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2019

CARACTERIZAÇÃO DA FLORESTA
NACIONAL DE MULATA
Equipe Técnica da Caracterização da Floresta Nacional de Mulata:

Nilton Junior Lopes Rascon

Lício Mota da Rocha

Colaboradores:

Instituições participantes do Grupo de Trabalho – GT Plano de Manejo

Consolidação e Formatação do Texto Final:

Nilton Junior Lopes Rascon

Lício Mota da Rocha

Antônio Edilson de Castro Sena

Revisão:

Nilton Junior Lopes Rascon

Lício Mota da Rocha

Antônio Edilson de Castro Sena

Caracterização Meio Físico:

Nilton Junior Lopes Rascon

Caracterização da Paisagem:

Nilton Junior Lopes Rascon

Caracterização das Áreas Acessíveis ao Manejo Florestal:

Nilton Junior Lopes Rascon

Caracterização Socioeconômica:

Lício Mota da Rocha

Caracterização Fundiária:

Nilton Junior Lopes Rascon

Lício Mota da Rocha

Mapas:
Nilton Junior Lopes Rascon

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CARACTERIZAÇÃO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA
Lista de Siglas

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


FFc - Plintossolo Pétrico Concrecionário
FLONA – Floresta Nacional
FLOTA – Floresta Estadual
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LANDSAT - Land Remote Sensing Satellite (Satélite de sensoriamento remoto
terrestre)
LVAd – Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico
MDE – Modelo Digital de Elevação
MNT – Modelo Numérico de Terreno
PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável
PRODES – Projeto de Estimativa do Desflorestamento da Amazônia
PVAd – Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico
RLd – Neossolo Litólico Distrófico
RQg – Neossolo Quartzarênico Hidromórfico
SCC - Sistemas de Classificações Climáticas
SIG – Sistema de Informações Geográficas
SIRGAS - Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
SPRING - Sistema Integrado de Geoprocessamento e Processamento de Imagens
SRTM - Shuttle Radar Topography Mission (Missão Topográfica Radar Shuttle)
UC – Unidades de Conservação
USGS – United States Geological Survey (Serviço Geológico dos Estados Unidos)
UTM – Universal Transversa de Mercator
CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito- CPI
CPT - Comissão Pastoral da Terra
CIMI - Conselho Indigenista Missionário

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Lista de Tabelas

TABELA 1 - NORMAIS CLIMATOLÓGICAS DO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE ESTADO DO PARÁ.


............................................................................................................................ 14

TABELA 2 - PEDOLOGIA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA .......................................... 14

TABELA 3 – PEDOLOGIA DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. .................... 15

TABELA 4 – GEOMORFOLOGIA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ............................... 18

TABELA 5 – GEOMORFOLOGIA DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ........... 19

TABELA 6 – CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ................ 22

TABELA 7 – CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO DA ÁREA DE ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE


MULATA................................................................................................................ 23

TABELA 8 – ALTIMETRIA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ........................................ 25

TABELA 9 – ALTIMETRIA DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. .................... 25

TABELA 10 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ............... 30

TABELA 11 – QUANTIFICAÇÃO DAS ÁREAS PASSIVEIS E NÃO PASSÍVEIS DE REALIZAÇÃO DO


MANEJO FLORESTAL MADEIREIRO NA FLONA DE MULATA. ........................................ 42

TABELA 12 – POPULAÇÃO RESIDENTE, TOTAL E RESPECTIVA DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL, POR


SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO E SEXO EM 2010. ............................................................... 46

TABELA 13 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DE ALENQUER ENTRE OS


ANOS 2000 E 2010................................................................................................ 46

TABELA 14 - PIB DO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2015.................................................. 47

TABELA 15 - PECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2017. ....................................... 47

TABELA 16 - PRODUÇÃO DE CULTURAS PERMANENTES NO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2017.


............................................................................................................................ 48

TABELA 17 - PRODUÇÃO DE CULTURAS TEMPORÁRIAS NO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2017.


............................................................................................................................ 48

TABELA 18 - PRODUÇÃO DO EXTRATIVISMO VEGETAL NO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2017.


............................................................................................................................ 49

TABELA 19 - NÚMERO TOTAL DE MATRÍCULAS E DE ESCOLAS NO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM


2015. ................................................................................................................... 50

TABELA 20 - PESSOAS QUE FREQUENTAVAM ESCOLA OU CRECHE POR GRUPO DE IDADE NO


MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2010. ........................................................................ 50

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TABELA 21 - POPULAÇÃO RESIDENTE, TOTAL E RESPECTIVA DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL, POR
SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO E SEXO EM 2010. ............................................................... 53

TABELA 22 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DE MONTE ALEGRE


ENTRE OS ANOS 2000 E 2010. ............................................................................... 54

TABELA 23 - PIB DO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE EM 2015. ......................................... 54

TABELA 24 - PECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE EM 2017. ................................ 55

TABELA 25 - PRODUÇÃO DE CULTURAS PERMANENTES NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE EM


2017. ................................................................................................................... 55

TABELA 26 - PRODUÇÃO DE CULTURAS TEMPORÁRIAS NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE EM


2017. ................................................................................................................... 56

TABELA 27 - PRODUÇÃO DO EXTRATIVISMO VEGETAL NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE EM


2017. ................................................................................................................... 56

TABELA 28 - NÚMERO TOTAL DE MATRÍCULAS E DE ESCOLAS NO MUNICÍPIO DE ALENQUER EM


2017. ................................................................................................................... 57

TABELA 29 - PESSOAS QUE FREQUENTAVAM ESCOLA OU CRECHE POR GRUPO DE IDADE NO


MUNICÍPIO DE ALENQUER EM 2010. ........................................................................ 57

TABELA 30 - LOCALIDADES DO ENTORNO DA FLONA DE MULATA. ..................................... 59

TABELA 31 -PROCESSOS ADMINISTRATIVOS REFERENTE ÀS ÁREAS SOBREPOSTAS À FLONA


OCUPADAS OU COM PRETENSÃO DE OCUPAÇÃO POR PARTICULARES. ......................... 62

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Lista de Figuras

FIGURA 1 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA........................... 8

FIGURA 2 – MAPA DA SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ............ 9

FIGURA 3 – MAPA DE PEDOLOGIA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA E SEU ENTORNO. .. 17

FIGURA 4 – MAPA DE GEOMORFOLOGIA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA E ENTORNO. 20

FIGURA 5 – MAPA DO RELEVO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA E ENTORNO. ............. 24

FIGURA 6 – MAPA DA ALTIMETRIA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA E ENTORNO. ......... 26

FIGURA 7 – MAPA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO CURUÁ E RIO MAICURU SOB OS QUAIS
ESTÁ INSERIDA A FLORESTA NACIONAL DE MULATA.. ................................................ 28

FIGURA 8 – MAPA DE RELEVO DO TIPO VEGETACIONAL FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DE


TERRAS BAIXAS DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ............................................. 32

FIGURA 9 – MAPA DE SOLOS DO TIPO VEGETACIONAL FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DE


TERRAS BAIXAS DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA... ........................................... 33

FIGURA 10 – MAPA DE ALTIMETRIA DO TIPO VEGETACIONAL FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DE


TERRAS BAIXAS DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ............................................. 34

FIGURA 11 – MAPA DE RELEVO DO TIPO VEGETACIONAL FLORESTA OMBRÓFILA DENSA


MONTANA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA.. ..................................................... 35

FIGURA 12 – MAPA DE SOLOS DO TIPO VEGETACIONAL FLORESTA OMBRÓFILA DENSA


MONTANA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA.. ..................................................... 36

FIGURA 13 – MAPA DE ALTIMETRIA DO TIPO VEGETACIONAL FLORESTA OMBRÓFILA DENSA


MONTANA DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ...................................................... 37

FIGURA 14 – CLASSIFICAÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS ÁREAS DA FLORESTA NACIONAL DE


MULATA QUANTO A IMPLANTAÇÃO DO MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL. ................. 43

FIGURA 15 - FOTOS ANTIGAS DO MUNICÍPIO DE ALENQUER: A) VISTA DA CIDADE A PARTIR DO


RIU SURUBIÚ – MAIO DE 1966; B) IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO – MAIO DE 1966.
............................................................................................................................ 45

FIGURA 16 - FOTOS ANTIGAS DO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE: A) VISTA PARCIAL DE MONTE


ALEGRE – DÉCADA DE 50; B) FONTE E PISCINA DE ÁGUA SULFUROSA – DÉCADA DE 50; C)
IGREJA MATRIZ DE SÃO FRANCISCO – MAIO DE 1966. .............................................. 52

FIGURA 17 - CACHOEIRA LOCALIZADA NO RIO CURUÁ. PRESENÇA DE CACHOEIRAS,


CORREDEIRAS E PEDRAS TORNAM IMPRÓPRIA A NAVEGAÇÃO NOS RIOS CURUÁ,
CUMINAPANEMA E MAICURU. ESSAS CARACTERÍSTICAS CONTRIBUÍRAM, AO LONGO DO
TEMPO, PARA IMPEDIR O AVANÇO DAS FRENTES DE................................................... 58

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SUMÁRIO

1. ASPECTOS GERAIS DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA. ......................... 8


1.1. Descrição ......................................................................................................... 8
1.2. Contexto Geográfico ....................................................................................... 8
1.3 Histórico da Unidade (Contexto histórico ou Histórico Regional) .............. 9
1.4 Criação da Unidade ........................................................................................ 10
1.5. Localização e acesso .................................................................................... 11

2. CARACTERIZAÇÃO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA ........................ 12


2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS ........................................................................ 12
2.1.1 Clima ......................................................................................................... 13
2.1.2. Solos ........................................................................................................ 14
2.1.3. Geomorfologia ........................................................................................ 18
2.1.4. Relevo ...................................................................................................... 21
2.1.5. Hidrografia ............................................................................................... 27
2.2 CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM ............................................................. 29
2.2.1 Floresta Ombrófila Densa ....................................................................... 30
2.2.1.1 Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas ................................... 31
2.2.1.2 Floresta Ombrófila Densa Submontana .......................................... 31
2.2.1.3 Floresta Ombrófila Densa Montana ................................................. 38
2.2.3 Savanas .................................................................................................... 38
2.2.3.1 Savanas Parque ................................................................................. 39
2.2.3.2 Savanas Florestada ........................................................................... 39
2.2.4 Antropismo ............................................................................................... 39
2.2.5 Solo Exposto ............................................................................................ 40
2.2.6 Drenagem ................................................................................................. 40
2.3. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS ACESSÍVEIS AO MANEJO FLORESTAL
SUSTENTÁVEL ..................................................................................................... 40
2.4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA UNIDADE E ENTORNO ....... 44
2.4.1. Município de Alenquer ........................................................................... 44
2.4.1.1. História .............................................................................................. 44
2.4.1.2. Acesso ............................................................................................... 45
2.4.1.3. População ......................................................................................... 45

