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Manual

Módulo 1
Formador:
Sistema,
Contexto e Perfil

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I. ÍNDICE
I. Índice.......................................................................................................................................................... 2
II. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ ………….3
III. FORMADOR: CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO........................................................................................... 4
3.1 POLÍTICAS EUROPEIAS E NACIONAIS DE EDUCAÇÃO / FORMAÇÃO ....................................................................... 4
3.2 CATÁLAGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES ............................................................................................................ 6
3.3 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ............................................................................. 7
3.4 LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL .................................................................... 8
3.5 LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E DA ATIVIDADE DO FORMADOR ............. 10
3.6 PERFIL DO FORMADOR ......................................................................................................................................... 11
3.7 CÓDIGO DEONTOLÓGICO: DIREITOS E DEVERES .................................................................................................. 14
3.8 TIPOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL................................................................................................................... 15
3.9 MODALIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL.................................................................................................... 16
3.10 MODALIDADES DE INTERVENÇÃO FORMATIVA ................................................................................................... 20
3.11 PROCESSOS DE RVCC ............................................................................................................................................ 22
IV. APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE E EMPREENDEDORISMO ................................................................... 25
4.1 PRINCÍPIOS DA TEORIA DA APRENDIZAGEM ........................................................................................................ 25
4.2 PEDAGOGIA, ANDRAGOGIA, DIDÁTICA E PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM ........................................................ 27
4.3 PROCESSOS, ETAPAS E FATORES PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM................................................................. 29
4.4 FATORES COGNITIVOS DE APRENDIZAGEM ......................................................................................................... 32
4.5 A APRENDIZAGEM DISRUPTIVA COMO METODOLOGIA DE FACILITAÇÃO ........................................................... 35
4.6 ESPÍRITO EMPREENDEDOR NA FORMAÇÃO ......................................................................................................... 36
4.7 PEDAGOGIA DIFERENCIADA ................................................................................................................................. 41
4.8 DIFERENCIAR PORQUÊ? ........................................................................................................................................ 43
4.9 A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL) ..................................................... 44
V. PRINCÍPIOS DA CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA.......................................................................................... 46
VI. CONCLUSÃO.......................................................................................................................................... 47

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II. INTRODUÇÃO

O papel do formador é, hoje em dia um papel em constante mudança. Toda a legislação da formação em Portugal
tem vindo a ser renovada nos últimos anos e os formadores têm o dever de se manterem atualizados. Paralelamente,
importa que o formador seja detentor de conhecimentos sobre a forma como os formandos aprendem e quais as
melhores estratégias para facilitar a aprendizagem. É sobre estas importantes temáticas que se debruça este módulo.

OBJETIVOS
• Caracterizar os sistemas de qualificação com base nas finalidades, no público-alvo, nas tecnologias
utilizadas e no tipo e modalidade de formação pretendida;

• Identificar a legislação, nacional e comunitária, que regulamenta a Formação Profissional;

• Enunciar as competências e capacidades necessárias à atividade de formador;

• Discriminar as competências exigíveis ao formador no sistema de formação;

• Identificar os conceitos e as principais teorias, modelos explicativos do processo de aprendizagem;

• Identificar os principais factores e as condições facilitadoras da aprendizagem;

• Desenvolver um espírito crítico, criativo e empreendedor.

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III. FORMADOR: CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO
3.1 POLÍTICAS EUROPEIAS E NACIONAIS DE EDUCAÇÃO / FORMAÇÃO

Educação e Formação tem vindo a adquirir cada vez mais importância a nível Europeu desde a implementação do
Programa:

EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO 2010

No ano de 2002, foi adotado o Programa de Trabalho “Educação e Formação 2010”, pelo Conselho da Educação,
Juventude e Cultura e pela Comissão Europeia. Este programa visava orientar as políticas de educação e formação dos
Estados-Membros da União Europeia, com o objectivo de, até 2010, tornar a educação e formação da União Europeia
competitiva e com a máxima qualidade. Uma das metas era mesmo tornar a educação e formação europeia numa
referência a nível mundial.
Uma das prioridades do Programa “Educação e Formação 2010” foi criar o Quadro Europeu para as Qualificações
para a aprendizagem ao longo da vida - Um conjunto de premissas orientadoras da política de educação e formação dos
Estados Membros - Este Quadro vem dar origem em Portugal ao:

QNQ – Quadro Nacional de Qualificações

Que define a estrutura de níveis de qualificação, tendo como referência os princípios do Quadro Europeu de
Qualificações no que diz respeito à descrição das qualificações nacionais em termos de resultados de aprendizagem,
de acordo com os descritores associados a cada nível de qualificação.

Estrutura do QNQ

O QNQ abrange o ensino básico, secundário e superior, a formação profissional e os processos de reconhecimento,
validação e certificação de competências quer obtidas por via formal quer informal.

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Estrutura do Quadro Nacional de Qualificações

Níveis de Qualificação Qualificação


Nível 1 2º Ciclo do ensino básico
Nível 2 3º Ciclo do ensino básico obtido no ensino básico ou por percursos de dupla certificação
Nível 3 Ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudos de nível superior
Ensino secundário obtido por percursos de dupla certificação ou ensino secundário
Nível 4 vocacionado para prosseguimento de estudos de nível superior acrescido de estágio
profissional de no mínimo 6 meses
Qualificação de nível pós secundária não superior com créditos para prosseguimento de
Nível 5
estudos de nível superior
Nível 6 Licenciatura
Nível 7 Mestrado
Nível 8 Doutoramento
Fonte: Portaria nº 782/2009, de 23 de Julho

Articulação com o Quadro Europeu de Qualificações


O Quadro Europeu de Qualificações (QEQ), permite fazer corresponder e comparar os sistemas de qualificações de vários
países, ou seja, é como um tradutor dos níveis de qualificação de diferentes países. Com este sistema conseguimos
permitir de forma mais fácil a movimentação de enquadramento de trabalhadores entre os estados membros.

A saber…

O Sistema Nacional de Qualificações:


• Adopta os princípios consagrados no acordo sobre a reforma da formação profissional, celebrado com os
parceiros sociais (Março 2007)
• Assume objetivos da Iniciativa Novas Oportunidades e promove os instrumentos necessários à sua efetiva
execução
• Reestrutura a formação inserida no sistema educativo e no mercado de trabalho, integrando-a num único
sistema com instrumentos e objetivos comuns
• Garante articulação com o instrumento financeiro de excelência: Programa Operacional de Potencial
Humano (POPH) para o desenvolvimento e valorização dos recursos humanos

Ver: Decreto-Lei 396/2007 de 31 de Dezembro

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3.2 CATÁLAGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

Fonte: catalogo.anqep.gov.pt

O que é?

É um Instrumento de gestão estratégica das qualificações de nível não superior que integra o Sistema Nacional de
Qualificações (Decreto-lei nº 396/2007, de 31 de Dezembro). Este Catálogo ajuda a articular e sistematizar as
competências necessárias ao desenvolvimento do nosso país, assim tornando-se mais fácil articular as nossas formações
com as dos restantes países da União Europeia.
Para cada qualificação, neste catálogo, são associadas as competências que se tornam necessárias desenvolver no
formando.

Que qualificações Inclui?

• Qualificações que conferem o 9º ano de escolaridade e o nível 2 de formação profissional

• Qualificações que conferem o 12º ano de escolaridade e o nível 3 de formação profissional

• Qualificações que conferem o 12º ano de escolaridade e o nível 4 de formação profissional

Como se organiza?
Organiza-se por áreas de educação e formação, de acordo com a Classificação Nacional de áreas de educação e formação
(Portaria nº 256/2005, de 16 de Março), definindo para cada qualificação os respetivos referenciais: Perfil profissional,
referencial de formação, referencial de reconhecimento, validação e certificação de competências (componente base
tecnológica).

Para que serve o catálogo?


• Disponibilizar às empresas oferta formativa que constitua uma resposta adequada às suas necessidades.

• Tornar mais fácil o acesso à qualificação de jovens e adultos:


o Repartir a oferta de formação em módulos de curta duração (25/50 horas), certificando de forma
autónoma as unidades até à obtenção da qualificação;

o Disponibilizando referenciais para processos de RVCC, a partir dos quais os indivíduos poderão ver
reconhecidas competências já adquiridas e utilizá-las para efeitos de certificação.
• Tornar mais eficiente o investimento público na educação e formação com vista à obtenção de uma profissão.
Os referenciais de qualificação do catálogo nacional de qualificação condicionam o acesso ao financiamento
do Eixo 2 do Programa Operacional do Potencial Humano (POPH).

• Em última análise contribui para a informação e orientação em matéria de qualificações.

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Quem utiliza o catálogo?
• Jovens que querem escolher uma profissão.

• Adultos que procuram oportunidades de qualificação.

• Adultos que pretendem desenvolver/ valorizar as suas experiências e ver reconhecidas e certificadas as suas
competências.

• Ativos que pretendem desenvolver e atualizar as suas competências.

