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A INTERPRETAÇÃO ALEGÓRICA DO ANTIGO TESTAMENTO DE FILO

ALEXANDRIA
ADRIANO FILHO, José. (STAGGS-UNIFIL)

Filo de Alexandria, cerca de 20 a.C. – 50 d.C., lê a Escritura alegoricamente. Sua


interpretação associa à Escritura significados previamente não conectados com ela:
Filo, primeiro, reduz a sabedoria clássica a uma forma conceitual anônima; segundo,
ao ler a Escritura alegoricamente, apresenta aquela sabedoria como a verdade
subjacente ao sentido da Escritura. Moisés tem prioridade sobre os autores clássicos,
tornando-se o filósofo original. A Escritura torna-se, assim, uma “re-escritura” de
significados clássicos, uma “re-escritura” que é, paradoxalmente, vista como escrito
original. A leitura alegórica de Filo é usada para reinterpretar o cosmos, a história, a
sabedoria filosófica clássica e a realidade social de Alexandria; ela não procurava
dissolver a identidade judaica na cultura helenística, mas era central para a identidade
e sobrevivência da comunidade judaica em meio a um contexto hostil.

1- A interpretação alegórica dos mitos

No período helenístico, quando o divino foi, aos poucos, equiparado ao logos


racional, a linguagem mítica não podia mais ser concebida em seu sentido literário,
exigindo uma interpretação alegórica. Nesse contexto, os estóicos elaboraram uma
interpretação alegórica dos mitos. Essa prática já era conhecida, mas eles buscavam
encontrar, atrás do sentido literal, um significado mais profundo. Enfatizavam que se
devia partir do sentido literal, para ordená-lo corretamente, utilizando, para tal, a
etimologia. Para eles, a etimologia fornecia indicações sobre a direção do significado
oculto que ultrapassa o sentido literal.

Os estóicos não utilizavam a palavra alegoria, mas, sim, uponoia, que é uma forma
de comunicação indireta, que diz algo, para dar a entender algo diverso. Foi o Pseudo-
Heráclito (séc. I d.C.) que forjou a palavra alegoria, definindo-a como um tropos
retórico, que possibilita dizer algo e, ao mesmo tempo, aludir a algo diverso. De
qualquer forma, a distinção estóica entre logos proforikos e logos endiathetos abriu
caminho para essa formação conceitual retórica. Antes de se tornar técnica da
interpretação, a alegoria era uma forma de discurso, de natureza retórica, pois o fazer
retórico está relacionado com a mediação de sentido, razão porque, na pesquisa, se
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tomou usual estabelecer a distinção entre alegoria (figura discursiva originária) e


alegorese (processo explícito de interpretação).

2- Os antecedentes de Filo

Os interesses e prática dos gramáticos e dos editores alexandrinos não


influenciaram de forma significativa a leitura das Escrituras realizada pelos judeus de
Alexandria. Os estudiosos alexandrinos estavam preocupados em salvar a herança
clássica e procuravam restaurar textos, cuja autenticidade era duvidosa. Os autores
judeus, contudo, procuravam interpretar o momento no qual viviam à luz de sua própria
tradição clássica: a Septuaginta. Além de utilizar modelos literários helenísticos, como
drama, épica, cronografia e romance para interpretar o mundo à sua volta, sua leitura
representava muito mais que um comentário da Escritura.

Eles procuravam revisar a vida e pensamento helenistas à luz do texto autoritativo


do Pentateuco, baseando-se nos procedimentos hermenêuticos desenvolvidos pelos
etimologistas e intérpretes alegóricos. Esta afirmação vale também para as Explicações
do Livro de Moisés, de Aristóbulo, e A Carta de Aristéias a Filocrates, do Pseudo-
Aristéias. Um exame da compreensão alegórica que fundamenta essas obras e a forma
como suas interpretações alegóricas são desenvolvidas no contexto da sociedade
ptolomaica demonstra que esses dois autores consideram a Escritura como a versão
escrita original de toda sabedoria, precisamente o modo de leitura que Filo
desenvolverá com muito mais rigor.

3- Filo de Alexandria

O conhecimento de Filo de Alexandria deriva-se, normalmente, do testemunho que


ele dá de si mesmo em suas obras. Mais tarde, quando o judaísmo fechou-se a todos
os influxos do mundo helenístico, foi rechaçado e silenciado. Sua obra só chegou até
nós por meio da igreja antiga: utilizada por Clemente de Alexandria, foi, depois,
transportada de Alexandria para Cesaréia.

