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PROXIMIDADE

Direitos Humanos e Sociais


Vamos falar sobre Direitos Humanos!

“Por todo jovem negro que é caçado pela polícia na periferia. Por todo
pobre criminalizado só por ser pobre. Por todo o povo índio que é
expulso da sua terra por um ruralista. Pela mulher que é vítima de um
impulso covarde e violento de um machista. Por todo o irmão do
Senegal, da Angola e do Congo aqui refugiado. Pelo menor de idade
sem escola a se formar no crime e condenado. Por todo o professor da
rede pública maltratado pelo estado. Por todo o casal gay
descriminado” (Manifestação – Carlos Rennó, Russo Passapusso,
Rincón Sapiência e Xuxa Levy.)1

Clipe: Manifestação – Anistia Internacional

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ofHuXukO5y0

1
Os 117 versos foram escritos por Carlos Rennó e musicados por Russo Passapusso, Rincón Sapiência e
Xuxa Levy. A banda base é formada pelos músicos Benjamin Taubkin, no piano, Os Capoeira, na
percussão, Siba, na rabeca, Marcelo Jeneci, no acordeon, Emerson Villani, no violão e
guitarra, Robinho, no baixo, Samuel Fraga, na bateria, DJ Nyack, nas pickups, e Beto Barreto, na guitarra
baiana. O clipe foi dirigido por João Wainer e Fábio Braga. Cantores Participantes: Criolo, Pericles, Rael,
Rico Dalasam, Paulo Miklos, As Bahias e a Cozinha Mineira, Luedji, Roberta Estrela Dalva, Marcelino Freire,
Rincón Sapiência, Siba, Xenia França, Ellen Oleria, BNegao, Felipe Catto, Chico César, Pretinho da Serrinha,
Camila Pitanga, Moska, Pedro Luís, Ana Canãs, Marcelo Jeneci, Márcia Castro, Russo Passapusso,
Fernanda Montenegro, Larissa Luz, Ludmilla e Chico Buarque.
Olá, Aprendizes!
Certamente vocês já ouviram dizer na rua, na televisão ou até em casa, que os Direitos Humanos
são “coisas de esquerdista” e que eles “foram criados para defender bandidos”. Talvez você
também já tenha pensado dessa forma, pois, muitas vezes, algumas situações são apresentadas
de maneira a nos fazer acreditar nisso. Mas, você já parou verdadeiramente para refletir sobre
esse assunto? Será que é assim mesmo?

Fonte: http://www.upa.unicamp.br/direitos-humanos-armandinho-na-upa

Nesta unidade, vamos refletir sobre o contexto de reconhecimento dos Direitos Humanos como
um marco fundamental de proteção de todos os seres humanos. Também vamos compreender
que eles não surgiram de uma hora para outra.

Como base da nossa reflexão vamos entender que, nos países Ocidentais2, existe uma
construção histórica muito específica da relação do ser humano com o estado. Nesse contexto,
pautas como a liberdade, a igualdade e a fraternidade surgem como valores que precisam ser
garantidos a todas e todos. Ao longo do percurso histórico desses países algumas mudanças
políticas e econômicas vão alterando os modos de pensar a relação entre indivíduos e estado.

Algumas revoluções nessa trajetória histórica do ocidente aconteceram alterando estruturas


políticas e sociais. Dessa forma, leis, normas e organismos internacionais foram criados e
tratados foram estabelecidos indicando, de tempos em tempos, os pactos feitos entre as nações
para regular as demandas das sociedades em permanente processo de transformação. Assim os
Direitos Humanos vêm sendo ampliados.

2
Países ocidentais, civilização ocidental ou, simplesmente, Ocidente (como distinto de Oriente), é um
termo que se refere a diferentes nações, dependendo do contexto. Não há consenso sobre a definição
das semelhanças desses países, além de terem uma população significativa de ascendência europeia e de
terem culturas e sociedades fortemente influenciadas e/ou ligadas pela Europa.
Na atualidade, como resultado desse processo, os países que são signatários da Organização das
Nações Unidas (ONU) têm um papel importante para que não haja violação dos Direitos
Humanos, assegurando a vida com dignidade para todas e todos. Esse é um desafio para muitos
governos e, inclusive, coloca o Brasil entre os países que mais precisam coordenar ações no
sentido de acabar com tais violações em seu território3. Trataremos dessas questões mais
adiante.

Agora buscaremos entender como a história influencia nos processos de construção de


declarações que assegurem os direitos dos indivíduos na sociedade. Para formularmos uma ideia
sobre esse assunto tão fundamental para a humanidade, é preciso conhecer antes de opinar.

Os Direitos Humanos no contexto histórico de países ocidentais

Para compreender os Direitos Humanos, vamos retomar sucintamente o cenário europeu do


século XVI. Isso é importante porque, o que hoje conhecemos como Direitos Humanos, na
verdade, não foi criado de uma hora para outra, mas é resultado de um acúmulo de experiências
históricas que marcaram a relação das nações com os indivíduos. Nessa trajetória vão sendo
elaborados conceitos4, entendimentos coletivos e construção de mecanismos como
determinações, normas, leis, acordos, dentre outros mecanismos institucionais que expressam
a conquista de direitos relativos a determinado tempo e contexto histórico. Você irá se
surpreender com os breves capítulos da história da humanidade que iremos lhe apresentar.
Prepare-se para uma viagem pelo túnel do tempo!

Você já deve ter estudado um período histórico da Europa em que os reis exerciam todos os
poderes, eles faziam as leis, executavam e ainda julgavam. Ou seja, esses eram “os caras”,

3
De acordo com o Relatório da Organização internacional Human Rights Watch, o Brasil vem em uma
escalada de graves violações de direitos humanos nos últimos anos, o agravamento da situação se dá com
a identificação de que o governo federal do presidente Jair Bolsonaro é um dos principais agentes
violadores desses direitos. Ver: https://www.hrw.org/pt/world-report/2020/country-chapters/336671

4
De acordo com Hardy-Vallee (2013) “conceito é a unidade primeira do pensamento e do conhecimento:
só pensamos e conhecemos na medida em que manipulamos conceitos”.
literalmente os “todo poderosos”. O regime político que permitia que tivessem todo esse poder
ficou conhecido como o Absolutismo5.

Nessa forma de governo, a aliança feita entre o Clero (representantes da igreja), a Nobreza
(proprietários de terras, representantes da corte e guerreiros) e a Burguesia (comerciantes e
banqueiros) possibilitou aos reis que, durante a Idade Moderna, pudessem concentrar poderes,
acumular riquezas e expandir territórios. Para que isso acontecesse de forma eficiente, foi criada
toda uma estrutura administrativa para auxiliar os reis em suas várias obrigações. Com a
formação dos Estados Nacionais – as nações –, o rei determinava a imposição de moeda e um
idioma único para toda a nação, eliminando as diferenças que restringiam a atuação da classe
emergente de burgueses. Observe que o Povo (artesãos, camponeses e toda sorte de
trabalhadores empobrecidos) não entrou no acordo, porque não havia possibilidade de
considerá-los como uma classe política relevante nesse período.

