Home > De Peso > A Alta Desenfreada Do IGP-M E A Renegociação Dos Contratos De Locação
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Assim algumas medidas em relação ao reajuste dos aluguéis estão sendo tomadas
Assim, algumas medidas em relação ao reajuste dos aluguéis estão sendo tomadas
pelo Poder Legislativo para tentar equalizar as obrigações contratuais assumidas, no
intuito de possibilitar a manutenção dos contratos, observando a crise gerada pelo
coronavírus, conforme serão citadas ao longo do artigo.
O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) é aplicado como praxe nos contratos de
locação comercial e residencial firmados no Brasil, não como regra, sendo este a
referência para o reajuste dos aluguéis.
O IGP-M subiu 4,40% em maio, conforme relatado pelo Instituto Brasileiro de Economia
da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE)2 A variação acumulou alta de 14,39% no ano de
2021 e de 37,04% nos últimos 12 meses, ou seja, o índice acumula alta que pode ser
considerada desenfreada.
Somando-se a isso, a alta emissão de dívida pelos Bancos Centrais da maioria dos
países, como o caso do Brasil, faz com que o risco-país aumente proporcionalmente,
acarretando a desvalorização da moeda local. Neste aspecto, no Brasil, somado aos
riscos internos (político, administrativo e fiscal), a moeda brasileira (Real) até março
acumulou a 3ª pior posição de desempenho entre os países emergentes com relação
ao dólar3, o que desvaloriza a capacidade de compra no mercado internacional e
propicia alta de preços no geral. Assim, até abril de 2021, o dólar saltou 6,3%, o que
deixa o real na terceira pior posição entre 33 pares do dólar, à frente apenas do peso
argentino e lira turca.
Portanto, a tendência é que o IGP-M continue mantendo a sua alta no curto e médio
4 f j õ d di i tit i õ i iã d i t
prazo4, conforme as projeções de diversas instituições e opinião de economistas.
Segundo projeção da ANBIMA o IGP-M do mês de maio deveria ter ficado na casa dos
3,53%5, contudo, como vimos, a alta ultrapassou tal expectativa.
Nesse sentido, observando que o índice de reajuste dos aluguéis em 2021 continuará
em forte alta, foram apresentados ao Congresso Nacional o PL 631/20216 e o PL
962/20217, os quais tramitam de forma apensada, por ambos terem como objeto o
reajuste dos aluguéis.
situações fatídicas: No caso de uma locação residencial, uma família que possui
determinada renda, acaba perdendo suas fontes de proventos, o que impossibilita o
reajuste do aluguel de forma expressiva ou até mesmo o pagamento de qualquer
valor, contudo, precisam da moradia para sua subsistência digna;
Ainda na locação residencial, o locador pode por sua vez ter perdido parte de sua
fonte de renda, restando apenas os aluguéis provenientes da locação. Em caso de
suspensão, esse com certeza não subsistirá,
Conclui-se que na maior parte dos cenários, ambas as partes (locador ou locatário)
prejudicam-se com o reajuste desenfreado, restando necessário que busquem por
resoluções extrajudiciais ou judiciais, através de assessoria especializada, para que
seja aplicado um eventual reajuste contratual proporcional ao uso do bem, com a
devida alteração do índice de reajuste previsto no contrato, recomendando-se a
aplicação em geral do IPCA, protegendo a integridade financeira e operacional de
ambas as partes e evitando-se a quebra contratual entre os interessados.
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1 Com IGP-M nas alturas, FGV quer criar novo índice para reajuste do aluguel.
4 FGV puxa projeção da inflação em 2021 para perto do teto da meta do BC.
6 PL 631/2021.
7 PL 962/2021.
Atualizado em: 1/7/2021 07:52