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Técnico em Enfermagem

Enfermagem na Assistência Domiciliar


Enfermagem na Assistência Domiciliar

Sumário
Introdução ...................................................................................................................................................................3
DISCIPLINA 1 - ATENÇÃO DOMICILIAR INFANTO-JUVENIL ...........................................................................................5
TEMA 1: POLÍTICAS, PROGRAMAS E REDES DE ATENÇÃO DOMICILIAR (AD) ...........................................................5
TEMA 2: EDUCAÇÃO COMPORTAMENTAL NO DOMICÍLIO ......................................................................................8
TEMA 3: CUIDADOS DE TRANSIÇÃO: REDES DE APOIO, FAMÍLIA, PLANEJAMENTO EM SAÚDE ............................16
TEMA 4: PERFIL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM ASSISTÊNCIA DOMICILIAR: DOENÇAS CONGÊNITAS,
MICROCEFALIA, ENCEFALOPATIA, MIELOMENINGOCELE, PARALISIA CEREBRAL, SÍNDROMES CONVULSIVOS
GRAVES, SEQUELAS, DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO, SOFRIMENTO MENTAL ....................................................19
TEMA 5: ASSISTÊNCIA DOMICILIAR: TQT, ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS, FISIOTERAPIA, HIGIENE CORPORAL,
HIGIENE ORAL, HIGIENE DO AMBIENTE .................................................................................................................34
TEMA 6: ASSISTÊNCIA DOMICILIAR: ALIMENTAÇÃO, GTT, SNE, MUDANÇA DE DECÚBITO, HIGIENE NASAL ........40
TEMA 7: ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM DOMICÍLIO ...........................................................................48
TEMA 8: PREVENÇÃO DE ACIDENTES DOMÉSTICOS...............................................................................................54
TEMA 9: APOIO PSICOLÓGICO EM DOMICÍLIO / PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO / REABILITAÇÃO APOIO
PSICOLÓGICO EM DOMICÍLIO .................................................................................................................................56
TEMA 10: LAZER / SAÚDE / COMUNICAÇÃO E LUDICIDADE LAZER .......................................................................58
DISCIPLINA 2 - ATENÇÃO DOMICILIAR DO ADULTO E IDOSO .....................................................................................61
TEMA 1: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO / PROCESSO DO ENVELHECIMENTO ..........................61
TEMA 2: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR / OSTEOPOROSE / ARTRITE E ARTROSE /
ÓRTESES E PRÓTESES / PARKINSON .......................................................................................................................68
TEMA 3: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR: POSTURA / MARCHA / DISPOSITIVOS
AUXILIARES / PREVENÇÃO DE QUEDAS / SÍNDROME DA IMOBILIDADE ................................................................80
TEMA 4: DOENÇAS PREVALENTES NO IDOSO: COMPROMETIMENTO COGNITIVO, DEMÊNCIA, ALZHEIMER,
DEPRESSÃO .............................................................................................................................................................86
TEMA 5: DOENÇAS PREVALENTES NO IDOSO: INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO, INCONTINÊNCIAS,
DESIDRATAÇÃO, DIARRÉIA, ALTERAÇÕES DO SONO, SÍNDROME DA FRAGILIDADE ..............................................91
TEMA 6: AVALIAÇÃO GERIÁTRICA / CONCEITOS: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (AVD) E ATIVIDADES
INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD) ...............................................................................................................97
TEMA 7: SUPORTE NUTRICIONAL / DISFAGIA / INAPETÊNCIA / CONSTIPAÇÃO / MANIPULAÇÃO DE DIETAS ....103
TEMA 8: HIPODERMÓCLISE ..................................................................................................................................107
TEMA 9: CUIDADOS PALIATIVOS / LUTO E PROCESSO DE MORTE .......................................................................111
TEMA 10: BANHO NO LEITO / TROCA DO LEITO / MOVIMENTAÇÃO NO LEITO / TROCA DE FRALDAS /
MOBILIZAÇÃO .......................................................................................................................................................116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................................122
Material de Apoio .....................................................................................................................................................124
EAD ...........................................................................................................................................................................126

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Introdução
Nessa apostila serão abordados dois assuntos principais: ATENÇÃO DOMICILIAR INFANTO-
JUVENIL e ATENÇÃO DOMICILIAR DO ADULTO E IDOSO.
A Assistência Domiciliar (AD) é o cuidado que o paciente recebe da equipe Multiprofissional em
domicílio. Essa modalidade também é conhecida como Home Care e está sendo cada vez mais utilizada
pela sociedade devido aos inúmeros benefícios proporcionados como, por exemplo: atendimento
humanizado para o paciente, maior conforto e privacidade para o paciente, diminuição do índice de
infecção hospitalar, maior disponibilidade de leitos hospitalares; tranquilidade do paciente em estar em
ambiente familiar e perto das pessoas que ama, entre tantos outros.
Considerando esse contexto é importante que o profissional tenha uma formação teórica que
também inclua os aspectos de assistência domiciliar.

Conteúdo Programático das disciplinas:


A disciplina de Enfermagem na Assistência Domiciliar tem a carga horária de 150h dividida em 2
partes:
Atenção domiciliar infanto juvenil: com 60 horas /aula incluindo teoria e prática, com 15 horas de
EaD (Ensino à Distância);
Atenção domiciliar do adulto e idoso: com 60 horas /aula incluindo teoria e prática, com 15 horas
de EaD (Ensino à Distância).

Ao final de disciplina o aluno será capaz de:


▪ Prestar cuidados à criança desde o nascimento até o final da adolescência em ambiente de
internação domiciliar;
▪ Identificar sinais e sintomas de situações envolvendo violência à criança e adolescente em
ambiente de internação domiciliar;
▪ Prestar assistência à criança e adolescente em ambiente de internação domiciliar;
▪ Reconhecer sinais e sintomas de agravos relacionados à infância e adolescência em regime de
internação domiciliar;
▪ Identificar as vacinas que devem ser administradas à criança e adolescente;
▪ Identificar as políticas de saúde para a criança e adolescente;
▪ Compreender os aspectos biopsicossociais da saúde da criança e adolescente, identificando
sinais e sintomas que indiquem alterações fisiológicas, psicológicas e patológicas da criança e do
adolescente;
▪ Prestar assistência à pacientes portadores de dispositivos gástricos, entéricos e vesicais;
▪ Prestar assistência à pacientes em uso de dispositivos para ventilação;
▪ Prestar cuidados ao adulto e idoso em ambiente de internação domiciliar;
▪ Identificar sinais e sintomas de situações envolvendo violência ao idoso em ambiente de
internação domiciliar;
▪ Prestar assistência ao adulto e idoso em ambiente de internação domiciliar;
▪ Reconhecer sinais e sintomas de agravos relacionados ao adulto e idoso em regime de internação
domiciliar;
▪ Identificar as vacinas que devem ser administradas ao adulto e ao idoso;
▪ Identificar as políticas de saúde para a idoso;
▪ Compreender os aspectos biopsicossociais da saúde do adulto e idoso, identificando sinais e
sintomas que indiquem alterações fisiológicas, psicológicas e patológicas do adulto e idoso;
▪ Prestar assistência à pacientes portadores de dispositivos gástricos, entéricos e vesicais;
▪ Prestar assistência à pacientes em uso de dispositivos para ventilação (oxigenoterapia);
▪ Contextualização do adulto e do idoso em seu ambiente e em situações de desequilíbrio de saúde,
para intervenção de enfermagem;
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

▪ Compreender a situação e o ser, adultos e idoso em seu ambiente e em situações de desequilíbrio;


▪ Identificar as políticas de saúde para a adulto e idoso;
▪ Conhecer políticas públicas de inclusão voltadas para idosos.

Processo de Avaliação:
Ocorrerão 4 avaliações no total, sendo 2 na parte de Atenção domiciliar infanto juvenil e 2 na parte
Atenção domiciliar do adulto e idoso.
As avaliações serão programadas pelos professores.

Material de Apoio:
Alguns materiais de apoio serão disponibilizados por QrCode, facilitando o acesso a todos os
alunos.
No final de cada tema serão disponibilizados exercícios de fixação e questões de concursos
públicos para incentivar o aprendizado.
Lembrem-se que a apostila é somente um guia para seus estudos e no final da apostila o aluno
contará com referências bibliográficas que o ajudarão no seu aprendizado.

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DISCIPLINA 1 - ATENÇÃO DOMICILIAR INFANTO-JUVENIL

TEMA 1: POLÍTICAS, PROGRAMAS E REDES DE ATENÇÃO DOMICILIAR (AD)


Segundo Mendes (2001, p. 40), “assistência domiciliar à saúde é a provisão de serviços de saúde
às pessoas de qualquer idade em casa ou em outro local não institucional”. Considerando esse conceito
todas as pessoas podem, em algum momento de sua vida, necessitar de assistência à saúde fora do
ambiente hospitalar.
Esse atendimento poderá ser realizado por profissionais de saúde ou pelos próprios familiares
(cuidadores), dependendo sempre do estado de saúde do paciente. É importante sempre garantir que às
necessidades de saúde sejam atendidas e que haja ganho na qualidade de vida dos pacientes.
O foco da assistência domiciliar é garantir o bem-estar do paciente, melhoria no seu estado geral
de saúde, convívio com familiares e ganho na qualidade de vida.

Histórico no Brasil
No Brasil os primeiros registros de Atenção Domiciliar fazem referência ao Dr. Oswaldo Cruz e as
enfermeiras visitadoras no início da década de 20. Na década de 60, em São Paulo, o Hospital dos
Servidores do Estado de São Paulo organizou um serviço com a finalidade de desenvolver atividades
planejadas voltadas para a assistência domiciliar.
A assistência domiciliar foi lentamente introduzida no sistema brasileiro de saúde, sendo somente
em 1998 a primeira legislação. A Portaria nº 2.416, em 1998, estabeleceu requisitos para credenciamento
de hospitais e critérios para realização de internação domiciliar no SUS. A portaria 2029, de agosto de
2011 efetivamente incorporou a assistência domiciliar (AD) como novo ponto da Rede de Atenção à
Saúde (RAS), tornando-se programa prioritário de governo. Em 8 de novembro de 2011 tornou-se o
Programa Melhor em Casa (PMC).

Contexto familiar
Quando falamos de assistência domiciliar e família é importante considerar todas as questões
envolvidas: sociais, econômicas, culturais e emocionais.
O profissional de saúde que atuará na residência de um paciente deverá estar preparado para
lidar não somente com os problemas de saúde, mas também com todas essas questões. Esse profissional
deverá ter preparo para essas situações, observando que o seu foco sempre deverá ser o bem-estar do
paciente, com uma assistência adequada, seguindo critérios científicos e humanização.
A assistência domiciliar é parte fundamental do processo de atenção à saúde da população,
promovendo cuidados direcionados, cumprindo com princípios de ampliação de acesso à saúde,
acolhimento, equidade, humanização e integração da saúde, sempre com base nas necessidades
individuais do paciente.

Legislação
A PORTARIA Nº 825, DE 25 DE ABRIL DE 2016, redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitadas.

As definições consideradas nessa portaria e pelo SUS são:

Atenção Domiciliar (AD):


Modalidade de atenção à saúde integrada às Rede de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um
conjunto de ações de prevenção e tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde,
prestadas em domicílio, garantindo continuidade de cuidados;

Serviço de Atenção Domiciliar (SAD):


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Serviço complementar aos cuidados realizados na atenção básica e em serviços de urgência, substitutivo
ou complementar à internação hospitalar, responsável pelo gerenciamento e operacionalização das
Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP).

Cuidador:
Pessoa(s), com ou sem vínculo familiar com o usuário, apta(s) para auxiliá-lo em suas necessidades e
atividades da vida cotidiana e que, dependendo da condição funcional e clínica do usuário, deverá(ão)
estar presente(s) no atendimento domiciliar.

Os objetivos do Serviço de Atenção Domiciliar, definidos na Portaria 825, são:

I - Redução da demanda por atendimento hospitalar;


II - Redução do período de permanência de usuários internados;
III - Humanização da atenção à saúde, com a ampliação da autonomia dos usuários;
IV - A desinstitucionalização e a otimização dos recursos financeiros e estruturais da
Rede de Atenção à Saúde

As diretrizes da Assistência Domiciliar são:

I - Ser estruturada de acordo com os princípios de ampliação e equidade do acesso,


acolhimento, humanização e integralidade da assistência, na perspectiva da RAS;
II - Estar incorporada ao sistema de regulação, articulando-se com os outros pontos
de atenção à saúde
III - Adotar linhas de cuidado por meio de práticas clínicas cuidadoras baseadas nas
necessidades do usuário, reduzindo a fragmentação da assistência e valorizando o
trabalho em equipes multiprofissionais e interdisciplinares
IV - Estimular a participação ativa dos profissionais de saúde envolvidos, do usuário,
da família e do(s) cuidador(es).

Nas três modalidades de AD, as equipes responsáveis pela assistência têm como atribuição:

I - Trabalhar em equipe multiprofissional integrada à RAS;


II - Identificar, orientar e capacitar o(s) cuidador(es) do usuário em atendimento, envolvendo-o(s) na
realização de cuidados, respeitando seus limites e potencialidades, considerando-o(s) como sujeito(s) do
processo;
III - Acolher demanda de dúvidas e queixas dos usuários, familiares ou cuidadores;
IV - Promover espaços de cuidado e de trocas de experiências para cuidadores e familiares;
V - Utilizar linguagem acessível, considerando o contexto;
VI - Pactuar fluxos para atestado de óbito, devendo ser preferencialmente emitido por médico da EMAD
ou da Equipe de Atenção Básica do respectivo território;
VII - Articular, com os demais estabelecimentos da RAS, fluxos para admissão e alta dos usuários em
AD, por meio de ações como busca ativa e reuniões periódicas; e
VIII - Participar dos processos de educação permanente e capacitações pertinentes.

A AD será organizada em três modalidades:

I - Atenção Domiciliar 1 (AD 1): o usuário que, tendo indicação de AD, requeira cuidados com menor
frequência e com menor necessidade de intervenções multiprofissionais, uma vez que se pressupõe
estabilidade e cuidados satisfatórios pelos cuidadores. É de responsabilidade das equipes de atenção
básica, por meio de acompanhamento regular em domicílio, de acordo com as especificidades de cada
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caso. Devem ser apoiadas pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, ambulatórios de especialidades
e centros de reabilitação.

II - Atenção Domiciliar 2 (AD 2): o usuário que, tendo indicação de AD, e com o fim de abreviar ou evitar
hospitalização, apresente:
Afecções agudas ou crônicas agudizadas, com necessidade de cuidados intensificados e
sequenciais, como tratamentos parenterais ou reabilitação;
Afecções crônico-degenerativas, considerando o grau de comprometimento causado pela doença,
que demande atendimento no mínimo semanal;
Necessidade de cuidados paliativos com acompanhamento clínico no mínimo semanal, com o fim
de controlar a dor e o sofrimento do usuário; ou
Prematuridade e baixo peso em bebês com necessidade de ganho ponderal.

III - Atenção Domiciliar 3 (AD 3): usuário com qualquer das situações listadas na modalidade AD 2, quando
necessitar de cuidado multiprofissional mais frequente, uso de equipamento(s) ou agregação de
procedimento(s) de maior complexidade (por exemplo, ventilação mecânica, paracentese de repetição,
nutrição parenteral e transfusão sanguínea), usualmente demandando períodos maiores de
acompanhamento domiciliar.

O atendimento aos usuários elegíveis nas modalidades AD 2 e AD 3 é de responsabilidade do


Serviço de Atenção Domiciliar.
Ao usuário em AD acometido de intercorrências agudas será garantido atendimento, transporte e
retaguarda para as unidades assistenciais de funcionamento 24 (vinte e quatro) horas/dia, previamente
definidas como referência para o usuário.

RESUMO
A AD é indicada para pessoas que, estando em estabilidade clínica, necessitam de atenção à
saúde em situação de restrição ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva ou em grau de
vulnerabilidade na qual a atenção domiciliar é considerada a oferta mais oportuna para tratamento,
paliação, reabilitação e prevenção de agravos, tendo em vista a ampliação de autonomia do usuário,
família e cuidador.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1) Quais os objetivos da assistência domiciliar?

2) Explique as modalidades de assistência domiciliar.

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TEMA 2: EDUCAÇÃO COMPORTAMENTAL NO DOMICÍLIO


Como já foi dito o atendimento domiciliar engloba vários fatores, sendo importante compreendê-
los:
➢ Sociais: Um indivíduo poderá necessitar de cuidados e auxílio de outras pessoas em qualquer
momento de sua vida.
➢ Econômicos: Um indivíduo com atuação profissional responsável pela manutenção de outras
pessoas, quando passa a necessitar de cuidados especiais, pode gerar custos não previstos, além
de não contribuir mais para o orçamento doméstico.
➢ Culturais: Nossa sociedade tende a achar que somente idosos precisaram de cuidados especiais
e isso não é verdade. Existem muitas crianças e jovens dependentes de cuidados. Outro mito é
achar que a mulher é a mais adequada a esse serviço. Também precisamos lembrar o quanto é
difícil pessoas jovens cuidarem de idosos, mesmo que tenham laços afetivos.
➢ Emocionais: Quando temos uma pessoa de nosso convívio que necessita de cuidados especiais,
nossas emoções ficam mais expostas.

Lembrem-se que todos os fatores anteriores afetam nossas emoções, contribuindo para
alterações temporárias ou definitivas como: mau humor, tristeza, desesperança, medo da morte, entre
outras.
Pessoas que necessitam de cuidados especiais contínuos podem no fazer refletir sobre a morte e
isso para muitos é extremamente complicado.

Personalidade: Temperamento e Caráter


Temperamento, personalidade e caráter, são palavras utilizadas com frequência desde a
antiguidade. Porém, seus significados quase sempre são confusos e/ou utilizados de forma errônea.

1. Temperamento
Há cerca de 2500 anos, Hipócrates, considerado o pai da Medicina, classificou o temperamento
da espécie humana em quatro tipos básicos:
Sanguíneo, típico de pessoas de humor variado;
Melancólico, característico de pessoas tristes e sonhadoras;
Colérico, peculiar de pessoas cujo humor se caracteriza por um desejo forte e sentimentos
impulsivos, com predominância da bile;
Fleumático, encontrado em pessoas lentas e apáticas, de sangue frio.

A palavra temperamento tem sua origem do latim. Representa a peculiaridade e intensidade


individual dos afetos psíquicos e da estrutura dominante de humor e motivação.
Atualmente, o que mais se aceita a respeito do temperamento é que certas características são
decorrentes de processos fisiológicos do sistema linfático, bem como a ação endócrina de certos
hormônios. Assim, pode-se explicar a genética e a interferência do meio sobre o temperamento de cada
pessoa.
Então, poderíamos definir temperamento como sendo uma disposição inata e particular de cada
pessoa, pronta a reagir aos estímulos ambientais; é a maneira de ser e agir da pessoa, geneticamente
determinada; é o aspecto somático da personalidade.
O temperamento pode ser transmitido de pais para filhos, porém, não é aprendido, nem pode ser
educado; apenas pode ser abrandado em sua maneira de ser, o que é feito pelo caráter.

2. Caráter
De acordo com Reich (1995), o caráter é o conjunto de reações e hábitos de comportamento que
vão sendo adquiridos ao longo da vida e que especificam o modo individual de cada pessoa. Portanto, o
caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para
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várias situações. Incluem aqui as atitudes e valores conscientes, o estilo de comportamento (timidez,
agressividade e assim por diante) e as atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação
do corpo). É a forma com que a pessoa se mostra ao mundo, com seu temperamento e sua personalidade.
É por meio do caráter que a personalidade do indivíduo se manifesta. Portanto, conhecer o caráter
de uma pessoa significa conhecer os traços essenciais que determinam o conjunto de seus atos.
Desde o momento da fecundação, todas as informações genéticas do pai e da mãe passam ao
novo bebê, constituindo o seu temperamento. Ainda na gestação, o bebê apreende todos os estímulos
provindos do meio. Sente e sofre com qualquer alteração sofrida pela mãe durante a gestação e
gradativamente, vai incorporando esses estímulos e organizando-os em seu mundo interno, que já estão
contribuindo para a formação de sua personalidade. Os possíveis comprometimentos que porventura irá
ter ao longo das etapas de desenvolvimento, irão determinar as suas formas de agir e reagir perante a
vida, constituindo assim, o seu caráter.
Então, cada pessoa assumirá uma forma definida de funcionamento, padrão típico de agir frente
às mais inusitadas situações. Como exemplo, podemos pensar numa sala de aula cheia de alunos, onde,
sem ninguém esperar, entra um bandido armado. É provável que todos se assustem, porém, cada qual
irá reagir com base em sua estrutura de caráter. Alguns desmaiam de medo; outros têm diarreia, sono,
taquicardia, sudorese; encontramos também aqueles que querem persuadir o bandido; os que tentam
seduzi-lo; os que procuram enfrentá-lo, mesmo ele estando armado. E assim, uma sucessão de
comportamentos irá aparecer perante a mesma situação.

3. Personalidade
A personalidade é formada durante as etapas do desenvolvimento psicoafetivo pelas quais passa
a criança desde a gestação. Para a sua formação incluem tanto os elementos geneticamente herdados
(temperamento) como também o adquirido do meio ambiente no qual a criança está inserida.
São várias as teorias que versam sobre personalidade tanto quanto as controvérsias, temas de
discussões presentes em toda história da filosofia, psicologia, sociologia, antropologia e medicina geral.
Uma das escolas de grande destaque no estudo da personalidade, foi a psicanálise de S. Freud,
que sustenta que os processos do inconsciente dirigem grande parte do comportamento das pessoas.
Outra escola importante foi a do americano B. F. Skinner que sustenta a tese de que a aprendizagem se
dá pelo condicionamento.
Compreender os aspectos e a dinâmica da personalidade humana também não é tarefa simples,
visto à complexidade e variedade de elementos que a circunda, gerados por diversos fatores biológicos,
psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, quanto mais complexas e diferenciadas for a
cultura e a organização social em que a pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada ela será.
Do ponto de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes tendências, interesses
e aptidões que também são formados pela combinação dinâmica entre diversos fatores hereditários e
uma infinidade de influências sociopsicológicas que ela recebe do meio ambiente. (Fernandes Filho,
1992).

Então, podemos dizer que a personalidade é formada por dois fatores básicos:
Hereditários: são os fatores que estão determinados desde a concepção do bebê. É a estatura,
cor dos olhos, da pele, temperamento, reflexos musculares e vários outros.
É aquilo que o bebê recebe de herança genética de seus pais.
Ambientais: São aqueles que também exercem uma grande influência porque dizem respeito à
cultura, hábitos familiares, grupos sociais, escola, responsabilidade, moral e ética, etc. São
experiências vividas pela criança que irão lhe dar suporte e contribuir para a formação de sua
personalidade.

Mesmo que alguns traços possam ser parecidos com os de outra pessoa, a personalidade é única.
Ela se apoia em uma estrutura biopsicossocial, é dinâmica, adaptável e mutável.

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Traços de Personalidade
Para se falar de personalidade é preciso entender o que vem a ser um traço de personalidade. O
traço é um aspecto do comportamento duradouro da pessoa; é a sua tendência à sociabilidade ou ao
isolamento; à desconfiança ou à confiança nos outros. Um exemplo: lavar as mãos é um hábito, a higiene
é um traço, pois implica em manter-se limpo regularmente escovando os dentes, tomando banho,
trocando as roupas, etc. Pode-se dizer que a higiene é um traço da personalidade de uma pessoa depois
que os hábitos de limpeza se arraigaram. O comportamento final de uma pessoa é o resultado de todos
os seus traços de personalidade. O que diferencia uma pessoa da outra é a amplitude e intensidade com
que cada traço é vivido.
Por convenção, o diagnóstico só deve ser dado a adultos, ou no final da adolescência, pois a
personalidade só está completa nessa época, na maioria das vezes. Os diagnósticos de distúrbios de
conduta na adolescência e pré-adolescência são outros.

Afetividade
Situações, sentimentos e lembranças representam algo diferente para diferentes pessoas, por
causa das nossas diferentes percepções. A perda de um ente querido, por exemplo, costuma ser algo
ruim para todos, mas, mesmo assim, representará algo diferente para cada um.
Na verdade mais importante que a própria realidade é a representação dos fatos dessa realidade.
Afeto é qualquer estado que engloba sentimento e emoção, ou seja, é um conjunto de estímulos
que chegam ao nosso mundo interior e recebem significados. Os dois afetos básicos são: amor e ódio.
São nossos afetos que dão colorido à nossa vida e expressam nossos desejos, sonhos, fantasias,
medos. Conflitos, passado, presente e futuro. São nossos afetos que determinam nosso comportamento.
Sentimento é um estado afetivo complexo e duradouro, ligado a certas emoções ou
representações. As vivências produzem sentimentos no ser humano, que se manifestam de forma
diferente em cada um, que variam de acordo com a sensibilidade, ansiedade, temperamento, raiva, etc.
A emoção é um estado de excitação física e psíquica acompanhadas de breves reações em
resposta a um acontecimento inesperado. Elas podem ser positivas e negativas, dependendo de como
ocorre, o momento em que acontecem e o modo como chegam a ser decodificadas de acordo com as
experiências das pessoas.
Algumas emoções podem ser vistas como positivas e negativas como o choro, riso, etc.
Em toda conduta, nunca há uma ação puramente intelectual, assim como não há atos que sejam
puramente afetivos.
O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode
acelerar ou diminuir o ritmo do desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos à atividade
intelectual se concentrarão.

Ansiedade
Um dos maiores problemas da mente é encontrar meios para resolver ou amenizar a ansiedade.
A ansiedade é um aumento esperado ou previsto de tensão e pode aparecer em uma situação
real ou imaginária.
A ansiedade é uma sensação que se manifesta através de vários sintomas s, faz parte da vida de
muitas pessoas, principalmente moradoras os centros urbanos.

Sintomas Físicos – falta de ar, taquicardia, nervosismo, suores, problemas digestivos (prisão de
ventre, enjoos, gases), fome exagerada, falta de apetite, etc. Esses sintomas indicam que seu
emocional não está bem, portanto não adianta tratar as causas emocionais que geram esta
ansiedade.
Sintomas Psicológicos – medos sem sentido, sentimento exagerado de irritação, ingestão
exagerada de bebidas alcoólicas ou calmantes, mania de perfeição, medo de críticas, medo de
errar, sentimentos de inveja, etc.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

O que devemos fazer?


Aprender a lidar positivamente com nossas ansiedades, não mascarando nossos sentimentos,
mas tentando entender as causas deles.
Se a ansiedade não for entendida, resolvida ou descarregada, poderá ameaçar o corpo e a mente
através da negação ou deformação da situação e a isso damos o nome de Mecanismo de Defesa.
Todos os mecanismos de defesa podem ser encontrados em pessoas saudáveis, e sua presença
excessiva é, via de regra, indicação de possíveis problemas neuróticos.

Repressão: afasta da consciência uma ideia que provoca ansiedade, contudo o material reprimido
continua fazendo parte da mente, exigindo grande quantidade de energia para mantê-lo assim.
Ex.: doenças psicossomáticas. Também é possível que o cansaço excessivo, as fobias e
impotência ou a frigidez derivem de sentimentos reprimidos.
Negação: é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o ego. Os adultos
têm a tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que
na verdade nunca aconteceram. A notável capacidade de lembrar-se incorretamente de fatos é a
forma de negação encontrada com maior frequência.
Racionalização: é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos
e ações inaceitáveis.
Formação Reativa: inversão clara e em geral inconsciente, do verdadeiro desejo. Como outros
mecanismos de defesa, as formações reativas são desenvolvidas, em primeiro lugar na infância.
Projeção: é o ato de atribuir a uma pessoa, animal ou objeto, as qualidades, sentimentos ou
intenções que se originam em si próprio.
Regressão: é um retorno a um nível do desenvolvimento anterior ou a um modo de expressão
mais simples ou mais infantil.
Sublimação: a energia a impulsos e instintos constrangedores é canalizada para atividades
socialmente reconhecidas.
Deslocamento: é um mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa atribui sua intenção para
outra mais aceita socialmente.
Fantasia: satisfação ilusória para desejos que não se podem realizar. Em dose exagerada a
pessoa pode se desviar da realidade, acostumando-se a um mundo irreal, sentindo dificuldades
de viver sua realidade.
Fuga: o indivíduo não procura obter satisfação de suas necessidades, pois ele se recusa a
participar de qualquer situação que possa provocar fracasso. Quando somos submetidos s
constantes frustrações, aprendemos a encarar tudo pelo lado negativo e a esperar o pior. As
formas mais comuns de fuga são o isolamento, a fantasia e a timidez. Pessoas que possuem um
complexo de inferioridade podem desenvolver este mecanismo de defesa por não se acharem
capazes. A fuga também está presente no alcoolismo, no uso de drogas e até mesmo na
ingestão de doces ou alimentos.
Sentimento de Culpa: quando a pessoa faz ou pensa em fazer algo que contraria sua consciência,
é dominada por um complexo de culpa ou ódio de si mesma. O complexo de culpa é uma espécie
de termômetro que indica que nossa autoestima está ameaçada. Para fugir dessa situação, que
é dolorosa, a pessoa desenvolve mecanismos de defesa.

Motivação
Motivação é um fator ou conjunto de fatores, conscientes ou não, que determinam uma ação ou
uma atividade psíquica qualquer; ou motivo para uma ação.
Motivo é um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento humano.
O uso que uma pessoa faz de suas capacidades humanas depende de sua motivação, de seus
desejos, carências, necessidades, ambições, apetites, amores, ódios e medos.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

O Ciclo Motivacional é formado por três componentes que são repetidos em cadeia: o impulso,
processo interno que leva a ação; o comportamento, que leva ao objetivo; e o objetivo ou alvo que
alcançado, deixa de orientar o comportamento por um determinado tempo.
Os motivos que nos fazem trabalhar, ganhar dinheiro e consumir poder ser visualizados na
Hierarquia das Necessidades de Maslow, da seguinte forma:
Necessidades fisiológicas: são as necessidades humanas básicas, para a manutenção da vida,
como comer, dormir, evacuar, etc.
Necessidades de segurança: estar livre de medo, perigo físico e de manter o que conseguiu o
emprego ou a propriedade, por exemplo.
Necessidades sociais: participação em vários grupos ou de ser aceito por eles.
Necessidades de autoestima: valorização do amor próprio e o reconhecimento por parte dos
outros.
Necessidades de autorrealização: o que um homem é capaz de ser.

A motivação envolve atividades as quais nos levam a um determinado objetivo. Assim, podemos
estar motivados ou estimulados por meio de necessidades internas ou externas que podem ser de caráter
fisiológico ou psicológico.
Se, por algum motivo ficarmos sem tomar água por algum tempo, o nosso organismo reagirá de
uma forma tal que constantemente nos sentiremos compelidos a buscar nosso objetivo, ou seja, saciar a
sede. O comportamento motivado tenderá a prosseguir até que o nosso objetivo seja alcançado, de forma
a reduzir a tensão que estamos sentindo. Muitas vezes conseguimos driblar a necessidade com outro
aspecto. Se estivermos com sono, por exemplo, todo o nosso comportamento se voltará a perseguir o
objetivo de acabar com o sono, ou seja, dormir. Se, no entanto, alguma outra coisa nos motivar, um filme
na televisão, uma reunião de amigos, por exemplo, o nosso comportamento fará com que os sintomas de
sono sejam temporariamente esquecidos.
A estimulação interna, no entanto, pode não ser de ordem fisiológica, remetendo o indivíduo a
fantasia. Mesmo sem estar com sede, ao imaginar uma garrafa de Coca-Cola gelada pode me fazer sentir
todos os sintomas de sede, desta vez não porque o meu organismo necessita de água, mas porque as
minhas imaginações puseram em funcionamento os mecanismos do corpo que me fariam sentir a mesma
sede. Da mesma forma, um estímulo externo, como a visão de um grupo de amigos tomando cerveja,
pode ocasionar os mesmos sintomas. Estas são as necessidades secundárias que englobam hábitos
alimentares orientados por normas, princípios e valores de uma determinada sociedade ou grupo social.
Estas necessidades são de origem psicológica ou social. Sentir sede, por exemplo, é uma
necessidade biológica, básica. Não tomar refrigerantes para poder emagrecer, no entanto, é uma
necessidade de cunho social. Usar um casado de frio, é uma necessidade básica; usar um casaco Pierre
cardam, é uma necessidade de aceitação social, ou secundária. No dia-a-dia, entretanto, as necessidades
secundárias agem de forma inesperada no indivíduo, fazendo escolher determinadas coisas sem ao
menos saber por que, havendo uma espécie de aprendizado adequado à satisfação de saciar-se.
A forma de educar também dificulta ou favorece a motivação. O mundo emocional de cada um
dificulta ou favorece a sua capacidade de pensar, sobrepor-se aos problemas, de manter alguma
constância em alguns objetivos. Por isso, a educação de sentimentos estabelece um limite de capacidade
de fazer render os talentos de cada um. Podemos ter recebido frases ou observações baseadas em
descuidos ocasionais que podemos superar ou termos assimilados frases que entenderemos como algo
permanente e muito difícil de evitar.

Habilidade Intrapessoal
É a habilidade de se relacionar consigo mesmo. Reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre
é a chave da inteligência emocional. A falta de habilidade de reconhecer nossos verdadeiros sentimentos,
deixa-nos à mercê de nossas próprias emoções (resultado de como vemos e julgamos determinados
fatos). Cada emoção prepara o corpo para um determinado tipo de resposta.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

O autoconhecimento emocional é saber reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre,


conseguindo assim maior controle de nossas emoções (seremos melhores pilotos de nossas vidas).
Dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se caminhando sempre em
busca, para manter-se sempre no controle e para manter a mente criativa na busca de soluções.
As pessoas bem-sucedidas pessoal e profissionalmente agem usando as emoções de forma
inteligente, elas conseguem aliar inteligência emocional a inteligência racional. Sabem colocar em pratica
os conhecimentos que adquirem e se relacionam bem com todos.

