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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

ANDRESA BARBOSA GUIMARÃES


BÁRBARA LIMA COSTA LAVINSHY
THUANI PIRES COELHO DA COSTA
JONATAN DE AZEVEDO ZEBENDO

Compulsão alimentar em indivíduos adultos: causas e efeitos

NOVA FRIBURGO
2021
ANDRESA BARBOSA GUIMARÃES
BÁRBARA LIMA COSTA LAVINSHY
THUANI PIRES COELHO DA COSTA
JONATAN DE AZEVEDO ZEBENDO

Compulsão alimentar em indivíduos adultos: causas e efeitos

Artigo Científico apresentado ao Curso de Gra-


duação em Nutrição da Universidade Estácio
de Sá como parte dos requisitos para aprova-
ção da disciplina de Trabalho de Conclusão
de Curso, com orientação da Professora Ana
Cristina Teixeira Santos, Mestre em Alimenta-
ção, Saúde e Nutrição pela UERJ

Orientador: Ana Cristina Teixeira Santos

NOVA FRIBURGO
2021
Resumo

Este presente trabalho tem como objetivo identificar estudos sobre a prevalência
de episódios de compulsão alimentar e a associação com excesso de peso corporal, auto
percepção e satisfação corporal em adultos. As fontes de dados para pesquisa foram a
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – LILACS (literatura Latino americano e do Caribe em
Ciências da Saúde) e Scielo - Scientific Electronic Library Online e Pub Med - Biblioteca
Nacional de Medicina dos Estados Unidos. Foram observados que há relação da compulsão
alimentar está ligada a fatores diversos, destacando problemas emocionais graves, como
estresse, baixa autoestima, comer por conforto, entre outros motivos. Ao identificar as
causas que geraram esse transtorno alimentar, o papel do nutricionista junto a equipe
multidisciplinar é muito importante para que haja um acompanhamento nutricional além do
controle dos impulsos alimentares.

Palavras-chave: compulsão alimentar, tratamentos, causas, consequências.


Abstract

This study addresses eating disorders, focusing on bingeing, which is related to the
act of eating, for a certain period of time and, discontinuously, an amount of food that is
definitely higher than what most people would eat in similar time and circumstances. The
objective is to discuss what are the causes that lead to the development of this eating
disorder, as well as the consequences that they generate and the treatments that can be
submitted. This is a literature review, looking for articles. It was possible to conclude that
there is a way to offer a better quality of life to people who are compulsive about eating,
if they are submitted to appropriate treatments with specialized professionals, such as a
nutritionist.
Keywords: Binge Eating, Treatments, Causes, Consequences.
Lista de tabelas

Tabela 1 – Principais consequências da Compulsão Alimentar . . . . . . . . . . . . 14


Tabela 2 – Tratamentos para a Compulsão Alimentar . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Lista de abreviaturas e siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BVS Biblioteca Virtual de Saúde

CM Centímetro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC Índice de Massa Corporal

LILACS Literatura Latino Americano em Ciências de Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

PNS Pesquisa Nacional de Saúde

PubMed Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos

SCIELO Scientific Eletronic Library Online

TCA Transtorno de Compulsão Alimentar

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde )


Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.1.1 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3 Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.1 DISTÚRBIOS ALIMENTARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.1.1 ETIOLOGIAS DA COMPULSÃO ALIMENTAR . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.1.2 CONSEQUÊNCIAS DA COMPULSÃO ALIMENTAR . . . . . . . . . . . 13
3.1.3 TRATAMENTOS PARA A COMPULSÃO ALIMENTAR . . . . . . . . . . . 15
3.1.4 COMPULSÃO ALIMENTAR EM TEMPOS DE PANDEMIA . . . . . . . . 16
3.2 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
7

