Você está na página 1de 6

Resumo do Capítulo 10 – Responsabilidade, mérito e culpa

No livro Beyond freedom and dignity, Skinner afirma que o mentalismo não só interfere com
busca de explicações cientificas do comportamento como também não é prático, no sentido
que nos impede de solucionar problemas como a guerra, o crime e a pobreza.

Dois termos mentalistas criticados por ele foram mérito e culpa – fez uma conexão com o
conceito de dignidade, mas Baum acha melhor relacionar com responsabilidade. Já, que as
têm dignidade quando elas podem ser consideradas responsáveis.

A responsabilidade e as causas do comportamento

Em muitos de seus usos, a palavra responsável pode parecer falar sobre causas.

 A fiação danificada foi responsável pelo incêndio/ A fiação danificada causou o


incêndio.
 Marcus foi responsável pelo incêndio.

A noção de que uma pessoa pode ser uma causa tem dois tipos de implicações:

1) Há a implicação pratica de que Marcus pôs fogo no local; trata-se de uma parte ligação
importante, e pode requerer alguma ação de nossa parte.
2) Segundo, há a implicação de que Marcus causou o incêndio da mesma forma que uma
afiação o faria.

Livre-arbítrio e visibilidade do controle

A noção de que uma pessoa seja responsável por uma ação, no sentido de causar essa
ação, é baseada na noção de livre-arbítrio.

A diferença entre Marcus causar o incêndio e a fiação causar o incêndio, está na escolha
livre de Marcus.

Enquanto a causa atribuída a fiação danificada está relacionada a fatores ambientais


(dilatações, contrações e clima), a causa atribuída a Marcus se relaciona ao próprio
Marcus.

Ao analisar a situação de Marcus, tendemos a pensar sobre uma combinação de fatores


genéticos e uma história de eventos ambientais (sua educação) que o tornaram
“danificado” e provocasse o incêndio.

O comportamento das pessoas parece diferente do comportamento das coisas por duas
razões:

1) As alternativas pelas quais uma pessoa pode escolher;


2) Os fatores que determinam a ação escolhida permanecem ocultas.

Muitas vezes, desculpamos as ações de uma pessoa dizendo que ela “não tinha escolha”.

Isso resulta em uma contradição: Se Marcus tivesse ameaçado por uma arma na cabeça,
ele teria escolha? Poderia se arriscar ou agir por si próprio, ou não ter escolha em
nenhuma das duas situações.
Quanto mais viermos a saber das razões das ações de alguém, menos diremos que
escolheu livremente. Ou podemos pensar que sofreu algo na infância e se tornou
danificado. Dessa forma, não teve como evitar a ação.

A tentação de recorrer ao livre-arbítrio surge porque não podemos ver nada de errado em
Marcus do mesmo modo como podemos ver em um fio desgastado. Se não há uma causa
clara e atual (como a arma apontada), então temos de olhar para eventos do passado, mas
podem difíceis de descobrir.

Recorrer ao livre-arbítrio é uma saída fácil, mas não é aceitável do ponto de vista científico.

* É o principal item sobre as implicações sociais que o Behaviorismo levanta.

Atribuição de mérito e culpa

Outra maneira de determinar o comportamento: aprovação ou desaprovação.

Ações louváveis são reforçadas e ações censuráveis são punidas.

As pessoas desejam o mérito e evitam a culpa.

Culpa: é atribuída ao ambiente. Ex.: Advogados pedem compaixão e convencem os juízes a


considerar as circunstâncias atenuantes.

Em análise comportamental:

Circunstâncias atenuantes significam fatores ambientais.

Compaixão significa levar em conta esses fatores ambientais.

No comportamento operante (principalmente verbal) – reforçado por evitar punição.

Nós nos livramos de situações difíceis jogando a culpa no ambiente.

Mérito: há uma resistência de que fatores ambientais podem ter contribuído. Ex.:
Empresário bem-sucedidos atribuem suas realizações a trabalho árduo e sacrifício, e
raramente a sorte.; Artistas, escritores, compositores e cientistas muitas vexes evitam ou
se ressentem com questões sobre as fontes de suas ideias.

