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Questão 1 (10,0)
Uma partı́cula de massa m move-se num campo de forças centrais repulsivo, no qual a força sobre a
partı́cula como função da distância radial r do centro tem magnitude
K
F (r) = ,
r3
onde K é uma constante real, que pode ser positiva ou negativa. A partı́cula aproxima-se do centro
de forças vindo de uma grande distância com velocidade de magnitude v0 .
1. Encontre o potencial efetivo Uef (r). Mostre que ele pode ser escrito como função de v0 e da
massa da partı́cula.
2. Obtenha a solução da equação de movimento da partı́cula e discuta sua trajetória por meio da
função r(θ), para os casos K > 0 e K < 0.
1
Soluções das questões
Questão 1
Note que a força é do tipo central, portanto o momento angular L se conserva. Uma consequência
importante da conservação do momento angular é que a trajetória da partı́cula nunca sai do plano
formado pelos vetores r e ṙ, que é perpendicular à L. Assim, o movimento é do tipo bidimensional.
Nesse caso, podemos utilizar uma base comóvel formada pelos vetores r̂ e θ̂ (é uma base que acom-
panha a partı́cula em sua trajetória). Em cada instante, os vetores (r̂, θ̂) formam uma base em nosso
espaço vetorial. Escolhendo os eixos coordenados de tal forma que o movimento se dê no plano XY ,
isso significa que qualquer vetor nesse plano pode ser escrito na forma de uma combinação linear de
r̂ e θ̂. Em termos das coordenadas cartesianas, esses vetores podem ser representados por
cos θ(t)
r̂ =
sen θ(t)
e
−sen θ(t)
θ̂ =
cos θ(t)
onde θ é o ângulo usual das coordenadas polares no plano XY . É muito fácil verificar que os vetores
(r̂, θ̂) formam uma base ortonormal. Note também que
dr̂ dθ
= θ̂
dt dt
e
dθ̂ dθ
= − r̂.
dt dt
Como o vetor de posição da partı́cula é escrito como sendo r = rr̂, onde r é a distância radial, é fácil
mostrar que
1d 2
r̈ = r̈ − rθ̇2 r̂ + θ̂
(r θ̇).
r dt
Dessa forma, a parte radial da equação de movimento
mr̈ = F (r)r̂
fica
m r̈ − r(θ̇)2 = F (r).
L = mr2 θ̇.
2
Multiplicando ambos os lados da equação radial por ṙ e utilizando a definição de potencial
Z r
V (r) = − dr0 F (r0 )
obtemos
L2
d 1 2
mṙ + V (r) + = 0,
dt 2 2mr2
expressão que pode ser integrada imediatamente de modo a obtermos
1 L2
E = mṙ2 + V (r) +
2 2mr2
onde E é uma constante de integração. Interpretando E como sendo a energia total da partı́cula, a
equação acima representa a lei de conservação de energia. Definindo o potencial efetivo Uef (r) como
sendo
L2
Uef (r) = V (r) +
2mr2
teremos
1
E = mṙ2 + Uef (r).
2
Para a força dada acima, temos que (tomando o referencial do potencial no infinito)
Z r 0
dr K
V (r) = −K 3
=
∞ r 2r2
Logo
L2 + mK
Uef (r) = .
2mr2
Vemos, portanto, que, para r → ∞, Uef (r) → 0. Logo, a grandes distâncias do centro de forças,
devemos ter
1
E = mv02 .
2
Logo, podemos escrever também que
1
Uef (r) = m(v02 − ṙ2 ).
2
Pela conservação do momento angular, também podemos escrever que
L = m|r0 × v0 | = mr0⊥ v0
onde r0 é o vetor de posição inicial da partı́cula e r0⊥ é sua componente perpendicular à v0 , e, portanto
2
mr0⊥ v02 + K
Uef (r) = .