Um pilar importante nesse regime de poder foi a aliança construída com setores do clero
católico e a propagação da ideia de que o rei governava porque era um escolhido de Deus, o
enviado de Deus à Terra para governar aquele povo.

Mesmo com a ocorrência de rebeliões e de inúmeros ataques e invasões estrangeiras, durante


um longo período esse modo de governar contribuiu para o fortalecimento de Estados-Nação
europeus como França, Inglaterra e Espanha. Mas havia limites, principalmente para a burguesia
que já havia acumulado capital (riquezas) o suficiente, mas percebia que faltava algo no regime
Absolutista que os deixavam em desigualdade. E o que faltava para os burgueses naquela época
era a possibilidade de ter participação política, exercício do poder e a possibilidade de participar
das decisões sobre os rumos da nação. Então, esse grupo inicia um processo de ruptura com a
até então ordem política estabelecida, o que leva ao início das Revoluções Burguesas6.

5
Absolutismo foi um regime político muito comum na Europa entre os séculos XVI e XIX, em que apenas
uma pessoa, um rei ou rainha soberano, exerce poderes absolutos, amplos poderes, sobre toda a nação.
Para saber mais: SILVA, Daniel Neves. "O que é absolutismo?"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-absolutismo.htm.

6
As Revoluções Burguesas cobrem um período de 1640 a 1850 que reúnem um conjunto de processos
históricos protagonizados pela classe burguesa, ligada ao comércio e às finanças, e que foram
fundamentais para que muitos Estados europeus deixassem de ser absolutistas.
As principais revoluções burguesas foram: 1. Revolução Inglesa7 (ocorreu em quatro fases entre
os anos de 1642 e 1688); 2. Independência Americana8 (1776); 3. Revolução Francesa (1789)9.
A primeira culminou na “Declaração de Direitos de 1689 (Bill of Rights)”, a qual restringia o
poder dos reis, a decisão política estava concentrada no Parlamento. Indicava o
comprometimento com as liberdades individuais, principalmente com as crenças religiosas. Na
segunda, temos a “Declaração de Independência dos Estados Unidos da América”, que
anunciou a igualdade entre os homens e o direito à liberdade. E, na terceira, a “Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão” que representou uma completa mudança de paradigma para
os países ocidentais, rompendo com a ordem política absolutista, instaurando a burguesia como
nova classe política e a mudança para o regime econômico capitalista.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi um dos mais importantes marcos
históricos do Ocidente, inaugurando também uma nova forma de relação entre indivíduo e
Estado. Essa nova relação se dá a partir do reconhecimento de que os indivíduos passam a gozar
de direitos fundamentais em relação ao Estado, sem haver privilégios de uns em detrimento de
outros. Apesar de ter ampliado a participação política às classes burguesas e o
reconhecimento de que todos os indivíduos possuem direitos fundamentais, na prática, o que
se configurou foi que essa ampliação se estendia somente aos representantes da burguesia
ascendente, europeus e homens. Tendo ficado de fora toda uma classe trabalhadora, mulheres,
negros, orientais, pessoas oriundas dos países colonizados, etc.

Nesse momento da história foram expressos o direito à liberdade, à igualdade, à propriedade,


dentre outros. Pesquisadores dos direitos humanos classificaram estes direitos fundamentais e
civis como Direitos Humanos de Primeira Dimensão. Consideram que, ao longo da história dos
Direitos Humanos, outros direitos foram sendo reconhecidos, ou seja, entendem que esses

7
Saiba Mais: “Revolução Inglesa”. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-
moderna/revolucao-inglesa.htm

8
Saiba Mais: “Independência dos Estados Unidos da América”. Disponível em:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-inglesa.htm

9
Saiba Mais: Vídeo “Revolução Francesa – Resumo desenhado” disponível no canal do YouTube
HISTORIAR-TE: https://www.youtube.com/watch?v=_46qYt8cETc
direitos são como camadas que se sobrepõem com o passar do tempo, mas que não se anulam.
Ao contrário, eles se ampliam.

Após essas revoluções e o estabelecimento de uma nova ordem política nos países europeus,
ou seja, após esses países já estarem unificados e com suas formas políticas reestabelecidas,
iniciou-se a retomada do processo de colonização10 de outros povos.

No final do século XIX, ocorre a unificação da Alemanha e da Itália. Esses dois países passam a
ter poder central nesse contexto. Mas, não haviam participado da divisão dos territórios
chamados de colônias que os outros países europeus já vinham explorando. Como não queriam
ficar de fora da divisão das colônias, iniciaram a Primeira Grande Guerra11 (1914- 1918), no
começo do século XX.

Os impactos da Primeira Guerra Mundial foram sentidos em diferentes setores sociais. Do ponto
de vista econômico, tornou-se insustentável a manutenção e defesa do modelo baseado no
Liberalismo econômico clássico12, pois era grande a situação de exclusão social que avançava
entre os países. Nesse momento, houve muita organização e pressão dos trabalhadores que
exigiam melhorias sociais. Com isso, surgem as reivindicações em torno do que passou a ser
conhecido como a Segunda Dimensão dos Direitos Humanos que vão contemplar os direitos
econômicos, sociais e culturais.

10
Colonização é um conjunto de práticas adotadas por um governo, estabelecido através de uma relação
de domínio de um povo sobre outro no seu sentido territorial, econômico, cultural, etc. Basicamente
estruturou as formas de relação dos países europeus sobre outros da Ásia, África, América e/ou Oceania
e estruturou as relações de poder no interior dos países colonizados. Esse processo se intensificou na
segunda metade do século XIX.

11
A Primeira Grande Guerra foi a primeira do século XX e é considerada o primeiro conflito em estado de
guerra total – aquele em que uma nação mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate.
Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi resultado das transformações que aconteciam na Europa, as quais
fizeram diferentes nações entrar em choque. O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma para
o Ocidente com o saldo de 10 milhões de mortos. Para saber mais: Neves, Daniel; Brasil Escola. Primeira
Guerra Mundial. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm

12
A ideia central do liberalismo econômico é a defesa da emancipação da economia de qualquer dogma
externo a ela mesma, ou seja, a eliminação de interferências provenientes de qualquer meio na economia.
DANTAS, Tiago. "Liberalismo Econômico"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/economia/liberalismo-economico.htm
Esses direitos são apresentados na Constituição Mexicana (1917), na Declaração Russa dos
Direitos do Povo Trabalhador e Explorado (1918), na Constituição Alemã (1919) e no Tratado de
Versalhes do mesmo ano.