Não mencionam as circunstâncias atenuantes.

Atribuir mérito ao ambiente seria punido pela perda de reforço – enquanto se mantiver a
prática de associar reforço à atribuição de mérito, as pessoas tenderão a esconder os
fatores ambientais as quais poderia ser atribuído mérito.

Se o reforço por ações adequadas fosse dispensado sem que fosse necessário fingir que as
ações tiveram uma origem inteiramente interna, as pessoas se sentiriam mais livres para
reconhecer os fatores ambientais.

Compaixão e Controle

No passado, a ideia de que as pessoas escolhem de acordo com o livre-arbítrio era


relacionada a punição, visando a evitar ações inadequadas.

A noção de que podem existir circunstâncias atenuantes permite ir além da


responsabilização e punição de criminosos; permite aos juízes maior flexibilidade na
decisão das penas.
Ex.: o roubo feito por um adolescente para impressionar os amigos pode receber
tratamento diferente do adulto que rouba carros como uma profissão.

Praticidade em relação ao comportamento: se é melhor ser prático em relação ao


comportamento inadequado, deve ser verdade em relação ao comportamento adequado.

-Inadequado: Quando nos concentramos em como modificar o comportamento,


levantamos questões práticas, por exemplo, sobre a utilidade de prender o malfeitor, o
benefício que poderia lhe trazer um treinamento profissional, ou a ajuda que poderia advir
de um aconselhamento psicológico. Q

Quanto mais reconhecermos que o comportamento está sob controle dos genes e da
história ambiental, mais nos sentimos livre para sermos compassivos e práticos em relação
à correção de malfeitores.

- Adequado (compreendido mais devagar): as pessoas recebem louvor por ações


adequadas apenas enquanto as razões da virtude permanecem obscuras. O uso de
recompensas para fortalecer este comportamento é visto como suborno por alguns que
consideram agir adequadamente uma espécie de “obrigação de todos”.

Considerar efeitos ambientais tanto nas decisões de reforço, quanto nas de punição –
julgamento mais viável.

A responsabilidade e as consequências do comportamento

Na prática, responsabilidade é a decisão entre impor ou não consequências, que seriam a


punição ou reforço, que conduzirão à modificação de comportamento até o
comportamento desejável por quem pune ou reforça.

A análise comportamento tende a olhar para o fim prático

A consideração acerca da responsabilidade de alguém mostra a propensão da relação de


consequência que estabelece, ou seja, mostra seu o comportamento a partir disto.

Ex.: se você acredita em livre-arbítrio, isso apenas reflete um pouco mais as suas
tendências; você provavelmente tem mais propensões a punir do que a reforçar.

O que é responsabilidade?

O filosofo Gilbert Ryle argumentou que decidir se um ato é responsável assemelha-se a


decidir se ele é inteligente.

Nenhum critério isolado governa a decisão sobre a inteligência de uma determinada ação;
procuramos grupos ou padrões de atividade em que a ação particular se encaixe. Ex.:
xadrez, um lance brilhante foi inteligência ou foi sorte?

Defender uma ação com o argumento de insanidade temporária tem duas implicações:

1) Implica que o ato não foi característico, ou seja, não tem a ver com a personalidade
daquela pessoa ou com o modo que ela costuma se comportar.
2) Essa insanidade temporária significa que punir o ato seria inútil – se é pouco provável
que o comportamento jamais se repita, não há motivo para impedi-lo.

A noção de responsabilidade tem muito a ver com as noções de intenção e ação


intencional.
Quando determinada ação é parte de um padrão e seu reforço é obvio, tendemos a dizer
que foi feito intencionalmente e que o sujeito deveria ser responsabilizado por isso.

Em uma abordagem prática de transgressão, o problema é o reforço – a ameaça e a


punição visam eliminar a tentação e o reforço.

