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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU


MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Rodrigo D’Alonso Ferreira

ÁRBITRO DE FUTEBOL PROFISSIONAL: MOTIVOS PARA INÍCIO,


PERMANÊNCIA E DISPOSIÇÃO PARA O ABANDONO DA
CARREIRA

São Paulo
2012
Rodrigo D’Alonso Ferreira

ÁRBITRO DE FUTEBOL PROFISSIONAL: MOTIVOS PARA INÍCIO,


PERMANÊNCIA E DISPOSIÇÃO PARA O ABANDONO DA
CARREIRA

Dissertação apresentada à
Universidade São Judas
Tadeu como requisito parcial
para obtenção do grau de
Mestre em Educação Física.

Orientadora: Profª Dra. Maria Regina Ferreira Brandão

São Paulo
2012
Ferreira, Rodrigo D’Alonso
Árbitro de futebol profissional: motivos de início, permanência e
disposição para o abandono da carreira / Rodrigo D’Alonso Ferreira. -
São Paulo, 2012.
103 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Maria Regina Ferreira Brandão


Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,
2012.

1. Educação física – profissão 2. Futebol - arbitragem I. Brandão,


Maria Regina Ferreira II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo o que tenho, por me guiar e proporcionar


momentos inesquecíveis em minha vida.

À querida Sara, que desde o início esteve ao meu lado, sendo em todos os
momentos companheira, compreensiva e me fortalecendo tornando-se
durante a elaboração deste trabalho minha amada esposa e mãe do meu filho
Davi.

Aos meus pais, que sempre me apoiaram e incentivaram, fazendo tudo com
muito amor e carinho, sem medir esforços. Por toda dedicação e cuidado com
os filhos, por nunca deixarem faltar nada e principalmente, por constituírem
uma família maravilhosa e que amo muito.

Aos meus queridos irmãos Rodolfo e Giulia, por todo companheirismo,


amizade, alegria e momentos únicos que vivemos.

Ao grande amigo Prof. José Astolphi que desde o primeiro momento me


incentivou nesta jornada sendo sempre compreensivo e atencioso.

À Profª Dra. Maria Regina Ferreira Brandão por ser mais que orientadora. Por
ser uma verdadeira professora, mestre na arte de ensinar. Por acreditar e se
dedicar na realização deste trabalho.

Aos companheiros Gerson, Raul, Simone e Verena, que em meio a projetos e


compromissos acadêmicos sempre estiveram presentes e dispostos a ajudar.

À Comissão Nacional de Arbitragem (CA-CBF) que tornou possível este


trabalho e a todos os árbitros e assistentes que contribuíram ricamente.
RESUMO

Não há dúvidas sobre o lugar de destaque que o futebol ocupa no mundo

contemporâneo, mobilizando profissionalmente, nos cinco continentes, dezenas de

milhões de pessoas e, emocionalmente, várias centenas de milhões de indivíduos.

Os árbitros são parte desse universo do futebol. Esses profissionais exercem um

papel fundamental dentro do campo de jogo, pois suas decisões podem definir uma

partida e, até mesmo, um campeonato. Arbitrar é uma tarefa complexa que requer

um conhecimento exaustivo das regras do jogo, uma excelente preparação física e

habilidades psicológicas para enfrentar com êxito os treinamentos e as competições.

As demandas psicológicas e fisiológicas que estão associados aos treinamentos,

competições e organização social do esporte mostram que o desempenho é um

fenômeno complexo afetado por fatores inerentes às diferentes modalidades e por

fatores ambientais. O objetivo do presente estudo foi compreender quais são os

fatores que, na percepção dos árbitros brasileiros pertencentes à elite do futebol

mundial, estão associados à sua participação inicial, permanência e disposição para

o abandono da atividade de arbitrar e avaliar o significado atribuído ao arbitrar. Foi

uma amostra do tipo intencional composta por 24 árbitros brasileiros, sendo 17

árbitros pertencentes ao quadro de árbitros da FIFA do ano de 2011 (10 árbitros

centrais e 07 árbitros assistentes) e 07 aspirantes ao quadro. Os árbitros foram

avaliados por meio de um questionário composto por 06 perguntas que permitiram

respostas abertas. A análise dos discursos foi feita de acordo com os procedimentos

recomendados por Miles e Huberman (2004). Os resultados mostram que os árbitros

de elite do Brasil têm como principais fatores de início os sentimentos pela

arbitragem e pelo futebol, sendo o amor e a paixão os propulsores do engajamento


na carreira de árbitros. Quanto a permanência na atividade, da mesma forma como

no início, as emoções pela arbitragem e pelo futebol continuam a motivá-los, porém,

os árbitros assistentes atribuem a possibilidade de alcançarem metas traçadas como

principal motivo para continuarem na arbitragem. Em relação ao abandono, apenas

06 participantes pensaram em algum momento abandonar a carreira, sendo lesões,

injustiças e dificuldades os principais motivos para a disposição para o abandono.

Por meio dos resultados obtidos é possível concluir que os árbitros brasileiros de

futebol profissional são altamente motivados e sentem prazer e paixão pela

arbitragem, o labor arbitral parece ter um significado especial para a maioria e se

constitui no aspecto central da identidade do árbitro de tal forma que o arbitrar é

mais do que uma profissão, mas uma parte de quem o árbitro é independente de ser

árbitro central, assistente ou aspirante.

Palavras Chave: Futebol, Arbitragem, Início, Permanência e Abandono


ABSTRACT

The prominent role that soccer plays in the contemporary world is unquestionable,
mobilizing tens of millions of people professionally in the five continents and,
emotionally, many hundreds of millions. The referees are part of this universe of
soccer. These professionals play a key role within the field, because of their
decisions they can define a match and even a championship. Refereeing is a
complex task that requires a thorough knowledge of the rules of the game, and
excellent fitness and psychological skills to cope with training and competitions. The
psychological and physiological demands that are involved with training, competitions
and social organization of the sport show that the performance is a complex
phenomenon affected by factors inherent to different methods and also by
environmental factors. The goal of this study is to understand what factors in the
perception of Brazilian referees belonging to the elite of world soccer, are associated
with their initial participation, retention and disposition for the abandonment of referee
activity, as well as to evaluate the meaning assigned to the profession of refereeing.
It was an intentional sample comprised of 24 Brazilian referees belonging to the 2011
FIFA Referee Board, 17 referees (10 referees and 07 assistant referees) and 07
candidates to the FIFA Referee Board. The referees were assessed using a
questionnaire with six open questions. The analysis of their answers was made
according to the procedures recommended by Miles and Huberman (2004). The
results show that Brazilian elite referees have as the main factors to initiate this
career their feelings and soccer, with love and passion the drivers of engagement in
this career path. Regarding to how long they stay in the activity, just as their start the
emotional feeling for soccer continues to motivate them, but assistant referees
attribute the ability to achieve goals outlined as the mains reason to stay in the
refereeing. With respect to the abandonment, only six participants at some point
thought about abandoning their career, and injuries, injustices and difficulties were
the main reason for the provision for abandonment. Through the results, we conclude
that the Brazilian Professional Soccer Referees are highly motivated and feel
pleasure and passion for the refereeing, and working in it seems to have an special
meaning for the majority of them and constitutes the main aspect of the referee
identity, so that the refereeing is more than a profession, but a part of life regardless
if they are a referee, an assistant referee or an aspirant.

Key Words: Soccer, refereeing, Career Start, Permanence, Abandonment


SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................. v

ABSTRACT ........................................................................................................................ vii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1.1 Definição do Problema .............................................................................................. 11

1.2 Objetivos ................................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 17

1.3 Justificativa ................................................................................................................. 17

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 20

2.1 O árbitro de futebol – Surgimento e evolução ............................................................ 20

2.2 Arbitragem: Aspectos psicológicos e atributos necessários ....................................... 22

2.3 Motivação e motivos de adesão e permanência à atividade esportiva ....................... 30

2.4 Motivação para o abandono: preditores...................................................................... 35

2.5 Significado do esporte ............................................................................................... 37

3. MÉTODO ......................................................................................................................... 41

3.1 População .................................................................................................................. 42

3.2 Amostra ...................................................................................................................... 43

3.3 Instrumentos .............................................................................................................. 45

3.4 Procedimentos ........................................................................................................... 46

3.5 Análise dos dados ..................................................................................................... 47

4. RESULTADOS ................................................................................................................ 48

4.1 Fatores associados à disposição para o início da prática da arbitragem .................... 49

4.1.1 Grupo total .......................................................................................................... 49

4.1.2 Comparação por função desempenhada e nível de arbitragem .......................... 51

4.2 Fatores associados à disposição para a permanência na prática da arbitragem ....... 54

4.2.1 Grupo total .......................................................................................................... 54

4.2.2 Comparação por função desempenhada e nível de arbitragem .......................... 56

4.3 Predisposição para o abandono ................................................................................ 59


4.3.1 Grupo total .......................................................................................................... 59

4.4 Significado do arbitrar................................................................................................. 60

4.4.1 Grupo total .......................................................................................................... 60

4.4.2 Comparação por função desempenhada e nível de arbitragem .......................... 64

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 68

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 83

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 86

ANEXOS ............................................................................................................................. 99
1. INTRODUÇÃO

1.1 Definição do Problema

Desde a infância, assim como muitas crianças no mundo, sonhava em ser

jogador de futebol, e assim foi durante muitos anos da minha vida, passando por

diversas equipes de categorias de base, até perceber que este sonho não se

concretizaria mais. Entrei na Faculdade de Educação Física com a intenção de ser

preparador físico ou técnico de futebol. Mas foi neste momento que encontrei outra

paixão em minha vida, a arbitragem. Desde então, são aproximadamente dez anos

dedicados à arbitragem, com longas, porém prazerosas viagens; estádios; novas

amizades; elogios, xingamentos; treinos exaustivos; testes físicos; inúmeras leituras

no Livro de Regras e, muitas, muitas experiências.

Não há dúvidas sobre o lugar de destaque que o futebol ocupa no mundo

contemporâneo. O futebol é muito mais do que um esporte, ou mesmo um estilo de

vida: é uma metáfora da nova ordem mundial. Nos cinco continentes, mobiliza

profissionalmente, de forma direta ou indireta, dezenas de milhões de pessoas e

emocionalmente várias centenas de milhões de indivíduos. Na indústria do

entretenimento, transformou-se na maior atração deste início de século, capaz de

movimentar 250 bilhões de dólares por ano em todo o mundo (FOER, 2005;

FRANCO JÚNIOR, 2007; UNZELTE, 2002). O futebol é hoje e desde muito tempo,

sem dúvida, uma paixão planetária, o futebol é do mundo, transcende barreiras

políticas e, até mesmo, ideológicas (WITTER; SOARES; TELAROLLI, 1991).

Bastante divulgado na cultura popular mundial, o futebol atrai a curiosidade e

a atenção de vários setores da vida do brasileiro. Da economia à educação,

passando pelo lazer, entretenimento, arte e cultura, essa modalidade esportiva


oferece subsídios e elementos para a construção de um estilo de vida com

características próprias, que move grandes montantes e tem impacto em complexas

gestões financeiras. É um espelho da sociedade que representa, uma vez que, ao

ser uma das atividades representativas de um determinado agrupamento humano,

recebe os valores, as atitudes e os comportamentos que nele presenciamos. Nem

sempre conseguimos deixar de nos envolver com o espetáculo esportivo proposto

pelo futebol com isenção de valores (BRANDÃO; MACHADO, 2010).

Esse envolvimento também ultrapassa a barreira esportiva caracterizando-se

como uma verdadeira “metáfora religiosa”, na qual o clube parece substituir as

antigas divindades, os jogadores são “ídolos”, a camisa do clube, “manto sagrado” e

os estádios, como o Maracanã, por exemplo, o “templo sagrado do futebol brasileiro”

(FRANCO JUNIOR, 2007). Exemplos desse aspecto podem ainda ser observados

em frases como “a religião do século XX era o futebol” (ORTEGA Y GASSET, 2002)

e “o futebol é a religião laica da classe operária” (HOBSBAWN; RANGER, 1984)

Mais de um quinto da população do planeta tem envolvimento com o futebol

(YALLOP, 2002) e, atualmente, 208 países são filiados à FIFA (Fédération

Internationale de Footbal Association), superando assim os 192 países membros

filiados à ONU (ONU, 2010). Somente entre 1975 e 2002 mais de 60 federações

foram admitidas como membros (FIFA, 2010). Pode-se dizer que há muitos anos o

futebol é o principal esporte no mundo, tanto do ponto de vista do número de

jogadores quanto do número de espectadores (BANGSBO, 1994). A Copa do Mundo

de 2010, realizada na África do Sul teve a participação direta de 3,18 milhões de

torcedores e também testemunhou um novo nível de envolvimento, a participação

digital. O site oficial da FIFA registrou mais de 250 milhões de acessos ao longo dos

31 dias do Mundial. Outro número que mostra a grandeza do futebol se relaciona


aos atletas. De acordo com Garrett e Kirkendal (2003) existem mais de 60 milhões

de atletas profissionais registrados no mundo e outros 60 milhões sem registro.

Os árbitros são parte desse universo do futebol. O quadro de árbitros da FIFA

é composto por 2.642 árbitros e assistentes (FIFA, 2010). Esses profissionais

exercem um papel fundamental dentro do campo de jogo, pois suas decisões podem

definir uma partida e, até mesmo, um campeonato. Ao árbitro é entregue a

responsabilidade da aplicação das regras do jogo para garantir que os jogadores

cumpram a sua regulamentação. Isto exige que o árbitro mantenha-se atento ao

jogo e esteja em uma boa posição para perceber infrações. Além do mais, o árbitro

deve manter-se concentrado e tomar decisões em frações de segundo sobre

incidentes da partida (REILLY; GREGSON, 2006). Dirigir uma partida envolve

inúmeras dificuldades, principalmente no Brasil, pois são vários os problemas

enfrentados antes mesmo de o jogo começar, alguns pela falta de estrutura do

futebol, outros pela conduta dos dirigentes, treinadores e atletas e, outros ainda, por

problemas no próprio ato de arbitrar (BARROS, 1990).

A categoria árbitros não possui regulamentação profissional, não há direitos

trabalhistas previstos, em muitos casos, não é ofertada assistência jurídica em sua

defesa nos tribunais e sua remuneração refere-se, exclusivamente, à partida em que

trabalhou em uma relação de prestador autônomo de serviços aos clubes. Na

direção oposta, os árbitros do quadro nacional brasileiro devem comprovar em sua

ficha de inscrição que possuem um contrato profissional fora do futebol, com o

intuito de demonstrar que não dependem da remuneração dos jogos em que

atuarem para garantir o sustento pessoal e familiar (BOSCHILIA; VLASTUIN;

MARCHI JUNIOR, 2008). Associado a este fator e à obrigatoriedade de passar por

um curso de formação antes de ingressarem em competições oficiais, cada vez


mais, atributos têm sido exigidos dos árbitros por parte das federações, como o alto

grau escolar, o que faz com que atualmente a maioria dos árbitros pertencentes ao

quadro nacional possua curso superior. Fora do campo as responsabilidades dos

árbitros também aumentaram, com o preenchimento de súmulas e relatórios

técnicos dos jogos cada dia mais complexos, detalhando os acontecimentos que

ocorrem antes, durante e após as partidas (ANDRADE; RIGO; FREITAS, 2010).

Em um futebol tratado cada vez mais como negócio, no qual os investimentos

não conhecem fronteiras, movimentando grandes quantias monetárias,

principalmente no continente europeu, o não reconhecimento pela profissionalização

dos árbitros em escala não apenas brasileira ou sul-americana, mas mundial, é uma

das maiores lacunas que ainda existe neste esporte (BOSCHILIA et al., 2008;

UNZELTE, 2002). Entretanto, um pequeno passo já foi dado, pois em alguns países,

como na Inglaterra, alguns árbitros já vivem exclusivamente da arbitragem, podendo

assim se dedicar à carreira de árbitros.

Apesar das dificuldades, a cada ano o número de árbitros que se iniciam na

carreira aumenta. Estudos realizados com árbitros espanhóis, irlandeses, suecos e

portugueses de diferentes modalidades esportivas mostram que os motivos de

ingresso estão associados a fatores como superação e amadurecimento pessoal,

por exemplo, alcançar metas; poder se superar; possibilidades de viajar; fazer novas

amizades e diversão; aumento na renda familiar; amor pelo esporte; influência dos

meios de comunicação e possibilidade de fazer cursos de captação (BLAKE;

SHERRY; GISSANE, 2009; BRANDÃO; SERPA; KREBS; ARAÚJO; MACHADO,

2011; CARLSSON, 2006; GONZALEZ, 2000; GUTIÉRREZ, 2000; MARRERO;

GUTIÉRREZ, 2002; VILLALOBOS; UGARTE; GUILLÉN, 2006). Estes mesmos

fatores também aparecem como motivos para permanência na carreira, mas Marrero
e Gutiérrez (2002) ainda acrescentam a paixão pela arbitragem e a utilização da

carreira como válvula de escape. Não foram encontrados relatos sobre o que leva

árbitros brasileiros de futebol a iniciarem e permanecerem na carreira de árbitros.

Ao longo da minha vivência como árbitro, tenho presenciado o abandono

precoce da carreira por vários colegas que deixaram de lado seus objetivos e metas

para se dedicarem a outra profissão e, até mesmo, se restringirem apenas às

atuações em competições amadoras. No único estudo nacional encontrado,

realizado com árbitros pertencentes ao quadro de árbitros da Federação

Paranaense de Futebol, falta de pagamento após arbitrar uma partida; ausência de

critérios para escalação dos árbitros e falta de apoio por parte das entidades

representantes da classe constituíram-se os principais motivos para o árbitro desistir

da carreira (PEREIRA; ALADASHVILE; SILVA, 2006).

Embora realizado em modalidade esportiva diferente e partindo do

pressuposto de que os árbitros estão inseridos em um contexto no qual as

exigências e pressão se aproximam, em estudo realizado com árbitros norte

americanos de basquetebol a preocupação com o desempenho; os conflitos

interpessoais e a pressão do tempo foram os principais fatores citados como

preditores para o abandono (RAINEY, 1999). Os árbitros espanhóis de futebol

citaram como principais motivos para o abandono: renúncias pessoais e

profissionais, problemas físicos e problemas com dirigentes (GUTIÉRREZ, 2000).

