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Na esteira do acima exposto, Maria Helena Diniz, no livro Norma Constitucional e seus
efeitos[2] ensina que a norma constitucionalmente eficaz, sob o ângulo semântico, seria a
efetivamente obedecida, contrapondo, assim, a eficácia jurídica (sintática) e a eficácia social
(sociológica) da norma constitucional, ressaltando que a norma constitucional deve ser um:
“Não há como negar que a ordem constitucional, mesmo no que atina aos
aspectos sociais, políticos e econômicos, funda-se em fatos, nem como ignorar a
celeridade e a concomitância espácio- temporal das mudanças na realidade. Daí
a necessidade de revisão ou de emendas...”
De qualquer sorte, em consonância com as lições dos doutrinadores supramencionados,
restaindubitável que inexiste norma constitucional despida de eficácia, já que, por si só, ela terá
o condão não apenas de revogar normas anteriores que com ela sejam incompatíveis, mas
também de impedir o ingresso no ordenamento jurídico de quaisquer normas que com ela
colidam.
Destarte, é certo que a eficácia da norma constitucional não depende apenas de suas
condições fáticas de atuar.
Isso porque, as condições fáticas de atuação da norma guardam relação, apenas, com
sua eficácia social (sociológica), e não com sua eficácia jurídica (sintática).
É possível concluir, pois, pelas ponderações acima, que muitas normas constitucionais,
notadamente as programáticas, resultarão na modificação da realidade social, mas, por outro
lado, é certo que sua positivação, sem dúvida alguma, terá decorrido da verificação da
necessidade de mudanças no âmago da sociedade (sendo, pois, a norma constitucional reflexo
da situação fática existente).
Nesse sentido, vale ponderar que a classificação mais adotada, que é, inclusive, adotada
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal em sua jurisprudência, é a estabelecida pelo Professor
José Afonso da Silva.
São, pois, normas que já contém em si todos os elementos necessários para sua plena
aplicação, sendo despiciendo que uma lei infraconstitucional a regulamente.
Trazemos à baila, como exemplo de norma constitucional de eficácia plena, o artigo 132,
“caput”, da Carta Magna, cuja redação segue “in verbis”:
Por fim, trazemos à baila ementa de acórdão do Colendo Supremo Tribunal Federal em
que é expressamente mencionada norma constitucional de eficácia plena:
Por outro lado, as normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que, nada
obstante produzam seus efeitos desde logo, independentemente de regulamentação, podem,
por expressa disposição constitucional, ter sua eficácia restringida por outras normas,
constitucionais ou infraconstitucionais.
O Professor José Afonso da Silva[4] sintetiza sua explicação acerca das normas
constitucionais de eficácia contida nos seguintes termos:
Portanto, tais normas constitucionais têm total eficácia por si, contudo, por expressa
disposição constitucional, podem, eventualmente, sofres restrições por outras normas.
Cito como exemplo de norma constitucional de eficácia contida o artigo 5º, XIII, da
Constituição Federal:
“Art. 5o (...)
Julgamento: 02/02/2000
Resta, pois, demonstrado que a norma constitucional de eficácia contida, embora não
dependa de lei regulamentadora para ser aplicada, pode ter sua abrangência reduzida por
outra norma.
E, para exemplificar, segue ementa de julgado proferido pelo Colendo Supremo Tribunal
Federal:
Importante ponderar, ademais, tal como visto no tópico II do presente trabalho , que
essas normas constitucionais limitadas não são totalmente despidas de eficácia.
Ou seja, elas podem até não ter, momentaneamente eficácia social, porém, sempre
terão o condão de revogar as normas do sistema jurídico que com ela colidam, além de impedir
o ingresso no ordenamento de
Aliás, mais do que isso, conforme explica Pedro Lenza[7], citando lição do mestre José
Afonso da Silva:
“Nesse sentido, José Afonso da Silva, em sede conclusiva, observa que referidas
normas têm, ao menos, eficácia jurídica imediata, direta e vinculante já que: a)
estabelecem um dever para o legislador ordinário; b) condicionam a legislação
futura, com a consequência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as
ferirem; c) informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua
ordenação jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da
justiça social e revelação dos componentes do bem comum; d) constituem
sentido teleológico para a interpretação, integração e aplicação das normas
jurídicas; e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do
Judiciário; f) criam situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou desvantagem.
Todas elas – em momento seguinte conclui o mestre – possuem eficácia ab-
rogativa da legislação precedente incompatível (Geraldo Ataliba diria
‘paralisante da eficácia destas leis’, sem ab- rogá-las – nosso acréscimo) e criam
situações subjetivas simples e de interesse legítimo, bem como direito subjetivo
negativo. Todas, enfim, geram situações subjetivas de vínculo”
Resta, pois, demonstrado, pela citação acima, que essas normas constitucionais não têm
a eficácia tão limitada como se pode pensar.
E, essas normas constitucionais de eficácia limitada, são dividas pela doutrina em: (i)
normas constitucionais de princípio institutivo (ou organizativo) e (ii) normas de princípio
programático.
(...)
[1] TEMER, Michel. Elementos do direito constitucional. 14a Ed. revista e ampliada, Malheiros,
1998, pg. 23.
[2] DINIZ, Maria Helena, Norma Constitucional e seus efeitos. 8a Ed., Saraiva, 2009, pg. 64/77.
[3] PEDRO, Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. 15a Ed. revista atualizada e ampliada,
Editora Saraiva, 2011, pg. 199.
[4] SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 5a Ed. Malheiros, 2001,
pg. 115.