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2.4.1.4. Trabalho e Rendimento .................................................................... 46
2.4.1.5. IDH ..................................................................................................... 46
2.4.1.6. PIB...................................................................................................... 46
2.4.1.7. Pecuária............................................................................................. 47
2.4.1.8. Produção Agrícola (lavoura permanente). ..................................... 47
2.4.1.9. Produção Agrícola (lavoura temporária). ....................................... 48
2.4.1.10. Extração vegetal ............................................................................. 48
2.4.1.11. Educação......................................................................................... 49
2.4.1.12. Saúde ............................................................................................... 50
2.4.2. Município de Monte Alegre .................................................................... 51
2.4.2.1. Localização ....................................................................................... 51
2.4.2.2. História .............................................................................................. 51
2.4.2.3. Acesso ............................................................................................... 52
2.4.2.4. População ......................................................................................... 53
2.4.2.5. Trabalho e Rendimento .................................................................... 53
2.4.2.6. IDH ..................................................................................................... 53
2.4.2.7. PIB...................................................................................................... 54
2.4.2.8. Pecuária............................................................................................. 54
2.4.2.9. Produção Agrícola (Lavoura permanente). .................................... 55
2.4.2.10. Produção Agrícola (Lavoura temporária). .................................... 55
2.4.2.11. Extração Vegetal ............................................................................. 56
2.4.2.12. Educação......................................................................................... 57
2.4.2.13. Saúde ............................................................................................... 58
2.4.3. Aglomerados populacionais e suas atividades econômicas na FLONA
de Mulata e entorno. ......................................................................................... 58
2.5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DA FLONA DE MULATA. ...................................... 60

3. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 64

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1. ASPECTOS GERAIS DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA.

1.1. Descrição

A Floresta Nacional - FLONA de Mulata é uma unidade de conservação de uso


sustentável criada por meio do Decreto sem número de 1º de agosto de 2001. Sua
finalidade, em conformidade com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação -
SNUC, é o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica,
com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas, conforme
art. 17 da Lei nº 9.985/2000.

A FLONA está localizada nos municípios de Alenquer e Monte Alegre, em uma


região da Amazônia com alto grau de preservação da biodiversidade e faz parte de
um grande mosaico de áreas protegidas, que inclui UCs federais e estaduais, Terras
Indígenas e Territórios Quilombolas na Calha Norte paraense.

Não há a presença de comunidades ou moradores tradicionais em seu interior


e em levantamentos fundiários já realizados constatou-se que as terras contidas nos
limites da UC são de domínio público. No entanto, há registros de atividades exercidas
por moradores de áreas do entorno, como a coleta de produtos não madeireiros,
sendo a castanha do Pará (Bertholletia excelsa) o produto mais importante nesse
contexto.

1.2. Contexto Geográfico

A Floresta Nacional de Mulata está localizada nos municípios de Monte Alegre


e Alenquer, na Calha Norte paraense, e se estende desde o rio Cuminapanema, a
oeste, e vai até o assentamento Projeto de Desenvolvimento Sustentável-PDS Serra
Azul, a leste. O decreto de criação da UC define duas áreas, facilmente visualizadas
no mapa (figura 1) e que são separadas pelo rio Maicuru.

Figura 1 – Mapa de localização da Floresta Nacional de Mulata.


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Embora no Decreto de Criação da unidade seja mencionado uma área de
212.752 ha, cálculos feitos em softwares que trabalham com Sistema de Informações
Geográficas indicam uma área de 216.541,45 hectares, sendo que cerca de 54,25%
de sua área situada no município de Monte Alegre e 45,75% no município de Alenquer.
Ao Norte a unidade limita-se com a Floresta Estadual-FLOTA do Paru, a Oeste
com a FLOTA do Trombetas, ao Sul uma parte limita-se com o assentamento Projeto
de Desenvolvimento – PDS Paraíso e a Leste com o PDS Serra Azul ambos criados
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. A situação
geográfica da FLONA de Mulata está ilustrada na figura 2.

Figura 2 – Mapa da situação geográfica da floresta Nacional de Mulata.

1.3 Histórico da Unidade (Contexto histórico ou Histórico Regional)

Na década de 1980, o governo brasileiro criou o Programa Calha Norte (PCN)


visando promover a ocupação e o desenvolvimento ordenado da Amazônia
sententrional, respeitando as características regionais, as diferenças culturais e o
meio ambiente, em harmonia com os interesses nacionais. O objetivo principal era a
manutenção da soberania da Amazônia, contribuindo com a promoção de seu
desenvolvimento ordenado e sustentável. (Programa Calha Norte, Ministério da
Defesa). Localizada ao norte do rio amazonas, a Calha Norte Paraense possui 28
milhões de hectares, distribuídos entre nove municípios: Alenquer, Almerim, Curuá,
Faro, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha e Terra Santa.

Entre outros fatores, o PCN buscou/busca a manutenção da soberania e


integridade territorial, sendo que quando foi implantado, o Programa tinha uma
atuação mais limitada à área de fronteira. Atualmente, o Programa se expandiu de
maneira significativa e ganhou importância, em vista do agravamento de certas
tendências presentes no mundo amazônico (Ministério da Defesa, 2016). Com essa
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expansão, toda a região localizada ao norte do Estado do Pará, a partir da margem
esquerda do rio Amazonas, também passou a ser conhecida como “Calha Norte”.

Dadas as dificuldades de acesso causadas pelo próprio relevo e pelas


características de alguns rios, que não permitem a navegação convencional devido
ao aspecto encachoeirado e com muitas “corredeiras”, entre outras razões, a chegada
das frentes de ocupação só começaram a ganhar força a partir dos anos 2000.
Portanto, esta é uma região que ainda mantém quase intacta suas características
naturais, sendo que atualmente possui diversos territórios legalmente protegidos
como unidades de conservação federais, estaduais territórios indígenas e
quilombolas.

A Calha Norte paraense abriga o maior mosaico de áreas protegidas do mundo,


com aproximadamente 22 milhões de hectares. Este, por sua vez, em conjunto com
os corredores de biodiversidade do Amapá e Central da Amazônia, forma o maior
corredor de biodiversidade do mundo. Essa região também está inserida no centro de
endemismo das Guianas, espaço geográfico prioritário ao planejamento e ações de
conservação por possuir uma biota única e distinta (CI, 2010).

1.4 Criação da Unidade

Inserida na Calha Norte paraense, a Floresta Nacional de Mulata teve sua


criação impulsionada por uma proposta de transformação de áreas griladas na
Amazônia em unidades de conservação apresentada por algumas Organizações Não
Governamentais (ONGs) ao Congresso e ao Governo Brasileiro em abril de 2001,
durante audiência pública sobre grilagem de terras realizada em Brasília, como parte
das discussões envolvendo a Comissão Parlamentar de Inquérito- CPI da grilagem. A
proposta foi assinada pelas seguintes ONGs: Fórum Permanente de Debates na
Amazônia, Grupo de Trabalho Amazônico, Comissão Pastoral da Terra (CPT),
Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Fundação Vitória Amazônia, Greenpeace,
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico, Oficina Escola da Lutheria da
Amazônia e Sociedade de Pesquisa e Conservação da Amazônia. A ideia era
converter terras com títulos ilegais em áreas de proteção ambiental na Amazônia. A
proposta foi aceita e mais de 2,4 milhões de hectares foram destinadas para a criação
de unidades de conservação, sendo um Parque Nacional, duas Reservas Extrativistas
e quatro Florestas Nacionais nos Estados do Pará, Amazonas, Acre e Rondônia.

No Pará, a única unidade de conservação criada nesse ato foi a Floresta


Nacional de Mulata (Decreto s/n de 1º de agosto de 2001, publicado no DOU de 2 de
agosto de 2001) nos municípios de Alenquer e Monte Alegre com objetivos legais de
promover o manejo de uso múltiplo dos recursos naturais, a manutenção e a proteção
dos recursos hídricos e da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas, a
educação ambiental, bem como, o apoio ao desenvolvimento sustentável dos
recursos naturais das áreas limítrofes. Apesar do contexto apresentado acima, não
temos conhecimento se a área destinada à criação da Flona de Mulata era objeto de
grilagem.

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A Flona de Mulata completou 18 anos em 01 de agosto de 2019, apesar de ter
iniciado de fato a sua implementação apenas a partir do ano 2009 em face da
realização do primeiro concurso do ICMBio, o que permitiu a lotação de dois
servidores nesta UC.

1.5. Localização e acesso


A Flona de Mulata está localizada na margem esquerda do rio Amazonas, no
Estado do Pará e abrange parte dos municípios de Monte Alegre (54,75%) e Alenquer
(45,75%). Faz parte do mosaico de áreas protegidas do Norte do Pará (em fase de
reconhecimento) que se estende desde o município de Faro com a Floresta Estadual
(Flota) de Faro, Terras Indígenas (TI) Nhamundá-Mapuera e Trombetas-Mapuera na
fronteira com o estado do Amazonas, além da recém-criada TI Kaxuyana-Tunayana;
segue pela Estação Ecológica (Esec) do Grão-Pará, Flota Trombetas, Rebio
Trombetas, Terras Quilombolas do Trombetas, Alto Trombetas I e Alto Trombetas II e
Erepecuru, Floresta Nacional (Flona) Saracá-Taquera, TI Tumucumaque, TI Tio Paru
d’Este, TI Zo’é, Flota Paru, Rebio Maicuru, Esec Jari e Flona de Mulata. Este mosaico,
por sua vez, tem funcionado como escudo na contenção do avanço da fronteira
madeireira, agrícola e de mineração.