Em outros estudos também com árbitros espanhóis os fatores que aparecem com

mais frequência como causadores do abandono ou que poderiam levá-los ao

abandono foram: falta de motivação, enfermidade, lesões, falta de objetivos,

agressão e falta de tempo para estudos (ALONSO-ARBIOL; ARRATIBEL; GÓMEZ,

2008; GONZÁLEZ OYA; DOSIL, 2004).


Ao associar as inquietações originadas a partir da minha vivência na carreira

arbitral ao levantamento bibliográfico realizado surgiram as seguintes questões de

pesquisa: O que fez árbitros brasileiros de futebol de nível internacional se

engajarem nessa atividade? Os motivos que os levaram a arbitrar são os mesmos

que os mantêm arbitrando? Os árbitros aspirantes têm motivos diferentes para se

manterem na arbitragem em relação aos árbitros já efetivos? A paixão pode

determinar o início e a permanência da atividade? Quais fatores podem levar um

árbitro à predisposição para o abandono? Por que não abandona?

Assim, é fundamental direcionar a pesquisa à arbitragem brasileira, tanto pela

particularidade do Brasil em relação ao futebol, como pela carência de estudos

relacionados aos aspectos psicológicos da carreira arbitral no país, além de

encorajar futuras pesquisas cross-culturais sobre a percepção do que significa

arbitrar.

1.2 Objetivos

Diante do exposto acima essa dissertação tem os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivos Gerais

- Compreender quais são os fatores que, na percepção dos árbitros brasileiros de

futebol profissional pertencentes e aspirantes ao quadro de árbitros da FIFA, estão

associados à sua participação inicial, permanência e disposição para o abandono da

atividade de arbitrar.

- Avaliar o significado atribuído ao arbitrar.


1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar os fatores que estão associados à disposição para o início da prática da

arbitragem e comparar entre árbitros centrais, árbitros assistentes e aspirantes ao

quadro;

- Identificar os fatores que estão associados com a disposição para a permanência

na prática da arbitragem e comparar entre árbitros centrais, árbitros assistentes e

aspirantes ao quadro;

- Identificar os fatores que estão associados com a disposição para o abandono da

prática da arbitragem entre árbitros centrais, árbitros assistentes e aspirantes ao

quadro;

- Identificar o significado atribuído ao arbitrar e comparar entre árbitros centrais,

árbitros assistentes e aspirantes ao quadro.

1.3 Justificativa

A prática de esportes, em geral, vem crescendo e se firmando dentro do

cenário cultural, social e econômico do Brasil e do mundo. O futebol profissional é

um dos maiores fenômenos universais, ocupando um papel cada vez mais

importante na nossa sociedade. No processo do treinamento desportivo, considera-

se que os fatores físicos, técnicos, táticos e psicológicos devem ser trabalhados com

a mesma importância para que o máximo rendimento seja alcançado com sucesso

(DE ROSE JUNIOR, 2000).

A opção pelo estudo neste segmento prende-se ao fato de nos encontrarmos

ligados profissionalmente ao futebol profissional conhecendo as vivências e os


questionamentos diários da arbitragem. Assim como afirma Pires (2006), sendo esta

uma área indispensável nas competições, também se reveste de preocupação o fato

de ser elevado o número de comentários e críticas e reduzido o número de estudos

que a cercam.

A Psicologia do Esporte constitui-se na ciência que estuda as causas e os

efeitos de determinadas capacidades psíquicas que o ser humano apresenta antes,

durante, e após a realização de práticas esportivas. Ela busca compreender como

os fatores psicológicos afetam o desempenho esportivo de um indivíduo e como a

participação em esportes e exercícios afeta o desenvolvimento psicológico, a saúde

e bem-estar de uma pessoa (SAMULSKI; SILVA, 2009). Um dos tópicos de

interesse de investigação da área está nos estudos que relacionam os motivos que

levam pessoas a praticar, permanecer e abandonar o esporte (WEINBERG; GOULD,

2001).

Com o exposto acima, fica evidente a importância da Psicologia do Esporte

no mundo esportivo, porém, o foco desta área está direcionado, em sua grande

maioria, aos estudos envolvendo atletas de alto rendimento. É possível

encontrarmos estudos com atletas de futebol, basquetebol, voleibol, handebol

(BRANDÃO, 2000; DE ROSE JUNIOR; SATO; SELINGARDI; BETTENCOURT;

BARROS; FERREIRA, 2004; DE ROSE JUNIOR; DESCHAMPS; KORSAKAS, 1999;

SOUSA; ROSADO; CABRITA, 2008), porém, não só no Brasil, mas em todo o

mundo, estudos direcionados a árbitros, mais especificamente árbitros de futebol

profissional, são raramente elaborados, deixando assim uma lacuna importante na

área de estudos voltados ao esporte. González Oya (2006) acrescenta que está

claro que este profissional desperta pouco interesse na elaboração de estudos por

parte dos investigadores interessados em Psicologia do Esporte. Esta negligência


acadêmica é surpreendente, pois os árbitros são participantes do esporte em seu

próprio direito e sua atuação pode ter um impacto importante sobre o

comportamento dos jogadores e treinadores e também no resultado dos jogos

(PHILIPPE; VALLERAND; ANDRIANARISOA; BRUNEL, 2009).

Embora as atividades desempenhadas pelos árbitros de futebol dentro das

quatro linhas do campo sejam as mesmas no mundo inteiro, existe a necessidade de

se investigar as diferentes variáveis que incidem sobre os árbitros de uma forma

específica, analisando-se o contexto no qual estão inseridos e a especificidade de

cada país. Por isso, ao invés de generalizar é fundamental direcionar os estudos

aos árbitros brasileiros, tanto pela particularidade do nosso país em relação ao

futebol, como também pela carência de estudos envolvendo os aspectos

psicológicos dos mesmos no país.

O presente estudo poderá contribuir cientificamente, preenchendo um espaço

nesta lacuna e caracterizando-se como o primeiro estudo brasileiro realizado com

árbitros da elite do futebol profissional abordando diversos aspectos relacionados à

carreira de árbitros e, consequentemente, fornecer dados para que novos estudos

sejam conduzidos tendo como foco a arbitragem esportiva.

O conhecimento aqui produzido poderá contribuir para que o árbitro

compreenda quais os motivos que o levam a ingressar e permanecer na carreira

arbitral e, também, a identificação de fatores associados à sua predisposição para o

abandono da carreira, bem como, servir para a criação de estratégias que

potencializem o início, favoreçam a permanência do árbitro, para que seja reduzido o

número de árbitros que desistem precocemente da carreira profissional e permitir

conhecer as respostas que pessoas ligadas ao setor apontam como importantes

para o desenvolvimento da arbitragem.


2. REVISÃO DE LITERATURA

A origem e evolução do árbitro de futebol, assim como os aspectos

psicológicos relacionados a prática da arbitragem e os fatores que realmente

motivam as pessoas a ingressarem e a continuarem a realizar determinadas tarefas,

juntamente com os aspectos relacionados à disposição para o abandono serão

caracterizados na presente revisão de literatura, apresentando também o significado

atribuído à modalidade esportiva na qual os mesmos estão inseridos.

2.1 O árbitro de futebol - Surgimento e evolução

Se o futebol causa inúmeros questionamentos sobre sua origem e evolução,

com as regras não é diferente. Foram diversas discussões na cidade de Londres,

brigas nos campos de jogos e dezenas de alterações para chegarmos ao número

atual de dezessete (17) regras.

De acordo com Aquino (2002) havia inúmeras dificuldades a serem superadas

para que o futebol fosse praticado de forma unificada, sob as mesmas regras, pois

em algumas regiões européias o tamanho do campo era diferente, o número

permitido de jogadores por partida era desigual e, até mesmo, o uso das mãos era

permitido em diferentes situações. Galeano (2009) completa que o futebol se origina

de um acordo de cavalheiros que doze clubes ingleses selaram em 1863 e que no

ano seguinte se tornaram regras estabelecidas pela Universidade de Cambridge,

surgindo assim a footbal association.

Mesmo com um grande avanço e a unificação das regras os conflitos eram

frequentes durantes as partidas, pois os responsáveis por aplicar as regras e


sancionarem os infratores eram representantes de uma das equipes ou os próprios

jogadores. Isso levou a criação em 1868 da figura do árbitro. Em 1875 os árbitros

passaram a arbitrar as partidas usando um apito e a partir de 1881 começaram a

atuar dentro das quatro linhas, pois até então atuavam do lado de fora do campo e

tomavam suas decisões aos gritos (AQUINO, 2002).

Uma das regras mais importantes do futebol é a regra cinco (5) que diz

respeito aos poderes e deveres dos árbitros durante os jogos. Após inúmeras

modificações o texto atual da regra diz que o árbitro de futebol, durante uma partida

na qual tenha sido escalado, terá autoridade total para fazer cumprir as Regras do

Jogo (FIFA, 2010), tendo sobre si inúmeras responsabilidades, como por exemplo:

encerrar a partida a seu critério, em caso de infração às Regras do Jogo; paralisar,

suspender ou encerrar a partida por qualquer tipo de interferência externa; paralisar

a partida se, em sua opinião, um jogador tiver sofrido uma lesão grave; permitir que

o jogo continue, se a equipe que sofreu uma infração se beneficiar de uma

vantagem, e punir a infração cometida inicialmente se a vantagem prevista não se

concretizar naquele momento; tomar medidas disciplinares contra jogadores que

cometem infrações puníveis com advertência ou expulsão; tomar medidas contra os

funcionários oficiais das equipes que não se comportam de maneira correta e pode,

a seu critério, expulsá-los do campo de jogo e de seus arredores.

Surgido há mais de cem anos e com uma maior autonomia de atuação, o

número de árbitros em cursos de formação e em quadros de associações nacionais,

federações e confederações aumenta cada vez mais. Atualmente o quadro de

árbitros da FIFA é composto por 2.642 árbitros, e assistentes (FIFA, 2010). No

mundo todo, a cada final de semana, aproximadamente 500 mil árbitros atuam em

campos de futebol (SIMON, 2004) e segundo a FIFA, estima-se que exista no


mundo mais de um milhão de árbitros de futebol atuando nos mais diversos

campeonatos.

A equipe de arbitragem é composta, em sua maioria, por um árbitro central,

dois árbitros assistentes e um quarto árbitro. Embora atuem juntos em uma mesma

partida, têm funções diferentes. O árbitro central, durante uma partida na qual tenha

sido escalado, terá autoridade total para fazer cumprir as Regras do Jogo (FIFA,

2011), tendo sobre si inúmeras responsabilidades listadas anteriormente. Já os

árbitros assistentes ajudam o árbitro a dirigir o jogo conforme as regras e devem

indicar quando a bola sai completamente do campo do jogo; quando um jogador

deverá ser punido por estar em posição de impedimento e quando ocorrer alguma

infração ou outro incidente fora do campo visual do árbitro (FIFA, 2011).

Mesmo com toda estrutura e evolução do futebol e o árbitro atuando em

partidas de futebol profissional juntamente com jogadores profissionais, em

competições de alto nível, a profissão não é reconhecida, ou seja, o árbitro é

obrigado a ter “outro tipo” de trabalho como fonte de renda, com isso, muitas vezes,

o desempenho do árbitro é comprometido pela falta de treinamento e/ou preparação

adequadas.

2.2 Arbitragem: Aspectos psicológicos e atributos necessários.

Não são apenas as questões físicas que influenciam diretamente o

desempenho do árbitro em uma partida de futebol, as questões psicológicas também

devem ser levadas em consideração. Arbitrar é uma tarefa complexa que requer um

conhecimento exaustivo das regras do jogo, uma excelente preparação física para

poder se colocar corretamente em campo e habilidades psicológicas para enfrentar


com êxito os treinamentos e as competições (GONZÁLEZ OYA; DOSIL, 2007). Para

Brandão (2000) as demandas psicológicas e fisiológicas que estão associados aos

treinamentos, competições e organização social do esporte mostram que o

desempenho é um fenômeno complexo afetado por fatores inerentes às diferentes

modalidades e por fatores ambientais.

Assim, um bom árbitro deve ter as seguintes características: condição física

adequada (acompanhar de maneira eficiente as jogadas e a movimentação dos

jogadores); condição psicofisiológica (ter memória visual, percepção seletiva e

velocidade de reação); condição emocional equilibrada (autocontrole e confiança) e

boa condição técnica (possibilitando assim, uma melhor interpretação das regras da

modalidade) além de condições de saúde satisfatórias para desenvolver um bom

trabalho durante todo o jogo (GAMA; REAL; SILVA; ARAÚJO, RAMOS; HORTA;

MARIVOEL; SERPA; LIMA; WEINBERG; RICHARDSON, 1998; OLIVEIRA, 2004). A

necessidade de um condicionamento físico adequado dá-se pelo fato de que,

durante uma partida de futebol, o árbitro passa o tempo todo em movimento, ora em

corridas, ora em caminhadas, dificilmente fica parado. Krustrup, Helsen, Randers,

Christensen, Macdonald, Rebelo e Bangsbo, (2009), Krustrup e Bangsbo (2001),

Oliveira, Santana e Barros Neto (2008), Reilly e Gregson (2006) observaram que a

distância percorrida pelos árbitros varia de 9 à 13 km por jogo.

Para Grusnka (1999) o desempenho dos árbitros depende também do

conhecimento que os mesmos têm das regras e da linguagem do esporte no qual

está inserido; do domínio dos sinais e de seu emprego correto; compreensão do

ritmo e da estratégia do jogo; posicionamento adequado; concentração e foco nos

elementos essenciais; manutenção da calma e estreita sintonia com os

companheiros de arbitragem
Portanto, dos atributos necessários ao desempenho da função arbitral fazem

parte requisitos de natureza psicológica, comportamentais e requisitos de ordem

técnica. Tanto uns quanto outros são importantes, embora a eficácia da atuação do

árbitro apenas seja otimizada na conjugação harmoniosa de todos (GAMA et al.,

1998). Gonzáles Oya e Dosil (2003) completam que é necessário ainda incluir outros

aspectos importantes: acuidade visual do árbitro, dieta equilibrada, períodos de

descanso e sono adequados.

Para Gonzáles Oya e Dosil (2004) as questões psicológicas influenciam

diretamente o desempenho do árbitro em uma partida de futebol, pois de nada

serviria gozar de uma boa forma física, conhecer o regulamento e aplicá-lo

corretamente (aspecto técnico) e não ter equilíbrio emocional adequado para

conduzir o jogo com garantia de êxito.

Samulski e Silva (2009) reforçando a tese das implicações psicológicas na

prática da arbitragem afirmam que os árbitros devem treinar tanto quanto os atletas,

principalmente, os que atuam em esportes coletivos e em esportes de alto nível, nos

quais a exigência e responsabilidade são próximas à dos competidores, como por

exemplo, as distâncias percorridas durante uma partida; as inúmeras situações a

serem observadas, necessitando assim de concentração; visão periférica e

velocidade de reação bem desenvolvidas. Além do mais, os autores afirmam que

toda carga psíquica da função de um árbitro começa a ser percebida antes mesmo

de receber sua escala, e nem sempre termina com o apito final da partida. Essa

carga apresenta componentes psicofísicos e sociais que alteram e transformam a

capacidade de interação e adaptação do árbitro com seu ambiente familiar e social.

Estudos realizados com árbitros esportivos têm apontado os seguintes

aspectos psicológicos que afetam diretamente seu desempenho esportivo:


motivação (ALONSO-ARBIOL et al., 2008; MARRERO; GUTIÉRREZ, 2002);

ansiedade, confiança (VALDÉS; BRANDÃO, 2003), concentração (GONZALEZ,

2003), autoconfiança (GARCÉS DE LOS FAYOS, 2003) e estresse (PEREIRA;

SANTOS; PEDROSA, 2007; RAINEY, 1999). Aliado a esses aspectos, Dosil (2003)

acrescenta ainda uma série de habilidades psicológicas necessárias para uma

arbitragem efetiva: controle, calma, respeito, comunicação verbal e não verbal,

presença física, colocação em campo, confiança e habilidades sociais. Tuero;

Tabernero; Guillén; Marquez (2002) por meio de uma análise dos fatores que

influenciam a prática da arbitragem observaram que os itens mais significativos

foram: concentração e atenção, capacidade de autocontrole, capacidade de resolver

dificuldades, conhecimento das regras vigentes, ansiedade e posicionamento em

campo.

Ao analisarmos estes diversos fatores notamos que os relacionados com a

motivação e o estresse merecem destaque no que diz respeito ao desempenho do

árbitro de futebol. Conforme Gonzalez Oya e Dosil (2007) a motivação constitui um

dos temas centrais da psicologia da arbitragem, sem a qual seria impossível

entender determinados comportamentos do colegiado, como a disposição para

enfrentar os problemas oriundos de sua atividade e a continuidade no exercício da

arbitragem. Devido a essa importância, estes fatores motivacionais serão abordados

especificamente no capitulo seguinte.

Em geral, a atividade dos árbitros de futebol está associada com diferentes

condições que geram estresse psicológico (BRANDÃO et al., 2011). O estresse na

arbitragem caracteriza-se por ter um profundo impacto na saúde mental dos árbitros,

foco de atenção, desempenho, satisfação com sua profissão e intenções de

abandono (VOIGHT, 2009). Para Marrero e Gutiérrez (2002) todos os fatores


estressantes podem levar os árbitros ao esgotamento, identificado como a

progressiva perda de energia, idealismo e determinação e que, acompanhado do

desenvolvimento de atitudes negativas para a atividade realizada e de sensações de

fadiga física e emocional, terminam provocando o abandono e a mudança da

atividade.

Embora alguns árbitros identifiquem os fatores de estresse como

ameaçadores, outros os veem como desafios, conforme observado por Thatcher

(2005), mas ambos citam os mesmos motivos causadores de estresse:

desenvolvimento da carreira; a importância do jogo; competir com outros árbitros

para promoção; tomar decisões erradas e até mesmo reencontrar técnicos e

jogadores com os quais tiveram experiências negativas.

