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ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM DISPENSAÇÃO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MANIPULAÇÃO E QUALIDADE


X
ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CUIDADO À SAÚDE
ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CICLO DA ASSISTENCIA
FARMACEUTICA

RELATÓRIO

ALUNO: Camilla Regina Machado NOTA DO RELATÓRIO:____


RA: 004201902011 SEMESTRE: 6° TURNO: Not
CURSO: Farmácia ______________________________________
SUPERVISOR DE ESTÁGIO: Raquel Silva SUPERVISOR DE ESTÁGIO ___ / ___ / ___

Campus: Campinas Swift


OBJETIVO

O objetivo do estágio foi proporcionar a vivência profissional farmacêutica dentro da farmácia de


manipulação. Conhecer as diversas atividades e técnicas nos laboratórios de sólidos, semi-sólidos e
líquidos, homeopatia. Observar também o armazenamento, controle e reposição de estoque.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

• Laboratório Sólidos

Nesse laboratório são realizados medicamentos sólidos como cápsulas e comprimidos. Para a
manipulação desses produtos é necessário muito conhecimento em farmacotécnica. A manipulação de
cápsulas é dividida em partes: pesagem e encapsulamento. Depois do medicamento tecnicamente
elaborado e obtido é realizado o peso médio e desvio padrão.

Pesagem: A etapa de pesagem é onde os ativos e coadjuvantes farmacotécnicos são pesados em uma
balança analítica de acordo com a ficha de pesagem que é enviada e conferida pelo farmacêutico.
Nessa ficha estão todas as informações da dose e do princípio ativo para manipular o produto. Porém,
não é tão simples assim porque é necessário saber qual a característica físico-química daquele insumo
farmacêutico ativo, por exemplo, se ele é higroscópico vou usar um excipiente diferente caso o IFA não
for higroscópico. Portanto, para cada ativo que se está trabalhando, se utiliza uma técnica diferente. A
escolha do excipiente depende dos seguintes fatores: dose, solubilidade, tamanho e forma da partícula,
tamanho da cápsula e compatibilidade.
Porém, para todas as fórmulas que serão pesadas você deve utilizar grau e pistilo para triturar os pós e
também usar o tamis. Esse processo serve para reduzir o tamanho das partículas e padroniza-las.
Nessa fase realiza-se muitos cálculos para saber se será utilizado aquele tamanho de cápsula que está
na ficha de pesagem e também ver a quantidade de excipiente que será utilizado.

PESAGEM MONITORADA

Encapsulamento: É onde ocorre a manipulação de cápsulas, o pó já foi pesado na etapa pesagem e


chega até a bancada junto com a ficha de pesagem do paciente. Nela você tem as informações
necessárias para conseguir manipular as cápsulas. É uma etapa que precisa de muita atenção e
agilidade também, as cápsulas devem estar com o peso igual/semelhante entre si para não ser
prejudicial ao paciente, isto é, devem estar distribuídas igualmente. Necessita também de muita técnica.
• Técnica de manipulação: Você vai pegar a base encapsuladora do tamanho da cápsula que será
manipulada, os palitos que também devem ser do mesmo tamanho da base e servem como apoio,
montar as cápsulas nessa base de acordo com a quantidade desejada. Abrir cada cápsula e
despejar o pó sobre as cápsulas abertas, feito isso você deve utilizar uma espátula para espalhar o
pó dentro das cápsulas até encher, porém ainda sobrou pó dentro do plástico aonde está alojado,
portanto deve se bater com firmeza a base encapsuladora sobre a bancada para o pó possa ceder
e você continuar colocando o ativo dentro de cada cápsula. Ao encher todas igualmente, basta
fechá-las e lacrá-las, limpar e colocar dentro do pote junto com a ficha de pesagem e enviar para o
desvio padrão.

IMAGEM ILUSTRATIVA DE ENCAPSULAMENTO

Na ficha de pesagem, vem as informações como nome do paciente, prescritor, n° da requisição,


posologia, cor da cápsula e quantidade, tamanho da cápsula (varia de 000 a 5), concentração do
princípio ativo, quantidade do excipiente, assinatura de quem encapsulou e quem manipulou, etc.

