Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/346046453
CITATIONS READS
0 233
3 authors:
André Casas
Universidade Federal de São Paulo
28 PUBLICATIONS 81 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by André Casas on 21 November 2020.
1
DIVERSIDADE MORFOLÓGICA DAS ESCAMAS DE
CHARACIFORMES (ACTINOPTERYGII, OSTARIOPHYSI) DO
ALTO RIO JURUÁ, EXTREMO OESTE DA AMAZÔNIA
BRASILEIRA
Karina da Silva Alencar1, Francisco Ricardo Negri2 e André Luis da Silva Casas3
1. Núcleo de Ictiologia do Vale do Alto Juruá-NIVAJ, Campus Floresta-UFAC, Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil;
2. Laboratório de Paleontologia, Campus Floresta, UFAC, Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil;
3. Laboratório de Anatomia e Fisiologia Comparada do Campus Floresta, UFAC, Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil.
RESUMO
O presente estudo documenta a diversidade morfológica de escamas de 18 espécies
representando 12 famílias de Characiformes Neotropicais. O material foi coletado de
exemplares comercializados do Mercado de Peixes Resene de Souza Lima, em Cruzeiro do
Sul, Acre, Brasil, com procedência da bacia do Alto Rio Juruá. As escamas foram extraídas
de 15 regiões do flanco esquerdo de cada exemplar, limpas mecanicamente e coradas com
Alizarina para posterior investigação macroscópica, documentação fotográfica e descrições.
Os resultados obtidos apontam que existe grande variação na forma das escamas das
famílias examinadas. Estruturas como dentículos, canais interfaciais ou poros, escamas com
parte posterior membranosa, escamas espinóides e crenadas são, pela primeira vez,
descritas em Characiformes do Vale do Alto Rio Juruá. Diante da importância da morfologia
das escamas ctenóides, crenadas e espinóides para fins de classificação dos
Actinopterígios, essas variações morfológicas observadas nas famílias de Characiformes
podem representar um sinal filogenético, que deverão ser analisados em um contexto
sistemático mais abrangente com o estudo da lepidologia em outros representantes da
ordem.
Palavras-chave: Lepidologia, Peixes Neotropicais e Descrição Morfológica.
ABSTRACT
The scales morphology of the Characiformes (Actinopterygii, Ostariophysi) from Alto Rio
Juruá, Acre, Western Brazilian Amazon. This study documents the scale morphology of 18
species representing 12 families of Neotropical Characiformes. The material was collected
from specimens sold at the Resene de Souza Lima Fish Market, in Cruzeiro do Sul, Acre,
Brazil, from the Upper Rio Juruá basin. The scales were extracted from 15 left flank regions
of each specimen, mechanically cleaned and stained with Alizarin for later micro and
macroscopic investigation, photographic documentation and descriptions. The results
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAIS E MÉTODO
3.1 RESULTADOS
FAMÍLIA ANOSTOMIDAE
Leporinus fasciatus (Bloch, 1794)
Tipo: Ciclóide. Forma: Circular cordada a intermediária. Variabilidade da forma: Média.
Campo anterior: Margem lisa, com ondulações, um raio primário central. Campo posterior:
presença de vinte e cinco raios primários e secundários, raios terciários nos campos laterais,
membranosa na margem posterior e canais interfaciais. Foco: Presente, anterior central.
Círculos: são contínuos e indistintos no campo anterior. Descontínuos e distintos,
desintegrando-se no campo posterior, formando grânulos alongados e tubérculos. Dentículo:
Ausente. Linha lateral: Abertura anterior da parte tubular na dorsal, canal tubular longo, sem
ramificação no túbulo, com saída para canalículo na dorsal (Figura 3, 1.a -1.b).
FAMÍLIA BRYCONIDAE
Brycon sp.
Tipo: Ciclóide, crenada. Forma: Circular cordada, oval reversa, intermediária.
Variabilidade da forma: Alta. Campo anterior: Margens lisas, presença de um a três raios
secundários. Campo posterior: Margem crenada, entorno de quarenta raios secundários ou
feixes que formam sucessivas depressões, gerando elevações com tuberosidades, raios
irregulares em toda superfície da escama. Foco: Presente, central. Círculos: Contínuos e
FAMÍLIA CHALCEIDAE
Chalceus erythrurus (Cope, 1870)
Tipo: Ciclóide. Forma: Circular cordada a intermediária. Variabilidade da forma: Alta.
Campo anterior: Presença de raios primários e secundários, podendo apresentar maior
número dessas estruturas, devido à alta variabilidade da forma e pela presença de raios não
retilíneos semelhantes a fissuras associados a estes. Campo posterior: Presença de raios
bem desenvolvidos, até sete raios primários, raios secundários marginalmente com fissuras
associadas. Margem posterior membranosa. Foco: Posição e forma indefinida. Círculos:
Descontínuos e indistintos, dispostos sem padrão definido no campo posterior, dispersos
devido a unificação que formam lacunas. Dentículos: Presentes, longo. Linha lateral:
Abertura anterior da parte tubular e abertura para canalículo na dorsal. Túbulo com
ramificações em vários canalículos (Figura 3, 4.a -4.b).
