobre o tema, para
produzir textos com as falas dos personagens, realizar os desenhos de acordo com
o período e o tema estudado, elaborar uma sequência lógica, conciliando o uso de
textos e imagens. Enfim, o aluno expressa nos quadrinhos a sua compreensão,
como destaca Vergueiro:
[Digite texto]
Dando início ao trabalho, durante o segundo encontro foi realizada uma
oficina pedagógica sobre como produzir HQs, em conjunto com a professora de
Geografia, possibilitando a compreensão de algumas técnicas para a sua confecção.
Para elaborar uma história em quadrinhos existem alguns elementos básicos
que devem ser levados em consideração como: imagem/desenho, tipos de balões e
onomatopeias, requadro, perspectiva, texto/roteiro, entre outros. As HQs relacionam
imagens e palavras construindo uma narrativa, que dever ser entendida nas
sequências das imagens. De acordo com Eisner,
A função da arte dos quadrinhos, que de comunicar ideias e/ou histórias por
meio de palavras e figuras, envolve o movimento de certas imagens (como
pessoas e coisas) no espaço. Para lidar com a captura ou o
encapsulamento desses eventos no fluxo da narrativa, eles devem ser
decompostos em segmentos sequenciados. Esses segmentos são
chamados quadrinhos, que não correspondem exatamente aos quadros
cinematográficos. São parte do processo criativo, mais do que resultado de
uma tecnologia [...] (2010, p.39).
Assim, entende-se que a cada quadrinho o autor procurar criar por meio do
compartilhamento de suas experiências visuais, comuns também aos leitores, uma
narrativa sequencial que procura prender atenção do leitor. Um elemento importante
da HQ é a elaboração do roteiro que é a sinopse, que contém o texto narrativo da
história, estabelece o número de páginas ou quadrinhos serão necessários,
descreve as ações dos personagens, as cenas, ou seja, determina como será o
desenho e o texto em cada quadrinho.
Na sequência do trabalho proposto, para a elaboração dos roteiros de HQ na
disciplina de História, os alunos foram orientados para realização de pesquisa em
diferentes tipos de fontes, como textos, documentos de época, fotos, desenhos,
pinturas, documentários, entrevistas, filmes sobre o conteúdo especifico a abordado.
Essa pesquisa foi fundamental para que os alunos tivessem clareza sobre o
assunto, como destaca Vilela
[Digite texto]
O professor deve orientar os alunos para que não ocorram anacronismos,
ou seja, utilizar os conceitos e ideias de uma época para analisar os fatos de outro
tempo. O roteiro deve conter informações históricas corretas sobre os
acontecimentos como: datas, nomes, vestimentas, objetos, ferramentas, que
existiam naquele período, características culturais, políticas e econômicas dentre
outros elementos. Os alunos elaboram quadrinhos com cenas de humor,
empregando onomatopeias e aplicando diferentes recursos gráficos para enriquecer
suas criações.
Para elaboração de HQs com base em conteúdos históricos, foram
selecionados os temas Coronelismo, Clientelismo e as Fraudes Eleitorais no Brasil,
durante a República Velha (1889 a 1930), assim o terceiro encontro iniciou com uma
pergunta sobre o presente “Você sabe como funciona o Sistema Eleitoral do Brasil
atualmente?”. Com o intuito de compreender a questão os alunos foram organizados
em grupos, para que fizessem a análise e o debate sobre o cumprimento ou não das
normas do Código Eleitoral Brasileiro atualmente, orientados pela professora de
História.
Também refletiram a partir da realidade na qual estão inseridos, se hoje
ocorre compra de votos, troca de favores entre eleitores e candidatos, distribuições
de cestas básicas e outros benefícios à população em troca de voto, dentre outros
atos que caracterizam crime eleitoral. Possibilitando que os educandos
compreendessem como funciona o sistema eleitoral brasileiro.
Os alunos também assistiram e discutiram o vídeo “Melo das Eleições”4, que
em forma de paródia crítica a corrupção no Brasil e procura conscientizar o eleitor
sobre a importância do voto. Pois esse é considerado por uma parcela da
população, como algo sem importância, que não influencia diretamente em suas
vidas.