Rainey (1999) identificou por meio de um questionário aplicado em 721

árbitros de basquetebol que as principais fontes causadoras de estresse são os

aspectos ligados ao desempenho; pressão; medo de lesões; conflitos interpessoais

e falta de reconhecimento, sendo que os árbitros mais antigos e de maior categoria

os que apresentaram um maior nível de estresse. Outras fontes de estresse

encontradas na arbitragem envolvem conflitos de relacionamento (familiares,

companheiros de trabalho); fatores pessoais (medo do fracasso); fatores físicos

(medo de lesionar-se); fatores da competição (pressão do tempo de jogo) e conflitos

de papel cultural (falta de reconhecimento por uma boa arbitragem); críticas por

parte dos jogadores, treinadores, meios de comunicação e torcedores (BALCH;

SCOTT, 2007; TAYLOR; DANIEL, 1987, apud BRANDÃO, 2000). Corroborando com

isso, Voight (2009) afirma que as principais fontes de estresse vivenciadas por

árbitros incluem o conflito entre a arbitragem e demandas familiares, tomar uma

decisão errada durante a partida e o conflito entre a arbitragem e o trabalho.


Gimeno, Buceta, Lahoz e Sanz, (1998) acrescentam ainda duas variáveis: tempo e

categoria de arbitragem. Sendo que o fator estresse incide em ambos os casos, mas

os árbitros mais antigos e de maior categoria são os que melhor suportam o

estresse e conseguem maior estabilidade na hora de tomar as decisões

necessárias.

Já Folkesson, Nyberg, Archer e Norlander (2002) examinaram as

circunstâncias relativas a ameaças e agressões vividas por 107 árbitros da

Associação de Árbitros de Futebol da Suécia durante jogos de futebol. Três fontes

de agressão foram identificadas: jogadores de futebol; treinadores / formadores, e

espectadores, e as principais questões incluídas: as ameaças de agressão física e

verbal. A Incidência de ameaças e agressões teve um efeito sobre a concentração,

desempenho e motivação, incluindo preocupação antes do início da partida. Em

outro estudo realizado por Friman; Nyberg e Norlander (2004), os árbitros relataram

que o ideal para administrar situações estressoras relacionadas à agressão e

ameaças seria manter a calma e não tornar as ameaças pessoais. Acrescentam

ainda a importância em explicar as decisões aos jogadores e comissão técnica, pois

para eles (árbitros) uma comunicação bem sucedida pode diminuir a agressividade

oriunda de técnicos e jogadores.

Atualmente, uma das maiores preocupações dos árbitros esportivos está

relacionada aos meios de comunicação, pois, desempenhando o papel que lhes

cabe, a mídia impressa e televisiva transmite ideias e imagens, enfocando

determinados aspectos dos fatos que acontecem dentro de um estádio de futebol de

uma maneira sensacionalista. Sensacionalismo este que muitas vezes é direcionado

única e exclusivamente à figura do árbitro. Este sistema midiático revela

manifestações que desencadeiam formas de expressões afetivas de caráter


emocional, que intensificam a paixão que sustenta o estado-espetáculo e que pode

influenciar decisivamente a conduta dos indivíduos (SIMÕES; CONCEIÇÃO, 2004).

A arbitragem está, em geral, submetida a altas exigências que não permitem

nenhum tipo de erro (PRENDAS; CASTRO; VARGAS, 2007) e inúmeras vezes, um

pequeno erro cometido por um dos integrantes da equipe de arbitragem, se torna um

grande problema durante a partida, tanto dentro como fora do campo de jogo. O

lance é revisto diversas vezes até chegarem a uma decisão que realmente houve

um erro, e assim, basta transmitir a informação no radio e na TV para os torcedores

começarem a hostilizar e duvidar da honestidade do árbitro; para técnicos e

jogadores utilizarem argumentos para tentar desestabilizar sua atuação, informando

ao árbitro, durante o jogo, que o erro foi comprovado e que agora deve corrigir este

erro.

O problema é que alguns árbitros são afetados por estas situações e acabam

tendo um péssimo desempenho durante o jogo, alguns até tentam “corrigir” o erro e

acabam errando duas vezes. Para Silva (2005) a imprensa colabora para que as

pessoas envolvidas com o futebol não se relacionem bem com o trio de arbitragem.

Outro fator relevante dentro da arbitragem é a desigualdade de idade entre os

árbitros e os jogadores de futebol. Bangsbo (1994) relatou que a média de idade de

jogadores competindo na primeira divisão da Liga Dinamarquesa durante a

temporada 1991/1992 era de 24 anos. Por outro lado, a média de idade dos árbitros

atuantes nas competições de elite dos países europeus era de 38 a 40 anos.

Weston, Castagna, Impellizzeri, Rampinini e Breivik, (2010) acrescentam que a faixa

etária dos árbitros é em média 10 a 15 anos mais alta do que a dos jogadores. Neste

mesmo estudo com árbitros de elite da primeira divisão da liga inglesa, concluíram

que com o aumento da idade ocorre o declínio do desempenho físico durante as


partidas ao analisar variáveis como: total de distância percorrida, corridas de alta

intensidade e números de sprints durante o jogo. No Brasil, Fidelix e Silva (2010)

analisaram a morfologia do árbitro de futebol após dez anos de carreira e concluíram

que tanto a porcentagem de gordura corporal quanto a somatocarta indicam um

maior acúmulo de gordura nos árbitros com o passar dos anos e este maior acúmulo

de gordura pode ser um fator limitador da performance física durante a partida.

Embora estudos demonstrem que algumas variáveis fisiológicas são afetadas

negativamente com a idade e o limite etário imposto pela FIFA seja de 45 anos, na

prática o que vemos é contraditório, pois os árbitros de elite alcançam o auge da

arbitragem, este caracterizado aqui com atuações em partidas finas de Copa do

Mundo, após os 39 anos. Das 19 edições, desde 1930 no Uruguai até 2010 na África

do Sul, 17 árbitros, ou seja, mais de 80 % tinham idade igual ou superior aos 39

anos, sendo que em 1950 no Brasil, o árbitro Inglês, George Reader atuou na

partida final no estádio do Maracanã com 54 anos, sendo até hoje, o árbitro mais

velho a atuar em uma partida final de Copa do Mundo. Tal fato pode ser explicado

pela maior vivência na arbitragem e mais experiência adquirida ao longo dos anos.

Analisando mais profundamente, o fato do árbitro correr mais ou estar mais

próximo das jogadas não significa que terá um melhor desempenho durante os

jogos. Há inúmeras discussões em relação à posição ideal do árbitro, que permite a

correta visualização das jogadas e subsequente aplicação das regras do jogo de

futebol. A própria FIFA, por meio de circulares enviadas aos árbitros, sugere um

posicionamento em diagonal, no qual o árbitro deve estar sempre de frente para

seus assistentes e atrás da linha da bola, mas salienta que o melhor posicionamento

é aquele que permite ao árbitro tomar certas suas decisões. Oliveira (2005)

observou que os árbitros demonstram tendência a errar menos em distâncias entre


20 a 25 metros, e que árbitros bem condicionados fisicamente se posicionam melhor

em relação às distâncias das infrações, não importando a idade. Portanto, devemos

considerar que o desempenho do árbitro durante os jogos varia de acordo com o

ritmo de jogo, a importância da partida e principalmente pela experiência do árbitro e

seu nível técnico (OLIVEIRA et al., 2008) e que árbitros mais velhos são capazes de

manter os níveis de aptidão física considerados como adequados para lidar com as

demandas do jogo (CASAJUS; CASTAGNA, 2007; WESTON et al., 2010).

Por isso é fundamental e imprescindível (REBELO; SILVA; PEREIRA;

SOARES, 2002) que o árbitro esteja fisicamente bem preparado, que possua

conhecimentos técnicos relativos às regras e que tenha os atributos psicológicos

para enfrentar a imensa variedade de situações e experiências em que o jogo de

futebol exige. Arbitrar é muito mais do que conhecer as regras (GONZÁLEZ OYA;

DOSIL, 2007).

Samulski e Silva (2009) concluem que ser árbitro é ser um esportista com um

longo e estressante caminho de formação. Aqueles que se entregam à função de

árbitros sabem o prazer e a dor de vencer e perder, em todos os jogos, seus

próprios desafios. Ilustrando, assim como em diversas atividades profissionais,

momentos de enorme prazer se associam com momentos desgastantes. Por um

lado as amizades, viagens, conhecer novos lugares, jogos em belos estádios, por

outro, treinamentos desgastantes, períodos extensos longe da família, ameaças e

ofensas por parte de torcedores e dirigentes.

2.3 Motivação e motivos de adesão e permanência à atividade esportiva

Na Psicologia do Esporte é possível encontrarmos diversos conceitos e

classificações sobre motivação, assim como inúmeros estudos sobre o assunto


(BARA FILHO; MIRANDA, 1998; DECI; RYAN, 2000). Segundo Bara Filho e

Miranda (1998) a palavra chave para motivação é “motivo”, que significa o desejo

para satisfazer uma necessidade. Substituindo esforço por comportamento, Gill

(2000) acrescenta que motivação é a intensidade e direção de um comportamento,

sendo esse comportamento determinado tanto pelo próprio indivíduo como pelo

meio ambiente. Já para Gonzáles Oya e Dosil (2007) é um equívoco confundir

motivação com o termo “motivo”. É importante distingui-los, pois são conceitos

utilizados frequentemente no âmbito da arbitragem. Os motivos têm diferentes

características peculiares e individuais que se formam no decorrer do tempo, se

caracterizam por serem estáveis. Já a motivação é flutuante, não é estável e pode

se modificar. Varia de um árbitro a outro e depende das expectativas, dos objetivos

e metas que almeja cada um e se relaciona à características estáveis que induzem

uma pessoa a iniciar determinadas atividades (são as razões para fazer algo)

(BAKKER; WHITING; VAN DER BRUG, 1993). Em suma, a motivação é uma

inclinação para a ação que se origina de um motivo (necessidade), ou seja, o

motivador é um motivo que define uma necessidade.

Tendo a consciência da importância de ambos os termos e utilizando-os de

maneira apropriada, não os confundimos e sim os associaremos em uma relação de

efeito e causa, pois conforme Dosil (2003) os motivos que levam os árbitros a

realizar sua prática esportiva são importantes, contudo é a motivação que atuará

como “motor” ao longo do tempo.

Fazendo um recorte especifico de cada situação e direcionando o foco a um

único jogo, Caracuel (2003) cita que ao analisar a motivação é essencial levar em

conta o momento em que se encontra o árbitro. Não só os fatores motivacionais

relacionados ao início, a permanência e ao abandono influem sobre o desempenho


do árbitro, mas aspectos específicos do jogo também são fundamentais, pois

conforme Samulski e Silva (2009) os fatores motivacionais de um árbitro para atuar

em uma determinada partida interferem em seu nível de ativação. Quando uma

partida é empolgante e motivadora para um árbitro, ele consegue otimizar seu nível

de ativação, dirigindo sua atenção e mantendo-se concentrado no jogo.

É comum observarmos em algumas situações, a mesma tarefa sendo

realizada por indivíduos com diferentes níveis motivacionais, ou ainda o mesmo

indivíduo realizando tarefas diferentes alternando níveis de motivação, ora mais

motivado, ora menos. De acordo com Ryan e Deci (2000) pessoas não têm apenas

diferentes níveis, mas também diferentes tipos de motivação. Isto é, elas variam não

apenas em nível de motivação (ex. quão motivado), mas também na orientação da

motivação (ex. qual tipo de motivação)

Segundo Bergamini (1990) algumas pessoas afirmam que é necessário

aprender a motivar os outros, enquanto outras pessoas acreditam que ninguém

pode jamais motivar quem quer que seja. No primeiro caso, pressupõe-se que a

força que conduz o comportamento motivado está fora da pessoa, quer dizer, nasce

de fatores extrínsecos que são, de certa forma, soberanos e alheios à sua vontade.

No segundo caso, subjaz a crença de que ações humanas são espontâneas e

gratuitas, uma vez que têm suas origens nos impulsos interiores; assim sendo, o

próprio ser humano traz em si seu potencial e a fonte de origem do seu

comportamento motivacional.

A motivação para a prática esportiva depende da interação de fatores

pessoais (necessidades, interesses, metas, personalidade) e situacionais (estilo de

liderança do técnico, facilidades, tarefas atrativas, desafios, influencias sociais)

(WEINBERG; GOULD, 2001). Dessa forma, o comportamento se regula em função


da satisfação dessas necessidades, e facilita ou dificulta a motivação. Isto resulta

em dois comportamentos reguladores: um comportamento percebido como

independente e próprio do indivíduo, com ações iniciadas e reguladas pelo sujeito -

motivação intrínseca; e um comportamento regulado intensamente por mecanismos

externos - motivação extrínseca (RYAN; DECI, 2000).

Caminhando neste sentido, Vallerand (2001) desenvolveu o modelo

hierárquico da motivação que propõe sua variação em graus de autodeterminação,

num continuum que se posiciona entre um nível mais baixo a um nível mais alto de

autodeterminação, sendo classificada em amotivação (nível mais baixo de

autodeterminação), motivação extrínseca e motivação intrínseca (autodeterminada).

A motivação intrínseca é definida como o fazer de uma atividade pela sua inerente

satisfação. Quando intrinsecamente motivada uma pessoa é movida a agir por

prazer ao invés do desafio ocasionado por recompensas externas, pressões ou

prêmios e esta resulta em alta qualidade de aprendizagem e criatividade, isto é

especialmente importante para detalhar os fatores e forças que a produzem ou a

enfraquecem. Já a motivação extrínseca é uma construção/idealização, na qual uma

atividade é realizada para atingir algum resultado palpável, tal como dinheiro,

elogios, ascensão, prestigio social, dentre outros e amotivação é definida como o

estado de ausência da intenção de agir. Quando amotivado, o comportamento do

indivíduo não tem intencionalidade e sentido de causalidade pessoal (RYAN; DECI,

2000).

A motivação intrínseca depende de reforços internos, a saber, o árbitro se

motiva pelo prazer e prática de sua atividade. Este tipo de motivação está

relacionado com a autosuperação, com a satisfação pessoal pelos avanços físicos e


psicológicos e com a melhora das suas marcas. Portanto, é possível afirmar que a

motivação intrínseca é mais duradoura e estável (GONZÁLEZ OYA; DOSIL, 2007).

Diversos itens são citados pelos árbitros no que diz respeito ao motivo de

início. Alonso-Arbiol et al., (2008) em pesquisa feita com árbitros espanhóis, cita que

o contato prévio com a atividade, seja por meio de um conhecido árbitro, seja porque

praticou futebol como jogador é um importante preditor da entrada no mundo da

arbitragem. A influencia de familiares, o desejo de manter-se de alguma forma

envolvido com o esporte que praticou previamente, dinheiro e campanhas

publicitárias feitas pelos meios de comunicação e acesso livre aos estádios

aparecem como outros motivos de início. O aspecto físico é citado pelos autores

como relevante, pois assim como ocorre em outras modalidades esportivas, o

contato prévio como jogador, constitui um importante fator relacionado à motivação

intrínseca. A motivação de seguir vinculado ao futebol se mescla também com os

desejos de seguir fazendo esporte.

As questões relacionadas à manutenção da prática da arbitragem são

semelhantes aos motivos de início. Alonso-Arbiol et al., (2008), González Oya e

Dosil (2007) e González Oya (2006) relatam que o fato de fazer esporte, ganhar

dinheiro, poder viajar, alcançar objetivos, prazer pela atividade, conhecimento do

esporte por meio de aprofundamento nos aspectos técnicos e regulamentares, estar

entre os amigos e, até mesmo, por funcionar como válvula de escape aparecem

como motivos de permanência. Para Marrero e Gutiérrez (2002) as razões de início

e permanência mais importantes estão relacionadas com aspectos como o prazer

pela atividade, alcançar certas metas na arbitragem, relação com os outros e

conhecer melhor o esporte.


2.4 Motivação para o abandono: preditores

É comum ocorrerem várias alterações em termos de prioridades no decorrer

da vida das pessoas (EPIPHANIO, 2002), com isso, o abandono de uma

determinada atividade realizada pode se tornar um fato iminente e inevitável. Na

prática esportiva não é diferente, o abandono ocorre frequentemente, embora, em

determinadas situações, não pelas mudanças de prioridades. As razões para o

abandono do esporte incluem conflito de interesses, percepção de falta de

habilidade ou demanda excessiva de competição e falta de entusiasmo

(CERVELLÓ; ESCARTI; GUZMÁN, 2007). Em outro estudo realizado com jovens

atletas Bara Filho e Guillén (2008) constataram que conflitos de interesses, a falta de

sucesso e de falta de diversão, os treinamentos monótonos, problemas com o

treinador, a pequena participação nas competições e as lesões são os principais

motivos para o abandono.

Embora realizado com jovens atletas, os motivos encontrados são similares

aos do esporte de alto rendimento de acordo com os motivos encontrados em outras

pesquisas: ausência de objetivos, falta de perspectiva do esporte, falta de prazer,

conflitos em relação às renúncias, instabilidade da profissão de atleta (EPIPHANIO,

2002); grau de motivação, cansaço físico, estado emocional, grau de êxito e de

fracasso, nível da competição, nível do adversário (REGO, 1999); treinos monótonos

ou demasiadamente agressivos, estagnação, maus resultados, dificuldade de

conciliar os estudos com o desporto, o envolvimento de familiares, saturação do

ritmo esportivo e competitivo (SANTOS, 2008). No caso dos jovens, o abandono da

prática esportiva é frequente devido a uma maior instabilidade física, psicológica e

social (BARA FILHO; GUILLÉN, 2008), esta situação deve-se ao fato de que na
competição esportiva as demandas nunca são iguais. Estas mudam continuamente

diante da influência de fatores circunstanciais (REGO, 1999).

