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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Direito

DIREITO PROCESSUAL CIVIL VII

PROF. ORLANDO BORTOLAI JUNIOR

MONITORIA: RHAISA LORENA e TALITA BARBOSA

“A TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA: teoria geral da execução;


classificação; princípios, o processo de execução; o exercício do direito de
execução; o título executivo; do cumprimento provisório da sentença, do
cumprimento definitivo de sentença de obrigação de pagar quantia certa; da
execução por quantia certa por título extrajudicial; defesas do executado: a
impugnação.”

AULA DO DIA 26/10/2021

DIR-NC8 - 10º SEMINÁRIO (2º bi)

Nome: Gabriela Martins da Conceição


RA: 00197673

1. O executado tem defesa na fase de cumprimento de sentença? Qual?

A impugnação ao cumprimento de sentença é a defesa conferida ao executado na


fase de cumprimento de sentença. Trata-se de defesa típica e incidental ao
procedimento, de modo que não constitui uma ação autônoma. Está prevista no artigo
525 do Novo CPC. De acordo com Cássio Scarpinella:
“O executado, que nada mais é do que o réu da etapa de
cumprimento da sentença, pode se voltar contra a prática dos atos
executivos destinados à satisfação do direito do exequente (o autor
da etapa de cumprimento). O nome pelo qual ele exerce esse seu
direito é impugnação.

[...] O que se pode ter presente para melhor compreensão da


impugnação como defesa é que o processo (o mesmo processo)
passa, com a sua apresentação, a mais uma etapa, distinta das

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anteriores, que se voltará fundamentalmente ao reconhecimento


de razões que possam, na perspectiva dos plano material e/ou
processual, obstaculizar a concretização da tutela jurisdicional
executiva em favor do exequente. Trata-se de etapa cognitiva, bem
delineada no processo, e que se faz necessária para aquele
objetivo.”1

2. Qual a natureza jurídica da impugnação? Por que?

A natureza jurídica da impugnação ao cumprimento de sentença: corrente defendida


- natureza de defesa. Entende-se que a natureza jurídica da impugnação é de defesa,
até mesmo porque essa foi a vontade do legislador.

3. Em se tratando de pagar quantia certa, qual o prazo para apresentação


da impugnação pelo executado? Qual o termo inicial para contagem do
prazo?

O CPC 2015 prevê expressamente que, se for mais de um executado (litisconsórcio)


e eles tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, o prazo
para impugnação será em dobro, ou seja, 30 dias (art. 525, § 3º). Além disso, tem-
se que ter ciência que o prazo de 15 dias para impugnação inicia-se imediatamente
após acabar o prazo de 15 dias que o executado tinha para fazer o pagamento
voluntário (art. 525, caput). Não é necessária nova intimação. Acabou um prazo,
começa o outro. Consoante com o art. 525 do CPC. Transcorrido o prazo previsto
no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação. Como pode ser visto pela análise jurisprudencial:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA
DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. DEPÓSITO REALIZADO
DURANTE O PRAZO DE PAGAMENTO VOLUNTÁRIO
COM A FINALIDADE DE GARANTIA DO JUÍZO.
RESSALVA FEITA POSTERIORMENTE AO ATO DE
COMPROVAÇÃO DO DEPÓSITO JUDICIAL. PRECLUSÃO

1
BUENO, Cassio Scarpinella - Curso sistematizado de direito processual civil, vol. 3: Tutela
jurisdicional executiva – 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. P. 602/605
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DA IMPUGNAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO


PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO,
DESPROVIDO. 1. O propósito recursal consiste em definir se o
depósito realizado pelo executado do valor referente ao débito
exequendo durante o prazo quinzenal para pagamento voluntário
previsto no art. 523 do CPC/2015, sem nenhuma ressalva no ato
de comprovação do depósito, presume-se como pagamento, a
ensejar a preclusão da posterior impugnação ao cumprimento de
sentença, no prazo a que alude o art. 525 do CPC/2015. 2. A
ausência de efetivo debate acerca dos conteúdos normativos dos
dispositivos legais apontados como malferidos (arts. 524, caput
e §§ 2º e 4º, e 525, §§ 4º, 5º e 6º, do CPC/2015), caracteriza
ausência de prequestionamento, a obstar o conhecimento do
recurso especial, na medida das questões não discutidas,
atraindo, com isso, a incidência das Súmulas 282 e 356/STF. 3.
Na dicção dos arts. 523, caput, e 525, caput, do CPC/2015,
iniciado o cumprimento de sentença, a requerimento do
exequente, será intimado o executado para o pagamento da
obrigação de pagar quantia certa, no prazo de 15 (quinze) dias,
findo o qual, sem o pagamento voluntário, iniciar-se-á,
automaticamente, o prazo de 15 (quinze) dias para o
oferecimento de impugnação. 4. O depósito realizado durante o
prazo para pagamento voluntário só deve ser considerado como
tal se houver manifestação expressa nesse sentido pelo devedor,
sem o qual, deve-se aguardar o término do interregno previsto
no caput do art. 523 do CPC/2015, sucedido do término, em
branco, do prazo para impugnação (art. 525, caput, do
CPC/2015), para só então se considerar o depósito, indene de
dúvida, como o pagamento ensejador do cumprimento da
obrigação e, por conseguinte, da extinção da execução. Nessa
esteira, não se vislumbrando a intenção de pagamento do
depósito feito pelo executado na hipótese, afigura-se
insubsistente a tese de preclusão da impugnação ao cumprimento
de sentença. 5. Ademais, a petição apresentada pelo devedor
antes de protocolada a impugnação (tão somente para informar
que o depósito realizado se destinava à garantia do juízo) não
acarreta a preclusão consumativa da posterior impugnação, pois
não constatada a prática de atos dúplices pelo executado, visto
que os argumentos defensivos só foram deveras formulados na
impugnação. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e,
nessa extensão, desprovido.

(STJ - REsp: 1880591 SP 2019/0171293-5, Relator: Ministro


MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento:
03/08/2021, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
10/08/2021)

4. Aplica-se a moratória do artigo 916 ao cumprimento de sentença?

O art. 916, § 7º, do CPC/2015, veda expressamente a aplicação do


parcelamento do débito ao cumprimento de sentença, aplicando-se somente à

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execução de título extrajudicial. Dessa forma, não se pode afirmar que a aplicação
dos juros moratórios, resta claro que por determinação expressa a moratória do art.
916 não se aplicará ao cumprimento de sentença.

5. Para apresentação da impugnação, o executado precisa garantir o juízo?

Em harmonia com o art. 525 do CPC, a garantia do juízo por penhora,


caução ou depósito suficiente, sem prejuízo da demonstração de relevante
fundamentação posta em favor da tese de defesa do executado, além do
prosseguimento da execução for suscetível de causar ao executado grave dano de
difícil ou incerta reparação.

6. Quanto as matérias alegáveis na impugnação, há diferença entre


“inexequibilidade do título” e “inexigibilidade da obrigação? Qual?

Sobre a inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação, temos que é o que


pode acontecer caso tenha instaurado o cumprimento de sentença quando o título
ainda não tinha eficácia executiva (é o caso de estar pendente algum recurso contra
a sentença condenatória e tenha sido recebido com efeito suspensivo). Ou ainda, se a
obrigação não for exigível por estar, por exemplo, sujeita a termo ou condição
suspensiva. Será obrigação não exigível quando o dever jurídico cuja execução que
se postula, tenha sido reconhecido em decisão judicial fundada em lei ou ato
normativo julgado como inconstitucional pelo STF ou, pautada a interpretação da lei
ou do ato normativo incompatível com Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, seja em controle concentrado ou difuso de constitucionalidade.

7. A impugnação tem efeito suspensivo “ope legis”? E “ope judicis”?

A interposição de um recurso é um ato processual com capacidade de causar certos


efeitos jurídicos. O efeito suspensivo, é um dos efeitos que pode ser gerado com o
manejo de um dado recurso. O efeito suspensivo é aquele que provoca o impedimento
da produção imediata dos efeitos da decisão que se quer impugnar. Em outras

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palavras: a decisão impugnada por um recurso dotado de efeito suspensivo não é


capaz de produzir efeitos imediatos, sejam eles executivos, declaratórios ou
constitutivos. O efeito suspensivo “ope legis” é aquele que decorre automaticamente
do texto normativo, não há necessidade de o órgão judicial analisar algum
pressuposto para sua concessão. Já o que concerne ao efeito suspensivo “ope judicis”
é aquele que não decorre automaticamente do texto normativo, dependendo de
análise e concessão judicial. Como postulado por Cássio Scarpinella:
“A apresentação da impugnação não inibe a produção dos atos
executivos, nem os de penhora e nem mesmo os de expropriação,
o que equivale a dizer que ela não tem efeito suspensivo ope legis
(1ª parte do §6º do art. 525).

O executado pode, contudo, pleitear a concessão daquele efeito ao


magistrado.”2

2
BUENO, Cassio Scarpinella - Curso sistematizado de direito processual civil, vol. 3: Tutela
jurisdicional executiva – 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. P. 620
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