Habilidade Interpessoal
Reconhecimento de emoções em outras pessoas. A empatia permite que reconheçamos as
necessidades e desejos dos outros, permitindo-lhe relacionamentos mais eficazes. A arte de
relacionamento é a arte de gerenciar sentimentos em outros.
Esta habilidade é base de sustentação de popularidade, liderança e eficiência pessoal.
“O homem vale-se de comunicação em todas as experiências de vida, de modo interpessoal ou
dual, em pequenos ou grandes grupos, até quando não está em uma dessas situações, se refletir um
pouco percebera que se encontra sob o impacto ou influência da comunicação”. Assim, acreditamos que
em todos os momentos de encontro entre dois ou mais seres há um momento de interação e percepção.
Nesse aspecto, o enfermeiro não pode fugir da comunicação, pois ele já comunica algo com sua
presença.
O profissional de enfermagem precisa saber que é um elemento nuclear da equipe de saúde, na
qual o paciente se apoia na busca de informação, suporte emocional, satisfação de suas necessidades
básicas, tais como: segurança, higiene, conforto, etc.
Diante disso, o profissional auxiliar técnico de enfermagem deve trabalhar melhor as questões do
conhecimento interpessoal e intrapessoal a fim de desenvolver habilidades de comunicação que possa
contribuir para o bem-estar dele e do paciente.
A imagem é o sinal característico de nossa individualidade, e a impressão extrema do nosso eu.
“É através dela que provocamos sentimentos diversos nas pessoas, é ela que
determina a causa principal de nosso sucesso ou é nosso insucesso”.
O Profissional de Enfermagem e o Corpo do Paciente
De toda a equipe de saúde envolvida, é o auxiliar de enfermagem quem executa a maior parte das
tarefas com o paciente. O corpo do paciente é o objeto de atenção, a quem cabe a tarefa de cuidado
diária.
A enfermagem detém a permissão social e cultural para tocar o corpo do outro, podendo desnudar,
limpar, amarrar, banhar, secar, alimentar, injetar, raspar, vestir e nesse momento, mesmo que não se
aperceba disso, expressa seu sistema de valores, consequência de sua cultura, da realidade do mundo
ao qual faz parte. Assim, também é o corpo. A ideia que temos de corpo também foi sendo construída a
partir dos valores a ele atribuídos. Ele não é experimentado, entendido de modo igual para todos os
indivíduos. A percepção que temos do corpo é resultado da nossa cultura específica.
Ele é na verdade uma simbolização, ou seja, o corpo é uma representação dos nossos conceitos
de pessoa, sexualidade, dentre outros. A experiência corporal não é universal. O corpo não fala por si
próprio, a cultura vai deixando marcas e atribuindo significados que não são eternos.
O cuidado do corpo por parte do pessoal de enfermagem inclui uma manipulação do outro
mediante procedimentos e técnicas do ato de cuidar. Além dos sentidos usa-se também a intuição, a
percepção, a sensibilidade criando uma linguagem corporal própria, na qual pela forma de tocar, olhar,
cuidar, são expressos valores, conceitos, receios, preconceitos, temores, etc.
Tomar consciência dos próprios temores, preconceitos, dúvidas e limite em relação ao seu próprio
corpo e ao do paciente é fundamental para que se estabeleça uma relação na qual esse corpo se
personifique, ganhe uma identidade, deixe de ser apenas um objeto que precisa de cuidados para
pertencer a uma pessoa que tem também seus próprios preconceitos, dúvidas, timidez e vergonha,
principalmente no memento de um contato mais íntimo. Devemos tentar naturalizar a situação hospitalar.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Do mesmo modo que um bebê é amamentado, a alimentação não e a única necessidade que se
está sendo atendida, mas também através desse contato, o bebe sente-se acariciado, protegido,
desenvolvendo, a partir daí, um sentimento de confiança, etc.
Desse modo, no ato de prover as necessidades físicas do indivíduo, promovendo o cuidado com
o corpo, algo além do próprio cuidado está em jogo. É possível estabelecer uma relação de solidariedade,
percebendo as dificuldades, dúvidas e temores do paciente.
Há muita insegurança por parte do paciente, no mento da hospitalização e na própria experiência
da doença. Muitas vezes a pessoa não sabe ao certo o que vai lhe acontecer. A ansiedade faz-se
presente, principalmente em procedimentos cirúrgicos que representam ameaça à integridade corporal
ou que comprometam a autonomia da pessoa, como nos casos de colostomia, mastectomia e
amputações.
É importante compreender que não e simplesmente um simples me membro que vai ser extirpado
em troca de melhor prognostico, mas sim uma parte da pessoa que tem uma função e significados
específicos.
Tal medida requeira um aprendizado para se conviver com a nova situação. Assim, é mais
aconselhável tentar entender a sua tristeza e estar disposto a escutá-lo, ao invés de tentar reanimá-lo.
É compreensível certo desconforto, certa estranheza e, muitas vezes, para negar essas
sensações, mantem-se uma distância emocional em relação aos pacientes, por meio de uma
padronização dos mesmos, que são vistos como iguais, no pior sentido que isso possa ter, no que se
refere a perda da identidade.
Todos nos sentimos medo, vergonha, culpa tristeza, alegria, amor, etc. Nem tudo pode ser
explicado pela razão. Sentimentos são para serem sentidos, experimentados, respeitados, para
aprendermos a lidar com eles e deforma que possamos nos conhecer e viver melhor.
Um profissional de enfermagem sensível, bom observador, conhecedor de suas próprias
emoções, limites e possibilidades tem maior chance de maior atuação junto aos clientes.
É importante perceber que cada paciente é único, apesar das tarefas executas serem as mesmas.
Isso entendido pode ser um facilitador para ambas as partes, propiciando ao paciente um tratamento mais
humanizado e ao profissional um melhor desempenho.
O corpo do paciente é o principal instrumento de trabalho do profissional de enfermagem.
Enquanto ser humano, o profissional de enfermagem é contaminado por situações, traumas e
preconceitos que devem ser compreendidos e trabalhados para não os transmitir ao paciente no decorrer
do relacionamento.
O profissional deve desenvolver uma visão humanista e naturalista para exercer sua rotina de
forma equilibrada.

Comportamento do profissional no domicílio


Depois de toda a abordagem sobre personalidade, temperamento, caráter, etc., podemos concluir
alguns pontos importantes sobre o comportamento do profissional que atua na residência do paciente. O
profissional deverá ser:
Ético;
Respeitoso;
Discreto em seus comentários;
Capaz de utilizar linguajar adequado ao local;
Capaz de manter discrição quanto ao que ver e ouvir, desde que não seja nada maléfico ao
paciente;
Capaz de usar vestimentas adequadas (evitar transparência, decote, roupas justas, roupas curtas,
sapatos de salto);
Capaz de manter a própria higiene corporal: cabelos presos, barba curta, unhas aparadas,
maquiagem e perfume discretos;
Limitar-se a realizar atividades para o qual foi contratado, ou seja, cuidar do paciente;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Capaz de compreender que é um profissional e não membro da família.

RESUMO
A personalidade é formada por fatores genéticos e hereditários e é através dela que interagimos
com o universo a nossa volta e as pessoas nos reconhecem.
São nossos afetos que expressam o que estamos sentindo da vida.
O aspecto afetivo pode prejudicar ou estimular o desenvolvimento de uma pessoa.
A ansiedade prejudica nossa forma de sentir e ver uma situação, podendo se tornar síndrome do
pânico. Desencadeia sintomas físicos e psicológicos. Se não for compreendida e controlada pode se
transformar em mecanismos de defesa que são utilizados para deformar a realidade e amenizar o
sofrimento.
A motivação corresponde a todos os estímulos que nos fazem caminhar, internos e externos. Para
compreendê-la devemos conhecer as necessidades básicas do ser humano.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) Monte com seus colegas situações onde vocês poderão simular o comportamento do profissional no
ambiente domiciliar. Aproveite para discutir os pontos positivos e negativos em cada simulação.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

TEMA 3: CUIDADOS DE TRANSIÇÃO: REDES DE APOIO, FAMÍLIA,


PLANEJAMENTO EM SAÚDE
O hospital de transição é um apoio para os hospitais gerais e representam segurança e conforto
para pacientes e familiares.
Os pacientes com tratamento definido, encontram nele uma opção para a transição entre a
internação e o tratamento domiciliar.
O hospital de transição tem a finalidade de preparar o paciente, seus familiares e cuidadores para
os cuidados domiciliares. É comum o medo e o receio ao transferir o paciente de uma unidade hospitalar,
com médicos, enfermagem, fisioterapia e outros serviços para a residência, onde terá enfermagem por
24 horas ou menos e visitas de outros profissionais de forma agendada.
Esse processo costuma gerar dúvidas e incertezas quanto à qualidade do serviço prestado. O que
sabemos e que quando o paciente apresenta condições de atendimento domiciliar, o mesmo já não
necessita mais de tantos profissionais o tempo integral.
A equipe de profissionais do hospital precisa passar essa segurança para o paciente, familiares e
cuidadores, certificando-se que os cuidados a serem prestados estão corretos, ou seja, os familiares e
cuidadores precisam passar por treinamento antes da desospitalização.
A transição do cuidado refere-se a ações para assegurar a coordenação e a continuidade da
assistência à saúde, na transferência de pacientes entre diferentes serviços de saúde ou diferentes
unidades de um mesmo local. A seguir detalharemos mais essas ações.
Podemos dizer que há cinco categorias temáticas com as principais atividades da equipe de saúde
na transição do cuidado: planejamento de cuidados para a alta; auxílio na reabilitação social; educação
em saúde; articulação com os demais serviços; acompanhamento pós-alta.

Planejamento de cuidados para alta


O planejamento de alta deve ser realizado pelo enfermeiro hospitalar em conjunto com o
paciente e familiares ou com equipe multiprofissional e reformulado durante a internação, de
acordo com mudanças clínicas e psicossociais do paciente. Os planos de alta devem conter
informações sobre diagnósticos prévios, modo de administração das medicações, história
pregressa, avaliação da condição psicossocial, condições financeiras e de moradia e
acompanhamento após a alta. O plano deve ser entregue ao paciente, familiares e cuidadores no
momento da alta hospitalar.

Auxílio na Reabilitação Social


A reabilitação social visa a retomada da vida cotidiana do paciente após a alta hospitalar.
É centrada na interação entre família e comunidade, promoção de atitudes positivas, aceitação e
adaptação da doença nas atividades de vida diárias, diminuindo a sensação de abandono,
propiciando expectativas favoráveis à reabilitação. Alguns aspectos podem auxiliar ou dificultar a
recuperação, como condições físicas, sociais, psicológicas e motivacionais do paciente e família.

Educação em Saúde
Os profissionais de saúde realizam educação em saúde sob diversos aspectos: mudança
na dieta e possíveis restrições de alimentos, realização de exercícios físicos, uso correto das
medicações, como dosagem, frequência de administração e horários, interações dos
medicamentos de uso contínuo, reconhecimento de sinais e sintomas da doença em curso e
autocuidado no domicílio. É importante a utilização de apoio de encartes ilustrativos para reforçar
orientações dos cuidados e linguagem simples, além da utilização do feedback das informações
para verificar a compreensão do paciente quanto às informações prestadas.

Articulação com os demais serviços (rede de apoio)

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Os profissionais de saúde transmitem informações sobre o plano de alta do paciente para


as equipes da atenção primária à saúde, gerenciando o processo de transição do cuidado entre
diferentes pontos da rede de atenção à saúde. Um dos modos de articulação entre serviços é feito
por meio de notificações dos enfermeiros hospitalares sobre a alta do paciente ao serviço de
referência. Outro modo de articulação entre serviços é feito por meio de telefonemas dos
enfermeiros hospitalares, para que o enfermeiro da atenção primária realize visita domiciliar e
esclareça as dúvidas do paciente. Nos casos onde o paciente será acompanhado por equipe de
profissionais da rede privada, essa articulação deverá ser feita com a operadora de saúde
(convênio) ou empresa de assistência domiciliar. É fundamental que a família, cuidadores e
pacientes saibam a quem recorrer nos casos de intercorrências e dúvidas.

Acompanhamento pós-alta
As atividades de acompanhamento pós alta referem-se as interações entre o hospital e o
responsável pela assistência no domicílio com o objetivo de verificar as condições de saúde do
paciente na residência. Pode ser feita através de telefonemas, visitas domiciliares ou qualquer
outro método que permita conseguir informação. Nesse momento, o profissional será capaz de
avaliar o cumprimento do plano de alta previamente elaborado.

Planejamento da Assistência Domiciliar


Quando a equipe de saúde define pela desospitalização do paciente e a continuidade do seu
cuidado com a assistência domiciliar, vários aspectos deverão ser considerados. Essa avaliação prévia
permitirá a elaboração de um plano de cuidados mais adequado e direcionado ao paciente, seus
familiares e cuidadores.

Aspectos a serem avaliados antes da elaboração do plano de cuidados:


Utilização de serviços de Saúde: número e tempo de permanência de internações no último ano
(hospitalizações) e atendimentos nos serviços de urgência/emergência;
Quadro clínico: acamado, sequelado, presença de doenças agudas e crônicas, com estabilidade
clínica, passíveis de tratamento em domicílio; distúrbio do nível de consciência; estabilidade
hemodinâmica; padrão respiratório; comprometimento do estado nutricional;
Suporte terapêutico:
o Terapia medicamentosa: medicação prescrita e vias de administração;
o Suporte respiratório; dependência de oxigenoterapia; presença de hipersecreção
pulmonar; necessidade de aspirações orotraqueais; ventilação mecânica não invasiva;
o Terapia nutricional: suplementação oral ou enteral;
Reabilitação: plegias; distúrbios fonoaudiológicos; necessidade de cuidados de reabilitação
fisioterápica; adaptação de órteses e próteses em AD;
Uso de drenos, cateteres e estomias;
Cuidados de enfermagem: presença de feridas; necessidade de administração de medicamentos
via parenteral; monitoramento de sinais vitais;
Realização de exames complementares;
Cuidados paliativos.

Em relação aos aspectos socioeconômicos e ambientais, serão consideradas, em conjunto, as seguintes


variáveis:
Risco social familiar: drogadição, desemprego, analfabetismo;
Presença de cuidador e necessidade de treinamento/capacitação;
Estrutura familiar; consentimento e participação familiar;
Condições de moradia; relação morador/cômodo; saneamento básico;
Segurança dos profissionais da equipe; acessibilidade ao domicílio

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Papel da Família
No processo de assistência domiciliar de uma criança ou adolescente o papel da família é
fundamental. É necessário lembrar que o familiar já passou um período com esse paciente durante a
hospitalização, aprendendo muito das rotinas de uma internação. Devemos lembrar que esse mesmo
familiar pode estar afastado do convívio social e trabalho em decorrência de internações prolongadas.
Durante a internação hospitalar, o familiar desempenha papel fundamental não apenas para a
criança, mas também para os profissionais de saúde, pois a equipe se dirige a ele para tratar questões
sobre o manejo do cuidado e a troca de informações sobre a saúde da criança. Esse mesmo papel deverá
ser mantido durante a assistência domiciliar.
Para que isso ocorra de maneira satisfatória, o familiar deverá, durante a hospitalização, aprender
os cuidados que serão mantidos na nova fase de cuidados do paciente, pois ele sempre será o elo entre
o paciente e a equipe de saúde.
Os familiares devem ser encorajados a prestarem determinados cuidados nos seus filhos ou
pacientes, como banho, aspiração de vias aéreas e alimentação.
É fundamental que a equipe de saúde encoraje mais de um familiar na promoção e
acompanhamento dos cuidados, evitando assim sobrecarregar uma única pessoa.

RESUMO
A transição do cuidado refere-se a ações para assegurar a coordenação e a continuidade da
assistência à saúde, na transferência de pacientes entre diferentes serviços de saúde ou diferentes
unidades de um mesmo local.
Podemos dizer que há cinco categorias temáticas com as principais atividades da equipe de saúde
na transição do cuidado: planejamento de cuidados para a alta; auxílio na reabilitação social; educação
em saúde; articulação com os demais serviços; acompanhamento pós-alta.
O planejamento de alta deve ser realizado pelo enfermeiro hospitalar em conjunto com o paciente
e familiares ou com equipe multiprofissional e reformulado durante a internação, de acordo com
mudanças clínicas e psicossociais do paciente. Os planos de alta devem conter informações sobre
diagnósticos prévios, modo de administração das medicações, história pregressa, avaliação da condição
psicossocial, condições financeiras e de moradia e acompanhamento após a alta.
Os familiares devem ser encorajados a prestarem determinados cuidados nos seus filhos ou
pacientes, como banho, aspiração de vias aéreas e alimentação.
É fundamental que a equipe de saúde encoraje mais de um familiar na promoção e
acompanhamento dos cuidados, evitando assim sobrecarregar uma única pessoa.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) Levante as necessidades do paciente descrito nesse estudo de caso e faça uma proposta de
orientações / treinamento que a família necessitará para assumir os cuidados da criança.
- Criança sexo feminino, saudável, com 1 ano e 4 meses. Alimenta-se adequadamente para a idade.
Começou a andar sozinha há 1 mês e por isso está explorando todos os ambientes a sua volta. Fala
poucas palavras, muitas vezes não compreensíveis.
- A mãe trabalha em escritório enquanto a criança fica sob responsabilidade de sua tia.
- No dia do acidente a tia estava fazendo faxina e não percebeu que a criança saiu para o quintal.
- A criança foi encontrada caída, inconsciente, com respiração e pulso fracos. Não se sabe o tempo que
a criança está desacordada, mas estima-se que seja 15 minutos.
- Criança está hospitalizada há 125 dias e entrou em programação para assistência domiciliar.

Estado atual da criança: Pouca resposta à estímulos verbais, com pouca interação com seus familiares e
equipe de saúde. Mantendo suplementação de oxigênio por traqueostomia. Recebe dieta enteral
industrializada por gastrostomia. Permanece acamada e em uso de fraldas.
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

TEMA 4: PERFIL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM ASSISTÊNCIA


DOMICILIAR: DOENÇAS CONGÊNITAS, MICROCEFALIA, ENCEFALOPATIA,
MIELOMENINGOCELE, PARALISIA CEREBRAL, SÍNDROMES CONVULSIVOS
GRAVES, SEQUELAS, DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO, SOFRIMENTO MENTAL

1. PERFIL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM ASSISTÊNCIA DOMICILIAR


A Organização Mundial da Saúde considera que o atendimento domiciliar é um serviço de saúde
que objetiva atender indivíduos em qualquer faixa etária, oferecendo a possibilidade de os cuidados que
antes exigiam a hospitalização serem realizados no domicílio e na comunidade. Então precisamos
lembrar que há pacientes em atendimento domiciliar em todas as faixas etárias e que demandam de
cuidados complexos ou mais simples.
No Brasil há poucos estudos que contenham o número de crianças em assistência domiciliar. Um
dos poucos estudos realizados no Brasil foi em Santa Maria- RS (entre os anos de 2004 e 2005) e
evidenciou que as intercorrências com bebês egressos da terapia neonatal que necessitavam de cuidados
especiais em saúde foram de 58,5%.
Estudo realizado na região metropolitana de Belo Horizonte – MG, entre os anos de 2010 e 2012,
fez o seguinte levantamento: a maioria das crianças e adolescentes recebeu mais de um diagnóstico, que
se referiam especialmente a agravos de etiologia neurológica (40,0%), seguido de doenças respiratórias
(29,0%), genéticas (29,0%) e doenças neoplásicas (26,0%).
Esses estudos evidenciaram também que a mãe aparece como a principal cuidadora na maioria
das residências.

2. DOENÇAS CONGÊNITAS
As anomalias congênitas (AC) podem ser definidas como todas as alterações funcionais ou
estruturais do desenvolvimento fetal cuja origem ocorre antes do nascimento, possuindo causas
genéticas, ambientais ou desconhecidas, mesmo que essa anomalia se manifeste anos após o
nascimento.

As anomalias congênitas podem ser classificadas em maiores ou menores:


as malformações maiores seriam graves alterações anatômicas, estéticas e funcionais podendo
levar à morte;
as menores levam a fenótipos que se sobrepõem aos encontrados na maioria das pessoas.

Estudos realizados em 2007 na região do Vale do Paraíba – SP, relatam que em torno de 5% dos
nascidos vivos (NV) apresentam alguma anomalia do desenvolvimento, determinada, total ou
parcialmente, por fatores genéticos.

2.1 Síndrome de Down


A Síndrome de Down (SD) ou trissomia do 21(um cromossomo 21 extra) é uma condição humana
geneticamente determinada. Caracterizada pela alteração cromossômica mais frequente na população e
a principal causa de deficiência intelectual na população.
A presença do cromossomo 21 extra na constituição genética determina características físicas
específicas e atraso no desenvolvimento.

As principais características físicas apresentadas por pacientes com essa condição são:
pregas palpebrais oblíquas para cima;
epicanto (prega cutânea no canto interno do olho);
sinófris (união das sobrancelhas);
base nasal plana;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

face aplanada;
protusão lingual;
palato ogival (alto);
orelhas de implantação baixa;
pavilhão auricular pequeno;
cabelo fino;
clinodactilia do 5º dedo da mão (5º dedo curvo);
braquidactilia (dedos curtos);
afastamento entre o 1º e o 2º dedos do pé;
pé plano;
prega simiesca (prega palmar única transversa);
Hipotonia;
frouxidão ligamentar;
excesso de tecido adiposo no dorso do pescoço;
retrognatia, diástase (afastamento) dos músculos dos retos abdominais e hérnia umbilical;
cardiopatia congênitas;
alterações oftalmológicas;
alterações auditivas;
alterações do sistema digestório;
alterações endocrinológicas;
alterações do aparelho locomotor;
alterações neurológicas;
alterações hematológicas; e
alterações ortodônticas.

ATENÇÃO: não é necessário a presença de todas as características para determinação dessa


condição.
A presença de características isoladas também não determina a presença da condição, pois
outras patologias podem apresentar características semelhantes.

O cuidado à criança com síndrome de Down deve ser planejado por uma equipe multiprofissional
e seus cuidadores.
O foco deverá ser o melhor desenvolvimento e autonomia dessa criança e depois adulto, devendo
ser personalizado para cada indivíduo e avaliado periodicamente.

Fonte: https://pixabay.com/pt/images/search/s%C3%ADndrome%20de%20down

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

2.2 Síndrome de Turner


Síndrome de Turner é a anormalidade dos cromossomos sexuais mais comum nas mulheres.

As alterações típicas da síndrome de Turner incluem:


baixa estatura: na vida adulta atingem de 136 a 147 cm de altura;
disgenesia gonadal;
pescoço alado;
linha posterior de implantação dos cabelos baixa;
fácies típica;
tórax alargado com aumento da distância entre os mamilos;
linfedema;
cúbito valgo;
tireoidite autoimune com ou sem hipotireoidismo;
alterações renais, cardiovasculares e auditivas, além de deficiência cognitiva em algumas
atividades, embora a inteligência média seja considerada normal.

Pode ser realizado tratamento medicamentoso para aumentar a estatura da pessoa.

2.3 Síndrome de Patau


A síndrome de Patau é uma condição causada pela trissomia do cromossomo 13. Está associado
a um prognóstico ruim, sendo que grande parte dos fetos apresentam morte intrauterina ou logo após o
nascimento, em torno de 67%.

As principais alterações descritas são:


holoprosencefalia: é uma malformação cerebral complexa resultante da clivagem incompleta do
prosencéfalo, entre os dias 18 e 28 de gestação, e que afeta o cérebro anterior e a face, resultando
em anomalias neurológicas e faciais de gravidade variável;
Raiz nasal proeminente;
Pescoço curto;
Episódios de apneia;
Anomalias cardiovasculares – como, comunicação interventricular (CIV);
Anormalidades oftalmológicas – como, hipertelorismo ocular e microftalmia bilateral, podendo
chegar a anoftalmia, coloboma da íris;
Falta de ganho de peso;
Anormalidades de orelhas – como, malformação anatômica e baixa implantação;
Microcefalia;
Micrognatia;
Ventriculomegalia;
Hérnia umbilical/inguinal;
Polidactilia (+ pós-axial);
Defeitos do escalpo;
Sobreposição dos dedos;
Hemangiomas capilares;
Fenda labial/palatina;
Unhas hiperconvexas;
Prega palmar única;
Anormalidades renais – como, rins displásicos;
Crises convulsivas;
Hipotonia;
Calcâneos proeminentes;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Desordem motora e deficiência intelectual;


Anormalidades genitais;
onfalocele: caracteriza pela presença de órgãos, como intestino, fígado ou baço, fora da cavidade
abdominal e recobertos por uma fina membrana.

Não há tratamento para a síndrome de Patau, devendo ser prestados cuidados necessários e
apoio para familiares.

Fonte: minutoenfermagem.com.br

2.4 Síndrome de Edwards


A Síndrome de Edwards é uma condição rara causada pela trissomia do cromossomo 18.

As características físicas apresentadas são:


dismorfia craniana;
a face apresenta formato triangular e o estreitamento das fendas palpebrais; o tamanho do nariz
e da boca é inferior ao que é notado em outras pessoas;
o pescoço é mais curto, a região mostra uma quantidade considerável de pelos;
presença de hérnia inguinal ou umbilical também pode ocorrer;
na maioria dos casos os dedos estão unidos;
choro fraco;
deficiência mental depois do período neonatal;
hirsutismo leve (pelos) presente nas costas;
pelve com limitação da abdução das coxas;
na região torácica há uma largura maior que o normal. Pode ser com ou sem espaçamento dos
mamilos;
em meninas, a genitália apresenta hipoplasia dos grandes lábios com clitóris também maiores;
a parte anal é caracterizada por um afunilamento ou posição anormal.

A síndrome de Edwards não tem cura e, por isso, o bebê que nasce com esta síndrome tem baixa
expectativa de vida, sendo que menos de 10% conseguem sobreviver até 1 ano após o nascimento.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Fonte: gestacaobebe.com.br

3. MICROCEFALIA
A Microcefalia é uma malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira
adequada. Com isso, o crânio apresenta-se diminuído comparando-se com o padrão encontrado nas
crianças, de acordo com a idade gestacional no momento do nascimento.
Essa malformação pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias
químicas e infecciosas, além de bactérias, vírus e radiação.

Os casos de microcefalia podem ser acompanhados de:


epilepsia;
paralisia cerebral;
retardo no desenvolvimento cognitivo, motor e fala;
problemas de visão e audição.

O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. A microcefalia não tem cura. Os
tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida da
pessoa.
O acompanhamento dessas crianças deverá ser realizado por equipe multiprofissional, com
adequação das atividades caso a caso. A participação da família é fundamental para a melhoria da
qualidade de vida.
A estimulação deverá ser o mais precocemente possível, promovendo assim a redução do
comprometimento no desenvolvimento neuropsicomotor. A faixa etária mais importante para a
estimulação é entre 0 e 3 anos, período onde há maior resposta aos estímulos.

Fonte: uai.com.br

4. ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA (EIH)

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

A encefalopatia hipóxico-isquêmica é definida como uma síndrome clínica neonatal decorrente de


um episódio grave e prolongado de isquemia ou hipóxia que ocorre antes ou durante o momento do parto.
A isquemia ou hipóxia ocorre na falta de oxigênio nas células neurológicas.

A asfixia perinatal é a causa mais frequente de hipóxia neonatal, e pode ser causada por:
interrupção do fluxo sanguíneo umbilical (ex.: compressão de cordão umbilical);
insuficiente troca de gases pela placenta (ex.: descolamento de placenta);
perfusão placentária inadequada do lado materno (ex.: hipotensão materna);
feto comprometido que não tolera o estresse do trabalho de parto (ex.: retardo do crescimento
intra-uterino);
falha de inflar o pulmão logo após o nascimento;
Patologias e situações maternas que culminem com óbito materno no período pré-parto ou durante
o parto.

Além das alterações neurológicas, a criança poderá apresentar alterações em outros órgãos que
também sofreram com a falta de oxigenação celular, como coração, pulmões, rins.
Não há tratamento específico, mas várias medidas são adotadas visando minimizar os danos nos
órgãos. Entre essas medidas está a hipotermia terapêutica.
Nesses casos a indicação do tratamento é o mais precocemente possível, sendo o ideal dentro
das primeiras 6 horas de vida. A temperatura da criança deverá ser mantida em 34ºC.

Cuidados de Enfermagem na Hipotermia Terapêutica:


Monitorar a temperatura retal continuamente, caso não disponha de sensor retal, medir a
temperatura com termômetro digital no mínimo a cada hora.
Avaliar o padrão respiratório e a necessidade de suplementação de oxigênio por meio de
ventilação não-invasiva ou invasiva.
Instalar monitorização contínua da saturação de oxigênio e eletrocardiograma, observando a
presença de bradicardia como um efeito consequente da hipotermia.
Aferir pressão arterial a cada hora até a estabilização hemodinâmica, posteriormente a cada 3
horas.
Monitorar a glicemia capilar no mínimo a cada 6 horas, reduzido o intervalo em caso de alterações
glicêmicas.
Instalar balanço hídrico rigoroso a cada 6 horas e controle de diurese horário por meio de cateter
vesical de demora.
Avaliar a presença de sangramento espontâneo devido ao risco de trombocitopenia provocado
pela hipotermia.
Realizar mudança frequente de decúbito, proteção de proeminências ósseas com placa de
hidrocolóide, hidratação periódica da pele.
Avaliar a cada 6 horas, por meio de escalas específicas, a presença de sinais sugestivos de dor,
empregando sempre que indicado métodos não farmacológicos de alívio da dor. Em caso de dor
comunicar a equipe médica para avaliar a necessidade de analgesia farmacológica.
Avaliar a presença de convulsões e comunicar imediatamente a equipe médica para início da
terapia anticonvulsivante.
Iniciar o reaquecimento após 72h de início da hipotermia induzida. Reaquecer lentamente,
aumentando 0,5º Celsius a cada hora até atingir temperatura central de 36,5 à 37º Celsius.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

fonte: g1.globo.com

Hipotermia Terapêutica:

Fonte: pbsf.com.br Fonte: hutec.com.br

5. MIELOMENINGOCELE ou ESPINHA BÍFIDA ABERTA


A mielomeningocele é uma malformação congênita da coluna vertebral da criança em que as
meninges, a medula e as raízes nervosas estão expostas.

Fonte: tuasaude.com

Durante a gestação, por volta da 3ª e 4ª semana, ocorre o fechamento do tubo neural, estrutura
que dará origem a medula espinhal, meninges e raízes nervosas.
Na mielomeningocele ocorre um defeito nesse fechamento, deixando as estruturas expostas. Com
isso a ligação do cérebro e os nervos periféricos, função primordial da medula espinhal, é prejudicada.
Nessa condição também poderemos encontrar nervos traumatizados, afetando órgãos e músculos por
eles inervados, como por exemplo bexiga e intestino.
As causas não são bem definidas, mas alguns fatores podem predispor (fatores de risco) o
aparecimento dessa condição:
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

etnia (mais comum entre brancos e hispânicos);


sexo (mais comum no sexo feminino);
histórico familiar de malformações da coluna vertebral;
deficiência de ácido fólico;
diabetes materno descompensado;
obesidade materna;
algumas medicações (carbamazepina, ácido valpróico); e
febre nas primeiras semanas de gravidez.

Tratamento
A correção é cirúrgica, podendo ser feita nas primeiras horas de vida, sendo mais eficaz quando
realizada intrauterina.

Fonte: researchgate.net Fonte: josealoysio.com.br

6. PARALISIA CEREBRAL
A deficiência mais frequente na infância é a paralisia cerebral (PC) que é caracterizada por
alterações neurológicas permanentes afetando o desenvolvimento motor e cognitivo. Por afetar o
desenvolvimento motor as crianças apresentam alterações de movimento e de postura.
A paralisia cerebral é decorrente de uma lesão do cérebro que está em desenvolvimento. Essa
lesão pode ocorrer durante a gestação, no momento do nascimento ou no período neonatal. A paralisia
cerebral causa limitações nas atividades cotidianas.
É uma situação que não tem cura, mas através de tratamento adequado e estímulos a criança
pode ter uma vida produtiva.
A lesão cerebral pode ser causada pela hipóxia (falta de oxigenação), mas também há outras
complicações que levam à paralisia cerebral, entre elas:

anormalidades da placenta ou do cordão umbilical,


infecções,
diabetes,
hipertensão (eclampsia),
desnutrição,
uso de drogas e álcool durante a gestação,
traumas no momento do parto,
hemorragia,
hipoglicemia do feto,
problemas genéticos,
prematuridade.

As limitações que a criança irá apresentar está relacionada com a extensão e gravidade da lesão
cerebral. As alterações mais frequentes são:
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déficits neurológicos
comprometimento cognitivo: fala, comportamento, interação social e no raciocínio
problemas de marcha (paralisia das pernas)
hemiplegia (fraqueza de um lado do corpo)
alterações de tônus muscular (rigidez de músculos)
distonia (contração involuntária dos membros)
1 em cada 4 crianças com PC não consegue falar;
1 em cada 4 não pode andar
1 em cada 2 tem deficiência intelectual;
1 em cada 4 tem epilepsia.

Tratamento
Não há tratamento para paralisia cerebral.
A equipe multidisciplinar atua no planejamento de ações que visam permitir ao paciente o ganho
de novas habilidades e a minimização de complicações.