Mas as consequências da Primeira Grande Guerra não ficaram somente na vivência de um


grande trauma humano, no campo econômico e do reconhecimento e conquistas de direitos.
Os países que foram derrotados na Primeira Grande Guerra tentaram se reerguer após sofrerem
sanções explícitas no Tratado de Versalhes e serem responsabilizados exclusivamente pelo
conflito, mais uma vez Itália e Alemanha estiveram no epicentro da situação com a ascensão de
regimes totalitários13.

Vamos abordar o caso alemão, quando assume o poder em 1933, Adolf Hitler, uma das principais
lideranças do Partido Nacional Socialista (partido que representava as ideias nazistas da época).
Sob o seu comando, entraram em vigor as Leis de Nuremberg, que definiram a ideologia racista
do Estado Alemão, por meio das ideias de proteção do sangue e da honra alemã. Uma das
prerrogativas era a proibição do casamento e de relações sexuais entre judeus e alemães, que
em seguida foi expandido para ciganos e negros.

Posteriormente, além da perseguição, o Estado Alemão pôs em prática também o extermínio de


judeus, ciganos, homossexuais e deficientes físicos. Auschwitz foi um dos campos de
concentração na Polônia, onde alemães operaram o extermínio de até 6.000 pessoas por dia em
câmaras de gás.

O desrespeito ao Tratado de Versalhes e a invasão das tropas alemãs em diferentes países


europeus foi o estopim para o início da Segunda Grande Guerra14, um conflito de proporções

13
Totalitarismo foi um regime político que surgiu em países europeus no século XX. Os regimes
totalitários têm em comum o controle total da vida pública e da vida privada. Em uma profunda recessão
econômica e grande insatisfação popular, observamos a emergência de líderes totalitários na Alemanha
e na Itália. Esses líderes centralizaram as diversas figuras do poder e a atuação do Estado em si mesmos,
além de investirem fortemente em propaganda e elegerem inimigos em potencial, que se tornaram a
maior justificativa interna para que o totalitarismo funcionasse. No caso, para os nazistas alemães, o
inimigo central era o povo judeu, além de ciganos, comunistas e homossexuais. Para os fascistas italianos,
os inimigos eram os estrangeiros, os antinacionalistas e os críticos do Estado forte, como os anarquistas.
Saiba mais: PORFíRIO, Francisco. "Totalitarismo"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/totalitarismo.htm.

14
Saiba Mais sobre a Segunda Guerra Mundial no Canal Descomplica, no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=RedndCHHtYc
globais, ocorrido entre os anos de 1939 e 1945, e que se estima ter vitimado mais de 60 milhões
de pessoas. Teve seu fim com o lançamento das bombas nucleares pelos Estados Unidos da
América que devastaram as cidades japonesas Hiroshima e Nagazaki em 1945.

Após a catástrofe da Segunda Guerra, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) cuja
finalidade maior é a busca pela paz mundial, onde os países-membros assumem o compromisso
político de proteger os direitos de todas as pessoas, independente de raça, etnia ou crença
religiosa. Por meio da ONU, foi organizado o comitê responsável pela elaboração da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, em 1948, a qual orienta os princípios dos Direitos Humanos das
nações signatárias. O Brasil participou desse processo desde o início e é pioneiro no mundo ao
estabelecer o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, executado pelo
governo desde 200415.

Fonte: http://www.upa.unicamp.br/direitos-humanos-armandinho-na-upa

Hora do Desafio!
Observe as três imagens a seguir. Elas se relacionam com os momentos históricos estudados até
o momento. Em seguida, identifique o que mais marcou a relação estabelecida entre Estado e
indivíduos em cada um desses momentos da história. Por fim, represente em uma tirinha criada
por você a evolução dos Direitos conquistados pela humanidade neste percurso da história
ocidental.

15
Saiba Mais: “5 importantes nomes da luta por direitos humanos no Brasil”, de Jessica Soares, em
21/12/2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/superlistas/5-importantes-nomes-da-luta-
por-direitos-humanos-no-brasil/
Imagem 1 Imagem 2:

Abertura, por Luís XVI, da Assembleia em que os


representantes do povo decidiram transformá-la em
Assembleia Constituinte, marcando o início da
Revolução Francesa. Óleo sobre tela, 1839. Musée
Fonte: Anna Deutsch. National du Château et des Trianons, dp.
Fonte:
https://literarypotpourri.wordpress.com/2012/0 http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagen
4/24/cartoon-absolutism-by-anna-deutsch/ s-artigos/reportagens/16461-como-a-
declara%C3%A7%C3%A3o-dos-direitos-do-homem-e-
do-cidad%C3%A3o-impacta-voc%C3%AA,-231-anos-
ap%C3%B3s-sua-aprova%C3%A7%C3%A3o

Imagem 3:

Em 1945, nações estavam em ruínas. A 2ª Guerra acabou e o mundo queria paz.

Fonte: https://www.un.org/en/about-un/index.html

Direitos Humanos, o Estado e a Sociedade Civil

Conforme os estudos que fizemos até o momento, pudemos perceber que os Direitos Humanos
não foram criados de uma hora para a outra. São resultados de uma série de acontecimentos
históricos, principalmente da sociedade ocidental, e estão pautados na visão de mundo e
experiências vividas em cada época. Dessa forma, a ampliação desses Direitos ocorre de acordo
com o tempo e são agrupados em dimensões sem que haja sobreposição, mas
interdependência e indivisibilidade. Até o momento, os estudiosos da área dos Direitos
Humanos definiram essas dimensões como: primeira dimensão, segunda dimensão, terceira
dimensão e outras dimensões. Vejamos!
Primeira Dimensão: diz respeito ao direito à vida, à liberdade e segurança pessoal, à proibição
à tortura e escravidão, à igualdade perante a lei e respeito à legalidade. São os direitos civis e
políticos. Esses direitos têm como principal ideia a liberdade individual. Têm como pressuposto
que o Estado não interfira na liberdade dos indivíduos. Historicamente, estão ligados ao
contexto da Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).

Segunda Dimensão: diz respeito a garantia a todas e todos de viver com dignidade, saúde,
educação e trabalho. São os direitos sociais, econômicos e culturais. Visam garantir direitos e
oportunidades iguais a todas e todos por meio de políticas públicas desenvolvidas pelo Estado.
Estão ligados às reivindicações surgidas após a Primeira Grande Guerra.

Terceira Dimensão: diz respeito aos direitos que asseguram uma nova ordem internacional e
respeito às gerações futuras. São direitos que estão guiados por ideais de fraternidade e
solidariedade. E nessa perspectiva o Estado não seria o único responsável, mas também a
sociedade direta ou indiretamente. Essa dimensão foi consolida a partir dos anos 1960.