• Empresas e outras organizações que procuram desenvolver as competências dos seus trabalhadores/
colaboradores.

• Entidades formadoras que querem promover formação certificada, que atribui uma qualificação escolar e uma
certificação profissional – dupla certificação.
• Profissionais de educação e formação.

http://www.catalogo.anqep.gov.pt/

3.3 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O conceito de formação deriva da palavra latina formatĭo. Trata-se da ação e do efeito de formar. Atualmente a
noção de formação associa-se à ideia de formação académica ou profissional, que pode compreender cursos que tenham
como objetivo a inserção ou reinserção no mundo do trabalho, bem como reciclagem de conhecimentos.
Ao longo das últimas décadas podemos dizer que a formação foi deixando as escolas e entrando no mundo do
trabalho. Aos poucos em Portugal tem vindo a existir uma transição entre o que era um sistema de ensino baseado
apenas na transmissão de conhecimentos, para um sistema de ensino baseado no desenvolvimento de competências,
para o desempenho de uma determinada função no mundo do trabalho – Isto é o protótipo da Formação Profissional.

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Começa a assistir-se a um novo paradigma, as empresas dão-se conta da necessidade e da mais valia que é ter
profissionais mais qualificados.
A formação professional tem a sua base no conceito de desenvolvimento de competências para o desempenho
de uma determinada função no mundo do trabalho. Situando-se, assim, na relação entre as duas principais vertentes do
processo formativo, o ensino e a aprendizagem.

TEMAS NO ENSINO NA FORMAÇÃO


Quem ensina Professor Animador/ Formador
Quem aprende Aluno Formando
Saber-Saber Saber-Fazer Saber-
Objectivo Um diploma
Ser
Prioridade O programa Necessidades dos participantes
Mais passivo e, eventualmente,
Grupo Activo/ descontraído
conflituoso
Recomendado Aconselhado
Trabalho em Grupo Possível, mas pouco controlado
Controlado
Atitude de quem aprende Escuta mais do que participa Participa activamente
Trabalho pessoal Necessário e não assistido Indispensável e assistido
Número de “ensinados” 20 a ... 500 10 a 20
Horários Rígidos Flexível (maior escolha)
Elaborado, detalhado, preciso e Sequência de temas e pontos
Programas
completo chave
Aparentemente caro (para
Custo para o “ensinado” Barato
certos públicos)

3.4 LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

É muito importante que se regule a formação profissional, é a forma de garantir a qualidade da formação e o
reconhecimento nacional e internacional da mesma.

Portaria nº 214/2011, de 30 de Maio


Estabelece o regime da formação e certificação de competências pedagógicas dos formadores que desenvolvam
a sua atividade no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações.

Portaria nº 851/2010, de 6 de Setembro


Regula o Sistema de Certificação de Entidades Formadoras.

Portaria nº 256/2005, de 16 de Março


Classificação das áreas de Educação e Formação.

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Vale a pena ler…

Resolução do Conselho de Ministros 173/2007 de 7 de Novembro


Resumo: Aprova um conjunto de medidas de reforma da formação profissional, acordada com a generalidade
dos parceiros sociais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social.

Decreto-Lei 396/2007 de 31 de Dezembro


Resumo: Estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Qualificações e define as estruturas que
regulam o seu funcionamento.

Com a integração na união europeia e o aumento das exigências e do número de oferta formativa e empresas de
formação, tornou-se indispensável criar um sistema de acreditação das entidades formadoras, procurando sempre uma
crescente qualidade da formação. Eis que surgem, através da portaria nº 782/97, de 29 de Agosto - as regras básicas para
a Acreditação de Entidades Formadoras (IQF- Instituto da Qualidade na Formação).
A partir de Setembro de 2006, o IQF foi substituído pela DGERT (Direção Geral do Emprego e das Relações do
Trabalho do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social), como a instituição que regula a qualidade e a acreditação
das entidades formadoras.
Em 2010, entra em vigor a Portaria nº 851/2010, de 6 de Setembro, que faz a transição entre o sistema de
acreditação e o que se passará a denominar de sistema de certificação. Aos poucos prevê-se que as entidades acreditadas
comecem a passar gradualmente para entidades certificadas, à medida que as suas acreditações vão caducando.

A saber…

A DGERT tem uma unidade orgânica nuclear que é responsável pela Acreditação/Certificação das Entidades
Formadoras – é a DSQA (Direção de Serviços de Qualidade e Acreditação), que tem como principal missão:
Contribuir, através da avaliação rigorosa das práticas pedagógicas, para o incremento da qualidade da
formação profissional em Portugal.
Ver – Decreto Regulamentar nº 40/2012 de 12 de Abril

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3.5 LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E DA ATIVIDADE DO
FORMADOR

A atividade do formador tem que ser regulamentada, esta é a forma de melhor dignificar a função a legislação
seguinte é a mais importante para enquadrar a função/atividade de formador e tem vindo a ser constantemente
atualizada.

Decreto Lei nº 66/94, de 18 de Novembro


Regulamenta a atividade de formador no domínio da formação profissional inserida no mercado de trabalho.

Decreto Regulamentar nº 26/97, de 18 de Junho


Exercício da Atividade de Formador (altera o Decreto Regulamentar nº 66/94, de 18 de Novembro).

Decreto Lei 92/2011, de 27 de Julho


Estabelece o regime jurídico do sistema de Regulação de acesso a Profissões (SRAP)

Decreto Lei nº 214/2011, de 30 de Maio

Estabelece o regime de formação e certificação de competências pedagógicas dos formadores que desenvolvem
a sua atividade no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações. Prevê a utilização de um novo referencial para este
curso.
Estabelece ainda alterações ao nível da certificação dos formandos. O CAP passará a ser denominado
CCP- Certificado de Competências Pedagógicas.
Com a publicação e vigência do Decreto-Lei n.º 92/2011, de 27 de Julho [vigente desde 1 de Agosto de 2011], que
cria o Sistema de Regulação de Acesso a Profissões – SRAP -, foi revogado o Decreto Regulamentar n.º 68/1994, de 18 de
Novembro [estabelecia as condições gerais de emissão de certificados de formação e de aptidão].
A revogação produz efeitos a 1 de Agosto de 2011, pelo que, a partir daquela data deixa de haver base legal para
a emissão do CAP - Certificado de Aptidão Pedagógica de Formador -, passando a ser emitidos CCP - Certificados de
Competências Pedagógicas -, ao abrigo da Portaria n.º 214/2011, de 30 de Maio [estabelece o regime de formação e
certificação de competências pedagógicas dos formadores que desenvolvem a sua atividade no âmbito do Sistema
Nacional de Qualificações e revoga a Portaria n.º 1119/1997, de 5 de Novembro].
O Decreto-Lei n.º 92/2011, de 27 de Julho, prevalece sobre quaisquer outros diplomas legais ou regulamentares
que regulem a matéria de acesso a profissões e de regulação de atividades económicas, desde que estas integrem, no
seu âmbito, profissões cujo acesso obrigue ao cumprimento de requisitos específicos adicionais ou estabeleçam reservas
de atividade, expressa ou implicitamente.

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Os cursos ao abrigo da legislação revogada (Portaria n.º 1119/1997, de 5 de Novembro) que se encontrassem a
decorrer à data da entrada em vigor da Portaria n.º 214/2011, de 30 de Maio mantêm a validade e os efeitos previstos
no respetivo regime legal.
Os certificados de aptidão pedagógica de formador (CAP) já emitidos pelo Instituto do Emprego e da Formação
Profissional, I. P., ao abrigo da legislação revogada e os que venham a ser emitidos ao abrigo do n.º 1, do artigo 13.º, da
Portaria n.º 214/2011, de 30 de Maio, manter-se-ão válidos após a entrada em vigor da Portaria n.º 214/2011, de 30 de
Maio, produzindo os mesmos efeitos que o certificado de competências pedagógicas de formador (CCP).
O Netforce – Portal (http://netforce.iefp.pt/) para a Formação e Certificação de Formadores e outros profissionais
é uma aplicação informática, disponibilizada e gerida pelo IEFP, IP, a qual contém o Sistema de Informação de Formação
e Certificação de Formadores previsto no artigo 9.º da Portaria n.º 214/2011, de 30 de Maio.

3.6 PERFIL DO FORMADOR

Por definição o formador é o técnico que atua em diversos contextos, modalidades, níveis e situações de
aprendizagem, com recurso a diferentes estratégias, métodos, técnicas e instrumentos de formação e avaliação,
estabelecendo uma relação pedagógica diferenciada, dinâmica e eficaz com múltiplos grupos ou indivíduos, de forma a
favorecer a aquisição de conhecimentos e competências, bem como o desenvolvimento de atitudes e comportamentos
adequados ao desempenho profissional, tendo em atenção as exigências atuais e prospetivas do mercado de emprego.
Então o formador tem um papel muito abrangente, é um técnico que tanto pode dar formação em contexto de
sala de aula, também o pode fazer numa cozinha, numa oficina ou no posto de trabalho de um funcionário numa fábrica.