A pesquisa atual sobre a alegoria de Filo orienta-se em duas direções:

a) A primeira situa-se no nível filosófico e da lógica que coloca em movimento a


alegoria filoniana. Filo era um platônico formado na técnica dierética, a qual lhe permitia
classificar a ordenar a realidade em estruturas piramidais, indo do universal ao
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particular. Esta interpretação prefere os conceitos do platonismo médio e não do


estoicismo, este último mais propenso ao imanentismo, e insiste na transcendência
divina e na dependência do ser humano de Deus.

b) A segunda orientação acentua a perspectiva religiosa e judaica na interpretação


de Filo. Faz justiça à sua exegese e ao fato de que o elemento desencadeante da
alegoria filoniana deriva sempre de conceitos ou realidades bíblicas, como a Sabedoria
ou a Torá de Moisés.

As obras exegéticas de Filo podem ser caracterizadas da seguinte forma:

a) Comentários alegóricos: versam sobre passagens do Gênesis e do Êxodo, com


referências a outros livros da Lei. Estas obras interpretam o texto com grande
liberdade, centralizando-se no Moisés filósofo e não no Moisés legislador.

b) Exposições da Lei: propõem-se resolver questões específicas sobre algumas


passagens da Escritura, desenvolvendo temas cosmológicos e antropológicos.

c) Outras obras não relacionadas com a Bíblia, nas quais não faltam, contudo,
alusões históricas e filosóficas. Filo dialoga com a cultura helenística, apresentando um
exemplo de como a cultura helenística pode ter um valor positivo para eles.

A interpretação da Escritura de Filo baseia-se, quase sempre, na Torá, mas não se


pode afirmar que ele ignorasse os demais livros do Antigo Testamento. O judaísmo
helenístico e, em particular, o alexandrino, tinha em alta consideração a pessoa de
Moisés. Para Filo, Moisés é o verdadeiro e único profeta e o primeiro e o verdadeiro
filósofo. Ele procurou aproximar os ensinamentos de Moisés e convencer, ao mesmo
tempo, os judeus da diáspora, que a Torá era superior a todas as doutrinas dos
filósofos gregos.

O pensamento de Filo, presente na interpretação alegórica da história de Israel,


assume um caráter anti-histórico. Nesse sentido, ele é um prático da alegorese,
aplicada às Escrituras do Antigo Testamento. Seguindo o precedente exegético de
seus predecessores, ele lê a Escritura, associando-lhe significados que não estavam
previamente conectados com ela. Primeiro, reduz a sabedoria clássica a uma forma
conceitual anônima e, então, ao ler a Escritura alegoricamente, apresenta aquela
sabedoria como a verdade que subjaz ao sentido da Escritura. Moisés tem prioridade
absoluta sobre os autores clássicos, tornando-se, dessa forma, verdadeiramente o
filósofo original. A leitura de Filo transforma a Escritura numa Re-escritura de
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significados clássicos e, paradoxalmente, apresenta esta re-escritura como um escrito


original.

Contudo, como se pode saber, se um texto deve ser interpretado literal ou


alegoricamente? Segundo Filo, o autor e, conforme o caso, Deus, cuida para que seu
texto seja entendido alegoricamente, enquanto espalha em seu escrito sinais objetivos
ou apoios da alegoria. O primeiro livro de Moisés, por exemplo, fala de árvores no
paraíso, da árvore da vida e do conhecimento (Gênesis 2,9), que são tão diferentes das
nossas, que uma interpretação literal parece implausível. Há, assim, na própria
Escritura trampolins da alegorese, como a aporia, o estranho ou o enganador da letra,
que só pode ter sido intencional para o autor da Sagrada Escritura, porque a Revelação
divina não pode conter nenhuma inverdade. Ela quer, antes de tudo, revelar mistérios
incorpóreos e divinos, para os quais o sentido corporal, em princípio, é inadequado.