Outras Dimensões: dizem respeito aos direitos ligados à bioética, informática, globalização,
dentre outros. Ainda não há um consenso sobre o número de dimensões relacionadas às
profundas transformações ocorridas no mundo nos últimos 30 e 40 anos, como os avanços
tecnológicos e a globalização.

Com o fim da Segunda Grande Guerra, conflito que causou milhões de mortes, foi criada a
Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1945, e com ela a formulação de um
compromisso global entre países com a proposta de direitos semelhantes para todos os seres
humanos. Coube à Eleanor Roosevelt, viúva de Franklin D. Roosevelt, ex-presidente dos Estados
Unidos, conduzir o comitê composto por 50 países que elaborou a Declaração Universal dos
Direitos Humanos16, aprovada no dia 10 de dezembro de 1948.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é o documento que expressa a definição
e o significado das liberdades fundamentais e dos direitos humanos. Esse documento é utilizado

16
Leia na íntegra a Declaração Universal dos Direitos Humanos, disponível em:
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf
por ativistas e organizações defensoras dos Direitos Humanos para pressionar governos a
cumprir e garantir os direitos nele expressos. Com 30 artigos, a Declaração descreve os direitos
humanos e as liberdades fundamentais de todos os seres humanos, considerando:

✔ DIREITOS E LIBERDADES CIVIS: direito à vida, proibição de tortura e escravidão, direito à não
discriminação.
✔ DIREITOS LEGAIS: direito à presunção de inocência, a um processo justo e a não ser preso ou
detido arbitrariamente.
✔ DIREITOS SOCIAIS: direito à educação, constituir e manter família, direito a recreação, direito à
saúde.
✔ DIREITOS ECONÔMICOS: direito à propriedade, ao trabalho, à moradia, à aposentadoria e
padrão de vida adequado.
✔ DIREITOS POLÍTICOS: direito de participar do governo do país, direito de votar, direito a reunião
pacífica, à liberdade de expressão, crença e religião.
✔ DIREITOS CULTURAIS E DE SOLIDARIEDADE: direito de participar da vida cultural do grupo.

Você se lembra da Revolução Francesa e da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


(DDHC), de 1789? Pois bem, essa Declaração de 1789 inspirou a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948. Comparemos o primeiro artigo de cada uma delas: na DDHC diz que
"Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos" e na DUDH, que “Todos os
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”17. Neste momento, você deve estar se
perguntando:

Fonte: https://luizeugeniobr.wordpress.com/charges/

17
Fonte: “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: o que ela muda e sua influência Hoje”, de
Márcia Pimental, postado em 26/08/2020. Disponível em:
http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/16461-como-a-
declara%C3%A7%C3%A3o-dos-direitos-do-homem-e-do-cidad%C3%A3o-impacta-voc%C3%AA,-231-
anos-ap%C3%B3s-sua-aprova%C3%A7%C3%A3o
De todos os modos, como temos visto, as reivindicações por direitos vão sendo pautadas pelos
indivíduos no contexto das condições históricas, as quais vão se transformando ao longo do
tempo. Importante destacar que segmentos conservadores e autoritários da sociedade podem
até mesmo cassar direitos já conquistados. Muitas vezes representantes do povo que estão
ocupando cargos de poder nas instituições representantes do Estado - judiciário, legislativo e
executivo – podem praticar atos que garantem a ampliação de Direitos, mas também podem
agir impedindo a manutenção dos Direitos conquistados, eliminando-os. Nesse sentido, vale
destacar não só a importância do Estado, mas também da sociedade civil na garantia universal
dos Direitos Humanos.

Então, qual é o papel do Estado e da Sociedade Civil em relação aos Direitos Humanos?

Antes de responder a essa pergunta, precisamos entender o que é o Estado, especificamente, o


Estado Democrático de Direitos. Podemos definir Estado, de forma sucinta, como um grupo de
pessoas que convive em sociedade, em um mesmo território e que partilha de um conjunto de
regras comuns (expressas em normas, acordos e leis), assim como tensionamentos. O Estado é
constituído pelo seu povo e representantes de governo, pelo território e pela ideia de soberania.
É organizado em poderes tripartidos que devem agir com independência, mas em harmonia, e
fiscalizando as ações uns dos outros. Aqui, falamos dos poderes executivo, legislativo e
judiciário.

Um dos papéis fundamentais do Estado é assegurar o respeito, a proteção e a garantia dos


Direitos Humanos. Para isso, é preciso que o estado assuma o papel de indutor e de garantidor
desses Direitos. Quer dizer:
“Como indutor deve sentir-se obrigado a implementar políticas
públicas educativas e culturais destinadas a socializar entre a nação a
consciência moral de direitos e deveres. Como garantidor, não pode
eximir-se de elaborar leis que repercutam a declaração universal dos
direitos humanos, de fornecer sistema de justiça imparcial e rápido à
toda a população e de implementar políticas públicas que garantam
qualidade de vida social, cultural, educacional, econômica, sanitária,
civil e política à todos, sem privilégios ou discriminações18”.

No entanto, a experiência histórica tem mostrado que não é possível contar apenas com as
instituições representantes do Estado na garantia dos Direitos Humanos, pois são inúmeras as

18
Fonte: “Qual o papel do Estado no campo dos Direitos Humanos”, de Ricardo Balestreri. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/dh/cartilha_balestreri/qual_papel.htm#:~:text=O%20Estado%
20tem%2C%20pelo%20menos,moral%20de%20direitos%20e%20deveres.
situações em que o próprio Estado é o violador desses Direitos, não exercendo o seu papel de
indutor e menos ainda de garantidor.

No vídeo a seguir, em entrevista à TV Democracia, o Presidente Global da Central Única das


Favelas do Rio de Janeiro (CUFA) e fundador do Laboratório de Inovação Social (LIS), Preto Zezé,
comenta o impacto do coronavírus, no ano de 2020, em periferias do Brasil e destaca a ausência
do Estado nessas áreas. Vejamos.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ISCM1yg8mgA

Em sua fala, Preto Zézé afirma as desigualdades sociais e econômicas existentes em nosso país
e denuncia a ausência do Estado na garantia de Direitos para as populações que vivem nas
favelas e, também, revela a organização da sociedade civil para minimizar os problemas
enfrentados por moradores desses territórios diante da pandemia da Covid 19.

Os Direitos Humanos devem ser reconhecidos como de todas e todos, nesse sentido, as pessoas
que compõem a sociedade civil não só podem como devem se organizar para realizar o controle
social de políticas públicas já existentes, denunciando aquilo que não está sendo garantido e
reivindicando a implementação de políticas que ainda se fazem ausentes nos territórios. Uma
vez que,
“a sociedade civil é um ator central na criação de condições para a
efetivação dos direitos humanos. Ela promove o discurso dos direitos
humanos que legitima as normas dos direitos, particularmente por
incluir os grupos desprezados e invisíveis. As formas desse discurso
também variam e conduzem a diferentes estratégias e meios que
permitem efetivar a lógica dos direitos humanos na sociedade. [...] 19.”