1 Introdução

A obesidade está entre um dos mais graves problemas de saúde pública na atua-
lidade. Ela é uma doença multifatorial e está associada a fatores genéticos, endócrinos,
ambientais, sociais, além de fatores psicológicos e psiquiátricos (KLOBUKOSKI; HOFEL-
MANN, 2017).
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2014, 39% da população
mundial adulta estava acima do peso. No Brasil os dados da Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS) revelaram que 56,9% dos indivíduos adultos estavam acima do peso , no ano de
2013, sendo que desses, 20,8% estavam obesos (BRASIL. IBGE, 2020).
Estudos feitos por Malta et al. (2014) apontam que entre as causas de óbito analisa-
das, as mais frequentes foram as doenças cardiovasculares (30,4%), as neoplasias (16,4%),
as doenças respiratórias (6%) e o diabetes (5,3%), portanto, a obesidade está associada ao
aumento do risco de morbimortalidade e redução da expectativa de vida, além de prejuízos
individuais e sociais e gastos crescentes com o tratamento de suas consequências.(MALTA
et al., 2014) Estima-se que de 2 a 6% dos gastos mundiais em tratamentos de saúde estão
relacionados às condições referentes a obesidade (GENEVA. World Health Organization,
2018).
Esse aumento está relacionado diretamente ao estilo de vida, sedentarismo e con-
sumo alimentar, através da alta ingestão de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras,
sal e açúcares em detrimento do consumo de alimentos in natura e minimamente processa-
dos (BRASIL. Ministério da Saúde, 2014).
A busca por um modelo de “corpo padrão” associado a uma insatisfação com a
imagem corporal, poderá desencadear transtornos psicológicos, devido à discriminação
sofrida pelos indivíduos obesos. Durante a tentativa de redução do peso corporal, através
da restrição alimentar, poderão surgir episódios de compulsão alimentar (KLOBUKOSKI;
HOFELMANN, 2017).
O transtorno da compulsão alimentar (TCA) é caracterizado por episódios de ingestão
de uma quantidade de alimentos que é definitivamente maior em relação ao que a maioria
das pessoas comeria em tempos e circunstâncias similares. Sendo, portanto, caracterizada
por uma sensação de perda de controle sobre o ato de comer, em que o indivíduo não
consegue parar de comer, ou controlar, o que ou quanto está comendo. Os episódios de
compulsão ocorrem no mínimo, em 2 dias da semana por 6 meses (CUPPARI, 2014a). Além
dos sintomas alimentares, existem outros critérios para o diagnóstico como a presença de
sentimentos de tristeza, vergonha, culpa e uma evidente angústia (CORDÁS; KACHANI,
2010).
Os aspectos psicológicos podem comprometer a adesão ao tratamento, sendo assim
o diagnóstico precoce e as intervenções no tratamento da compulsão alimentar visam à
prevenção das formas mais graves de obesidade, evitando o ganho acelerado de peso
Capítulo 1. Introdução 8

desses indivíduos(KLOBUKOSKI; HOFELMANN, 2017).


O intuito do tratamento de pessoas com TCA é ajudar o paciente a entender e
perceber os sinais de fome e saciedade, melhorar as atitudes diante do alimento e entender
a importância de melhorar suas práticas alimentares, abordando a educação alimentar e o
aconselhamento nutricional(CUPPARI, 2014b).

1.1 Justificativa

Estimativas feitas pela OMS em 2018, apontam que 1,9 bilhões dos adultos apresen-
tavam excesso de peso, sendo que há uma expressiva contribuição dos casos decorrentes
de distúrbios alimentares(GENEVA. World Health Organization, 2018).
A compulsão alimentar afeta a qualidade de vida dessas pessoas, dificultando
a perda de peso, causando insatisfação com a imagem corporal, maior distância entre
o peso desejado e o real, maiores índices de ansiedade e depressão. Alguns estudos
apontam que indivíduos obesos com compulsão alimentar adquirem um ganho maior de
peso um ano antes da busca por tratamento do que indivíduos obesos sem esse transtorno
(KLOBUKOSKI; HOFELMANN, 2017).
Dessa forma, o tema que será abordado no presente estudo justifica-se na impor-
tância de discutir sobre a compulsão alimentar na fase adulta, considerando a sua elevada
abrangência e, com o propósito de colaborar em informativos, bem como incentivar novos
estudos no segmento.

1.1.1 Objetivo

Identificar a produção científica e os conhecimentos disponíveis sobre a preva-


lência de episódios de compulsão alimentar e sua associação com o excesso de peso,
autopercepção e satisfação corporal, especificamente na fase adulta.

1.1.1.1 Objetivos específicos

• Discorrer informações sobre distúrbios alimentares;

• Compreender quais sãos as principais causas da compulsão alimentar em pessoas


com idade acima de 18 anos;

• Definir as principais consequências;

• Apresentar estratégias efetivas no tratamento dessa comorbidade.