O acesso à Flona de Mulata é feito, principalmente, via terrestre, a partir do


Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Serra Azul. Os rios que perpassam a
UC são impróprios à navegação devido ao grande número de corredeiras e até
cachoeiras. Os principais rios são: Cuminapanema, situado no limite oeste, não faz
parte da UC, rio Curuá e rio Maicuru, ambos fazem parte da Flona na parte em que
os mesmos a intersectam. Destaca-se também o igarapé do Inferno (ou Paraíso).
Apesar das dificuldades, esses cursos d’água permitem a navegação em pequenas
embarcações (canoas, rabetas), sendo este um meio de transporte muito utilizado
para o escoamento de produtos não madeireiros, principalmente a castanha-do-pará.
O acesso por terra a partir da zona urbana de Monte Alegre se dá pelas
estradas PA 423 e 254. Depois segue na vicinal 6 (confirmar a vicinal) até o PDS Serra
Azul. A partir do PDS, alguns ramais podem levar até à Flona. Cabe destacar que
todos os ramais que existem nessa região específica, nas porções onde os mesmos
adentram a UC (nos limites com o PDS Serra Azul) foram abertos de forma irregular.
A distância, aproximadamente, nesse trajeto até a Flona é 120 km.

A partir de Alenquer, o acesso se dá pelas estradas PA 247 e 254 até a vicinal


que leva à comunidade da Barragem (verificar numeração da vicinal). Essa
comunidade está localizada na margem direita do rio Maicuru e fica distante,
aproximadamente, dois km da Flona. O acesso prossegue via fluvial até a UC. O rio
Maicuru, tendo como ponto de partida a localidade da Barragem, é amplamente
utilizado para escoamento da produção de castanha-do-pará, tanto do entorno, quanto
do interior da Flona de Mulata.

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A Flona de Mulata situa-se na borda sul (inserir mapa) desse mosaico, nos
municípios de Monte Alegre e Alenquer e sua menor distância para o rio Amazonas é
de, aproximadamente, noventa quilômetros.

2. CARACTERIZAÇÃO DA FLORESTA NACIONAL DE MULATA

2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

A perda de biodiversidade é a principal consequência do desflorestamento na


Amazônia e é, também, totalmente irreversível. Sempre é possível evitar a erosão dos
solos e recuperar corpos d'água e ciclagem de nutrientes utilizando sistemas
ecológicos simplificados, mas é impossível trazer de volta espécies extintas. (Vieira et
al., 2005).

Um dos maiores desafios científicos brasileiros é planejar um sistema de gestão


territorial para a Amazônia, a região de maior biodiversidade do planeta, que leve em
conta tanto a conservação dos seus extraordinários recursos naturais como a
promoção do desenvolvimento social e econômico dos quase vinte milhões de
habitantes que vivem nessa região. (Vieira et al., 2005)

A criação de unidades de conservação - UC caracteriza-se como uma forma de


gestão do território constituindo-se numa estratégia extremamente eficaz para a
manutenção sustentável dos recursos naturais em longo prazo. No Brasil essa
estratégia foi efetivada por meio da criação do Sistema Nacional de Conservação da
Natureza (SNUC). Ferreira et al (2005) relatou a importância das unidades de
conservação no combate aos desmatamentos demonstrado que a proporção de
desmatamento dentro de áreas protegidas, no qual incluem unidades de conservação,
é bastante inferior a proporção de áreas desmatadas fora desses recortes territoriais.

Nesse sentido Ross (1994) é bastante assertivo também quando afirma que as
diversas formas de intervenção humana no meio natural devem ser precedidas de
diagnósticos que possibilitem o conhecimento prévio das características naturais do
local.

Seguindo essa linha de pensamento que surge a necessidade de se conhecer


todos os aspectos físicos da Floresta Nacional de Mulata, pois as informações
geradas nesse processo de caracterização física serão bastantes úteis no processo
de subdivisão do território e consequentemente o direcionamento dos diversos usos
possíveis dessa categoria de unidade de conservação.

A Caracterização dos aspectos físicos da Floresta Nacional de Mulata contém


informações sobre clima, tipos de solo, condições de relevo, geomorfologia, geologia
e hidrografia. A base de dados é oriunda de informações secundárias e de análises
confeccionadas pela equipe gestora FLONA a partir de imagens de satélite e radar
(SRTM - Shuttle Radar Topography Mission). Os dados foram organizados e
processados em Sistema de Informações Geográficas-SIG utilizando-se a projeção
UTM zona 21, Hemisfério Sul, SIRGAS 2000.

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2.1.1 Clima

Os Sistemas de Classificações Climáticas (SCC) são de grande importância,


pois, analisam e definem os climas das diferentes regiões levando em consideração
vários elementos climáticos ao mesmo tempo, facilitando a troca de informações e
análises posteriores para diferentes objetivos. (Rolim et al., 2007).

Kottek et al. (2006) utilizando a classificação climática de Köppen-Geiger


classificou a região no qual está inserida a Floresta Nacional de Mulata como clima
tropical de monção (Am). Segundo os mesmos autores esse tipo de clima possui
temperaturas entre 18 e 30 graus Celsius na maior parte do ano, além de umidade
elevada e precipitação alta.
Moraes et al. (2005) tomando como referência dados de diversas Estações
Climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET analisaram a variação
espacial da precipitação média anual e sazonal, bem como a variação espacial da
estação chuvosa no Estado do Pará. Esses dados serviram de base para a
caracterização pluviométrica da FLONA de Mulata.

Segundo esses autores a determinação da variação espacial do início da


estação chuvosa em base mensal no Estado do Pará foi feita tendo como referência
o primeiro mês em que a precipitação normal é igual ou maior que a metade da
evapotranspiração potencial. Na região onde está localizada a FLONA de Mulata
observa-se que dezembro é o mês que caracteriza o início da estação chuvosa e julho
é o mês que finaliza a estação, restando os demais meses caracterizados como
estação seca.

Moraes et al. (2005) trazem também dados de uma estação climatológica


localizada no município de Monte Alegre. De acordo com esses dados a precipitação
média anual gira em torno de 1664 mm. A precipitação média durante o período
chuvoso é de 1348 mm com desvio padrão de 322,76, representando cerca de 81%
de toda a chuva que cai durante o ano. A precipitação média durante o período seco
é de 316 mm com desvio padrão de 123,10, representando cerca de 19% da
pluviosidade anual.

Dados do site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –


EMBRAPA/Monitoramento por Satélite no qual constam informações derivadas de
uma estação meteorológica/climatológica mantida pelo INMET localizada no
município de Monte Alegre são mostrados na tabela 1.

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Tabela 1 - Normais Climatológicas do município de Monte Alegre Estado do Pará.

T P ARM ETR DEF EXC


Mês ETP
(C) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
Jan 25,9 144 125 20 125 0 0
Fev 25,5 225 110 100 110 0 35
Mar 25,6 269 123 100 123 0 146
Abr 25,8 295 121 100 121 0 174
Mai 26,0 272 129 100 129 0 143
Jun 25,9 154 122 100 122 0 32
Jul 26,0 91 128 69 122 6 0
Ago 26,8 51 144 27 93 51 0
Set 27,3 28 149 8 47 102 0
Out 27,7 28 164 2 34 130 0
Nov 27,4 30 153 1 31 121 0
Dez 26,9 92 148 0 92 56 0
TOTAIS 316,8 1.679 1.615 627 1.149 466 530
MÉDIAS 26,4 140 135 52 96 39 44
Fonte: INMET/EMBRAPA Monitoramento por satélite
2.1.2. Solos

A Floresta Nacional de Mulata apresenta quatro componentes de solos com


diferentes texturas e todos com horizonte A moderado: latossolo vermelho amarelo,
argissolo vermelho amarelo, neossolo litólico e neossolo quartizarênico. A categoria
com maior representatividade é o argissolo vermelho amarelo (68,79%) e o com
menor representatividade é o neossolo litólico (0,92%).
Tabela 2 - Pedologia da Floresta Nacional de Mulata

Leg Ordem/Subordem/Grande Grupo Textura Horizonte %


Corpo d´água continental 0,41
Argilosa A moderado 13,61
LVAd Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico
Média A moderado 0,03
Argilosa A moderado 31,08
PVAd Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico
Média/argilosa A moderado 37,71
RLd Neossolo Litólico Distrófico Indiscriminada A moderado 0,92
RQg Neossolo Quartzarênico Hidromórfico Arenosa A moderado 16,25
TOTAL GERAL 100,00
Em relação ao horizonte a EMBRAPA (2006) classifica como A Moderado os
solos com os horizontes que não se enquadram no conjunto das definições dos
demais horizontes diagnósticos superficiais. Em geral o horizonte A moderado difere
dos horizontes A chernozêmico, proeminente e húmico pela espessura e/ou cor e do
A fraco pelo teor de carbono orgânico e estrutura, não apresentando ainda os
requisitos para caracteriza-lo como horizonte hístico ou A antrópico.

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Tabela 3 – Pedologia do entorno da Floresta Nacional de Mulata.

Leg Ordem/Subordem/Grande Grupo Textura Horizonte %


- Corpo d´água continental - - 0,53
FFc Plintossolo Pétrico Concrecionário Argilosa muito cascalhenta A moderado 1,53
Argilosa A moderado 12,25
LVAd Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico
Média A moderado 0,89
Argilosa A moderado 31,24
PVAd Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico A húmico 1,40
Média/argilosa
A moderado 41,16
RQg Neossolo Quartzarênico Hidromórfico Arenosa A moderado 11,01
TOTAL GERAL 100,00

Segundo a EMBRAPA (2006) a relação silte/argila (textura), serve como base


para avaliar o estádio de intemperismo presente em solos de regiões tropicais. É
empregada em solos de textura franco arenosa ou mais fina. Indica baixos teores de
silte e, portanto, alto grau de intemperismo, quando apresenta, na maior parte do
horizonte B, valor inferior a 0,7 nos solos de textura média ou inferior a 0,6 nos solos
de textura argilosa ou muito argilosa.

A seguir são mostrados algumas características de cada ordem de solo


presentes na Floresta Nacional de Mulata e seu entorno segundo EMBRAPA (2006).