O abandono esportivo constitui uma das situações mais difíceis pelas quais

passa um atleta ao longo de sua carreira. Os árbitros atravessam pelas mesmas

fases que um esportista, e como ele, tem os mesmos ou similares problemas para o

abandono (GONZÁLEZ OYA, 2006). Muitas vezes, o abandono da carreira pode

estar relacionado a problemas médicos, lesões, falta de motivação e de tempo para

o trabalho (ALONSO-ARBIOL et al., 2008) assim como ocorre com atletas. Rainey

(1999) acrescenta a idade e o burnout1 como indicativos para o abandono. Este

último por forte influencia de problemas no desempenho, conflitos interpessoais e

pressão do tempo. Entre os motivos que causam a desistência dos árbitros, a falta

de apoio por parte das comissões de arbitragem aparece como o mais frequente em

alguns estudos (MARRERO; GUTIÉRREZ, 2002; PEREIRA et al., 2006).

Pereira et al., (2006) ao avaliar o abandono entre árbitros de futebol

profissional da Federação Paranaense de Futebol, sendo estas: situações de campo

de jogo; situações pessoais e situações políticas. As situações de campo de jogo

revelaram que falta de pagamento após arbitrar uma partida se constituiu no

principal motivo para o árbitro desistir da carreira. Já com relação às situações

pessoais, o fato de estar em desacordo com a política da associação de árbitros e

não acreditar na associação foram as que obtiveram maior número de afirmações

como sendo situações relevantes. Quanto às situações políticas, os principais

motivos que levam os árbitros a abandonar a arbitragem foram: ausência de critérios

para escalação dos árbitros e falta de apoio por parte das entidades representantes

1
Caracterizado como uma síndrome ou um conjunto de sintomas. É uma reação ao estresse crônico. Possui
componentes físicos, mentais e comportamentais, apresentando como característica mais marcante a saturação
psicológica, emocional e, por vezes, física de uma atividade anteriormente agradável e procurada (Pires et al.,
(2005).
da classe dos árbitros. Em outro estudo (ALONSO-ARBIOL et al., 2008) afirmam que

em relação aos fatores de abandono, não se observa um fator chave, mas sim uma

confluência de vários deles que finalmente o determinarão.

A existência de uma série de elementos desagradáveis ou estressores que

contribuem lentamente para a aparição do burnout, pela sensação de sentir-se

saturado por uma atividade antes prazerosa (em conjunção com a idade), causaria o

abandono. Associado a isto, as interferências com a vida pessoal, as agressões e as

limitações de acesso são outros fatores negativos na atividade arbitral.

Infelizmente, as agressões ocupam um episódio marcante na arbitragem

futebolística; produz abandono direto ocasionalmente em árbitros jovens, em uma

etapa vital onde habitualmente dispõem de menos recursos de enfrentamento à

situações altamente estressantes. No estudo de Alonso-Arbiol et al., (2008), as

situações pessoais tiveram uma consideração maior por parte dos árbitros ao

relacionarmos com as situações políticas e de campo de jogo, embora a falta de

transparência e de possibilidade de ascensão também apareceram como elementos

negativos. Alguns árbitros acreditavam que existe uma espécie de favoritismo para

alguns companheiros que conseguiam escalas em partidas importantes, e isto pode,

de acordo com os autores, gerar níveis elevados de estresse.

2.5 Significado do esporte

A importância de compreendermos o significado do arbitrar para cada

indivíduo dá-se pelo fato de que os processos subjetivos de avaliação de uma

atividade ajudam a guiar o comportamento, definem metas e estabelecem padrões

de conduta (BRANDÃO et al., 2011). A maneira como o árbitro subjetiva sua


atividade no contexto em que lhe corresponde atuar pode gerar ativações

emocionais diferenciadas. Os sentidos subjetivos de cada árbitro, altamente

diferenciado e pessoal em sua configuração, vão gerar todo um conjunto de reações

também diferenciadas. Aspectos como paixão, emoções derivadas da prática e o

prazer pela participação, têm um significado especial para os árbitros (BRANDÃO et

al., 2011). O sentido se define pelo objetivo e o significado que os participantes dão

à atividade, diferencia-se em esporte de alto rendimento (profissional) e atividade de

lazer (amador e heterogêneo).

As modalidades esportivas são caracterizadas por regras e formas de

competição Muitas delas têm entidades reguladoras próprias (federações,

associações, confederações, ligas) que normatizam a prática. Assim, alguns dizem

que as orientações subjetivas dos participantes são irrelevantes, enquanto que

outros argumentam que a participação no esporte é necessariamente caracterizada

por um “espírito esportivo”, onde os participantes devem estar primeiramente

motivados pela satisfação intrínseca do envolvimento na atividade. Outros ainda

argumentam que nos esporte de alto nível, altamente organizados extinguem a

existência do “espírito esportivo” e que os participantes são motivados somente por

fatores externos como dinheiro, troféus, medalhas e fama (BARBANTI, 2006).

Para Brandão et al., (2011) a avaliação da atividade, o tempo e a energia

liberada, estão relacionadas com “disposição”, uma força motivacional que leva o

indivíduo a participar de uma atividade que produz um desejo e uma aceitação

pessoal sobre a prática da atividade. Mas para que uma atividade esteja relacionada

com paixão, ela deve ter um significado para o indivíduo de maneira que passe um

tempo de sua vida a realizá-la regularmente. Aparentemente o arbitrar constitui o


aspecto central da identidade do árbitro de tal forma que o arbitrar seja mais que

uma profissão, é uma parte de quem o árbitro é.

De acordo com Vallerand (2008) e Vallerand; Rousseau; Grouzet; Dumais;

Grenier e Blanchard (2006) a paixão é o principal componente da participação em

modalidades esportivas. A paixão é definida como uma forte inclinação para uma

atividade que as pessoas gostam, acham importante e que investem tempo e

energia. Essas atividades passam a ser caracterizadas como uma espécie de

autodefinição e representam elementos centrais de identidade. Indivíduos que são

apaixonados pelo que fazem se sentem vivos, têm um alto grau de excitação e

prazer em sua atividade. Após um período de diferentes experiências, a maioria das

pessoas começam a mostrar preferência por algumas atividades, especialmente

aquelas que são agradáveis e possibilitam satisfação das necessidades de

competência, autonomia e relacionamento. Em estudo realizado com árbitros de

futebol Folkesson et al., (2002) constataram que os mesmos são altamente

motivados para a arbitragem e apresentam um forte interesse nos esportes. Isto

pode ser explicado pela paixão, pois os árbitros gastam muito tempo em função de

seu ofício, aprimorando suas habilidades, e assim, demonstram ser extremamente

apaixonados (PHILIPPE et al., 2009).

Assim como qualquer outra atividade esportiva, a arbitragem não é apenas a

expressão das necessidades fisiológicas, mas também das necessidades

psicológicas e valores que orientam a sua prática. (BRANDÃO et al., 2011). De

acordo com Torregrosa e Lee (2000) o termo empregado anteriormente, “valores” é

utilizado de maneira pouco precisa e suscetível de confundir-se com outras variáveis

e, apesar de serem variáveis claramente diferenciadas, valores e atitudes,

demonstram relações entre elas. A distinção entre atitudes e valores se baseia em


que as primeiras podem ser tanto positivas como negativas, são específicas às

situações e podem ser igualmente favoráveis ou desfavoráveis em relação aos

objetos. Do outro lado, os valores são todos positivos para a pessoa que os sustem,

são considerados princípios gerais por aqueles que são selecionados, avaliam

comportamentos em distintas situações e que podem ordenar-se em importância. Os

valores que perseguem a realização são facilmente compatíveis com os que

perseguem o poder, e assim, podem gerar conflitos com aqueles valores que

perseguem o universalismo e a benevolência. Os valores ajudam a guiar o

comportamento, são como critérios que as pessoas usam para selecionar e justificar

suas ações (BRANDÃO et al., 2011). Para Eassom (1998) participar do esporte é se

tornar membro de uma comunidade de prática no mundo inteiro. Cada membro não

tem apenas direitos, mas também obrigações, que deverá ser regrada e empenhada

a viver os valores, inclusive morais, que são intrínsecos à prática. Observando, em

seguida, do ponto de vista moral, o desporto não é relativo, mas sim uma forma de

universalismo moral.

Na prática, em atividades propostas pelas Confederações e Associações

Nacionais, onde ocorre o encontro dos principais árbitros de um país, é possível

constatar que a maioria dos indivíduos, mesmo atuando há muito tempo na

arbitragem, dedicando grande parte da sua vida para treinos, viagens, e

aprimoramentos relacionados à arbitragem, se demonstra extremamente

apaixonada pela carreira.


3. MÉTODO

A presente pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa descritiva.

A pesquisa qualitativa busca compreender o significado para os participantes de

uma experiência em um ambiente específico e de que maneira diferentes

componentes combinam-se para formar o todo. A característica mais significativa da

pesquisa qualitativa é o conteúdo interpretativo em vez de uma preocupação

excessiva sobre o procedimento (THOMAS; NELSON, 2002).

Os métodos qualitativos ajudam no trabalho de construção do objeto

estudado, facilitam na descoberta de dimensões não conhecidas do problema e

permitem também formular e comprovar novas hipóteses. Por sua capacidade de

fazer emergir aspectos novos e de estar na perspectiva do sujeito, são aptos para

descobrir novos nexos e explicar significados (SERAPIONI, 2000). Günther (2006)

apresenta quatro bases teóricas para esta abordagem metodológica: a) a realidade

social é vista como construção e atribuição social de significados; b) há ênfase no

caráter processual e na reflexão; c) as condições “objetivas” de vida tornam-se

relevantes por meio de significados subjetivos; d) o caráter comunicativo da

realidade social permite que o refazer do processo de construção das realidades

sociais torne-se ponto de partida da pesquisa.

Conforme Silva (1996) na pesquisa qualitativa enfatiza-se a compreensão da

singularidade e a contextualidade de fatos e eventos. Nas metodologias qualitativas,

os sujeitos de estudo não são reduzidos a variáveis isoladas ou a hipóteses, mas

vistos como parte de um todo, em seu contexto natural, habitual. Há uma

possibilidade de conhecer melhor os seres humanos e compreender como ocorre a

evolução das definições de mundo destes sujeitos fazendo uso de dados descritivos

derivados de registros e anotações pessoais, de falas de pessoas, de


comportamentos observados. Com estas características, se apresenta como uma

modalidade de pesquisa extremamente útil para a psicologia visto que permite o

estudo de conceitos relativos a sentimentos, emoções (dor, sofrimento, beleza,

esperança, amor) da forma como são experienciadas pelas pessoas.

As questões psicológicas podem ser investigadas nesta perspectiva por meio

da análise e compreensão de como pessoas ou grupos de pessoas sentem a

atividade física; influência das atividades físicas sobre o desenvolvimento da auto-

imagem e da imagem social; autopercepção e percepção interpessoal em diversos

ambientes que envolva os sujeitos em atividades físicas.

3.1 População

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) possui atualmente em seu

quadro mais de 400 árbitros divididos entre árbitros centrais e árbitros

assistentes de ambos os sexos. Todos os Estados do país, por meio de critérios

de avaliação, indicam anualmente os melhores classificados para integrarem o

quadro nacional de árbitros. Destes mais de 400 árbitros do quadro nacional,

apenas 30 integram o quadro internacional (FIFA).

3.2 Amostra

A amostra foi do tipo intencional, composta por 24 árbitros brasileiros, sendo

17 pertencentes ao quadro de árbitros da FIFA do ano de 2011 (10 árbitros centrais

e 07 árbitros assistentes) e 07 árbitros centrais aspirantes ao quadro FIFA. Em 2011

havia 20 árbitros brasileiros pertencentes ao quadro de árbitros da FIFA e 10 árbitros


centrais aspirantes ao quadro. Participaram da investigação 80% do total. Os

árbitros centrais FIFA foram nomeados de Árbitro CA até Árbitro CJ; os árbitros

assistentes FIFA de Árbitro AK até Árbitro AQ e, os árbitros aspirantes de Árbitro PR

até Árbitro PZ.

Para melhor entender as diferentes funções desempenhadas em campo, o

árbitro é chamado muitas vezes de “juiz”, mas na verdade o nome correto do

profissional encarregado de conduzir uma partida de futebol é “árbitro”. Essa

confusão acontece pelo fato de que antigamente o texto original da regra chamava o

árbitro de juiz, e seus assistentes de auxiliares, fiscais ou juízes de linha. Hoje a

regra trata o árbitro apenas como árbitro (central) e seus assistentes de árbitros

assistentes (SILVA; RODRIGUEZ-ANEZ; FRÓMETA, 2002). O árbitro central, muitas

vezes chamado de árbitro principal, é o responsável pela condução da partida de

uma maneira geral, pois tem autoridade total para fazer cumprir as regras do jogo na

partida na qual tenha sido escalado. Este é o único que faz trilar o som do apito e

que pode ou não punir atletas infratores com os cartões amarelo e vermelho caso

julgue necessário.

O árbitro assistente é um dos vários oficiais que auxiliam o árbitro a controlar

uma partida. Dois oficiais, tradicionalmente conhecidos como bandeirinhas, ficam

posicionados nas linhas laterais, enquanto um quarto árbitro auxilia e realiza

questões administrativas relacionadas ao jogo. Já os árbitros aspirantes fazem parte

do grupo de selecionados que substituirão automaticamente ou terão ascensão ao

quadro internacional com o surgimento de vaga deixada por árbitros que

completarem a idade limite de 45 anos ou que não cumprirem as exigências

impostas pela Comissão de Arbitragem das Associações, Confederações ou

Federações a que são submetidos, como por exemplo, serem reprovados nos testes
físicos. A Comissão de Arbitragem promove à categoria Aspirantes FIFA os árbitros

levando em consideração a classificação nacional dos árbitros e as respectivas

atuações, resultados das avaliações físicas e teóricas e a observação prática.

A escolha da amostra fundamenta-se pelo fato de que os árbitros integrantes

do quadro FIFA fazem parte da elite mundial da arbitragem e atuam nas principais

competições nacionais e internacionais e também vivenciaram diversas experiências

esportivas ao longo da carreira. O caminho até o quadro de árbitros da FIFA é longo

e apenas 20 indivíduos são contemplados com o escudo internacional. Após serem

aprovados para o quadro nacional da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) os

árbitros são avaliados durante toda a temporada por meio de relatórios de

observadores das partidas e de provas físicas e teóricas. Uma Comissão Nacional

indica os dez melhores árbitros e os dez melhores assistentes para comporem o

quadro de árbitros FIFA. Em alguns jogos os árbitros FIFA são monitorados durante

as partidas com GPS e fora de campo contam com um acompanhamento

permanente de observadores, além de, diariamente, terem que realizar atividades

em uma plataforma específica no site da FIFA. Os árbitros que forem reprovados por

três vezes consecutivas nos testes são desligados do quadro sendo substituídos

pelo Aspirante FIFA melhor ranqueado.

Foram excluídos da amostra do presente estudo árbitros que estavam

lesionados ou que tenham foram desligados do quadro de árbitros da FIFA no

momento da coleta de dados.

A participação na pesquisa apresentou risco mínimo de constrangimento, pelo

teor das perguntas para os árbitros, poderia ser interrompida a participação e

retomada caso fosse de interesse do árbitro. Gostaríamos de salientar também que

o árbitro poderia interromper sua participação em definitivo a qualquer momento.


A participação nesta pesquisa foi voluntária, sem qualquer tipo de ônus, todos

tiveram seus nomes e respostas resguardadas sob rigoroso sigilo e os resultados

não servirão como critério de avaliação ou classificação dos árbitros pela Comissão

de Arbitragem. Vale ressaltar que os sujeitos que assim o desejaram receberam

uma cópia final do estudo bastando para isso fazer um X na frase quero receber

feedback que se encontrava ao final da ficha de dados biográficos.

Os dados obtidos a partir das respostas dadas foram confidenciais, de uso

restrito dos pesquisadores e utilizados somente para fins de pesquisa e publicação

científica. Todo o material coletado ficou sob a responsabilidade do pesquisador

responsável pelo projeto e foi destruído após o término do mesmo.

Por meio do presente estudo os árbitros podem compreender melhor como

percebem a atividade que realizam e quais fatores podem interferir tanto na

manutenção quanto na predisposição para o abandono do arbitrar. Esse

conhecimento pode ajudar o árbitro a lidar melhor com a atividade que realiza há

anos.

O Termo de Autorização para desenvolvimento da pesquisa na instituição

encontra-se no anexo 1.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Investigação da

Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, Brasil sob o Protocolo 002/2011.

3.3 Instrumentos

Os árbitros desse estudo foram avaliados por meio de um questionário,

contendo os seguintes dados biográficos: (a) local e data de nascimento; (b) grau de

instrução; (c) tempo de atuação na arbitragem; (d) função desempenhada; (e) tempo
no quadro de árbitros; (f) colocação no quadro de arbitragem; (g) principais

competições em que atuou. Além disso, os participantes responderam um

questionário composto por perguntas, as quais permitiram respostas abertas, com o

objetivo de investigar os motivos que os levaram a ingressar na carreira de árbitro,

as causas de sua permanência e a disposição para o abandono e também a

percepção sobre o significado de sua profissão. Não houve limite de discurso para

as respostas, podendo variar de uma única palavra até um extenso texto.

As questões foram as seguintes: O que te levou a arbitrar?; O que faz com

que permaneça até hoje arbitrando?; O que espera alcançar com a arbitragem?;

Quais foram os obstáculos que teve que superar no seu desenvolvimento como

árbitro ou árbitro assistente?; Como conseguiu superá-los?; Nos últimos meses

pensou em abandonar as atividades de árbitro?; Se sim, por quê?; Por quê não

abandonou?; Qual o significado do arbitrar para você?

3.4 Procedimentos

A coleta dos dados foi realizada de maneira eletrônica por meio de um

protocolo enviado via e-mail aos árbitros que demonstraram interesse em participar

da pesquisa após serem contatados e informados pela Comissão de Arbitragem da

Confederação Brasileira de Futebol (CA-CBF) sobre a realização da pesquisa.

Foram enviados aos árbitros: (a) um vídeo explicativo sobre os objetivos da

pesquisa e seus procedimentos, (b) o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE), (c) o questionário biográfico e, (d) o questionário com as perguntas de

pesquisa. As respostas foram enviadas diretamente para o e-mail do pesquisador

responsável pelo estudo sem passar pelo chefe de arbitragem de sua Confederação
como uma forma de garantir sigilo e evitar possíveis constrangimentos. Os

questionários foram respondidos e enviados de acordo com a melhor conveniência

dos árbitros.