Então que competências deve ter o formador?

1. Psicossociais:

a) Saber - estar em situação profissional no posto de trabalho, na empresa/organização, no mercado de trabalho:


• Assiduidade;
• Pontualidade;
• Postura pessoal e profissional;
• Aplicação ao trabalho;
• Co-responsabilidade e autonomia;
• Boas relações de trabalho;
• Capacidade de negociação;
• Espírito de equipa;
• Auto-desenvolvimento pessoal e profissional

b) Possuir capacidade de relacionamento com os outros e consigo próprio:


• Comunicação interpessoal;

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• Liderança;
• Estabilidade emocional;
• Tolerância;
• Resistência à frustração;
• Auto-confiança;
• Auto-crítica;
• Sentido ético pessoal e profissional.

c) Ter capacidade de relacionamento com o objeto de trabalho:


• Capacidade de análise e de síntese;
• Capacidade de planificação e organização;
• Capacidade de resolução de problemas;
• Capacidade de tomada de decisão;
• Criatividade;
• Flexibilidade;
• Espírito de iniciativa e abertura à mudança

2. Competências Técnicas:

a) Capacidade de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua actividade

b) Capacidade de informar (transmitir conhecimentos), instruir (desenvolver competências) e incentivar (fomentar


atitudes)

c) Experiência, quer a nível técnico (de execução), quer tecnológico / científico

d) Preocupação em acompanhar os desenvolvimentos que a sua profissão sofre (atualização e aperfeiçoamento)

3. Competências Pedagógicas:

a) Capacidade de planificar e preparar sessões de formação:


• Objetivos
• Programa
• Perfis de entrada e de saída
• Conteúdos
• Métodos e técnicas pedagógicas
• Suportes didáticos
• Auxiliares pedagógicos

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b) Capacidade de conduzir / mediar o processo de formação / aprendizagem:
• Comunicação em grupo
• Motivação
• Gestão dos relacionamentos interpessoais e das dinâmicas de grupo

• Gestão do tempo

c) Capacidade de avaliar a eficácia da formação:


• Avaliar os formandos e comunicar os resultados obtidos;
• Utilizar os diferentes tipos de avaliação:
• Inicial - aferição de conhecimentos

• Formativa /Contínua

• Sumativa

• Avaliar o seu próprio desempenho.

O formador é um profissional multitarefa, que tem a seu cargo a responsabilidade de gerir um grupo de pessoas,
motivando-as, monitorizando as atividades propostas, respondendo a todas as solicitações, sempre com grande
capacidade de auto-controlo.
É muito importante que tenha noção que a sua atitude, postura e comportamento influencia a aprendizagem de
todo o grupo. Para isso, deverá conhecer muito bem os comportamentos-tipo dos formandos:

“O ENCORAJADOR”
Promove a contribuição dos outros; elogia; é solidário e compreensivo; aceita outros pontos de vista, ideias e
sugestões.

“O HUMANIZADOR”
Serve de mediador nos debates entre os outros formandos; tenta reconciliar conflitos; alivia a tensão nas situações
de conflito através do humor, “deitando água na fervura”.

“O QUE CEDE”
Em situação de debate em que a sua opinião ou posição se encontram envolvidas, cede. Pode oferecer um
compromisso submetendo-se à opinião geral admitindo o erro, controlando-se, a fim de manter a harmonia ou
“encontrando-se a meio caminho” com o grupo de formandos.

“O EXPEDIDOR”
Tenta manter em aberto os canais de comunicação, encorajando ou facilitando a participação dos outros
formandos.

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“O BLOQUEADOR”
Tende a ser negativo e teimosamente resistente; discorda e opõe-se sem qualquer razão; procura manter ou voltar
a uma questão depois de o grupo de formandos já a ter rejeitado ou ultrapassado.

“O AGRESSOR”
Expressa reprovação pelos valores, ações ou sentimentos dos outros formandos e do formador; ataca quem tem
a palavra; diz piadas agressivas; mostra inveja pelos outros.

“O ENGRAÇADO”
Exibe um comportamento de quem está de férias e demonstra a sua falta de envolvimento para com o grupo de
formandos através do desleixo, cinismo e piadas.

3.7 CÓDIGO DEONTOLÓGICO: DIREITOS E DEVERES

A Associação Portuguesa de Gestores e Técnicos de Recursos Humanos (APG), lançou o código


deontológico da atividade de formador que visa definir os direitos e deveres do formador. Para os
formadores foi um passo muito importante, viram a sua atividade reconhecida e protegida. Passemos ao
referido código (in revista dirigir nº 62 – Julho/Agosto 1999):

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3.8 TIPOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Formação inicial
• Visa a aquisição das capacidades indispensáveis para o trabalhador poder iniciar as suas funções

• Destinatários: trabalhadores recrutados e a recrutar, indivíduos que pretendem iniciar uma nova profissão.

Formação contínua
• Promove a atualização e a valorização pessoal e profissional dos trabalhadores para aquisição e
aprofundamento de conhecimentos ou especializações, em consonância com as políticas de desenvolvimento,
inovação e mudança das empresas.

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• Destinatários: trabalhadores que se encontram no exercício das suas funções

Em suma finalidades da formação:

Inicial Contínua
Sensibilização Atualização
Iniciação Aperfeiçoamento
Formação de base Reciclagem
Qualificação Promoção
Integração no mercado de trabalho Reconversão
Especialização

3.9 MODALIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

1. Cursos de Educação e Formação de Jovens;


Com o elevado número de abandono e insucesso escolar no nosso país tornou-se importante criar uma solução
para estes jovens, oferecendo-lhes formação mais adequada ao seu perfil e necessidades. Este tipo de cursos dá aos
jovens certificação escolar e certificação profissional, a chamada dupla certificação.
Destinatários – Jovens com idade igual ou superior a 15 anos e inferior a 23 anos.
Estes jovens devem ser desempregados e em risco de abandono escolar ou que já tenham abandonado a via de
ensino, com escolaridade superior ao 6º ano de escolaridade.

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fonte: www.IEFP.pt

2. Educação e Formação de Adultos:


Esta tipologia de cursos foi criada com o objetivo de habilitar escolar e profissionalmente a população adulta por
forma a aumentar a probabilidade de empregabilidade desta população.
Destinatários: São pessoas com idade igual ou superior a 18 anos à data de inicio da formação, sem qualificação
adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de trabalho ou sem a conclusão do ensino básico ou do
secundário.

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3. Formação para públicos diferenciados (exemplo - incapacidade ou deficiência);
Estima-se que existam 50 milhões de pessoas com deficiências na Europa, por esse motivo torna-se imprescindível
formar estes cidadãos para a entrada no mundo do trabalho, numa sociedade que se quer inclusiva.
Um formador que trabalha com e para públicos com incapacidades/deficiências, é uma pessoa que deve estar
capacitada para a intervenção na diversidade. Deve estar preparado para trabalhar com pessoas todas elas únicas entre
si. O que importa salientar é que o profissional da formação deve ter sempre uma ação diferenciada, só assim se chega
ao sucesso.
Quando se intervém com público diferenciado, nunca devemos negar as diferenças mas sim compreendê- las e
trabalhar com elas no sentido da integração completa do sujeito. Este nunca deve sentir-se reduzido à sua diferença.
Estas diferenças devem ser tidas em conta quando planificamos a formação e durante a mesma, para que o sujeito nunca
se sinta excluído do grupo – Igualdade de oportunidades é um lema que deve sempre prevalecer.

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4. Formação em contexto de trabalho
As políticas Nacionais e Europeias, já há alguns anos que vêm apostando na (re) qualificação dos recursos humanos
no meio empresarial, logo surgiu a necessidade de dar formação em contexto de trabalho, quer como aperfeiçoamento,
quer como parte integrante de ofertas formativas (EFA/CEF).
O objetivo da formação prática em contexto de trabalho nas ofertas formativas do IEFP é:

• o contato com tecnologias e técnicas que se encontram para além das situações simuláveis, em
contexto de formação;

• a oportunidade de aplicação, a atividades concretas, dos conhecimentos adquiridos, em contexto de


• formação;
• o desenvolvimento de hábitos de trabalho, espírito empreendedor e sentido de responsabilidade
profissional;

• as vivências inerentes às relações humanas no trabalho;

• o conhecimento da organização empresarial.

Esta abordagem prática no contexto de trabalho, traz a necessidade da existência da figura do Formador em
Contexto Real de Trabalho/Tutor. No fundo, é o profissional que faz a ponte entre a instituição de ensino, a empresa e o
formando. É a este profissional que cabe a responsabilidade de orientar pedagogicamente o formando, acompanhar a
sua atividade no trabalho e avaliar a sua prestação. É a boa preparação dos formadores/tutores que irá fazer com que o
desenvolvimento de competências do formando se desenvolva de forma equilibrada e voltada para o sucesso.
É de todo importante que estes formadores tenham formação adequada e atualização permanente.