IMAGEM ILUSTRATIVA RETIRADA DA INTERNET

• Desvio padrão e/ou peso médio: Através dessa análise, é possível verificar o coeficiente de
variação e os desvios das cápsulas. Em outras palavras, é pesado 10 cápsulas e compara com o
valor do peso médio, caso essas 10 capsulas estiverem muito diferentes do peso real, a fórmula
está reprovada. É necessário realizar um cálculo para saber qual o peso médio daquela cápsula.
Soma o valor do peso médio + total da MP + peso da cápsula vazia dividido pela quantidade
total de cápsulas e assim se obtém o valor do peso médio.
Hoje em dia se utiliza sistemas em computadores para fazer a análise do desvio. Na farmácia que
eu realizei o estágio se utiliza o sistema Fórmula Certa.

PESO MÉDIO PELA FÓRMULA CERTA

Ao realizar o cálculo, insere o valor no sistema e preenche todos os outros campos e após isso pesamos as
10 cápsulas em uma balança analítica, uma por uma. O programa vai formando um gráfico de acordo com
os valores inseridos, fornecendo as informações de variação. Ao pesar as 10 cápsulas, o sistema vai julgar
aquela fórmula como aprovada ou reprovada.
É nessa etapa também que se realiza a contagem total das capsulas e o peso final do produto. Portanto,
tara o pote na balança e faz a contagem de todas as cápsulas e anota na ficha de pesagem o valor do peso
final. Feito isso, o medicamento está pronto e pode ser lacrado e enviado para o laboratório de controle de
qualidade, aonde será feita a rotulagem do medicamento.

• Exemplo de fórmula sólida:


Trouxe como exemplo uma das fórmulas realizadas pela farmácia do estágio obrigatório:
Passiflora – 100 mg Para realizar a pesagem desses produtos,
Salix Alba – 100 mg deve transformar mg em g.
Crateaegus Extrato Seco – 30 mg
Valeriana Extrato Seco – 30 mg
Excipiente – 1,000 qs (A quantidade de excipiente varia de fórmula para fórmula – para saber a quantidade
de excipiente a ser utilizada, deve somar a quantidade de ativos e ver o quanto falta para encher o corpo da
cápsula, portanto é só subtrair a quantidade de ativos – o volume do corpo da cápsula e se obterá o quanto
deve completar o volume final, por esse motivo o excipiente é o nosso qs)
Cápsula 2 incolor
Na ficha de pesagem vem descrito qual o tamanho da cápsula, que varia de 000 a 5, porém ao realizar a
soma da quantidade de grama ou miligramas, pode ocorrer a alteração do tamanho da cápsula pela soma
final, ao concluir que é muito pó para aquele tamanho de cápsula.
OBS: A capacidade das cápsulas são comercializadas em volume – por esse motivo deve transformar g
em volume!

Tanulosina HCl Diluída – 400 mg


Dutasteride Diluída – 500 mg
Excipiente – 1,000 qs
Cápsula 4 incolor

• Disposição dos potes de princípio ativo na prateleira dos laboratórios e


estoque

Em todos os laboratórios, os insumos farmacêuticos ativos estão em potes preto para proteger da luz e
estão identificados, aprovados e rotulados. Nos rótulos possuem informações como lote, fornecedor, data
de validade, fator de correção, em alguns ativos densidade e outros.
Há algum deles que são armazenados na geladeira (temperatura de 2°C - 8°C), e estes também estão
rotulados contendo todas as informações necessárias.

• Área de lavagem

Local destinado para a lavagem de vidrarias e utensílios utilizados na manipulação. É lavado com
detergente neutro e depois esterilizado com álcool 70% e colocado na secadora para secagem das
vidrarias.

• Temperatura do ambiente e umidade relativa do ar


É utilizado um instrumento chamado termo-higrômetro, ele mede a temperatura (em °C) e a umidade
relativa do ar (em porcentagem). Esse instrumento deve estar presente em todos os laboratórios da
farmácia, inclusive dentro da geladeira. É importante para a estocagem e armazenamento. Os
medicamentos possuem condições especificadas pelo fabricante e conhece-las evita a deterioração dos
mesmos pela luz, umidade ou temperatura antes do prazo de validade.
É feito então, todos os dias, a anotação dos valores dados pelo termo-higrômetro, anotado em umas fichas
de controle, que possuem os valores de mínimo e máximo.
• Laboratório dos Semi-Sólidos e Líquidos

Nesse laboratório são realizados formulas como xaropes, tinturas, suspensões orais, soluções orais,
sachês, emulsões, géis, enxaguatório bucal, xampu, desodorantes, esmaltes, pomadas, dentre outros.
O profissional farmacêutico nesse laboratório precisa conhecer muito sobre farmacotécnica também,
entender sobre solubilidade, características físico-químicas, estabilidade (hidrólise, oxidação, racemização),
incompatibilidades e dentre outras técnicas. Para cada forma farmacêutica você deve saber quais os
coadjuvantes farmacêuticos e corretivos que precisam ser colocados na fórmula.