3.5 Análise dos dados

A análise das entrevistas foi feita de acordo com os procedimentos

recomendados por Miles e Huberman (2004) composto pelas seguintes etapas; a)

transcrição palavra por palavra (verbatim) das respostas relatadas pelos árbitros,

sem qualquer interpretação, para ter uma visão geral de todas as proposições e

obter um sentido dos relatos dos sujeitos; b) leitura exaustiva das entrevistas com o

objetivo de familiarizar-se completamente com elas; c) seleção das informações

consideradas relevantes, escolhendo como unidades de registro frases e/ou

afirmações; d) redução dos dados aplicando-se um sistema de codificação, a

posteriori, reunindo-se assim as diversas frases e afirmações em categorias de

análises com características comuns; e) apresentação das afirmações e das

categorias devidamente definidas pelos autores a cinco juízes (Mestres e Doutores

em Educação Física e/ou Psicologia do Esporte), para que classificassem cada frase

em uma categoria. Foram aceitas para análise as afirmações com 75% de

concordância (valor definido pelo autores) de classificação das afirmações na

mesma categoria entre os juízes. Esse passo assegurou maior idoneidade na

classificação das unidades de registro em categorias.

A escolha das afirmações textuais dos avaliados, transcritas para exemplificar

cada categoria, foi caracterizada pelo fato de terem pelo menos uma expressão que

melhor represente cada categoria obtida.


4. RESULTADOS

Esse estudo foi desenvolvido com o objetivo de identificar os motivos para

inicio, permanência e disposição para o abandono da carreira de árbitros de futebol

profissional. Os dados foram analisados visando-se: 1) Identificar os fatores

associados à disposição para o início da prática da arbitragem e comparar entre

árbitros centrais, árbitros assistentes e aspirantes ao quadro; 2) Identificar os fatores

associados com a disposição para a permanência na prática da arbitragem e

comparar entre árbitros centrais, árbitros assistentes e aspirantes ao quadro; 3)

Identificar os fatores que estão associados com a disposição para o abandono da

prática da arbitragem e comparar entre árbitros centrais, árbitros assistentes e

aspirantes ao quadro e, 4) Identificar o significado atribuído ao arbitrar e comparar

entre árbitros centrais, árbitros assistentes e aspirantes ao quadro. Os relatos

obtidos foram categorizados, apresentados em termos de frequência de relatos em

cada categoria e analisados de forma qualitativa, interpretados de acordo com a

literatura e comparados por categoria de arbitragem (árbitros centrais, árbitros

assistentes e aspirantes ao quadro FIFA) e nível de arbitragem (internacional e

nacional).

A idade média dos participantes e o tempo médio de prática por categoria de

árbitros estão descritos na Tabela 1.


Tabela 1 - Média e desvio padrão (DP) da idade e tempo de prática dos árbitros divididos por categoria.
Média de Média do Tempo de
Categoria N
Idade (DP) Prática (DP)

Árbitros centrais FIFA 10 37,5 (2,9) 18,6 (4,3)

Árbitros assistentes FIFA 07 37,6 (3,7) 17,1 (7,0)

Árbitros Aspirantes FIFA 07 33,0 (3,4) 12,4 (2,9)

Total 24 36,2 (3,7) 16,4 (5,3)

4.1 Fatores associados ao início da prática da arbitragem

4.1.1 Grupo total

Do total de relatos dos sujeitos foram extraídas e validadas pelos juízes 65

afirmações sobre os motivos para início da prática da arbitragem que resultaram em

seis categorias de análise: (a) emoções pela arbitragem e pelo futebol; (b) relação

com o futebol; (c) fatores externos; d) fatores internos; (e) meio de vida; (Quadro 1).

Quadro 1 - Frequência de discursos por categorias de respostas para início da prática da arbitragem
Categorias Emoções Relação Fatores Fatores Meio de Total
pela com o externos internos vida
arbitragem futebol
e pelo
futebol
f 22 17 15 06 05 65

Na seqüência serão apresentadas as definições de cada categoria de acordo

com a incidência dos discursos e para exemplificar serão transcritas algumas

afirmações textuais dos árbitros avaliados que tenham pelo menos uma expressão

que melhor representem cada categoria.


(a) Emoções pela arbitragem e pelo futebol – Se refere às afirmações que mostram

que os motivos de início para a prática da arbitragem estão relacionados a

sentimentos como o amor e a paixão pela arbitragem, pelo desempenho da função,

pelo esporte, pelo futebol e pela possibilidade de ser árbitro.

“Sou apaixonado pela arbitragem” (Árbitro AL); “O mundo da arbitragem me


encanta desde criança” (Árbitro PT); “Iniciei por prazer à arbitragem” (Árbitro
AM); “Graças a Deus virei árbitro” (Árbitro PV); “Vi na arbitragem uma maneira
de participar ativa e profissionalmente no esporte. Sou apaixonado pelo
futebol” (Árbitro CD); “Iniciei pela motivação que sempre tive pelo esporte”
(Árbitro CH); “Iniciei por prazer e pela paixão que tenho por futebol” (Árbitro
AM); “Sempre gostei de futebol” (Árbitro CI); “Paixão pelo futebol” (Árbitro
CD).

(b) Relação com o futebol – Se refere às afirmações que mostram que o contato

prévio com a modalidade como jogador e a possibilidade de poder fazer parte do

“mundo do futebol” parecem ser motivos que fizeram com que os árbitros de elite do

país iniciassem a carreira de árbitros.

“Comecei a apitar devido à oportunidade de fazer parte do espetáculo e por


ser ex-jogador de futebol” (Árbitro CG); “Faltou árbitro onde eu jogava. Pensei
que seria apenas um entretenimento de final de semana mas a coisa ficou
séria e com 15 anos iniciei nos campeonatos de futsal” (Árbitro CB); “Sonhava
em ser jogador, mas o destino me reservou algo melhor, e comecei apitando
jogos estudantis” (Árbitro CI); “Sempre estive ligado ao futebol, faltou um
árbitro e resolvi apitar” (Árbitro AK); “Escolhi a arbitragem como meio de
participar do futebol e por vontade de trabalhar com o futebol. Também por ter
sido jogador” (Árbitro AN).

(c) Fatores externos – Se refere às afirmações relacionadas a aspectos

motivacionais externos, nos quais a influência de pessoas próximas aos árbitros foi

decisiva para o início da prática.


“Comecei devido à influência de um professor de Educação Física apitando
como colaborador em uma associação de bairros” (Árbitro CA); “Meu pai foi
meu maior incentivador” (Árbitro CG); “A carência na arbitragem petropolitana
foi o motivo do meu início” (Árbitro AO); “Iniciei na arbitragem por influência de
familiares e do meu pai que foi um dos grandes árbitros do futebol brasileiro”
(Árbitro AP).

(d) Fatores internos – Se refere às afirmações que mostram que o início na carreira

está relacionado a aspectos intrínsecos dos sujeitos, como por exemplo,

determinada capacidade de liderança.

“A arbitragem para mim nasceu como um dom. Desde criança queria pegar o
apito e os cartões para apitar” (Árbitro CA); “Iniciei na arbitragem, pois sempre
exerci liderança como atleta de futsal. O fato de ser líder me motivou” (Árbitro
CH); “Foi por vocação hereditária” (Árbitro PR).

(e) Meio de vida – Se refere às afirmações que mostram que para os árbitros a

participação na arbitragem é uma forma de auxílio financeiro para o sustento da

família ou de si próprio.

“Comecei a arbitrar para complementação na renda para sobreviver” (Árbitro


CE); “Foi uma oportunidade de obter dinheiro extra como universitário”
(Árbitro AL); “Complemento na renda familiar” (Árbitro PR); “Iniciei na
arbitragem para ter um auxilio financeiro” (Árbitro AM).

4.1.2 Comparação por função desempenhada e nível de arbitragem

Quando as categorias de análise são comparadas por função desempenhada

no campo de jogo (árbitro central ou árbitro assistente) os resultados mostram que

tanto os árbitros centrais como os árbitros assistentes evidenciaram como principal


motivo para início da prática da arbitragem a relação com o futebol. Para os árbitros

centrais observa-se também que as emoções pelo futebol constituem-se como

outros aspectos motivacionais para início na arbitragem, enquanto para os árbitros

assistentes determinados fatores externos aparecem como significativos para o

inicio da carreira de árbitros.

Quadro 2 - Frequência de discursos por categorias de respostas para início da prática da arbitragem em relação
à função desempenhada entre os integrantes do quadro da FIFA
Categorias Relação Emoções Fatores Fatores Meio de Total
com o pela externos internos vida
futebol arbitragem
e pelo
futebol
Árbitros centrais 08 08 03 03 01 23
FIFA

Árbitros 07 05 05 00 02 19
assistentes FIFA

As afirmações a seguir são apresentadas em dois grupos, árbitros centrais e

árbitros assistentes .

Árbitros centrais FIFA

“Comecei a arbitrar, pois vi na arbitragem uma maneira de participar ativa e


profissionalmente do esporte” (Árbitro CD); “Iniciei minha carreira muito jovem,
pois com apenas 13 anos, faltou árbitro onde eu jogava e resolvi apitar.
Pensei que seria apenas um entretenimento de final de semana, mas a coisa
ficou séria” (Árbitro CB); “Devido à falta de habilidade para jogar, desde
criança queria pegar o apito e os cartões para apitar” (Árbitro CC); “Comecei
devido a paixão que sinto pelo futebol. Sou apaixonado pelo esporte” (Árbitro
CD); “Devido ao amor pelo futebol”; “Iniciei na arbitragem por gostar de
futebol” (Árbitro CI).
Árbitros assistentes FIFA

“Sempre estive ligado ao futebol, mas por acaso, faltou um árbitro e meu tio,
que na época presidia o Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio
Grande do Sul, disse que era só ficar lá e levantar a bandeira quando a bola
saísse do campo” (Árbitro AK); “Escolhi a arbitragem por vontade de trabalhar
com futebol e como meio de participar do espetáculo, pois sou ex-jogador”
(Árbitro AN); “Meu pai e alguns familiares me incentivaram a ingressar na
arbitragem” (Árbitro AP); “Comecei devido ao incentivo de amigos” (Árbitro
AQ).

Quando as categorias de análise são comparadas por nível de arbitragem

(árbitros centrais FIFA e árbitros Aspirantes FIFA) pode-se observar diferenças nos

discursos dos árbitros internacionais em relação aos discursos dos árbitros

nacionais em duas categorias relacionadas ao início na arbitragem: relação com o

futebol e fatores externos. Nas demais categorias relacionadas ao início o número

de afirmações foi equivalente entre os sujeitos.

Quadro 3 - Frequência de discursos por categorias de respostas para início da prática da arbitragem em relação
ao nível de arbitragem
Categorias Emoções Relação Fatores Fatores Meio de Total
pela com o externos internos vida
arbitragem e futebol
pelo futebol
Árbitros centrais 08 08 03 03 01 23
FIFA

Árbitros 08 03 07 03 02 23
Aspirantes FIFA

Os árbitros pertencentes ao quadro internacional citaram como principais

motivos para o envolvimento com a arbitragem as emoções pela carreira e pela

modalidade em si e ter algum tipo de relação com o futebol. Já os árbitros aspirantes

ao quadro internacional evidenciaram também as emoções pela arbitragem e pelo


futebol e aspectos relacionados aos fatores externos como principais motivos para o

início na carreira de árbitro.

As afirmações a seguir serão apresentadas em dois grupos: árbitros FIFA e

árbitros Aspirantes FIFA:

Árbitros centrais FIFA

“Comecei devido a paixão que sinto pelo futebol. Sou apaixonado pelo
esporte” (Árbitro CD); “Devido ao amor pelo futebol” (Árbitro CE); “Iniciei na
arbitragem por gostar de futebol” (Árbitro CI); “Fui jogador de diversos clubes
de futebol e a arbitragem me proporciona proximidade e oportunidade de
fazer parte do espetáculo” (Árbitro CG); “Eu sonhava ser jogador, mas não foi
possível e através da arbitragem pude estar envolvido com o futebol” (Árbitro
CD).

Árbitros Aspirantes FIFA

“Meu pai me deu forças, ele foi árbitro amador. Minha família sempre me deu
apoio e devo muito também a Comissão de Arbitragem” (Árbitro PX); “Meu pai
me incentivou a começar a arbitrar, pois ele foi árbitro profissional” (Árbitro
PT); “Comecei a arbitrar por incentivo do meu irmão” (Árbitro PS); “O mundo
da arbitragem me encanta” (Árbitro PT); “Sempre gostei de futebol” (Árbitro
PX); “Comecei pela paixão pela arbitragem. Sinto prazer em arbitrar” (Árbitro
PU); “O sentimento de paixão pelo futebol me levou a ingressar na
arbitragem” (Árbitro PZ).

4.2 Fatores associados à disposição para a permanência na prática da

arbitragem

4.2.1 Grupo total

Do total de relatos dos sujeitos foram extraídas e validadas pelos juízes 65

afirmações sobre os motivos para a permanência na prática da arbitragem que


resultaram em cinco categorias de análise: (a) atingir metas; (b) emoções pela

arbitragem e pelo futebol; (c) suporte social; (d) reconhecimento; (e) meio de vida

(Quadro 4).

Quadro 4 - Frequência de discursos por categorias de respostas para permanência na arbitragem


Categorias Atingir Emoções Suporte Reconhe- Meio de Total
metas pela social cimento vida
arbitragem e
pelo futebol
f 21 21 11 07 05 65

Na seqüência serão apresentadas as definições de cada categoria e para

exemplificar algumas afirmações textuais dos árbitros avaliados.

(a) Atingir metas – Se refere às afirmações que indicam a possibilidade de alcançar

objetivos pessoais e profissionais significativos.

“Permaneço na arbitragem até hoje devido à vontade de vencer, superar


obstáculos e adversidades” (Árbitro CI); “Possibilidade de alcançar meu
próximo objetivo, e estabelecer novos desafios” (Árbitro CD);
“Desenvolvimento na carreira e atingir metas” (Árbitro CF); “Almejo ascensão
na carreira” (Árbitro AL); “Me mantenho sempre motivado para alcançar meus
objetivos” (Árbitro PZ); “Continuo pela motivação constante que tive na
carreira e pela possibilidade de evoluir” (Árbitro PU); “Alcançar objetivos
traçados” (Árbitro PV).

(b) Emoções pela arbitragem e pelo futebol – Se refere às afirmações que mostram

que os motivos para permanência na carreira de árbitros estão relacionados a

sentimentos positivos proporcionados pela arbitragem como prazer, amor e

satisfação e o fato de apreciarem o futebol em si.


“O que faz com que eu permaneça até hoje arbitrando é o amor que tenho
pelo futebol” (Árbitro CA); “A motivação que sempre tive pelo esporte” (Árbitro
CH); “Permaneço na arbitragem, pois Deus foi generoso comigo e me
proporciona fazer o que gosto” (Árbitro CI); “O amor que tenho pelo futebol”
(Árbitro CEI); “Continuo pela paixão que tenho pelo futebol” (Árbitro PX); “O
amor que tenho pela arbitragem” (Árbitro AL); “Apito porque amo o que faço”
(Árbitro CB); “Trabalho naquilo que gosto” (Árbitro CC); “O simples fato de ser
árbitro me motiva. Me proporciona fazer o que gosto” (Árbitro CI).

(c) Suporte social – Se refere às afirmações que relacionam os motivos para

permanência com incentivo e apoio de terceiros.

“Permaneço na arbitragem por incentivo da família” (Árbitro CI); “O principal


motivo que faz com que eu permaneça na arbitragem é o apoio da minha
família” (Árbitro PX); “Continuo a arbitrar devido ao apoio que recebo dos
meus familiares e amigos” (Árbitro CG); “Continuo a atuar na arbitragem pela
convivência com os colegas” (Árbitro AK); “O que faz com que eu permaneça
na arbitragem são as grandes amizades que fiz” (Árbitro PZ); “A amizade
entre árbitros” (Árbitro PR).

(d) Reconhecimento – Se refere às afirmações que mostram que por meio da

arbitragem é possível obter reconhecimento e status tanto no cenário futebolístico

quanto fora dele.

“A arbitragem me proporciona notoriedade” (Árbitro AK); “Continuo na


arbitragem, pois sou ídolo da família” (Árbitro CC); “O que faz com que eu
permaneça na arbitragem é poder fazer parte do espetáculo” (Árbitro CG);
“Status” (Árbitro PR); “Posso representar meu estado através da arbitragem”
(Árbitro ); “O reconhecimento no mundo do futebol” (Árbitro PV).

(e) Meio de vida – Se refere às afirmações que mostram a arbitragem como uma

fonte de renda importante no orçamento dos árbitros.

“Permaneço na arbitragem, pois é uma complementação em minha renda”


(Árbitro CE); “Através da arbitragem consigo auxilio financeiro” (Árbitro AM);
”A arbitragem me proporciona recompensas” (Árbitro AQ); “Permaneço na
arbitragem por ser um complemento na renda familiar” (Árbitro CE).

4.2.2 Comparação por função desempenhada e nível de arbitragem

Ao comparamos as categorias obtidas por função desempenhada foi possível

verificar que os árbitros centrais evidenciaram como principais motivos para

permanência na arbitragem os aspectos relacionados ao alcance de metas e

emoções pela arbitragem e pelo futebol enquanto que os árbitros assistentes

enfatizaram a categoria atingir metas.