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3.10 MODALIDADES DE INTERVENÇÃO FORMATIVA

1. Presencial
É a formação que se faz na presença do formando. Torna-se obrigatória com determinados públicos alvo
(formandos sem escolaridade base sólida, formandos que não dominem as TIC), tem vantagens e desvantagens:

Vantagens Desvantagens
Feedback imediato do formador Apela à produção e memorização de
conteúdos
Afetividade no relacionamento Papel mais passivo do formando
formador/formando e intergrupo
Pouca flexibilidade de tempo.
Constrangimento das distâncias

2. E-learning
É a formação em que o formando aprende através de conteúdos colocados no computador e/ou Internet e em
que o formador/tutor, está à distância, utilizando a Internet como meio de comunicação (síncrono ou assíncrono).

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Vantagens Desvantagens
Conteúdos disponíveis 24 horas por dia 7 Ausência de relações humanas formador/
dias por semana formando
O e-learning é adaptável ao estilo, ritmo e Contigências tecnológicas, dependência da
conhecimentos prévios do formando internet
Estudos demonstram que o e-learning Ainda reduzida confiança neste tipo de
proporciona uma retenção mais profunda estratégias educativas
dos conhecimentos. Tal deve-se ao superior
envolvimento do formando no processo de
aprendizagem
Mais económico

3. B-learning (blended-learning)
O blended learning, ou b-learning, é um derivado do e-learning e refere-se a um sistema de formação onde a
maior parte dos conteúdos é transmitido em curso à distância, normalmente pela internet, entretanto inclui
necessariamente situações presenciais, daí a origem da designação blended, algo misto, combinado.

Vantagens Desvantagens
- Melhor integração pessoal entre os - Desvalorização do formador online
participantes, com consequente troca de e elevada valorização do formador
experiências. presencial.
- Melhor capacidade de avaliação dos - Necessidade de organizar turmas
formandos, em situações ao vivo, presenciais, para redução de custos, com
especialmente quando o objeto da datas definidas, pode limitar o acesso de
formação envolve performance de formandos individuais que queiram
relacionamento e postura do formando estudar programas de forma independente
frente ao público. e com prazos mais flexíveis, como no caso
do e-learning.
- Humanização da relação entre a
instituição e os formandos.
- Eventual redução de custos com a
formação de grupos, a permitir que o
grupo inicie o curso e termine no mesmo
prazo.
- Possibilidade de realizar trabalhos de
campo e visitas técnicas a locais de
interesse, bem como dinâmicas coletivas.

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3.11 PROCESSOS DE RVCC

O processo de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências (RVCC), surgiu integrado na iniciativa


Novas Oportunidades. Este processo permite aumentar a qualificação escolar (RVCC Escolar) e profissional (RVCC
Profissional) da população adulta, através do recurso às aprendizagens que foram adquirindo ao longo do seu percurso
de vida e do seu percurso profissional.
O Portfólio em RVCC:
No caso do portfólio RVCC, feito no âmbito do programa Reconhecimento, Validação e Certificação de
Competências, o objetivo é promover a reunião das capacidades e competências do formando, juntamente com as
reflexões do próprio sobre o seu percurso de vida pessoal e profissional num documento escrito.
Mas, de modo mais simples, esse portfólio será elaborado pelo formando para que, “contando a sua história” ele
mostre o que aprendeu com a sua experiência. O que inclui aspetos relativos à formação mas não só.
Podem (e devem) ser referidas também experiências pessoais e profissionais significativas acompanhadas de uma
reflexão pessoal. Mostrando assim que além das aprendizagens adquiridas (matérias teóricas). O formando conseguiu
transformá-las em competências plenas.
Não existe um “método único” para desenvolver o seu portfólio. O importante é mostrar como a formação o (a)
tornou mais apto (a) para desenvolver as suas funções enquanto profissional completamente capacitado.
Há quem defenda que não deve conter separadores de competências, mas que deve ser organizado como se
contasse mesmo a sua história acompanhada por reflexões sobre os acontecimentos e experiências.
Podem ser adicionados outros tipos de documentos para completar o seu portfólio como textos próprios,
entrevistas, fotografias ou materiais gráficos de diversos tipos.
É importante mostrar sempre o seu ponto de vista sobre os factos que coloca no portfólio RVCC, referindo, a título
de exemplo, como esse facto ou acontecimento o afetou, como certa aprendizagem o beneficiou ou como influenciou /
influencia a sua prestação como profissional.

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Fases do Processo de RVCC

1ª Fase: Reconhecimento de Competências

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2ª Fase: Validação de Competências

3ª Fase: Certificação de Competências

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IV. APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE E EMPREENDEDORISMO

4.1 PRINCÍPIOS DA TEORIA DA APRENDIZAGEM

O que é aprendizagem?
Foram várias as correntes que se dedicaram à explicação do que é a aprendizagem. A aprendizagem tem como
função dotar os indivíduos das capacidades que os tornem funcionais no seu todo, servindo-se para este efeito das suas
competências sensório-motoras, cognitivas, afetivas e linguísticas.
Foram várias as correntes psicológicas que se dedicaram à explicação da aprendizagem:

Hoje em dia olhamos para a Aprendizagem como um processo dinâmico e sempre em movimento. Cada indivíduo
não é um ser passivo, mas sim um ativo processador de informação. Todos os indivíduos conseguem aprender,
conseguem encontrar respostas para as suas necessidades, dependendo das suas competências pessoais e do seu meio
envolvente mas conseguem aprender. A grande questão que se coloca é encontrar o método mais adequado a cada
indivíduo.
O enfoque principal da Psicologia da Aprendizagem é explicar, através de diferentes pontos de vista, como é que
as pessoas aprendem.
É fundamental que um professor ou um formador saiba a forma como os indivíduos aprendem, só assim adequará
a matéria de forma a chegar a todos da melhor maneira.

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A chamada corrente empirista, diz que o ser humano nasce como um livro em branco e é a experiência sensório-
motora que vai acumulando, que prenche as páginas do livro da aprendizagem. O conhecimento é uma “descoberta” de
algo novo que existe no mundo à volta do indivíduo.
A correntes que sustentam o inato, defendem a hereditariedade do indivíduo, as suas capacidades são
determinadas pelos seus antepassados e pela sua carga genética; a inteligência, personalidade, emoções, etc.. já estão
determinadas desde o nascimento do sujeito.
Teorias de Aprendizagem:

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4.2 PEDAGOGIA, ANDRAGOGIA, DIDÁTICA E PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

Importa parar e esclarecermos alguns conceitos antes de continuarmos nesta viagem pelo mundo
da Aprendizagem:

A saber… O que se entende por Pedagogia?

A Pedagogia é a ciência ou disciplina cujo objetivo é a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo
educativo - vem do grego paidós (criança) e agogé (condução).

E a Andragogia?
É um caminho educacional que procura compreender o adulto em todas as suas componentes. Promove o aluno
através da sua experiência – no fundo aprende fazendo/executando.
Comparemos os dois conceitos:

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O que é didática?
É uma disciplina que tem como objeto específico a técnica de ensino (direção técnica da aprendizagem), é a arte
de ensinar.
Importa identificar os elementos da ação didática:
• O Professor;
• O Aluno;
• A matéria a lecionar;
• O contexto da aprendizagem;
• As estratégias metodológicas.

É preciso todos estes elementos para que se execute a arte de ensinar.

O que é a Psicologia da Aprendizagem?


A Psicologia da Aprendizagem é a área da Psicologia que se dedica ao estudo dos fenómenos da aprendizagem e
da forma como os indivíduos aprendem

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4.3 PROCESSOS, ETAPAS E FATORES PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um:

Processo dinâmico porque….


Se centra na atividade daquele que aprende. A aprendizagem leva a uma mudança de comportamento. O Formando
aprende através da sua partipação nas atividades de aprendizagem.

Processo global porque….


A sua eficácia depende da interação entre os diferentes tipos de saberes: conhecimentos, capacidades e atitudes.

Processo contínuo porque….


Acompanha o Homem durante toda a sua vida, só assim ele se adapta ao meio envolvente.

Processo pessoal porque….


A aprendizagem depende do ser que aprende. O formador deve sempre respeitar a individualidade de cada um dos seus
formandos. Se o formador conhecer previamente os grupos que irá ter, adequará da melhor forma a formação ao seu
grupo.

Processo gradativo porque….


Cada nova aprendizagem que se faz será sempre mais complexa, pois englobará sempre maior número de elementos.

Processo cumulativo porque….


A experiência atual de cada formando será sempre integrada nas anteriores que já adquiriu, por isso é um processo
cumulativo, cada indivíduo vai acumulando conhecimentos ao longo da sua vida.