• Fazer um paralelo entre a compulsão alimentar e o cenário de pandemia mundial -


Coronavírus.
9

2 Metodologia

O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura sobre o tema: compulsão


alimentar em indivíduos adultos: causas e efeitos, realizada no ano de 2020/2021. Para
pesquisa dos artigos foram utilizadas as bases de dados Scientific Eletronic Library Online
(SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed). Foram utilizadas para
as buscas de artigos nas bases de dados, as seguintes combinações de palavras-chave:
compulsão alimentar, obesidade, transtornos alimentares, causas e tratamento.
Os artigos selecionados para a revisão foram publicados desde 2010 até a presente
data, com exceção daqueles que envolviam conceitos originais, sendo necessário abranger
o período de pesquisa, devido a dificuldade para encontrar artigos recentes no tema
escolhido. Foram selecionados os artigos escritos na língua portuguesa e língua inglesa.
10

3 Resultados e Discussão

3.1 DISTÚRBIOS ALIMENTARES

Distúrbios alimentares são normalmente causados em decorrência de uma pre-


ocupação excessiva com o peso e a aparência do corpo, apresentando características
como passar várias horas sem se alimentar, fazer uso frequente de laxantes e evitar sair
para comer em locais públicos e, podem trazer consequências graves para a saúde, como
problemas nos rins, no coração e até morte (ZANIN, 2021).
A partir de aspectos sensoriais, perceptivos, cognitivos e afetivos forma-se a imagem
corporal, estes que através de fatos vividos ao longo dos anos, tornam-se uma alusão do
corpo, de si mesmo e para o outro, em relação ao que foi criado pela mente os vários
sentidos juntos, audição, tato, paladar e visão. Dá-se então a representação do próprio
corpo construído e constituído através da mente e de si mesmo (MATARUNA, 2004) .
Desde o nascimento, em uma estrutura complexa e subjetiva, que passa por modifica-
ções que refletem na construção contínua e reconstrução incessante, há o desenvolvimento
da imagem corporal. As experiências que determinam a imagem corporal, auxiliam na
modelação de um esquema que refletirá na adolescência e na vida adulta (SILVA, 2018).
A cultura dos padrões de beleza foram mudando ao longo dos anos, hoje a beleza,
em muitos casos, representa sucesso pessoal e profissional. Dessa forma, existe uma
perseguição à perfeição do corpo devido à apreciação do corpo magro e a pressão para
emagrecer que, associadas aos fatores biológicos, psicológicos e familiares, geram uma
preocupação com o corpo e um medo patológico de engordar(CARVALHO; AMARAL;
FERREIRA, 2009) .
Neste contexto, a imagem corporal está diretamente relacionada ao contentamento
com o próprio peso corporal, que remetem ao falso bem-estar e qualidade de vida. Assim,
podendo desencadear os transtornos alimentares podem em função do descontentamento
com o próprio corpo. O padrão a ser imitado que a sociedade impõe pode constituir um
modelo de preocupações com as medidas corporais, dietas excessivas, comportamentos
não-saudáveis de controle de peso e compulsões alimentares (FERNANDES, 2007).

Dentre os principais tipos de transtorno alimentar, Biernath (2020) ressalta:

1) 1) 1)
Anorexia: “Trata-se de uma condição mental com a mais alta taxa de mortalidade,
pois provoca uma perda de peso muito rápida”. Os pacientes começam a restringir
o consumo de alimentos que eles consideram muito calóricos e esses cortes
ficam cada vez maiores. Ao mesmo tempo, distorcem a própria imagem corporal e
continuam a achar que estão gordos.
Capítulo 3. Resultados e Discussão 11