A relação entre o sentido literal e o alegórico compara-se à relação que existe


entre o corpo e a alma: “A interpretação da Sagrada Escritura acontece de tal maneira,
que é esclarecido o significado oculto através de alegorias. Porque o conjunto dos
livros das leis equipara-se, na perspectiva destes homens, a um ser vivo que, como
corpo, é possuidor dos ordenamentos literais, mas, como alma, possui o significado
invisível oculto nas palavras. Aqui, sobretudo, a alma dotada de razão começa a
enxergar o que lhe é familiar. Ela enxerga através das palavras, como através de um
espelho, a incomensurável beleza dos pensamentos que nelas se mostram; ela
desdobra os símbolos alegóricos e os afasta, desnudando, na luz, o significado das
palavras para aqueles que estão em condições de enxergar, por intermédio de
pequenos indícios, o invisível através do visível.” (De Vita Contemplativa, 78)

A idéia sugerida é a de que tudo o que é literal deve, para ser plenamente
entendido, apontar para algo pré-literal. As Escrituras não se bastam a si mesmas, elas
necessitam da ajuda ou da luz de algo diferente. Ela acena para a necessidade de um
retorno, a partir do logos proforikos, ao espírito que o vivifica. Todavia, isso pode
conduzir à negligência do logos literal e abrir as portas para a arbitrariedade
interpretativa. Já na antiguidade, a alegoria filônica foi mal vista, pois ele afastou-se da
interpretação literal da lei, que caracterizava os intérpretes da Torá. Por essa razão,
sua influência foi escassa sobre a exegese palestina, a ponto de ele ser excluído dos
cânones da tradição rabínica de interpretação.
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A alegoria querer atingir algo invisível e mais elevado, o que implica que esse
sentido não pode ser imediatamente acessível aos leitores. Somente o iniciado, o
intérprete vocacionado e experiente pode alcançar este sentido mais elevado que Deus
queria preservar do leitor comum, que fica preso no conteúdo literal. Somente aqueles
que, “com base em pequenos indícios, conseguem entender o invisível através do
visível”, estão em condições de captar o sentido mais profundo das Escrituras. Ela não
existe para muitos, mas para aqueles poucos que se interessam pela alma e não pela
letra. É evidente que o discurso religioso sugere uma compreensão alegórica de si
mesmo, já que ele quer tratar do supraterreno por intermédio de uma linguagem
totalmente terrena, uma concepção favorecida pelo fato de que o logos falado deseja
ser sinal de um outro logos invisível.

4- Contexto histórico-social e cultural de Filo

A presença de judeus no Egito tornou-se relevante e de importantes


conseqüências a partir de fundação de Alexandria (323 a.C.). Lá, eles desenvolverão
várias atividades econômicas: serão soldados, agricultores, escravos, funcionários,
artesãos, comerciantes e financistas. A cidade alcançou, durante o período helenístico,
em especial no século I d.C., o coração da vida política, social, econômica e cultural do
Egito. Alexandria era também formada por pessoas de diferentes nacionalidades: em
primeiro lugar, os gregos (e macedônios), com todos os seus privilégios; entre os
gregos estavam os oficiais reais, o exército de ocupação e talvez os soldados sediados
no país, os imigrantes de países gregos ou helenizados; em último lugar, sem contar os
escravos, a massa do povo egípcio; no meio, uma faixa grande de indivíduos, como os
judeus e outros grupos, que viviam em agrupamentos reconhecidos civilmente: o
politeuma.

Um politeuma era uma corporação de estrangeiros, reconhecida e formalmente


constituída, que tinha direito de domicílio numa cidade estrangeira e formava uma
corporação cívica separada, semi-autônoma. O direito normal de qualquer politeuma é
o de poder viver de acordo com as suas leis e costumes próprios, herdados dos
antepassados. Em Alexandria, sob o regime da cidade grega clássica, onde o direito e
o recurso aos tribunais estavam reservados aos cidadãos, mas eram negados aos
estrangeiros, os judeus, que não eram cidadãos, deviam organizar-se em politeuma e
estabelecer seus próprios tribunais. A dominação romana, contudo, rompeu o equilíbrio
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entre os diversos politeumata, surgindo conflitos entre o politeuma judaico e os


membros do politeuma grego. A razão desse confronto está nas marcas distintivas que
separa o politeuma judaico de todos os demais:

a) A primeira, que o distingue de todos os demais, é a sua lei ou Torá, a lei de


Moisés;

b) Estavam dispensados do serviço militar, não compatível com a observância do


descanso sabático. Além disso, podiam construir sinagogas e levantar donativos em
dinheiro e enviá-los a Jerusalém;

c) O direito de “viver segundo as leis dos pais” significava construir sinagogas,


manter tribunais de justiça independentes, educar a juventude segundo o espírito da
Torá, estabelecer instituições comunais e eleger funcionários, etc.