Fonte: oglobo.globo.com fonte: bvsms.saude.gov.br

7. SÍNDROMES CONVULSIVAS GRAVES


O funcionamento do nosso cérebro é regido por impulsos e descargas elétricas coordenadas. É
através dos impulsos elétricos que ocorre a comunicação entre o cérebro e a medula espinhal e nervos.
Com isso ocorrerá todos os comandos cerebrais.
A convulsão ocorre quando a atividade elétrica cerebral é interrompida, desorganizando a
comunicação entre as células nervosas.

Fonte: conhecimentocientifico.r7.com

Crise epiléptica pode ser definida como um evento transitório, paroxístico e involuntário, que se
manifesta por sinais e sintomas motores, sensitivos, sensoriais, autonômicos, psíquicos, com ou sem
alteração da consciência, decorrente de atividade neuronal síncrona e excessiva no tecido cerebral.

Tipos de convulsão:

Convulsões de início focal: Nas convulsões de início focal, as convulsões começam em um lado do
cérebro.

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As convulsões de início focal incluem os seguintes tipos:


Automatismos (atividade motora coordenada, sem propósito, repetitiva);
Atônicas (envolvendo perda do tônus muscular);
Clônicas (envolvendo contrações rítmicas dos músculos);
Espasmos epilépticos (envolvendo flexionar e esticar os braços e flexionar a parte superior do
corpo para a frente) em crianças;
Hipercinéticas (envolvendo mover as pernas, como ao pedalar uma bicicleta ou se debater);
Mioclônicas (envolvendo contrações súbitas, breves como raios, dos músculos);
Tônicas (envolvendo a rigidez dos músculos).

Traçado de Eletroencefalograma:

Fonte: mdsmanuais

Segue alguns tipos de crises convulsivas frequentes em crianças:

7.1 Epilepsia neonatal familiar benigna


As crises iniciam entre o segundo e terceiro dias de vida, sendo semiologicamente classificadas
como clônicas, tônicas focais ou generalizadas, apneias e crises com fenômenos autonômicos.
O tratamento é medicamentoso deve ser realizado por curto período de tempo, devendo ser
descontinuado após, aproximadamente, 6 meses.

7.2 Epilepsia neonatal não familiar


Também denominada crise convulsiva idiopática benigna do neonato ou crises do quinto dia,
considerada uma síndrome epiléptica rara e classificada entre as epilepsias e síndromes epilépticas
generalizadas idiopáticas. A primeira crise ocorre entre o quarto e o sexto dias de vida, sendo
classificadas como crises clônicas focais e apneias acompanhadas ou não de fenômenos autonômicos.
O tratamento é medicamentoso.

7.3 Encefalopatia mioclônica precoce ou neonatal


Também denominada síndrome de Aicardi, está classificada entre as epilepsias e síndromes
epilépticas generalizadas sintomáticas. Clinicamente, é definida por crises epilépticas de início precoce
(primeiras horas ou dias de vida), semiologicamente classificadas como mioclônicas fragmentadas
(focais) ou maciças (envolvendo membros e eixo axial). São descritas, também, crises clônicas focais,
parciais simples, tônicas, espasmos epilépticos e crises com fenômenos autonômicos
A etiologia é variada, ocorrendo sempre na presença de lesões cerebrais graves e podendo estar
associada à hiperglicinemia não cetótica ou outros erros inatos do metabolismo.
O prognóstico é desfavorável, há elevada morbidade neurológica e a mortalidade é estimada em
50% ao final do primeiro ano de vida.

7.4 Encefalopatia epiléptica infantil com surto-supressão


Também denominada síndrome de Ohtahara, está classificada entre as epilepsias e síndromes
epilépticas generalizadas sintomáticas. Clinicamente, caracteriza-se por crises iniciadas nos primeiros
meses de vida, destacando-se crises tônicas focais, posturais ou generalizadas e podendo se associar a
crises clônicas focais, parciais simples e espasmos epilépticos.
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Os resultados terapêuticos são desanimadores, com frequente evolução para epilepsia refratária.

7.5 Síndrome de West


Corresponde à encefalopatia epiléptica mais frequente do primeiro ano de vida. A etiologia é
variada e pode ser determinada em até 75% dos casos, destacando-se lesões cerebrais decorrentes de
asfixia perinatal, malformações cerebrais, alterações do desenvolvimento cortical e complexo esclerose
tuberosa.
O prognóstico é reservado, com elevada morbidade neurológica e mortalidade estimada em torno
de 5% nos primeiros dois anos de vida. Diagnóstico precoce está relacionado à melhor evolução,
particularmente quando o tratamento medicamentoso é instituído no primeiro mês após o início dos
espasmos.

7.6 Epilepsia ausência da infância


A epilepsia ausência da infância (EAI) está classificada entre as epilepsias generalizadas
idiopáticas, sendo a epilepsia genética generalizada mais frequente da infância. As crises de ausência
têm início ao redor de 6 a 8 anos e caracterizam-se por comprometimento abrupto e completo da
consciência, com duração de poucos segundos. A crise termina com recuperação completa e abrupta da
consciência.
O tratamento medicamentoso geralmente leva ao controle completo das ausências.

7.7 Estado de mal epiléptico

É classificado em:
O estado de mal epiléptico convulsivo é o transtorno convulsivo mais grave e é considerado uma
emergência médica, pois a convulsão não para. As descargas elétricas ocorrem em todo o
cérebro, causando uma convulsão tônico-clônica generalizada. Caracterizado por convulsão que
dura mais de cinco minutos. A pessoa não recupera inteiramente a consciência entre duas ou
mais convulsões. As pessoas sofrem convulsões acompanhadas de intensas contrações
musculares e, em geral, não conseguem respirar de forma adequada. A temperatura corporal
aumenta. Sem tratamento rápido, o coração e o cérebro podem ficar sobrecarregados e ser
danificados permanentemente, às vezes resultando em morte.
O estado de mal epiléptico não convulsivo, outro tipo de estado de mal epiléptico, não causa
convulsões. As alterações duram 10 minutos ou mais. Durante esse período os processos mentais
(incluindo percepção) e/ou o comportamento são afetados. As pessoas podem parecer confusas
ou alheias. Eles podem não conseguir falar e podem se comportar de forma irracional. A presença
de um estado de mal epiléptico não convulsivo aumenta o risco de desenvolvimento do estado de
mal epiléptico convulsivo. Esse tipo de convulsão requer diagnóstico e tratamento imediatos.

8. SEQUELAS e DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO


Uma criança poderá apresentar comprometimento do aparelho locomotor, que compreende os
sistemas osteoarticular, sistema muscular e sistema nervoso.
Esse comprometimento pode produzir quadros clínicos de limitações físicas de grau e gravidade
variáveis, dependendo da localização no organismo e o tipo de lesão.
As alterações podem decorrer de lesões nervosas, neuromusculares ou osteoarticulares, ou ainda
por má formação congênita ou adquirida.
Dependendo da situação clínica a pessoa pode fazer uso de próteses, cadeiras de rodas e outros
aparelhos, podendo desenvolver habilidades e ter condições de locomoção e exercer atividades
rotineiras.

a. Lesão Medular:

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

A lesão medular, também chamada" lesão raqui - medular", causa danos ao tecido nervoso que
está contido dentro do canal existente na coluna vertebral, o que resulta na perda dos movimentos e da
sensibilidade, parcial ou total, do tronco e dos membros (braços ou pernas). A tetraplegia e paraplegia
são duas amplas categorias funcionais de lesões medulares, podendo existir outras variações de
comprometimento.

b. Deficiência Física:
As pessoas com alterações físicas são aquelas que apresentam alterações completas ou parciais
de um ou mais segmentos do corpo humano sob a forma de paraplegia, paresia, monoplegia,
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, membros com deformidade congênita.

c. Talidomida:
Algumas pessoas têm deficiências causadas por malformações congênitas originadas da
ingestão, durante a gravidez, da droga denominada TALlDOMIDA. As características mais conhecidas
são as atrofias bilaterais dos membros superiores elou inferiores, podendo também atingir certos órgãos.

9. SOFRIMENTO MENTAL
A saúde mental de uma pessoa é fundamental, o mesmo ocorre com crianças. Diariamente as
crianças vivenciam várias emoções e a maneira como lidam com essas emoções poderá garantir uma
saúde mental e física adequada. Algumas dessas emoções são: alegria, felicidade, tristeza, raiva,
frustração, satisfação, entre outras.
O desequilíbrio emocional facilita o surgimento de doenças mentais. Podemos dizer que a saúde
mental contempla, entre tantos fatores, a nossa capacidade de sensação de bem-estar e harmonia, a
nossa habilidade em manejar de forma positiva as adversidades e conflitos, o reconhecimento e respeito
dos nossos limites e deficiências, nossa satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros
-algo muito maior e anterior ao início dos transtornos mentais. Se promover esse equilíbrio para um adulto
já é difícil e desafiador, imagina para uma criança e adolescente que ainda não tem maturidade.
É importante o profissional da saúde ficar atento a alguns sinais que podem indicar alterações
relacionadas com a saúde mental em crianças e adolescentes:
Agitação psicomotora extrema, com alteração de senso de percepção;
Ilusões e alucinações (visuais, auditivas, gustativas), evidenciando risco de violência para si e
outros e/ou auto e heteroagressão;
Catatonia (rigidez muscular, imobilidade aos estímulos externos, adoção de posturas bizarras,
alternância rápida de agitação psicomotora e imobilidade);
Quadro confusional agudo ou desorganização do pensamento;
Humor marcadamente eufórico, excitação, planos grandiosos, conduta bizarra ou estranha,
representando risco para si e/ou para outros;
Ideias delirantes de cunho persecutório, que provoquem risco para si e/ou outros;
Possível distúrbio metabólico decorrente de doença orgânica ou quadro de intoxicação por drogas
lícitas ou ilícitas;
Situações de risco de suicídio (ideação suicida);
É importante verificar se as queixas estão associadas com problemas vivenciados na família.
Muitas vezes as crianças reagem a dificuldades familiares com comportamentos diferentes;
Famílias expostas a situações de risco, como violência, em qualquer de suas formas, ou pais ou
cuidadores com transtornos mentais, são situações que alertam para uma maior vulnerabilidade
na vida da criança;

Transtorno de Espectro do Autismo - TEA

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Os sinais do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) aparecem, caracteristicamente, antes dos


3 anos de idade. O TEA é amplo e inclui desde quadros mais leves, com preservação da fala e algum
vínculo social – e que normalmente são descritos em associação a alguma habilidade muito desenvolvida,
até os casos moderados e graves. Estes, os moderados e graves, sem a presença da linguagem
desenvolvida, com atividade motora aumentada, movimentos estereotipados e pouca autonomia para
habilidades sociais básicas.

Principais sinais e sintomas encontrados em crianças até 5 anos:


Atrasos no desenvolvimento da fala (balbucios ou palavras) - por exemplo, falar menos que dez
palavras aos 2 anos.
Regressão ou perda da fala.
A linguagem - se presente - pode incluir sinais incomuns:
o Vocalização sem discurso;
o Entonação estranha;
o Repetição frequente de palavras e frases (ecolalia);
Referência de si próprio pelo próprio nome ou por ‘’você’’ ou ‘’ela/ele’’ após os 3 anos;
Uso de palavras isoladas para se comunicar.
Não responde ao chamado de voz, mesmo com a audição preservada.
Ausência de sorriso social.
Resposta reduzida ou ausente a expressões faciais ou sentimentos de outras pessoas.
Resposta excessivamente negativa às solicitações de outras pessoas.
Rejeição ao carinho dos pais ou cuidadores.
Percepção reduzida ou ausente do seu espaço pessoal ou intolerância às pessoas que entram
em seu espaço.
Ausência ou diminuição de interesse social, inclusive com crianças de sua idade, podendo rejeitar
os outros - quando se interessa por outras pessoas, pode se aproximar de forma inadequada,
parecendo ser agressivo.
Dificuldade para brincar de “faz de conta”.
Dificuldade em brincar com outras crianças - brinca sozinho.
Dificuldade de se entreter em atividades que a maioria das crianças gostam.
Uso reduzido ou ausente de gestos e expressões faciais para se comunicar.
Contato visual reduzido ou ausente, embora possua visão preservada.
Atenção compartilhada reduzida ou ausente, mostrada pela falta de:
o Mudança no olhar;
o Seguimento de um ponto para onde outra pessoa aponta – podendo olhar para a mão;
o Apontar ou exibir objetos para demonstrar seus interesses.
Imaginação reduzida ou ausente.
Movimentos repetitivos “estereotipados”, como movimentos de mãos e balanço do corpo enquanto
se mantém em pé
Jogos repetitivos como, por exemplo, abertura e fechamento de portas.
Interesses excessivamente focados ou incomuns.
Insistência excessiva em seguir hábitos.
Reatividade emocional extrema a mudanças ou situações novas.
Ausência ou pouca reação a estímulos sensoriais.
Reação excessiva ao gosto, cheiro, textura ou aparência de alimentos ou a mudanças alimentares.

RESUMO
Muitas crianças e adolescentes necessitam de cuidados especiais em assistência domiciliar.
Nesse tema abordamos as principais patologias e condições que podem levar uma criança e
adolescente a necessitar desse atendimento.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

É fundamental que o profissional de enfermagem tenha conhecimento sobre as patologias e


condições para que possa prestar a assistência adequada e apoiar os familiares e cuidadores no melhor
atendimento ao paciente.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1. (FGV, 2010) Em relação a portadores de Síndrome de Down, está correto dizer que:
A) grande parte dos pacientes com Síndrome de Down apresentam retardo grave.
B) crianças com Síndrome de Down não são especialmente beneficiadas por programas de estimulação
precoce.
C) crianças portadoras de Síndrome de Down costumam apresentar maior acuidade auditiva, o que
compensa a perda visual.
D) os portadores da Síndrome de Down vêm sendo beneficiados com avanços nas políticas brasileiras
de saúde e educação. Uma das importantes medidas é o aumento do número de escolas especiais,
construídas para portadores da síndrome de Down, a fim de que possam ser acompanhados por
professores especialmente treinados.
E) muitas vezes, os problemas dos portadores de Síndrome de Down são agravados por apresentarem
más formações congênitas.

2. (FGV, 2014) Com relação à Síndrome de Down, analise as afirmativas a seguir.


I. A habilidade comunicativa, no início do desenvolvimento do bebê com Síndrome de Down, pode se
mostrar comprometida.
II. A Síndrome de Down é uma das condições genéticas com deficiência intelectual que mais apresentam
disfluências gagas do tipo bloqueio, prolongamento e repetição de sílabas, associada ao distúrbio de
linguagem e aprendizagem.
III. A audição é outro aspecto que requer cuidados iniciais e acompanhamento médico e fonoaudiológico
ao longo do desenvolvimento do bebê com Síndrome de Down, já que a perda auditiva do tipo
neurossensorial está associada à má formação da cóclea.

Assinale:
A) se somente a afirmativa I estiver correta. D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
B) se somente a afirmativa II estiver correta. E) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
C) se somente a afirmativa III estiver correta.

3. (UFSC, 2012) Com relação à Síndrome de Down, é CORRETO afirmar que:


A) as crianças com Síndrome de Down não apresentam alterações fonológicas e sintáticas, porém as
habilidades pragmáticas estão comprometidas se comparadas às das crianças com desenvolvimento
típico.
B) nas crianças com Síndrome de Down é comum a presença crônica de otites externas.
C) os bebês com Síndrome de Down apresentam balbucio tardio em comparação aos bebês com
desenvolvimento típico.
D) as crianças com Síndrome de Down apresentam hipertonia da musculatura estriada que interfere no
controle cervical.
E) as crianças com Síndrome de Down apresentam alterações do padrão respiratório que acarretam em
dificuldades de concentração e de seleção de estímulos ambientais.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

4) (INSTITUTO AOCP, 2014) Qual das alternativas a seguir NÃO representa um achado comum na
trissomia do 13 (Síndrome de Patau)?
A) Holoprosencefalia. D) Polidactilia pós-axial.
B) Fendas faciais. E) Mãos cerradas.
C) Defeitos cardíacos.

5) (IDCAP, 2018) Os indivíduos portadores dessa síndrome apresentam trissomia do cromossomo sexual,
ou seja, apresentam um cromossomo sexual a mais. De qual síndrome estamos falando?
A) Síndrome de Turner.
B) Síndrome de Klinefelter.
C) Síndrome de Patau.
D) Síndrome de Down.
E) Síndrome de Edwards

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TEMA 5: ASSISTÊNCIA DOMICILIAR: TQT, ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS,


FISIOTERAPIA, HIGIENE CORPORAL, HIGIENE ORAL, HIGIENE DO AMBIENTE
1. TRAQUEOSTOMIA – TQT
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste em uma abertura realizada na traqueia,
com inserção de um tubo (cânula), que permitirá a passagem do ar.

fonte: fapeg.go.gov.br

A traqueostomia é indicada para crianças que apresentam anomalias das Vias Aéreas Superiores
(congênitas ou mais comumente adquiridas, secundárias a uma intubação prolongada) e crianças que
necessitam de ventilação mecânica prolongada devido a quadros de insuficiência respiratória.
A indicação da traqueostomia é responsabilidade do médico e todo o planejamento de tratamento
e retirada da cânula deverá ser discutida com a família. Somente para lembrar que por tratar de um
procedimento invasivo os responsáveis deverão assinar termo de consentimento.
Crianças submetidas a traqueostomia apresentam maior risco de complicações do que pacientes
adultos. Quanto mais jovem é a criança, maior é o risco de complicações. As complicações da
traqueostomia podem ser classificadas em precoces e tardias. A seguir alguns exemplos de
complicações.

PRECOCES TARDIAS
Pneumotórax Ruptura do estoma
Decanulação acidental Tecido de granulação
Tamponamento da TQT Fístula traqueoinominada
Sangramento Fístula traqueoesofágica
Morte Morte

Há vários tamanhos de cânulas de traqueostomia, possibilitando adequação com a idade e peso


da criança.
Também é importante lembrar que a cânula metálica é contraindicada em crianças, já o uso de
balonete (cuff) é indicado em situações específicas.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

Cuidados específicos com traqueostomia:


A frequência de aspirações depende da quantidade e característica da secreção. No mínimo, deve
ser realizada antes de dormir e ao acordar;
Pode-se utilizar luvas não estéreis, porém sondas de aspiração estéreis e descartáveis (técnica
limpa modificada);
O calibre da sonda não deve ultrapassar dois terços do calibre da cânula;
A profundidade da aspiração não deve ultrapassar o comprimento da cânula, para evitar
traumatismos na traqueia;
O tempo de aspiração não deve ser prolongado, para evitar hipóxia, pneumotórax e reflexo vagal.
Não há diferença entre cadarço convencional ou com velcro.
A troca da cânula deverá seguir orientação do fabricante.
A troca da cânula pode ser realizada em ambiente domiciliar ou hospitalar, a depender das
condições do paciente e da experiência da equipe;
No caso de decanulação acidental, deve-se introduzir outra cânula de mesmo calibre ou meio
número menor, pelo próprio cuidador. Esses cuidadores devem ser orientados quanto a
posicionamento da criança e cuidados na reinserção, como lubrificação e tensão da pele.
Higienização do estoma deverá ser ao menos diária, ou mais frequente de acordo com as
condições climáticas e do paciente;
No estoma não utilizar pomadas rotineiramente, apenas com expressa indicação médica, para o
tratamento de alguma situação anormal;
No estoma pode ser utilizadas gazes locais, mas deve-se manter um esforço para não manter
umidade local intensa (ou seja, com trocas frequentes).
As crianças traqueostomizadas podem frequentar a escola, porém deve existir um adulto
responsável e treinado no ambiente escolar para o atendimento de intercorrências.

Fonte: qualitylifehc.com.br Fonte: agismedical.com.br

2. ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

A aspiração de vias aéreas superiores (endotraqueal) é um recurso mecânico utilizado em


pacientes submetidos ou não à ventilação mecânica que não conseguem expelir secreção
voluntariamente.
Seu objetivo é remover a secreção pulmonar para manter uma via aérea pérvia, e assim, facilitar
a ventilação e a oxigenação. Este procedimento envolve a inserção de um cateter na cânula de
traqueostomia, nos casos de assistência domiciliar, para remoção de secreções líquidas.
No ambiente domiciliar os indivíduos em uso prolongado de traqueostomia podem utilizar a técnica
limpa de aspiração da cânula traqueal levando em conta a microbiota diferenciada no ambiente
comunitário e a cronicidade da traqueostomia.
A técnica limpa é definida como o uso de cateter limpo não estéril, luvas de procedimento ou
lavagem das mãos antes do procedimento. Todos os profissionais devem lavar bem as mãos antes e
após o procedimento e as luvas de procedimento podem ser usadas para proteção do profissional.

Descrição do procedimento:
1. Lavar as mãos e passar álcool, se tiver;
2. Antes de aspirar pode ser feita uma inalação (através da cânula de traqueostomia) usando água
destilada 3 a 5ml para crianças menores de 5 anos de idade, 5 a 7ml para crianças até 5 anos de idade
e 10ml para crianças maiores ou para adultos. Pode também jogar a mesma quantidade dentro da cânula
utilizando um conta gotas. Assim as secreções ficarão mais fluídas e ficará mais fácil a aspiração;
3. Ligue o aspirador na tomada, lave as mãos e conecte a ponta da sonda na mangueira do
aparelho de aspiração. Ao final coloque as luvas de aspiração;
4. Introduza a sonda de aspiração e vá o suficiente para que passe toda a extensão da cânula,
parando quando sentir resistência para não machucar. Introduza e retire aspirando rapidamente, cerca
de 3 segundos (evite aspiração que dure mais de 5 segundos por causa da perda de oxigênio);
5. Se for possível não precisar aspirar a cânula de traqueostomia é muito melhor do que ficar
aspirando a cada hora. Faça inalações 2 a 3 vezes ao dia e incentive o paciente a tossir espontaneamente
pois dessa maneira não haverá necessidade de aspirações frequentes (mas quando tiver secreção,
manter aspirações três vezes por dia);
6. Deixe a criança respirar várias vezes (descansar) entre uma e outra aspiração;
7. Em alguns casos pode ser necessário uso de oxigênio antes e após cada aspirada para evitar
que o paciente fique cianótico e evitar hipóxia;
8. A boca e o nariz também podem ser aspirados se houver excesso de secreções. Após isso
elimine a sonda de aspiração (não reutilize na traqueostomia);
9. Ao final da aspiração, aspire bastante água da torneira para que a mangueira do aspirador fique
limpa, despreze o conteúdo do frasco de aspiração no vaso sanitário. Lave com água corrente e sabão;
10. As sondas de aspiração podem ser usadas mais de uma vez antes de serem descartadas no
lixo, se o paciente necessitar de aspirações frequentes. Para isso lave a sonda em água corrente e limpa,
e mantenha a sonda limpa guardada na embalagem original ou em um recipiente utilizado apenas para
isso;
11. A sequência da aspiração deve ser sempre TRAQUEOSTOMIA –> NARIZ –> BOCA, depois
jogar fora a sonda. Quando for reutilizar a sonda, a que for usada na traqueostomia somente poderá ser
utilizada na traqueostomia;
12. Deixe o paciente bem-posicionado, com a cabeça elevada.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Fonte: bvsms.gov.br
3. FISIOTERAPIA
Os pacientes acamados apresentam maior possibilidade de desenvolver complicações
decorrentes dessa situação.
Alguns exercícios podem ser feitos diariamente com a ajuda do cuidador ou do profissional de
enfermagem.
O profissional de fisioterapia deverá fazer exercícios direcionados com o paciente, como também
orientar a enfermagem e o cuidador para exercícios direcionados, de acordo com a patologia do paciente.

A seguir alguns desses exercícios básicos:


1. Movimentar a cabeça com cuidado para os dois lados (10 movimentos suaves);
2. Movimente os braços com o cotovelo esticado, abrindo e fechando, levantando e abaixando (10
movimentos no limite do ombro do paciente);
3. Movimente o antebraço do paciente, dobrando e esticando o cotovelo (10 movimentos no limite
do cotovelo do paciente);
4. Movimente as pernas do paciente, dobrando o joelho (uma mão apoia a coxa e a outra mão apoia
o pé) em direção a barriga do paciente (10 movimentos no limite do joelho e quadril do paciente);
5. Movimente os pés do paciente para cima e para baixo e também em movimentos circulares (10
movimentos suaves);
6. Se possível retirar o paciente da cama e deixar sentado em poltrona por duas horas do dia.

4. HIGIENE CORPORAL
O momento do banho é importante para verificar as condições de pele do paciente, estimular o
autocuidado, além de proporcionar conforto.
A frequência do banho deverá ser diária, mas dependendo das condições do paciente,
temperatura ambiente essa frequência poderá ser alterada.
Antes de iniciar o banho separe todos os materiais e roupas necessárias.
Sempre que possível encaminhe o paciente para banho no banheiro (chuveiro), sempre garantindo a
segurança do paciente. É recomendável que o banho seja feito em duas pessoas.

A seguir algumas orientações básicas:


1. Dar banho no paciente todos os dias utilizando água limpa e sabonete;
2. Nos casos de usar banheira verifique o local de apoio para que não haja risco de queda;
3. Verifique a temperatura da água antes do contato com a pele do paciente;
4. Utilize esponjas macias que não agridam a pele;
5. Lembre-se de lavar os cabelos da pessoa e desembaraçá-los depois do banho;
6. Secar a pessoa logo após o banho, principalmente dobras, embaixo do braço, partes íntimas e
dedos dos pés, evitando o surgimento de micoses;
7. Não tenha vergonha de limpar bem as partes íntimas da pessoa caso ele (a) não consiga fazê-lo
sozinho;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

8. Após o banho, é um ótimo momento de passar um creme hidratante na pessoa e massagear a


pele;
9. Durante o banho e as trocas de roupa, procure observar se há alguma área de pele avermelhada
ou manchas pelo corpo.
10. A troca de roupa de cama deverá seguir o padrão determinado pela família e de acordo com a
sujidade.
11. Lembrem-se de aparar as unhas das mãos e dos pés do paciente com frequência;
12. Estímulo o paciente ao autocuidado.

5. HIGIENE ORAL
A higiene oral deverá ser feita mesmo em crianças pequenas e crianças que não se alimentam
pela boca.
Nossa boca tem muitos microrganismos que podem causar danos aos dentes e deixar o paciente
com hálito desagradável.
Como na higiene corporal, a higiene oral é um ótimo momento para estimular o autocuidado.

A seguir algumas orientações básicas:


1. Mesmo que a pessoa não se alimente pela boca ou não tenha dentes, a boca deve ser higienizada
pelo menos duas vezes ao dia;
2. Fazer a limpeza da boca com a cabeça elevada para evitar engasgos;
3. Observar se há alguma área de sangramento, dentes estragados ou machucados na gengiva;
4. Limpar a gengiva e língua com gaze umedecida com água filtrada - envolvida numa espátula ou
no dedo da mão calçada com luva;
5. Após limpar a boca da pessoa, hidratar os lábios com uma pomada própria ou manteiga de cacau
para não racharem.

6. HIGIENE DO AMBIENTE
O ambiente onde o paciente permanece deverá sempre ser mantido limpo e organizado.
A limpeza de piso, janelas, paredes e portas é de responsabilidade da família.
Os utensílios e equipamentos utilizados pelo paciente, em seu cuidado, é de responsabilidade do
profissional sua higienização.
Outro conceito importante que o profissional deverá adotar é o da organização.
A metodologia japonesa de 8 “S” pode auxiliar no processo de organização do ambiente:

SHIKARI YARO: senso de determinação e união – todos são responsáveis, portanto, trabalhar em
equipe é fundamental;
SHIDO: senso de capacitação, educação e treinamento – todas as pessoas envolvidas devem ser
capacitadas e treinadas para desempenharem suas atividades;
SETSUYAKU: senso de economia e combate aos desperdícios – evitar gastos desnecessários e
desperdícios de matérias;
SEIRI: senso de utilização – manter próximo somente o que realmente será utilizando, guardando
tudo o que não estiver em uso;
SEITON: senso de organização – guardar as coisas em locais específicos, facilitando sua
localização quando necessário;
SEISO: senso de limpeza – manter tudo limpo, sendo que o importante não sujar
SEIKETSU: senso de padronização, asseio e arrumação - manter as condições de trabalho que
criamos favoráveis à nossa saúde, tanto física como mental.
SHITSUKE: senso de disciplina - devemos manter os padrões técnicos, morais e éticos.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

RESUMO
Nesse tema abordamos alguns dos cuidados mais frequentemente dispensados aos pacientes em
assistência domiciliar.
É importante que o profissional domine as técnicas corretas e sempre respeitem o paciente e seus
familiares.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (FCC, 2012) Nos cuidados domiciliares aos portadores de traqueostomia permanente, o técnico de
enfermagem orienta o paciente para
A) Limpar a cânula interna da traqueostomia, utilizando água, sabão neutro e escova pequena.
B) lavar a cânula interna da traqueostomia, utilizando álcool a 70%.
C) realizar o curativo ao redor do estoma da traqueostomia com álcool glicerinado.
D) lavar a cânula interna da traqueostomia, sob supervisão direta no ambulatório, por 6 meses.
E) instilar solução de água destilada diariamente na cânula interna de traqueostomia.

2) (AOCP, 2021) A traqueostomia é um procedimento cirúrgico, realizado pelo Médico, no qual faz-se
uma abertura na traqueia do paciente, onde é introduzido um tubo de demora. A traqueostomia pode ser
temporária ou definitiva. Considerando os cuidados adequados ao paciente com esse dispositivo, assinale
a alternativa incorreta.
A) A aspiração traqueal é realizada quando os sons respiratórios adventícios são detectados ou sempre
que as secreções estiverem evidentemente presentes.
B) É um dos cuidados de enfermagem ao paciente traqueostomizado: colocar o paciente em posição de
semi-Fowler para facilitar a ventilação, promover a drenagem, reduzir o edema e prevenir a tensão sobre
as linhas de sutura.
C) Ao realizar a aspiração, deve-se usar a técnica estéril e realizar os cuidados da traqueostomia.
D) A aspiração em linha (também denominada aspiração fechada) aumenta a hipoxemia, não sendo
indicada em pacientes graves.
E) A aspiração desnecessária pode iniciar um broncospasmo e causar traumatismo mecânico à mucosa
traqueal.

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TEMA 6: ASSISTÊNCIA DOMICILIAR: ALIMENTAÇÃO, GTT, SNE, MUDANÇA DE


DECÚBITO, HIGIENE NASAL
1. ALIMENTAÇÃO
A alimentação do paciente pode ser feita pela boca ou através de dispositivos (sondas).
A administração utilizando dispositivos veremos a seguir e agora abordaremos a alimentação por
via oral.

Alguns cuidados:
Antes de ofertar dieta oral, deverá reposicionar o paciente com decúbito mínimo de 60°. (elevar
bem a cabeceira);
Verificar a consistência e a temperatura da dieta;
Antes de administrar a dieta, verifique seu aspecto, cheiro e cor.
Administrar a dieta ofertando intervalos entre as colheres;
Observar sinais de tolerância: vômitos e distensão abdominal;
Atentar para sinais de alerta: tosse, engasgos, sudorese, cianose, voz molhada;
Se o paciente estiver com o nível de consciência baixo, não administrar dieta oral
Ofertar dieta conforme aceitação do paciente.
Após oferta da dieta, realizar higiene oral.
Respeitar os hábitos alimentares da família.

2. GASTROSTOMIA – GTT
Gastrostomia é uma abertura no estomago, realizada pelo médico em centro cirúrgico, onde é
passado um tubo de silicone para regularizar a alimentação e a hidratação, do paciente que não está se
alimento normalmente, pode ser temporária ou não e existem vários modelos de tubo.

Fonte: progastrojoiville.com.br Fonte: mundodabela.wordpress.com

Cuidados com a Gastrostomia e Jejunostomia:


Higienizar as mãos com água e sabão antes e depois da manipulação;
Higienizar de 02 a 03 vezes ao dia ou quando houver necessidade, sempre ao redor do orifício
com água e sabão secando posteriormente cuidadosamente;
Trocar a gaze que protege a pele ao redor orifício (orifício é onde o dispositivo entra na pele);

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Fonte: facebook.com

Não utilizar óleos ao redor do orifício, pois pode facilitar a saída do dispositivo;
Manter cabeceira elevada sempre no momento que estiver administrando alimentação, água ou
medicação, para não provocar enjoos e vômitos;
Após o término da administração, deixar o paciente nesta posição por aproximadamente 40
minutos;
Em caso de enjoos e vômitos suspender a administração e relatar à equipe;
Após a administração de alimentação e medicação realizar uma lavagem com 20 ml de água em
jato utilizando a seringa;
Em caso de dificuldade na passagem da alimentação ou medicação, utilizar água em jato com o
auxílio de uma seringa, antes de administração da alimentação ou medicação;
Observar o orifício, em caso de vermelhidão, escoriações (pele ralada) e sangramentos avisar a
equipe;
Observar presença de Granuloma no orifício (Granuloma é uma inflamação do tecido no nosso
organismo);
Em caso de escape do dispositivo de Gastrostomia do orifício, realizar higiene com água fria,
manter o paciente deitado de barriga para cima e solicitar o serviço de urgência

fonte: cpapbiancoazure.com.br Fonte: campogrande.ms.gov.br


Sonda de gastrostomia com válvula antirrefluxo Granuloma: complicação

Atenção:
1. A troca do dispositivo de gastrostomia pode ser realizada tanto no ambiente hospitalar quanto no âmbito
domiciliar, devendo ser realizada apenas por um enfermeiro ou médico.
2. Os dispositivos de gastrostomia têm a durabilidade média de 06 (seis) meses ou mais, devendo ser
substituído após este período. Os dispositivos só devem ser substituídos antes, quando apresentarem
alterações como: ruptura, deterioração, oclusão da sonda, dentre outras causas elegíveis para troca,
conforme a avaliação de um profissional de saúde especializado (médico e/ou enfermeiro).

