Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 40ª VARA CÍVEL DE

CURITIBA – PARANÁ.

PROCESSO N: xxx

LEONARDO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Carteira


de identidade n: xxx, inscrito no CPF: xxx, residente e domiciliado em xxx,
(qualificação e endereço completo com CEP), por intermédio de seu advogado abaixo
assinado, inconformado com a sentença de fls. X, nos autos da AÇÃO XXX, movida
em face de GUSTAVO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Carteira de
identidade n: xxx, inscrito no CPF: xxx, residente e domiciliado em xxx, (qualificação e
endereço completo com CEP), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
tempestivamente após o preparo, interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Para o Tribunal de Justiça do Estado xxx, apresentando as razões, em anexo.

Termos em que,
Pede Deferimento.
Local, Data
Advogado
OAB-UF.
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
 
Apelante: Leonardo
Apelado: Gustavo
 
Proc. Nº.: XXX – 40ª VARA CÍVL DA COMARCA DE CURITIBA
 
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
DOUTOS DESEMBARGADORES.

Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz a quo pelas razões a
seguir exposta:

I - DO CABIMENTO
Há adequação do presente recurso com a espécie de decisão proferida,
visto que tem seu cabimento delineado pelo artigo 994 do Código de Processo Civil.
Como a decisão recorrida consiste em sentença com fundamento no
art. 487, inc. I, CPC, comporta recurso de apelação nos termos dos arts. 994,
inc. I e 1.009 do CPC.

II - DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso de apelação é tempestivo, visto que interposto dentro
do prazo de 15 dias determinado pelo artigo 1.003, § 5º do CPC/15 (Lei
nº 13.105/2015).
Conforme o artigo 1.003, “caput” do CPC/15 a decisão que ora se recorre foi
disponibilizada no Diário de Justiça Eletrônico (DJE) em xx, de modo que considera-
se que foi publicada no dia útil imediatamente seguinte, ou seja, em xx.
Assim, em xx iniciou-se o prazo para a interposição do recurso de apelação,
de modo que o 15º, último dia do prazo, é xxx. Portanto, resta demonstrada a
tempestividade do presente recurso.

III - DO PREPARO
O presente recurso também preenche o requisito do preparo, já que suas
custas exigidas por lei foram devidamente pagas, conforme guias e comprovantes de
pagamento anexos.
IV - DOS EFEITOS
Diante do exposto, requer que o presente recurso seja CONCEDIDO nos
efeitos previstos em leis, isto é devolutivo e suspensivo.

V - DOS FATOS
O Recorrido ajuizou, em face de seu vizinho, ação com pedido de indenização
por dano material por ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do
Recorrente.
Segundo relato do Recorrido, o animal que estava desamarrado dentro do
quintal, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do
ocorrido, o Recorrente alegou ter gastado R$3 mil em atendimento hospitalar e R$2
mil em medicamentos. Entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais
relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se aquecido de pegá-los na
farmácia.
Ocorre que, o ataque ocorrera por provocação do Recorrido, que jogava
pedras no cachorro.
Ante a falta de comprovantes, não poderia ser computada na indenização o
valor gasto com medicamentos.
Houve audiência de instrução e julgamento na qual as testemunhas ouvidas
declaram que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro e vinte
centímetros e que, de fato, o Recorrido atirava pedras no animal antes do evento
lesivo.
O juiz da 40º vara cível de Curitiba proferiu sentença condenado o Recorrente
a indenizar o Recorrido pelos danos materiais no valor de R$5 mil, sob o argumento
de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar
razoável a quantia que o autor alegara ter gastado com medicamentos, e também
pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato. O
Recorrente foi condenado a pagar indenização no valor de R$6 mil.

VI - RAZÕES DA REFORMA
VI.I - DA SENTENÇA EXTRA PETITA
A sentença, ora apelada, proferida pelo  a quo, trouxe matéria não trazida
pela parte apelada ferindo o preceito da restrição da sentença aos limites do
pedindo, trazidos pelo CPC/15 nos artigos 141 e 492 conforme seguem:
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos
pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões
não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da
parte.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de


natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do
que lhe foi demandado.

Este é o entendimento do TRT da 3ª Região:

PROCESSO CIVIL. SENTENÇA EXTRA PETITA.