Bulimia: “Na bulimia, há dois momentos: primeiro, um exagero no consumo de


determinados produtos. Na sequência, o sujeito se sente culpado por ter ingerido
tudo aquilo e encontra alguma maneira de expurgar aquelas calorias.
Compulsão alimentar: questão é o exagero mesmo: a pessoa devora uma quan-
tidade enorme de comida. Alguns chegam a ingerir de 4 mil a 15 mil calorias
em poucos minutos — a média recomendada para um adulto saudável são 2 mil
calorias por dia. Neste transtorno, não acontece nenhuma tentativa para eliminar
esses alimentos, como vômitos ou remédios. Esses ataques súbitos de gulodice
são motivados por dilemas emocionais, como ansiedade e estresse.
Tare - Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo: É o quadro típico de crianças
que se recusam a comer um grupo alimentar específico por motivos que vão de
aparência e cor a odor, textura, temperatura e paladar. Há quem não experimente
nada que seja amarelo, outros fogem de purês e papas, um terceiro grupo evita
frutas e verduras, e assim por diante.
Ruminação: sujeito regurgita um pouco do que comeu na última refeição e mastiga
novamente. Parte dos portadores cospe o conteúdo, enquanto outra parcela engole
uma segunda vez. Esse processo se repete praticamente todos os dias e não está
relacionado a nenhuma outra condição médica, como o refluxo gastroesofágico.
Pica: em latim, pica é o nome de um pássaro muito comum em parte da Europa.
Esse bicho come praticamente qualquer coisa. Os indivíduos com essa síndrome,
apresentam um comportamento parecido: eles ingerem itens que não são consi-
derados alimentos de verdade, como moedas, terra, argila, carvão, tecidos, além
disso, entram na descrição os casos de quem engole ingredientes sem nenhum
preparo, como farinhas e batatas cruas.
Ortorexia: A ortorexia, que ainda não é um transtorno alimentar reconhecido por
toda a comunidade científica, vem da junção dos termos gregos “orexis” (apetite)
e “orthos” (correto). O que pega aqui é a obsessão por alimentos saudáveis, puros
e naturais
Vigorexia: A obsessão na ideia de um corpo perfeito, com músculos fortes e
torneados. “Esse não é um transtorno alimentar clássico, mas, sim, uma dismorfia
corporal que tem uma ligação com as fobias”.
Diabulimia: Diabulimia é a junção de diabetes com bulimia.
Drunkorexia: hábito de substituir a comida por bebidas como uma maneira de
inibir o apetite e, assim, emagrecer. O consumo de doses é alto: são cinco ou seis
drinques em menos de duas horas.
Fatorexia: transtorno inverso da anorexia. “O sujeito não se enxerga gordo, mesmo
com todas as mudanças no tamanho de roupas e medidas corporais”. Para piorar,
ele persiste em hábitos nocivos à saúde e não vê motivo para procurar apoio
profissional.
Pregorexia: O conceito é recente e abrange qualquer transtorno alimentar que
ocorra ao longo dos nove meses de gestação. Pode ser anorexia, bulimia, compul-
são alimentar, ortorexia. . . “Muitas das mulheres ficam extremamente preocupadas
com a questão do peso e da alimentação durante esse período e acabam caindo
em armadilhas, como dietas restritivas, indução de vômitos ou atividades esporti-
vas (BIERNATH, 2020).

Portanto, o surgimento e o crescimento dos distúrbios estão associados a certos


aspectos do padrão de beleza corporal atual, cujas regras são utilizadas na construção
social do corpo, onde é identificado uma estreita associação entre a incidência dos distúrbios
alimentares e a sua evolução e as características desse padrão, cujas marcas distintivas
Capítulo 3. Resultados e Discussão 12

são: a sobrevalorização da magreza; a apologia de uma imagem fisicamente perfeita, sem


traços de envelhecimento, e que deve possuir certas características estereotipadas (FALK,
1994) (WOLF, 1994). Os autores ainda afirmam que as pessoas que interiorizam mais
as regras e pressupostos deste modelo, assim como das preocupações sociais com o
corpo, com a sua magreza e com os meios de alcançar, têm uma probabilidade maior de
desenvolver distúrbios alimentares.
Por outro Lupton (1996) responsabiliza a forma como o corpo é perspectivado
como um objeto, alvo de mudanças constantes e rasas, sobre o qual se exerce disciplina,
sobretudo através do controle dos hábitos de consumo alimentar, ou seja, pela dieta, que
passa a exercer um papel de regulador do corpo, usado com o objetivo de impor disciplina
no comportamento individual(LUPTON, 1996).