Cuidados com a pele - periestoma


Caso haja algum vazamento, ferida, irritação ou vermelhidão na pele, informe o enfermeiro ou
médico responsável pelo paciente, ou procure uma unidade de saúde
A limpeza do estoma deve ser realizada da seguinte forma:

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

o Estoma recente: nas primeiras duas semanas, deve-se lavar o local apenas com soro
fisiológico até sua completa cicatrização. Uma gaze seca poderá ser utilizada ao redor do
estoma em caso de secreção excessiva.
o Após a cicatrização, o estoma poderá ser higienizado com água e sabão neutro, de
maneira leve (sem esfregar a pele) e não é necessária a utilização da gaze.
o Atentar-se para complicações mais sérias como: infecção, abscessos ou sangramentos.
Caso isso ocorra procurar a assistência médica ou unidade de saúde.
o Observar a presença de granuloma no orifício do estoma.

Manutenção da sonda de gastrostomia


Evite trações;
Evite aplicar adesivos perto do orifício da gastrostomia para não irritar a pele;
Se houver vazamento importante ao redor da sonda, dor durante da administração da dieta ou
medicação, interrompa a infusão e procure a unidade básica de saúde mais próxima.
Caso ocorra deslocamento da sonda, procure a unidade de saúde mais próxima para reposição
ou, se necessário, substituição da sonda.
Se ocorrer saída acidental da sonda, procure o serviço de saúde IMEDIATAMENTE, pois o orifício
pode se fechar espontaneamente entre 02 – 04 horas;

3. SONDA NASOENTERAL – SNE

Fonte: Hospital e Clínica São Roque, Bahia

A sonda nasoenteral é um tubo de silicone usado para alimentação quando o paciente não pode
alimentar-se pela boca.
É instalado por via nasal ou oral (nariz ou boca) e chega até o estômago
ou intestino, depende da indicação do paciente.
A dieta pode ser artesanal (preparada em casa) ou industrializada.

Dieta artesanal:
Preparar apenas a quantidade que for utilizada no dia;
O local de preparo deve estar limpo;
Lavar bem as mãos com água e sabão (vide pág. 5);
Separar todos os ingredientes e materiais que serão utilizados para o preparo da dieta;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Verificar se os ingredientes estão dentro do prazo de validade;


Lavar com água corrente e detergente, todos os utensílios que forem utilizados no preparo da
dieta e, após, passar água fervente;
Medir corretamente os ingredientes, de acordo com a orientação nutricional;
Bater todos os ingredientes no liquidificador com água filtrada e fria;
Coar em peneira limpa por, no mínimo, duas vezes;
Conservar a dieta na geladeira e em ambiente tampado, de preferência vidro ou louça;
Retirar da geladeira apenas o volume a ser administrado, 15 a 30 minutos antes do horário da
administração;
Não aquecer a dieta;
Utilizar apenas a dieta que são feitas no dia. As sobras devem ser desprezadas.

Infusão da dieta:
Manter o paciente sentado ou com travesseiros nas costas para receber a dieta. Nunca administre
a dieta com o paciente deitado para evitar vômitos e o risco de pneumonia. O paciente deverá
estar em postura mais elevada durante toda a infusão da dieta e 30 minutos após término;
Infundir a dieta lentamente por gotejamento (por meio de frasco acoplado ao equipo), gota a gota,
para evitar diarreia, distensão abdominal, vômitos e má absorção;
Para facilitar a descida da dieta, o frasco pode ser pendurado em ganchos, prego ou suporte de
vasos (60 cm acima da cabeça). Deve-se fracionar a dieta durante o dia, o volume em cada
horário, não ultrapassando o volume de 300 ml por vez;
Após administrar cada frasco da dieta, correr pela sonda cerca de 20 ml de água filtrada ou fervida
(temperatura ambiente) para evitar acúmulo de resíduos e entupimento da sonda;
Manter a pinça da sonda fechada, quando não estiver em uso;
Não aquecer a dieta em banho-maria ou em microondas;

Infusão em bolus:
Administração com seringa (bolus)
Encha uma seringa de 20ml com a dieta;
Tire a tampa que fecha a sonda;
Conecte a seringa à sonda;
Injete lentamente;
Repita a operação até o término da dieta;
Aspire 20ml de água com a seringa e injete na sonda para limpá-la;
Tampe a sonda.

Infusão em equipo:
Administração com equipo
Conecte o equipo ao frasco;
Pendure o frasco no gancho;
Abra a pinça ou rolete para encher o equipo de dieta e, em seguida, feche o rolete;
Conecte o equipo à sonda;
Abra a pinça ou rolete regulando o gotejamento (a dieta deverá pingar gota a gota, conforme
prescrição da nutricionista/medico);
Ao término da dieta injete 20ml de água na sonda, com uma seringa, para limpar.
Na suspeita da sonda estar fora do local, não administrar dieta. Entre em contato com o
enfermeiro.

Cuidados com a sonda nasoenteral

Fixação
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Fixação da sonda
Deve ser utilizada fita adesiva hipoalergênica (ex: micropore);
Realizar a limpeza da região da face para melhorar a aderência da fixação;
Deve ser trocada sempre que apresentar sujidade, descolamento da fixação;
Sempre trocar a posição da fixação da sonda para não causar irritação ou lesão na pele;
Nunca tracionar a asa do nariz, pois causa desconforto ou pode causar lesões graves ao paciente.

Troca da fixação da sonda


A troca da fixação da sonda deve ser realizada sempre quando apresentar sujidade ou estiver
solta.
Retirar a fixação antiga, cuidando sempre para não puxar a sonda junto com a fixação;
Limpara região externa do nariz com água e sabão, secando bem sem friccionar;
Tomar cuidado para a sonda não dobrar e não puxar a narina.

fonte: pontomedico.com.br fonte: me.ufrj.br

4. MUDANÇA DE DECÚBITO
A mudança de decúbito é um cuidado de enfermagem muito importante, onde o paciente depende
parcial ou totalmente das responsabilidades desses profissionais, pois garantem a proteção, conforto, e
atenção de forma humanizada para um tratamento eficaz de qualidade.
É um procedimento que auxilia no favorecimento do conforto e possível bem estar do paciente,
pois faz uma alternância da pele que fica exposta às extremidades ósseas.
O objetivo desse procedimento é evitar a formação de lesões por pressão através da avaliação do
risco do paciente e de ações preventivas relacionadas à pressão, fricção, cisalhamento e maceração em
pacientes acamados.

Material utilizado:
Coxins;
Lençóis;
01 par de luvas de procedimento

Esse procedimento é fundamental na prevenção de lesão por pressão. Utilizar um alarme ou


relógio para auxiliar nesse processo, pode ser um grande aliado, uma vez que a mudança deverá ocorrer
a cada 2 horas.

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Fonte: enfermagempiaui.com.br Fonte: enfermagempiaui.com.br


Horário de mudanças de decúbito Posicionamento baseado no relógio

Qualquer indivíduo na cama deverá ser reposicionado pelo menos a cada duas horas;
Um horário prescrito deve ser feito para que a mudança de decúbito e reposicionamento
sistemático do indivíduo seja feito sem esquecimentos;
Para indivíduos no leito, coxim tipo rolo deve ser usado para manter as proeminências ósseas
(como os joelhos ou calcanhares) longe de contato direto um com o outro ou com a superfície da
cama, de acordo com um plano de cuidados por escrito;
Mantenha a cabeceira da cama num grau mais baixo de elevação possível, que seja consistente
com as condições clínicas do paciente. Se não for possível manter a elevação máxima de 30º,
limite a quantidade de tempo que a cabeceira da cama fica mais elevada.

5. HIGIENE NASAL
A higiene nasal é a manutenção da cavidade nasal em condições ideais de umidade e limpeza,
atuando como mecanismo de defesa para todo o sistema respiratório, principalmente em crianças.
O nariz é o órgão responsável pela respiração fisiológica. Adultos conseguem respirar pela boca
em caso de obstrução nasal, mas a criança apresenta dificuldade para fazer essa troca.
Outro fator importante para a higiene nasal é o tamanho do nariz. Em crianças ele é menor,
comparando-se ao adulto, e o acúmulo de sujidade pode ocasionar dificuldades para respiração
fisiológica.

Vale também lembrar as funções do nariz:


Olfação;
Filtração;
Aquecimento;
Umidificação do ar;
Contribui para o desenvolvimento e crescimento facial adequado (nos casos de crianças).

Recomenda-se a higiene nasal em crianças, mesmo sem patologias, pelo menos 2 vezes ao dia.
Também é indicada antes da administração de medicamentos nasais.
Indicado o uso de soluções salinas em spray ou duchas nasais, mas antes deve-se remover o
excesso de sujidade na área mais externa do nariz.

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Fonte: pediatriadescomplicada.com.br Fonte: jamal.com.br

Fonte: formaes.com.br

RESUMO
Nesse capítulo abordamos outras técnicas utilizadas no atendimento de crianças em atendimento
domiciliar.
Volto a lembrar a importância de o profissional ter conhecimento e habilidade para desempenhar
as técnicas de maneira segura e satisfatória.
Procure sempre envolver o cuidador familiar em todos os cuidados e se possível a própria criança,
promovendo estímulos para seu desenvolvimento além de autonomia para sua vida.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (CESPE, 2018) Assinale a opção correta acerca dos cuidados de enfermagem ao paciente submetido
a uma gastrostomia.
A) A pele junto à saída da sonda de gastrostomia deve estar protegida com um pequeno curativo e deve
ser constantemente inspecionada a fim de se detectar possível irritação.
B) No pós-operatório imediato, deve-se oferecer dieta hipocalórica, com alimentos batidos no liquidificador
e ministrados por sonda.
C) Após as refeições, a sonda de gastrostomia deverá ser mantida aberta.
D) A irrigação da sonda de gastrostomia com água antes e após as refeições deve ser evitada, a fim de
garantir a absorção total dos nutrientes.

2) (MULT SAI, 2017) Dentre as complicações mecânicas da alimentação enteral encontra-se:


A) broncoaspiração e distensão abdominal;
B) irritação nasofaríngea e deslocamento da sonda;
C) Intolerância a glicose e vômito;
D) erosões na mucosa e insuficiência cardíaca.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

3) (OMNI, 2021) A dieta enteral é fornecida na forma líquida por meio de uma sonda, que colocada no
nariz ou na boca vai até o estômago ou intestino. Assim, é possível fornecer os nutrientes que a pessoa
necessita independente da sua cooperação, fome ou vontade de comer. Com base nessa informação leia
os contextos abaixo:

[1] A nutrição enteral pode ser preparada em casa ou industrializada. As dietas caseiras são preparadas
com alimentos naturais cozidos e passados no liquidificador e coados, devem ter consistência líquida e
sua validade é de 12 horas após o preparo. A dieta industrializada já vem pronta para o consumo, tem
custo mais alto e pode ser utilizada por 24 horas depois de aberta
[2] A alimentação enteral deve ser prescrita pelo médico ou nutricionista e a sonda deve ser colocada
pela equipe de enfermagem. A fixação externa da sonda pode ser trocada pelo cuidador, desde que tenha
cuidado para não deslocar a sonda. Para fixar a sonda é melhor utilizar esparadrapo antialérgico,
mudando constantemente o local de fixação, assim se evita ferir a pele ou as alergias.

Assinale a alternativa CORRETA.


A) Apenas o primeiro contexto está correto.
B) Apenas o segundo contexto está correto.
C) Os dois contextos estão corretos.
D) Nenhuma das alternativas.

4) (AMEOSC, 2021) Sobre a Terapia Nutricional Enteral, assinale a alternativa INCORRETA:


A) As sondas nasogástricas (SNGs) são o modo mais comum de acessar o sistema GI. São adequadas
apenas para os pacientes que necessitam de NE de longa duração.
B) Quando a alimentação enteral é necessária por mais de 3-4 semanas, deve-se considerar a realização
de gastrostomia ou jejunostomia para evitar algumas das complicações relacionadas com irritação nasal
e do sistema GI superior e para o conforto geral do paciente.
C) A escolha do acesso enteral depende da duração prevista para a alimentação enteral, risco de
aspiração ou de deslocamento da sonda, estado clínico do paciente, presença ou ausência de digestão
e absorção normais, anatomia do paciente e se há uma intervenção cirúrgica programada.
D) Indica-se o uso da sonda nasoduodenal (SND) ou da sonda nasojejunal (SNJ) para os pacientes que
não conseguem tolerar a alimentação gástrica e necessitam de terapia nutricional por um período de
tempo relativamente curto.

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TEMA 7: ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM DOMICÍLIO


Quando falamos em medicação não podemos esquecer da importância em garantirmos segurança
ao paciente.
Colaborando com o processo de segurança do paciente, devemos adotar os 9 Certos em ambiente
domiciliar, assim como no ambiente hospitalar.

1. Usuário certo: certificar-se de que o medicamento será administrado ao usuário para quem é prescrito.
2. Medicamento certo: certificar-se de que o medicamento a ser administrado é o correto. Se houver
dúvida em relação ao nome ou achar que é um medicamento errado, não se deverá administrá-lo antes
de verificar com o médico prescritor.
3. Via certa: certificar-se de que a via de administração atende às especificidades do usuário e do
medicamento em questão.
4. Hora certa: garantir que a medicação será administrada no tempo correto para garantir os níveis
séricos terapêuticos desejados.
5. Dose certa: certificar-se de que a dose a ser administrada confere com a dose prescrita.
6. Registro certo: registrar todas as ocorrências relacionadas aos medicamentos, tais como horários de
administração, adiamentos, cancelamentos, desabastecimento, recusa do paciente e eventos adversos.
7. Orientação certa: orientar sobre motivos do uso, efeitos esperados, forma de uso adequado, os
cuidados e os possíveis problemas relacionados ao medicamento, como, por exemplo, interação com
outro(s) medicamento(s).
8. Compatibilidade medicamentosa: assegurar que os medicamentos a serem administrados podem
ser misturados, sem que precipitem ou formem pequenos cristais ou partículas na solução.
9. Direito a recusar o medicamento: o usuário tem o direito de recusar-se a receber o tratamento.

Quando pensamos em medicamentos administrados em casa, precisamos também garantir que


outra pessoa faça uso dos medicamentos do paciente. Infelizmente vivemos em uma sociedade onde é
frequente a automedicação e essa prática é extremamente perigosa. O próprio paciente poderá fazer uso
de medicamentos indevidamente, repetindo dosagem, por exemplo. Vale ressaltar que o paciente em
casa poderá fazer uso de medicamentos controlados, dependendo da patologia do mesmo. Para evitar
riscos algumas regras podem ser adotadas:
A contagem da quantidade dos medicamentos a cada visita domiciliar para avaliação da
administração correta.
Evitar o excesso de informação gráfica ou visual que possa gerar confusão no entendimento.
Separação de medicamentos que devem ser utilizados em cada período do dia com figuras, cores,
tabelas ou outro método.

Via Oral
A administração oral é, em geral, a mais conveniente, segura e barata, portanto a mais comum.
Contudo, a via oral tem suas limitações. Muitos fatores, como outros medicamentos e a alimentação,
afetam a forma de absorção dos medicamentos depois de sua ingestão oral. Assim, alguns medicamentos
apenas devem ser tomados com o estômago vazio, enquanto outros devem ser ingeridos com o alimento
ou simplesmente não podem ser tomados por via oral. Os medicamentos administrados por via oral são
absorvidos pelo trato gastrointestinal.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

fonte: odontologiareview.blogspot.com fonte: crechesegura.com.br

Via Sublingual
Alguns medicamentos são colocados debaixo da língua para serem absorvidos diretamente pelos
pequenos vasos sanguíneos ali situados. A via sublingual tem a absorção rápida e o medicamento
ingressa diretamente na circulação geral, sem passar através da parede intestinal e pelo fígado. Mas a
maioria dos medicamentos não pode ser administrada por essa via, porque a absorção é, em geral,
incompleta e errática.

fonte: farmacologiafacil.com
Via Retal
Muitos medicamentos que são administrados por via oral podem também ser administrados por
via retal, em forma de supositório. Nessa forma, o medicamento é misturado a uma substância cerosa,
que se dissolve depois de ter sido inserida no reto. Em razão do revestimento delgado e da abundante
irrigação sanguínea do reto, o medicamento é rapidamente absorvido.
Via muito utilizada em crianças devido dificuldade para administração via oral na maioria das crianças.

fonte: minutosaudavel.com.br
Supositório

Subcutânea: Injeção subcutânea


Solução introduzida na tela subcutânea (tecido adiposo); para solução que não necessitem de
absorção rápida, mas sim contínua, segura, para que passe horas sendo absorvida.
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

fonte: slideshare.net

Locais para aplicação subcutânea

Material:
Seringa
Agulha para aspirar o medicamento
Agulha para administrar o medicamento
Algodão com álcool

Procedimento:
Orientar o paciente sobre o procedimento
Lavar as mãos
Preparar a medicação
Escolher o local de aplicação (seguir o rodízio)
Fazer a antissepsia do local com algodão e álcool
Pinçar o local da aplicação com o polegar e o indicador, introduzir a agulha
a 90º com a agulha curta;
Soltar a pele, aspirar e injetar lentamente, não massagear;
Deixar o paciente confortável;
Desprezar o material;
Lavar as mãos; e
Anotar no prontuário.

Intramuscular: Injeção Intramuscular


Introdução da medicação dentro do corpo muscular;
para introdução e substância irritante, efeito relativamente rápido, pode ser veículo aquoso ou
oleoso;
a seringa é de acordo com o volume a ser injetado;
a agulha varia de acordo com a idade, tela subcutânea e solubilidade da droga;
Agulhas: 25x7/8.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

fonte: enfermagemonline.com fonte: me.ufrj.com

Material:
Seringa de 3 ou 5 ml
Algodão com álcool
Cuba rim
Agulha para aspirar medicamentos
Agulha para administrar medicamentos
Luvas de procedimento
Adesivo (curativo pronto)

Procedimento:
Orientar o paciente sobre o procedimento
Lavar as mãos
Preparar a medicação
Escolher a região
Seguir a descrição de aplicação da região escolhida

Inalação

Material:
Fluxômetro;
Micro nebulizador, com máscara e extensão;
SF ou água destilada esterilizada de acordo com a prescrição médica;
Medicamento;
51
Enfermagem na Assistência Domiciliar

Procedimento:
Orientar o paciente
Lavar as mãos
Instalar o fluxômetro na rede de Oxigênio ou ar comprimido, testá-lo;
Abrir a embalagem do micro nebulizador e reservá-lo;
Colocar o SF ou AD no copinho, acrescentar o medicamento, fechar e conectar ao fluxômetro;
Conectar a máscara ao micro nebulizador;
Regular o fluxo de gás (produzir névoa);
Aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la, entre o nariz e a
boca, solicitando que respire com os lábios entreabertos;
Manter o micro nebulizador junto ao rosto do paciente, por 5 minutos, ou até terminar a solução
(quando possível orientá-lo a fazê-lo sozinho);
Fechar o fluxômetro e retirar o micro nebulizador;
Secar, recolocá-lo na embalagem e mantê-lo na cabeceira do paciente.

fonte: physiocursosssp.com.br

VIA INTRAVENOSA IV OU ENDOVENOSA EV


Consiste na administração de medicamentos diretamente na rede venosa utilizando agulha,
cateter rígido ou flexível.

Material
Luva de procedimento.
Algodão e álcool 70%.
Fita hipoalergênica.
2 agulhas para aspiração.
1 agulha para administração da medicação.
2 seringas 10 ou 20ml.
Cateter de infusão rígido ou flexível se necessário.
Solução prescrita.
Diluente se necessário.
1 Equipo.
“Plug macho” /” Polifix”.

Procedimento
1. Explicar o procedimento para o paciente/família/cuidador. Verificar prescrição médica, medicamento,
dose, via, volume, tempo de gotejamento, período de tratamento.
2. Reunir todo o material.
3. Lavar as mãos e calçar luvas de procedimento
4. Garrotear o membro escolhido
5. Realizar antissepsia com álcool 70% e puncionar
52
Enfermagem na Assistência Domiciliar

6. Conectar o plug macho/Polifix se o tratamento for por mais de 2 dias


7. Realizar fixação com fita hipoalergênica e identificar com nome, data e hora
8. Preparar medicação conforme prescrição
9. Instalar e/ou iniciar infusão
10.Para manter Acesso Venoso Periférico pérvio, após término, administrar 4ml Soro Fisiológico 0,9%.
11.Desprezar todo o material, dando o destino correto: lixo comum, lixo branco e caixa de perfuro cortante.
12.Lavar as mãos.
13.Realizar anotação de enfermagem, carimbar e assinar.
14.Registrar procedimento em planilha de produção.

fonte: slideshare.net
RESUMO
Nesse capítulo aprendemos sobre as principais vias de administração de medicamentos, mas em
todos os casos é fundamental garantir a segurança do paciente.
Utilizar a conferência pela regra dos 9 Certos ajuda o profissional nesse processo, mas lembrem-
se que a conferência deverá ser realizada em 3 momentos:
1. Momento de separação do medicamento, conferindo o rótulo com a prescrição médica
2. Momento de preparo do medicamento, conferindo o novamente o rótulo, a dosagem (cálculo) e a
prescrição médica
3. Momento da administração solicitando que o cuidador / familiar confira o rotulo com a prescrição

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (INSTITUTO UNIFIL, 2021) Considere a prescrição de 0,5g de uma medicação oral. Se a unidade
possui esta medicação apenas em comprimidos de 250mg, como se deve proceder nesse caso?
A) Não realizar a administração. C) Realizar a administração de 1 comprimido.
B) Realizar a administração de ½ de um comprimido. D) Realizar a administração de 2 comprimidos.

2) (EDUCA, 2018) As condições do paciente determinam, muitas vezes, a via de administração de certas
drogas. Considera-se também que o paciente pode apresentar algum quadro cujas características o
impedem de ingerir drogas, como patologias do sistema digestivo.
A respeito das desvantagens da via oral, analise os itens abaixo:
I. A impossibilidade de absorção de alguns agentes por causa de suas características físicas;
II. Os vômitos em resposta à irritação da mucosa gastrintestinal;
III. Destruição de alguns agentes por enzimas digestivas ou pelo pH gástrico ácido;
IV. Irregularidades de absorção ou propulsão na presença de alimentos e outros fármacos;
V. Necessidade de cooperação por parte do paciente.
Estão CORRETAS as alternativas:
A) I, II, III, IV e V. D) II, III, IV, V apenas.
B) III, IV, V apenas. E) IV, V apenas.
C) I, II, III, IV apenas.

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TEMA 8: PREVENÇÃO DE ACIDENTES DOMÉSTICOS


A criança conforme se desenvolve naturalmente surgirá curiosidade em descobrir coisas novas,
nessa situação, ela estará mais propensa à acidentes domésticos.

Algumas atitudes podem minimizar esses riscos:


1. Tomadas elétricas devem estar protegidas. A fiação deve estar em bom estado e fixada no alto e
os fios precisam ficar presos e recolhidos;
2. As janelas devem ser protegidas por grades ou telas. Se forem do tipo basculante, a abertura deve
estar limitada a 10 cm com corrente;
3. Nenhum móvel deve estar embaixo das janelas para desestimular tentativas de escalada e evitar
quedas;
4. Os móveis devem ter cantos arredondados para evitar lesões e traumas;
5. Não fumar dentro de casa e nunca na cama;
6. Cortinas não devem ter puxadores para evitar enforcamento e circulação;
7. As escadas devem ter portões ou cancelas (em cima e em baixo) para evitar quedas.
8. Cozinha deve contar com portão para impedir o acesso da criança, em especial no momento de
preparo das refeições;
9. No momento de preparo de alimentos, utilizar os queimadores (bocas) da parte de trás do fogão;
10. Os cabos de panela devem estar virados para dentro e para trás;
11. Objetos cortantes (facas, garfos, pratos e copos de vidro) devem ficar fora do alcance, em gavetas
e armários com travas;
12. Os materiais de limpeza devem estar em suas embalagens originais e fora do alcance, em
armários altos e trancados;
13. Botijão de gás precisa ser mantido do lado de fora da cozinha e as válvulas de liberação sempre
fechadas.
14. Armários contendo cosméticos, medicamentos, aparelhos elétricos devem ficar no alto e
trancados;
15. O piso deve ser mantido seco. Se tiver tapete, que seja antiderrapante;
16. O ambiente precisa ser bem ventilado, sendo que se houver aquecedor a gás, ele deve passar
por controle periódico;
17. Aparelhos elétricos não devem ser mantidos nas tomadas ou ligados após o uso;
18. A tampa do vaso sanitário deve ser mantida fechada e travada.
19. As camas devem ter largura de 80 cm a 1 metro, com proteções laterais e os espaços entre as
grades devem ser de 5 a 7 cm para evitar que as crianças prendam a cabeça, mãos ou pés;
20. Cobertores e lençóis devem ser presos no pé da cama para evitar asfixia;
21. Os aparelhos eletrônicos devem ser deixados fora do alcance das crianças;
22. Bebidas alcoólicas, fósforos e isqueiros precisam ser acondicionados em armário alto e trancado;
23. Os móveis devem ter pontas rombas, sendo que as mesas precisam ser firmes, de material
inquebrável e não ter objetos e enfeites pequenos que podem ser engolidos ou aspirados;
24. Evitar plantas ornamentais de fácil acesso;
25. Produtos de limpeza, pesticidas, herbicidas, ferramentas e outros objetos devem ser mantidos em
armários altos e trancados;
26. Baldes e bacias devem ser esvaziadas após uso e mantidos em local alto;
27. O tanque de lavar roupa deve ter fixação adequada e não se deve deixá-lo cheio de água ou
roupas;
28. A churrasqueira deve ter fixação adequada e mantida protegida e longe das crianças;
29. Não usar álcool líquido, pelo risco de queimaduras;
30. A piscina deve ter muro, cerca ou grades de proteção (em seus quatro lados) e portão com tranca
alta, lona de cobertura e alarme;
31. Portões e portas de saída devem estar sempre fechados e trancados;
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

32. Deve ser realizada busca periódica de plantas venenosas ou tóxicas;


33. Menores de 10 anos nunca podem andar sozinhos no elevador.
34. Não deixar as crianças sozinhas, sem supervisão.

Fonte: cem01ss.com.br fonte: cargonautabc.blogspot.com

RESUMO
Nesse capítulo abordamos os acidentes domésticos. Infelizmente eles são muito frequentes com
crianças e muitas vezes trazem sequelas para toda a vida.
Nesses casos a prevenção é a melhor estratégia para lidarmos com os problemas.
No desenvolvimento de um crianças os progressos são rápidos e em muitas situações achamos
que a criança ainda não consegue fazer algo, mas ela consegue. Por exemplo, colocamos algo em um
local alto, longe do alcance da criança, mas ela faz uma improvisação de andaime e consegue ou pelo
menos tenta alcançar o objeto. Veja na ilustração acima.
Por tudo isso é importante adotar medidas de prevenção, mas todos na casa precisam entender
e colaborar com essas medidas para que o objetivo seja alcançado.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) Elabore uma cartilha de prevenção de acidentes domésticos com criança.

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TEMA 9: APOIO PSICOLÓGICO EM DOMICÍLIO / PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO /


REABILITAÇÃO APOIO PSICOLÓGICO EM DOMICÍLIO
No ambiente domiciliar é necessário a construção de um código de comunicação com os pacientes
e principalmente com seus familiares que não são agentes passivos nesse processo.
Não temos como negar que em muitas situações tanto o paciente quanto seus familiares sentem-
se invadidos pela presença de um profissional em seus domicílios.
Também é importante ressaltar que toda a situação de doença e o paciente ficar em casa, altera
a dinâmica familiar, causando alterações emocionais.
O conflito surge quando não temos as mesmas ideias, a mesma percepção ou a mesma emoção:
o conflito faz parte das relações humanas
O profissional que atua no âmbito domiciliar precisa desenvolver capacidade de ser tolerante e
paciente, compreender os momentos difíceis que a família e o paciente podem estar passando, com a
diminuição de sua capacidade física e mental, de seu papel social, que pode afetar seu humor e dificultar
as relações interpessoais.
Atualmente encontramos profissionais psicólogos que fazem atendimento em domicílio.
É fundamental que o profissional de enfermagem compreenda a dinâmica familiar e realize suas
atividades visando o bem estar do paciente, não se envolvendo em problemas familiares.

PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO
O autocuidado pode ser definido como a capacidade de uma pessoa em desempenhar de forma
autônoma as atividades que visam à promoção da saúde, à prevenção de agravos e ao cuidado com a
doença, envolvendo os aspectos espirituais, físicos, mentais e sociais, proporcionando qualidade de vida.
Os profissionais que atuam em assistência domiciliar devem, sempre, promover as condições que
facilitem o autocuidado. Vale lembrar que as atividades de autocuidado também servem de estímulos
diários para o desenvolvimento da criança.
Atividades que possam parecer simples em algumas situações e dependendo do paciente,
tornam-se complexas, portanto, paciência e repetição devem fazer parte do contexto.
Nos casos de crianças e adolescentes, o profissional de enfermagem precisa conhecer o
desenvolvimento mental e físico, considerado dentro dos padrões de normalidade, para poder estimular
a criança em internação domiciliar.

O autocuidado promoverá:
Independência para realização de algumas tarefas;
Elevação da autoestima;
Melhora da qualidade de vida;
Melhora da capacidade física, mental e cognitiva;
Diminuição da sobrecarga de trabalho para cuidadores e familiares;
Realização pessoal.

REABILITAÇÃO
A reabilitação tem a finalidade de promover habilidades que permitam ao paciente o retorno de
suas atividades, o mais próximo possível, do período pré doença, ou seja, que o paciente voltas a exercer
as atividades que já desempenhava.
A reabilitação de um paciente é centrada na habilidade do paciente em lidar com a sua condição
de saúde e tomar decisões, sua motivação e sua adesão, são determinantes para os desfechos
terapêuticos.
Considerando que a assistência de saúde prestada deverá sempre ser centrada no paciente, os
interesses dos pacientes devem prevalecer e sua participação nesse contexto de reabilitação. O trabalho
da equipe multiprofissional é fundamental para esse processo de reabilitação.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Reforçando que a reabilitação precisa ser motora, cognitiva e também emocional, pois no ser
humano tudo está interligado.

RESUMO
Quando pensamos em assistência domiciliar é necessário lembrar que muitos pacientes terão
assistência por tempo determinado e outros por tempo indeterminado. Tudo dependerá da patologia e
das condições clínicas do paciente.
Como estamos falando de crianças e adolescentes é importante lembrar que o desenvolvimento
mental, cognitivo e físico continua, independente da patologia. Esse processo será mais lento em algumas
situações, mas ele ocorrerá.
É imprescindível que o profissional tenha conhecimento desse processo evolutivo para que o
mesmo posso auxiliar e estimular o paciente, proporcionando sempre melhores condições de aprendizado
e desenvolvimento.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) Faça uma pesquisa sobre papel do cuidador na promoção do autocuidado

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

TEMA 10: LAZER / SAÚDE / COMUNICAÇÃO E LUDICIDADE LAZER


O Lazer, que vem do latim 'licere' – ser lícito, ser permitido -, é normalmente definido como uma
série de atividades que o ser pode praticar em seu tempo livre, ou seja, naquele momento em que não
está trabalhando, em tarefas familiares, religiosas ou sociais, e que lhe proporcionam prazer.
O lazer visa sempre a diversão, descontração, convívio social e que possa proporcionar para o
indivíduo uma sensação de bem-estar.
Essas atividades podem ser desde ler um livro, ver TV, ouvir uma música, dançar, fazer exercício
físico, praticar esporte, seja individual ou em grupo.
Utilizando como critério a participação das pessoas no lazer podemos distinguir dois tipos de lazer:
Lazer ativo: Lazer em que o participante é receptor e emissor de estímulos.
Lazer passivo: Lazer em que o participante é unicamente receptor de estímulos.

As atividades de lazer não apenas ajudam a controlar o estresse – sabemos que o estresse está
ligado à piora do estado de saúde mental – como nos dão um senso de autocuidado e de equilíbrio, algo
que ajuda a reduzir a ansiedade. Além, é claro, de melhorar a autoestima.
Ao prestar assistência para crianças em domicílio é importante pensar em atividades de lazer que
ajudem a preencher o dia. Pode-se adequar atividades de lazer com estímulos para o seu
desenvolvimento.
Sempre que possível promover atividades de lazer que conte com a participação da família,
estimulando assim o convívio e a socialização da criança.

SAÚDE
O foco nessa disciplina foi o cuidado de crianças e adolescentes na assistência domiciliar, com o
aprendizado de várias patologias e cuidados.
Não podemos esquecer que os profissionais irão lidar com patologias diversas, sequelas,
incapacidades, dificuldades, emoções diversas e muito mais, mas que a saúde da criança e adolescente
precisa ser mantida, como por exemplo a vacinação.
Independente da patologia que a criança apresente os demais cuidados precisam ser continuados,
portanto, consultar o médico responsável sobre as vacinas, exames periódicos, cuidados odontológicos,
devem ser mantidos.
A família deverá ser orientada sobre cuidados e orientações específicas, como por exemplo,
menstruação e crescimento de pelos pubianos e pelo corpo como um todo.
É importante inspecionar a pele no momento da higiene e realizar a mudança de decúbito a cada
2 horas, visando a prevenção de lesões por pressão. Observe também sinais de lesão que possam ser
decorrentes de maus tratos e violência, incluindo violência sexual.