 Argissolos - Grande parte dos solos desta classe apresenta um


evidente incremento no teor de argila do horizonte superficial para o
horizonte B, com ou sem decréscimo nos horizontes subjacentes. A
transição entre os horizontes A e Bt é usualmente clara, abrupta ou
gradual. São de profundidade variável, desde forte a imperfeitamente
drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, e mais raramente,
brunadas ou acinzentadas. A textura varia de arenosa a argilosa no
horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre
havendo aumento de argila daquele para este.
 Latossolos - São solos em avançado estágio de intemperização,
muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no
material constitutivo. Geralmente muito profundos e variam de
fortemente a bem drenados, embora ocorram solos que têm cores
pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente
drenada. São típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo
também em zonas subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e
antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços fluviais antigos,
normalmente em relevo plano e suave ondulado, embora possam
ocorrer em áreas mais acidentadas, inclusive em relevo montanhoso
 Neossolos - compreende solos constituídos por material mineral, ou
por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações
expressivas em relação ao material originário devido à baixa
intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão
de características inerentes ao próprio material de origem, como maior
resistência ao intemperismo ou composição químico-mineralógica, ou

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por influência dos demais fatores de formação (clima, relevo ou
tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos.
 Plintossolo – Compreende solos minerais, formados sob condições
de restrição à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de
excesso de umidade, de maneira geral imperfeitamente ou mal
drenados, que se caracterizam fundamentalmente por apresentar
expressiva plintitização com ou sem petroplintita na condição de que
não satisfaçam os requisitos estipulados para as classes dos
Neossolos, Cambissolos, Luvissolos, Argissolos, Latossolos,
Planossolos ou Gleissolos. Solos com horizonte concrecionário
principalmente, apresentam melhor drenagem, bem como, encontram-
se normalmente em bordos de platôs e áreas ligeiramente dissecadas
de chapadas e chapadões das regiões central e norte do Brasil. São
típicos de zonas quentes e úmidas, mormente com estação seca bem
definida ou que, pelo menos, apresentem um período com decréscimo
acentuado das chuvas. Ocorrem também na zona equatorial perúmida
e mais esporadicamente em zona semi-árida.

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Figura 3 – Mapa de Pedologia da Floresta Nacional de Mulata e seu entorno.
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2.1.3. Geomorfologia

A Floresta Nacional de Mulata é composta de três unidades geomorfológicas


(figura 4). A maior parte da FLONA (76,29%) é constituída por Depressão Periférica
da Amazônia Setentrional, que totaliza cerca de 165,1 mil hectares. Em segundo lugar
está a unidade geomorfológica Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do
Amazonas ocupando uma área de cerca de 33,9 mil hectares (15,67%) e por último
vem o Planalto Dissecado do Norte da Amazônia com uma área de cerca de 17,4 mil
hectares (8,04%) (Tabela 4). A geomorfologia do entorno da unidade está descrita na
tabela 5.
Tabela 4 – Geomorfologia da Floresta Nacional de Mulata.

Unidade Geomorfológica Categoria Área %


Homogênea ou diferencial aguçadas 35.140,98 16,26
Homogênea ou diferencial convexas 5.958,80 2,76
Depressão Periférica da Amazônia
Homogênea ou diferencial tabulares 77.253,45 35,74
Setentrional
Pediplano retocado desnudado 10.687,31 4,94
Pediplano retocado inumado 35.961,73 16,64
Planalto Dissecado do Norte da Homogênea ou diferencial aguçadas 11.007,42 5,09
Amazônia Homogênea ou diferencial convexas 6.225,56 2,88
Planalto Setentrional da Bacia Homogênea ou diferencial aguçadas 29.948,26 13,85
Sedimentar do Amazonas Pediplano degradado inumado 3.994,50 1,85
Total Geral 216.178,00 100,00

Essas três unidades geomorfológicas estão divididas em seis categorias que


são descritas abaixo.

 Homogênea ou diferencial aguçadas - Conjunto de formas de relevo


de topos estreitos e alongados, esculpidas em rochas cristalinas e,
eventualmente, em sedimentos, denotando controle estrutural,
definidas por vales encaixados.
 Homogênea ou diferencial convexas - Conjunto de formas de relevo
de topos convexos, em geral esculpidas em rochas cristalinas e,
eventualmente, também em sedimentos, ás vezes denotando controle
estrutural.
 Homogênea ou diferencial tabulares - Conjunto de formas de relevo
de topos tabulares, conformando feições de rampas suavemente
inclinadas e lombas esculpidas em coberturas sedimentares
inconsolidadas, denotando eventual controle estrutural.
 Pediplano degradado inumado - Superfície de aplanamento
degradada em consequência de mudança do sistema morfogenético,
apresentando topos conservados, geralmente separados por
escarpas. Aparece inumada por coberturas detríticas e/ou de
alterações.
 Pediplano retocado desnudado - Superfície de aplanamento
elaborada durante fases sucessivas de retomada dos processos de
erosão, os quais geraram sistemas de planos inclinados em que as
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rochas pouco alteradas foram truncadas pela pediplanação que
desnudaram o relevo.
 Pediplano retocado inumado - Superfície de aplanamento elaborada
durante fases sucessivas de retomada dos processos de erosão, os
quais geraram sistemas de planos inclinados, as vezes levemente
côncavos. Aparece inumada por coberturas detríticas e/ou de
alterações.

Tabela 5 – Geomorfologia do entorno da Floresta Nacional de Mulata.

Unidade Geomorfológica Categoria Área %


Homogênea ou diferencial aguçadas 11.326,70 10,55
Homogênea ou diferencial convexas 8.354,23 7,78
Depressão Periférica da
Homogênea ou diferencial tabulares 30.508,78 28,41
Amazônia Setentrional
Pediplano retocado desnudado 13.737,77 12,79
Pediplano retocado inumado 13.825,10 12,88
Homogênea ou diferencial aguçadas 9.833,75 9,16
Planalto Dissecado do Norte
Homogênea ou diferencial convexas 387,45 0,36
da Amazônia
Homogênea ou diferencial tabulares 539,66 0,50
Homogênea ou diferencial aguçadas 14.277,07 13,30
Planalto Setentrional da
Homogênea ou diferencial tabulares 1.214,98 1,13
Bacia Sedimentar do
Pediplano degradado inumado 1.752,77 1,63
Amazonas
Pediplano retocado inumado 1.617,63 1,51
Total Geral 107.375,88 100,00

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Figura 4 – Mapa de Geomorfologia da Floresta Nacional de Mulata e entorno.
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2.1.4. Relevo

Metodologia

Para a construção e geração de dados de relevo da Floresta Nacional de


Mulata, foi necessário construir, no software Spring, primeiramente o mapa de
declividade da unidade de conservação a partir de dados do SRTM e posteriormente
dividi-los em classe de relevo conforme definido pela EMBRAPA (1979).

SRTM

Os dados de SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) foram coletados em


fevereiro de 2000 pelo ônibus espacial Endeavour. O objetivo da missão foi adquirir
dados de altimetria de todo o globo terrestre por meio de sensores ativos (radar) numa
resolução espacial de 30 metros.

Os dados de SRTM usados nesta etapa foram adquiridos diretamente no site


do Serviço Geológico Norte-americano (USGS) na resolução de 30 metros. Esses
dados foram usados como informações básicas para se calcular toda declividade da
Floresta Nacional de Mulata, consequentemente, o Modelo Digital de Elevação - MDE
da Unidade de Conservação.

Mapa de declividade
Portanto, declividade pode ser entendido como a inclinação superficial do
terreno em relação ao plano horizontal. Conhecer essa característica do terreno foi
fundamental para a geração do mapa de relevo da FLONA.

A partir da imagem SRTM dos limites e entorno (03 km) da Floresta Nacional
de Mulata foi elaborado uma grade de declividade (em porcentagem) utilizando o
módulo MNT (Modelo Numérico de Terreno) do software Spring.

Mapa de Relevo
Para a criação do mapa de relevo utilizou-se as classes de declividade
definidas pela EMBRAPA (1979), ou seja, dividiu-se a grade de declividade de toda a
área e entrono da unidade de conservação em seis classes de acordo com os
intervalos de declividade definidos abaixo:

 Plano - superfície de topografia esbatida ou horizontal, onde os


desnivelamentos são muito pequenos, com expressiva ocorrência de
áreas com declives de 0 a 3%.
 Suave ondulado - superfície de topografia pouco movimentada,
constituída por conjunto de colinas e/ou outeiros (elevações de
altitudes relativas da ordem de 50 a 100 m, respectivamente),
apresentando declives suaves, com expressiva ocorrência de áreas
com declives de 3 a 8%.

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 Ondulado - superfície de topografia pouco movimentada, constituída
por conjunto de colinas e/ou outeiros, apresentando expressiva
ocorrência de áreas com declives entre 8 e 20%.
 Forte ondulado - superfície de topografia movimentada formada por
outeiros e/ou morros (elevações de 100 a 200 m de altitude relativa),
com predominância de declives de 20 a 45%.
 Montanhoso - superfície de topografia vigorosa, com predominância
de formas acidentadas, usualmente constituída por morros,
montanhas, maciços montanhosos e alinhamentos montanhosos,
apresentando desnivelamentos relativamente grandes da ordem de
45 a 75%.
 Escarpado - regiões ou áreas com predomínio de formas abruptas,
compreendendo escarpamentos tais como: aparados, itaimbés,
frentes de cuestas, falésias, vertentes de declives muito fortes de vales
encaixados, etc., com declives acima de 75%.

Após esse procedimento os dados gerados em formato raster foram


convertidos para o formato de vetores para que fossem realizados os cálculos
necessários.

Segundo os dados apresentados na tabela 6, o relevo da Floresta Nacional de


Mulata é predominantemente Suave Ondulado a Ondulado que juntas ocupam cerca
de 66% de toda extensão territorial da unidade de conservação. Entretanto a região
sul da unidade concentra as áreas com as maiores declividades, em função de uma
faixa contínua denominada de Serra Azul onde são encontradas as maiores altitudes
também.
Tabela 6 – Classificação do Relevo da Floresta Nacional de Mulata.