19
Fonte: VIEIRA, O. V. V.; DUPREE, A.S. Reflexões acerca da sociedade civil e dos direitos humanos. In:
SUR – Revista Internacional de Direitos Humanos. Ano 1, nº 1, 1º semestre de 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/sur/v1n1/a04v1n1.pdf
Uma das estratégias criadas pela sociedade civil é constituir-se em uma organização não
governamental (ONG). No âmbito internacional, uma das mais conhecidas é a Anistia
Internacional20, atuante no campo dos Direitos Humanos desde a década de 1960, investigando
violações aos direitos das pessoas em diversos países, expondo tais fatos e pressionando
governos a tomarem atitudes.

A Anistia Internacional (AI) elabora anualmente um informe sobre a situação dos Direitos
Humanos no mundo. O documento lançado nos últimos anos (2017/2018) apresenta o governo
brasileiro, somado a outros 157 países, que não só violaram como também desrespeitaram e
não garantiram direitos em vários aspectos.

O desrespeito às garantias de direitos materializa-se em mais de uma centena de projetos e


tentativas de modificação de leis visando a redução direitos, alteração da maioridade penal,
alteração ou extinção do estatuto do desarmamento, restrição do direito à manifestação,
alteração nos processos de demarcação de terras indígenas e quilombolas, restrições de direitos
trabalhistas e previdenciários, dentre outros.

Ainda foram indicadas como violações de Direitos as altas taxas de violência policial, em sua
maioria contra jovens negros em periferias e superlotação do sistema prisional, mantendo as
pessoas no cárcere em condições desumanas. Evidenciou também o assassinato de pessoas
defensoras dos Direitos Humanos, ataques promovidos por garimpeiros, grandes fazendeiros e
grileiros a assentamentos de pequenos produtores rurais e indígenas. Também foram
destacadas graves situações de violação de Direitos, tais como: assassinatos de pessoas
LGBTQIA+, ataques a terreiros de umbanda e candomblé e superlotação do sistema
socioeducativo, onde crianças e adolescentes eram submetidos a maus-tratos e tortura.

No Brasil, a Plataforma Brasileira de Direitos Humanos (Dhesca Brasil)21 é uma rede formada por
mais de 44 organizações e articulações da sociedade civil, que desenvolve ações de promoção e
defesa dos direitos humanos, incidindo em prol da reparação de violações. Em suas relatorias

20
Saiba mais: https://anistia.org.br/direitos-humanos/informes-anuais/informe-anual-20172018-o-
estado-dos-direitos-humanos-mundo/

21
Saiba Mais: https://www.plataformadh.org.br/quem-somos/a-plataforma/
de Direitos Humanos, a Dhesca Brasil apresenta recomendações aos diferentes atores para que
as violações denunciadas possam ser sanadas e, também, aporta indicadores para
acompanhamento das medidas adotadas. Outra rede formada por organizações não
governamentais e movimentos sociais é a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos22, a qual
organizou o relatório da rede intitulado “Direitos Humanos 2019”23.

A proposta desta atividade é assistir o curta-metragem “Direitos Humanos, a exceção e a regra”


Vídeo: Curta-metragem: Direitos Humanos, a exceção e a regra24
Fonte: http://portacurtas.org.br/filme/?name=direitos_humanos_a_excecao_e_a_regra

Direitos Humanos no Brasil: desafios e possibilidades

O Brasil é um dos países signatários da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tendo
participado de sua elaboração, juntamente com representantes de outros 50 países, após o
término da Segunda Grande Guerra.

Antes disso, os Direitos Humanos no Brasil foram sendo constituídos no seu contexto histórico.
Optamos, aqui, por apresentar brevemente essa trajetória tendo como referência as

22
Saiba Mais: https://www.social.org.br/

23
Disponível em: http://www.social.org.br/files/pdf/reelatorio_dh_2019.pdf

24
Fonte: Gênero: Documentário; Diretor: Gringo Cardia; Duração: 10 min; Ano: 2008; Brasil.
Sinopse: Este curta faz parte do projeto Marco Universal. A partir de imagens selecionadas por João
Roberto Ripper, o diretor faz um filme-denúncia sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil
destacando os principais eventos e momentos marcantes da história do país nos últimos 40 anos.
Disponível em: http://portacurtas.org.br/filme/?name=direitos_humanos_a_excecao_e_a_regra
constituições brasileiras25 até a atual carta magna de nosso país, a Constituição Federal de 1988,
conhecida como a Constituição Cidadã.

No período imperial (1822) o poder estava concentrado nas mãos do imperador D. Pedro I.
Lembra-se quando estudamos sobre os países europeus que colonizavam territórios em outros
continentes? Como sabem, o Brasil foi uma das colônias de Portugal (1530-1822). Ainda existia
a escravidão e as pessoas escravizadas eram tratadas como produto/mercadoria, sem direito
algum. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão no ano de 1888. No Brasil Império, a
constituição de 1824 garantia a liberdade, a segurança individual e a propriedade. Esses direitos
obviamente não eram destinados às pessoas escravizadas.

No período republicano, a Constituição de 1891 pregava liberdade, igualdade e justiça. Nela


garantiu-se o voto direto para eleição de deputados, senadores, presidente e vice-presidente.
Mas não era universal, uma vez que mulheres, mendigos e analfabetos não podiam votar.
Observem que esses Direitos foram promulgados três anos após a abolição da escravatura. Ou
seja, a população negra que deixara de ser escrava fora marginalizada, sem trabalho, sem
moradia, sem acesso à educação e impedida de votar. A dívida do Brasil com a população
africana e afrodescendente é histórica. O que exige, portanto, políticas públicas de ações
afirmativas para o povo negro.

A constituição de 1934 estabeleceu diversos ganhos em direitos sociais, com medidas de


segurança ao indivíduo e garantias trabalhistas a trabalhadoras e trabalhadores, mas durou
apenas três anos. O Regime do Estado Novo sob o comando de Getúlio Vargas, entre os anos
de 1937 e 1945, desrespeitava e violava os Direitos Humanos. O congresso foi fechado e a
constituição de 1937 orientava-se por pressupostos autoritaristas.26

Com o fim do Estado Novo, a constituição de 1946 restabeleceu o direito às garantias


individuais, ampliando-as em comparação com a carta magna de 1934 anterior a de 1937.