COMUNICAÇÃO
Comunicação pressupõe a informação e o domínio sobre o que queremos comunicar, pressupõe
a nossa intenção, emoção e o que pretendemos quando nos aproximamos do nosso cliente ou do nosso
paciente.
O conteúdo da comunicação está ligado ao referencial de cultura que cada um tem para informar
conteúdo, quanto mais sabemos sobre o que o outro sabe e compreende, maior a nossa habilidade em
correlacionar esse saber do outro com o nosso.
A comunicação verbal sozinha, não existe, vem acompanhada da maneira como falamos:

1. Do paraverbal:
silêncios,
grunhidos,
pausas e
ênfases
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

2. Expressões faciais:
Felicidade, excitação: dilatação de pupilas, olhos brilhantes;
Vergonha ou pudor: rubor da face;
Dúvida: franzimento de testa;
Desconfiança: desvio dos olhos;
Raiva: palidez, eriçamento dos pelos.

3. Postura corporal:
Lateralização do corpo: impessoalidade;
Frontalização: atenção, disposição, para receber;
Cruzamento de braços: fechamento, defesa, para receber;
Cabeça abaixada: submissão;
Curvamento do corpo: exaustão, desânimo;
Corpo e cabeça eretos: segurança.

4. Como tocamos:
Envolve aspectos afetivos;
O tempo usado no contato;
O local que tocamos;
A pressão que exercemos;
Tocar regiões culturalmente aceitas: braço, mão, ombro;
Atentar para os sentimentos do paciente no momento do toque: enrijecimento do corpo, desvio do
olhar, respostas monossilábicas, cobrir a cabeça.

5. A distância interpessoal que mantemos:


Distância íntima: a do tocar 45 cm;
Distância pessoal: amigos, casais 1,20 m;
Distância social: distância mínima para trabalho 1,50m a 3,00 m;
Distância pública: distância que não nos envolvemos pessoalmente 4,00m a 9,00 m.

Aspectos de interferem na comunicação:


Idioma;
Etnia;
Cultura;
Religião.

Quando entendemos o ponto de vista do outro e transmitimos isso de forma verbal e não verbal,
não significa que concordamos com ele, mas o tranquilizamos. A comunicação nos permite ver uma
situação de diversos ângulos

LUDICIDADE
Ludicidade é um termo que tem origem na palavra latina “ludus”, que significa jogo ou brincar.

Como podemos utilizar jogos e brincadeiras na assistência de saúde?

O comportamento de brincar é um dos principais processos onde são construídas as capacidades


e potencialidades da criança. Além de ser dinâmica, a perspectiva lúdica é investigadora e procura sempre
construir e reconstruir significados. Construir, entender e significar a realidade são, por conseguinte,
ganhos simultâneos e imediatos da ação de brincar.
Durante o processo de cuidados de saúde, a criança tem seu corpo submetido a procedimentos
desagradáveis e, em alguns casos, dolorosos, o que, geralmente, torna a atmosfera do ambiente tensa e
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

ameaçadora. O somatório destes fatores pode afetar o curso do seu desenvolvimento, o que pode ser
manifesto por meio de regressões em habilidades e competências já adquiridas, desordens do sono e da
alimentação, medos imaginários, dependência, agressividade, apatia, negativismo e todo um conjunto de
comportamentos caracterizados por manifestações de ansiedade.
Com atividades lúdicas é possível evocar a presença de fatores de proteção, os quais podem
contribuir para aumentar a resiliência da criança, ou seja, sua capacidade de lidar de forma mais
competente com essas situações adversas.
Em geral, a pessoa com quem a criança brinca é a mesma a quem recorre quando se sente
assustada por não compreender o que está se passando com ela devido à sua doença.
As atividades desempenhadas devem ser adequadas às condições clínicas de cada criança e
adolescente, permitindo sua interação. Sempre que possível escolha atividades que os membros da
família possam participar e permitam a criança expressar seus sentimentos e emoções.

RESUMO
Nesse capítulo abordamos a importância do lazer, das brincadeiras e da comunicação no
desenvolvimento das crianças e adolescentes, mesmo submetidos a cuidados de saúde no ambiente
domiciliar.
Cabe aos profissionais proporcionar espaços e momentos de prazer, promovendo uma melhor
qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) Elabore um roteiro de orientações lúdicas para uma criança sobre a necessidade de puncionar aceso
venoso.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

DISCIPLINA 2 - ATENÇÃO DOMICILIAR DO ADULTO E IDOSO

TEMA 1: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO / PROCESSO DO


ENVELHECIMENTO
1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
A fisiologia do envelhecimento mostra como ocorre o declínio progressivo de todos os processos
fisiológicos do corpo humano. Seu objetivo é estudar as variações e mudanças biológicas, fisiológicas e
anatômicas que o ser humano sofre ao longo dos anos. O envelhecimento pode ser diferente de um
indivíduo para o outro.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, envelhecimento é “Um processo sequencial,
individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro,
próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer
frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte”
Várias alterações ocorrem com o processo de envelhecimento.

1. COMPOSIÇÃO CORPORAL
Toda a celularidade diminui, reduzindo a função dos órgãos, continuamente.
A musculatura vai diminuindo, especialmente as fibras tipo II, de contração rápida, como as
encontradas nas mãos.
Diminuição da água intracelular – desidratação fisiológica (turgor x confusão);
Diminuição da massa celular;
Diminuição do tecido mineral ósseo;
Diminuição da densidade corpórea.

2. PESO E ALTURA
Diminuição da altura em aproximadamente 1cm por década (encurtamento dos discos vertebrais,
enrijecimento das articulações, cifose dorsal, arqueamento dos MMII);
Acúmulo de gordura e redução de massa magra – obesidade sarcopênica;

fonte: andreiatorres.com
Aumento do tecido gorduroso (distribuição centrípeta);
Redução do peso dos órgãos;
Redução do peso total a partir dos 65 anos.

3. MUSCULATURA
Perda muscular acelerada, chegando a 30%, por década, aos 70 anos e, praticamente a metade
aos 80 anos. Essa redução ocorre tanto em número quanto no volume das fibras (especialmente
o músculo esquelético).

4. MARCHA, POSTURA E EQUILÍBRIO


É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores.
61
Enfermagem na Assistência Domiciliar

Há redução na amplitude dos movimentos, tendendo a modificar a marcha, passos mais curtos e
mais lentos com tendência a arrastar os pés. A base de sustentação se amplia e o centro de
gravidade corporal tende a se adiantar, em busca de maior equilíbrio.
Para vencer as dificuldades o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. O grande
problema nos distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações posteriores.

fonte: abc.med.br
5. SONO e REPOUSO
Acordam fácil e demoram a adormecer;
Dormem menos horas por dia – menor gasto de energia.
Sono entrecortado – apneia;
Sonolência durante o dia;
Cansaço, mau humor;
Diminuição da memória, cefaleia e até depressão.

6. PELE
Lentificação na renovação epidérmica;
Diminuição do número de fibras elásticas e colágenas;
Diminuição na vascularização;
Diminuição na lubrificação;
Diminuição de tecido subcutâneo;
Hipertrofia das células de pigmentação – púrpura senil.

fonte: avovo.com.br
7. OLHOS
A flacidez das pálpebras superiores leva a uma limitação do campo visual lateral, podendo a
pessoa não ver objetos ao seu lado, não ver um veículo se aproximar ao atravessar a rua,
aumentando o risco de sofrer acidentes.
Atrofia da fáscia palpebral pode levar à herniação da gordura orbitária para dentro do tecido
palpebral;
Surgimento do arco senil - halo senil;
Opacidade do cristalino - catarata;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

fonte:medicosdeolhos.com.br
Redução da secreção lacrimal - olho seco.

8. OUVIDO E NARIZ
Espessamento do tímpano;
Degeneração do ouvido interno;
Diminuição da capacidade auditiva – cerume;

fonte: se3.adam.com
Diminuição da capacidade olfativa;
Aumento do tamanho do nariz e orelhas.

9. CAVIDADE ORAL
Perda de dentes (cáries, doença periodontal, desmineralização óssea);
Retração gengival;

fonte: clinicaodontomania.com.br
Redução da saliva – boca seca;
Alterações no paladar – perda de papilas gustativas;
Diminuição da força de mastigação;
Perda de elasticidade de mucosas;
Disfagia orofaríngea – perda do tônus e motricidade muscular.

10. ESTÔMAGO
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Diminuição da secreção de ácido clorídrico e de pepsina;


Alterações do esvaziamento gástrico – gastroparesia;
Diminuição na secreção de prostaglandinas;
Alterações na absorção de nutrientes e medicamentos;
Maior susceptibilidade a úlceras e sangramentos digestivos.

fonte: drquelsoncoelho.com

Ainda pode ocorrer a ruptura da barreira da mucosa gástrica, permitindo que o ácido clorídrico e
a pepsina do lúmen do estômago entrem nas células da mucosa, destruindo-as. O rompimento
dessa barreira acontece também com o uso de anti-inflamatórios, álcool, cafeína e por bactérias.

11. INTESTINO
Atrofia da mucosa – diminuição das vilosidades;
Menor absorção de nutrientes e vitaminas (especialmente Vitamina D e Ferro);
Lentificação do trânsito intestinal – constipação;
Predisposição a divertículos;

fonte: drgustavomelo.com.br
Maior susceptibilidade a lesões e sangramentos digestivos;
A diminuição do tônus e da força do esfíncter anal, associada a menor complacência retal,
aumenta a chance de incontinência fecal nas pessoas idosas, sendo as mulheres mais
predispostas que os homens.

12. FUNÇÃO ENDÓCRINA


Alteração nos receptores de insulina – intolerância à glicose;
Baixa do hormônio melatonina – regula o sono;
Baixa de hormônio paratireoidiano, especialmente em mulheres, causando a diminuindo a
produção da forma ativa da vitamina D e a baixa absorção de cálcio – osteoporose;
Disfunção hepática – diminuição no metabolismo de medicamentos;
Baixa de hormônios sexuais.

13. SISTEMA IMUNE E TERMORREGULAÇÃO


Redução da resposta imunológica a invasores;
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Maior susceptibilidade às infecções;


Menor atividade de glândulas sudoríparas;
Menor produção de calor;
Diminuição da atividade física;
Diminuição do metabolismo basal - menor gasto de energia.

14. FUNÇÃO NEUROLÓGICA


Diminuição de água intra e extracelular – diminuição de massa cerebral;
Diminuição do número de neurônios e sinapses;
Alterações na membrana lipídica e na condução nervosa;
Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose;
Permeabilidade da barreira hematoencefálica;
Parte da cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como a
velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e
problemas com a memória recente;
Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de células gliais,
denominado gliose, representa uma resposta compensatória protegendo a função neuronal e a
plasticidade.

15. FUNÇÃO CARDÍACA


Débito cardíaco e fração de ejeção diminuídos;
Diminuição da capacidade contrátil – aumento da área cardíaca;
Contração prolongada;
Tempo de relaxamento aumentado;
Aumento da rigidez miocárdica e vascular;
Hipertrofia de VE – hipertensão arterial sistólica;
Modificações em receptores de catecolaminas: diminuição de sensibilidade dos barorreceptores
– hipotensão postural;
Deposição de cálcio – calcificação do anel mitral e esclerose da valva aórtica;
Diminuição do consumo máximo de O2;
Capacidade de exercício diminuída;
Reserva cardíaca diminuída.

16. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA


Diminuição da complacência pulmonar;
Diminuição de superfície de troca gasosa;
Diminuição do surfactante pulmonar - atelectasias;
Clearance mucociliar diminuído - acúmulo de secreção;
Diminuição do reflexo da tosse;
Alteração em quimiorreceptores – sensibilidade ao uso de drogas depressoras do SNC.

17. FUNÇÃO RENAL


Perda progressiva de massa renal;
Redução da taxa de filtração glomerular;
Diminuição na produção e excreção do ADH (hormônio antidiurético);
Diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do sódio, estando os idosos mais
propensos à hiponatremia e à hipopotassemia;
Poliúria – urinar mais vezes e a noite;
Muitas pessoas idosas sofrem perda da habilidade de concentrar ou diluir a urina de tal modo que
se tornam incapazes de equilibrar o organismo frente a uma desidratação ou a uma sobrecarga
hídrica.
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Incontinência urinária não é normal:


o A frequência e a importância do evento estão associadas às repercussões emocionais e
sociais.
o Muitas causas são reversíveis - delírio, restrição de mobilidade, retenção urinária, infecção
e efeito medicamentoso.

18. SISTEMA HEMATOLÓGICO


Diminuição da hemoglobina e hematócrito - anemia;
Diminuição do número de hemácias;
Demora no início da eritropoiese;
Alterações nos fatores de coagulação - estado pró-coagulante, importante fator de risco para
trombose venosa profunda.

19. SEXUALIDADE
74% dos homens e 56% das mulheres casadas mantêm vida sexual ativa após os 60 anos.
Alterações fisiológicas na genitália feminina e masculina;
Baixa hormonal (especialmente nas mulheres);
Redimensionamento da sexualidade e atividade sexual.

2. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
O envelhecimento pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo gradativo para uns e mais rápido
para outros. Essas variações são dependentes de fatores como estilo de vida, condições
socioeconômicas e doenças crônicas. Já o conceito “biológico” relaciona-se com aspectos nos planos
molecular, celular, tecidual e orgânico do indivíduo, enquanto o conceito psíquico é a relação das
dimensões cognitivas e psicoafetivas, interferindo na personalidade e afeto.

São conceitos importantes nesse assunto:


Senescência - processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos.
Senilidade - condição de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse
emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência.

Alguns erros devem ser evitados:


Considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes de seu
envelhecimento natural;
Tratar o envelhecimento natural como doença.

Envelhecimento saudável é o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade


funcional que permite o bem-estar em idade avançada.
Cabe aos profissionais da saúde contribuir para que, apesar das progressivas limitações que
possam ocorrer, as pessoas idosas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a
máxima qualidade possível.

RESUMO
O envelhecimento é um processo natural, mas que pode trazer muitos transtornos para a pessoa
e seus familiares.
Envelhecemos dia a dia, mas somente temos a percepção disso quando apresentamos alguma
alteração e, normalmente, quando sentimos restrição para o desenvolvimento de atividades corriqueiras.
É importante que o profissional de saúde compreenda esse processo para que possa atuar no
atendimento domiciliar respeitando as limitações do organismo, estimulando o autocuidado e promovendo
qualidade de vida.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (CONSULPLAN, 2021) A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa considera que indivíduos idosos,
mesmo sendo independentes, ou seja, que são capazes de realizar sem dificuldades e sem ajuda todas
as atividades de vida diária, como tomar banho, vestir-se, usar o banheiro, transferir-se da cama para a
cadeira, ser continente e alimentar-se com a própria mão, mas que apresentem alguma dificuldade nas
atividades instrumentais de vida diária como preparar refeições, controlar a própria medicação, fazer
compras, controlar o próprio dinheiro, usar o telefone, fazer pequenas tarefas e reparos domésticos e sair
de casa sozinho, utilizando uma condução coletiva são considerados idosos com potencial para
desenvolver fragilidade e, por isso, merecerão atenção específica pelos profissionais de saúde e devem
ser acompanhados com maior frequência. Para classificar o idoso como frágil, esta política considera as
situações especificadas no seu texto e a classificação etária que é definida em literatura. Pelo critério
etário, o idoso passa a ser considerado frágil quando completa:
A) 65 anos de idade.
B) 70 anos de idade.
C) 75 anos de idade.
D) 80 anos de idade.

2) (IMPARH, 2021) A chegada da senilidade é acompanhada de algumas alterações consideradas


fisiológicas para essa fase da vida. Nesse contexto, assinale a alternativa que se refere a essas
alterações.
A) No sistema respiratório, tem-se aumento da expansibilidade da caixa torácica e da espessura das
paredes dos alvéolos.
B) A musculatura do intestino enfraquece, aumentando a peristalse, além de haver aumento da secreção
da lipase e insulina pelo pâncreas.
C) Perda da elasticidade uretral e de colo, bexiga menos elástica são algumas das alterações do sistema
geniturinário.
D) Perda óssea, aumento das fibras musculares e rigidez de cartilagens, tendões e ligamentos conferem
as alterações do sistema musculoesquelético no idoso.

3) (FAFIPA, 2020) O envelhecimento foi definido cronologicamente pala passagem do tempo,


subjetivamente, da maneira pela qual a pessoa se sente e funcionalmente pelas alterações da capacidade
física ou mental. O fato é que, ao envelhecer, ocorrem mudanças estruturais e fisiológicas que necessitam
de cuidados preventivos e muitas vezes paliativos. Em se tratando de alterações nos sistemas do corpo
humano, é correto afirmar, EXCETO:
a) Em se tratando do sistema gastrintestinal, há diminuição da sede; olfato e paladar diminuídos;
dificuldade de deglutir, o alimento; esvaziamento esofágico e gástrico acelerado devido ao aumento da
motilidade gástrica.
b) Em se tratando do sistema nervoso, a velocidade torna-se reduzida, confusão mental aumentada, e
circulação cerebral reduzida.
c) Em relação ao sistema geniturinário masculino, é comum a hiperplasia prostática benigna.
d) Em relação ao sistema geniturinário feminino, é comum o relaxamento dos músculos perineais e
disfunção uretral.
e) Em relação ao sistema respiratório, há aumento no volume pulmonar residual; diminuição na força
muscular e eficiência da tosse diminuída.

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TEMA 2: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR / OSTEOPOROSE


/ ARTRITE E ARTROSE / ÓRTESES E PRÓTESES / PARKINSON
1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
Apesar de sua aparência simples, o osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico, sendo formado
por um conjunto de tecidos distintos e especializados que contribuem para seu arranjo final. Entre eles
destacam-se o tecido ósseo, cartilaginoso, epitelial, tecidos formadores de sangue, nervoso e adiposo.
Por esta razão, cada osso individual é um órgão. Partindo-se do princípio que um conjunto de órgãos que
atuam com o mesmo objetivo funcional constituem um sistema, pode se concluir que o conjunto formado
por ossos e cartilagens dará origem ao Sistema Esquelético.
O esqueleto humano, como em outros vertebrados, é interno aos músculos com os quais se
desenvolveu. Ele é um endo esqueleto constituído por um eixo, dividido em segmentos para dar
flexibilidade e de dois pares de membros, superiores e inferiores, também divididos em partes articuladas
para locomoção e preensão. O crânio é a extremidade expandida do eixo.

Divisão do esqueleto:
Esqueleto Axial – O esqueleto axial é constituído pelos ossos arranjados ao redor do eixo
longitudinal e acomoda o Sistema Nervoso Central sendo então por isso chamado de neuro- eixo.
Os ossos que constituem esta divisão do esqueleto são: os ossos do crânio, coluna vertebral,
ossículos da orelha, osso hioide, costelas e esterno.

Esqueleto apendicular – O esqueleto apendicular é formado pelos ossos que compõem os


membros superiores e inferiores mais os ossos que formam os cíngulos que conectam os
membros ao esqueleto axial. Os ossos que constituem esta divisão do esqueleto são:

Membros superiores:
• Segmento braço: úmero
• Segmento antebraço: radio e ulna
• Segmento mão: ossos carpais (escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme, hamato,
capitato, trapézio e trapezoide), metacarpos e falanges.
• Cíngulo superior: clavícula e escapula,

Membros inferiores:
• Segmento coxa: fêmur
• Segmento perna: tíbia e fíbula

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• Patela
• Segmento pé: ossos tarsais (calcâneo, tálus, navicular, cubóide, cuneiforme medial,
intermédio e lateral), metatarsos e falanges.
• Cíngulo inferior: ossos do quadril

No esqueleto do adulto, há 206 ossos distintos como segue:

ESQUELETO AXIAL ESQUELETO APENDICULAR


COLUNA VERTEBRAL: 26
CRÂNIO: 22 MEMBROS SUPERIORES: 64
OSSO HIOIDE: 1 MEMBROS INFERIORES: 62
COSTELAS E ESTERNO: 25 OSSICULOS DA ORELHA: 6
TOTAL: 74 ossos TOTAL: 132 ossos

Funções do Sistema Esquelético


Sustentação e conformidade – Os ossos funcionam como arcabouço estrutural para o corpo,
sustentando os tecidos moles e fornecendo um ponto de aderência para os tendões de grande
parte dos músculos esqueléticos fazendo com isso com que o corpo ganha forma.
Proteção – O arranjo ósseo determina a proteção de diversos órgãos de importância vital. Por
exemplo, os ossos do crânio protegem o encéfalo, as vértebras protegem a medula espinal, e o
gradil costal protege as vísceras torácicas como o coração e os pulmões.
Participação no movimento / alavancagem – O movimento é produzido quando da tração exercida
pelos músculos esqueléticos sobre os ossos no momento de sua contração. Pelo fato de muitos
ossos se articularem e esta união óssea permitir movimentos, o esqueleto desempenha um papel
importante na determinação do tipo e da amplitude do movimento que o segmento será capaz de
fazer, bem como a própria anatomia do osso acaba por limitar movimentos indesejáveis.
Homeostasia mineral – O tecido ósseo armazena vários minerais, especialmente cálcio e fósforo,
que contribuem fortalecer o osso. O osso pode liberar minerais, na corrente sanguínea, para
manter os balanços minerais críticos e para distribuir minerais para outros órgãos.

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Produção de células sanguíneas – Dentro de certas partes dos ossos, um tecido conjuntivo,
chamado medula óssea vermelha, produz células que vão fazer parte do sangue. Estas células
são: os eritrócitos, os leucócitos e as plaquetas, por meio de um processo chamado de
hematopoese.
Armazenamento de triglicerídeos – No recém-nascido, toda a medula óssea e vermelha e está
envolvida na hematopoese. Entretanto, com o avançar da idade, a produção de células
sanguíneas diminui, e a maior parte da medula passa a ser formada por adipócitos e por isso
chamada de medula óssea amarela.

Classificação Morfológica dos Ossos


Os ossos podem ser classificados de acordo com a forma que apresentam, observando-se as
dimensões de comprimento, largura e espessura.

Ossos Longos – Os ossos longos são aqueles cujo comprimento


predomina sobre a largura e a espessura.

fonte: anatomiaemfoco.com.br

Ossos Curtos – As principais


dimensões de um osso curto são
aproximadamente iguais. Encontrados
nas mãos e nos pés, tendo na patela,
osso anterior do joelho, o seu exemplo
mais característico.

fonte: toda amteria.com.br

Ossos Planos – Nos ossos planos a


espessura é muito menor do que as outras
dimensões. A característica diferencial dos
ossos planos é a presença de duas
camadas de osso compacto com uma
camada intermediaria de osso esponjoso e
medula óssea. A camada interposta nos
ossos da calvária é chamada díploe.
fonte: md.uninta.edu.br
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Ossos Irregulares – Os ossos irregulares são aqueles que


não podem ser adequadamente incluído em outras
classificações. Estes ossos possuem projeções que partem
do seu corpo. Compreendem muitos ossos do crânio, as
vértebras e os ossos do quadril.

fonte: laifi.com
Classificação Funcional dos Ossos
Funcionalmente os ossos podem ser classificados como sesamoides e pneumáticos.

Ossos Sesamoides – São ossos encontrados


embutidos em tendões e apresentam função de
roldana, alterando o ângulo de tração de alguns
tendões. A patela é o principal exemplo desta
classificação.

fonte: lotblumenau.com.br

Ossos Pneumáticos – São ossos que


possuem cavidades revestidas por epitélio
respiratório e preenchidas por ar. Alguns
ossos do crânio como o frontal, o maxilar, o
etmoide e o esfenoide são exemplos de
ossos pneumáticos e suas cavidades
chamadas de seios paranasais.

fonte: pt-br.facebook.com
Sistema Articular
As articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes ossos do esqueleto. Essas
uniões não são feitas da mesma forma para todos os ossos, variando, portanto, com maior ou menor
possibilidade de movimento e tipo de tecido interposto aos ossos. Em algumas articulações, os ossos são
mantidos por fixações imóveis, como as suturas ou as articulações entre praticamente todos os ossos do
crânio.

Classificação:
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As articulações ou junturas são separadas nos três seguintes grupos, tendo como base em sua
classificação, sua estrutura e mobilidade:

A. Fibrosas (sinartroses) ou imóveis:


É composta por tecido conjuntivo fibroso. A grande maioria é
encontrada no crânio. Obviamente a mobilidade dessa juntura é
extremamente reduzida, embora o tecido fibroso conceda certa
elasticidade ao crânio (antes da maturação óssea).

fonte: vegarcez.com.br
B. Cartilaginosas (anfiartroses) ou com movimentos limitados:
São as articulações nas quais a junção dos ossos é feita por tecido cartilaginoso.

fonte: drrocha.com.br

C. Sinoviais (diartroses) ou junturas de movimentos amplos:


Representam a maioria das junturas do corpo.
Nessas junturas, as superfícies ósseas são recobertas por
cartilagem articular e unidas por ligamentos revestidos por
membrana sinovial. Possuem ampla mobilidade, e o
elemento que se interpõe às estruturas ósseas é o líquido
sinovial.

fonte: danielbohn.com.br
Principais Movimentos das articulações:
Os movimentos de uma articulação se fazem obrigatoriamente sobre o que chamamos de eixo de
movimento.

Movimentos angulares: Há diminuição ou aumento do ângulo entre o segmento que se desloca e


o que permanece fixo. Quando diminui há a flexão e quando aumenta há a extensão.
No caso específico do pé, não utilizamos os termos flexão e extensão, e sim, os termos dorsiflexão
ou plantiflexão (flexão plantar).
Adução e Abdução: Movimento no qual o segmento é deslocado em direção ao plano mediano
(adução) ou opostamente (abdução).
Rotação: O segmento gira em torno de um eixo longitudinal. Podemos diferenciar rotação medial
(voltada para o plano mediano; linha mediana) e lateral, lembrando que sempre considerando a
posição anatômica como ponto de partida, levando em conta a região ventral do segmento.
Circundação: Podemos dizer que é a combinação de todos os movimentos, como, adução,
abdução, extensão, flexão e rotação. Consiste em transcrever um cone imaginário. Em geral, as
articulações esferoides são as únicas capazes de realizar este movimento.
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Sistema Muscular
As células musculares, chamadas de fibras musculares, são especializadas em realizar a
contração e o relaxamento. Estas fibras se unem em feixes para formar músculos, os quais acham - se
fixados por suas extremidades. Assim, músculos são estruturas que movem os segmentos do corpo por
encurtamento da distância que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração. A miologia
os estuda. Dentro do aparelho locomotor, os músculos são elementos ativos do movimento. Porém a
musculatura não assegura só a dinâmica, mas também a estática do corpo humano. Realmente a
musculatura não apenas torna possível o movimento como também mantém unidas as peças ósseas
determinando a posição e a postura do esqueleto.

Componentes anatômicos dos músculos estriados esqueléticos. Um músculo esquelético típico possui
uma porção média e extremidades.

Ventre muscular – é a porção média e carnosa, vermelha


no vivente (vulgarmente chamada carne). Nele
predominam as fibras musculares, sendo, portanto, a parte
ativa do músculo, isto é, a parte contrátil.

fonte: anatomiareduzida.com

Tendão muscular – são pontos de fixação em forma de fita. Aponeurose – são extremidades que
fixam os músculos e apresentam formato laminar. Tanto tendões quanto aponeuroses são
esbranquiçadas e brilhantes, muito resistentes e praticamente inextensíveis, constituído por tecido
conjuntivo denso, rico em fibras colágenas. Os
tendões ou aponeuroses nem sempre se prendem
ao esqueleto, podendo fazê-lo em outros
elementos; septos intermusculares, derme,
(músculos da mímica facial) tendão de outro
músculo, etc. Em uns poucos músculos aparecem
tendões interpostos a ventre de um mesmo
músculo, e esses tendões são chamados de
intersecções tendíneas e não servem para fixação
no esqueleto. (Ex: m. reto do abdome).
fonte:todoestudo.com.br

Fáscia muscular - é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo. Sua espessura
pode variar de acordo com a função desempenhada. Para que os músculos possam exercer
eficientemente um trabalho de tração para se contrair, é necessário que eles estejam dentro de uma
bainha elástica de contenção, papel executado pela fáscia muscular que também permite o fácil
deslizamento dos músculos entre si. Em certos locais, a fáscia muscular pode apresentar-se
espessada e dela partem prolongamentos que vão terminar se fixando no osso, sendo denominados
septos intermusculares. Estes separam grupos musculares em lojas ou compartimentos e ocorrem
frequentemente nos membros.

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fonte:isfisioterapia.com
2. OSTEOPOROSE
Osteoporose é uma doença que se caracteriza pela perda progressiva de massa óssea, tornando
os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas.
A osteoporose é uma doença silenciosa, isto é, raramente apresenta sintomas antes que aconteça
sua consequência mais grave, isto é, uma fratura óssea.
Os nossos ossos recebem forte influência do estrogênio, um hormônio feminino, mas que também
está presente nos homens, só que em menor quantidade. Este hormônio ajuda a manter o equilíbrio entre
a perda e o ganho de massa óssea. Por este motivo, as mulheres são as mais atingidas pela doença,
uma vez que, na menopausa, os níveis de estrogênio caem bruscamente. Com esta queda, os ossos
passam a se descalcificar e se tornam mais frágeis. De acordo com estatísticas, a osteoporose afeta um
homem para cada quatro mulheres.
Os locais mais comuns atingidos pela osteoporose são a coluna (vértebras), bacia (fêmur), o
punho (rádio) e braço (úmero). Destas, a fratura mais perigosa é a do colo do fêmur. Um quarto dos
pacientes que sofrem esta fratura morrem dentro de seis meses e os que sobrevivem apresentam uma
redução importante da qualidade de vida e independência.
Muita dor nas costas e diminuição de estatura podem representar fraturas vertebrais da
osteoporose.
O diagnóstico precoce da osteoporose é feito pela medida da densidade óssea, através do exame
da Densitometria Óssea. Possuem maior risco para desenvolver osteoporose as mulheres, indivíduos de
raça branca, pessoas miúdas (magrinhas e pequenas), que tiveram menopausa precoce e não fizeram
reposição hormonal, os fumantes, que possuem história de fraturas na família, que possuem doenças
graves ou que utilizam corticoides por longo tempo, e aquelas que já tiveram fraturas na idade adulta.
A Vitamina D é fundamental para nossa saúde, em especial para o fortalecimento ósseo. Como
ela não está presente na maioria dos alimentos, temos que obtê-la através da exposição ao sol ou, quando
isto não for possível, através de suplementos vitamínicos.

fonte: drcaiovieira.com.br
3. ARTRITE E ARTROSE

3.1 ARTRITE
É o nome que damos quando há um processo inflamatório das articulações. Os principais sintomas
da artrite são dor, vermelhidão, inchaço e dificuldade para mover uma ou mais articulações.

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Existe uma grande gama de diferentes tipos de artrites. Abaixo estão descritas apenas algumas
das mais comuns:

Osteoartrose (ou osteoartrite degenerativa): doença


crônica (de longa duração) caracterizada pela
degeneração da cartilagem articular, hipertrofia óssea
e dor ao movimentar-se. Acomete principalmente
joelho, articulações coxofemorais e a coluna espinhal;

fonte: praticandofisio.com

Artrite reumatoide: doença autoimune (o organismo


desenvolve anticorpos contra células do próprio
corpo) que acomete principalmente articulações das
extremidades (mãos e pés), tornozelo, punho e
joelho;

fonte:reumatominas.com.br

Gota (artrite gotosa): tipo de artrite que comumente afeta o hálux (dedão do pé), mas pode se
desenvolver em qualquer articulação do corpo. O ácido úrico está elevado no sangue na maior
parte dos casos;

Fonte:sulacapnews.com.br fonte:mdsaude.com

Espondilite anquilosante: um tipo de artrite crônica (de longa duração) que afeta ossos, músculos
e ligamentos da coluna;

fonte: bioemfoco.com.br
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Artrite psoriática: embora a grande maioria dos pacientes


com psoríase (uma doença da pele) não desenvolva artrite,
menos de um terço podem desenvolver “artrite psoriática”.

fonte: ultrarticular.com.br
3.2 ARTROSE
A artrose, também chamada de osteoartrite, osteoartrose ou artrite degenerativa, é uma artrite que
ocorre por degeneração das cartilagens das articulações. Ela pode acometer qualquer articulação que
tenha cartilagem, porém, na maioria dos casos a doença ataca as articulações das mãos, joelho, quadril
e coluna. A osteoartrose pode acometer uma ou várias articulações ao mesmo tempo.
A degeneração da cartilagem na artrose ocorre geralmente pelo envelhecimento da mesma. Os
ossos passam a entrar em contato direto um com outro, fazendo com que o atrito dos movimentos também
leve a lesão destes. Este processo de destruição da cartilagem, e posteriormente dos ossos, causa
incapacitação da articulação afetada uma vez que qualquer movimento torna-se muito doloroso.
Além da idade, outros fatores contribuem para o aparecimento das artroses, tais como a genética,
obesidade, diabetes, hipotireoidismo, etc.
A osteoartrose é uma doença progressiva e sem cura; quanto mais insultos sofrerem as
articulações ao longo da vida, mais cedo ela se manifesta. Uma vez destruída, a cartilagem não se
regenera.

fonte: tuasaude.com
4. ÓRTESES E PRÓTESES

4.1 ÓRTESES
Órteses são dispositivos médicos prescritos por um médico em caso de acidentes, doenças do
sistema locomotor ou sistemas de sustentação e promovem a recuperação. Órteses podem estabilizar,
imobilizar, aliviar o corpo ou membros afetados ou fornecer orientação fisiológica correta.
As bengalas, muletas e óculos são exemplos simples de órteses. Eles não substituem um órgão
ou membro, mas ajudam-no a realizar sua função.

fonte: prosense.com.br fonte: interfisio.com.br


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4.2 PRÓTESES
São peças artificiais usadas como substitutas de membros, órgãos, tecidos e articulações do corpo
que tiveram que ser amputadas ou não funcionam como deveriam. Por exemplo, os implantes dentários,
em que o dente natural é substituído por um artificial.