Quadro 5 - Frequência de discursos por categorias de respostas para permanência na carreira arbitral em
relação à função dos integrantes do quadro da FIFA.
Categorias Emoções Atingir Suporte Reconhe- Meio de Total
pela metas social cimento vida
arbitragem e
pelo futebol
Árbitros centrais 12 11 03 02 02 30
FIFA

Árbitros 04 07 03 03 02 19
assistentes
FIFA

As afirmações a seguir serão apresentadas em dois grupos: árbitros centrais e

árbitros assistentes:

Árbitros centrais FIFA

“O que faz com que eu permaneça até hoje na arbitragem é a vontade de


vencer, poder superar obstáculos e as adversidades” (Árbitro CG); “Continuo
devido a possibilidade de alcançar meu próximo objetivo. Estabelecerei um
novo desafio. Poder apitar um jogo internacional” (Árbitro CD); “Sou um árbitro
FIFA e sei que posso evoluir” (Árbitro CI); “Continuar arbitrando jogos da
FIFA” (Árbitro CH); “Permaneço para atingir minhas metas e pelo
desenvolvimento na carreira” (Árbitro CF); “Atingir metas” (Árbitro CF).
Árbitros assistentes FIFA

“Permaneço para poder alcançar objetivos maiores” (Árbitro AQ); “Tenho um


sentimento de vitória e quero chegar a um mundial” (Árbitro AM); “O que me
faz continuar é o sonho de trabalhar em uma Copa do Mundo” (Árbitro ANI);
“Ascensão na carreira” (Árbitro AL).

Quando as categorias de análise são comparadas por nível de arbitragem

(árbitro internacional e aspirante nacional) pode-se observar que os árbitros

internacionais tendem a considerar como aspectos motivacionais significativos para

sua permanência determinadas emoções pela arbitragem e pelo futebol e o atingir

metas. Já os árbitros nacionais consideram as emoções pela arbitragem e o suporte

social como fatores significativos para sua permanência.

Quadro 6 - Frequência de discursos nas categorias de respostas para permanência na carreira arbitral por nível
de arbitragem.
Categorias Emoções Atingir Suporte Reconhe- Meio de Total
pela metas social cimento vida
arbitragem
e pelo
futebol
Árbitros centrais 12 11 03 02 02 30
FIFA

Árbitros 05 03 05 02 01 16
Aspirantes FIFA

As afirmações abaixo ilustram as citações dos árbitros centrais internacionais

e dos árbitros centrais nacionais.

Árbitros centrais FIFA

“Continuo pelo amor à arbitragem e pelo futebol” (Árbitro CA); “Apito porque
amo o que faço” (Árbitro CB); “Permaneço, pois trabalho naquilo que gosto”
(Árbitro CD); “O simples fato de ser árbitro me motiva” (Árbitro CI); “O amor
pelo que eu faço. Quando fazemos o que gostamos tudo acontece com mais
prazer” (Árbitro CJ); “Permaneço na arbitragem devido ao amor que tenho
pelo futebol” (Árbitro CE); “A paixão que tenho pelo futebol me motiva a
continuar” (Árbitro CG); “A motivação que sempre tive pelo esporte” (Árbitro
CCH); “A minha vontade de vencer, poder superar obstáculos e adversidades
me motivam a continuar” (Árbitro CG); “Permaneço devido à ascensão na
carreira e tenho objetivos a alcançar” (Árbitro CF).

Árbitros Aspirantes FIFA

“A amizade que fiz entre os árbitros é o que me motiva a continuar” (Árbitro


PZ); “O apoio da família em continuar” (Árbitro PT); “Permaneço até hoje pelo
apoio que tenho dos meus familiares e amigos, todos eles torcem e vibram
com minhas escalas” (Árbitro PX); “Tenho grandes amizades dentro da
arbitragem” (Árbitro PR); “Continuo por gosto, porque me sinto feliz” (Árbitro
PS); “Devido ao prazer pelo que faço” (Árbitro PU); “O amor que tenho pela
arbitragem” (Árbitro PT); “Permaneço até hoje porque sou um apaixonado
pela arbitragem” (Árbitro PX).

4.3 Predisposição para o abandono

4.3.1 Grupo total

Dentre os 24 sujeitos participantes da presente pesquisa apenas seis

afirmaram já terem pensado em abandonar a carreira de árbitro, três árbitros

centrais do quadro da FIFA, um árbitro assistente e dois árbitros centrais Aspirantes

FIFA. Dentre os motivos preditores para o abandono foram citados pelos árbitros

aspectos como lesões causadas nos treinamentos ou durante os jogos, injustiças

cometidas por membros da comissão de arbitragem, dificuldades vivenciadas

durante a carreira e o fato de não abandonarem a carreira somente devido ao fato

de pertencerem ao alto nível (FIFA) e não atingir uma meta traçada (quadro 7). Cabe

destacar que quatro dos 18 árbitros que nunca pensaram em abandonar


enfrentaram dificuldades ao longo da carreira, mas apesar dos obstáculos seguiram

na carreira de árbitros.

Quadro 7- Predisposição para o abandono e frequência das afirmações por motivo

NÍVEIS

Predisposição para o abandono SIM NÃO

06 18

Principais Motivos
Injustiças Contusão Nível Dificuldades Não atingir Meta
01 01 02 01 01

Na seqüência serão apresentadas algumas afirmações textuais dos árbitros

que afirmaram já terem pensado em abandonar a arbitragem.

“Já pensei em abandonar muitas vezes, mas para mim quanto maior a
dificuldade mais força tenho para continuar, amo estar em campo
trabalhando” (Árbitro CD); “Sim, cheguei a pensar que meu tempo estava
acabando, pois tracei uma meta e investi para chegar a FIFA e quando vi era
meu último ano e que se eu não alcançasse meu objetivo não tinha o porquê
continuar. Iria me dedicar à profissão original” (Árbitro CJ); “Só não abandonei
porque sou árbitro internacional” (Árbitro CF); “Pensei em abandonar sim,
devido às injustiças de comissões de arbitragem. Só não abandonei pela
carreira sólida que tenho e pensando que eu mesmo posso ajudar a combater
e mudar esse quadro” (Árbitro AL); “Pensei em abandonar em nível estadual,
mas não abandonei, pois preciso estar filiado a uma federação” (Árbitro PR);
“Sim, contusão, desaprovação no teste físico. A Federação [...] juntamente
com a lesão quase me fizeram parar. Outras federações me devolveram a
esperança” (Árbitro PT).
4.4 Significado do arbitrar

4.4.1 Grupo total

Do total de relatos dos sujeitos foram extraídas 94 afirmações, validadas

pelos juízes, sobre o significado do arbitrar que resultaram em quatro categorias: (a)

emoções pela arbitragem e pelo futebol; (b) desenvolvimento de competências e

reconhecimento; (c) relação com o futebol; (d) meio de vida (quadro 8).

Quadro 8. Categorias do significado do arbitrar; frequência das afirmações obtidas (f).


Categorias Emoções pela Desenvolvimento Relação com Meio de vida Total
arbitragem e de competências o futebol
pelo futebol e
reconhecimento
f 48 34 09 03 94

Na seqüência serão apresentadas as definições de cada categoria e para

exemplificar algumas afirmações textuais dos árbitros avaliados.

(a) Emoções pela arbitragem e pelo futebol – Se refere às afirmações que mostram

que arbitrar é uma atividade que gera sentimentos importantes derivados da própria

prática, tanto pela carreira de árbitro quanto pela modalidade na qual estão

inseridos. Esta categoria foi subdividida em dois blocos:

(b1) Paixão pela arbitragem e pelo futebol: Se refere às afirmações que indicam

que o arbitrar e o futebol em si geram uma emoção especial, paixão, que conduz

a satisfação de determinados objetivos e desejos de vida e esportivos.


“Arbitragem é minha vida... Não saberia viver sem a arbitragem” (Árbitro AL);
“Depois da minha família é meu grande amor” (Árbitro CD); “Significa tudo”
(Árbitro AO); “Eu amo ser árbitro de futebol” (Árbitro PV); “Sou apaixonado
pelo futebol” (Árbitro CC); “Eu vivo assim. Paixão pela interpretação da regra.
Arbitrar é estilo de vida” (Árbitro AK); “É um verdadeiro vício, amamos a
carreira. É emoção” (Árbitro AP).

(b2) Prazer na participação – Se refere às afirmações que mostram sentimentos

de diversão e alegria pela e na prática da arbitragem.

“Sinto prazer de estar em campo. Prazer pelo que faço” (Árbitro PU); “Arbitrar
significa adrenalina” (Árbitro AP).

(b) Desenvolvimento de competências e reconhecimento - Se refere às afirmações

que mostram o desenvolvimento de capacidades e competências por meio da

prática em si. Além do mais, podem se referir a afirmações que indicam

reconhecimento profissional, prestígio e influencia social.

“Arbitrar é ter responsabilidade, disciplina, confiança, equilíbrio e respeito”


(Árbitro PS); “Arbitrar é estar preparado fisicamente, tecnicamente,
psicologicamente. Aplicar as regras corretamente” (Árbitro PR); “Arbitrar
significa dizer que sou uma pessoa pública, sou ídolo dos meus familiares”
(Árbitro CB); “Profissão paralela que dá recursos para estar bem fisicamente e
com saúde” (Árbitro AM); “Significa representar minha família, meu estado e
todas as pessoas que me apoiaram” (Árbitro CC).

(c) Relação com o futebol - Arbitrar parece ser uma possibilidade de estar envolvido

no futebol de uma maneira que não como jogador ou técnico e também uma forma
de poder contribuir para a modalidade. As afirmações foram agrupadas em dois

blocos:

(c1) Participação no futebol – Neste caso as afirmações indicam a possibilidade

de participar na modalidade por apreciar o esporte e por estar diretamente

relacionado à aspectos proporcionados pelo futebol

“Arbitrar é fazer parte do show [...] significa proximidade e oportunidade de


fazer parte do espetáculo” (Árbitro CF); “É fazer parte do futebol, estar
inserido no contexto nacional” (Árbitro PU); “É estar em uma Copa do Mundo”
(Árbitro AO).

(c2) Contribuição para o futebol - As afirmações indicam uma possibilidade de

colaboração dos árbitros para a modalidade esportiva seja durante uma partida

ou, até mesmo, ao final da carreira por meio de cursos de formação de novos

árbitros e programas de qualificação e treinamento.

“Espero poder me dedicar no futuro colaborando com novas gerações”(Árbitro


CD); “Contribuir para legitimar o resultado do jogo”(Árbitro AN); “Arbitrar é ser
o principal gestor daquele espetáculo”(Árbitro PX); “Tudo que faço é em prol
da arbitragem”(Árbitro PV).

(d) Meio de vida – Se refere às afirmações que mostram que para os árbitros a

participação na arbitragem do futebol é uma forma de sustento da família, de si

mesmo ou uma profissão.


“Auxílio financeiro para família” (Árbitro AM); “Ocupo maior parte do meu
tempo com a arbitragem” (Árbitro PU); “É uma profissão paralela que me
auxilia financeiramente” (Árbitro AM).

4.4.2 Comparação por função desempenhada e nível de arbitragem

Tanto os árbitros centrais quanto os árbitros assistentes apresentaram

significados para o arbitrar semelhantes quanto às emoções pela arbitragem e pelo

futebol, a arbitragem e o futebol são considerados os principais motivos norteadores

do envolvimento com a carreira arbitral (quadro 9).

Quadro 9 - Frequência de discursos por categorias de respostas sobre o significado do arbitrar em relação à
função dos integrantes do quadro da FIFA.
Categorias Emoções pela Desenvolvimento Relação Meio de vida Total
arbitragem e de competências e com o
pelo futebol reconhecimento futebol

Árbitros centrais 17 13 03 01 34
FIFA

Árbitros 21 03 02 02 28
assistentes
FIFA

As afirmações a seguir são apresentadas em dois grupos, árbitros centrais e árbitros

assistentes.

Árbitros centrais FIFA

“Arbitrar significa amor pelo futebol, amor pela arbitragem, me sinto


privilegiado em ser árbitro de elite” (Árbitro CA); “É minha vida” (Árbitro CB);
“Significa representar minha família. Paixão pelo futebol” (Árbitro CC); “Depois
da minha família é meu grande amor” (Árbitro CD); “Amo o que faço. Arbitrar
é um dom divino, felizes os escolhidos para desempenhar esta árdua e digna
atividade” (Árbitro CH).

Árbitros assistentes FIFA

“Significa tudo. Paixão” (Árbitro AO); “Não saberia viver sem a arbitragem. É
minha vida. Amor à arbitragem” (Árbitro AL); “Arbitrar é um estilo de vida. Eu
vivo assim. Tenho paixão pela interpretação da regra” (Árbitro AK); “É um
verdadeiro vício. Amamos a carreira. É emoção, adrenalina” (Árbitro AP);
“Satisfação. A arbitragem esta incorporada em minha vida. Gosto do que faço.
A coisa fica no sangue e você não quer parar mais” (Árbitro AQ).

Foi possível observar diferença importante no discurso dos participantes em

relação ao significado do arbitrar já que para os árbitros centrais, a relação do

arbitrar com o desenvolvimento de competências e reconhecimento parece ser

estreita, enquanto que para os árbitros assistentes as afirmações para esta

categoria foram pouco evidenciadas. As afirmações abaixo ilustram as citações dos

árbitros centrais e dos árbitros assistentes.

Árbitros centrais FIFA

“Arbitrar é superar limites, superar desafios, é ir cada vez mais longe” (Árbitro
PU); “Fazer parte do show” (Árbitro CF); “É ter responsabilidade, ter
conhecimento e inteligência para aplicar as regras” (Árbitro PX); “Significa ser
justo, ser honesto acima de tudo. É ter essas duas condutas cravadas na
alma” (Árbitro PT); “Arbitrar é ter responsabilidade, disciplina, confiança,
equilíbrio e respeito” (Árbitro PS); “Arbitrar é estar preparado fisicamente,
tecnicamente, psicologicamente. Aplicar as regras corretamente” (Árbitro PR);
“Arbitrar significa dizer que sou uma pessoa publica, sou ídolo dos meus
familiares” (Árbitro CB); “Significa representar minha família, meu estado e
todas as pessoas que me apoiaram” (Árbitro CC).
Árbitros assistentes FIFA

“Arbitrar é ser perfeccionista, é ser exigente” (Árbitro AK); “Significa treinar


suas habilidades” (Árbitro AM).

Ao examinar as afirmações dos árbitros de nível internacional (FIFA) e os

árbitros nacionais (Aspirantes FIFA) foi possível observar diferença importante no

discurso dos participantes nas categorias emoções pela arbitragem e pelo futebol e

desenvolvimento de competências e reconhecimento. No que diz respeito às

emoções pela arbitragem e pelo futebol observa-se que as emoções têm

significados semelhantes e relevantes durante a carreira e desempenho da função

para os dois grupos, porém foi mais evidenciado para os árbitros internacionais

(quadro 10).

Quadro 10 - Frequência de discursos por categorias de respostas sobre o significado do arbitrar em relação ao
nível de arbitragem.
Categorias Emoções pela Desenvolvimento Relação com Meio de vida Total
arbitragem e de competências o futebol
pelo futebol e
reconhecimento
Árbitros centrais 17 13 03 01 34
FIFA

Árbitros 10 18 04 00 32
Aspirantes
FIFA

As afirmações abaixo ilustram as citações dos árbitros centrais internacionais

(FIFA) e dos nacionais (Aspirantes FIFA).

Árbitros centrais FIFA

“Arbitrar significa amor pelo futebol, amor pela arbitragem. Me sinto


privilegiado em ser árbitro”(Árbitro CA); “Amo o que faço. É um dom
divino.Felizes os escolhidos para ser árbitro” (Árbitro CH); “Depois da minha
família é meu grande amor”(Árbitro CD); “Significa tudo” (Árbitro CJ ); “Gosto
daquilo que faço é minha vida”(Árbitro CB).

Árbitros Aspirantes FIFA

“Arbitrar é o que me deixa feliz” (Árbitro PS); “O mundo da arbitragem me


encanta” (Árbitro PT); “Eu amo ser árbitro de futebol. É tudo o que sou, é tudo
em minha vida” (Árbitro PV); “É a realização de um desejo, sou um
apaixonado pela arbitragem” (Árbitro PX); “Sou árbitro porque gosto, me sinto
feliz” (Árbitro PS); “Gosto do que faço, a arbitragem está incorporada em
minha vida”(Árbitro PQ).

No que diz respeito à categoria desenvolvimento de competências e

reconhecimento, constatou-se a tendência dos árbitros nacionais (Aspirantes FIFA)

atribuírem o significado do arbitrar a esta categoria, como pode ser observado nas

seguintes manifestações:

“Arbitragem para mim significa ser justo, ser honesto acima de tudo. É ter
essas duas condutas cravadas na alma” (Árbitro PT); “Arbitrar é ter
responsabilidade, disciplina, confiança, equilíbrio e respeito” (Árbitro PS); “É
estar preparado fisicamente, tecnicamente e psicologicamente. É aplicar as
regras corretamente” (Árbitro PR); “Superar desafios, superar limites e ir cada
vez mais longe” (Árbitro PU); “Arbitrar significa ter responsabilidade, ter
conhecimento e inteligência para aplicar as regras” (Árbitro PX).
5. DISCUSSÃO

Uma das questões importantes quem têm gerado interesse no campo da

psicologia do esporte são os motivos que levam um indivíduo a se engajar e

permanecer engajado em uma determinada atividade. A compreensão desses

aspectos deve ser vista na interação com o significado implícito que os indivíduos

atribuem espontaneamente a essa atividade e as relações entre os indivíduos e o

contexto o qual vivenciam e que fazem com que se dediquem a ela por muitos anos

ou tenham uma disposição para abandoná-la. Com isso, os objetivos do presente

estudo foram identificar o significado atribuído ao arbitrar e os fatores que estão

associados ao início, permanência e predisposição para o abandono da carreira em

árbitros brasileiros de futebol profissional pertencentes e aspirantes ao quadro de

árbitros da FIFA.

Segundo Neto (2000), os motivos que levam crianças, jovens e adolescentes a

se interessarem em participar e escolherem uma modalidade esportiva gravitam em

torno da influência da mídia, do status social e econômico alcançado pelos ídolos e

pela influência direta dos pais. Pesquisadores reconhecem que os familiares, quase

sempre, assumem papel de motivadores e facilitadores, sendo, portanto, figuras

significativas na introdução de uma criança no esporte (GREEN; CHALIP, 1998;

LEWKO; EWING, 1980; BRUSTAD, 1988; GOULD; TUFFEY; UDRY; LOEHR, 1997;

POWER; WOOLGER, 1994; SCANLAN; CARPENTER; LOBEL; SIMONS, 1993;

SCANLAN; LEWTHWAITE, 1984, 1986). Os resultados de nosso estudo mostram

que da mesma forma que os pais tendem a influenciar jovens para o engajamento

em uma atividade esportiva, eles também influenciaram muitos de nossos sujeitos a

se engajarem na carreira de árbitros. Portanto, independentemente da atividade


escolhida, a família parece ser um sistema ecológico importante a ser considerado

nos estudos sobre participação esportiva em geral.