25
“A História dos Direitos Humanos no Brasil”. Disponível em: https://www.politize.com.br/direitos-
humanos-no-brasil/

26
O autoritarismo é um sistema de liderança pelo qual o líder tem poder absoluto e autoritário e
implementa seus objetivos e regras sem buscar a orientação e conselhos dos seus seguidores. Esse
sistema de liderança é caracterizado por um poder central e pela repressão das liberdades
individuais dos cidadãos. Disponível em: https://www.significados.com.br/autoritarismo/
Entretanto, o desrespeito aos direitos fundamentais volta a aparecer em 1964, com a
instauração do Regime Militar.

Durante o período do Regime Militar, a repressão policial aumentou em larga escala. O Estado
praticava torturas, sequestros, assassinatos e desaparecimento de pessoas que se opunham ao
regime. O fim do regime ocorreu após 21 anos, em 1985, com a realização de eleição indireta
para a presidência da república. Em 1988, foi promulgada a Constituição Federal27 a qual contém
artigos que resguardam, em grande parte, os Direitos Humanos da Declaração Universal, de
1948. No entanto, ainda hoje, somos um dos países que mais violam direitos.

A inexperiência democrática de nosso país se deve às condições históricas e as forças políticas


em disputa a cada tempo, fato que, inevitavelmente, impacta nos desafios e possibilidades para
os avanços no campo dos Direitos Humanos.

No horizonte das possibilidades, destaca-se o Decreto nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009,


atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010, que institui o Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH-3)28. A primeira versão foi proposta em 1996 e a segunda em 2002.
Esse documento está organizado em seis eixos orientadores, os quais se desdobram em
diretrizes e objetivos estratégicos para o desenvolvimento de políticas públicas em Direitos
Humanos do governo federal. Os eixos são: I. Interação democrática entre Estado e Sociedade
Civil, II. Desenvolvimento e Direitos Humanos, III. Universalizar Direitos em um Contexto de
Desigualdades, IV. Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência, V. Educação e
Cultura em Direitos Humanos e VI. Direito à Memória e à Verdade.

Na mesma perspectiva do PNDH-3 de consolidação dos processos democráticos e de garantia


aos Direitos Humanos, entre os anos de 2003 e 2006 foi elaborado o Plano Nacional de Educação
em Direitos Humanos (PNEDH)29, com cinco eixos organizados em concepções, princípios e
ações programáticas: I. Educação Básica, II. Educação Superior, III. Educação Não Formal, IV.
Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça e Segurança Pública e V. Educação e Mídia.

27
Veja em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

28
Disponível em:
https://www.ohchr.org/documents/issues/nhra/programmanacionaldireitoshumanos2010.pdf

29
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/file
Apesar dos avanços conquistados pela sociedade civil desde meados da década de 1980 para
que os Direitos Humanos estivessem na pauta da legislação, políticas públicas e programas
nacionais do governo brasileiro, percebemos que não basta ter um aparato legal que assegure
os direitos e a sua promoção quando o respeito à garantia destes não é colocado em prática. É
preciso que as forças sociais, especialmente por meio da ação coletiva e organização da
sociedade civil, cobrem e reivindiquem formas de garantir que os direitos humanos sejam, de
fato, respeitados e, muitas vezes, busquem canais de denúncia de atos de violação realizados
por agentes do Estado. Uma das formas de se manifestar é por meio do exercício da
comunicação e da expressão. Aliás, esse é um dos direitos garantidos no Estatuto da Juventude
e sobre o qual trataremos a seguir.
Mas, antes, vamos apresentar cinco visões que se tem a respeito da juventude e que foram
organizadas no livro “Direitos Humanos da Juventude”30. São elas: 1. Juventude como
preparação para a vida, 2. Juventude como problema ou ameaça social, 3. Juventude como fator
estratégico para o desenvolvimento, 4. Juventude como segmento do mercado e 5. Juventude
entendida como cidadã. Consideramos que essa última visão é a que melhor contempla o
entendimento de Juventude nos dias atuais e em articulação com a compreensão que se tem de
Direitos Humanos, pois:
“Essa é a visão do jovem como sujeito de direitos, ou seja, uma visão
integral, que considera a juventude como etapa singular do
desenvolvimento pessoal e social do indivíduo. Dessa maneira, o jovem
não é definido nem por suas incompletudes ou desvios, nem
exclusivamente por seu potencial. Considera a pluralidade presente na
condição juvenil e as demandas do tempo presente, sem desconsiderar
aspectos da formação e da preparação para o próximo ciclo/período
da vida. Tal visão embasa o desenvolvimento de políticas integradas e
universais que atendam a juventude de maneira diversificada, olhando
para as necessidades dos jovens, bem como para suas capacidades de
contribuição e de participação. A implementação de políticas efetivas
e abrangentes que tenham como base essa visão é um desafio
presente e constante”.

O Estatuto da Juventude31, aprovado em 2013, como a lei 12.852, estabelece o conjunto de


direitos da juventude brasileira. Define princípios e diretrizes das políticas públicas de

30
Saiba Mais: Direitos Humanos da Juventude, de Luana Bonone. Disponível em:
http://flacso.org.br/files/2017/06/DIREITOS-HUMANOS-DA-JUVENTUDE.pdf

31
Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/509232/001032616.pdf?sequence=1
juventude. Ao todo, são 11 os direitos previstos no Estatuto: 1. Direito à diversidade e à
igualdade, 2. Direito ao desporto e ao lazer, 3. Direito à comunicação e à liberdade de expressão,
4. Direito à cultura, 5. Direito ao território e à mobilidade, 6. Direito à segurança pública e ao
acesso à justiça, 7. Direito à cidadania, à participação social e política e à representação juvenil,
8. Direito à profissionalização, ao trabalho e à renda, 9. Direito à saúde, 10. Direito à educação
e 11. Direito à sustentabilidade e ao meio ambiente. No que diz respeito ao Direito à
comunicação e à liberdade de expressão, o esse estatuto determina em seus artigos 26 e 27 da
Seção VII que:
“Art. 26. O jovem tem direito à comunicação e à livre expressão, à
produção de conteúdo, individual e colaborativo, e ao acesso às
tecnologias de informação e comunicação”.
“Art. 27. A ação do poder público na efetivação do direito do jovem à
comunicação e à liberdade de expressão contempla a adoção das
seguintes medidas: I – incentivar programas educativos e culturais
voltados para os jovens nas emissoras de rádio e televisão e nos demais
meios de comunicação de massa; II – promover a inclusão digital dos
jovens, por meio do acesso às novas tecnologias de informação e
comunicação; III – promover as redes e plataformas de comunicação
dos jovens, considerando a acessibilidade para os jovens com
deficiência; IV – incentivar a criação e manutenção de equipamentos
públicos voltados para a promoção do direito do jovem à comunicação;
e V – garantir a acessibilidade à comunicação por meio de tecnologias
assistivas e adaptações razoáveis para os jovens com deficiência”.