Etapas do Processo de Aprendizagem:

Ao longo das sessões é importante considerar a existência de quatro etapas distintas:


a) Sincrética;

b) Analítica;

c) Sintética;

d) De aplicação/de avaliação;

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a) Fase Sincrética (posição)
Nesta fase existe uma “visão de conjunto” em que se deve ter em consideração a experiência do formando. Assim,
integra-se nesta fase a verificação dos pré-requisitos, a comunicação dos objetivos gerais e a antecipação das etapas da
sessão. A sua função didática é globalizante, motivadora e de antecipação.

b) Fase Analítica (problema)


Nesta fase é feita uma apresentação das partes uma a uma, uma vez que a sua função didática é a assimilação.

c) Fase Sintética (possibilidades)


Nesta fase o formador deverá destacar o essencial, propondo um sentido unitário inter-relacionado as partes. A sua
função didática é a integração.

d) Fase de Aplicação/Avaliação (proposta)


Esta é uma fase de treino, na qual se propõe novos ângulos de abordagem/ novos contextos pretende-se assim que o
formando seja capaz de generalizar e transferir os elementos aprendidos. A sua função é de consolidação e ampliação.

Fatores que influenciam a aprendizagem:


Quando falamos em fatores que influenciam a aprendizagem, salientamos três principais categorias: pessoais, natureza
das tarefas e condições relativas ao meio.

a) Fatores pessoais:
Auto-conceito académico do formando – Quando o formando tem um auto-conceito académico baixo, o formador
deverá encorajar e definir objetivos atingíveis (motivação intrínseca).
Experiências passadas- o formador deverá permitir uma ligação entre as experiências passadas dos formandos e a
aprendizagem efetuada, no sentido de uma aprendizagem mais eficaz e significativa.
Necessidades de aprendizagem - o formador deverá ajudar os formandos a clarificarem as suas necessidades de
aprendizagem, uma vez que é com base nelas que assenta a formação. Quando existe indefinição e pouca clarificação
destas necessidades, o formador deve ajudar o formando a perceber qual é a utilidade daquilo que está a aprender para
o seu futuro profissional (motivação extrínseca)
Nível de auto-diretividade - quando o formador verifica que o formando possui uma baixa auto- direção, deverá optar
por aumentar a diretividade da formação, optando por metodologias afirmativas e semi-diretivas. Se, pelo contrário,
possui capacidades para assumir tarefas de forma autónoma, então o formador deverá baixar a diretividade, recorrendo
a metodologias não afirmativas e semi-diretivas.
Idade do formando - ao longo do ciclo vital o nosso ritmo de aprendizagem vai diminuindo. O formador deverá assim
adequar-se às características de cada formando.
Nível de conhecimento do assunto a estudar - inicialmente o formador deverá saber quais os conhecimentos prévios
dos formandos, para que possa estabelecer um vínculo entre a informação que é apresentada e as experiências dos
formandos.

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b) Natureza das tarefas de Aprendizagem
Aprendizagem Instrumental - orientada para a resolução de problemas, a ação do formador está mais centrada na
monitorização dos constructos.
Aprendizagem Dialógica - o formador deverá levar os formandos a perceber que muitas vezes não existem respostas
certas, uma vez que esta aprendizagem está mais voltada para aspetos morais, valorativos e ideais de cada um.
Aprendizagem Auto-reflexiva - o formador deverá apresentar aos formandos diferentes interpretações dos sentimentos,
para que cada um alcance uma melhor compreensão de si próprio. Pretende-se com esta aprendizagem aumentar a
consciência crítica sobre a história do desenvolvimento pessoal.

c) Condições relativas ao meio


Espaço físico - condições físicas poderão influenciar a concentração e a aprendizagem.
Heterogeneidade do grupo - a heterogeneidade pode ser estimulante, porque existe uma diversidade de experiências,
mas deve ser controlada para não dificultar o processo de aprendizagem a alguns formandos.
Recursos didáticos - devem ser bem geridos e adequados
Competência andragógica do formador - capacidade de integrar experiências prévias nos conhecimentos a adquirir de
forma motivadora para todo o grupo.
Condições facilitadoras da aprendizagem:
O adulto, à semelhança da criança necessita de estar motivado e de muita atividade para aprender - no entanto - existem
muitos outros processos que facilitam a aquisição de novas aprendizagens nos adultos nomeadamente:
• Explicitação dos objetivos
• Funcionalidade percebida
• Estruturação do assunto Ø Contextualização
• Desenvolvimento do conceito de auto-eficácia
• Interação e a prática
• Envolvimento nas atividades
• Utilização de uma pedagogia de sucesso
• Reforço
• Empatia do formador

Tendo em conta estes factores, o formador deverá considerar atentamente qual a estratégia a utilizar, para
manter a motivação dos adultos e impedir a sua desistência perante algum fracasso.
Vários estudos têm vindo a demonstrar que a aprendizagem é facilitada quando:
O formador recorre a métodos ativos - ao longo do ciclo de vida a capacidade de memorização vai-se perdendo
progressivamente - assim, a utilização de métodos ativos permite a estimulação sensorial, o formando pode ver, ouvir e
fazer.
Individualização - num grupo de formação existe heterogeneidade de histórias, motivações, capacidades, dificuldades e
ritmos de aprendizagem. A aprendizagem difere entre os sujeitos, o que se reflete em tempos diferentes para chegarem
aos mesmos resultados.

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Material prático e útil - é importante que os formandos reconheçam a utilidade das suas aprendizagens. Conceitos
abstratos e demasiados teóricos afastam o interesse dos formandos, enquanto que o recurso à experiência profissional
dos formandos, envolve-os mais nas atividades de aprendizagem.
Apelo à experiência - a experiência dos formandos é extremamente importante para a formação, uma vez que permite
ao formador fomentar uma troca de experiências, gerando um clima de aprendizagem.
Prevenção do insucesso - os adultos aprendem melhor num clima de sucesso, uma vez que não estão muito abertos a
que alguém lhes diga que erraram. O formador deverá assim criar condições para diminuir o erro e reforçar
imediatamente os sucessos.
Dar a conhecer os resultados - o adulto necessita de constante feedback, para saber se está a corresponder aquilo que
é esperado dele.
Ensinar a aprender - para que a formação seja eficaz, é importante ensinar os formandos a aprender, para que cada um
saiba qual o seu ritmo de aprendizagem e se possa atualizar constantemente, pois aquilo que é válido pode amanha já
não o ser.

4.4 FATORES COGNITIVOS DE APRENDIZAGEM

Perante os estudos de David Paul Ausubel (1989), podemos dizer que a teoria da assimilação ou teoria da
aprendizagem significativa, é uma teoria cognitivista que tem como objectivo explicar os mecanismos internos que
surgem na mente humana em relação ao aprendido e à estruturação do conhecimento.
Acredita-se na importância da aprendizagem por descoberta como aquela que mais fica para a vida do indivíduo,
porém há também que valorizar a aprendizagem do tipo expositivo.

• Descoberta: o aluno deve aprender “sozinho”, deve descobrir algum princípio/relação que permita solucionar
problemas e chegar ao conhecimento.
• Expositiva: recebe-se a informação completa e o trabalho do aluno consiste em atuar ativamente sobre esse
material, a fim de relacioná-lo a idéias relevantes disponíveis na sua estrutura cognitiva.

Segundo a teoria de Ausubel (1989), os conceitos mais importantes relativos à aprendizagem organizam- se
esquematicamente da seguinte forma:

• Estrutura cognitiva - A estrutura cognitiva é o conjunto completo e organizado de ideias de um indivíduo.


Mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação
de acontecimentos em termos das estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à
mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio.
• Aprendizagem – A aprendizagem consiste no crescimento, na exploração da estrutura cognitiva, através da
junção de novos dados e descobertas. Dependendo do tipo de relação que se vai formar das ideias já concebidas
com as novas que surgem, pode ocorrer uma aprendizagem que varia do mecânico ao significativo.

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Debruçemo-nos sobre a aprendizagem significativa que ocorre quando as novas ideias se vão relacionando de
forma não-arbitrária e substantiva com as ideias já existentes. Por “não-arbitrariedade“ entende-se que existe uma
relação lógica e explícita entre a nova ideia e algumas outras já existentes. Além de não-arbitrária, para ser significativa,
a aprendizagem tem necessidade de ser substantiva, ou seja, uma vez aprendido determinado conteúdo. O indivíduo
conseguirá explicá-lo com as suas próprias palavras.
O extremo oposto da aprendizagem significativa é a mecânica. Neste caso, as novas ideias não se relacionam de
forma lógica e clara com nenhuma ideia já existente na estrutura cognitiva do sujeito, porém são “decoradas”. Assim
sendo, elas são armazenadas de forma arbitrária, o que não promete assim grande flexibilidade no seu uso. Como
consequência dessa não flexibilidade, o indivíduo depois de ter aprendido as ideias de uma determinada forma não
consegue expressar o conteúdo de uma forma diferente ou seja, com outra liguagem diferente do primeiro material
aprendido.

Importante…

Apesar de Ausubel ter enfatizado sobremaneira a aprendizagem significativa, ele compreendia que no processo
de ensino-aprendizagem existem circunstâncias em que a mecânica era inevitável.