ID Relevo Declividade (%) Área (hectares) Área (%)


1 Plano 0 à 3% 26.206,56 12,12
2 Suave ondulado 3 à 8% 71.037,43 32,86
3 Ondulado 8 à 20% 69.073,64 31,95
4 Forte ondulado 20 à 45% 42.296,36 19,57
5 Montanhoso 45 à 70% 7.052,93 3,26
6 Escarpado acima à 70% 511,08 0,24
Total 216.178,00 100,00
As áreas planas a suave onduladas predominam nas partes norte e oeste da
FLONA e na classe de altitude entre 200 e 300 metros, principalmente acompanhando
os sistemas de drenagem. As áreas montanhosas a escarpado, na sua grande
maioria, estão associadas as serras localizadas ao sul da unidade, onde estão
presentes as maiores altitudes registradas.

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Tabela 7 – Classificação do Relevo da área de entorno da Floresta Nacional de Mulata.

ID Relevo Declividade (%) Área (hectares) Área (%)


1 Plano 0 à 3% 11.705,52 10,90
2 Suave ondulado 3 à 8% 34.677,67 32,30
3 Ondulado 8 à 20% 38.063,92 35,45
4 Forte ondulado 20 à 45% 20.350,27 18,95
5 Montanhoso 45 à 70% 2.454,37 2,29
6 Escarpado acima à 70% 124,12 0,12
Total 107.375,88 100,00

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Figura 5 – Mapa do Relevo da Floresta Nacional de Mulata e entorno.

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A Floresta Nacional de Mulata possui uma amplitude altimétrica da ordem de
669 metros, ou seja, sua área estende-se desde a cota de altitude 66 metros,
localizada ao sul próximo ao rio Maicuru até a cota de altitude de 735 metros localizado
a sudeste, região conhecida como serra azul. Cerca de 81% da extensão territorial da
unidade está inserida entre as altitudes de 200 a 400 metros, conforme dados
apresentados na tabela 8.

Na região sudoeste da FLONA concentram-se as áreas com maiores variações


de altitudes
Tabela 8 – Altimetria da Floresta Nacional de Mulata.

ID Atitude Área (hectares) Área (%)


1 66 a 100 109,75 0,05
2 100 a 200 10.655,70 4,93
3 200 a 300 116.544,36 53,91
4 300 a 400 59.359,57 27,46
5 400 a 500 17.307,87 8,01
6 500 a 600 8.887,80 4,11
7 600 a 700 2.984,01 1,38
8 700 a 735 328,93 0,15
Total 216.178,00 100,00

Tabela 9 – Altimetria do entorno da Floresta Nacional de Mulata.

ID Altitude Área (hectares) Área (%)


1 31 a 100 3.062,22 2,83
2 100 a 200 14.615,45 13,49
3 200 a 300 50.018,02 45,15
4 300 a 400 27.784,59 25,64
5 400 a 500 8.962,21 8,27
6 500 a 600 3.660,66 3,38
7 600 a 700 260,60 0,24
8 700 a 708 12,12 0,01
Total 107.375,88 100,00

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Figura 6 – Mapa da Altimetria da Floresta Nacional de Mulata e entorno.
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2.1.5. Hidrografia

Segundo Christofoletti (1980) apud Cazula (2010), as bacias hidrográficas são


compostas por um conjunto de canais de escoamento de água. A quantidade de água
que a bacia hidrográfica vai receber depende do tamanho da área ocupada pela
mesma e por processos naturais que envolvem precipitação, evaporação, infiltração,
escoamento, etc.

A Floresta Nacional de Mulata está inserida na região hidrográfica do rio


Amazonas, especificamente em duas sub bacias hidrográficas: que são as do rio
Maicuru e rio Curuá, nos quais estão contidos os rios de mesmo nome, afluentes da
calha norte do rio Amazonas. Ambos os rios apresentam cachoeiras e fortes
corredeiras que dificultam a navegação.

As características do sistema de drenagem dessa subbacias hidrográficas que


seguem um padrão dendrítica, pois, seu desenvolvimento assemelha-se à
configuração de uma árvore.

O rio Curuá possui aproximadamente 355 quilômetros de extensão, destes 28


quilômetros cortando a Floresta Nacional de Mulata. Este rio nasce nos limites da
unidade de conservação estadual a Estação Ecológica do Grão Pará e Terra Indígena
Zo’é e desagua em um lago de nome indefinido afluente do rio Amazonas. Esse rio
possui dois importantes afluentes que cortam a porção oeste a FLONA de Mulata que
são o igarapé do Inferno (paraíso) e o rio Cuminampanema. O primeiro percorre cerca
de 18 quilômetros o interior da unidade, enquanto que o segundo percorre uma
distância maior cerca de 31 quilômetros o limite oeste da FLONA.

O rio Maicuru, possui aproximadamente 326 quilômetros de extensão, sendo


que se limita a leste com a FLONA em cerca de 52 quilômetros, parte integrante da
unidade. Este rio também nasce nos limites das unidades de conservação estaduais
da Estação Ecológica do Grão Pará e Reserva Biológica do Maicurú e Terra Indígena
Rio Parú do Oeste desaguando no Lago Grande de Monte Alegre. A presença de
corredeiras e cachoeiras e a ocorrências de chuvas são os principais fatores que
limitam sua navegabilidade.

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Figura7– MapadasbaciashidrográficasdoRioCuruáeRioMaicuru sobosquaisestá inseridaaFlorestaNacional deMulata..
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2.2 CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM

Dentro do processo de planejamento territorial, a paisagem figura talvez como


o principal elemento responsável por direcionar as formas de uso e ocupação do solo.
Conhecer e descrever em escala compatível a paisagem da unidade de conservação
se torna cada vez mais relevante para o sucesso ou não do seu plano de manejo.
(Rascon et al., 2019).

Quando se trata de unidades na Amazônia esse trabalho deve ser redobrado


em função dos serviços que presta ao planeta. Malhi et al, (2008) relatam que as
florestas da Amazônia (1) cobriam cerca de 5,4 milhões de km² em 2001,
aproximadamente 87% de sua extensão original (2), com 62% no Brasil. Eles abrigam
talvez um quarto das espécies terrestres do mundo (3) e respondem por cerca de 15%
da fotossíntese terrestre global (4). A evaporação e a condensação na Amazônia são
motores da circulação atmosférica global, com efeitos a jusante sobre a precipitação
na América do Sul e em áreas distantes do Hemisfério Norte (5, 6). As florestas
amazônicas têm sido uma parte importante e contínua do funcionamento do sistema
terrestre desde o Cretáceo (7). (Malhi et al., 2008).

A Amazônia está dentro de nove nações, mas 80% do desmatamento está no


Brasil (2) e 70% disso é provocado pela pecuária. De 1988 a 2006, as taxas de
desmatamento na Amazônia brasileira foram em média de 18.100 km2 ano-1,
atingindo recentemente 27.400 km2 ano-1 em 2004. As taxas de desmatamento no
Brasil reduziram pela metade até 2007 para aproximadamente 11.000 km2 ano-1 por
causa da queda dos preços. para soja, aumento da força da moeda brasileira e
intervenção ativa do governo brasileiro (9). Cerca de 6% das terras desmatadas
permaneceram em terras agrícolas, 62% em pastagens e 32% em regeneração de
vegetação (10). (Malhi et al.., 2008).

Desta forma, a caracterização da paisagem assumi um peso considerável na


definição das formas de uso das unidades de conservação, traz elementos
importantes para disciplinar atividades potencialmente nocivas, bem como auxilia
também na promoção de formas adequadas de utilização dessas áreas em
concordância com sua capacidade de resiliência.

A caracterização da paisagem da Floresta Nacional de Mulata tomou como


referência a classificação fitogeográfica da vegetação brasileira (Sistema Fisionômico-
Ecológico) descrito no Manual Técnico da Vegetação Brasileira do IBGE (2012), o
mapeamento das áreas antropizadas até 2016 (PRODES INPE) e aspectos
hidrográficos.
Para a classificação da vegetação usou-se uma metodologia baseadas em
classificação de imagens orbitais da série Landsat disponibilizadas gratuitamente
serviço web do United States Geological Survey (USGS). Tomou-se como referência
duas imagens (227-061 e 228-061) do ano de 2015, uma vez que, foi o ano com menor
cobertura de nuvens. Essas imagens foram pré-processadas, ou seja, passaram por
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um processo de reprojeção, calibração radiométrica e correção atmosférica. Em
seguida foram segmentadas e posteriormente sofreram um processo de classificação
por regiões realizado por meio do algoritmo Bhattacharya que requer um
conhecimento prévio das feições em campo.

A Floresta Nacional de Mulata apresenta cinco tipos vegetacionais: Floresta


Ombrófila Densa de Terras Baixas, Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta
Ombrófila Montana, Savana Parque e Savana Florestada. Além desses tipos
vegetacionais a paisagem da unidade de conservação foi caracterizada também em
outras três que são Antropismo, Solo Exposto e Drenagem. (Rascon et al., 2019).
Tabela 10 – Uso e ocupação do solo da Floresta Nacional de Mulata.

Vegetação e Uso da Terra Área %


1 - Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas 50,08 0,02
2 - Floresta Ombrófila Densa Submontana 188.080,00 87,00
3 - Floresta Ombrófila Densa Montana 3.415,24 1,58
4 - Savana Parque 19.658,19 9,09
7 - Savana Florestada 3.869,78 1,79
5 - Solo Exposto 123,22 0,06
6 - Drenagem 875,82 0,41
9 - Antropismo 105,67 0,05
Total Geral 216.178,00 100
Fonte: (Rascon et al., 2019).

2.2.1 Floresta Ombrófila Densa

Este tipo de vegetação é caracterizado por fanerófitos - subformas de vida


macro e mesofanerófitos, além de lianas lenhosas e epífitas em abundância, que o
diferenciam das outras classes de formações. Porém, sua característica ecológica
principal reside nos ambientes ombrófilos que marcam muito a “região florística
florestal”. Assim, a característica ombrotérmica da Floresta Ombrófila Densa está
presa a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25o C) e de
alta precipitação, bem-distribuída durante o ano (de 0 a 60 dias secos), o que
determina uma situação bioecológica praticamente sem período biologicamente seco.
(IBGE, 2012).

(IVANAUSKAS; MONTEIRO; RODRIGUES, 2008, p. 396). Relatam que muitos


estudos comprovam que as raízes das árvores das florestas amazônicas penetram e
absorvem água em grandes profundidades. Esse fato é mais comum nas florestas
sujeitas a períodos de seca sobre latossolos, os quais têm pouca água disponível na
superfície, mas que facilitam o enraizamento profundo para a absorção de água em
profundidade

Segundo IBGE (2012) o tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa foi


subdividido em cinco formações (aluvial, terras baixas, submontana, montana e alto-
montana), ordenadas segundo a hierarquia topográfica, que condiciona fisionomias

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diferentes, de acordo com as variações das faixas altimétricas. Para cada 100 m de
altitude as temperaturas diminuem 1º C. (IBGE, 2012).