Assim, consideramos necessário combater setores dos meios de comunicação que, ao invés de
disseminarem para a população em geral os Direitos Humanos dentro de princípios e valores
coerentes, contribuem para que as pessoas pensem e pratiquem na direção contrária a esses
direitos, princípios e valores. Sobre esse assunto vale a pena assistir o vídeo feito pelo estudante
Thiago Torres, conhecido como “Chavoso da USP”, indicado na nota de rodapé e intitulado
“Jornalismo policial, porque você deveria parar de assistir.”32

Sabemos que muitos jovens estão interessados em pensar e praticar uma comunicação
articulada aos Direitos Humanos de modo a contribuir com as pessoas e com os territórios nos
quais estão inseridos. Veja, a seguir, o vídeo com a Reportagem realizada por jovens e com
jovens no Seminário “Juventude, Direitos Humanos e Televisão”, que ocorreu no Centro Cultural
da Juventude, na zona norte de São Paulo.

32
Saiba Mais: Jornalismo policial, porque você deveria parar de assistir. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=WjQfEDIXwTc
Seminário Juventude, Direitos Humanos e Televisão – Reportagem

https://www.youtube.com/watch?v=1qBROA6lZiY

O direito à comunicação e à liberdade de expressão é, portanto, um direito com uma


potencialidade muito significativa na vida de jovens. Mas como esse direito tem sido exercido
por elas e eles? E o Estado tem implementado ações que assegurem esse direito? Questões que
não são simples de serem respondidas, não é mesmo? A reportagem apresentada
anteriormente talvez possa te inspirar a conhecer outras iniciativas.

Para Refletir!
Uma rede colaborativa para colocar os direitos humanos na prática
Monique Evelle | TEDx Rio Vermelho

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=XNZjgL01Ics

Monique Evelle fundou o Ubuntu, uma rede colaborativa com o objetivo de conectar pessoas, ocupar
espaços e estabelecer uma rede de relacionamentos focada nos direitos humanos. Por meio de espaços
colaborativos, cada um caracterizado com um tema (Cultura, Comunicação, Gênero, etc), os usuários
compartilham informações, participam de debates, têm acesso à plataforma Wiki, Biblioteca Online e
materiais de aprendizagem fornecidos por outros usuários. Fundadora do Ubuntu e Desabafo Social, ela
já figurou entre as 25 personalidades negras mais influentes da Internet brasileira. Em março de 2014 seu
projeto Desabafo Social ganhou o Prêmio Protagonismo Juvenil pela Associação Brasileira de Magistrados,
Promotores de Justiça e Defensores Públicos da infância e Juventude. Em 2015, ganhou o Prêmio Laureate
Brasil e está na lista das Mulheres Inspiradoras 2015, da Think Olga. Monique é a única mulher negra com
artigo publicado no livro argentino Qué democracia para el siglo XXI?

Após assistir o vídeo com o depoimento da jovem Monique Evelle e de ter lido sua biografia,
você saberá um pouco mais sobre quem é ela. No vídeo, ela aborda temas como racismo e
silenciamento e, sobretudo, trata da possibilidade de uma educação em direitos humanos por
meio de uma comunicação colaborativa estabelecida entre jovens, especialmente jovens negras
e negros, mas que também inclui jovens não negras e negros.

A proposta, aqui, é para que você reflita a respeito dos estudos realizados até o momento sobre
Direitos Humanos e a compreensão do jovem como sujeito de direito. Pense em como você se
vê/percebe como jovem. E o que você poderia fazer, tanto no âmbito individual quanto no
âmbito coletivo, para que a garantia dos direitos à juventude seja assegurada, para que os
direitos conquistados não retrocedam, ao contrário, para que possam avançar.

Concluindo

Nesta unidade pudemos fazer um breve apanhado para compreender como diferentes
acontecimentos sociais e políticos da história do Ocidente contribuíram para o reconhecimento
dos Direitos Humanos. Vimos que esses Direitos foram sendo reconhecidos ao longo dos séculos
XVI a XX, após ocorrência de diversos conflitos mundiais, até a constituição da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, em 1948. Essa declaração é hoje uma importante ferramenta
na luta pelo cumprimento, por parte de todas as nações signatárias, dos direitos nela expressa.

Tratamos do papel do Estado e da Sociedade Civil frente aos Diretos Humanos, bem como os
desafios e possibilidades dos Direitos Humanos na inexperiente trajetória democrática de nosso
país. Destacamos também os avanços da legislação brasileira nos últimos anos, e identificamos
que ainda há um cenário de graves violações que têm sido denunciadas por organizações dos
Direitos Humanos em níveis nacional e internacional. Agora você já sabe que todas as pessoas
estão resguardadas pelos Direitos Humanos, sabe também quem deve agir para garanti-los e
como evitar sua violação.

SAIBA MAIS
Textos:
✔ NONATO, Alessandro. Os desafios dos Direitos Humanos no Brasil. Disponível em:
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11464/Os-desafios-dos-direitos-
humanos-no-Brasil

✔ TELLES, Vera. Direitos Sociais: afinal do que se trata? Disponível em:


https://cutt.ly/yyi9q0K

Sites:

✔ Organização das Nações Unidas - ONU: https://nacoesunidas.org/


✔ Direitos Humanos: https://cutt.ly/Dyi2IQZ
✔ Direitos Sociais: https://cutt.ly/myiM86K
✔ Anistia Internacional: https://anistia.org.br/
✔ Human Rights Watch: https://www.hrw.org/pt/world-report/2020/country-
chapters/336671

Vídeos:

✔ História dos Direitos Humanos: https://youtu.be/Sp9bwKhfB70


✔ Direitos Humanos: https://www.youtube.com/watch?v=hGKAaVoDlSs
✔ Criação da ONU: https://youtu.be/6Q60yn1nNkM
✔ Direitos Humanos e marxismo: https://youtu.be/-e5MBUBcZVc
✔ Contextualização dos Direitos Sociais: https://cutt.ly/MyiMmJt
✔ O que São Direitos Sociais: https://cutt.ly/eyiMJzJ

Filmes:
✔ Crianças Invisíveis (2005, 2h 9 min, dirigido por Ridley Scott, John Woo, Jordan Scott)

✔ Bilu e João (2005, 15 min, dirigido por Kátia Lund):

✔ O dia de Jerusa (2018, 20 min, dirigido por Viviane Ferreira):


https://youtu.be/0RY3pkRcPiQ

✔ 15 filhos (1996, 18 min, dirigido por Maria Oliveira e Marta Nehring):


https://youtu.be/u-Lwh9u7ojI

✔ O Diário de Anne Frank (2016, 2h 8 min, dirigido por Hans Steinbichler:


https://www.youtube.com/watch?v=fb-0HlsNv2Y

✔ Era o Hotel Cambridge (2016, 1h 39 min, dirigido por Eliane Caffé)