2r2
Por outro lado, da equação que representa a lei de conservação de energia:
r
2
ṙ = ± E − Uef (r) .
m
3
Sem perda alguma de generalidade, vamos escolher o sinal positivo acima. Sendo assim, podemos
integrar a equação para obtermos
Z r
dr0
r = t − t0
2
m
E − Uef (r0 )
onde t0 é uma constante de integração. Em nosso caso, para E > 0 e K > 0 temos que
Z Z r Z
dr du m du
q =− q =− p
2 2 2E u2 1 − β 2 u2
− (Lm+mK) u2 2E − L +mK
2E
m 2 r2 m m2
u2
onde
L2 + mK
β2 = .
2Em
Definindo
βu = sen φ
temos que
r Z r Z r
m du m 2 m
− p =− β dφ cossec φ = β cotg φ.
2E u2 1 − β 2 u2 2E 2E
ou seja, r
2E L2 + mK
r(t) = (t − t0 )2 + .
m 2Em
Note que, para K negativo, pode-se ter um valor de momento angular tal que L2 = m|K|, e, portanto,
nesse caso r
2E
r(t) = (t − t0 ).
m
Isso poderia ser visto também a partir da equação de conservação de energia, ou da equação radial.
Por outro lado, para discutirmos sobre as trajetórias, temos que encontrar r = r(θ). Observe que
L
θ̇ = .
mr2
Integrando, obtemos Z t
L
θ(t) = θ0 + dt0
t0 mr2
onde θ0 é uma constante de integração. Substituindo a expressão para r(t) e tomando t0 = 0 por
simplicidade Z t
2EL dt0
θ(t) = θ0 + 2
L + mK 0 α2 t02 + 1
4
onde supomos que K > 0 e E > 0, e
4E 2
α2 = .
L2 + mK
Fazendo αt = tan φ, obtemos
L
θ(t) = θ0 + √ arctan(αt).
L2 + mK
Invertendo essa relação, obtemos que
√ "√ #
L2 + mK L2 + mK
t= tan (θ − θ0 ) .
2E L
Por outro lado, a expressão para r(t) também pode ser invertida, produzindo
r
m 2 (L2 + mK)
t= r − .
2E 4E 2
Igualando as expressões, e elevando ao quadrado, obtemos
"√ #
m 2 (L2 + mK) L2 + mK L2 + mK
r − = tan2 (θ − θ0 )
2E 4E 2 4E 2 L
ou r "√ #
1 2Em L2 + mK
= 2
cos (θ − θ0 ) .
r L + mK L
onde αr = cosh x e
2Em
α2 =
L2 + mK
5
e utilizamos que cosh2 t − sinh2 t = 1. Por outro lado
Z Z Z Z
dx cosh x cosh x dv
= dx 2 = dx 2 =
cosh x cosh x 1 + sinh x 1 + v2
onde definimos v = sinh x. Fazendo v = tan φ, obtemos que
Z
dv
= φ = arctan v
1 + v2
Logo Z
dr √
√ = arctan α2 r2 − 1
r α2 r 2 − 1
e, portanto
L √
√ arctan α2 r2 − 1 = θ − θ0 .
L2 + mK
Invertendo essa relação, obtemos
r "√ #
1 2Em L2 + mK
= cos (θ − θ0 ) ,
r L2 + mK L
o mesmo resultado anterior. Note que, se K < 0, poderemos ter L2 + mK < 0, e, portanto, para
E < 0, teremos que
s "p #
1 2|E|m m|K| − L2
= cosh (θ − θ0 ) .
r m|K| − L2 L
Daı́ Z
L dr
p p = θ − θ0
m|K| − L2 r γ 2 r2 + 1
com
2Em
γ2 = .
m|K| − L2
Fazendo γr = tan φ, obtemos
Z Z Z
L dφ L dφ sin φ L ds
p =p = − p
m|K| − L2 sin φ m|K| − L2 1 − cos2 φ m|K| − L2 1 − s2
6
Para K < 0, podemos ter um valor de momento angular tal que L2 = m|K| e, portanto
Z r 0 √
dr 2Em
− = (θ − θ0 )
r02 L
e, portanto √
1 2Em
= (θ − θ0 ).
r L
Finalmente, se K < 0 e E = 0, obtemos
Z r 0 p
dr m|K| − L2
± = (θ − θ0 )
r0 L
e, portanto √
1 m|K|−L2
= e± L
(θ−θ0 )
.
r