Por isso, no quarto encontro direcionou-se o estudo para o voto na história
do Brasil, para compreender a sua importância é necessário conhecer sobre como
os brasileiros adquiriram o direito ao voto secreto e universal, a longa trajetória
dessa conquista. Nesse sentido, foi necessário os alunos analisarem como era o
funcionamento do sistema eleitoral brasileiro no período imperial (1824-1889) e nas
4
“Melo das Eleições”. Produção: Brasileiros Pocotó. Direção Luciano Pires. 03’06. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=bNjRotnbuLQ>. Acesso em 01 de nov. de 2013.
[Digite texto]
primeiras décadas da República (1889-1930). Relacionando também, como a
implantação do federalismo contribuiu para o domínio dos chamados coronéis, foi o
período do Coronelismo no Brasil.
O voto somente tornou-se universal com a implantação da República no
Brasil (1889), mas ainda a maioria da população brasileira ficou excluída desse
direito, pois a Constituição Republicana de 1891 assegurou o direito de voto aos
homens alfabetizados e maiores de 21 anos, excluindo analfabetos, mulheres,
mendigos, soldados, congregações ou comunidades sujeitos a voto de obediência.
Os alunos analisaram a partir de texto do autor Telarolli5 que a discussão
sobre o direito do voto feminino e dos analfabetos foi polêmica na República Velha.
Também realizaram estudo e análise dos textos sobre: Sociedade e economia na
Primeira República, do autor Gilberto Cotrim e o trecho do livro: Cidadania no Brasil:
O longo Caminho, do historiador José Murilo de Carvalho6, que tratam sobre o voto e
a política na Primeira República ou República Velha, em seguida responderam as
questões sugeridas para auxiliar na compreensão do tema.
Assim, organizados em duplas, os alunos realizaram pesquisas na biblioteca
da escola e na internet sobre o significado dos termos - Coronelismo, Clientelismo,
Voto de Cabresto, Voto Aberto, Política dos Governadores, Comissão Verificadora,
Política Café com Leite, Convênio de Taubaté. A partir dos dados coletados e
discussões feitas, produziram um pequeno texto explicativo sobre o período da
República Velha.
O texto elaborado por cada dupla foi apresentado no início do quinto
encontro e debatido no grande grupo. Visando aprofundar o referencial teórico,
foram analisados conceitos como coronelismo, mandonismo e clientelismo,
percebendo suas diferenças. Pois, como explica Carvalho:
5
TELAROLLI, Rodolpho. Eleições e Fraudes e Eleitorais na República Velha. São Paulo:
Brasiliense, 1982. p. 17-18.
6
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002. p. 40-42.
[Digite texto]
no estado. O coronelismo é fase de processo mais longo de relacionamento
entre os fazendeiros e o governo. O coronelismo não existiu antes dessa
fase e não existe depois dela [...] (1998, p. 132).
7
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil.
5. Ed. São Paulo: Alfa – Omega, 1986. p. 23-49.
8
Painel integrado. Disponível em:< http://atelierdeducadores.blogspot.com.br/2010/04/painel-
integrado.html. >. Acesso em: 14 de out. 2013.
[Digite texto]
se que houve construção e produção do conhecimento histórico sobre o tema
proposto.
Fonte: KREBS, Paola; FERREIRA, Maíra H. História em quadrinhos sobre o Coronelismo, 2014.
[Digite texto]
Fonte: KREBS, Paola; FERREIRA, Maíra H. História em quadrinhos sobre o Coronelismo, 2014
[Digite texto]
Fonte: KREBS, Paola; FERREIRA, Maíra H. História em quadrinhos sobre o Coronelismo, 2014.
[Digite texto]
trocas de favores, clientelismo que eram elementos que compunham o sistema
eleitoral da República Velha.
Na HQ construída pelas alunas PADILHA, Marieli R.; BUENO; Luane M.
História em quadrinhos sobre o Coronelismo, 2014, com o título “Zé em Melhor
Opção”, de forma sintética expressam sua compreensão sobre a dinâmica da
política de favores, fraudes eleitorais e coronelismo. Analisando que os coronéis
ofereciam diversos favores, ao eleitor em troca do seu voto. Mas aqueles que
recusassem a obedecer às orientações do Coronel, ficavam sujeito à violência dos
jagunços que trabalhavam nas fazendas, esses formavam grupos armados que
perseguiam os inimigos do patrão ou aqueles que lhes fossem infiéis.