FAMÍLIA CTENOLUCIIDAE
Boulengerella maculata (Valenciennes, 1850)
Tipo: Ciclóide, espinóide com espinhos alternados. Forma: Circular cordada.
Variabilidade da forma: Baixa. Campo anterior: Margem é lisa ondulada, interceptado por 2
a 4 raios primários. Campo posterior: Marginalmente tem espinhos com crescimento
alternado, depressões na face dorsal em todo campo posterior, presença de 3 a 4 raios
primários seguidos de 3 a 5 secundários. Foco: posterior-central. Círculos: Contínuos e
indistintos no campo anterior e lateral, campo posteriores descontínuos e distintos, Dentículo:
presente, arredondado. Linha lateral: Abertura anterior da parte tubular na dorsal, parte
tubular curta, saída para canalículo na dorsal, sem ramificação no túbulo (Figura 3, 5.a -5.b).
FAMÍLIA CURIMATIDAE
Curimatella meyeri (Steindachner, 1882)
Tipo: Ciclóide, crenada alongada. Forma: Intermediária. Variabilidade da forma:
Média. Campo anterior: Margem lisa. Presença de até três sulcos, que formam depressões
FAMÍLIA CYNODONTIDAE
Hidrolycus scomberoides (Cuvier, 1819)
Tipo: Ciclóide, espinóide. Forma: Circular verdadeira. Variabilidade da forma: Alta.
Campo anterior: Margem lisa com ondulações, sem raios. Campo posterior: Raios e círculos
ausentes, espinhos em todo campo posterior, organizados em 3 a 5 colunas. Foco: Presente,
anterior central. Círculos: Contínuos e indistintos nos campos, anterior e lateral. Dentículo:
Ausente. Linha lateral: Escamas adjacentes dorsais e ventrais a linha lateral apresenta forma
elíptica. A escama da linha lateral tem a forma triangular. Abertura anterior da parte tubular
e abertura para canalículos na face dorsal, canal tubular curto. A partir do túbulo há
ramificação de dois canalículos maiores que vão até a extremidade de cada lado da escama,
destes podem partir de dois ou mais canalículos menores (Figura 4, 8.a -8.b).
FAMÍLIA ERYTHRINIDAE
Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz, 1829)
Tipo: Ciclóide. Forma: Circular cordada a hexagonal. Variabilidade da forma: Baixa.
Campo anterior: Margem lisa ondulada, com até seis raios primários com até oito raios
secundários. Em cada campo lateral um raio transversal primário. Campo posterior:
Presença de nove a dois raios primários e sete a um, raios secundários, canais interfaciais,
membrana posterior. Foco: Central posterior. Círculos: Contínuos e indistintos nos campos,
anterior e laterais. Descontínuos e distintos no campo posterior, unificando de dois a quatro
círculos para formar um círculo maior. Dentículo: Presente, curto. Linha lateral: Abertura
anterior da parte tubular e abertura para canalículos na face dorsal, canal alongado, túbulo
curto, emergindo no dorso, com canalículos ramificados laterais (Figura 4, 10.a -10.b).
FAMÍLIA HEMIODONTIDAE
Anodus sp.
Tipo: Ciclóide, crenada média. Forma: Intermediária. Variabilidade da forma: Alta.
Campo anterior: Sem sulcos radiais, margens lisas. Campo posterior: Estruturas irregulares,
com formas de estrias/fascículos organizados em feixes, marginalmente, crenas médias.
Foco: Presente, anterior-central. Círculos: Contínuos e indistintos no campo anterior.
Próximo ao foco e no campo posterior distintos. Indistintos no campo posterior. Dentículos:
Ausente. Linha lateral: abertura anterior para parte tubular na face dorsal da escama, assim
Hemiodus sp.
Tipo: Ciclóide, crenada média. Forma: Intermediária. Variabilidade da forma: Média.
Campo anterior: Sem sulcos radiais, margem lisa. Campo posterior: estruturas irregulares,
com formas de estrias/fascículos organizados em feixes. Na margem posterior crenas
médias. Foco: Presente, central. Círculos: Contínuos e indistintos no campo anterior e lateral,
próximo ao foco, distinto, desintegram no campo posterior, presença de anéis de
crescimento. Dentículos: Presente, espaçado arredondado. Linha lateral: Abertura anterior
para parte tubular, uma abertura para canalículo na face dorsal, canal longo e sem
ramificações (Figura 5, 13.a -13.b).