3.1.1 ETIOLOGIAS DA COMPULSÃO ALIMENTAR

A compulsão é caracterizada pela ingestão de alimentos, com exageros, ainda que


a pessoa não sinta fome ou necessidade física do alimento. Normalmente, quem sofre com
esse distúrbio não controla a necessidade de comer em grandes quantidades em pouco
tempo (PIVETTA; GONÇALVES-SILVA, 2010).
Segundo Fontes (2017) a etiologia está associada aos aspectos socioculturais, sem
desprezar os fatores biológicos, psicológicos e familiares(FONTES, 2017).
Melek e Maia (2008) destacam que os episódios de compulsão alimentar estão
associados pelo menos à três destes itens:(MELEK; MAIA, 2008)

1) Comer mais rápido do que o usual;

2) Comer até se sentir inconfortavelmente “cheio”;

3) Comer grandes quantidades de comida, sem sentir fome;

4) Comer sozinho por se sentir constrangido com a quantidade que está comendo;

5) Sentir-se decepcionado, deprimido, ou sentindo-se culpado após a super ingestão.

Segundo Freitas et al. (2011) as principais causas do distúrbio de compulsão alimentar são:

• Dietas rígidas: após dietas muito rígidas há o risco de a pessoa desenvolver a


compulsão alimentar. Muitos especialistas afirmam que estas dietas deixam as
pessoas deprimidas e privadas de diversos alimentos e que isso aumenta o desejo
por comidas que elas não poderiam comer.

Além disso, outras pesquisas apontam que as dietas muito restritas levam ao impulso
por comer, sentimento de desânimo e incapacidade de parar de comer quando saciado.
Capítulo 3. Resultados e Discussão 13

• Comer por conforto emocional: pessoas que comem de forma compulsiva normal-
mente tem mudanças emocionais como gatilho. Alguns exemplos são: passar por
términos de relacionamentos, situações de aflição e angústia. Entretanto, situações
de empolgação e euforia também podem resultar em compulsão alimentar.

• Estresse: a compulsão alimentar pode ser uma maneira da pessoa lidar com o
estresse, depressão e ansiedade, como uma tentativa de válvula de escape.

• Baixa autoestima: problemas com a imagem corporal e baixa autoestima têm ligação
direta com o descontrole em comer. Afinal, pessoas com compulsão alimentar
normalmente não gostam de sua aparência. Elas constantemente pensam que
deveriam comer menos, mesmo que não consigam fazer algo a respeito disso.

A consequência da pessoa se sentir constantemente gorda e com medo de ganhar


mais peso são tentativas contínuas de compensar com dietas malucas, passando fome,
tomando medicamentos para emagrecer, entre outros e isso pode levar a problemas ainda
piores.

• Problemas emocionais mais graves: casos de compulsão alimentar associado a


outras práticas, como vomitar após comer, bulimia ou ingerir laxantes, podem estar
ligados a traumas no passado como abuso sexual, negligência emocional, entre
outros (FREITAS et al., 2001).

3.1.2 CONSEQUÊNCIAS DA COMPULSÃO ALIMENTAR

A aparência física pode ser afetada por conta da compulsão alimentar, tendo con-
sequências emocionais e impactos severos na interação social da pessoa. Isso porque é
comum que indivíduos que estão passando por esse problema não mantenham vida social
ativa por vergonha ou medo do descontrole alimentar na frente de outras pessoas, como
familiares e amigos (CEZAR, 2011). Os principais sintomas são descritos na Tabela 1.
Tabela 1: Principais consequências da Compulsão Alimentar
Capítulo 3. Resultados e Discussão 14

Tabela 1 – Legenda

Geralmente, a pessoa que desencadeia a compulsão


alimentar não tem os “ataques de compulsão” todos os
dias, mas em dias intercalados. Dessa forma, as
OBESIDADE oscilações entre os níveis de ingestão calórica
comprometem a regularização do metabolismo, o que
favorece o depósito de gordura (AUGUSTO, 2019).

Resultados de estudo feito por Garcia et al. (2018)


mostraram que o comportamento de compulsão alimentar
esteve presente em 18% dos pacientes com doenças
DOENÇAS CARDÍACAS
cardiovasculares, estando associado à elevação de IMC e
à ansiedade (GARCIA et al., 2018).