A situação política dos judeus em Alexandria, contudo, começou a mudar, a partir


da conquista Romana. Com Augusto, opera-se uma importante mudança: os judeus
vinham se dedicando, no período lágida, ao serviço militar e o recolhimento de
impostos, mas Roma substituiu as tropas lágidas por suas legiões e os coletores
passaram a ser, quase que exclusivamente, gregos. Os judeus egressos desses
setores tiveram que procurar outras ocupações, aumentando a população das cidades
ou buscando serviço na agricultura. O estatuto jurídico dos cidadãos muda: em primeiro
lugar os romanos, em segundo os gregos, e por último todos os outros. Ocorre efeitos
violentos no campo econômico: todos os cidadãos dos reinos helenísticos estavam
obrigados a pagar impostos gerais indiretos às administrações centrais e urbanas; mas
com os romanos chega um novo: o imposto pessoal ou laografia, que caía
principalmente sobre as classes mais baixas, também sobre os judeus. Isso significou
para os judeus não só um novo encargo, mas também uma humilhação: serem
igualados aos nativos de categoria social mais baixa, sobretudo para os de condição
social e elevada. A partir desse momento, começa a luta dos judeus alexandrinos pela
recuperação dos privilégios perdidos, bem como a guerra aberta entre os cidadãos
gregos alexandrinos e os judeus de Alexandria.

No ano 38 d.C., quando o prefeito romano do Egito era A. A. Flacus, os judeus de


Alexandria sofreram dura perseguição. O incidente começou quando Agripa, rei da
Judéia, visitava Alexandria, sendo recebido festivamente pelos judeus. Os gregos, com
imenso desagrado, fizeram manifestações contra os judeus, construíram estátuas do
imperador em todas as sinagogas e impediram os judeus de realizar seu culto. Flacus
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não podia remover as estátuas e os alexandrinos alertaram o prefeito sobre a não


participação dos judeus no culto imperial. Flacus tomou o partido dos gregos para não
ir contra o imperador e as conseqüências foram terríveis para os judeus, cuja reação
não foi uniforme: os banqueiros, mercadores e os ricos comerciantes não tinham o
menor interesse em se desligar dos gregos e romanos, mas os judeus mais pobres de
Alexandria e os da chora não viam possibilidade de aceitar uma coexistência pacífica
com os gregos. Uma delegação foi enviada a Roma. À frente dos judeus, ia Filo; Ápio
era o chefe dos alexandrinos.

Nesse contexto de conflito entre os judeus e os gregos em Alexandria, sendo o


ponto mais dolorido a participação dos judeus nas instituições culturais helenísticas e
sua luta por direitos de cidadania plenos, aconteceu a produção intelectual de Filo. Ao
se associarem à vida cultural de Alexandria, os judeus visavam cidadania plena na
polis grega. Nesse sentido, a interpretação de Filo é, antes de tudo, um comentário a
respeito da história real da comunidade a qual ele pertencia. Para um judeu que vivia
sob a dominação estrangeira no Egito, lidar com os relatos do Pentateuco que falavam
sobre a antiga opressão de Israel no Egito e a libertação realizada por Moisés tinha,
certamente, uma relevância imediata e contemporânea que raramente podemos
imaginar.

Filo quer ser defensor do seu povo no círculo de judeus e de pagãos cultos. Ele
procurava superar as dificuldades que o judaísmo suscitava, da mesma maneira que
ele as havia superado, além de tentar demonstrar a grandeza da herança judaica. Filo
não procurava aproximar a cultura grega aos seus leitores judeus, pois eles conheciam
o que era básico dela, mas ela é empregada para provar a existência, em qualquer
lugar do texto sagrado, de algum sentido profundo cosmológico. Em Moisés e nos
patriarcas judeus acham-se os verdadeiros arquétipos do sábio e do filósofo. A
Escritura é receptáculo da sabedoria antiga, pois os grandes filósofos foram guiados
pelo espírito divino. A interpretação alegórica da Escritura de Filo consiste, portanto,
numa “re-escritura” de significados clássicos, uma “re-escritura” que é,
paradoxalmente, vista como escrito original. Ela reinterpreta o cosmos, a história, a
sabedoria filosófica clássica e a realidade social de Alexandria. Filo não procurava
dissolver a identidade judaica na cultura helenística, mas era central para a identidade
e sobrevivência da comunidade judaica em meio a um contexto hostil.
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Bibliografia consultada:

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