Tipos de próteses

Podem ser:
Externas — Perna mecânica, dentaduras, prótese mamária.

fonte: ms.gov.br fonte: danielrufatto.com.br

Internas — Prótese articular, prótese não convencional para substituição de tumor, coração
artificial, válvula cardíaca, ligamento artificial.

Fonte: institutotrata.com.br fonte: drmarcelotostes.com

5. PARKINSON
Parkinsonismo é uma síndrome específica causada por um conjunto de doenças
neurodegenerativas ou não. A mais importante forma de parkinsonismo é a Doença de Parkinson.
Descrita pela primeira vez por James Parkinson em 1917, a doença de Parkinson é caracterizada
por uma desordem progressiva do movimento devido à disfunção dos neurônios secretores de dopamina
nos gânglios da base, que controlam e ajustam a transmissão dos comandos conscientes vindos do córtex
cerebral para os músculos do corpo humano. Não somente os neurônios dopaminérgicos estão
envolvidos, mas outras estruturas produtoras de serotonina, noradrenalina e acetilcolina estão envolvidas
na gênese da doença.
A Doença de Parkinson (DP) é dita idiopática, isto é, sem causa definida, mas outras formas de
parkinsonismo, como os casos genéticos ou secundários a outras doenças ou exposição a substâncias,
e mesmo os chamados parkinsonismos atípicos podem existir, acometendo pessoas de todas as idades
e sexos, mas com prevalência maior em pessoas acima de 60 anos de idade.

Tratamento
O Parkinsonismo secundário pode ser melhorado pela resolução da doença primária subjacente.
Contudo a Doença de Parkinson e outras variantes primárias são incuráveis e a terapia visa
melhorar os sintomas e retardar a progressão.
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A terapia farmacológica visa restabelecer os níveis de dopamina no cérebro. É iniciada assim que
o paciente reporte diminuição da qualidade de vida devido aos sintomas. Vários tipos de fármacos são
usados, incluindo agonistas dos receptores da dopamina, inibidores do transporte ou degradação da
dopamina extracelular e outros não dopaminérgicos.
Fármacos usados frequentemente são os anticolinérgicos; agonistas do receptor da dopamina,
levodopa, apomorfina. Efeitos secundários da terapia incluem movimentos descoordenados frenéticos no
pico da dose, reações anafiláticas a algum fármaco (alergias), náuseas.
Cirurgicamente, é possível fazer palidoctomia (excisão do globo pálido) ou mais recentemente é
preferível a estimulação desses núcleos com eléctrodos cuja ativação é externa e feita pelo médico e
paciente.

fonte: brasilescola.uol.com.br
RESUMO
Aprendemos neste tema que, osteologia é o estudo dos ossos, o esqueleto humano adulto é
composto por 206 ossos, as suas funções são: sustentação, movimento, homeostasia mineral, produção
de células sanguíneas, proteção, armazenamento de triglicerídeos
São divididos em esqueleto axial e esqueleto apendicular, são classificados como: ossos longos,
curtos, planos e irregulares,
A classificação funcional dos ossos podem ser sesamoides e pneumáticos.
Aprendemos neste tema que, Artrologia é o estudo das articulações, podem ser classificadas
como: - fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. A articulação fibrosa tem 3 variedades: - Sindesmose, Sutura
e Gonfose. A articulação cartilaginosa nas quais a junção com os ossos acontece por tecido cartilaginoso
e articulação sinoviais representa a maioria das junturas do corpo, tem ampla mobilidade e contém um
líquido que interpõe as estruturas ósseas que é o líquido sinovial. Os principais movimentos das
articulações são: movimentos angulares, Adução e Abdução, rotação e circundação.
Aprendemos neste tema que, Miologia é o estudo dos músculos, as células musculares são
especializadas em contração e relaxamento, assim os músculos são estruturas que movem os segmentos
do corpo, assegurando também a estática do corpo unindo as peças ósseas determinando a posição e
postura do esqueleto, ventre muscular é a porção média e carnosa, tendão muscular são pontos de
fixação em forma de fita, fáscia muscular é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve o músculo.
Artrite é o nome que damos quando há um processo inflamatório das articulações. Os principais
sintomas da artrite são dor, vermelhidão, inchaço e dificuldade para mover uma ou mais articulações.
A artrose, também chamada de osteoartrite, osteoartrose ou artrite degenerativa, é uma artrite que
ocorre por degeneração das cartilagens das articulações. Ela pode acometer qualquer articulação que
tenha cartilagem, porém, na maioria dos casos a doença ataca as articulações das mãos, joelho, quadril
e coluna. A osteoartrose pode acometer uma ou várias articulações ao mesmo tempo.
Órteses são dispositivos médicos prescritos por um médico em caso de acidentes, doenças do
sistema locomotor ou sistemas de sustentação e promovem a recuperação. Órteses podem estabilizar,
imobilizar, aliviar o corpo ou membros afetados ou fornecer orientação fisiológica correta.

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Próteses são peças artificiais usadas como substitutas de membros, órgãos, tecidos e articulações
do corpo que tiveram que ser amputadas ou não funcionam como deveriam. Por exemplo, os implantes
dentários, em que o dente natural é substituído por um artificial.
Parkinsonismo é uma síndrome específica causada por um conjunto de doenças
neurodegenerativas ou não. A mais importante forma de parkinsonismo é a Doença de Parkinson.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (FADESP, 2019) Os músculos são estruturas anatômicas de formas e comprimentos variáveis.


Representam cerca de 40% a 50% do peso corporal total e são capazes de transformar energia química
em energia mecânica. O corpo humano contém três tipos de músculos, que são
a) músculo liso, músculo estriado esquelético e músculo estriado cardíaco.
b) músculo liso, músculo estriado nervoso e músculo estriado cardíaco.
c) músculo liso, músculo estriado esquelético e músculo liso cardíaco.
d) músculo estriado, músculo liso esquelético e músculo estriado cardíaco.
e) músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo estriado nervoso.

2) (AMEOSC, 2018) Responda verdadeiro “V" ou falso “F" e, em seguida, assinale a alternativa que
contém a ordem correta das respostas, de cima para baixo. São ossos dos membros superiores:
(__) - Ulna;
(__) - Úmero;
(__) - Fêmur;
(__) - Reto femoral.

a) V-V-F-F. c) V-F-F-V.
b) F-V-V-F. d) V-V-V-V.

3) (INSTITUTO MACHADO DE ASSIS, 2018) O esqueleto do membro superior é formado por:


a) Úmero, rádio, ulna, tarso, metatarso e falanges.
b) Úmero, rádio, ulna, tarso, metacarpo e falanges.
c) Úmero, rádio, ulna, carpo, metatarso e falanges.
d) Úmero, rádio, ulna, carpo, metacarpo e falanges.

4) (IBADE, 2017) A osteoporose é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a
"Epidemia Silenciosa do Século". e atualmente um problema de saúde pública no mundo inteiro devido
ao aumento na expectativa de vida das populações. A densitometria óssea é o exame de referência para
o diagnóstico da osteoporose realizada pela avaliação da coluna lombar e do colo do fêmur, e antebraço,
segundo os critérios da OMS. Uma das indicações de realização densitometria óssea é:
a) indivíduos em uso de corticosteroides por até dois meses.
b) indivíduos que apresentem perda de estatura (menor do que 2,5cm).
c) mulheres a partir dos 40 anos.
d) todos os indivíduos que tenham apresentado fratura por trauma mínimo ou atraumática.
e) mulheres com deficiência estrogênica com menos de 60 anos.

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TEMA 3: ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR: POSTURA /


MARCHA / DISPOSITIVOS AUXILIARES / PREVENÇÃO DE QUEDAS / SÍNDROME
DA IMOBILIDADE

3.1 POSTURA
Postura pode ser definida como a posição, atitude de um corpo, maneira em que suas partes se
encontram para realizar uma atividade específica, ou a forma de suportar o próprio peso corporal.
Considera-se uma postura correta o alinhamento do corpo com eficiência fisiológica e biomecânica
máximas, o que minimiza os estresses e as sobrecargas sofridas ao sistema de apoio pelos efeitos da
gravidade
As más condutas posturais podem iniciar-se na infância e perpetuar por toda a vida, causando
problemas muitas vezes irreversíveis.
Vários fatores individuais podem influenciar as alterações posturais, como anomalias congênitas
e/ou adquiridas, má postura, obesidade, alimentação inadequada, atividades físicas sem orientação e/ou
inadequadas, distúrbios respiratórios, desequilíbrios musculares, frouxidão ligamentar e doenças
psicossomáticas.
Com o envelhecimento o ser humano sofre alteração de vários órgãos e sentidos, além dos
problemas causados por doenças crônicas degenerativas. O somatório dessas alterações e ambiente
onde a pessoa está inserida, poderá levar a instabilidades posturais aumentado o risco de quedas.
Associando tudo o que falamos podemos concluir que o envelhecimento para algumas pessoas,
aumenta o risco de lesões.
Os profissionais de saúde precisam estar atentos para observar a postura do idoso, sugerir
adequações na residência (veremos melhor em prevenção de quedas), adequações de vestuário e
sapatos, entre outros fatores.

fonte: exercícioepostura.com.br fonte: idosos.com.br


3.2 MARCHA
Disfunção de marcha ´qualquer anormalidade envolve a marcha, como por exemplo, velocidade,
simetria e equilíbrio.
Na maioria das pessoas a velocidade da marcha permanece inalterada até aproximadamente 70
anos, quando se torna mais lenta. Isso ocorre porque as pessoas idosas dão passos menores, devido ao
enfraquecimento muscular.
Normalmente o ritmo da marcha não sofre alteração, a pessoa continua dando o mesmo número de
passos, mas estes são mais curtos, o que faz com que o trajeto seja feito mais lentamente. Isso porque
a pessoa precisa dar mais passos que fazia anteriormente.
Os distúrbios mais frequentes relacionados à marcha são:
Assimetria: quando saudável os movimentos são iguais do lado direito e esquerdo, durante uma
caminhada. A falta de simetria pode estar associada a dor, problemas neurológicos e uso de certos
medicamentos.

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Dificuldade de iniciar ou continuar a caminhar: pessoas idosas podem ter dificuldade para iniciar
ou continuar a caminhar. Essa dificuldade pode estar relacionada com a alternância de peso que
transferimos de um pé para o outro no ato de caminhar. Também teremos pessoas com receio de
queda e por isso evitam andar.
Retropulsão: a retropulsão ocorre quando uma pessoa, de forma não intencional, dá passos para
trás ao tentar começar a caminhar ou quando cai para trás ao caminhar. A pessoa dá uma ligeira
balançada no corpo, como se procurasse equilíbrio para caminhar.
Pé pendente: a pessoa arrasta o pé para caminhar.
Passada curta: a passada curta pode ser causada pelo medo de cair ou por um problema nervoso
ou muscular.
Aumento da passada: à medida que a velocidade da marcha diminui, a passada aumenta
ligeiramente, a pessoa tenta compensar a velocidade dando passos maiores.
Inclinação para a frente: há uma ligeira inclinação quando a pessoa caminha. Ela busca equilíbrio
para seu corpo.
Festinação: é um aumento progressivo da velocidade dos passos. Esse processo ocorre porque
a pessoa tende a correr para evitar cair.
Inclinação do tronco: normalmente associado à compensação decorrente de dor nos membros

Para corrigir os problemas de marcha pode ser recomendado fisioterapia para aumento de força
muscular, equilíbrio e também o uso de dispositivos auxiliares.

fonte: slideplayer.com.br
3.3 DISPOSITIVOS AUXILIARES
Os dispositivos auxiliares de marcha devem ser prescritos após avaliação do paciente. Nessa
avaliação serão considerados vários fatores, entre eles: força muscular, equilíbrio, marcha, função
cognitiva e dor.
Além disso deverá ser considerado o ambiente onde o dispositivo será utilizado. Cabe também ao
profissional a orientação sobre o uso correto e manutenção do dispositivo.

1. Bengala:
A principal função das bengalas é aumentar a base de apoio, melhorando assim o equilíbrio. Sua
utilização se dá na mão oposta ao membro afetado a fim de diminuir a sobrecarga na musculatura
do quadril (as bengalas podem transmitir, das extremidades inferiores, de 20 a 25% do peso do
corpo), diminuir a compressão das articulações e favorecer o paciente em situações como subir e
descer escadas.

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2. Muletas:
As muletas são úteis para indivíduos que necessitam usar seus membros superiores para
sustentação de peso e propulsão. Essa transferência de peso para os membros superiores
permite a deambulação funcional e, ao mesmo tempo, mantém uma situação de sustentação de
peso restrita. Em geral, são utilizadas bilateralmente.

3. Andador
Os andadores fornecem três a quatro pontos de contato com o solo e assim melhoram o equilíbrio
por meio do aumento da base de suporte, maior estabilidade anterior e lateral e suporte do peso
da pessoa. Propiciam também maior senso de segurança às pessoas que apresentam medo de
cair ao andar.

3.4 PREVENÇÃO DE QUEDAS


A queda pode causar muitos danos em pessoas idosas, devido às fraturas associadas,
traumatismos cranianos, entre outros.
O risco de queda em pessoas acima de 65 anos é elevado e pode estar associado a vários fatores
como:
Dificuldade de marcha;
Alteração postural;
Falta de equilíbrio;

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Uso de determinados medicamentos como sedativos e hipotensores, por exemplo;


Doenças crônicos degenerativas: hipoglicemia em pacientes diabéticos, por exemplo;
Alteração visual;
Doenças neurológicas como Parkinson.

As quedas podem levar o idoso a uma degeneração de sua saúde, deixando-o acamado por muito
tempo, o que poderá ocasionar alterações intestinais, pulmonares, fraqueza muscular e dor entre outras
complicações.
O profissional de saúde deverá ser capaz de orientar o paciente, cuidadores e seus familiares
sobre medidas a serem adotadas visando a prevenção da queda, entre elas:

Iluminação: ambientes mal iluminados favorecem a ocorrência de quedas;


Utilizar luzes noturnas ou abajures: idosos tendem a levantar durante a noite para utilização de
banheiros;
Móveis: deixar o trajeto livre para que o idoso possa caminhar, evitando obstáculos;
Cuidado com móveis onde o idoso possa tentar apoio no caminhar, nesse caso os móveis
precisam ser firmes, evitando tombar;
Cores: ambientes muito escuros aumentam a chance de quedas;
Fazer exames oftalmológicos frequentes para ajuste de óculos, garantindo visão adequada;
Deixe objetos de uso frequente de fácil acesso, evitando o uso de escadas;
Não deixe objetos espalhados pelo chão, a pessoa idosa pode escorregar ao pisar ou na tentativa
de desviar ela poderá sofrer queda;
Evite uso de tapetes que não estejam presos sob móveis;
Use sapatos com sola antiderrapante e que fiquem firme no pé. Evite uso de chinelos e sandálias
que não sejam firmes. Amarre o cadarço do seu calçado;
Evite sapatos altos e com sola lisa;
Não andar de meias;
Evite ingestão excessiva de bebidas alcoólicas;
Atenção para efeitos colaterais de medicamentos;
Manter os medicamentos sob vigilância, evitando superdosagem e efeitos colaterais não
esperados;
Mantenha telefone ou objeto sonoro de fácil acesso para que o idoso chame se necessitar de
alguma coisa;
As camas devem ter altura adequada que permita subir e descer com facilidade;
Se necessário instale grades na cama;
Cuidado com vasos de plantas no meio da passagem;
Não deixe fios de equipamentos soltos pelo local de passagem;
Verifique se cadeiras, poltronas e sofás não são muito baixos dificultando sentar e levantar;
Coloque corrimão nas escadas, preferencialmente nos dois lados;
Evite pisos escorregadios quando molhados;
Coloque grade ou telas protetoras nas janelas;
Coloque barra de apoio no banheiro;
Oriente para uso de cadeira ou banco de plástico no momento do banho;
Oriente para que a pessoa se sente para enxugar os pés.

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Fonte: unifafibe.com.br fonte: turismomelhoridade.com.br

3.5 SÍNDROME DA IMOBILIDADE


Pode ser definida como um conjunto de sinais e sintomas que acarretam a supressão do
movimento de uma ou mais articulações.

Fatores precipitantes:
Dor;
Incontinência;
Diminuição de força muscular;
Rigidez articular;
Afetividade: querer atenção de pessoas próximas;
Alterações cognitivas;
Alteração em órgãos do sentido;
Alteração de equilíbrio;
Uso de medicamentos: sedativos, ansiolíticos, etc;
Fragilidade decorrente da idade;
Acima de 75 anos.

As causas mais frequentes são:


Doenças osteoarticulares;
Doenças cardiorrespiratórias;
Doenças vasculares;
Doenças neuropsíquicas;
Doenças que causem déficits neurossensoriais;
Doenças que causem dependência para atividades rotineiras;
Uso de múltiplos fármacos.

São complicações decorrentes da imobilidade:


Alterações em pele e anexos: lesão por pressão, por exemplo;
Trato urinário: infecções decorrentes de higiene inadequada e uso de fraldas ou sondas;
Pneumonias: permanecer acamado na mesma posição;
Infecções de várias etiologias e acometendo vários órgãos decorrentes da fragilidade;
Degeneração muscular;
Alterações em todos os órgãos.

A síndrome da imobilidade representa alto risco para mortalidade, queda e internação hospitalar.
A atuação do profissional de saúde é buscar estimular o idoso para que o mesmo não fique
acamado, auxiliando-o na deambulação, higiene corporal, entre outros. É fundamental melhorar a
qualidade de vida do idoso nessas condições.

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RESUMO
Nesse capítulo estudamos as alterações envolvendo a postura e locomoção do paciente idoso.
Passamos a entender as alterações de marcha e o uso de dispositivos que podem auxiliar nesse
processo, restabelecendo parcialmente a autonomia do idoso.
Também estudamos medidas de prevenção de queda no ambiente doméstico e o papel de
educação dos familiares nesse processo.
Para finalizar conhecemos a síndrome da imobilidade, suas causas e consequências para a vida
de uma pessoa idosa.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (MAXIMA, 2018) Quedas para pessoas idosas podem significar perda de autonomia e incapacidades
parciais ou totais. Para evitar quedas nesta idade, muitos são os cuidados a serem observados pelo
próprio idoso. Todo profissional de saúde precisa atentar para as orientações adequadas, tais como,
EXCETO:
a) Orientar ao idoso que deixe uma luz acesa à noite para o caso de necessitar se levantar.
b) Colocar tapetes nas portas e salas para evitar que o ambiente fique frio.
c) Orientá-lo a esperar que o ônibus esteja completamente parado para subir ou descer.
d) Orientar que use sapatos fechados e com solado de borracha.

2) (VUNESP, 2007) A residência onde habita uma família que tem idosos na sua composição deve ser
organizada de forma a diminuir ou neutralizar os riscos para a sua saúde, dentre os quais se encontram
situações que podem ser modificadas sem prejuízo do conforto e mobilidade do idoso e demais
moradores, como a:
A) substituição de todo o piso por material cerâmico antiderrapante.
B) retirada de carpetes e passadeiras dos ambientes de circulação.
C) colocação de corrimão ao longo dos dois lados das escadas.
D) distribuição de abajures pelos corredores para melhor iluminação.
E) instalação de portas de vai-e-vem em todos os ambientes internos.

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TEMA 4: DOENÇAS PREVALENTES NO IDOSO: COMPROMETIMENTO COGNITIVO,


DEMÊNCIA, ALZHEIMER, DEPRESSÃO

1. COMPROMETIMENTO COGNITIVO
É a partir do processo cognitivo que o ser humano consegue desenvolver suas capacidades
intelectuais e emocionais, isto é, linguagem, pensamento, memória, raciocínio, capacidade de
compreensão, percepção etc.
O comprometimento cognitivo afeta a capacidade funcional do indivíduo no seu dia a dia,
implicando perda de independência e autonomia, a qual varia de acordo com o grau de gravidade, com
consequente perda da qualidade de vida do idoso. A noção de autonomia, no que tange à
interdependência desta com uma memória íntegra, reside na capacidade individual de cuidar de si
mesmo, executar tarefas que lhe permitam a adaptação psicossocial e ser responsável pelos próprios
atos.
O comprometimento cognitivo altera a vida da pessoa idosa, mas também altera a vida de seus
familiares. Isso porque a família precisará criar estratégias para não deixar o idoso sozinho, mesmo que
aparentemente ele tenha condições de se cuidar.
Essa perda da capacidade de autocuidado causa alterações emocionais tanto no idoso quanto na
família, podendo levar a conflitos.
A perda de autonomia levará a mudanças nas estruturas familiares como, por exemplo:
Pessoa idosa precisar residir com familiares;
Contratação de pessoas para cuidarem do idoso, para que não fique sozinho;
Acomodação do idoso em casas de repouso para que fique durante o dia (retorna para dormir em
casa) ou de maneira integral;
Aumento das despesas (financeiro);
Adaptação da família ao novo residente e vice-versa.
Já estudamos algumas patologias que podem levar ao aumento de cuidados com os idosos, mas
nos casos estudados a parte cognitiva não sofria alterações. A seguir patologias que afetam a capacidade
cognitiva.

2. DEMÊNCIAS

2.1 DEMÊNCIA SENIL


"Incompetência psicossocial" era a definição de demência no século XVIII, quando era
considerada um estado terminal e irreversível de vários transtornos mentais, neurofisiológicos e físicos.
Este conceito foi mudando, devido aos avanços da ciência, sendo considerados sintomas não centrais da
demência os delírios, alucinações, transtornos do humor e do comportamento. Só no início deste século
o comprometimento intelectual passou a ser considerado característica essencial da demência.
Devemos ressaltar a presença do "esquecimento benigno e maligno da senescência", o último
envolvendo demência e morte precoce, e o primeiro permanecendo relativamente estático. Este conceito
ganhou popularidade ao longo do tempo, e o crescente interesse pelo idoso levou ao desenvolvimento
de critérios para caracterizar um grupo de pessoas com problemas de memória, mas que eram
insuficientes para preencher critérios para o diagnóstico de demência. O "National Institute of Mental
Health" respondeu com a formação de um grupo de trabalho, que denominou esta patologia como
"comprometimento de memória, associado à idade".
Poucos são os casos de demência que não estão relacionados à idade, sendo esta doença
considerada uma patologia senil. A prevalência da demência praticamente dobra a cada 5 anos.
Ela acomete 5% das pessoas entre 65 e 80 anos, e 15%-20% com mais de 80 anos. De etiologia
variada, nos idosos predominam as demências degenerativas e vasculares. A importância da demência
tomou grandes proporções em nosso meio, com o envelhecimento populacional do Brasil.

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O quadro clínico reflete-se como uma síndrome de natureza crônica e progressiva, caracterizada
pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos e alterações da personalidade. Com a evolução, há
um comprometimento sensível nas atividades pessoais, sociais e profissionais do paciente. É essencial
para o diagnóstico clínico, acometimento da memória e ao menos um outro distúrbio de função cortical
elevada (apaxia, agnosia, afasia ou alterações de funções executivas). O início da doença é caracterizado
por esquecimento, podendo ser difícil de detectar nos primeiros estágios. Nesta primeira fase, a memória
para eventos recentes é mais comprometida do que para fatos remotos. Também pode surgir déficit de
atenção e concentração. São frequentes as alterações de comportamento e outros sintomas psiquiátricos.
É importante fazer um diagnóstico correto do quadro demencial, pois 15% dos casos de demência
podem ser tratados. Na avaliação de uma síndrome demencial, devemos ter uma boa história da doença,
exame físico e neurológico detalhado, exame do estado mental, exames de sangue, de urina e tomografia
computadorizada.
Cerca de 50 a 66% dos casos de demência são devidos à doença de Alzheimer, 12-18% à
demência secundária a infartos cerebrais múltiplos, 8-18% uma associação de ambas, e 8% de etiologia
indeterminada.

2.2 DEMÊNCIA VASCULAR


É a segunda causa de demência progressiva, representando 10-30% de todas as demências e
podendo ser causada por infartos de tamanho, número e localização diferentes. Os mais volumosos
apresentam quadro clínico de déficit motor agudo e aspecto de imagem inconfundível. Durante muitos
anos, o termo "demência arteriosclerótica" foi amplamente empregado, sugerindo que alterações
patológicas das artérias seriam responsáveis pela diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. Este conceito
foi modificado, devido à importância dos infartos cerebrais no aparecimento da demência.
O termo demência multi-infarto (ocasionada por múltiplos infartos - derrames - cerebrais) acabou
sendo sinônimo de todas as demências de origem vascular. Pode trazer dificuldades no diagnóstico
diferencial com as demências neurodegenerativas, porém a história é muitas vezes positiva para múltiplos
infartos e a tomografia computadorizada cerebral mostra mais infartos corticais e subcorticais, ventrículos
e sulcos corticais alargados, e uma maior prevalência de áreas hipodensas na substância branca que nos
controles da mesma idade. A Encefalopatia arteriosclerótica subcortical (Doença de Binswanger) é,
provavelmente, uma forma de demência multi-infarto, com alterações arterioscleróticas induzidas pela
hipertensão, em artérias penetrantes medulares longas, induzindo a lesões isquêmicas secundárias, na
substância branca periventricular. Em casos mais graves há desmielinização também da substância
branca central e infartos múltiplos nos núcleos basais, tálamos, ponte e núcleos relacionados ao cerebelo,
mas com envolvimento limitado do córtex.
Pacientes com Demência Vascular apresentam lapsos mentais caracterizados por distúrbios de
memória, manutenção da personalidade, conhecimento da doença atual até o estágio final, com déficits
neurológicos focais, emoções lábeis, sonambulismo e pequenos AVEs (acidentes vasculares
encefálicos) repetidos.
Exames complementares como a ressonância magnética, eletroencefalograma, Tomografia por
Emissão de Pósitrons (PET) e potenciais evocados visuais e auditivos podem trazer alguns subsídios a
um diagnóstico provável. Estudos mostram que 8-18% dos casos de demência são mistos (Doença de
Alzheirmer e Demência Vascular).
As principais doenças que causam demência têm sua prevalência e incidência aumentadas nos
pacientes idosos, tornando essa síndrome particularmente importante nesta parcela da população. Os
critérios diagnósticos empregados atualmente têm permitido a identificação de grupos mais homogêneos
de pacientes com demências de causas tanto degenerativas quanto vasculares.
Entretanto, um diagnóstico mais preciso destas doenças ainda depende do desenvolvimento de
critérios clínicos e neuropatológicos mais claros, e da realização de estudos prospectivos com grupos de
pacientes representativos da comunidade.

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Infelizmente ainda não podemos contar com tratamento eficaz nos casos de demência citados
neste texto, devendo-se investir na prevenção da doença. Para isto, sugere-se vida mais saudável, com
boa alimentação, distração, realização de exercícios físicos, estímulo da atenção e aprendizado, controle
das dislipidemias, da hipertensão arterial e do tabagismo. Visitas a médicos para combate aos radicais
livres também podem retardar a instalação da demência. Anti-agregantes plaquetários e até
anticoagulantes podem ser indicados. Medicamentos com a propriedade de retardar a evolução da
doença em fases iniciais têm sido utilizados, porém ainda precisamos de mais pesquisa nesta área.

3. ALZHEIMER
A doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro caracterizada
por uma perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da
memória episódica. Estes déficis amnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são
posteriormente acompanhados por déficits visuo-espaciais e de linguagem. O início da doença pode
muitas vezes dar-se com simples alterações de personalidade, com ideação paranoide

Tratamento
O tratamento visa a confortar o paciente e retardar o máximo possível a evolução da doença.
Algumas drogas são úteis no início da doença, e sua dose deve ser personalizada. São os inibidores da
acetil-colinesterase, medicações que inibem a enzima responsável pela degradação da acetilcolina
produzida e liberada por um núcleo na base do cérebro (núcleo basal de Meynert). A deficiência de
acetilcolina é considerada epifenômeno da doença de Alzheimer, mas não é o único evento
bioquímico/fisiopatológico que ocorre.

Assistência de Enfermagem:
Aferir sinais vitais;
Auxiliar nos cuidados de higiene;
Auxiliar na alimentação;
Estimular o autocuidado;
Auxiliar na locomoção;
Manter identificação nas roupas do paciente, para caso de saída sem acompanhante;
Cuidados com risco de quedas;
Orientação aos familiares sobre os cuidados;
Proporcionar ambiente tranquilo;
Proporcionar momentos de lazer;
Estimular exercícios de fisioterapia

4. DEPRESSÃO
A depressão é uma das patologias que mais acomete os idosos. Esse número é mais elevado
ainda quando falamos de pessoas institucionalizadas.

Pode-se classificar os idosos em depressão em duas categorias:


Aqueles que nunca tiveram depressão e passam e ter: A doença está relacionada às dificuldades
trazidas pelo envelhecimento em si, tais como a problemas cognitivos e quadros demenciais,
perda de papel social e limitações trazidas por doenças físicas.
Aqueles que já vêm de um quadro de depressão ao longo da vida: Envolve pacientes cujo histórico
nos remete a quadros depressivos prévios, tratados ou não, e que podem apresentar
características de cronificação.

Os sinais e sintomas mais frequentes são:


queixas de dores pelo corpo;

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falta de apetite;
insônia;
perda de energia para realizar as tarefas do dia-dia;
tendência ao isolamento e a apatia;
tristeza, angústia, crises de choro (menos frequentes).

Fatores desencadeantes:
afastamento da família;
a perda do papel social com a aposentadoria;
falecimento do cônjuge e solidão;
Limitações físicas;
fatores clínicos como AVC, infarto e doenças cardiovasculares.

Tratamento
O tratamento é medicamentoso e terapia;
O apoio dos familiares é muito importante;
Familiares precisam estar atentos a ideação suicida.

RESUMO
É a partir do processo cognitivo que o ser humano consegue desenvolver suas capacidades
intelectuais e emocionais, isto é, linguagem, pensamento, memória, raciocínio, capacidade de
compreensão, percepção etc.
O comprometimento cognitivo afeta a capacidade funcional do indivíduo no seu dia a dia,
implicando perda de independência e autonomia, a qual varia de acordo com o grau de gravidade, com
consequente perda da qualidade de vida do idoso. A noção de autonomia, no que tange à
interdependência desta com uma memória íntegra, reside na capacidade individual de cuidar de si
mesmo, executar tarefas que lhe permitam a adaptação psicossocial e ser responsável pelos próprios
atos.
Pudemos observar nesse estudo que o quanto antes fizermos o diagnóstico de determinadas
patologias, antes conseguimos iniciar um tratamento efetivo, apesar de sabermos que na maioria das
vezes será apenas um paliativo, visando apenas a melhora da qualidade de vida do idoso, ou tentando
diminuir a sintomatologia, alguns tratamentos, porém, ainda estão em frequentes estudos, para que breve
possamos prestar uma assistência mais qualificada.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (IBADE, 2018) Uma enfermeira realizou uma consulta de enfermagem de um paciente novo que chegou
à instituição de longa permanência após a morte de sua companheira. O paciente tem 90 anos, hipertenso
e diabético há 15 anos, apresenta-se alerta, porém se distrai facilmente durante a consulta, apresenta
queixas somáticas e memória seletiva. Esse paciente, provavelmente, desenvolveu:
a) AVC. d) depressão.
b) delírio. e) retirada.
c) demência.

2) (CONPASS, 2018) Qual das seguintes é uma doença neuro-degenerativa que provoca o declínio das
funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social e interferindo no
comportamento e na personalidade?
a) Donovanose d) Doença de Alzheimer
b) Esquistossomose e) Tuberculose
c) Botulismo

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3) (COMPERVE, 2018) A depressão é a doença psíquica mais comum que leva ao suicídio e essa doença
tem ocorrido com maior frequência entre as pessoas idosas. São características da depressão no idoso,
entre outros sinais e sintomas
a) alucinações visuais recorrentes, hipersexualidade e hiperoralidade.
b) perda de memória, declínio cognitivo lento/progressivo e dificuldade para lembrar-se de fatos recentes.
c) flutuação do déficit cognitivo (dias de melhor e pior performance), declínio cognitivo abrupto e perda da
memória progressiva.
d) isolamento social, perda de reatividade ao ambiente e dificuldade de locomoção/imobilidade.

4) (PUC-PR, 2018) O envelhecimento é um processo de alterações fisiológicas que levam a perdas físicas
e neurocognitivas significativas que requerem que os profissionais de saúde realizem intervenções
adequadas. (OLIVEIRA, 2016).
Avalie a correção das abordagens adequadas da enfermagem para os seguintes problemas:
I. demência é caracterizada pelo déficit de memória intenso e progressivo. São cuidados de enfermagem
importantes tranquilizar o idoso e ajudar o paciente e seus familiares no enfrentamento da doença.
II. os idosos geralmente apresentam dificuldades para ler e enxergar. Auxiliar no controle do diabetes
pode minimizar os problemas de visão.
III. a depressão acomete muitos idosos e pode agravar outras doenças, pois interfere no autocuidado. É
importante que a enfermagem oriente o paciente que o efeito dos medicamentos antidepressivos pode
demorar algumas semanas.
IV. cerca de 1/3 dos idosos sofre pelo menos uma queda por ano. A enfermagem deve orientar para uso
de calçadas adequadas, barras de segurança e corrimões, bem como evitar medicamentos sedativos.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Estão corretas somente as afirmativas I, III e IV.
b) Estão corretas somente as afirmativas I e IV.
c) Estão corretas todas as afirmativas.
d) Estão corretas somente as afirmativas II e III.
e) Estão corretas somente as afirmativas II, III e IV.