Na floresta Nacional de Mulata foram identificados três tipos vegetacional


Floresta Ombrófila Densa que são: formação de terras baixas, formação submontana
e formação montana.

2.2.1.1 Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas

O IBGE classifica formação das Terras Baixas como áreas situadas em


terrenos sedimentares do terciário/ quaternário – terraços, planícies e depressões
aplanadas não susceptíveis a inundações - entre 4° de latitude Norte e 16° de latitude
Sul, a partir dos 5 m até em torno de 100 m acima do mar; de 16° de latitude Sul a 24°
de latitude Sul de 5 m até em torno de 50 m; de 24° de latitude Sul a 32º de latitude
Sul de 5 m até em torno de 30 m.
Na Floresta Nacional de Mulata esse tipo vegetacional ocorre na região
suldeste da unidade margeando uma pequena faixa do rio Maicuru com uma área de
pouco mais de 50 hectares o que representa menos de 1% do território. Observa-se
também que esse tipo vegetacional está todo sobreposto nos argissolos vermelho-
amarelo distrófico.

2.2.1.2 Floresta Ombrófila Densa Submontana

O IBGE classifica a formação Submontana como áreas situadas nas encostas


dos planaltos e/ou serras, entre 4° de latitude Norte e 16° de latitude Sul, a partir de
100 m até em torno dos 600 m; de 16° de latitude Sul a 24° de latitude Sul, de 50 m
até em torno de 500 m; de 24° de latitude Sul a 32° de latitude Sul, de 30 m até em
torno de 400 m.

As Florestas Ombrófilas Densas Submontana dominam a paisagem da FLONA


de Mulata ocupando cerca de 87% de todo o seu território, sendo que cerca 82%
desse tipo vegetacional estão compreendidos entre as altitudes de 200 e 400 metros
(55,36% entre 200 e 300 metros e 27,08% entre 300 e 400 metros.).

Observa-se também que cerca de 65% das Florestas Ombrófilas Densa


Submontana da unidade de conservação estão concentradas nos relevos Ondulado a
Suave ondulado, ou seja, entre 3 e 20% de declividade.

Outro dado importante refere-se aos tipos de solos nos quais está inserido, ou
seja, cerca de 72% dessa formação vegetacional estão inseridas nos Argissolos
Vermelho-Amarelo Distrófico, seguidos dos Neossolo Quartzarênico Hidromórfico
com 15,34%, Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico com 11,30% e os Neossolo
Litólico Distrófico com apenas 1%.

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Figura 8 – Mapa de Relevo do tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas da Floresta Nacional de Mulata.

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Figura 9 – Mapa de Solos do tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas da Floresta Nacional de Mulata...
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Figura 10 – Mapa de Altimetria do tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas da Floresta Nacional de Mulata.

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Figura 11 – Mapa de relevo do tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa Montana da Floresta Nacional de Mulata..

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Figura 12 – Mapa de Solos do tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa Montana da Floresta Nacional de Mulata..

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Figura 13 – Mapa de Altimetria do tipo vegetacional Floresta Ombrófila Densa Montana da Floresta Nacional de Mulata.

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2.2.1.3 Floresta Ombrófila Densa Montana

O IBGE classifica a formação Montana como as áreas situadas no alto dos


planaltos e/ou serras, entre os 4° de latitude Norte e os 16° de latitude Sul, a partir de
600 m até em torno dos 2 000 m; de 16° de latitude Sul a 24° de latitude Sul, de 500
m até em torno de 1 500 m; de 24° de latitude Sul até 32° da latitude Sul, de 400 m
até em torno de 1 000 m;

Esta formação localiza-se na região sudeste da Floresta Nacional de Mulata,


próximo ao limite da unidade de conservação com o Projeto de Desenvolvimento
Sustentável – PDS Serra Azul.

As Florestas Ombrófilas Densas Montana ocupam uma pequena parte da


FLONA com uma área total de cerca de 3.415,24 hectares. Desse total,40,91% são
áreas de relevo forte ondulado, seguido por ondulado com 27,85%, suave ondulado
com 15,61%, montanhoso com 9,50%, suave com 4,93% e escarpado com 1,20%.
Esse tipo vegetacional possui 90,37% de sua área entre as altitudes de 600 e 700
metros, e somente 9,63% acima de 700 metros de altitude.

Três tipos de solos compreendem a área ocupada pelas Florestas Ombrófilas


Densas Montanas que são Latossolo Vermelho Amarelo (8,31%), Neossolo Litólico
Distróficos (3,17%), com predomínio do Argissolo Vermelho Amarelo Distrófico
(88,52%).

2.2.3 Savanas
Altamente ameaçadas pela expansão agrícola, mineração, pecuária e
queimada, as savanas ou cerrados amazônicos correspondem a 1,54% do território
da Amazônia Legal e 4,4% dessas savanas apresenta área sob desmatamento
(Vieira, et.al.2006). No Estado do Pará as savanas ou cerrados estão localizados na
região sul do estado, na divisa com o Mato Grosso, Serra do Cachimbo, no município
de Belterra e de Santarém (Alter do Chão) e no norte do Estado na região dos
municípios de Alenquer, Prainha e Monte Alegre e Ilha do Marajó. Na região de Monte
Alegre, os encraves de cerrado são chamados de “Campos de Monte Alegre”. A
vegetação de cerrado apresenta variações locais, de acordo com o relevo e os
diversos tipos de solo. Nos campos a vegetação é composta por arbustos de porte
mediano, entre quatro a sete metros, dispersos sobre uma vegetação de gramíneas
contínuas, com predominância de Andropogon sp., Paspalum sp. e Bulbostylis sp. Os
solos predominantes são arenoso frouxo, com manchas de areias expostas em um
relevo plano. Nos campos abertos predominam espécies das Poaceae e Cyperaceae,
especialmente sobre solo arenoso erodido. As espécies mais freqüentes neste
ecossistema são: lixeira Curatella americana, muruci do campo Byrsonima spicata e
mangaba Hancornia speciosa. Na vegetação herbácea, encontra-se o capim barba de
bode Aristida sp. (EMBRAPA, 1999).
Savana Parque - Subgrupo de formação constituído essencialmente por um
estrato graminoide, integrado por hemicriptófitos e geófitos de florística natural ou

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antropizada, entremeado por nanofanerófitos isolados, com conotação típica de um
“Parque Inglês” (Parkland). (litossolicos)

Savana Florestada Subgrupo de formação com fisionomia típica e


característica restrita a áreas areníticas lixiviadas com solos profundos, ocorrendo em
um clima tropical eminentemente estacional. Apresenta sinúsias lenhosas de micro e
nanofanerófitos, tortuosos com ramificação irregular, providos de macrófitos
esclerófitos perenes ou semidecíduos, ritidoma esfoliado corticoso rígido ou córtex
maciamente suberoso, com órgãos de reserva subterrâneos ou xilopódios, cujas
alturas variam de 6 a 8 m. Em alguns locais, apresenta sinúsias lenhosas de meso e
microfanerófitos com altura média superior aos 10 m, sendo muito semelhante,
fisionomicamente, a Florestas Estacionais, apenas diferindo destas na sua
composição florística. Não apresenta sinúsia nítida de camé- fitos, mas sim relvado
hemicriptofítico, de permeio com plantas lenhosas raquíticas e palmeiras anãs (Foto
34).
2.2.3.1 Savanas Parque
Em relação as savanas, os dados revelam que elas ocupam cerca de 10,88%
te doda a área da Floresta Nacional de Mulata, com predominãncia das Savanas
Parque com 9,09%, concentrando-se na bacia do rio Curuá. Observa-se que esse tipo
de vegetação não ocorre em variações amplas de altitudes. Cerca de 95% das áreas
de Savana Parque estão contidas nas altitudes entre 200 e 400 metros,
especificamente 56,31% nas altitudes entre 200 e 300 metros e 38,78% nas altitudes
entre 300 e 400 metros. (Rascon et al., 2019).

2.2.3.2 Savanas Florestada

As Savanas Florestadas ocupam apenas 1,79% da unidade de conservação e


estão concentradas na bacia do rio Maicuru. Esse tipo vegetacional estão localizadas
numa cadeia de serras denominadas de Serra Azul ao sul da Floresta Nacional e tem
uma distribuição mais dispersa em relação as cotas altimétricas, ou seja, 98,32% de
sua área estão distribuída nas cotas altimétricas entre 100 e 600 metros de altitude.
(Rascon et al., 2019).

2.2.4 Antropismo

As áreas desmatadas, áreas de regeneração em estágio inicial e avançado,


pastagens, solo exposto e etc, ou seja, tudo aquilo modificado pelo homem, constituiu
o que foi denominado de classe de Antropismo, correspondendo a pouco mais de 105
hectares (0,05%). Esse dado reflete o grau de conservação que se encontra a Floresta
Nacional de Mulata em termo de perda de cobertura vegetal. As regiões limites com
os assentamentos rurais concentram alguns pontos de exploração ilegal e seletiva de
madeira, entretanto, esse processo não refletiu em perda de cobertura vegetal e não
foi captado no processo de mapeamento, devido a resolução espacial do sensor
utilizado no presente trabalho. Cabe destacar que são regiões bastante monitoradas

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e que possivelmente por esse aspecto não tenha sido ainda convertida a cobertura
vegetal nessas áreas. (Rascon et al., 2019).

2.2.5 Solo Exposto

A classe solo exposto refere-se exclusivamente a ocorrências naturais,


principalmente as áreas de afloramentos rochosos nos leitos dos rios Maicurú, Curuá
e Cuminapanema e Igarapé do Paraíso e e nas regiões de serras e escarpas.
Evidentemente que foram identificadas áreas de solos expostos em áreas de savanas
e em áreas antropizadas, entretanto, foram reagrupadas paras essas feições
específicas. (Rascon et al., 2019).

