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UNIVERSIDADE VILA VELHA

Conceitos da Esquizoanálise Institucional analisados no filme ‘’Si Puó Fare’’

Isabella Pientznauer Netto Gervasio, João Vitor Silva Canedo, Marina de Souza

Carneiro, Marina Francischetto Ragi Eis e Marina Rezende de Almeida.

Vila Velha

2021
O filme italiano ‘’Si Puó Fare’’ (2014), dirigido por Giulio Manfredonia, traz

discussões pertinentes em relação a conceitos da esquizoanálise institucional. A narrativa,

apesar de fictícia, engloba um fato real ocorrido na década de 80 na Itália: o fechamento dos

manicômios através da Lei 180 ou da Reforma Psiquiátrica.

A grosso modo, o personagem Nello passa a trabalhar numa cooperativa cujo os

integrantes são pessoas portadoras de doenças mentais. Nello passa a perceber que o

problema não reside nos novos sócios, mas no estigma em que lhes é imposto, além da

medicalização que não visa tratar, mas sedar e silenciar.

No filme são claras as forças que constituem a Instituição e o Instituinte. A primeira,

englobada pelo preconceito e estereótipos em relação aos sócios, os tratando como incapazes

e descartáveis para a sociedade. Esta que, pautada em fraturas sociais, é exprimida no filme

pelo dualismo entre o louco e o normal.

A Organização, representada pelas forças da Instituição, não acredita na capacidade

dos sócios de ingressarem no mercado de trabalho, corroborando a imagem de que eles são

incapazes de participar ativamente da sociedade. Os manicômios eram estabelecimentos que

justificavam a ação da Organização, respaldando a dicotomia ‘’louco e normal’’.

Em contrapartida, Nello e a cooperativa representam o Instituinte, a força

transformadora que visa modificar a Instituição. O objetivo do Instituinte é produzir o

Instituído. Enquanto um é o caminho, o outro é o resultado. É válido lembrar que o

movimento Instituinte sempre vai contra as ideias pré-estabelecidas pela Instituição,

englobando aspectos revolucionários.

A cooperativa torna-se um exemplo claro de auto-gestão. A partir do momento que se

estabelecem como grupo, se faz possível a transformação dos antigos estereótipos. Eles
passam a configurar-se como uma Democracia Direta, lugar onde existe a possibilidade de

intervenção direta nas tomadas de decisões e o exercício de poder é feito pelo grupo.

Acima do estigma que lhes foi imposto, criam-se novas possibilidades: aquelas que,

na visão da Instituição, eram deixadas às margens. Com o trabalho Instituinte, passam a

construir uma nova relação com a sociedade. Os sócios experimentam a libertação da palavra

coletiva.

Projetando a possibilidade de inclusão na sociedade e no mercado, a cooperativa

torna-se uma microrrevolução, importante no sentido de evidenciar a necessidade de uma

mudança política e social.

A inclusão de pessoas portadores de transtornos mentais no mercado de trabalho

configura-se como um ato revolucionário dentro dos parâmetros da sociedade europeia do

século XX.

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