A compulsão alimentar pode desregular o metabolismo da


glicose, o que aumenta as chances de desenvolver a
Diabetes tipo 2. Além disso, o indivíduo que apresenta
essa comorbidadepode desencadear uma preocupação
excessiva com a dieta, apresentandocomportamentos de
controle sobre a alimentação e o peso comum aos
pacientes portadores de transtornos alimentares.
(RAEVUORI et al., 2014). Estudos feitos por AZEVEDO
DIABETES TIPO 2
etal(2002), encontraram uma prevalência de 10% a 14% de
compulsão alimentar em pacientes diabéticos tipo 2. Ainda
que a associação entre compulsão alimentar e diabete tipo
2 não esteja definitivamente estabelecida na literatura,
muitos autores confirmam a alta prevalência de sintomas
em pacientes diabéticas.(AZEVEDO; PAPELBAUM; D’ELIA,
2002).

A compulsividade na alimentação pode reduzir a


capacidade respiratória, com isso, a diminuição do oxigênio
pode aumentar os problemas cardíacos edeixar o indivíduo
DIFICULDADES RESPIRATÓRIAS propício a desenvolver terríveis condições respiratórias,
como fibrose pulmonar, pneumonia e tosse
crônica.(AUGUSTO, 2019).

Este problema de saúde pode ser desencadeado,


principalmente, quando a alimentação compulsiva está
CÁLCULO RENAL ligada com comidas ricas em cálcio, assim há o
desenvolvimento de pedras nos rins (JUSTE, 2020).

Para Range (2011) a ansiedade é o tema central da


compulsão alimentar, porque torna circular o
comportamento dos que sofrem com esse mal. Dados
ANSIEDADE estatísticos brasileiros mostram que 40% da população
TRANSTORNOS apresentam essa síndrome de compulsão
EMOCIONAIS alimentar.(RANGE, 2011)

Nunes et al. (2002) enfatiza que os comedores


DEPRESSÃO compulsivos têm mais tendência à depressão, bem como
outros transtornos psicológicos.(NUNES, 2002)
Capítulo 3. Resultados e Discussão 15

Outras consequências ainda são destacadas por (PIMENTA, 2018):

• Apneia do sono

• Hipertensão e níveis de colesterol alto;

• Gastrite;

• Hérnia de hiato;

• Infertilidade;

• Problemas vasculares;

• Outros distúrbios alimentares como a bulimia ou anorexia;

• Transtorno obsessivo compulsivo.

3.1.3 TRATAMENTOS PARA A COMPULSÃO ALIMENTAR

Especialmente quando é identificada e tratada no início e, com apoio profissional


de um psicólogo e orientação nutricional, a compulsão alimentar tem cura. O psicólogo
contribui na identificação da razão que desencadeou a compulsão, podendo reduzir os
sintomas e garantir melhora na qualidade de vida e bem-estar da pessoa, enquanto o apoio
do nutricionista é importante para que a pessoa não possua deficiências nutricionais e
possa controlar seus impulsos alimentares e aprender a comer sem medo de engordar
(ZANIN, 2021)
A Tabela 2 aborda as principais estratégias para lidar com a compulsão alimentar e
reduzir seus sintomas.

Tabela 2: Tratamentos para a Compulsão Alimentar


Capítulo 3. Resultados e Discussão 16

Tabela 2 – Legenda

Reduzir a quantidade de alimentos de forma drástica ou mesmo parar


de comer não é a solução para controlar a compulsão alimentar, pelo
contrário, seguir dietas restritivas aumentam os episódios de
compulsão, porque excluir algum grupo alimentar como carboidratos e
EVITAR DIETAS
proteínas desequilibra a alimentação e aumenta a fome, além de não
RESTRITIVAS
ter um efeito duradouro. Sabe-se que em dietas muito restritivas, o
cérebro entra em estado de alerta e aumenta a fome para se
proteger(CERQUETANI, 2019).

Diversas alterações hormonais no organismo, que podem levar ao


aumento da fome e diminuem a saciedade, são provocadas por
poucas horas de sono. O controle do sono pode melhorar a ansiedade
TER SONO DE noturna e acalmar os sintomas da compulsão alimentar. Além disso,
QUALIDADE em muitos casos, as pessoas compulsivas aproveitam as horas de
insônia para consumir grandes quantidades de alimentos, o que
agrava muito a situação (BIERNATH, 2020).

A inclusão de exercícios físicos na rotina pode ajudar a controlar a


compulsão alimentar e ainda na diminuição do peso. A atividade física
PRATICAR ATIVIDADES
regular fornece uma sensação de prazer e bem-estar, que pode ser
FÍSICAS
buscada na alimentação pelos compulsivos (CERQUETANI, 2019).