[Digite texto]
Fonte: PADILHA, Marieli R.; BUENO; Luane M. Zé em melhor opção, 2014.
[Digite texto]
Disciplina de Geografia” desenvolvidos pela professora PDE, na disciplina de
Geografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
[Digite texto]
analisar as propostas dos candidatos, com um olhar crítico e não passivos, para um
voto consciente.
Nesse contexto a elaboração de HQs com conteúdos histórico contribui, para a
utilização e difusão de metodologias alternativas no ensino de História,
apresentando resultados bastante válidos na disciplina de História, como os
vivenciados no projeto “a História em Quadrinhos como Recurso Didático na
Construção do Saber Histórico”, descrito nesse artigo, pois é um instrumento
didático que permite tornar as aulas, mais dinâmicas e atrativas.
A produção de HQs é um recurso didático, para construção/ produção do
saber escolar que pode ser usado em várias disciplinas da grade curricular, mono ou
interdisciplinar envolvendo duas ou mais, tanto no ensino fundamental quanto no
ensino médio, abordando temas diversos. O professor a partir de aulas expositivas,
análise e discussões de textos, imagens dos livros didáticos, revistas, jornais, filmes,
documentários, sites disponíveis na internet, pode organizar com os alunos o
referencial teórico necessário para a produção da HQ. Assim tornando as aulas,
mais atrativas e dinâmicas, possibilitando que os educandos desenvolvam a
criatividade e, além de construir seu conhecimento histórico, produzam o saber
escolar.
Nessa mesma direção estão inúmeras estratégias didáticas, que como a
produção de HQs podem em muito contribuir no processo de ensino e aprendizagem
de História, as quais necessitam de novas abordagens e experiências a serem
realizadas e divulgadas junto à comunidade escolar e ao sistema educacional como
um todo, como oportuniza o PDE- SEED-Pr.
Referências
[Digite texto]
CARVALHO, José, Murilo. Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 1998
.------------- “ --------------------. Cidadania no Brasil: o longo Caminho. 3 ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
CÓDIGO ELEITORAL, Lei nº 4.737, 15 de julho de 1965. Disponível em:<
http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/codigo-eleitoral-1/codigo-eleitoral-lei-
nb0-4.737-de-15-de-julho-de-1965 >. Data de acesso: 16 de out. 2013.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRAZIL, 25 de março de 1824.
Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constitui%
C3%A7ao24.htm >. Data de acesso: 16 de out. 2013.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 2010. v.1.
______________. História Global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 2010. v.3.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de A. Neves (orgs). O Brasil Republicano: O
tempo do liberalismo excludente – da Proclamação da República à Revolução de
1930. Rio de Janeiro: Brasileira, 2006.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime
representativo no Brasil. 5. Ed. São Paulo: Alfa – Omega, 1986.
MONTEIRO, Ana Maria F. da C. Os saberes que ensinam: o saber escolar.
In:_______________. Professores de história: entre saberes e práticas. Rio de
Janeiro: Mauad, 2007.
MELO DAS ELEIÇÕES. Produção: Brasileiros Pocotó. Direção Luciano Pires. 03’06.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=bNjRotnbuLQ>. Acesso em 01 de
nov. de 2013.
VERGUEIRO, Waldomiro. Uso das HQS no ensino. In: RAMA, Angela;
VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos em sala
de aula. São Paulo: Contexto, 2010.
_____________________.A linguagem dos quadrinhos: uma “alfabetização”
necessária. In: RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.). Como usar as
histórias em quadrinhos em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2010
VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo. Os quadrinhos (oficialmente) na escola:
dos PCN ao PNBE. In: VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo. Quadrinhos na
Educação. São Paulo: Contexto, 2009.
VILELA, Túlio. Os quadrinhos na aula de História. In: RAMA, Angela; VERGUEIRO,
Waldomiro (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos em sala de aula. São
Paulo: Contexto, 2010
TELAROLLI, Rodolpho. Eleições e Fraudes e Eleitorais na República Velha. São
Paulo: Brasiliense, 1982.
Fontes
KREBS, Paola; FERREIRA, Maíra H. História em quadrinhos sobre o
Coronelismo, 2014.
PADILHA, Marieli R.; BUENO; Luane M. Zé em melhor opção, 2014.
[Digite texto]