FAMÍLIA PROCHILODONTIDAE
Prochilodus nigricans (Spix & Agassiz, 1829)
Tipo: Ciclóide, espinóide. Forma: Hexagonal a intermediária. Variabilidade da forma:
Baixa. Campo anterior: Margem lisa, formando duas ondulações, em relação ao raio primário
central, presença de três raios primários. Campo posterior: Separado do campo anterior por
dois raios primários transversais, podendo apresentar até cinco raios primários. Região
posterior com estruturas proeminentes inclinadas, alternadas ou organização não colunar.
Foco: Posterior central. Círculos: No campo anterior contínuos e indistintos. No campo
posterior, descontínuos e distintos. Dentículos: Ausente. Linha lateral: Disposto na parte
central posterior da escama, abertura anterior da parte tubular e saída de canalículos na face
dorsal. Túbulo com duas ou mais ramificações laterais (Figura 5, 14.a -14.b).
FAMÍLIA SERRASALMIDAE
Pygocenthus nattereri Kner, 1858
Tipo: Ciclóide. Forma: Circular verdadeira a oval. Variabilidade da forma: Média.
Campo anterior: Sem ornamentações, margem lisa, estrias irregulares. Campo posterior:
Sem ornamentações, margem lisa, estrias irregulares. Foco: Central. Círculos: Contínuos e
indistintos no campo anterior e lateral, no campo posterior, distinto e descontínuo. Dentículo:
Ausente. Linha lateral: Canal contínuo na face dorsal, abertura anterior para parte tubular na
(dorsal e ventral), face ventral, ramificação com três canalículos com aberturas para face
externa da escama (Figura 5, 16.a -16.b).
FAMILIA TRIPORTHEIDAE
Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829)
Tipo: Ciclóide, crenada. Forma: Circular cordada a intermediária. Variabilidade da
forma: Alta. Campo anterior: Margem lisa com ondulações. Até dois raios primários. Dois a
três raios secundários. Campo posterior: Margem com crenas. Até 19 raios terciários, em
toda superfície da escama, os raios estão dispersos ou dispostos irregulares. Foco: Presente,
central posterior. Círculos: Presentes, descontínuos e indistintos. Dentículos: Presente,
arredondado e curto. Linha lateral: abertura anterior da parte tubular na dorsal e saída dos
canalículos na dorsal. Abertura para túbulo na ventral, ramificações, duas a quatro
canalículos partindo do túbulo (Figura 5, 18.a -18.b).
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
GANZON, M.A. M.; TORRES, M. A.J.; GOROSPE, J.J.; DEMAYO, C.G. variations in scale
morphology between sexes of the Spotted Barb, Puntius binotatus (Valenciennes, 1842)
(Actinopterygii: Cyprinidae). International Conference on Environment and BioScience,
v. 44, p. 80-84, 2012.
GIAMAS, M.T.D.; SANTOS, R.A.; JUNIOR, H.V.; CAMPOS, E.C.; CAMARA, J.J.C.
Determinação a curva de crescimento através da Lepidologia em diferentes áreas do corpo
de Astyanax Bimaculatus (Linnaeus, 1758) (Pisces, Characidae), Na Represa De Ibitinga,
SP. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 29, n .2, p. 185-92,
1992.
GIORDANO, P. G.; ARRATIA, G.; SCHULTZE, H.P. Scale morphology and specialized
dorsal scales of a new teleosteomorph fish from the Aptian of West Gondwana. Fossil
Record, v.19, p. 61–81, 2016.
GOULART, M.G.; ASCHENBRENNER, A.C.; BORTOLUZZI, T.; SILVEIRA, C.R.;
LEPKOSKI, E.D.; MARTINS, J.A.; et al. Análise do crescimento de escamas de Lycengraulis
grossidens (AGASSIZ, 1829), em populações da bacia rio Uruguai médio, Rio Grande do
Sul. Biodiversidade Pampeana, v. 5, n. 1, p. 3-8, 2007.
JAWAD, L.A.; JUFAILI, S.M. Scale morphology of greater lizardfish Saurida tumbil (Bloch,
1795) (Pisces: Synodontidae). Journal of Fish Biology, v. 70, p. 1185–1212, 2007.
JAWAD, L.A. Comparative morphology of scales of four teleost fishes from Sudan and
Yemen. Journal of Natural History, v. 39, n. 28, p. 2643–2660, 2005b.
JAWAD, L.A. Comparative scale morphology and squamation patterns in Triplefins (Pisces:
Teleostei: Perciformes: Tripterygiidae). Tuhinga, v.16, p.137-167, 2005a.
KARDONG, K.V. Vertebrados: Anatomia comparada, Função e Evolução. 7ª ed.
Guanabara Koogan, 2016.
KUUSIPALO, L. Scale morphology in Malawian cichlids. Journal of Fish Biology, v. 52, p.
771–781, 1998.
LAGLER, K.F. Lepidological studies. Transactions of the American Microscopical
Society, v. 66, n. 2, p. 149-171, 1947.