Quando alguém se comporta de forma responsável, essas pessoas está se comportando de


uma forma que a sociedade julga útil. Habitualmente, isso significa comportar-se de
acordo com relações de reforço a longo prazo que coincide com autocontrole.

Do ponto de vista comportamental, falar sobre responsabilidades é discutir se é desejável


ou útil estabelecer consequências, punindo ou reforçando.

As relações de reforço que o mantém ou deveriam mantê-la são claras, e desejamos


contrabalançá-las ou aumentá-las. Ex.: Dizer que consideramos Marcus responsável ou
que desejamos torná-lo, é dizer que seria útil punir seu comportamento inadequado ou
reforçar seu comportamento adequado.

Os analistas do comportamento geralmente recomendam fortalecer o comportamento


desejável com reforço positivo.

Considerações práticas: a necessidade de controle

Defensores da liberdade são contrários a qualquer forma de controle, porque reconhecem


que a coerção a longo prazo resulta em infelicidade e em revolta.

Generalizam sua oposição a qualquer forma de controle: baseiam sua posição na ideia de
que as pessoas deveriam ter o direito de escolher livremente.

Perspectiva comportamental (não existe nada semelhante a escolher livremente): escolher


“livremente” é escolher com base nos reforços positivos > condição para que o indivíduo
se sinta feliz e livre.

Ainda nessa perspectiva, todas as ações são controladas pela genética e pelo ambiente,
portanto o livre-arbítrio não é um conceito empregável.

Exemplo: aqueles que têm o poder de controlar (pais, administradores), mas não o fazem,
permitem que o acaso ou estranhos o exerça. Desta forma, são chamados irresponsáveis
por não planejarem ou criarem ambientes nos quais as pessoas se comportarão bem.

Estabelecer consequências

Estamos constantemente reforçando e punindo comportamentos uns dos outros.

A maioria das vezes não estamos conscientes das consequências desses comportamentos

Pessoas em posição administrativa têm que estar cientes das consequências de seus
comportamentos, pois é parte de sua função. Sendo explicadas por:

1) Estabelecimento das consequências: é em si mesmo comportamento operante,


estando sob controle das relações de reforço a longo prazo. (criação de filhos,
determina o êxito das crianças na escola, na vida adulta).
2) Reforçadores e punidores controlam o comportamento (frequência, notas escolares)
que proveem daqueles que estão sendo controlados.
Este fato é significativo para os que prezam a liberdade, pois abre as portas para o
reconhecimento e planejamento explicito do controle mútuo em todas as relações
humanas.

Qual tipo de controle?


Controle com métodos aversivos, como a coerção, são efetivos apenas a curto prazo
enquanto com reforço positivo tem efeitos duradouros.

Efeitos colaterais do controle por punições: sentimento de aprisionamento,


infelicidade e ressentimento.

Controle por reforço positivo: Felicidade


> Liberdade
Respeito
Gerenciamento por reforço positivo pode ser negativo em duas ocasiões:
1) Combinação ruim entre comportamento e reforçador: quando observamos que os
reforçadores frequentemente induzem certos tipos de comportamento e são
também particularmente eficientes em reforçá-lo.
2) Desconsideração do histórico: nesse ponto os psicanalistas estão certos.
Ex.: se uma mulher tem comportamentos inadequados com homens, um
terapeuta comportamental hábil procurará descobrir se seu pai era carinhoso, que
tipo de comportamento ele reforçava com afeto e que tipo de comportamento sua
mãe tinha com seu pai.

O reforço positivo pode ser o meio mais poderoso de modificar o comportamento, mas
deve ser aplicado corretamente. As intervenções que ignoram a história de reforço do
comportamento atual muito provavelmente serão malsucedidas.

Gerenciamento por afiliação é uma forma de controle que funciona bem com adultos,
por meio do reforço social – construído por reiteradas interações com um mesmo
grupo de pessoas.

Segundo Skinner, a cultura funciona como um conjunto de contingências sociais que


evolui com o tempo e com a história.

Você também pode gostar