No processo de ensino/aprendizagem existem factores denominados factores cognitivos, a saber:


a) A existência de ideias âncora às quais se podem ligar as novas ideias que vamos ensinar.
b) Até que ponto a tarefa que se deseja assimilar é comparável às ideias que lhe serviram de âncora.
c) A forma como as ideias base foram ensinadas e aprendidas, determinam o nível e a estabilidade da
aprendizagem das novas ideias.

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O que é a “atenção”?

A palavra “atenção” têm diversos significados no seu uso corrente... “Olha para ali com “atenção”
até veres aparecer algo.”
“Passou por ali alguma coisa que me chamou a “atenção”
“Desculpa não te ouvi, estava a dar “atenção” ao livro.”
“Não me lembro onde deixei o carro, não devia estar a prestar “atenção”...” “Esforcei-me por dar
“atenção” ao que o meu chefe estava a dizer.”

Aspetos do fenómeno de atenção


Podemos estar atentos sem prestar atenção a nada de especial (estado de alerta) – a atenção pode ser difusa,
ou seja, não orientada para um estímulo.
Somos “bombardeados” com mais informação do que aquela que podemos processar – a atenção filtra a
informação pertinente.
Podemos distribuir a nossa atenção por diversas tarefas – a atenção pode ser dividida em múltiplas tarefas.
Algumas tarefas podem ser feitas sem prestarmos atenção – tarefas automatizadas não exigem atenção.

Memória
A Psicologia Cognitiva estuda os processos pelos quais o ser humano recebe, armazena, transforma e utiliza a
informação.
Uma das características típicas dos sistemas de processamento de informação é a existência de uma memória,
tanto para manter a informação disponível enquanto ela é processada, como para depois ter acesso ao registo das
experiências vividas.
A memória é uma função mental que nos permite guardar informação sobre acontecimentos passados e recorrer
a essa informação a qualquer instante.

Aprendizagem e memória são dois conceitos interrelacionados


• Aprendizagem depende da memória para a sua permanência
• A aprendizagem: mudança permanente no comportamento devido a experiências passadas. A memória não
teria “conteúdo” se não houvesse aprendizagem
• Memória: retenção de uma aprendizagem ou experiência de forma a possibilitar a sua recuperação.

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4.5 A APRENDIZAGEM DISRUPTIVA COMO METODOLOGIA DE FACILITAÇÃO

O termo disruptiva, está relacionado com o uso de tecnologias móveis para facilitar a aprendizagem. Hoje em dia
assiste-se a uma grande pressão para incluir as tecnologias móveis na educação. Cada vez mais se vê alunos e formandos
a usar tablets e notebooks como material escolar.
São várias as motivações e as vantagens apontadas pelos defensores deste tipo de facilitadores de aprendizagem:
• Ecologicamente é mais correto o acesso a e-books pois preserva as àrvores;

• Mais recursos de pesquisa para os alunos/formandos;

• Interfaces de leitura e de pesquisa atrativos e intuitivos;

• Maior motivação pela aprendizagem;

• Pode aprender-se em qualquer lugar, em qualquer horário;

• Sistema de ensino/aprendizagem mais flexivel, respeitando o ritmo de cada elemento;

O que se apresenta como melhor no apoio à aprendizagem? Tablets ou notebooks?


Os tablets, são mais intuitivos, fáceis de manusear, de ler. Os notetbooks são cada vez mais rápidos, leves e com
mais recursos. Os tablets não são bons para escrever, enquanto essa ainda é a grande vantagem dos notebooks.
Dependendo dos objetivos, assim devemos optar por uma ou por outra solução.
Ambas nos podem ajudar a aprender e a evoluir num mundo em constante mudança. Em seguida deixamos cinco
exemplos de aplicações para usar em contexto de ensino/aprendizagem.

Exemplos de aplicativos para educação/Formação


(Fonte: Universia)

1) Edmodo
Aplicativo gratuito que facilita a interação e conexão entre educadores e alunos. É uma ótima ferramenta para
estudantes do ensino médio e pode ser usado em Iphone, Ipod e Ipad. Ele envia recados, trabalhos, confere mensagens
e eventos quando os alunos estão fora da sala de aula. Professores podem usá-lo para manter alertas de última hora para
os alunos. Armazena notas e tabelas.

2) Grammar Up HD
Este aplicativo é ótimo para professores/formadores de inglês e estudantes que desejam aprimorar seus
conhecimentos na língua inglesa. É um quiz de múltipla escolha com mais de 1.800 palavras em 20 categorias. É
compatível para Ipads.

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3) History: Maps of World
Disponibiliza diferentes mapas em alta resolução de várias partes do mundo de diversos períodos da história. É
gratuito e pode ser usado nas aulas/formações de história e geografia. Compatível com Iphone, Ipad e Ipod.

4) iStudiez Pro
Organiza os cronogramas das aulas, mantém o controlo de trabalhos que devem ser entregues, faz listas de tarefas
diárias. É ótimo para estudantes/formandos e pode ser usado em Iphone e Ipad.

5) Motion Math
Jogo em 3D que simula a jornada de uma estrela de volta para o espaço. Para acertar é necessário mover as frações
para os locais corretos na escala de números. É ótimo para o ensino e prática da matemática e pode ser usado em Iphone,
Ipad e Ipod.

4.6 ESPÍRITO EMPREENDEDOR NA FORMAÇÃO

O que é espirito empreendedor?


Boas ideias toda as pessoas podem ter. A diferença está em conseguir colocar as boas ideias a funcionar. O empreendedor
faz as coisas acontecerem com inovação e criatividade, correndo a sua dose de risco.

Por exemplo:
O Miguel vai abrir um restaurante de francesinhas no Porto, pode dizer-se que é um empreendedor?
Não, já existem muitos restaurantes de francesinhas no Porto, falta o factor inovação!
O Pedro vai abrir um restaurante de francesinhas no Porto, com entregas ao domicilio e com um museu
com a história da francesinha. Como sobremesa vai lançar o gelado de francesinha! Pode dizer-se que o
Pedro é um empreendedor?
Sim, aliado ao risco está o fator inovação, a oferta de algo novo aos seus potenciais clientes.

Podemos destacar três tipos de empreendedores:


• Empreendedor de negócios – Aquele que identifica oportunidades no Mercado, planeia e constrói novas
empresas.
• Empreendedor interno – Promove as mudanças dentro de uma empresa; reinventa a empresa.
• Empreendedor comunitário/social – Promove mudanças, reúne recursos e constrói em beneficio da
comunidade – voluntariado, fundador de organizações não governamentais, etc…

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Quais as principais competências de um “empreendedor”?
• O empreendedor tem uma verdadeira paixão por aquilo que faz. Paixão faz a diferença. Entusiasmo e
Paixão são as principais características de um empreendedor!

• O empreendedor é aquele que consegue escolher entre várias alternativas e não fica a pensar no que
deixou para trás. Sabe ter foco e fica focado no que quer;

• O empreendedor tem profundo conhecimento daquilo que quer e daquilo que faz e esforça-se
continuadamente para aumentar esse conhecimento sob todas as formas possíveis;

• O empreendedor tem uma tenacidade incrível. Ele não desiste!

• O empreendedor acredita na sua própria capacidade. Tem alto grau de auto-confiança;

• O empreendedor não tem fracassos. Ele vê os “fracassos” como oportunidades de aprendizagem e segue
em frente;

• O empreendedor faz uso de sua imaginação. Ele imagina-se sempre vencedor;

• O empreendedor tem sempre uma visão de vários cenários pela frente. Tem, na cabeça, várias
alternativas para vencer;

• O empreendedor nunca se acha uma “vítima”. Ele não fica parado, a reclamar das coisas e dos
acontecimentos. Ele age para modificar a realidade!

Obstáculos ao espírito empreendedor


• Uma visão histórico/cultural voltada para a valorização dos fracassos e não a visão destes como
momentos de aprendizagem;

• Baixo nível de formação da população;

• Fraco potencial de inovação e de capacidade de resistência da população;

• Fraca experiência do contexto empresarial por parte dos jovens;

O formador empreendedor:
• É determinado e focado no objetivo

• Ultrapassa os obstáculos

• Aceita riscos calculados

• É otimista e corajoso

• É realista e responsável
• Utiliza os erros e fracassos enquanto ferramentas de aprendizagem
• Age, não planeando apenas

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O formador assegura que a aprendizagem é:

• Direcionada e dirigida a cada um Focada para as atividades Prática, não teórica


• Incorpora um trabalho individual, de pares e grupos
• Dirigida para a obtenção de resultados através de processos definidos Baseada na constante
comunicação com os alunos
• Compreendida pelos formandos, seus pares e formadores
• Destinada a toda a comunidade

O formador deverá guiar os formandos para:


• Serem co-responsáveis pelo processo de aprendizagem Definirem metas realistas, procurando depois a sua
realização Definirem objetivos e resolverem problemas da vida real Aprenderem com a experiência
• Aprenderem com os erros
• Perceberem que o esforço, mais do que o sucesso, é a chave para uma performance de qualidade

Estratégias Empreendedoras que o formador deverá adotar:


(Adaptado de: The 1979 Annual Handbook for Group Facilitators; Jones, John E., and Pfeiffer, William, editors; La Jolla,
CA: University Associates, 1979)

Planeie, dispensando o tempo que for necessário


Com o planeamento adequado, será mais fácil transmitir as ideias para o grupo, e conquistá-la. Uma turma
motivada é meio caminho andado para se atingirem os resultados preconizados.