IMAGEM MERAMENTE ILUSTRATIVA

• Fórmulas semi- sólidas


• Exemplo de fórmula dos semi-sólidos:

Ácido Hialurônico – 3%
Belides – 2%
Vit C tópica – 3%
Base Omega Gold – qsp
Creme de 30g
Para saber o quanto em g usar de cada ativo basta multiplicar o total da fórmula (nesse caso 30g)
pela concentração
30 x 3%= 3g

Nessa fórmulas temos o princípio ativo vitamina C que sofre oxidação muito fácil, e na ficha não vem
descrito sobre usar um antioxidante, porém, o profissional deve ter conhecimento sobre essa informação e
adicionar na ficha o antioxidante gluthation.

Isossorbida – 1% com FC= 0,97


Pomada Base – qsp
Pomada 30 g

Em fórmulas que contém fator de correção basta multiplicar o valor da concentração pelo fator
Exemplo: 30 x 1% = 0.3 g
0.3 g x 0,97 = 0.291 g é o que deve ser pesado.

O fator de correção é utilizado para corrigir a diluição de uma substância, o teor de princípio ativo, o teor
elementar de um mineral ou a umidade. Essas correções são feitas baseando-se nos certificados de análise
das matérias-primas ou nas diluições feitas na própria farmácia.

O passo a passo para manipular um semi-sólido é basicamente a mesma.

1. Pesar todos os componentes sólidos da fórmula;


2. Dispor eles sobre um gral e triturar o pó com pistilo; mas deve conhecer sobre a compatibilidades
dos pós, pois em alguns casos devem ser colocados em grals diferentes.
3. Em seguida, usar propilenoglicol ou glicerina para fazer a levigação do pó; ou outra substância
compatível que consiga diluí-los;
4. Misturar na base;
5. Acrescentar (pesando ou medindo) o restante dos componentes líquidos da fórmula caso houver;
6. Completar o volume com o qs;
7. Corrigir ph (pode ser até no início da preparação da fórmula)
8. Envasar e rotular.

▪ Descrição da manipulação da pomada de isossorbida:

Isossorbida – 1% com FC= 0,97


Pomada Base – qsp
Pomada 30 g

Pesar 0,291g do princípio ativo, colocar em um gral e triturar. Levigar o pó com propilenoglicol e
completar o volume com a pomada base, pesando da pomada 29.709g. Envasar e rotular.
• Fórmulas líquidas:
Para a manipulação de xaropes, suspensões e soluções orais, a técnica de preparo também é muito
parecida entre elas.
1. Pesar os componentes sólidos da fórmula;
2. Triturar com um gral e pistilo; e levigar em substâncias que façam a pré-diluição desse pó. Um
exemplo de substâncias que mais se utilizam é o propilenoglicol, sorbitol ou a glicerina.
3. Preparar o meio suspensor;
4. Juntar o meio suspensor com o pó diluído;
5. Adicionar o restante das outras substâncias como corantes, flavorizantes;
6. Corrigir ph (pode ser até no início da preparação da fórmula);
7. Completar o volume com o qs;
8. Envasar e rotular.

▪ Descrição da manipulação do xarope de Cloreto de Potássio


Cloreto de potássio – 6%
Água destilada – 10%
Essência de framboesa – 2 gotas
Corante vermelho 1% - 3 gotas
Xarope Simples – 60 ml

Pesar 3,6g do cloreto de potássio. Nesse caso não é necessário triturar o IFA porque ele dilui
diretamente na água, portanto, coloca qs de água e diluir previamente. Aquecer 30 ml do xarope
simples e incorporar o cloreto de potássio. À frio, adicionar a essência e o corante. Completar
volume com o xarope simples.