Fatores como influência demográfica e ambiente físico também interferem na

aderência do indivíduo em uma atividade e devem ser analisados como um conjunto

de características que envolvem aspectos organizacionais, pessoais, ambientais,

físicos, etc. (SALLIS, 1993). Copetti (2001), por exemplo, identificou que a

proximidade com contextos de prática desencadeava curiosidade, uma característica

que tem o poder de instigar o envolvimento de uma pessoa em uma atividade. Sob

este olhar, podemos dizer que a promoção de uma atividade enfatiza o papel da

influência do meio ambiente, criando oportunidades e removendo barreiras para as

pessoas se engajarem (HUMPEL; OWEN; LESLIE, 2002). Estes aspectos também

foram observados em nosso estudo ao constatar que a possibilidade de realizarem

estágios universitários, de atuarem como árbitros em competições amadoras e,

principalmente, trabalhar no contexto futebol foram considerados como aspectos

motivadores importantes além de ter auxiliado na construção de um significado

pessoal para a participação esportiva e pela escolha da carreira de árbitros.

Diante do relato de que o incentivo da família influencia a decisão de iniciar e

continuar arbitrando, mesmo frente às dificuldades, é possível verificar que as

disposições dos árbitros são fortemente influenciadas pela interação com o contexto

no qual estão inseridos e essa interação, segundo Copetti (2001) ocorre conforme o

significado que o arbitrar possui para cada um, além da persistência temporal da

interação e da qualidade dessa interação estabelecida pelas expectativas que cada

um tem acerca do arbitrar.

Significativo também foi observar o quanto o amor e a paixão pelo futebol

representaram aspectos significativos para início e permanência na carreira. Esses


resultados são similares aos encontrados em estudos feitos com árbitros

profissionais FIFA de outros países como: Alemanha (Teipel; Kemper; Heinermann,

1999), Espanha (Alonso-Arbiol et al., 2008; Gonzales Oya; Dosil, 2004; Marrero;

Gutiérrez, 2002) e Portugal (Brandão et al., 2011; Luz; Rosado, 2003).

Essa paixão pelo futebol em si nos leva a pensar sobre qual o impacto que o

futebol tem e causa nos seres humanos desde há muito tempo. Um dos principais

motivos para o sucesso do futebol, conforme afirma Helal (1997) é a sua

simplicidade. Em qualquer espaço e com qualquer objeto, não precisa nem mesmo

ser esférico, é possível praticá-lo. O futebol é um “local” onde as diferenças de

classe, raça e origem são secundárias em função da competência (SOARES;

LOVISOLO, 2003). O futebol nasceu bretão, viajou pela Europa, ganhou a América,

teve no Brasil um marco e visita agora a África e o Oriente. Por isso que o futebol é

do mundo. Não é exclusividade de nenhum país, nem de nenhuma comunidade.

Transcende barreiras políticas e até mesmo ideologias. É uma paixão planetária

com os acentos lingüísticos de cada região e com a marca registrada de cada povo

(WITTER; SOARES; TELAROLLI, 1991). Essa paixão pode ser representada

quando um gol é marcado, sendo festejado por todos com um abraço grupal, com

uma possibilidade não só de as pessoas se colocarem cara a cara, mas também

corpo a corpo, manifestando uma espécie de unidade. E essa unidade se estende a

todos presentes em um mesmo local, seja este um estádio ou até mesmo um país

(HELAL, 1997).

De uma forma geral, o fenômeno futebol e sua história não podem ser

dissociados da história geral das civilizações. O futebol corresponde ao que Elias e

Dunning (1992) chamaram de processo civilizador, pois conforme acrescenta Franco

Júnior (2007), não é por acaso que a Inglaterra tenha sido o berço do futebol e da
Revolução Industrial. Os dois fenômenos basearam-se em competição,

produtividade, secularização, igualdade de chances, supremacia do mais hábil,

especialização de funções, quantificações de resultados e fixação de regras. Talvez

por esta estrutura o futebol tenha resistido a duas grandes guerras e teve o poder de

parar algumas. Guerras estas que colaboraram para o engrandecimento do esporte,

pois durante as tréguas, nos campos de batalha, oficiais estimulavam a prática do

futebol como maneira, bem aceita pelos soldados, de manter a forma física e

consolidar boas relações com seus aliados.

No Brasil o futebol tem assumido um papel que vai além de uma simples

modalidade esportiva, configurando-se como um fenômeno social. Historicamente, é

possível percebê-lo por duas perspectivas: enquanto meio de transmissão ideológica

e enquanto um importante elemento da cultura. Enquanto fenômeno social, sempre

esteve em consonância com a forma de a sociedade se organizar, assim como

outros elementos da cultura popular – carnaval, arte, religião, música e outros

(RINALDI, 2000) só podendo ser abordado na sua complexidade se o

compreendermos como um fenômeno social e historicamente produzido. Isso quer

dizer que, mesmo quando discutimos táticas e regras, condicionamentos físicos etc.,

eles sempre deverão ser compreendidos como táticas, regras e condicionamentos

socialmente produzidos (RIBEIRO, 2004)

Em relação a paixão, muitos estudos têm enfatizado sua importância como o

principal componente na participação de modalidades desportivas (Vallerand, 2008;

Vallerand et al., 2003). De acordo com Vallerand et al., (2006) os indivíduos que são

apaixonados pelo que fazem se sentem vivos, têm um alto grau de excitação e

prazer em sua atividade. Em outras palavras, a avaliação da atividade, o tempo e a

energia desprendida, estão relacionadas com disposição, uma força motivacional


que leva o individuo a participar em uma atividade que produz desejo e aceitação

pessoal. Entretanto, de acordo com Brandão et al., (2011) para que uma atividade

esteja relacionada com a paixão, ela deve ter um significado especial para o

individuo já que emprega muito tempo de sua vida em sua realização de uma

maneira regular. Neste sentido, Vallerand e Houlfort (2003) afirmam que as

pesquisas têm mostrado que quando uma atividade é avaliada como altamente

significativa, o individuo se inclina a interiorizar o valor da atividade de maneira que

seja parte de si mesmo.

De acordo com a função desempenhada em campo entre os integrantes do

quadro de árbitros da FIFA (árbitro central ou assistente) e a semelhança observada

nos resultados relacionados com os motivos para início na carreira de árbitros é

possível afirmar que o fato de realizarem o mesmo curso de formação, participarem

das mesmas atividades e tendo que optar por uma função especifica somente ao

final do curso determine a singularidade. Entre os árbitros FIFA e os Aspirantes FIFA

houve disparidade nos discursos dos sujeitos, pois os principais motivos de início

para os árbitros internacionais foram as emoções pela arbitragem e pelo futebol e a

relação com o futebol, já para os árbitros do quadro nacional as emoções pela

arbitragem e os fatores externos se caracterizam como os principais motivos para

ingressarem na arbitragem esportiva. Uma possível explicação para este fato é a

diferença de idade e tempo de prática entre os indivíduos das duas categorias,

embora para Marrero e Gutiérrez (2002) os motivos para arbitrar pareçam não se

diferenciar segundo o tempo de prática.

Em relação aos motivos de permanência, foi encontrada uma grande

estabilidade entre os motivos. Em sua maioria, os motivos que fazem com os


árbitros permaneçam na arbitragem são semelhantes aos de início, se aproximando

assim de estudos realizados por Gonzalez (2000) e González Oya e Dosil (2004).

Afirmações relacionadas às categorias emoções pela arbitragem e pelo

futebol e meio de vida estiveram presentes tanto nos discursos relacionados aos

motivos de início quanto nos motivos de permanência na carreira de árbitrosl.

Porém, os principais motivos que fazem com que os melhores árbitros do Brasil

continuem a arbitrar é a possibilidade de alcançarem objetivos maiores,

categorizados neste como atingir metas e as diferentes emoções pela arbitragem e

pelo futebol. O fato de traçarem planos ao longo de toda carreira e almejarem ir

cada vez mais longe serve como incentivo fundamental para árbitros e assistentes.

De uma forma geral, os que ostentam o escudo da FIFA desejam atuar em uma

Copa do Mundo, os que não o tem querem conquistá-lo. Em ambas as funções,

árbitros centrais e assistentes internacionais mencionaram que o fato de poderem

atingir determinadas metas é o que os mantêm e “alimenta” a vontade em continuar.

Os árbitros centrais, neste caso tanto os integrantes do quadro da FIFA e os

Aspirantes FIFA evidenciaram também as emoções pela arbitragem e pelo futebol

como outro aspecto fundamental na manutenção da carreira.

O amor, a paixão e o prazer pelo desempenho da função aparecem mais uma

vez como determinantes nos motivos que envolvem toda a arbitragem o que

corrobora com outros estudos também realizados com árbitros de futebol, nos quais

o desfrute pela arbitragem e o alcance de metas constituem os principais fatores

para permanência, se associando a outros fatores como melhora da imagem,

aquisição de conhecimentos técnicos, válvula de escape, amizade e interação social

(GONZÁLEZ OYA, 2006; MARRERO; GUTIÉRREZ, 2002). Já os árbitros Aspirantes

FIFA tiveram ainda afirmações relacionadas ao suporte social como um dos


principais fatores para permanência. Para Fontes (2010) o incentivo de familiares e

amigos serve como base de apoio, sendo de extrema importância para superação

de dificuldades e fundamental para a permanência na carreira. Relações

interpessoais significativas podem ser consideradas fatores de proteção ao

oferecerem apoio e segurança à atletas e facilitam seu desenvolvimento saudável

mesmo frente às adversidades da vida esportiva tais como afastamento da família,

lesões, resultados negativos. Concordando com isso, Kellett e Shilbury (2007)

afirmam que a interação social entre árbitros foi identificada como uma chave

importante para continuar a arbitrar. Interação social neste caso ocorre durante

treinamentos normais e encontros no dia da partida quando os árbitros estão

reunidos para responsabilidades oficiais e eventos sociais. Interações entre árbitros

também ocorrem como parte de programas de aperfeiçoamento. Durante cursos de

aperfeiçoamento, os árbitros conhecem e aprendem habilidades e responsabilidades

de diferentes níveis, funções e tarefas de arbitragem diferentemente de outros

estudos que apontam fatores sociais como forma secundária e até mesmo como

possível causa de abandono (GUTIÉRREZ, 2000; MARRERO; GUTIÉRREZ, 2002).

Talvez o fato mais preocupante no contexto da arbitragem esportiva seja o

abandono da carreira. Sendo assim, diferentemente de outros estudos que apontam

que o número de árbitros que abandonam ou têm a intenção de abandonar a

carreira é elevado (ALONSO-ARBIOL et al., 2008; GONZALEZ, 2000; PEREIRA, et

al., 2006; RAINEY, 1999) sendo até mesmo maior do que o abandono entre técnicos

e jogadores, foi possível constatar que apenas 25% dos árbitros de elite do Brasil já

pensaram em abandonar a arbitragem. Estes estudos apontam como principais

motivos para abandono da prática o medo do fracasso, o medo de ser incapaz

devido à incompetência; percepção de perda do controle. Mais especificamente no


caso do Brasil, Pereira et al., (2006) encontraram como principais motivos para a

desistência da carreira, a falta de pagamento após arbitrar uma partida, a ausência

de critérios na escalação para os jogos, sendo este o motivo que mais se aproxima

das afirmações dos árbitros de elite, e por fim, a falta de apoio por parte das

entidades representantes da classe dos árbitros.

As dificuldades citadas como possíveis causas para o abandono da carreira

e também por árbitros que nunca pensaram em abandonar podem ser

caracterizadas por diversos fatores. A disposição para o abandono da prática

esportiva é uma ameaça presente nas várias etapas da vida dos árbitros, seja na

fase de aperfeiçoamento ou alto rendimento, embora as motivações sejam distintas

em cada uma delas. Embora apenas alguns árbitros tenham citado a pressão que

sofriam por parte das federações como fator que os levou a pensar em alguns

momentos a desistir da carreira esportiva, Vieira (1999) afirma que esse é um dos

motivos que impulsionam muitos a abandonarem a prática esportiva, pois a pressão

pode gerar emoções negativas como a perda do prazer, da motivação e

consequentemente do interesse.

Para Rainey (1999) as principais dificuldades enfrentadas pelos árbitros são

falhas no desempenho, medo de agressões físicas, possibilidade de serem

afastados, conflitos interpessoais e pressão por falta de tempo para outros assuntos.

O desempenho pode ser caracterizado pela atuação em campo, sendo esta

determinada pelas marcações e interferências do árbitro em uma partida. A

preocupação em não errar e a pressão psicológica não interferem apenas nas

motivações para o abandono, mas também durante os jogos. Nevill, Balmer e

Williams (2002) investigaram o desempenho de quarenta árbitros ingleses durante

jogos da Premier League e constataram que o barulho do público afeta as decisões


dos árbitros. Devido ao barulho da multidão os árbitros têm um número de

marcações menores contra o time local, penalizam menos os jogadores da equipe

mandante e penalizam mais os jogadores da equipe visitante. Esse fato ocorre como

uma tentativa de reduzir o estresse causado por uma marcação equivocada, na qual

os árbitros passam a não decidirem de forma impopular, ou seja, penalizando a

equipe local, o que passa a ser uma espécie de contribuir com o favoritismo das

equipes que jogam em seus estádios.

Hoje em dia é impossível um árbitro central ou assistente ser totalmente

preciso em todas as marcações. Porém, o que preocupa os árbitros e é levado em

consideração pelas comissões de arbitragem é o erro que interfere no resultado da

partida e os erros de interpretação, nos quais o árbitro enxerga a infração, mas a

interpreta de forma equivocada, às vezes até por desconhecimento da regra do jogo.

O medo de agressão física citado anteriormente na maioria das pesquisas

realizadas com árbitros de futebol de outros países e os conflitos interpessoais

acompanham os árbitros dentro e fora dos gramados, porém o fato de nenhum

árbitro brasileiro mencionar a agressão como um fator para predisposição para o

abandono pode ser explicado pela própria característica da “moderna” cultura

brasileira na qual a opressão em qualquer segmento da sociedade é tida como

normal. Pimenta (2000) afirma que a violência produzida pelos grupos de torcedores

é parte da dimensão cotidiana dos grandes centros urbanos na sociedade brasileira

contemporânea, consequência do esvaziamento político-cultural-coletivo dos novos

sujeitos sociais. Para Ribeiro (2005), ao analisar a obra de Norbert Elias intitulada

“O processo civilizador”, esse fenômeno é chamado de “processo decivilizatório”,

que pode até causar uma “falência da civilização”, embora para Murad (2007) esta

situação não seja grave, pois no Brasil, foi a partir de 1985 que as ocorrências
violentas no futebol brasileiro tornaram-se explosivas. Se comparadas às da

sociedade, cujo agravamento é de início dos anos 1960, são tardias e se situam

numa linha de periculosidade abaixo daquela que seria possível imaginar, tendo em

vista a deterioração institucional e os agudos problemas sociais do país.

Não apenas treinadores e jogadores transferem para a equipe de arbitragem

a responsabilidade da derrota, torcedores encontram na figura do árbitro o maior

adversário de sua equipe e em momentos de exaltação as mais diferentes formas de

agressão vem à tona. Não apenas durante os jogos, mas em dias e locais diferentes

após os jogos. Esse comportamento agressivo exige muitas vezes que o árbitro

adote uma estratégia diferente para evitar problemas durante as partidas e conforme

estudo realizado com árbitros ingleses, equipes com reputação agressiva recebem

mais cartões amarelos e vermelhos durante os jogos (JONES; PAUL; ERSKINE,

2002). Condições ou situações de pressão nas quais são feitas cobranças e

exigências de resultados, também tendem a gerar reações negativas de estresse.

Cohn (1990) afirma que a percepção de pressão de si próprio e dos outros para

desempenhar-se bem implica e uma grande tensão até o ponto no qual as

demandas do esporte podem ultrapassar as recompensas.

Ao relacionar o significado da arbitragem com os motivos para início e

permanência na carreira de árbitros com as variáveis sociodemográficas podemos

adentrar em aspectos mais particulares que nos permitem compreender melhor o

envolvimento com a arbitragem.

Os árbitros participantes do estudo, classificados como os principais árbitros

do Brasil, evidenciaram que o significado atribuído ao arbitrar se relaciona de forma

estreita com os motivos de engajamento e permanência na arbitragem. As emoções

pela arbitragem e pelo futebol caracterizam-se como aspectos que tem significado
especial para o arbitrar, o que corrobora com estudos realizados com árbitros de

futebol suecos (FOLKESSON et al., 2002); espanhóis (ALONSO-ARBIOL et al.,

2008; GONZÁLEZ OYA; DOSIL, 2004; MARRERO; GUTIÉRREZ, 2002),

portugueses (BRANDÃO et al., 2011; LUZ; ROSADO, 2003), que constataram que

estes são altamente motivados e sentem prazer e paixão pela arbitragem. As

emoções derivadas da prática e o prazer pela participação parecem ter um

significado especial para os árbitros o que está de acordo com Philippe et al., (2009),

que afirmam que os árbitros gastam muito tempo em função de seu ofício,

aprimorando suas habilidades e demonstram ser extremamente apaixonados pelo

que fazem, indo mais adiante, para Brandão et al., (2011) a avaliação da atividade, o

tempo e a energia gasta, estão relacionadas com “disposição”, uma força

motivacional que leva o indivíduo a participar de uma atividade que produz um

desejo e uma aceitação pessoal sobre a sua prática. Mas para que uma atividade

esteja relacionada com paixão, ela deve ter um significado para o indivíduo de

maneira que passe um tempo de sua vida a realizá-la regularmente. Aparentemente

o arbitrar constitui o aspecto central da identidade do árbitro de tal forma que o

arbitrar seja mais que uma profissão, é uma parte de quem o árbitro é. Estes

resultados citados anteriormente contrapõem afirmações de autores como Samulski

e Silva (2009), na qual concluem que ser árbitro é ser um esportista com um longo e

estressante caminho de formação. Aqueles que se entregam à função de árbitros

sabem o prazer e a dor de vencer e perder, em todos os jogos, seus próprios

desafios.