5) (FEPESE, 2014) Em relação à saúde do idoso, a doença de Alzheimer se caracteriza como:


a) uma doença cerebral degenerativa, diferente da demência, cujo início pode ser na meia idade ou até
mesmo mais cedo, mas a incidência é maior à medida que a idade avança, geralmente a partir dos 60
anos.
b) a principal causa de demência, cujo início pode ser na meia idade ou até mesmo mais cedo, mas a
incidência é maior à medida que a idade avança, geralmente a partir dos 70 anos.
c) uma doença cerebral degenerativa, diferente da demência, cujo início pode ser na meia idade ou até
mesmo mais cedo, mas a incidência é maior à medida que a idade avança, geralmente a partir dos 70
anos.
d) uma doença cerebral degenerativa, de etiologia conhecida, com aspectos neuropatológicos
característicos, cujo início pode ser na meia idade ou até mesmo mais cedo, mas a incidência é maior à
medida que a idade avança, geralmente a partir dos 50 anos.
e) a principal causa de demência, cujo início pode ser na meia idade ou até mesmo mais cedo, mas a
incidência é maior à medida que a idade avança, geralmente a partir dos 60 anos.

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TEMA 5: DOENÇAS PREVALENTES NO IDOSO: INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO,


INCONTINÊNCIAS, DESIDRATAÇÃO, DIARRÉIA, ALTERAÇÕES DO SONO,
SÍNDROME DA FRAGILIDADE

1. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO


A infecção do trato urinário é causada pela presença de micro-organismos patogênicos no trato
urinário, com ou sem sinais e sintomas.

Podem ser causadas por vários microrganismos, como:


enterococos,
estafilococos,
proteus,
pseudomonas,
certos vírus e fungos.

Fatores predisponentes:
idade (crianças e velhos),
sexo feminino,
diabetes mellitus,
sondagem,
Má higiene íntima.

Sinais e Sintomas
Febre,
calafrios,
disúria,
lombalgia,
hematúria,
tenesmo vesical e outros.

Tratamento e Cuidados de Enfermagem


Medicamentoso (antibióticos, analgésicos, antiespasmódicos),
Repouso,
Higiene,
Controle dos sinais vitais, eliminações,
Hidratação.

2. INCONTINÊNCIAS
Dificuldade ou incapacidade de reter, ou controlar, as excreções, principalmente a urina e as fezes.

2.1 INCONTINÊNCIA URINÁRIA


É a dificuldade ou incapacidade de reter ou controlar a eliminação vesical, ou seja, o paciente
apresenta perda involuntária da urina.
Esse distúrbio é mais frequente em mulheres e em pessoas acima de 50 anos. Essa prevalência
em mulheres é decorrente da estrutura anatômica do assoalho pélvico, que favorece maior fragilidade
aos músculos dessa região.

Causas mais frequentes:


comprometimento da musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico;
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gravidez e parto;
tumores malignos e benignos;
doenças que comprimem a bexiga;
obesidade;
tosse crônica dos fumantes;
quadros pulmonares obstrutivos que geram pressão abdominal;
bexigas hiperativas que contraem independentemente da vontade do portador;
procedimentos cirúrgicos ou irradiação que causem lesão nos nervos do esfíncter masculino.

Sinais e sintomas:
incontinência urinária de esforço: o sintoma inicial é a perda de urina quando a pessoa tosse, ri,
faz exercício, movimenta-se;
incontinência urinaria de urgência: mais grave do que a de esforço, caracteriza-se pela vontade
súbita de urinar que ocorre em meio as atividades diárias e a pessoa “perde” urina antes de chegar
ao banheiro;
incontinência mista: associa os dois tipos de incontinência acima citados e o sintoma mais
importante é a impossibilidade de controlar a perda de urina pela uretra;
enurese noturna: é a incontinência que ocorre durante o sono.

O tratamento da incontinência urinária por esforço é basicamente cirúrgico, mas exercícios ajudam
a reforçar a musculatura do assoalho pélvico. Para a incontinência urinária de urgência, o tratamento é
com medicamentos e fisioterapia.

2.2 INCONTINÊNCIA FECAL E DE FLATUS


A incontinência fecal é um problema anorretal definido como perda involuntária de fezes (líquidas
ou sólidas) incluindo também a perda de gases, por pelo menos 3 meses.

É uma disfunção que traz para o paciente vários incômodos, como:


restrições na vida social,
necessidade de sempre localizar um banheiro devido as perdas,
odor,
medo,
vergonha,
problemas psicológicos,
ansiedade,
depressão,
baixa autoestima e
problemas na vida sexual.

Fatores de risco:
as lesões obstétricas, que muitas vezes vai além da ruptura do músculo,
cirurgias anorretais (hemorroidectomia, fístulas, esfincterotomia, radiações pélvicas entre outras),
a diarreia de diferentes origens como colite infecciosa, síndrome do intestino irritável, pós
colecistectomia e efeitos colaterais de medicamentos,
incapacidades físicas e/ou cognitivas,
idade avançada,
diabetes, e
depressão.

Tipos

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Incontinência passiva: paciente possuí ausência ou diminuição da sensação do desejo de evacuar


antes do episódio de incontinência.
Incontinência de urgência: pacientes com incontinência de urgência têm a sensação do desejo de
evacuar, mas não consegue chegar ao banheiro a tempo.
Associação entre a incontinência fecal passiva e a incontinência fecal de urgência.

Tratamento
Tratamento conservador: fisioterapia para fortalecimento da musculatura e terapia
comportamental que envolve controle da dieta, uso de medicamentos, mudanças de estilo de vida
(gerenciamento do intestino),
correção cirúrgica.

3. DESIDRATAÇÃO
A desidratação é uma patologia caracterizada pela baixa concentração de água e sais minerais
no organismo.
A pessoa idosa é mais suscetível à desidratação. Isso ocorre porque nos idosos a absorção de
água é menos eficaz, o que facilita a desidratação. Para colaborar com essa situação ainda há o uso de
medicamentos, como diuréticos, que eliminam um volume maior de líquidos, associados a diminuição de
água por simples falta de vontade ou hábito.

Sinais e sintomas:
desidratação é leve a moderada:
o pode ocasionar dor de cabeça,
o tontura,
o fadiga,
o fraqueza,
o sonolência,
o boca seca,
o diminuição da diurese,
o batimentos cardíacos acelerados,
o câimbras e
o falta de elasticidade da pele.

A desidratação grave pode provocar:


o sede intensa,
o ausência de urina,
o respiração rápida,
o alteração do nível de consciência,
o convulsões,
o pele fria e úmida, chegando a ficar pegajosa,
o pressão arterial baixa,
o podendo levar até à morte

Nos idosos a desidratação ainda pode causar:


maior risco de quedas;
infecções no trato urinário;
doenças pulmonares;
pedras nos rins;
constipação;
alteração de comportamento, como irritação, agitação, apatia e confusão mental.

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Medidas para prevenção de desidratação em idosos:


Enfatizar tanto ao idoso quanto à família ou cuidador que é necessária a ingestão de água, sendo
que o recomendado é de 1,5 a 2 litros por dia.
Sempre estimular o consumo de água ao idoso, seja em refeições, nos horários de tomada de
remédios ou ao escovar os dentes.
Caso o idoso apresente dificuldades de ingestão, use técnicas para facilitar o consumo de água,
com canudos, seringas ou copos com bicos.
Manter acompanhamento médico regular para controle das doenças, de medicações e
orientações.
Aumentar um pouco a ingestão de líquidos nas épocas mais quentes, como no verão.
Evitar atividades físicas nos horários mais quentes do dia.
Usar roupas leves, para diminuir a perda de líquido pelo suor.
Em caso de aumento da perda de líquido (como na diarreia), a ingestão de água, sucos naturais
e água de coco é fundamental. O soro caseiro nestes casos também é uma alternativa.

4. DIARRÉIA

As causas mais comuns de diarreia em idosos são:


Vírus;
Bactérias;
disfunções gastrointestinais;
existência de parasitas intestinais;
uso de antibióticos;
uso seguido de laxantes;
intolerância a algum tipo de alimento;
consumo recorrente de alguns medicamentos;
tumores malignos;
intoxicação alimentar.

A complicação mais frequente em idosos, decorrente da diarreia, é a desidratação. É importante


estar atendo a outros sinais e sintomas, que são sugestivos de outras patologias, como por exemplo:
Azia constante;
Cólicas Abdominais fortes;
Disfagia (dificuldade para engolir);
Flatulência excessiva e com forte odor;
Hemorragia digestiva;
Incontinência fecal sem justificativa;
Obstrução Intestinal;
Vômitos que não cessam;
Fezes com presença de sangue.
Fezes pretas, como borra de café, com a presença de sangue escuro (melena) podem sugerir um
sangramento localizado em nível do estômago.
Fezes estejam acompanhadas de sangue vivo (enterorragia) podem indicar sangramento em
níveis baixos como reto e ânus.

Na maioria das situações a diarreia poderá ser tratada apenas com alimentos obstipantes e
aumento da ingestão de líquidos. Caso a diarreia persista o ideal é procurar atendimento médico.

Alimentos obstipantes:
Arroz branco;

94
Enfermagem na Assistência Domiciliar

Banana;
Batata baroa;
Batata doce;
Batata inglesa;
Biscoitos salgados;
Cará;
Cenoura cozida;
Chá de broto de goiabeira;
Farinha de mandioca;
Farinha de trigo;
Inhame;
Macarrão;
Maça sem casca;
Maisena (amido de milho);
Mandioca;
Pão branco;
Pera sem casca;
Polvilho;
Suco de caju;
Suco de goiaba;
Suco de laranja lima (coado);
Suco de limão;
Torrada.

5. ALTERAÇÕES DO SONO
A alteração do padrão de sono mais percebida pelos indivíduos é a diminuição no tempo total de
sono que é reduzindo para 6-7,5 horas nos idosos, além de apresentar um sono mais superficial (acorda
com maior facilidade) e dificuldade para retomar o sono quando interrompido.

Fatores que podem alterar o sono:


Dor;
Parestesias;
Tosse;
Dispneia paroxística noturna/ortopneia;
Nictúria;
Alguns medicamentos, como: diuréticos, corticoides, betabloqueadores;
Falta de rotina de dormir.

Medidas de prevenção de distúrbios do sono:


Criar rotina com horário para dormir e acordar;
Evitar consumo de bebidas e alimentos estimulantes;
Adequar horário de medicação para não interromper o sono;
Promover ambiente tranquilo;
Adequar roupa para dormir, utilizando roupas confortáveis e ideais para a temperatura externa;
Não ter incidência de luz direta;
Realizar atividades físicas durante o dia.

6. SÍNDROME DA FRAGILIDADE
A síndrome da fragilidade é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas onde a massa e
força muscular apresentam-se reduzida e baixa energia para as atividades do dia a dia.

95
Enfermagem na Assistência Domiciliar

Sinais e sintomas:
perda involuntária de peso;
fraqueza;
redução da velocidade de marcha;
exaustão.

A presença dessa síndrome poderá acarretar queda no paciente e consequentemente sua


hospitalização. O quadro clínico em geral pode deteriorar-se levando o paciente a óbito.
Não há tratamento específico, mas fisioterapia e suplementação alimentar melhoram as condições
musculares.

RESUMO
Nesse capítulo estudamos algumas condições patológicas que podem afetar muitos idosos, como
a infecção de trato urinário, incontinência vesical, incontinência fecal e de flatus, desidratação, diarreia e
síndrome de fragilidade.
Muito mais que entender a patologia é fundamental que os profissionais de saúde tenham ações
voltadas para educação dos pacientes e familiares visando a prevenção desses distúrbios.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1) (FUNDEP, 2019) A manutenção da mobilidade em idosos constitui uma grande meta de tratamento
visando autonomia e independência em atividades de vida diária.
São estratégias indicadas para prevenção da perda de mobilidade, exceto:
A) Exercícios de fortalecimento muscular somente de membros inferiores visando marcha.
B) Educação, orientação de exercícios domiciliares e de segurança domiciliar.
C) Estimulação sensorial, exercícios de equilíbrio e treino de transferências.
D) Adaptação ambiental e indicação de dispositivo de auxílio de marcha.

2) (CIAAR, 2020) As infecções do trato urinário (ITU) são comuns em idosos e podem representar um
problema clínico importante. Cabe ao fisioterapeuta, assim como à equipe multidisciplinar, avaliar e
elaborar estratégias para a sua prevenção e tratamento.
Analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas acerca de infecções urinárias em idosos.

I. Idosos estão mais propensos ao desenvolvimento de ITU, que ocorre por colonização bacteriana da
uretra. Uma rápida intervenção pode evitar a disseminação para os rins e para o sangue, causando sepse
PORQUE
II. o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico e a hiperplasia prostática podem provocar estase
urinária.

Sobre essas asserções, é correto afirmar que a/as:


A) primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa.
B) primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira.
C) duas são verdadeiras, mas não estabelecem relação entre si.
D) duas são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.

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TEMA 6: AVALIAÇÃO GERIÁTRICA / CONCEITOS: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA


(AVD) E ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD)
Uma avaliação de pessoas idosas precisa ser ampla e não restrita apenas aos fatores fisiológicos.
Existem várias escalas, mas a responsabilidade de realizar a avaliação será sempre de um
profissional com graduação, devidamente capacitado para essa atividade.
É fundamental avaliar o paciente como um ser único que necessitam de avaliação fisiológica,
emocional, social e espiritual. Na parte fisiológica não esquecer de verificar a vacinação.
De modo geral os critérios a serem avaliados são:

DOMÍNIO DESCRIÇÃO DA AVALIAÇÃO


Capacidade do indivíduo de ser
independente em seu próprio cuidado
(atividades básicas de vida diária, ABVD),
Funcionalidade
e no seu papel na comunidade
(atividades instrumentais de vida diária,
AIVD).
Capacidade de utilizar as funções
cerebrais superiores (executiva,
Cognição memória, visuoespacial, linguagem,
atenção) de forma adequada e
autônoma.
Os sintomas depressivos ou ansiosos
possuem alta prevalência em indivíduos
Humor idosos, prejudicando a adesão ao
tratamento e o controle de doenças
crônicas.
Déficits auditivos ou visuais trazem pior
Sensorial qualidade de vida, isolamento social,
prejuízo cognitivo e risco de depressão.
As quedas são importantes causas de
Mobilidade / risco de queda
morbimortalidade em idosos.
Os idosos apresentam maior risco
nutricional devido à presença de
Estado Nutricional comorbidades, alterações do sistema
digestivo, perda funcional, risco de baixo
suporte social e declínio cognitivo.
Muitos idosos estão sujeitos à
insuficiência de recursos humanos e/ou
materiais para o seu cuidado. O baixo
Suporte Social
suporte social ocasiona pior qualidade de
vida, declínio funcional e mau controle de
doenças crônicas.

Atividades de Vida Diária - AVD


É denominado atividades da vida diária as tarefas básicas de autocuidado, normalmente
realizadas pelo paciente anteriormente, mesmo que com alguma dificuldade. Elas incluem:

Alimentar-se;
Ir ao banheiro;

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Escolher a roupa;
Arrumar-se e cuidar da higiene pessoal;
Manter-se continente;
Vestir-se;
Tomar banho;
Andar e transferir (por exemplo, da cama para a cadeira de rodas).

. Essa avaliação permitirá ao profissional a definição de auxílio necessário, além de proposta de


reabilitação.
Nunca devemos considerar a avaliação em um único momento, como também não devemos
informar ao paciente que o mesmo está sendo avaliado. O acompanhamento diário da execução das
atividades mostrará ao profissional a verdadeira situação do paciente. Conversar com o cuidador e
familiares também colaborará com a avaliação. Há várias escalas que podem auxiliar nessa avaliação.

Atividades Instrumentais de Vida Diária - AIVD


É denominado atividades instrumentais da vida diária as tarefas mais complexas, mas necessárias
para se viver de maneira independente. Essas habilidades são geralmente aprendidas durante a
adolescência e persistem por toda a vida e incluem:

Gerenciar as finanças;
Lidar com transporte (dirigir ou navegar o transporte público);
Fazer compras;
Preparar refeições;
Usar o telefone e outros aparelhos de comunicação;
Gerenciar medicações;
Manutenção das tarefas domésticas e da casa.

Associando as avaliações de atividade de vida diárias e atividades instrumentais de vida diária é


possível avaliar o grau de dependência de um idoso e assim, adequar o atendimento adequada para cada
indivíduo.

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FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA, KATZ

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Index de independência de atividades de vida diária

Avaliação das atividades instrumentais da vida diária – Escala de Lawton:

100
Enfermagem na Assistência Domiciliar

RESUMO
Nesse capítulo aprendemos que avaliar o idoso direciona os cuidados para suas necessidades de
maneira individual e personalizada.
Existem disponíveis vários modelos de avaliação e a equipe multiprofissional irá trabalhar com a
escala mais apropriada e para a qual todos estejam capacitados.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1) (IBADE, 2016) As atividades de vida diária (AVD) são relacionadas ao autocuidado e que, no caso de
limitação de desempenho, normalmente requerem a presença de um cuidador para auxiliar a pessoa
idosa a desempenhá-las. As AVD são diferentes das atividades instrumentais da vida diária (AIVD). Esta
última indica a capacidade de um indivíduo em levar uma vida independente dentro da comunidade.
Dentre as opções a seguir, marque a alternativa que apresenta atividades relacionadas apenas as AVDs.
A) Utilizar meios de transporte, utilizar o telefone, preparar refeições e deambular.
B) Deambular, ir ao banheiro, manter controle sobre suas necessidades fisiológicas e realizar compras.
C) Alimentar-se, banhar-se, vestir-se e deambular.
D) Alimentar-se, banhar-se, vestir-se e manipular medicamentos.
E) Vestir-se, mobilizar-se, alimentar-se e realizar tarefas domésticas leves.

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2) (VUMESP, 2015) A avaliação multidimensional do idoso tem como objetivo avaliar a capacidade
funcional, a saúde física, a função cognitiva e o estado emocional do idoso, entre outros domínios.
Assinale a escala que avalia as atividades básicas de vida diária.
A) Escala de Equilíbrio de Berg.
B) Índice de Katz.
C) Mini Exame do Estado Mental.
D) Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15).
E) Escala de Lawton e Brody.

3) (UFSC, 2012) O envelhecimento da população é hoje um fenômeno mundial, que vem ocorrendo de
forma crescente tanto em países desenvolvidos, como em países em desenvolvimento. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2007). Em relação aos cuidados de saúde da população idosa, analise as afirmativas abaixo.

I. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) podem afetar a funcionalidade das pessoas idosas. A
dependência para o desempenho das atividades de vida diária (AVD) tende a aumentar cerca de 5% na
faixa etária de 60 anos para cerca de 50% entre os idosos com 90 anos ou mais.
II. A diminuição das capacidades sensório-perceptivas, que ocorre no processo de envelhecimento, pode
afetar a comunicação das pessoas idosas. Tais alterações são manifestadas pela diminuição da
capacidade de receber e tratar a informação proveniente do meio ambiente que, se não forem
adequadamente administradas, poderão levar ao isolamento do indivíduo.
III. Especial atenção deve ser dada à prevenção de iatrogênias assistenciais relacionadas ao uso de
polifármacos.
IV. A avaliação funcional é fundamental e determinará não só o comprometimento funcional da pessoa
idosa, mas também suas necessidades de auxilio. São subdivididas em atividades de vida diária (AVD),
que são as relacionadas ao autocuidado; atividades instrumentais da vida diária (AIVD), que são as
relacionadas à participação do idoso em seu entorno social e indicam a capacidade de um indivíduo de
levar uma vida independente dentro da comunidade.
V. A Lei n. 10.741/2003, art. 19, prevê que os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra
idoso são de notificação obrigatória ao Conselho Municipal ou Estadual dos Direitos do Idoso, Delegacias
de Polícia e Ministério Público.

Assinale a alternativa CORRETA.


A) As afirmativas I, II, III, IV e V estão corretas.
B) Somente as afirmativas I, III e V estão corretas.
C) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
D) Somente as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
E) Somente as afirmativas II, III, IV e V estão corretas.

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TEMA 7: SUPORTE NUTRICIONAL / DISFAGIA / INAPETÊNCIA / CONSTIPAÇÃO /


MANIPULAÇÃO DE DIETAS
1. SUPORTE NUTRICIONAL
O processo de envelhecimento faz com que ocorra diminuição de gasto energético de repouso e
resistência anabólica decorrente da redução de massa magra e aumento de gordura corporal. Todo esse
processo pode levar a obesidade.
Além da obesidade, a desnutrição e a desidratação são frequentes na população idosa. A
desidratação já foi abordada em capítulo anterior (tema 5).
O suporte nutricional para idosos visa fornecer orientações e apoio para que o indivíduo receba
as quantidades de calorias, proteínas, micronutrientes e líquidos, adequados ao seu estado geral,
condições decorrentes de patologias e manutenção do organismo dentro dos parâmetros de peso e
estatura previamente estabelecidos.
A nutrição é um importante componente para manter a saúde e o bem-estar de idosos.
A necessidade energética para indivíduos idosos deve ser de 30 a 35 Kcal por kg de peso corporal
ao dia, entretanto essa necessidade deve ser ajustada individualmente de acordo com o estado
nutricional, nível de atividade física e a demanda metabólica relacionada a doença.
É importante lembrar que as refeições são momentos de interação entre as pessoas. Estimular a
pessoa idosa a realizar as refeições junto com os familiares, proporcionará melhor aceitação da dieta.
Atenção redobrada para os idosos que precisam de auxílio para realizar as refeições. Outro fator
importante é adequar a consistência dos alimentos de acordo com a aceitação da pessoa, por exemplo,
uma pessoa idosa pode não conseguir ingerir um bife, mas a carne moída ou cozida é bem aceita.
Como regra para todas as pessoas e não sendo diferente para idosos, o prato deverá conter
alimentos de todos os grupos nutricionais (prato colorido) de maneira equilibrada. A ingestão de frutas,
legumes e hortaliças deverá ser estimulado. Não esqueçam de ofertar água para os pacientes.

2. DISFAGIA
Disfagia é definida como a dificuldade de deglutir alimentos ou líquidos. Esse distúrbio é frequente
em pessoas idosas, pacientes com patologias neurológicas, patologias que afetam a região do pescoço
e que sofreram algum tipo de trauma na boca ou garganta.

Sinais e Sintomas:
Dor ou incapacidade de engolir;
Regurgitação;
Tosse ou engasgo ao engolir;
Azia frequente;
Rouquidão.

As complicações mais frequentes relacionadas a disfagia são:


Desnutrição, perda de peso e desidratação;
Pneumonia por aspiração;
Engasgo.

Algumas dicas podem melhorar a disfagia, como:


Comer lentamente e mastigando bem os alimentos;
Optar por alimentos mais macios e evitar os secos;
Dar mordidas menores;
Sentar ereto ao comer;
Evitar deitar logo após a refeição.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

3. INAPETÊNCIA
Inapetência é a diminuição ou perda do apetite. Em vários momentos de nossas vidas passamos
por essa situação, de maneira passageira e sem causar nenhum transtorno ao nosso organismo. A
inapetência passa a ser preocupante quando é acompanhada de perda de peso, diarreia, vômitos, azia,
entre outros.
Para algumas pessoas idosas alguns ajustes na dieta são suficientes para estimular o retorno à
alimentação adequada, em outros casos será necessário a ajuda de um profissional especializado.

A falta de apetite pode ser decorrente de:


Problemas psicológicos ou emocionais;
Doenças agudas;
Doenças crônicas;
Uso de medicamentos;
Abuso de drogas lícitas e ilícitas.

Um profissional poderá indicar dietas enterais ou parenterais, de acordo com a necessidade do


paciente.

Ações que podem estimular a alimentação:


Verificar se as próteses estão devidamente adaptadas;
Variação de cardápio de acordo com a época do ano e disponibilidade de alimentos ajuda em
relação à qualidade de produtos e diminuição de custos;
Uso de ervas aromáticas e apresentação do alimento de modo vistoso e atraente, estimula a
vontade de ingerir alimentos;
A oferta de pratos coloridos, além da maior diversidade de nutrientes também melhoram
aceitação;
Certos tratamentos e medicações podem causar a inapetência como efeito colateral, procure
ofertar alimentos que tenham melhor aceitação do paciente;
Incentivar o convívio familiar e social é essencial para que a refeição do idoso seja mais prazerosa,
evite o isolamento e esteja atento à sinais de tristeza e depressão;
Adeque a dieta: opte por alimentos palatáveis de fácil consumo. Aposte na variação de sopas,
purês e vitaminas para facilitar a ingestão.

4. CONSTIPAÇÃO
Constipação é definida como a dificuldade de eliminar fezes. Cada indivíduo tem uma frequência
própria de evacuações. A constipação é caracterizada quando essa frequência é mais espaçada,
causando desconforto à pessoa. Portanto, é importante sempre saber os hábitos intestinais antes de
definir se o paciente está constipado ou não.
Algumas pessoas são mais sensíveis e sofrem alteração de hábito intestinal pelo fato de estarem
longe de suas casas, como por exemplo, nos casos de viagem, isso também deverá ser observado.
Outros fatores podem alterar o hábito intestinal, entre eles:
dieta com pouca fibra;
não ingestão de boa qualidade de líquidos durante o dia;
vida sedentária;
imobilidade;
doenças como hipotireoidismo, acidente vascular encefálico, lesões medulares;
problemas emocionais;
o hábito de ignorar a vontade de evacuar assim que ela aparece.

104
Enfermagem na Assistência Domiciliar

5. MANIPULAÇÃO DE DIETAS
A manipulação de alimentos em geral requer condutas de higiene tanto do profissional como
higiene do ambiente. Alguns cuidados básicos:

1) Local de higienização e preparo de alimentos:


o deve ser limpo;
o livre de sujidades como mofo, infiltrações na parede;
o Também deve ser livre de insetos ou outros animais;
o Os utensílios utilizados também devem ser higienizados adequadamente

2) Profissional que manipula os alimentos:


o manter a higiene pessoal;
o unhas aparadas;
o cabelos presos;
o roupas limpas.

3) Em relação aos alimentos:


o certificar-se que o mesmo está dentro do período de validade;
o certificar-se que o mesmo foi armazenado de forma correta, sob refrigeração quando indicado;
o preparar na temperatura adequada a cada alimentos;
o higienizar os alimentos de forma adequada, cuidado especial para legumes, frutas e hortaliças.

Nos casos de dietas enterais os cuidados com higiene e conservação devem ser mantidos.
Dietas enterais artesanais devem seguir os cuidados de higiene e muita atenção com a
conservação da dieta e a higiene dos frascos.
Dietas enterais industrializadas devem seguir a orientação dos fabricantes.

RESUMO
Nesse capítulo abordamos vários aspectos que envolvem a nutrição de pessoas idosas, desde
distúrbios quanto cuidados na sua manipulação.
O profissional que está prestando assistência a uma pessoa em seu domicílio é responsável pela
administração da dieta, nem sempre pelo seu preparo, mas certificar-se que o preparo seguiu todas as
boas práticas que envolvem a manipulação de alimentos e dietas.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1) (PUC-PR, 2019) Disfagia é qualquer dificuldade na efetiva condução do alimento da boca até o
estômago por meio das fases interrelacionadas, comandadas por um complexo mecanismo neuromotor.
A disfagia pode levar à desnutrição e à desidratação por inadequação dietética e em razão da consistência
dos alimentos. Na tentativa de se adaptar ao sintoma, o
paciente altera a consistência dos alimentos e/ou das preparações acrescentando maior quantidade de
água reduzindo, assim, o valor calórico total (I Consenso de Brasileiro de Disfagia em Idosos
Hospitalizados, 2010). Com referência a esse tema, avalie as afirmações a seguir:

I. A terapia nutricional deve ser indicada em caso de desnutrição ou em risco de desenvolvê-la, ingestão
oral inferior a 60% da oferta alimentar, disfagia, doenças catabólicas e/ou perda de peso involuntária
superior a 5% em 3 meses ou maior que 10% em 12 meses.
II. Na prescrição da dieta para o paciente disfágico, vários fatores precisam ser considerados, como grau
de disfagia, estado cognitivo, capacidade de incorporar manobras compensatórias, grau de

105
Enfermagem na Assistência Domiciliar

independência alimentar, estado nutricional, aceitação e preferência alimentar, disponibilidade de


supervisão profissional e familiar e condições socioeconômicas.
III. Na dieta para disfagia grau 2, a consistência dos alimentos deve ser pastosa homogênea, ou seja,
alimentos cozidos e batidos, coados e peneirados, quando necessário, formando uma preparação
homogênea e espessa.
IV. Na dieta para disfagia grau 3, os alimentos devem ser com consistência branda, alimentos macios que
requerem certa habilidade de mastigação, como carnes cozidas e úmidas, verduras e legumes cozidos,
pães e frutas macios. Exclui alimentos de difícil mastigação ou que tendem a se dispersar na cavidade
oral, como os secos (farofa), as verduras e os legumes crus, os grãos etc., bem como as misturas de
consistências (canja de galinha).
V. Deve-se ter atenção com os líquidos. Por exigirem maior controle fisiológico do paciente, pode-se
afirmar que sua consistência é a que oferece maior risco de aspiração e, por isso, muitas vezes é a
primeira, ou até única, a ser modificada.

É CORRETO apenas o que se afirma em:


A) I, II e III.
B) II, IV e V.
C) III, IV e V.
D) III e IV.
E) III e V.

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TEMA 8: HIPODERMÓCLISE
Hipodermóclise é a técnica que tem o objetivo de fazer a infusão de fluidos e medicamentos pela
via subcutânea, em substituição a via endovenosa.
A técnica é bem simples, consiste na introdução de um cateter em uma área entre a pele e o
músculo. Por essa via pode ser infundido soro, alguns anti-inflamatórios, antibióticos, entre outros.
Permite a administração de volumes até 1500ml em 24h por sítio de punção, podendo ser
realizado até dois sítios distintos.

Indicações
Impossibilidade de ingestão por via oral;
Impossibilidade de acesso venoso e contraindicação de procedimentos invasivos.

Contraindicações
Situações de emergência;
Anasarca grave;
Distúrbios de coagulação.

Vantagens
Baixo custo;
Possibilidade de realização e permanência do paciente em domicílio;
Mínimo desconforto ou complicação local;
Risco mínimo de complicações sistêmicas;
Via de fácil manipulação e manutenção: troca a cada 5 – 7 dias.

Desvantagens
Limitação do volume
Inviável para o ajuste rápido de doses

Locais de acesso

Fonte: Adaptado Bruno, V.G. Hipodermóclise: revisão de literatura para auxiliar a prática clínica. Einstein, v.13,
n.1, p.122-8, 2015.

Medicamentos e soluções
Vários medicamentos e soluções podem ser administrados por via subcutânea, desde que tenham
pH é próximo da neutralidade e que sejam hidrossolúveis, como:
Antimicrobianos;
Anti-inflamatório;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Analgésicos;
Antitérmicos;
Anticonvulsivantes;
Diuréticos.

Profissional
Os profissionais de enfermagem podem administrar medicamentos por hipodermóclise, desde que
capacitados nessa técnica e sob supervisão do enfermeiro de acordo com a legislação do exercício
profissional.

Material
Bandeja;
Recipiente com bolas de algodão;
01 dispositivo de punção (agulhado ou não agulhado);
01 almotolia de álcool 70INPM;
01 seringa preparada com 03 ml de soro fisiológico 0,9%;
curativo filme transparente;
01 saco plástico transparente (descarte do material infectante);
01 par de luvas de procedimento.

Procedimento
Realizar lavagem das mãos;
Dirigir-se ao leito do paciente com os materiais na bandeja;
Explicar o procedimento e finalidade ao paciente;
Inspecionar o local a ser puncionado;
Abrir o invólucro do dispositivo pela área demarcada;
Calçar as luvas de procedimento;
Preencher o dispositivo com SF 0,9%;
Realizar antissepsia da pele com algodão embebido em álcool 70 INPM;
Retirar o protetor do dispositivo;
Escolher o local da punção com maior tecido adiposo e que proporcione melhor mobilidade do
paciente;
Fazer a prega subcutânea com a mão não dominante;
Introduzir o dispositivo na pele com a mão dominante em um ângulo de 30 a 45º com o bisel
voltado para cima;
Aspirar para verificar a ausência de retorno sanguíneo;
Administrar 01 ml de soro fisiológico e verificar se há presença de extravasamento;
Fixar o dispositivo com curativo filme transparente;
Conectar o equipo da solução ao dispositivo;
Retirar a luva de procedimento;
Realizar lavagem das mãos;
Identificar o acesso subcutâneo com data, nome, horário, calibre do cateter;
Desprezar os materiais em local apropriado;
Limpar a bandeja com álcool 70 INPM guardando-a em seu respectivo local;
Proceder anotações de enfermagem no prontuário do paciente.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Fonte: faculdadesantacasabh.org.br fonte: enfermagemparaconcursos.wordpress.com

Cuidados Pós-Punção
Lavar as mãos antes e após manipular cateter. Realizar antissepsia da via de acesso sempre que
for abrir o sistema (friccionar gaze ou algodão embebido em álcool 70% ao redor do óstio do lúmen
do acesso).
Trocar tampinha/polifix do sistema conforme rotina institucional.
Proteger o local da punção com plástico quando for realizado banho.
Recomendação do tempo de permanência do dispositivo: não há consenso na literatura quanto
ao tempo de permanência do cateter no tecido subcutâneo, variando de 2 a 11 dias
Atentar para observação sobre cateter agulhado
Atentar para o volume total de fluido permitido em cada local de punção. Se necessário, realizar
duas punções ou avaliar possibilidade de reduzir volume de fluido com a equipe médica.
Caso o paciente esteja com medicação de horário e soroterapia contínua, deixar uma punção para
medicação e outra para soroterapia.