Conheça a sua audiência


Se conhecer a sua audiência, está melhor preparado para fazer as atividades ou a(s)
apresentação(ões) de forma relevante e apropriada. Quanto melhor conhecer as capacidades dos formandos,
melhor consegue identificar as suas necessidades.
Não pressuponha o que os formandos sabem, pergunte-lhes.
Acha que é importante para os seus formandos saber os nomes de cada um? Os marcadores de nomes evitam
que se engane nos seus nomes. Será divertido para os formandos criarem o seu próprio marcador de nome. Se conseguir
memorizar os nomes de cada um, melhor. Os formandos ao serem tratados pelo próprio nome sentem-se especiais. Por
isso, tente sempre que possível memorizar os nomes de todos os formandos.

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Seja relevante
É importante fazer com que as várias atividades sejam relevantes para a vida dos formandos
Algumas formas de tornar relevantes e compreensíveis as atividades poderão ser:
• Utilização de exemplos baseados no quotidiano dos formandos ou nas suas próprias experiências
passadas.
Por exemplo, questione algo como: “Alguma vez tiveste um negócio simples como uma banca de limonada?”, em
vez de explicar com base no que fazem grandes empresas ou multinacionais.
Tanto pode ser usado como exemplo de empreendedor o Dr. Dionísio Pestana (Grupo Pestana) como a D.
Ermelinda que tem o café ao lado de casa deles.
• Perguntar aos formandos se conseguem fazer uma ligação entre atividades e ideias.

Por exemplo, “Como é que os exercícios para o cérebro se relacionam com capacidades criativas e como é que
capacidades criativas se relacionam com o empreendedorismo?”
• Pergunte aos alunos como é que eles vão ou podem usar o que têm aprendido em todos os dias das suas
vidas.

Seja interativo
Estar sentado ou a ouvir um apresentador é provavelmente a maneira menos eficiente e interessante de aprender
no contexto do empreendedorismo. Estar envolvido de forma ativa e fazer coisas é, pelo contrário, muito eficiente.

Pense neste provérbio chinês: “Eu vejo e eu esqueço; eu oiço e eu lembro; eu faço e eu percebo”.

De seguida apresentar-se-ão algumas atividades que poderão permitir que a sua audiência se envolva e que atue:
• Os formandos devem trabalhar em grupos; altere a composição dos grupos regularmente.

• Faça muitas perguntas. Se os formandos lhe colocarem uma questão, tente responder com outra
pergunta para lhes ajudar a descobrirem a resposta às suas próprias perguntas.

• Dê a oportunidade de os formandos partilharem os seus conhecimentos e experiências. Geralmente as


pessoas gostam de falar de si próprias e isso ajuda-as a fazerem ligações relevantes com as suas próprias
vidas.
• Não se limite a falar. Encontre maneiras, mesmo simbólicas, de o fazer.

• Seja positivo e enérgico – isso é contagioso! As pessoas recebem a energia dos outros. Se for positivo e
enérgico, existe uma grande hipótese de os outros demonstrarem as mesmas características. Estas
características não são apenas a chave para efetuar uma boa apresentação, são também a chave para se
ser um empreendedor.

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• Atribua um ritmo rápido às atividades. Consegue muito melhor captar o interesse de um grupo se as
coisas acontecerem a uma velocidade alta. A partir do momento que as coisas se tornem aborrecidas, é
mais difícil trazer de volta a atenção dos participantes.

• Mostre que os pessimistas vêem um copo com água até meio como estando meio vazio, enquanto que
os otimistas vêem o mesmo copo como meio cheio.

Reconheça diferentes estilos de Aprendizagem


Todas as pessoas têm um estilo diferente para aprenderem. Algumas pessoas gostam de tirar apontamentos,
outras não. Algumas pessoas têm dificuldade em lerem ou ouvirem e processarem essa mesma informação. Um desafio
é tentar utilizar as diferentes modalidades de aprendizagem para corresponder às necessidades e aos estilos de todos os
alunos.
Por exemplo, quando dá instruções orais para uma atividade, escreva-as igualmente no quadro.

Mantenha-se flexível
Esteja preparado para mudanças no decorrer de uma apresentação ou de uma atividade.
Deve substituir uma atividade caso tenha escolhido uma que o grupo já fez, ou se uma atividade que julgava
demorar meia hora para terminar, afinal demora uma hora para ficar completa.
Para ser um bom formador, deve aprender como ser flexível e criativo. Para além disto, os formadores devem “ler
o grupo” e modificar atividades sempre que seja apropriado.
Construa a sua própria lista de atividades (e variações dessas) e pense em jogos que possa realizar em espaços
mortos. Mantenha-se fiel aos seus objetivos, mas seja flexível no que respeita ao modo de os alcançar.

Envolva todos os formandos


Alguns formandos irão naturalmente manter-se quietos e outros estarão certamente cheios de energia. É
importante agradar a todos.
De seguida apresentam-se alguns exemplos para conquistar todo o grupo:
Certifique-se de que todos estão ao alcance do seu campo de visão
Se alguém parecer muito calado, peça-lhe que seja o seu ajudante em alguma atividade. Isto pode também
funcionar para alguém que seja muito ativo.
Mantenha-se a si próprio e a outros formadores envolvidos em algumas das atividades (de modo a não dominar
a atividade). Isso gera diversão, espírito de equipa e pode favorecer a aprendizagem e um espírito de envolvimento
através da imitação/exemplo.

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4.7 PEDAGOGIA DIFERENCIADA

“Os movimentos pedagógicos e as equipas pedagógicas mais empenhadas nunca esperaram, para refletir e inovar, que
estivesem reunidas condições optimas (…). Aos indecisos e aos indiferentes as ambiguidades do poder oferecem um
magnífico alibi.” Perrenoud (2000:41)

Diferenciar é sair da norma. É criar oportunidades de aprendizagem diferentes do usual, guiar o aluno por
caminhos diferentes para chegar a uma meta comum.
Por forma a promover o sucesso em contexto educativo há que gerir a heterogeneidade e fazer com que todos os
formandos tenham a mesma igualdade de oportunidades. Diferenciar o ensino é ajudar cada aluno/formando a seguir o
seu ritmo, respeitando as suas capacidades e possíveis limitações.
As novas políticas da formação trouxeram de volta à escola formandos de uma grande diversidade cultural e etária.
Os novos cursos CEF, EFA e novos percursos curriculares, fizeram com que cada vez mais se criasse a necessidade de
otimizar os recursos ao dispor do formador, sempre no sentido de maximizar as aprendizagens dos formandos.
É o sistema de formação que deve criar condições para que os formandos tenham tudo o que necessitam para
melhorar a sua aprendizagem.

Cada formando tem a sua própria forma de aprender:


Gardner (1993) fala-nos da sua Teoria das Inteligências Múltiplas diferenciando sete tipos de inteligência:

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Princípios da Diferenciação Pedagógica:
Recentrando a nossa atenção no contexto mais operativo da formação, da responsabilidade imediata do
formador, há alguns princípios-chave que orientam o processo de diferenciação pedagógica e que facilitam a ação do
próprio formador.
De forma sintética, vejamos esses princípios, com base em Tomlinson (2002):
• Uma formação que proporcione situações de aprendizagem diferenciada, caracteriza-se pelo uso
multifacetado do tempo, dos recursos, das metodologias de formação, da organização dos sujeitos, da
avaliação e de quaisquer outros elementos que, considerando a finalidade visada, permitam a
aprendizagem de todos;

• Uma diferenciação pedagógica pressupõe uma avaliação, atenta e continuada, que permita identificar o
posicionamento de cada formando face aos objetivos pretendidos. As opções pedagógicas serão tomadas
face às necessidades e interesses do mesmo;

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• A organização dos formandos é flexível e deverá ser facilitadora de uma variedade de oportunidades de
aprendizagem e de trabalho, decididas intencionalmente, e que se podem configurar em situações de
trabalho com todo o grupo, em pequenos grupos e/ou individualmente;

• As tarefas propostas deverão ser interessantes, motivadoras e possibilitarem o acesso aos


conhecimentos e às competências;

• Formadores e formandos assumem o papel de parceiros em que o formador analisa e propõe atividades
orientadas para as necessidades dos formandos, atuando estes criticamente, recusando uma postura
passiva e tornando-se mais autónomos no seu processo de aprendizagem.