2.2.6 Drenagem

A classe drenagem refere-se as áreas de espelho d’água mapeados,


principalmente o rio Maicuru mais caudaloso e os rio de menores portes que são o rio
Curuá e o Igarapé do Paraíso. Essa classe ocupa uma área que corresponde a apenas
0,41% da unidade de conservação. (Rascon et al., 2019).

2.3. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS ACESSÍVEIS AO MANEJO FLORESTAL


SUSTENTÁVEL

Cabe destacar que por ser uma unidade de conservação da categoria Floresta
Nacional seu principal objetivo é uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e
pesquisas relacionadas ao tema conforme dispões o Art. 17 da Lei nº 9.985, de 18 de
julho de 2000, exarado abaixo.
Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura
florestal de espécies predominantemente nativas e tem
como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase
em métodos para exploração sustentável de florestas
nativas. (Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000)
Entretanto, nem toda extensão territorial da FLONA é passível de exploração
florestal madeireira, existem áreas que por sua própria topografia inviabiliza a
realização desta atividade. Segundo Amaral et al (1998) essas áreas são
denominadas de inacessíveis à exploração madeireira, pois seu uso causaria
impactos ambientais, aumentaria os riscos de acidentes e representaria custos
elevados, mesmo que para elas não existam restrições legais.

Na prática, as áreas de floresta com inclinação acima de 25° (graus) são


classificadas como não passíveis de manejo florestal madeireiro, pois o custo de
arraste e os impactos negativos a floresta são significativos quando se utiliza
maquinários como trator de esteira ou skider (trator florestal). O trator florestal
consegue fazer o arraste das toras até uma declividade máxima de 15° graus,
enquanto, que o trator de esteira consegue arrastar até o limite de 25° de declividade.

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Nesse sentido, realizou-se um ensaio para calcular as áreas passíveis para
realização do Manejo Florestal na Floresta Nacional de Mulata, portanto foi
considerado o fator declividade limitado a 25° (graus) e aquelas áreas não
pertencentes a classe Floresta Ombrófila (savanas, antropismo, corpos d’agua e solo
exposto), dessa forma, as áreas com vegetação arbórea em terreno com topografia
que possua inclinação superiores ao limite estipulado, bem como áreas que não
possuem vegetação arbórea foram classificadas como inacessíveis a exploração
madeireira, e portanto, não passiveis de manejo florestal madeireiro.
Metodologia
A partir da imagem SRTM dos limites e entorno (03 km) da Floresta Nacional
de Mulata foi elaborado uma grade de declividade (em graus) utilizando o módulo MNT
(Modelo Numérico de Terreno) do software Spring.
De posse do arquivo de Declividade (raster) em graus dividiu-se toda a área e
entorno da unidade de conservação em duas classes, ou seja, áreas até 25 graus de
inclinação foram classificadas como aptas ao manejo madeireiro e áreas com
inclinação superiores a esse limite foram classificadas como inaptas ao manejo
madeireiro.

Portanto para se estabelecer quais seriam as áreas passíveis e não passíveis


ao manejo florestal madeireiro, recorreu-se a função calculadora raster implementada
no software Qgis. O procedimento foi realizar o cruzamento da classe “apta ao manejo
madeireiro” do arquivo Declividade com as classes de Vegetação Ombrófila Densa do
arquivo de Cobertura vegetal e uso do solo (raster).

O resultado desse procedimento foi um arquivo (raster) no qual toda área com
Vegetação Ombrófila Densa com inclinação até 25° graus foi classificada como áreas
passíveis ao manejo florestal madeireiro. Toda área de Vegetação Ombrófila Densa
com inclinação superior ao limite considerado, bem como todas as áreas que não
possuem vegetação arbórea independente da inclinação foi classificada como áreas
não passíveis ao manejo florestal madeireiro.

Os dados da tabela 11 mostram de maneira geral que cerca de 86% da área


da Floresta Nacional de Mulata pode ser utilizada para a atividade de manejo florestal
madeireiro, ou seja, em apenas cerca de 14% da unidade de conservação não seria
possível a implantação de atividade madeireira. Observa-se também que o ambiente
Floresta Ombrófila Densa Submontana concentra a maior área apta a atividade,
seguido pelos ambientes Floresta Ombrófila Densa Submontana e Floresta Ombrófila
de Terras Baixas.

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Tabela 11 – Quantificação das áreas passiveis e não passíveis de realização do manejo florestal
madeireiro na FLONA de Mulata.

Manejo Ocupação e Uso da Terra Área %


Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas 48,83 0,02
Áreas passíveis ao manejo
Floresta Ombrófila Densa Submontana 182.578,80 84,46
florestal madeireiro
Floresta Ombrófila Densa Montana 3.087,30 1,43
Áreas NÂO passíveis ao Floresta Ombrófila com declividade superior
manejo florestal a 25° e demais classes de uso e ocupação 30.463,07 14,09
madeireiro independente da inclinação
Total Geral 216.178,00 100,00

Entretanto, as áreas passíveis ao manejo florestal na Floresta Nacional de


Mulata são bastante recortadas por serras, principalmente ao sul e também por áreas
de savanas localizadas principalmente a oeste e sul da unidade (figura 14),
características essas que de certa forma dificulta a alocação de Áreas de Manejo
Florestal – AMF relativamente grandes e contínuas desejáveis para que se possa
realizar as concessões florestais.

Em função dessas características foi realizado um novo refinamento com o


objetivo de garantir as condições básicas para a implantação das AMF. Esse
procedimento foi realizado principalmente por meio de ajuste manual no qual
procurou-se estabelecer uma zona passível ao manejo florestal madeireiro que fosse
contínua ou com poucos recortes físicos.

Portanto, após esse refinamento se estabeleceu que a zona passível para


implantação das áreas de manejo florestal seria de cerca de 95.683,00 hectares, que
representa 44,3% da Floresta Nacional de Mulata, conforme ilustrado na figura 14.

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Figura 14 – Classificação da acessibilidade das áreas da Floresta Nacional de Mulata quanto a implantação do Manejo Florestal sustentável .
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2.4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA UNIDADE E ENTORNO
2.4.1. Município de Alenquer

Alenquer está localizada na zona fisiográfica do médio Amazonas, mesorregião


do baixo Amazonas, microrregião de Óbidos, à margem esquerda do rio Amazonas.
Está distante, em linha reta, 701 km de Belém. O município possui uma área territorial
de 23.645 quilômetros quadrados (IBGE, 2016).

2.4.1.1. História

Para apresentar as informações históricas desse município, tomou-se por base


o documento “Município de Alenquer”, do senador Fulgêncio Simões, cuja descrição
encontra-se também em documento do IBGE de 1957 denominado Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros. Segue a transcrição abaixo:

O território do município de Alenquer constituiu nos primitivos tempos da


colonização amazônica, uma das zonas de catequese dos capuchos da piedade,
que, provavelmente nos fins do século XVII, se estabeleceram à margem do rio
Curuá, pouco acima da sua foz, atraindo e concentrando nesse local os índios da
região, alguns, como a tribo dos Barés ou Abarés, eram ali aldeados, e dando à
aldeia a denominação de Arcozellos, que é a uma localidade portuguesa, donde
talvez fosse natural o chefe ou algum dos ditos capuchinhos.

As dificuldades de comunicação, aumentadas no tempo de verão pela deficiência


de água nos dois estreitos canais da boca do rio Curuá, aliados à endemia de
sezões ali reinantes e que, com o povoamento e o desenvolvimento vão
desaparecendo, determinaram a mudança da sede dos capuchinhos para o local
sadio e farto onde, com o auxílio de índios do rio Trombetas, fundaram a aldeia
de Surubiú, hoje a próspera cidade de Alenquer. A denominação de Surubiú, dada
à nova aldeia vem do fato de ficar à margem do então rio Surubiú.

Em 1758, o povoado Surubiú foi elevado à categoria de vila, quando recebeu a


denominação de Alenquer, por determinação do Governador Capitão General
Francisco Xavier de Mendonça Furtado.

Alenquer foi elevada à categoria de cidade através da Lei nº 1.050, de 10 de junho


de 1881. Pela lei nº 1.145, de 29 de março de 1883, Alenquer foi elevada à
categoria de comarca.

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A B

Figura 15 - Fotos antigas do município de Alenquer: A) vista da cidade a partir do riu Surubiú –
maio de 1966; B) igreja Matriz de Santo Antônio – maio de 1966.

2.4.1.2. Acesso

O acesso ao município de Alenquer, a partir de Santarém, pode ser feito tanto


via fluvial, quanto terrestre. Via fluvial, há barcos de linha que fazem o percurso
diariamente e lanchas de diversa empresas. O acesso rodoviário pode ser feito
através da PA 255, a partir da localidade Santana do Tapará, após transbordo feito a
partir de Santarém por balsas.
2.4.1.3. População

Dados do censo demográfico do IBGE do ano de 2010 apontam que neste ano
o município de Alenquer possuía 52.626 habitantes. A estimativa realizada pelo IBGE
é que este número pode ter chegado a 56.480 habitantes em 2018. Entre 1991 e 2000,
a população cresceu 14% e no período de 2000 a 2010, esse crescimento foi de
20,8%.
No ano de 2010 a população de Alenquer distribuía-se da seguinte forma:
2,15% eram menores de 1 ano, 22,26% tinham entre 1 e 9 anos, 24,28% tinham entre
10 e 19 anos, 19,36% tinham entre 20 e 49 anos e apenas 15,73% tinham 50 anos ou
mais (IBGE, 2010).

Em 2010, 51,4% da população de Alenquer era composta por homens, ao


passo que 48,6% era formada por mulheres. Neste mesmo ano, a distribuição
percentual da população do município por situação do domicílio indicava que 52,7%
era urbana e 47,3% era rural (Tabela 12).

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Tabela 12 – População residente, total e respectiva distribuição percentual, por situação de domicílio e
sexo em 2010.

População residente
Total Distribuição percentual (%)
Situação do domicílio Sexo
Urbana Rural Homem Mulher
52.626 52,7 % 47,3% 51,4% 48,6%
Fonte: (IBGE, 2010)

2.4.1.4. Trabalho e Rendimento

Em 2016, o salário médio mensal no município de Alenquer era de 1,9 salários


mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de
4,9%. Na comparação com outros municípios do Estado, ocupava as posições 67 de
144 e 104 de 144, respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo,
ficava na posição 2.309 de 5.570 e 5.076 de 5.570, respectivamente. (IBGE,2018).