RESUMO
Nesse capítulo aprendemos uma via de administração de medicamentos muito segura, de fácil
acesso, baixo custo, mas não muito utilizada.
Os profissionais de enfermagem devem estar dispostos e atentos para novos aprendizados, isso
poderá ser um diferencial em sua carreira.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (IBFC, 2017) Dentre as medidas realizadas em pacientes em cuidados de final de vida está a realização
de hipodermóclise. Por essa via subcutânea, consegue-se administrar medicações e realizar hidratação
em pacientes impossibilitados de receberem tratamento por via oral. Com relação a esse tema, assinale
a alternativa correta:
A) A hipodermóclise só deverá ser realizada em pacientes em fnal de vida, caso não se consiga acesso
venoso periférico
B) Por essa via conseguimos administrar alguns antibióticos como cefepima
C) Há contraindicação absoluta em se puncionar mais de um sítio de hipodermóclise de uma só vez
D) Por essa via conseguimos administrar benzodiazepínicos como o diazepam
E) Por hipodermóclise conseguimos realizar expansão volêmica em paciente em choque séptico

2) (FCC, 2012) Dentre as vantagens e desvantagens da hipodermóclise, em relação à via intravenosa,


destacam-se, respectivamente, a
A) Vantagem - administração segura de diclofenaco e diazepam. Desvantagem - impossibilidade de
infusão rápida de grandes volumes.
B) Vantagem - impossibilidade de formação, no sítio da infusão, de hematoma e edema. Desvantagem -
risco de necrose tecidual como complicação tardia.

109
Enfermagem na Assistência Domiciliar

C) Vantagem - possibilidade de infusão de solução oleosa ou suspensão. Desvantagem - impossibilidade


de administração de fenitoína.
D) Vantagem - infusão segura em pacientes com coagulopatia. Desvantagem - dificuldade de ajuste
rápido de doses.
E) Vantagem - facilidade na educação do autocuidado e do cuidador em domicílio. Desvantagem -
impossibilidade de infusão de nutrição parenteral.

3) (COTEC, 2019) A hipodermóclise apresenta limitações nas situações em que se deseja uma
velocidade de infusão rápida e reposição com alto volume de fluidos. O volume diário recomendado é de:
A) 3000 ml, em 72h.
B) 2000 ml, em 24h.
C) 1500 ml, em 48h.
D) 600 ml, em 36h.
E) 500 ml, em 36h.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

TEMA 9: CUIDADOS PALIATIVOS / LUTO E PROCESSO DE MORTE


1. CUIDADOS PALIATIVOS
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em
2002, "Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que
objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace
a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e
tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais".

Como princípios dos cuidados paliativos podemos citar:


Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes (astenia, anorexia, dispneia, etc);
Reafirmar a vida e a morte como processos naturais, integrar os aspectos psicológicos, sociais e
espirituais ao aspecto do cuidado do paciente;
Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
Não expressar ou adiar a morte, oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a
doença, em seu próprio ambiente;
Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível
até sua morte;
Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença, utilizando uma
abordagem holística;
Utilizar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos
pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte de luto.

A decisão pelos cuidados paliativos deverá ser em conjunto: médico, equipe multiprofissional,
paciente e familiares.
A abordagem ao paciente e à família é feita por equipe multiprofissional composta por médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos e
farmacêuticos, em atividades diretamente ligadas às necessidades biopsicossociais. Entretanto,
administrativos, motoristas, capelães, voluntários e cuidadores também acompanham e apoiam os
membros da família e da equipe em prol do bem-estar do paciente.
A maioria das pessoas prefere realizar os cuidados paliativos em casa. Mas as pessoas que
moram, por exemplo, em casas de repouso podem receber os cuidados paliativos nesses locais. Nesses
casos, essas instalações são consideradas atendimento domiciliar, uma vez que a instalação é o lar do
paciente.
Um dos pontos mais delicado em relação aos cuidados paliativos é a abordagem espiritual. Cabe
ao profissional que atua junto ao paciente oferecer meios de atender suas necessidades espirituais com
visitas de padre, monges, pastores, e demais representantes religiosos, de acordo com a crença do
paciente e respeitando suas decisões. O profissional deverá apoiar o paciente e sua família, nunca impor
suas crenças e valores.
Os cuidados deverão ser planejados e individualizados para cada paciente, de acordo com a
patologia apresentada.
Manter a qualidade de vida do paciente é fundamental e cuidados paliativos não significa não
utilização de recursos disponíveis. O paciente em cuidados paliativos poderá e deverá, se necessário,
fazer uso de tecnologia no seu tratamento, como também medicamentos adequados. O uso de
profissionais capacitados também é importante.
Atenção todos os recursos empregados devem seguir a ética e as boas práticas, nada deverá ser
feito que possa causar dano ao paciente e seus familiares.
Quando tratamos de pacientes em cuidados paliativos a queixa de dor é muito frequente. A dor
deverá ser tratada com medidas farmacológicas ou não farmacológicas, de acordo com a necessidade
de cada paciente. O importante é termos em mente que o paciente não deverá sentir dor. Em muitos
casos a sedação pode ser um recurso para dor crônica.
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Enfermagem na Assistência Domiciliar

A sedação paliativa é o uso de medicações que reduzem o nível de consciência objetivando alívio
de um ou mais sintomas refratários em pacientes com doenças avançadas e progressivas que se
encontrem em cuidados paliativos. A intensidade da sedação deve ser a menor possível para atingir um
controle satisfatório do sintoma. São considerados sintomas refratários aqueles que a despeito do uso de
todos os recursos terapêuticos habituais seguem causando desconforto importante. A sedação paliativa
é um recurso nos cuidados de fim de vida (CHERNY; RADBRUCH, 2009; CHERNY, 2014).

2. LUTO E PROCESSO DE MORTE


Na assistência domiciliar o vínculo criado entre profissionais, paciente e familiares é muito intenso.
Quando o paciente apresenta piora em seu quadro clínico ou falece, a família e o profissional
precisam se apoiar emocionalmente.
A equipe multiprofissional deverá ajudar a família a passar pelo momento da morte,
compreendendo seus sentimentos e respeitando suas crenças e valores.
O luto é um processo necessário para preencher o vazio deixado por qualquer perda significativa
não apenas de alguém, mas também de algo importante, tais como: casas, emprego, animais, etc.

Estágios do luto

A psicóloga Elisabeth Kubler-Ross, descreveu as 5 fases da perspectiva da morte:

Fase 1) Negação
Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta
encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte de um ente querido
ou da perda de emprego. É comum a pessoa também não querer falar sobre o assunto. Nessa
fase há uma tendência

Fase 2) Raiva
Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se conforma por estar
passando por isso. A pessoa não se sente “merecedor” dessa situação.

Fase 3) Barganha
Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba querendo dizer
que será uma pessoa melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus. Nesse momento
surgem promessas de melhoria, de oferendas a Deus para que a situação seja revertida.

Fase 4) Depressão
Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo
impotente diante da situação.

Fase 5) Aceitação
É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como
realmente é, ficando pronto para enfrentar a perda ou a morte.
Não há um período determinado para se passar por esse período de luto. Também não uma
sequência dessas fases, a ordem descrita tem mais efeito didático do que organização de sentimentos.
É importante a observação dos familiares para as pessoas que não conseguem lidar com a perda
sozinha e que precisam de ajuda de profissional especializado.

Aspectos legais do óbito domiciliar


O óbito em domicílio tem aspectos legais que precisam ser observados:

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Morte natural (por doença), quando o paciente teve assistência médica durante o período de
adoecimento: quem deve preencher e assinar a declaração de óbito (DO) do paciente que faleceu
em casa é, preferencialmente, o médico que vinha prestando assistência ao paciente, ou o seu
substituto.
Morte natural presumida (na ausência de sinais externos de violência) em paciente sem
assistência médica para sua doença: quem deve preencher a DO é o médico do Serviço de
Verificação de Óbito. Nesses casos é necessário acionar policiais.
Morte por causas externas (homicídios, acidentes, suicídios, mortes suspeitas):
independentemente de o paciente ter recebido assistência ou do local da assistência, quem deve
preencher a Declaração de Óbito em localidades com Instituto Médico Legal (IML) é o médico
legista, qualquer que tenha sido o tempo entre o evento violento e a morte propriamente. Nesses
casos é necessário acionar policiais.
Lembrem-se que nem o profissional e nem familiares devem manusear o corpo do paciente antes
do preenchimento e assinatura da declaração de óbito.

Cuidados do corpo Pós Morte

Material:
Luvas de procedimentos
Gazes
Fita adesiva
Algodão
Plástico para envolver o corpo
Etiqueta de identificação
Biombo
Atadura de crepe
Lençóis
Cuba-rim ou bacia pequena
Material para curativos
Material para banho
Solução desinfetante
Seringas
Balde para diluir solução
Solução para higiene oral
Escova ou pente para cabelos
Máscara descartável
Recipiente para objetos pessoais
Pinça cirúrgica longa

Procedimento:
Certificar-se da liberação do corpo para o preparo
Perguntar à família se há desejo de ajudar
Reunir todo o material
Providenciar um espaço privativo
Lavar as mãos
Calçar as luvas
Desligar todos os equipamentos
Retirar os objetos de valor e colocar em recipiente próprio para ser entregue à família
Colocar o corpo em posição supina
Fechar os olhos
Fechar a boca utilizando atadura crepe, s/n
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Remover tubos, drenos e dispositivos


Limpar o corpo
Pentear o cabelo
Vestir o corpo com roupas escolhidas pela família
Dobrar os braços sobre o tórax e unir as mãos com atadura crepe
Unir os pés com atadura crepe
Preencher os orifícios com algodão e utilizando a pinça
Embrulhar o corpo com lençol
Desprezar o material
Retirar as luvas
Lavar as mãos
Aguardar chegada do serviço funerário
Organizar o ambiente

RESUMO
Nesse capítulo aprendemos sobre cuidados paliativos e o processo de morte.
Cabe lembrar que em todos os processos estudados, o profissional deverá ser respeitoso com o
paciente e com seus familiares. Quando abordamos o processo de óbito, esse lembrete é mais importante
ainda.
O profissional também precisa estar atento para o processo de luto que ele mesmo vivenciará e
que se for necessário buscar ajuda de um profissional não significa fraqueza e sim coragem para enfrentar
dificuldades e sentimentos.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1) (UFG, 2018) O cuidado paliativo direcionado ao paciente e à sua família torna-se necessário frente a
doenças graves, sem prognóstico e possibilidade de cura. As doenças oncológicas, cuja perspectiva de
cura torna-se restrita e ameaça à vida é iminente, constituem uma das principais doenças quanto à
exigência de cuidados paliativos. Nessa situação,
a) o enfermeiro deve evitar quaisquer intervenções de abordagem espiritual ou religiosa com paciente em
cuidados paliativos, uma vez que tal ação poderá causar constrangimento ao indivíduo, à família ou aos
cuidadores.
b) o indivíduo deve permanecer sedado no caso de cuidado paliativo para evitar o prolongamento do
estado grave do paciente sem prognóstico satisfatório, acompanhado de sofrimento e manutenção da
vida por processos terapêuticos desproporcionais.
c) o indivíduo pode-se beneficiar pela via de infusão hipodermóclise ou terapia subcutânea, implementada
quando a via oral e a rede venosa tornam-se indisponíveis. Essa via apresenta a mesma eficácia da
endovenosa, com a vantagem de ser menos dolorosa, ter raros eventos adversos e ser de fácil
aplicabilidade.
d) a participação da família bem como a obtenção de consentimento no processo decisório da paliação,
deve ser julgada com parcimônia pela equipe de saúde responsável pelo paciente, visando minimizar a
dor, o sofrimento e a angústia.

2) (UFG, 2018) Segunda a definição da OMS, cuidados paliativos são uma abordagem para melhoria da
qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam uma doença ameaçadora da vida, por meio da
prevenção e do alívio do sofrimento, pela identificação precoce e impecável avaliação e tratamento da
dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais. Logo,
a) constituem indicações de cuidados paliativos segundo as condições do paciente: não ser candidato à
terapia curativa, diagnosticado com doença grave, preferindo não ser submetido a tratamento de

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prolongamento da vida, com nível de dor suportável por 24 horas, e visitas ao atendimento de emergência,
pelo menos uma vez no mês.
b) são norteadores da assistência em cuidados paliativos: a preservação e o controle de sintomas; a
intervenção psicossocial e espiritual; a conservação do paciente e da família como unidade de cuidados;
a dependência familiar e individual da equipe multiprofissional, a comunicação e o trabalho em equipe
multiprofissional.
c) são orientações quanto à aplicação do cuidado paliativo: ser iniciado o mais tardiamente possível, após
qualquer tratamento curativo, utilizar todos os esforços necessários para melhor compreensão e controle
dos sintomas, oferecer conforto e qualidade de vida, não acelerando nem adiando os dias de vida do
indivíduo.
d) são elementos que podem compor a linha mestra da assistência voltada aos cuidados paliativos:
controle de dor e outros sintomas, conforto, prevenção de agravos e incapacidades, apoio e orientação à
família e aos cuidadores, manutenção de atividades e pessoas significativas para o paciente, ativação de
recursos emocionais e sociais de enfrentamento do processo de adoecimento e terminalidade, ativação
de redes sociais de suporte.

3) (COPEVE, 2012) o contexto dos cuidados paliativos na oncologia, é preciso considerar que os objetivos
da assistência, em conformidade ao que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
compreendem a promoção da qualidade de vida e do conforto dos clientes e seus familiares que
enfrentam juntos a doença que põe em risco a vida, pela prevenção e alívio dos sintomas e apoio às
necessidades psicossociais, emocionais e espirituais. Portanto, pode-se afirmar, exceto:
a) os cuidados paliativos foram definidos como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade
de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida.
b) neste contexto de cuidado, ressalta-se como ponto chave da assistência a avaliação e controle da dor
física e no processo de negação.
c) o tratamento em cuidados paliativos deve reunir as habilidades de uma equipe multiprofissional para
ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças de vida impostas pela doença, e promover a reflexão
necessária para o enfrentamento desta condição de ameaça à vida para pacientes e familiares.
d) conforme a Organização Mundial de Saúde um modelo de intervenção em Cuidados Paliativos pauta-
se onde as ações paliativas têm início já no momento do diagnóstico e o cuidado paliativo se desenvolve
de forma conjunta com as terapêuticas capazes de modificar o curso da doença.
e) a paliação ganha expressão e importância para o doente à medida que o tratamento modificador da
doença (em busca da cura) perde sua efetividade. Na fase final da vida, os Cuidados Paliativos são
imperiosos e perduram no período do luto, de forma individualizada.

4) (COPEVE, 2014) A velhice é a fase do desenvolvimento em que a morte se mostra mais presente,
certamente pela maior proximidade com o final do existir. O processo de morte/morrer, segundo Elizabeth
Kübler-Ross (1969) apresenta cinco fases psicológicas, que são:
A) negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
B) negação, raiva, barganha, desilusão e aceitação.
C) negação, barganha, tristeza, raiva e aceitação.
D) barganha, depressão, tristeza, aceitação e raiva.
E) aceitação, raiva, negação, barganha e tristeza.

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TEMA 10: BANHO NO LEITO / TROCA DO LEITO / MOVIMENTAÇÃO NO LEITO /


TROCA DE FRALDAS / MOBILIZAÇÃO
Para realização de procedimentos em pacientes acamados é indicado, preferencialmente, que a
atividade seja realizada em 2 pessoas.
Também é importante certificar-se que não há risco de queda ao movimentar o paciente, se
possível mantenha as grades elevadas.
Sempre que possível solicite ajuda do próprio paciente. Isso fará com que o paciente fique mais
tranquilo durante o procedimento.

1. BANHO NO LEITO
Indicado nos casos onde o paciente está acamado, sem condições de ser colocado em cadeira
de banho para ser levado banho de aspersão (bando de chuveiro).

Material:
Equipamentos da cama: colcha, cobertor, 01lençol de cima, 01lençol móvel, 01 impermeáveis, 01
lençol de baixo, e fronha.
Luvas de procedimento;
01 toalhas de rosto;
01toalha de banho;
02 luvas de banho ou compressas;
01camisola ou pijama;
02 bacias de banho ou balde;
jarro de água quente;
01 sabonetes antisséptico;
comadre ou papagaio;

Procedimento:
Orientar o paciente sobre o procedimento;
Fechar janelas e portas;
Desocupar a mesa de cabeceira;
Calçar as luvas de procedimento;
Oferecer comadre ou papagaio antes de iniciar o banho;
Desprender a roupa de cama, retirar a colcha, o cobertor, o travesseiro e o pijama, deixando-o
protegido com o lençol;
Abaixar a cabeceira da cama caso seja possível;
Colocar o travesseiro sobre o ombro;
Ocluir os ouvidos;
Colocar a bacia sob a cabeça;
Lavar os cabelos;
Fazer higiene oral;
Molhar as luvas de banho retirando o excesso de água;
Lavar os olhos do paciente do ângulo interno;
Lavar os olhos do paciente do ângulo interno para o externo;
Utilizar água limpa para lavar cada olho;
Ensaboar pouco e secar com a toalha de rosto;
Colocar a toalha de banho sob um dos braços do paciente e lavá-lo no sentido do punho para as
axilas em movimentos longos;
Enxaguar e secar com a toalha de banho;
Repetir a operação com o outro braço;

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Colocar a toalha de banho sobre o tórax do paciente, cobrindo-o até a região púbica;
Com uma as mãos suspender a toalha e com a outra lavar o tórax e abdômen;
Enxaguar, secar e cobri-lo com o lençol;
Lavar as pernas fazendo movimentos passivos nas articulações,
Massagear as proeminências ósseas e panturrilha;
Flexionar o joelho do paciente e lavar os pés, secando bem entre os dedos;
Colocar o paciente em decúbito lateral, com as costas voltadas para você, protegendo-a com
toalha, lavar, enxugar e secar;
Fazer massagem de conforto;
Colocar o paciente em posição dorsal;
Colocar a toalha de banho e comadre sob o paciente;
Oferecer a luva de banho para que o paciente possa fazer sua higiene intima (se tiver limitação,
calçar a luva e fazer a higiene para o paciente);
Lavar as mãos;
Vestir o pijama ou camisola;
Trocar a roupa de cama;
Recolocar o travesseiro e deixá-lo em posição confortável

Higiene de couro cabeludo

Material:
Idem ao banho de leito, incluindo uma bacia ou balde para despejar a água.

Procedimento:
Antes do banho no leito coloca-se um impermeável sob a cabeça, tirando o travesseiro;
Umedecer os cabelos;
Ensaboar os cabelos com xampu;
Enxaguar os cabelos, deixando escorrer a água pelo impermeável até a bacia ou balde;
Enxugar os cabelos com a toalha e depois, se necessário com secador;
Pentear os cabelos após o término do banho.

Higiene intima

Material:
Comadre, luvas de procedimento, jarro com água, toalha, papel higiênico, sabonete.

Procedimento:
Orientar o paciente;
Calçar as luvas;
Posicionar a comadre;
Fazer limpeza com papel higiênico, se necessário;
Umedecer a região pubiana;
Ensaboar a região;
Enxaguar a região;
Retirar a comadre;
Enxugar o paciente;
Deixar o paciente confortável;
Retirar a luva.

2. TROCA DO LEITO

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Os lençóis da cama de alguém que está acamado devem ser trocados depois do banho e sempre
que estiverem sujos ou molhados, para manter a pessoa limpa e confortável.

1. Separe todos os materiais que serão utilizados.


Use luvas de procedimento.
Oriente o paciente sobre o procedimento.

2. Remover as pontas dos lençóis de debaixo do colchão para soltá-los. O ideal é que a troca ocorra logo
após o banho, portanto, os lençóis já devem estar soltos.

3. Caso o procedimento seja realizado fora do momento do banho, retire o excesso de cobertas para
facilitar o manuseio do paciente.

4. Virar a pessoa para um dos lados da cama. (veja a descrição da técnica no item abaixo 10.3 –
movimentação no leito)
Garanta que a pessoa está protegida pela grade da cama, caso contrário, solicite que alguém fica ao lado
evitando risco de queda do paciente.

5. Enrolar os lençóis da metade livre da cama, em direção às costas da pessoa.


Se for o momento do banho, aproveite para secar o colchão.

6. Estender o lençol limpo na metade da cama que está sem lençol.

7. Virar a pessoa sobre o lado da cama que já tem o lençol limpo. Novamente atenção para evitar risco
de queda.

8.Remover o lençol sujo.


Limpe o colchão.
Estique o lençol limpo em toda a cama.

9. Posicione o paciente confortavelmente na cama.


Coloque as cobertas para manter o paciente aquecido.

10. Leve os lençóis sujos para a lavanderia ou coloque em local estipulado pela família.
Organize o ambiente.
Despreze as luvas.

3. MOVIMENTAÇÃO NO LEITO
Para movimentar uma pessoa acamada no leito o profissional, preferencialmente, deverá realizar
a técnica em duas pessoas. Isso trará mais segurança evitando-se queda do paciente e diminuindo o
risco de lesão no profissional por realizar atividade de esforço.
A técnica descrita abaixo também serve para subir o paciente no leito, pois é comum o paciente
“escorregar” e descer na cama em direção aos pés da cama.

Técnica para virar uma pessoa na cama


Orientar o paciente sobre o procedimento;
Use luvas de procedimento;
Colocando os seus braços por baixo do corpo do paciente (posição dorsal – abdome para cima)
posicione-o na beirada da cama. Primeiro posicione o tronco e depois os membros inferiores,
dividindo assim o seu esforço.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Estenda o braço da pessoa para que não fique embaixo do corpo quando virar de lado e coloque
o outro braço sobre o peito.
Cruze as pernas da pessoa colocando, por cima, a perna do mesmo lado da mão que está sobre
o peito.
Com uma mão no ombro e outra no quadril da pessoa, vire-a lentamente e com cuidado. Como
se estivesse puxando a pessoa para seu lado.
A pessoa deverá ser virada para o mesmo lado onde o profissional posicionou o braço dela
esticado.
Para este passo, o profissional deve colocar as pernas afastadas e uma à frente da outra,
apoiando um dos joelhos na cama.
Vire ligeiramente o ombro que ficou por baixo do corpo e coloque uma almofada nas costas,
impedindo que as costas caiam na cama.
Para deixar a pessoa mais confortável, coloque um travesseiro entre as pernas, outro por baixo
do braço que está em cima e uma almofada pequena debaixo da perna que está em contato com
a cama, acima do tornozelo.

4. TROCA DE FRALDAS
Oriente o paciente sobre o procedimento
Use luvas de procedimento
Deixe próximo ao leito todos os materiais necessários para realização do procedimento
Descolar a fralda e limpar a região genital com uma gaze ou lenços umedecidos, retirando a sujeira
da região genital em direção ao ânus, para evitar infecções urinárias;
Dobrar a fralda para que fique com a parte externa e limpa virada para cima;
Virar a pessoa para um dos lados da cama.
Limpar novamente a região genital e a região anal com outra gaze molhada em água e sabão ou
com lenços umedecidos, retirando as fezes com um movimento da região genital em direção ao
ânus;
Retirar a fralda suja e colocar uma limpa em cima da cama, encostada no paciente.
Secar a região genital e a região anal com uma gaze seca, toalha ou fralda de algodão;
Passar uma pomada para assadura, para evitar o surgimento de irritação na pele;
Virar a pessoa para cima da fralda limpa e fechar a fralda, tendo em atenção para não ficar muito
apertada.
Caso a cama seja articulada, é aconselhável que esteja elevada ao nível do quadril do profissional
e completamente na horizontal, para facilitar a troca da fralda.
Despreze o material usado
Deixe o paciente confortável
Deixe o ambiente organizado

5. MOBILIZAÇÃO

TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE PARA CADEIRA DE RODAS OU CADEIRA DE BANHO OU


POLTRONAS

Material:
Cadeira de rodas ou banho
Lençol para transferência

Procedimento:
Orientar o paciente sobre o procedimento
Efetuar o procedimento no mínimo em duas pessoas

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Lavar as mãos
Retirar o excesso de cobertas do paciente
Sentar o paciente na cama, o mais próximo da beira possível.
Orientar o paciente para manter os membros superiores sobre o abdome
Um profissional deverá segurar o paciente pela região torácica, com o braço sob a axila do
paciente
Outro profissional deverá segurar o paciente pelas pernas
Ao mesmo tempo o paciente deverá ser erguido e colocado sobre a cadeira
Posicionar o paciente confortavelmente
Nos casos de cadeiras de rodas e de banho, levar o paciente para seu destino
Repetir o processo para retornar o paciente para o leito

RESUMO
Nesse capítulo aprendemos técnicas básicas de higiene e movimentação do paciente.
As descrições das técnicas foram adaptadas em relação à prática hospitalar, por tratar-se de
procedimentos que serão realizados em domicílio.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO

1) (FAU, 2018) Os cuidados de enfermagem durante a higiene corporal no leito auxiliam na manutenção
da pele. Assinale outro objetivo da higienização do paciente realizado pelo técnico de enfermagem:
a) Ativar a circulação sanguínea com exercícios em membros superiores e inferiores.
b) Facilitar o relaxamento muscular e a segurança física do paciente.
c) Promover o conforto e o alívio das áreas de contato com o colchão.
d) Estimular a movimentação do paciente.
e) Todas as alternativas corretas.

2) (FUNDEP, 2018) Em relação ao banho e aos cuidados com a pele de pacientes, assinale a alternativa
incorreta.
a) O banho de leito completo é administrado ao paciente totalmente dependente, muitas vezes,
esgotando-o. É indicado avaliar a frequência cardíaca antes, durante e após a realização desse
procedimento para avaliação da tolerância física do paciente.
b) O banho de leito é o procedimento que proporciona limpeza mais completa para pacientes dependentes
e independentes.
c) Pacientes com a pele excessivamente ressecadas estão predispostos ao comprometimento cutâneo.
Deve-se evitar água quente demais, pois isso pode piorar o ressecamento da pele.
d) É recomendado colocar uma cadeira na área do chuveiro para pacientes com fraqueza ou falta de
equilíbrio.

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3) (IF-RN, 2012) Com relação ao banho no leito, marque a opção correta.


a) Tem por finalidade a limpeza da pele, promover relaxamento muscular e o alívio da fadiga e do
cansaço.
b) O método utilizado é fechar a porta do ambiente, sentar o paciente em uma cadeira, auxiliá-lo no que
for necessário, trocar as roupas da cama e fazer anotações no prontuário.
c) São materiais utilizados: cuba rim, roupas de cama, biombos, luvas, material de limpeza diária, jarra
com água morna.
d) O banho no leito é também chamado de banho de aspersão.

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

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Enfermagem na Assistência Domiciliar

Material de Apoio
Caderno de Atenção Domiciliar - Vol. 1 / Caderno de Atenção Domiciliar - Vol. 2 /
2012 2013

Estatuto da Criança e do Adolescente Saúde Mental na Infância - Identificação,


manejo e qualificação do cuidado

Diretrizes de Atenção à Pessoa com Orientações para o Cuidado com o Paciente


Síndrome de Down no Ambiente Familiar

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Estatuto do Idoso Cartilha de Cuidados Domiciliares: Nutrição


Enteral

Manual de Cuidados Paliativos Artigo de Revisão: Dispositivos auxiliares de


marcha

Manual de Hipodermóclise

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EAD
Disciplina 1 - ATENÇÃO DOMICILIAR INFANTO-JUVENIL

1. Conceitos, perspectivas e histórico da assistência domiciliar e home care


Os primeiros relatos sobre assistência domiciliar, de maneira formal e organizada, são feitos nos
Estados Unidos em 1947, quando enfermeiras passam a prestar assistência de saúde aos pacientes em
suas residências. Esse movimento torna-se mais frequente a partir de 1960.
No início a assistência domiciliar veio como alternativa aos hospitais lotados e as filas para
internação. Isso estava ocorrendo principalmente por ser um período pós-guerra mundial onde muitos
soldados precisam de atendimento de saúde por longos períodos e também pelo aumento da perspectiva
de vida, passando a ter muitos idosos com doenças crônicas e que também passavam a necessitar de
longos períodos de internação.
Com a evolução dos cuidados pode-se perceber que havia muitas vantagens na assistência
domiciliar, principalmente para os pacientes pois notou-se diminuição de infecções hospitalares, maior
conforto aos pacientes em suas residências, proximidade da família, ganhos emocionais e de qualidade
de vida, entre outras vantagens.
No Brasil a assistência domiciliar, de maneira formal e organizada, surge em 1986 no Rio de
Janeiro, voltada para atendimento específico de uma operadora de saúde.
Em 1990, é aprovada a Lei 8.080, em 19 de setembro, que trata das condições para promoção,
proteção e recuperação da saúde da população, como também a organização e o funcionamento de
serviços correspondentes, dando outras providências e regulamentando a assistência domiciliar no Brasil.
Depois de 1990 surgem no Brasil várias empresas privadas de assistência domiciliar, mas também
vários serviços vinculados a hospitais públicos.

2. Aspectos éticos e legais da atenção domiciliar


Alguns conceitos éticos predominam no enfoque da assistência domiciliar, como por exemplo:

Beneficência e não maledicência


o Beneficência está relacionado com fazer o bem. Quando pensamos em assistência
domiciliar precisamos pensar no que é melhor para o paciente, ou seja, o fato do paciente
estar em sua residência não devemos privá-lo de recursos adequados para sua
assistência. Atualmente é possível instalar equipamentos que antes somente poderíamos
ter acesso quando hospitalizados. Quando falamos em recursos também precisamos
lembrar de recursos humanos capacitados para atuar nessa área.
o Não maledicência está relacionado a não fazer mal. Nesse contexto é importante ressaltar
o preparo e capacitação do profissional que presta assistência domiciliar. A contratação de
profissionais menos capacitados, com o objetivo de economia financeira, pode gerar a
prestação de cuidados equivocados, podendo piorar o estado de saúde do paciente.

Justiça:
o A assistência domiciliar não pode ser vista apenas como uma oportunidade de liberar leitos
em um hospital.
o A assistência deverá ser planejada com avaliação das condições clínicas do paciente,
condições sociais, familiares, condições de moradia, condições financeiras, entre outro.
o Os hospitais não podem simplesmente transferir os custos de uma internação para a
família do paciente, sem que essa tenha condições para arcar com isso.

Autonomia:

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o Para que a decisão de transferir o paciente do hospital para assistência domiciliar a equipe
de saúde deverá junto com familiares e se possível com o paciente, avaliar as vantagens
e desvantagens, de maneira clara e objetiva.
o A decisão nunca deveria ser unilateral, visando apenas alguns aspectos.

Sigilo:
o Quando o profissional atua na residência de um paciente, com certeza ele terá informações
particulares e pessoais. Essas informações não dizem respeito à outras pessoas, portanto,
não devem ser comentadas com terceiros, mesmo que os comentários possam parecer
inocentes e inofensivos.
o Os pacientes em muitas situações fazem confidências para o profissional que está
prestando assistência. Caso seja informação que possa causar interferência em seu
tratamento, o profissional deverá encorajar o paciente a revelar. O profissional não pode
revelar informações sem o consentimento do paciente, salvo em situações que coloquem
em risco à saúde de outras pessoas ou tratar-se de casos de violência.

3. Desafios da atenção domiciliar: enfermagem x equipe x família


Sempre que envolvemos muitas pessoas em qualquer assunto, teremos conflitos para minimizar.
Esses conflitos são naturais ao ser humano, pois cada um tem uma história, uma experiência de vida,
além de crenças e valores.
Em qualquer situação de conflito o natural é tentarmos fazer prevalecer nossas ideias e opiniões.
Quando pensamos em assistência domiciliar as pessoas envolvidas devem ter um foco único que
é o bem-estar do paciente, se todos os envolvidos tiverem o mesmo foco, os conflitos e desafios serão
minimizados e tudo ocorrerá dentro de conceitos éticos e de respeito mútuo.

DISCIPLINA 2 - ATENÇÃO DOMICILIAR DO ADULTO E IDOSO

1. Violência Contra Pacientes em Atendimento Domiciliar


Infelizmente a violência está presente em muitas residências. A presença de um profissional nem
sempre causa diminuição dos atos de violência.
É importante que os profissionais que atuam em residência tenham conhecimento sobre as
medidas legais a serem adotadas em caso de violência e denunciar caso tenha conhecimento de
situações de violência.
Atenção quanto a acusações, não cabe ao profissional acusar nenhuma pessoa, o correto é
denunciar e o serviço de polícia fará as investigações e apurações necessárias.
Atenção para situações onde familiares e o próprio paciente manipulem o profissional, fazendo-o
acreditar em fatos inverídicos.
Em muitas situações a violência é direcionada ao próprio profissional e nesse caso, denunciar
também é a estratégia correta.

2. Processo de Transição da população: epidemiológica e demográfica


O envelhecimento e o aumento da perspectiva de vida da população trouxeram um fenômeno
conhecido como transição demográfica.
Segundo Brito (2008) a transição demográfica é um dos fenômenos estruturais mais importantes
que tem marcado a economia e a sociedade brasileiras desde a segunda metade do século passado.
Junto com o envelhecimento houve um aumento no número de pacientes portadores de doenças
crônicos degenerativas, invalidez, como também pessoas com diversas patologias associadas.
Laurenti (1990) define como transição epidemiológica o processo de mudança na incidência ou na
prevalência de doenças, bem como nas principais causas de morte, ao longo do tempo.

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Segundo Miguel (2007) a transição epidemiológica refere-se às modificações, em longo prazo,


dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em
geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas.
O Brasil vem demonstrando transição em seu perfil populacional, prevendo-se que no ano de
2025, ocupará o sexto lugar entre os países com maior quantitativo de idosos, qual sejam pessoas com
mais de sessenta anos de idade.

Fonte: edisciplinas.usp.br

3. Estatuto do idoso / Criança e adolescente - leis de direito do paciente


O Estatuto do Idoso foi criado através da LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. Foi
elaborado com o objetivo de garantir os direitos de todos os idosos com idade superior a 60 anos.
Alguns de seus artigos merecem destaque:
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na
forma da lei.
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde,
contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo
de saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criado através da LEI Nº 8.069, DE 13 DE


JULHO DE 1990. Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Alguns artigos merecem destaque:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.
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