Priorizar a ingestão de frutas, verduras, hortaliças e gorduras boas,


pois, são opções que dão saciedade por mais tempo. Devendo ser
INGERIR ALIMENTOS
ingeridas no início das refeições, acompanhadas de uma quantidade
RICOS EM FIBRAS
suficiente de água para hidratá-las (CHAVES, 2018).

Estudo feitos por (DRUCORT et al., 2017)realizado com mais de 40


mil adultos comprovou que planejar as refeições, contribui para
melhorar a qualidade da dieta, variar os nutrientes e diminuir o risco
PLANEJAR AS de obesidade. Desta forma se faz necessário organizar e preparar
REFEIÇÕES refeições mais saudáveis com calma e planejamento, além de ajudar
a controlar o tamanho das porções e evitar um episódio de compulsão
alimentar.

Elaborado pelo autor

3.1.4 COMPULSÃO ALIMENTAR EM TEMPOS DE PANDEMIA

Com o prolongamento do isolamento social em virtude da pandemia que perdura


desde 2020, deixando as pessoas por mais tempo em casa, cresce a preocupação com a
Capítulo 3. Resultados e Discussão 17

ansiedade e tudo o que ela acarreta para a saúde mental e física. Uma dessas causas é
o descontrole alimentar, levando muitas pessoas a usar a comida como uma tentativa de
combate à ansiedade (FERREIRA, 2020)
Em estudos feitos pela (FAPERJ, 2020) o transtorno alimentar mais comum é a
compulsão alimentar, relacionada ao sobrepeso e, muitas vezes, à obesidade. Esta, por
sua vez, é um dos fatores de risco para o agravamento da Covid-19 (doença causada pelo
novo Coronavírus), levando à necessidade de hospitalização, assim como outras condições
de risco associadas, como diabetes e hipertensão. Isso significa dizer que, em pacientes
obesos, as chances são aumentadas de a infecção se desenvolver rapidamente para a
síndrome respiratória aguda grave, insuficiência respiratória aguda e outras complicações.

3.2 Considerações Finais

A manifestação dessa compulsividade alimentar está ligada há vários fatores, dentre


os quais se destacam, os problemas emocionais graves, baixa autoestima, dietas rígidas,
comer por conforto, estresse entre outros motivos. No entanto, uma vez identificado as cau-
sas que geraram o desenvolvimento deste transtorno alimentar, se torna possível submeter
o paciente ao tratamento que irá aliviar os sintomas e, consequentemente, contribuirão
numa qualidade de vida melhor.
Ao que tange a relação da obesidade com a compulsão alimentar, fica evidente
que esse transtorno poderá levar ao aumento de peso e ser um agravante para o desen-
volvimento de outras comorbidades. O fato do comer emocional, estresse, percepção da
imagem corporal de forma errônea e baixa autoestima, também poderão, se tornar um gati-
lho para desenvolvimento de distúrbios alimentares como anorexia, bulimia entre diversos
outros distúrbios. Enfatiza-se a importância da realização de mais estudos que auxiliem os
profissionais na análise dos aspectos individuais de cada paciente, com uma visão mais
humanizada e que promova o sucesso no tratamento.
18

Referências

AUGUSTO, T. Consequências da compulsão alimentar (Transtorno Compulsivo Alimentar),.


Telavita, 2019.

AZEVEDO, A. P.; PAPELBAUM, M.; D’ELIA, F. Diabetes e transtornos alimentares: uma


associação de alto risco. Brazilian Journal of Psychiatry, 2002.

BIERNATH, A. Os 12 principais tipos de transtorno alimentar, de anorexia a


compulsão. Revista Digital Saúde Abril, fevereiro 2020. Disponível em: <https:
//saude:abril:com:br/alimentacao/principais-tipos-transtorno-alimentar/> .

BRASIL. IBGE. Atenção primária à saúde e informações antropométricas. Pesquisa


Nacional de Saúde 2019, Rio de Janeiro, 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Secretaria de


Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 2ª ed., Brasília, p. 156 –, 2014.

CARVALHO, R. S.; AMARAL, A. C. S.; FERREIRA, M. C. Transtornos alimentares e imagem


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