✔ Uma noite de 12 anos (2018, 2h 3 min, dirigido por Álvaro Brechner)


✔ A Lista de Schindler (1993, 3h 17 min, dirigido por Steven Spielberg)

✔ Hotel Ruanda (2004, 2h 2 min, Dirigido por Terry George)

✔ 12 anos de escravidão (2013, 2h 14 min, dirigido por Steve McQueen)

✔ Hoje eu Quero Voltar Sozinho (2014, 1h 37 min, dirigido por Daniel Ribeiro)

✔ Uma mulher fantástica (2017, 1h 44 min, dirigido por Sebastian Lelio)

✔ Ex-Pajé (2018, 1h 21 min, dirigido por Luiz Bolognesi)

MATERIAL COMPLEMENTAR
A criação da Organização das Nações Unidas (ONU)33

A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional. É formada por países
que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundial34. Sua
criação foi uma resposta às atrocidades do nazismo e da Segunda Grande Guerra. Contou com
a participação de representantes de 50 países que se reuniram em São Francisco, nos Estados
Unidos da América, para elaborar a Carta das Nações Unidas, documento de fundação da
organização, em 1945.

Desde então, a ONU tem como princípios35:

● Manter a paz e a segurança internacionais;


● Desenvolver relações amistosas entre as nações;
● Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de caráter
econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais;
● Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a consecução desses
objetivos comuns.

33
Saiba Mais: Artigo de Leonardo Mathias, “A ONU e a nova ordem internacional”, disponível em:
http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/2771/1/NeD037_LeonardoMathias.pdf

34
Saiba Mais: https://nacoesunidas.org/conheca/

35
Saiba Mais: https://nacoesunidas.org/conheca/principios/
Para atender a esses princípios, foram estabelecidos seis órgãos principais: a Assembleia Geral,
o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte
Internacional de Justiça e o Secretariado. Cada um desses órgãos possui responsabilidades e
atribuições específicas.

Com isso, seus criadores acreditavam e confiavam na capacidade de intervenção das instituições
internacionais para a instauração de negociações pacíficas que permitiriam atingir consenso
entre os países. Dessa forma alcançariam a preservação da paz. O Preâmbulo do documento
traduz essa expectativa depositada pelos seus integrantes:

“Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações


amistosas entre as nações; considerando que os povos das Nações Unidas
reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na
dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e
mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições
de vida em uma liberdade mais ampla; considerando que os Estados-Membros
se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o
respeito universal aos direitos e liberdades humanas fundamentais e a
observância desses direitos e liberdades; considerando que uma compreensão
comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
cumprimento desse compromisso”. (Declaração Universal Dos Direitos
Humanos, 1948).

No entanto, os interesses de um mundo polarizado colocaram em cheque essa intenção. Pois a


harmonia e o equilíbrio nem sempre foram as temáticas adotadas pelas superpotências
mundiais para resolução de conflitos frente aos interesses econômicos e políticos em expansão.

Hoje, 193 países são signatários da ONU. Isso significa que, entre outras coisas, eles devem
garantir em seus territórios o respeito aos direitos básicos de cidadãs e cidadãos. Não há uma
maneira expressa e objetiva da organização fiscalizar e regular o cumprimento dos Direitos
Humanos, mas as legislações da maioria dos países ocidentais democráticos, bem como seus
sistemas judiciários, recorrem aos artigos expressos na Declaração Universal dos Direitos
Humanos para formularem seus textos legais e aplicarem as decisões e medidas jurídicas.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos - DUDH é um documento que expressa a


definição e o significado das liberdades fundamentais e dos direitos humanos. É uma ferramenta
que ativistas e organizações que defendem os Direitos Humanos utilizam para pressionar
governos para que seja cumprida a garantia dos direitos nela expressa. Com 30 artigos, a
Declaração descreve os Direitos Humanos e as liberdades fundamentais de todos os seres
humanos. A seguir, conheça os artigos da DUDH simplificados e de acordo com os direitos que
se referem diretamente.

DIREITOS E LIBERDADES CIVIS

Direito à vida, proibição de tortura e escravidão, direito à não discriminação.

Artigo 1 - Liberdade e igualdade em dignidade e em direitos


Artigo 2 - Não discriminação
Artigo 3 - Direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal
Artigo 4 - Direito de não ser submetido à escravidão
Artigo 5 - Direito de não ser submetido à tortura

DIREITOS LEGAIS

Direito à presunção de inocência, a um processo justo, a não ser preso ou detido


arbitrariamente.

Artigo 6 - Direito ao reconhecimento como pessoa perante a lei


Artigo 7 - A lei é igual e deve ser aplicada da mesma maneira para todas as pessoas de um país
Artigo 8 - Direito a receber remédio efetivo para violações de direitos fundamentais
Artigo 9 - Ninguém sofrerá detenção, prisão ou exílio arbitrário
Artigo 10 - Direito a um julgamento justo
Artigo 11 - Presunção de inocência até prova de culpa
Artigo 14 - Direito de pedir proteção, como solicitar asilo em outro país

DIREITOS SOCIAIS

Direito à educação, constituir e manter família, direito a recreação, direito à saúde.

Artigo 12 - Direito à privacidade e direito a um lar e uma vida em família


Artigo 13 - Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção dentro das fronteiras de
seu país. Todos têm o direito de deixar um país e retornar ao seu lar
Artigo 16 - Direito a constituir família, sem restrição de raça, nacionalidade ou religião
Artigo 24 - Direito a descanso e lazer
Artigo 26 - Direito à educação, inclusive ao ensino primário gratuito, no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana

DIREITOS ECONÔMICOS

Direito à propriedade, ao trabalho, à moradia, à aposentadoria e padrão de vida adequado.

Artigo 15 - Direito à nacionalidade


Artigo 17 - Direito à propriedade e posse
Artigo 22 - Direito à seguridade social
Artigo 23 - Direito a trabalhar por um salário justo e à sindicalização
Artigo 25 - Direito a um padrão de vida adequado para sua saúde e bem-estar
DIREITOS POLÍTICOS

Direito de participar do governo do país, direito de votar, direito a reunião pacífica, à


liberdade de expressão, crença e religião

Artigo 18 - Direito de crença (inclusive crença religiosa)


Artigo 19 - Liberdade de expressão e direito de disseminar informação
Artigo 20 - Direito à associação e reunião pacífica
Artigo 21 - Direito a participar do governo de seu país

DIREITOS CULTURAIS E DE SOLIDARIEDADE

Direito de participar da vida cultural do grupo.

Artigo 27 - Direito a participar da vida cultural da comunidade


Artigo 28 - Direito a uma ordem internacional
Artigo 29 - Responsabilidade em relação aos direitos de outros
Artigo 30 - Proibição de atentar contra quaisquer desses direitos

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