NULIDADE PROCESSUAL. CONFIGURAÇÃO. ARTS.
ART. 141 E 492, NCPC (ART. 128 E 460 DO CPC DE
1973. APELAÇÃO PROVIDA -O juiz deve decidir a
lide nos limites em que foi proposta, não podendo
proferir sentença de natureza diversa da pedida. - A
sentença extra petita é nula, porque soluciona causa
diversa da que foi proposta em juízo. -Precedentes
dessa Corte. -Apelação provida.
(TRF-3 - AMS: 00043581320054036111 SP, Relator:
DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA NOBRE,
Data de Julgamento: 06/09/2017, QUARTA TURMA,
Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:21/09/2017)

Analisando os autos, é possível observar que o Recorrido apenas pediu


indenização por danos materiais, referente aos gastos que supostamente teve com
medicamentos. Entretanto, o juízo preferiu sentença concedendo indenização por
danos morais, o que não foi pedido pelo Recorrido.
Portanto, o juiz julgou extra petita, devendo ser decretada como nula a
sentença.

VI.II - DA CULPA DO RECORRIDO


Foi provado através de testemunhas, em audiência de instrução, o nexo de
causalidade entre a conduta do agente e o ocorrido. Onde o Recorrido estava
atirando pedras no animal, fazendo-se, assim, comprovando a culpa do apelado
conforme dita o artigo 936 do Código Civil:
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o
dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.

O Apelado pede ressarcimento da importância de R$2000,00 (Dois mil reais)


por questão dos gastos com remédios, não comprovados no curso do processo.
Dano material não se presume, se incumbe quem alegou prová-lo conforme artigo
373 Código de Processo Civil:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
Assim entende o TJRJ:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA


POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONTRATO
DE TRANSPORTE. ALEGAÇÃO DE VÍCIO NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO NÃO CONFIGURADA.
DANOS MATERIAIS NÃO COMPROVADOS. DANOS
MORAIS INOCORRENTES. SENTENÇA MANTIDA. A
parte autora pede provimento ao recurso, para
reformar a sentença que julgou improcedente a
presente ação indenizatória. Hipótese em que não
comprovada falha na prestação do serviço, em razão
da inexistência de prova de que um dos volumes da
mercadoria transportada não foi entregue. Artigo 333,
inciso I do CPC. Ausência de prova fatos constitutivos
do direito do autor. Danos materiais não
comprovados. Danos morais inocorrentes. RECURSO
IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005537832,
Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: José Ricardo de Bem Sanhudo, Julgado em
29/10/2015).
(TJ-RS - Recurso Cível: 71005537832 RS, Relator:
José Ricardo de Bem Sanhudo, Data de Julgamento:
29/10/2015, Primeira Turma Recursal Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 03/11/2015.

EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
NÃO COMPROVAÇÃO DOS GASTOS MATERIAIS DI
SPENDIDOS. FALTA DE DILIGÊNCIA DOS
PROPRIETÁRIOS DO ESTABELECIMENTO EM NÃO
TOMAR AS PRECAUÇÕES NECESSÁRIAS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. OBSERVÂNCIA DOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE PARA SUA FIXAÇÃO. 1. Não
restando comprovado os gastos despendidos com
sessões de fisioterapia, medicamentos, cirurgia, dentre
outros, afigura-se acertada a sentença ao julgar
improcedente o pedido de indenização por
danos materiais, haja vista a ausência de provas. 2. A
falta de diligência dos recorrentes em não tomar as
medidas necessárias com a contenção do som e
descaso em atender os pedidos da vizinhança para
adequar o funcionamento do estabelecimento
comercial com o direito de repouso noturno enseja o
pedido de indenização por danos morais. 3. Na
ausência de critérios objetivos que permitam quantificar
economicamente a lesão à honra do lesado, deve o
julgador valer-se sobretudo das regras da experiência
comum e do bom senso, fixando a reparação de tal
forma que não seja irrisória a ponto de menosprezar o
constrangimento sofrido pela vítima, ou exagerada,
tornando-se fonte de enriquecimento ilícito. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Portanto, não pode ser cobrado o gasto com os medicamentos uma vez que
não foi comprovado.

VII - DOS PEDIDOS

Antes o exposto, requer:

a) Requer deferimento da nulidade da sentença extra petita, prolatada pelo


juízo ad quo;

b) Se, da não declaração da nulidade, que seja devolvida ao MM Juízo para


correção do erro na sentença a fim de que seja proferida outra;

c) Reforma do nexo de causalidade reconhecendo a culpa da do autor, ora


apelado;

d) Não reconhecimento do valor de R$2.000,00 (Dois mil reais) referentes,


segundo o autor, a gastos com medicamentos, não comprovados no curso do
processo.

Termos em que,
Pede Deferimento
Local, data.
Advogado
OAB-UF

Você também pode gostar