• Homeopatia
O laboratório de homeopatia é muito recorrente e conhecido nas farmácias de manipulação.
É uma área em que o sistema de tratamento de doenças é por meio de doses infinitivamente pequenas
de substâncias capazes de produzir, no homem sadio, sintomas semelhantes aos da doença que está
sendo tratada. Segue a lei da similitude e de diluições infinitesimais.
Foi possível observar as homeopatias de escala centesimal, decimal e cinquenta milesimal. Ou seja,
essa farmácia só trabalha com a escala do Hahnemann, pela vantagem de conseguir estocar potências.
• CH: Essa escala é de 1:100, isto é 1 de insumo ativo e 99 de insumo inerte, sendo 100 o total.
Portanto, quando o volume para dispensação é de 20ml, a quantidade de insumo ativo será de 0,2 e de
insumo inerte 19,8.
OBS: 0,2 pode ser padronizado para 4 gotas.
As primeiras 3CHs devem seguir o mesmo teor alcóolico da tintura mãe, isto é, se o teor alcóolico da
TM for 70%, as 3 primeiras CHs, devem estar no álcool 70% também.
Após a 3CH, as intermediárias obrigatoriamente devem ser no álcool 70% e para a dispensação final
álcool 30%.

Exemplo: entrou uma formula Chamomilla 6CH 30 ml.


Procurar no estoque se tem Chamomilla 5CH (sempre uma anterior). Usar 4 gotas (0,2ml) de insumo
ativo e apenas 19,8ml do insumo inerte e succucionar 100x no braço mecânico em um vidro de 30ml.
Após isso, você já conseguiu a potência desejada, basta completar o volume da dispensação. 6 gotas
(0,3 ml) do insumo ativo em 29,7 ml de insumo inerte. Dispensar em vidro de 30ml.

• LM: Essa escala é de 1 grão (0,063g) de insumo ativo para 99 partes.


Exemplo de manipulação: 3LM Chamomilla vulgaris 20 ml
Para produzir essa homeopatia, pegar no estoque a 2LM de Chamomilla vulgaris, colocar 1
microglóbulo em um vidro de 30 ml. Acrescentar 1 gota sob esse microglóbulo e após a sua diluição
acrescentar 20 ml de etanol a 30% em frasco de 30 ml e sucuccionar 100x.
• Preparação de Glóbulos: Utiliza-se a técnica de tríplice impregnação. Para a manipulação de
glóbulos, é necessário preparar o insumo ativo líquido na dinamização desejada em álcool à 96% e
impregnar os glóbulos inertes com este IA (insumo ativo) preparado;
1. Pesar os glóbulos inertes e colocar em um recipiente;
2. Dividir em três partes a quantidade de IA utilizada;
3. Impregnar os glóbulos com 10 gotas do IA, homogeneizar sob agitação lenta e esperar secar;
4. Adicionar a segunda parte do IA (10 gotas também), homogeneizar e secar;
5. Adicionar a terceira parte do IA (10 gotas), homogeneizar e secar;
6. Colocar os glóbulos impregnados no vidro âmbar respectivo ao seu volume, dispensar e rotular.

• Florais
É uma terapêutica que se baseia no uso de essências retiradas de flores para restabelecer o equilíbrio
entre mente e corpo. É completamente natural e não há contraindicação de uso.
Na farmácia há os kits de florais e para a manipulação de um floral é um processo muito simples.
Medir 9 ml de conhaque (equivalente a 30% do valor total 30 ml) e 14 ml de água. O álcool serve para
conservar o produto. Pingar 4 gotas do floral desejado ou dos florais desejados. Succucionar 10x na
palma da mão. Dispensar e rotular.
Em caso de crianças ou pessoas que não podem fazer o uso de álcool, substituir por glicerina.

KIT FLORAIS DE BACH


Considerações Finais
Portanto, conclui-se que foram adquiridas experiências na farmácia de manipulação, desenvolvendo as
habilidades e técnicas, possibilitando segurança e preparação do aluno que deseja seguir essa área no
futuro. Obtive informações para a manipulação de sólidos, semi-sólidos e líquidos, homeopatia e florais,
obedecendo as Boas Práticas de Manipulação preconizadas pela ANVISA e também seguindo os
formulários sobre estabilidade, incompatibilidades, propriedades físico-química, dentre outros.

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