Outro aspecto relacionado com arbitrar que tem um significado especial para

participantes do estudo se refere ao desenvolvimento de competências e a

motivação de seguir vinculado ao futebol se mescla também com os desejos de


seguir praticando esporte. Tal constatação coincide com o estudo de Alonso-Arbiol

et al., (2008) realizado com árbitros de futebol espanhóis que citaram o

desenvolvimento físico como um dos aspectos mais relevantes o que talvez possa

ser explicado pela alta exigência física do árbitro de futebol quando comparado com

árbitros de outras modalidades esportivas, como por exemplo, o voleibol.

De acordo com a função desempenhada em campo entre os integrantes do

quadro da FIFA (árbitro central ou assistente) e as diferenças observadas no

significado atribuído ao arbitrar na categoria desenvolvimento de competências e

reconhecimento, os árbitros centrais evidenciaram em maior freqüência aspectos

relacionados a comportamentos específicos para a prática da arbitragem, como

exigências comportamentais, psicológicas e físicas. Neste caso, as manifestações

mostram o desenvolvimento de capacidades e competências da prática em si,

podendo também indicar reconhecimento profissional para qualquer personagem

que faz parte do esporte, tornar-se pessoas públicas e influentes em determinada

sociedade na qual estão inseridos. O “reconhecimento” citado pelos árbitros pode

ser compreendido pela interpretação das Regras do Jogo (FIFA, 2011), na qual o

árbitro é o responsável por todas as decisões da partida, mesmo após qualquer

intervenção dos assistentes, é o árbitro quem tem o poder da decisão final e isso faz

com que esteja sempre em evidência. Outro fator que contribui para este aspecto,

de acordo com Silva e Bueno Sobrinho (2005) é que o árbitro também é o foco da

transmissão, antes de se começar o jogo, faz-se a apresentação dos jogadores e do

trio de arbitragem.

Em relação ao desenvolvimento de competências físicas, Reilly e Gregson

(2006) afirmam que, embora os assistentes aparentem ter uma exigência física

menor na tarefa desempenhada em campo do que os árbitros centrais, os níveis de


aptidão parecem ser semelhantes. Este fato pode ser explicado pela característica

atual na composição dos quadros de arbitragem e também pela exigência do teste

físico imposto pela FIFA. Atualmente, os interessados na carreira da arbitragem

fazem a opção pela função que pretendem desempenhar em campo, mas os testes

físicos aplicados periodicamente pela Comissão de Arbitragem estabelecidos dentro

dos padrões FIFA são os mesmos tanto para os árbitros centrais como os árbitros

assistentes, ou seja, exigem-se níveis de aptidão física semelhantes. Outro fator que

faz com que os árbitros centrais e os árbitros assistentes estejam bem preparados

fisicamente é a característica do futebol atual que estabelece que o desempenho da

equipe de arbitragem seja semelhante ao dos jogadores durante os 90 minutos

como demonstram Krustrup et al., (2009), Krustrup e Bangsbo (2002), Krustrup e

Bangsbo (2001) e Reilly e Gregson, (2006) que observaram que a distância

percorrida pelos árbitros varia de 9 a 13 km por jogo e dos árbitros assistentes é de

aproximadamente 7 km, enquanto que a média de um jogador é de 10 km. Vale

ressaltar que esta alta demanda durante os jogos associada a uma preparação física

inadequada foi o fator que mais gerou estresse em árbitros de futebol participantes

de uma pesquisa desenvolvida por Samulski, Noce e Costa (1999).

Outro aspecto interessante observado foi que poucos foram os árbitros que se

referiram ao arbitrar como um meio de vida. Talvez o fato dos árbitros participantes

desse estudo estarem no patamar de remuneração mais alto da categoria e

possuírem ainda outras fontes de renda, já que existe a obrigatoriedade de se

comprovar vínculo empregatício fora da arbitragem, pode ser uma das explicações

para tal fato. Mas, para Marrero e Gutiérrez (2002) as razões mais importantes para

o arbitrar estão relacionadas com alcançar determinadas metas na arbitragem e

conhecer melhor o esporte (regras e participação) e não aos aspectos financeiros.


Já Alonso-Arbiol et al., (2008), González Oya e Dosil (2007) e González Oya (2006)

acrescentam aspectos como praticar esporte, poder viajar, alcançar objetivos, prazer

pela atividade, conhecimento do esporte por meio de aprofundamento nos aspectos

técnicos e regulamentares, estar entre os amigos e, até mesmo, por funcionar como

válvula de escape como motivos significativos.

Já entre os árbitros FIFA e os árbitros Aspirantes FIFA a única diferença

encontrada foi na categoria emoções pela arbitragem e pelo futebol. Expressões

relacionadas ao amor, paixão e sentimentos à carreira foram evidenciadas para os

árbitros pertencentes ao quadro da FIFA, sendo a categoria mais citada pelos

mesmos. Embora para Marrero e Gutiérrez (2002), os principais motivos

relacionados ao arbitrar apontados por árbitros espanhóis não apresentem

diferenças segundo a idade ou tempo de prática, os árbitros FIFA do presente

estudo têm média de idade e média em tempo de prática superior aos Aspirantes

FIFA, o que talvez possa explicar essas diferenças. Outro aspecto importante que

exige alto grau de motivação e que pode ser associado ao sentimento pela

arbitragem é o fato de que ao ingressar no quadro de árbitros da FIFA as

responsabilidades aumentam assim como os deveres, pois todos os dias há a

obrigatoriedade de executar inúmeras atividades em uma plataforma específica no

site da FIFA, a ocorrência de avaliações físicas e teóricas é maior e há um aumento

na frequência de viagens e compromissos internacionais, de uma forma geral, o

tempo de dedicação à função desempenhada é cada vez maior. Segundo

Bronfenbrenner (1996), quando a pessoa adquire uma concepção mais ampliada,

diferenciada e válida do meio ambiente, ela se sente mais motivada e capaz para se

envolver em atividades que revelam suas propriedades e sustentam o ambiente em

níveis de complexidade. Brandão et al., (2011) completam afirmando que quanto


mais alto for o nível do árbitro, maiores são as responsabilidades, os sentimentos de

apreensão e expectativas em relação ao seu desempenho nas competições e,

consequentemente, o medo de cometer erros, de falhar e de não conseguir cumprir

com os objetivos.

É importante ressaltar que diferentemente de outros estudos que citam a

arbitragem como um agente socializador e criador de laços afetivos entre os

envolvidos (BRANDÃO et al., 2011; MARRERO; GUTIÉRREZ, 2002), os árbitros

centrais e os assistentes participantes deste estudo não citaram interação social

como um aspecto relacionado ao significado do arbitrar. Tal fato talvez possa ser

explicado pela diferença regional dos indivíduos participantes deste estudo, a

dimensão continental do Brasil e as dificuldades de deslocamento entre os estados

limitam o convívio entre os árbitros.


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo caracteriza-se como o primeiro estudo brasileiro realizado

com árbitros da elite do futebol brasileiro profissional abordando os motivos de início,

permanência, disposição para o abandono e o significado implícito que os árbitros

atribuem à sua carreira. A análise dos significados é uma forma de interpretar as

experiências que fazem com que o futebol seja significativo para o árbitro e que

determinam suas atitudes e comportamentos.

Embora esta dissertação seja repleta de aspectos importantes, ao escrevê-la

nos deparamos com algumas dificuldades, principalmente no que diz respeito à

participação dos sujeitos da pesquisa, pois como vimos, a carreira de árbitros

consome muito tempo e ocupa, muitas vezes o primeiro lugar na vida de alguns e

isso acarretou na dificuldade em coletar a maioria dos questionários e a ausência da

participação de alguns árbitros assistentes e árbitros aspirantes ao quadro da FIFA.

Ao analisar os fatores associados à disposição para início na carreira de

árbitros foi possível identificar por meio deste estudo que, os árbitros em geral

ingressaram na carreira devido à influência da relação mantida com a modalidade,

antes mesmo de se tornarem árbitros, mas principalmente, devido a sentimentos

como amor e paixão pela arbitragem e pelo futebol. Também foi possível observar

que as emoções pela arbitragem e pelo futebol continuaram a motivar e guiar os

árbitros centrais tanto nacionais quanto internacionais na carreira, porém, os árbitros

assistentes atribuem ao alcance de metas o principal motivo para continuarem a

atuar em partidas de futebol.

Ficou evidente também que as relações interpessoais ocorridas nos

diferentes ambientes nos quais os árbitros participavam e participam ativamente,


família, federações e confederações, instigaram, direcionaram e fortaleceram o

envolvimento deles na prática da arbitragem. De especial relevância nesse processo

foram os familiares e árbitros conhecidos, importantes incentivadores para que se

engajassem e permanecessem na arbitragem, mostrando, portanto, a importância

destes sistemas ecológicos.

Além da disposição pessoal para iniciar na arbitragem é importante a

disposição para permanecer nela por um período significativo de tempo. Persistir

engajado na prática sistematizada mostra a existência de uma disposição pessoal

positiva. Os discursos dos árbitros para continuar arbitrando evidenciam não apenas

a motivação intrínseca como paixão pelo esporte, desafios a enfrentar, metas a

atingir, mas também uma motivação extrínseca relacionada ao retorno financeiro

proporcionado pelo esporte e o desejo de ter o reconhecimento de outras pessoas.

A carreira bem sucedida muitas vezes pode também ser creditada aos

familiares pelo encorajamento, aquisição de valores, além de todo amor e suporte

necessários durante a carreira, salientando que a influência dos pares precisa ser

considerada, mesmo que a família desempenhe um papel importante durante todas

as fases da carreira dos árbitros.

Alem do mais, pode-se concluir que essas relações interpessoais foram

significativas ao oferecerem apoio e segurança aos árbitros e facilitarem seu

envolvimento mesmo frente às adversidades da vida esportiva tais como

afastamento da família, lesões e resultados negativos. Mas fica evidente, também,

que essas mesmas relações interpessoais podem ser consideradas fatores de risco

em determinados momentos, cobranças e exigências excessivas são, muitas vezes,

responsáveis por levar o árbitro a desistir da carreira. Entretanto, devemos

considerar que todos esses fatores não foram decisivos para o término da carreira.
Muitas são as dificuldades enfrentadas pelos árbitros no ambiente esportivo, no

entanto, a superação dessas dificuldades depende da interpretação e da maneira de

agir de cada um. Encontramos em todos, capacidade de superação e determinação

no enfrentamento de situações desfavoráveis, uma vez que encaravam as

experiências negativas como fazendo parte do processo e também um aprendizado

para a sua vida.

Diante dos discursos relacionados à disposição para o abandono, embora o

número de árbitros que pensaram abandonar tenha sido pequeno, fica evidente a

necessidade de mudança na estrutura organizacional da arbitragem. Seja por meio

da profissionalização ou estratégias que possam minimizar as influências negativas

sobre árbitros de futebol, pois, não apenas deve ser dada maior atenção aos

aspectos físicos a fim de evitar lesões e, consequentemente, o afastamento dos

gramados, mas também a elaboração de um plano de carreira que possibilite

alcançar metas previamente estabelecidas. Talvez não seja ainda a estrutura ideal,

mas evitaria que injustiças (citadas pelos árbitros) fossem cometidas por comissões,

federações ou qualquer tipo de dirigente esportivo. Neste caso, far-se-á necessário

um novo “recorte” sobre a arbitragem nacional, envolvendo árbitros que

abandonaram a carreira, para que possamos identificar os motivos que os

conduziram a tomar tal decisão, para a contraposição de resultados e,

posteriormente a elaboração de estratégias que evitem o abandono.

Embora diferentes aspectos se relacionem com a arbitragem o principal

significado do arbitrar para os árbitros de elite do Brasil está relacionado à paixão.

As emoções pelo esporte e pela arbitragem parecem nortear o significado do arbitrar

e, por meio dos resultados obtidos foi possível identificar que a paixão pela

arbitragem caracteriza-se como o principal fator motivacional da carreira de árbitros


e pode explicar porque os árbitros persistem em uma atividade que pode gerar

estresse, desempenhando suas tarefas com prazer, independentemente do nível ou

da função que desempenham em campo.

Outra relevante consideração é que os resultados deste estudo possibilitam

examinar a influencia de diferentes motivos na carreira de árbitros de futebol, desde

os motivadores para o início, até os possíveis causadores do abandono e o

significado do arbitrar para cada indivíduo e alertam para a necessidade do

acompanhamento psicológico ao longo da carreira, pois possibilitaria a melhora no

desempenho em campo e na qualidade de vida dos árbitros por meio de

intervenções integradas em programas de aperfeiçoamento e treinamentos.

Em contrapartida, a realização de estudos longitudinais que considerem todas

as dimensões abordadas poderá auxiliar os árbitros e, consequentemente, as

entidades as quais são filiados, pois possibilitará identificar os fatores motivacionais

desde o início na arbitragem e controlar as variações destes fatores ao longo da

carreira, estimulando a permanência e diminuindo a taxa de abandono.


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Anexo 1
Anexo 2

QUESTIONÁRIO BIOGRÁFICO

1. Esporte em que atuo: Futebol - arbitragem

2. Grau de instrução: ( ) secundário ( ) superior

3. Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino

4. Local e data de nascimento:_____________________/______/____/_____

5. Sou árbitro há ______anos.

6. Origem na Associação/Liga de Futebol de __________________

7. Faço parte do quadro: ( ) Nacional ( ) Internacional

8. Faço parte do quadro da FIFA/Aspirante há ______anos.

9. Sou ( ) árbitro central ( ) árbitro assistente

10. Atuo nos campeonatos:

_______________________________________________

11. Classificação no quadro nacional de arbitragem: -

___________________________

12. Principais competições em que atuei:

__________________________________________________________

Quero receber cópia do estudo final ( ) Sim ( ) Não.


Anexo 3

ÁRBITRO DE FUTEBOL PROFISSIONAL: MOTIVOS PARA INÍCIO,


PERMANÊNCIA E DISPOSIÇÃO PARA O ABANDONO DA CARREIRA

Nome:
Questões

1- O que te levou a arbitrar?

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2- O que faz com que permaneça até hoje arbitrando?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

3- O que espera alcançar com a arbitragem?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

4- Quais foram os obstáculos que teve que superar no seu desenvolvimento como
árbitro ou árbitro assistente? Como conseguiu superá-los?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5- Nos últimos meses pensou em abandonar as atividades de árbitro? Se sim, por quê?
Por que não abandonou?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

6- Qual o significado do arbitrar para você?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Anexo 4

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Título da Pesquisa: ÁRBITRO DE FUTEBOL PROFISSIONAL: MOTIVOS PARA


INÍCIO, PERMANÊNCIA E DISPOSIÇÃO PARA O ABANDONO DA CARREIRA

Eu, ________________________________________, com ____ anos de idade,


abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como
voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade do Programa de
Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1) O objetivo da pesquisa é compreender quais são para você, como árbitro de


futebol, os fatores que estão associados à sua participação inicial, permanência e
disposição para o abandono da atividade de arbitrar, bem como o significado atribuído
à sua atividade arbitral;

2) Você está recebendo um e-mail, com um vídeo gravado pelo pesquisador


responsável pelo estudo, explicando os objetivos do estudo e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido;

3) Caso eu tenha interesse em participar do estudo deverei enviar, para o e-mail do


pesquisador, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado eletronicamente
ou um e-mail dizendo que gostaria de participar. Após isso, estarei recebendo um
questionário contendo seis (06) perguntas que permitem respostas abertas e uma ficha
de dados biográficos;

4) Responderei ao questionário no protocolo enviado via e-mail. Não há limite para


as minhas respostas, podendo variar de uma frase a um longo texto;
5) Minhas respostas deverão ser enviadas diretamente ao e-mail do pesquisador
responsável pelo estudo, sem passar pelo Chefe de Arbitragem de sua Confederação,
como uma forma de garantir sigilo e evitar possíveis constrangimentos. Os
questionários serão respondidos e enviados de acordo com a minha melhor
conveniência;

6) A participação no estudo apresenta risco mínimo para mim, podendo ocorrer


certo constrangimento pelo teor das perguntas, mas estou ciente de que poderei
interromper, a qualquer momento, minha participação e retomá-la caso seja de meu
interesse;

7) A participação nesta pesquisa é voluntária, meu nome e respostas serão


resguardados sob rigoroso sigilo e os resultados não servirão como critério de minha
classificação e ranqueamento no quadro de árbitros em minha Federação;

8) Através desse estudo eu poderei compreender melhor como eu e meus pares da


arbitragem percebemos a atividade que realizamos e quais fatores podem interferir
tanto na manutenção quanto na predisposição para o abandono do arbitrar. Esse
conhecimento poderá me ajudar a lidar melhor com essa atividade que realizo já há
muito anos;

9) Caso seja de meu interesse, receberei uma cópia da análise dos dados
individuais, bastando para isso fazer um X na frase “Quero receber feedback” que se
encontra ao final da ficha de dados biográficos;

10) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do estudo, expostos
acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

11) Após o término do estudo o e-mail enviado por mim será guardado sob a
responsabilidade do pesquisador responsável e não poderá ser usado para outros
estudos que não o acima mencionado sem meu consentimento;
12) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente
sobre minha participação no referido estudo;

13) Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas


Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa por meio do
telefone (11) 2799-1946;

14) Poderei entrar em contato com os responsáveis pelo estudo, Profª Drª Maria
Regina Ferreira Brandão e Prof. Rodrigo D’Alonso Ferreira, sempre que julgar
necessário pelo telefone (11) 3673-3360;

15) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma ficará em
meu poder e a outra com os pesquisadores responsáveis.

São Paulo, ________ de _____________ de _______

_______________________________________

_______________________________________
Nome e Assinatura do Voluntário

_______________________________________

_______________________________________
Nome e Assinatura do Pesquisador Responsável

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