4.8 DIFERENCIAR PORQUÊ?

A diferenciação pedagógica é um processo integrado de diagnóstico e intervenção na formação que combina


várias práticas facilitadoras da aprendizagem – os programas de tutoria, a aprendizagem de mestria, a aprendizagem
cooperativa e o ensino de estratégias de aprendizagem – no fundo , é a adequação do estilo de ensino ao estilo de
aprendizagem dos alunos.
Principios da Diferenciação Pedagógica aplicados à formação
• O formador realça o que é fundamental na matéria;

• O formador conhece os formandos e compreende a individualidade de cada um;

• A avaliação e a aprendizagem não vivem uma sem a outra. A avaliação na formação deve ser diversificada
e continua. Fazer Inventários de capacidades, diários de trabalho, etc…

• Todos os formandos participam ativamente no processo de ensino/aprendizagem.

• As propostas de trabalho devem ser adequadas ao nível do grupo;

• A informação aprendida deve fazer sentido para o formando.

• A dupla formador/formando colaboram sempre no processo de aprendizagem: planificam, vão definindo


objetivos, analisam e entendem o porquê de sucessos e fracassos.

• O formador é o mediador entre cada indivíduo e o grupo de formação.

Dispositivos da Pedagogia diferenciada


Perrenoud identificou diversos dispositivos auxiliadores de pedagogia diferenciada, a saber:
• Autoformação e trabalho autónomo;

• Formação mutual;

• Funcionamento em grupos de necessidades, de projetos e de níveis;

• Auxílio metodológico e análise de práticas;

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• Orientação e acompanhamento;

• Mobilização de recursos externos (outros intervenientes ou tecnologias);

• Regulação e avaliação das progressões.

4.9 A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

A Programação Neurolinguística (PNL) é o estudo dos padrões de interação entre o cérebro, a linguagem e o corpo.
A PNL reflete sobre a forma como os nossos pensamentos, sentimentos e emoções podem ser desenvolvidos e
melhorados. Cada indivíduo tem o poder de escolher como quer funcionar.
Na PNL, considera-se que a aprendizagem ocorre através de programas neurolinguísticos. O indivíduo vai
construindo mapas cognitivos dentro do seu sistema nervoso, sempre levando em consideração todo o ambiente em que
está envolvido.
Existem algumas técnicas que são facilitadoras de aprendizagem, no fundo, ajudam o indivíduo a aprender melhor
e a potenciar ao máximo as suas capacidades.
O estabelecimento de metas e a metacognição tornam-se conceitos a ter em conta quando falamos de PNL ligada
à aprendizagem.
Centremo-nos no estabelecimento de metas - cada indivíduo vai criando metas de aprendizagem, motivadoras e
que o ajudem a manter o interesse e querer sempre progredir mais - esta é a riqueza deste conceito. Se aprofundarmos
o conceito de metacognição chegamos à capacidade que a pessoa vai tendo de se auto-observar, ficando ciente dos seus
próprios processos de pensamento, está atento a si próprio e aprende com cada erro e com as suas experiências pessoais.

Jairo Mancilha presidente do Instituto de Neurolinguística Aplicada, dá algumas sugestões para que um formador
possa melhorar uma aula e potenciar ao máximo a aprendizagem nos formandos. Eis algumas delas:
 Uso de uma história, música ou imagem que capte a atenção dos formandos antes de iniciar a sessão.

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 Atribuir palavras chave que ajudem a memorizar o percurso da formação.

 Uso de exemplos e analogias. Usar exemplos da vida dos formandos ou outros para fazer estas analogias, de
forma a que a matéria nova seja sempre integrada nos conhecimentos prévios.

 Bom uso de slides e material audiovisual. É importante estimular os sentidos e desenvolver a


atenção/concentração.

 Envolver os formandos na sessão. É importante que se vão colocando pequenos desafios, perguntas ou até
opiniões aos formandos.

Tudo isto são pequenas dicas mas que podem melhorar muito a aprendizagem.

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V. PRINCÍPIOS DA CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA

A evolução constante do sistema educativo, tem vindo a mostrar que uma abordagem criativa da matéria a
leccionar leva a uma melhor aprendizagem por parte dos formandos. A promoção de competências de forma criativa é
bem aceite pelos indivíduos.
Promover a criatividade em contexto formativo envolve o desenvolvimento de características como auto-
motivação, confiança, curiosidade e flexibilidade.
O contexto de aprendizagem na formação deve ser o mais flexivel possível. O formandor deve querer ir mais além
e melhorar a aprendizagem dos seus formandos, respeitando os estilos de aprendizagem individuais. A criatividade
quando aplicada ao processo de ensino/aprendizagem, deverá incentivar a resolução de problemas através da análise e
discussão de diversas soluções alternativas. Os formadores devem tentar fomentar o comportamento criativo,
facilitando, orientando e capacitando os seus formandos e nunca resolvendo os problemas por eles.
O sistema de ensino tradicional tem sido centrado principalmente nas competências cognitivas e na sua medição,
no entanto, cada vez mais se reconhece a importância de outras dimensões para um desenvolvimento integral da
aprendizagem.
Por exemplo o relatório Delors (Delors, 1993), para a UNESCO, enfatiza a importância dos quatro pilares da
aprendizagem:
1. Aprender a fazer
2. Aprender a ser
3. Aprender a conhecer
4. Aprender a viver com os outros
Mas também revela que estes não estão sozinhos e devemos começar a pensar sobre a educação de forma mais
abrangente. A UNESCO, noutros documentos (1999, 2006, 2010) reconhece a importância da criatividade nesse processo,
no entanto, a criatividade não deve ser considerada isoladamente e deve estar interligada com a cognição e com a
pedagogia, de forma a ser criada uma forte correlação entre estes conceitos.

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VI. CONCLUSÃO

Embora a criatividade seja tradicionalmente associada a formas de arte expressiva, a sua abrangência estende-se
para além destas áreas. Cropley, ressalta a originalidade como uma forte caraterística da criatividade que pode estar
ligada a qualquer área do saber, pode ser expressa através da escrita, pintura, construção de pensamento, ou mesmo
simplesmente fazer as coisas de uma maneira diferente dos outros. Ao longo deste módulo pudemos perceber que a
aprendizagem depende de muitos fatores, uns diretamente relacionados com os indivíduos e outros relacionados com o
contexto ou com o formador.
Portugal tem políticas de formação integradas no sistema Europeu, com normas bem definidas sobre o papel e
atributos do formador no contexto educativo. Só assim se pode garantir a qualidade do processo formativo.
O formador é uma peça fundamental no cenário da formação e por isso deve ter determinadas caraterísticas que
façam dele um “bom formador”.

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VII. BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Maria Helena (2005). As novas competências dos professores e formadores. Revista Formar. No 52.

BÁRBARA, Luís (2009). Métodos e Técnicas Pedagógicas/Andragógicas. Edição FCA – Teto de Nuvens. Freire, S. (2008).
Um olhar sobre a inclusão. Revista da Educação. vol. XVI. nº 1. pp. 5-10.

CEITIL, Mário (2010). Tendências de evolução da Formação Profissional. Revista Formar. No 71. pp. 41-42. CRISTO,
Eurídice (2005). Como desenvolver atitudes e Capacidades empreendedoras nos nossos formandos. Revista Formar. No
51. pp. 33-39.

CROPLEY, A. J. (1999). Creativity and cognition: Producing effective novelty. Roeper Review, 21, 253-261. GARDNER, H.
(1993). Frames of mind: The theory of multiple intelligences. London, England: Fontana Press. GOLEMAN, E. (1996).
Emotional intelligence. New York, NY: Bantam.

MANCILHA, J. Sebenta, Programação neurolinguística aplicada ao ensino/aprendizagem – Instituto de Neurolinguística


Aplicada. PNL para formadores; O´CONNOR & SEYMOUR; Ed. Urano, Barcelona. (3E) MIRANDA, Guilhermina (2003).
Psicologia da Aprendizagem. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa MORAIS, Ma de Fátima; BAHIA, Sara (Coord.)
(2008). Criatividade: Conceito, necessidades e intervenção. Braga: Psiquilíbrios

PACHECO, José Augusto (2011). Discursos e lugares das competências em contextos de educação e
formação. Coleção Panorama. Porto Editora

SANTOS, José Martins dos (2008). O formador moderno e a Organização Formadora. Almedina Editora. TOMLINSON,
Carol (2008). Diferenciação Pedagógica e Diversidade. Coleção Educação Especial. Porto Editora.

TORRANCE, E. P. e Myers, R. E. (1970). Creative learning and teaching. New York: Dodd, Mead.

TRINDADE, Nelson (2004). Pedagogia Experimental. Revista Formar. no 46-50.

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UNESCO (2006). Building creative capacities for the 21st century. World Conference, Lisbon. Retrieved July 14, 2011 from
http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php- URL_ID=31381&URL_DO=DO_TOPIC&URL_ SECTION=201.html

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http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php- URL_ID=41117&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201. html

VALENTE, Ana Cláudia (2007). O Futuro das qualificações em Portugal e a importância do Catálogo Nacional de
Qualificações. Revista Formar. No 58. pp. 16-19.

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