2.4.1.5. IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) de Alenquer é 0,564, tendo


como referência o ano 2010, o que situa esse município na faixa de Desenvolvimento
Humano Baixo (IDHM entre 0,500 e 0,599). A dimensão que mais contribui para o
IDHM do município é Longevidade, com índice de 0,779, seguida de Renda, com
índice de 0,529, e de Educação, com índice de 0,436.

Entre os anos de 2000 e 2010 o IDHM passou de 0,433 em para 0,564 em -


uma taxa de crescimento de 30,25%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a
distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido
em 76,90% entre 2000 e 2010. Nesse período, a dimensão cujo índice mais cresceu
em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,200), seguida por
Longevidade e por Renda (PNUD 2010).
Tabela 13 - Evolução do índice de Desenvolvimento Humano de Alenquer entre os anos 2000 e 2010.

IDHM e componentes 2000 2010


IDHM Educação 0,236 0,436
IDHM Longevidade 0,707 0,779
IDHM Renda 0,486 0,529
IDHM 0,433 0,564
Fonte: (PNUD, 2010)

2.4.1.6. PIB

O Produto Interno Bruto de Alenquer em 2015 foi de 513 milhões de reais, e o


seu PIB per capta foi de 9,3 mil reais neste mesmo ano. Os setores mais
representativos da economia são o de serviços e agropecuária, que representam
53,3% e 39% do PIB, respectivamente.

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Tabela 14 - PIB do município de Alenquer em 2015.

Atividade econômica Valor (R$) %


Agropecuária 200.205.810 39,0
Indústria 24.668.180 4,8
Serviços – exclusive administração, 97.983.060 19,1
defesa, educação e saúde públicas e
seguridade social.
Serviços – Administração, defesa, 175.310.740 34,2
educação e saúde públicas e seguridade
social.
Impostos 14.866.780 2,9
PIB a preços correntes 513.034.570 100
PIB per capta 9.385,58
Fonte: (IBGE, 2015)

2.4.1.7. Pecuária

Os dados mais atualizados referentes à pecuária em Alenquer são do ano de


2017 e aponta como destaque a criação de bovinos que somava 193.500 cabeças e
galináceos com 119.850 cabeças. Merece destaque também a produção relacionada
à aquicultura (tabela 15).
Tabela 15 - Pecuária no município de Alenquer em 2017.

Aquicultura Quantidade Valor da Produção


Alevinos 415 milheiros R$ 62.250,00
Tambacu, Tambatinga 5.500 Kg R$ 49.500,00
Tambaqui 21.500 Kg R$ 193.500,00
Bovinos* 188.400 cabeças
Bubalinos* 3.630 cabeças
Caprinos* 347 cabeças
Equinos* 6.783 cabeças
Galináceos* 119.850 cabeças
Mel de abelha 7.650 Kg R$ 191.000,00
Ovinos* 3.440 cabeças
Suínos* 6.650 cabeças
*Corresponde ao efetivo do rebanho em 31/12
Fonte: IBGE (2018)

2.4.1.8. Produção Agrícola (lavoura permanente).

Na produção agrícola, em 2017 o município de Alenquer teve uma produção de


33.193 toneladas (t) de culturas permanentes, destacando-se a banana, limão e açaí
com 4.775 t, 5.653 t e 4.547 t, respectivamente (Tabela 16). Além disso, houve ainda
a produção de 350.000 unidades de coco da baía, que somados aos demais produtos
geraram uma receita de R$ 33.193.000,00.

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Tabela 16 - Produção de culturas permanentes no município de Alenquer em 2017.

Cultura Quantidade (t) Receita (R$) Receita (%)


Banana 4.775 6.642.000 20,01
Limão 5.653 11.691.000 35,22
Laranja 3.999 3.126.000 9,42
Açaí 4.547 9.493.000 28,60
Cacau 209 1.672.000 5,04
Mamão 168 168.000 0,51
Maracujá 101 207.000 0,62
Goiaba 10 20.000 0,06
Coco da Baía 325.000* 174.000 0,52
Total 19.462 33.193.000 100
* A produção de coco da baía está em unidade e não foi contabilizada na produção final.
Fonte: IBGE (2017)

2.4.1.9. Produção Agrícola (lavoura temporária).

Com relação à produção de lavoura temporária, o destaque foi para a


mandioca, cuja produção em 2017 foi 170.000 t gerando uma receita de 59,5 milhões
de reais, o que corresponde a 85,9% da receita total gerada. Na sequência veio a
produção de milho com 7.500 t. As lavouras temporárias geraram uma receita de 69
milhões de reais em 2017 (tabela17).
Tabela 17 - Produção de culturas temporárias no município de Alenquer em 2017.

Cultura Quantidade (t) Receita (R$) Receita (%)


Mandioca 170.000 59.500.000 85,94
Milho 7.500 6.000.000 8,68
Melancia 1.250 1.477.000 2,13
Arroz 660 548.000 0,79
Feijão 516 1.227.000 1,77
Abacaxi 126.000* 252.000 0,36
Tomate 63 126.000 0,18
Cana de açúcar 525 105.000 0,15
Total 180.514 69.235.000 100
* A produção de abacaxi está em unidade e não foi contabilizada na produção final.
Fonte: IBGE (2017)

2.4.1.10. Extração vegetal

No extrativismo vegetal o principal produto que foi explorado no município de


Alenquer em 2017 foi o cumaru, cuja produção foi de 53 t, o que representou uma
receita de quase 2 milhões de reais ou 52,22% do total. Estes números demonstram
o seu alto valor de mercado, uma vez que o preço médio do quilo foi de,
aproximadamente, 35 reais. Outro importante produto foi a castanha-do-pará que teve
uma quantidade extraída de 520 t, gerando uma receita de 1,5 milhão de reais (Tabela
18).

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Tabela 18 - Produção do extrativismo vegetal no município de Alenquer em 2017.

Produto Quantidade (t) Receita (R$) Receita (%)


Cumaru 53 1.799.000 52,22
Castanha-do- 520 1.560.000 45,28
pará
Açaí 28 59.000 1,71
Castanha de caju 5 21.000 0,61
Copaíba 0* 6.000 0,18
Total 606 3.445.000 100
*Atribui-se zero aos valores onde, por arredondamento, os totais não atingem a unidade de medida.
Fonte: IBGE (2018)

Quanto à extração madeireira, os dados mais recentes no município de


Alenquer são do ano de 2016 e subdividiu-se em carvão vegetal, lenha e madeira em
tora. O carvão vegetal é quantificado em toneladas (t) e, neste caso, teve uma
produção de 19, gerando uma receita de R$ 38.000,00. Quanto à lenha, a produção
foi de 45.200 metros cúbicos e o valor alcançado foi de R$ 2.034.000,00. Já a madeira
em tora teve uma produção de 28.900 metros cúbicos e a receita foi de R$
3.335.000,00 (IBGE, 2016).

2.4.1.11. Educação

Os dados mais recentes relacionados à educação no município de Alenquer


são do ano de 2017 por conta do censo educacional realizado pelo INEP.

O número total de matrículas nesse ano no município foi de 15.915, sendo


2.173 no ensino pré-escolar, 12.950 no ensino fundamental e 2.692 no ensino médio.
Quanto às escolas, em 2017 havia em Alenquer um quantitativo de 265 (Ministério da
Educação, 2017), distribuídas entre os três níveis de ensino (Tabela 19).
Em comparação com as informações acima, em 2010 o número de matrículas
foi de 21.621 (Tabela 20), com destaque para o grupo com idade entre 7 e 14 anos
que correspondeu a 48,15% do total (IBGE, 2010).

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Tabela 19 - Número total de matrículas e de escolas no município de Alenquer em 2015.

Matrículas Quantidade Escolas Quantidade


Ensino Pré-escolar 2.173 Ensino Pré-escolar 125
Escola Pública 2.089 Escola Pública 122
Municipal Municipal
Escola Pública 0 Escola Pública 0
Estadual Estadual
Escola Privada 84 Escola Privada 3
Ensino 12.950 Ensino 137
Fundamental Fundamental
Escola Pública 11.120 Escola Pública 129
Municipal Municipal
Escola Pública 1.569 Escola Pública 5
Estadual Estadual
Escola Privada 261 Escola Privada 3
Ensino Médio 2.692 Ensino Médio 3
Escola Pública 0 Escola Pública 0
Municipal Municipal
Escola Pública 2.692 Escola Pública 3
Estadual Estadual
Escola Privada 0 Escola Privada 0
Fonte: Ministério da Educação (2017)

Tabela 20 - Pessoas que frequentavam escola ou creche por grupo de idade no município de Alenquer
em 2010.

Grupo de Idade Quantidade %


0 a 6 anos 4.308 19,93
7 a 14 anos 10.411 48,15
15 a 19 anos 4.288 19,83
20 anos ou mais 2.614 12,09
Total 21.621 100
Fonte: IBGE (2010).
2.4.1.12. Saúde

Em 2009 o município de Alenquer dispunha de oito estabelecimentos de saúde,


dos quais seis eram públicos e dois particulares. Apenas os estabelecimentos
particulares possuíam leitos, que somavam um total de 114 (IBGE, 2010). (IBGE,
2010). Ou seja, 2,2 leitos por grupo de 1000 habitantes, o que coloca o município com
o um nível de eficiência considerado médio para este quesito.

A taxa de mortalidade infantil média é de 22,08 para mil nascidos vivos.


(DATASUS 2014).

Já as internações devido a diarreias são de 0.1 para cada mil habitantes (IBGE,
2016). Comparado com todos os municípios do Estado, fica nas posições 22 de 144
e 139 de 144, respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas
posições são de 969 de 5570 e 4734 de 5570, respectivamente.
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2.4.2. Município de Monte Alegre

2.4.2.1. Localização

O município de Monte Alegre está localizado na mesorregião do baixo


Amazonas, na porção noroeste do Estado do Pará, na microrregião de Santarém. Está
distante 621 quilômetros de Belém. Possui uma área territorial de 18.152,559 km²
(IBGE, 2017).

2.4.2.2. História

As informações sobre a história do município de Monte Alegre aqui relatadas


foram extraídas da publicação “Enciclopédia dos Municípios Brasileiros” (IBGE, 1957),
conforme transcrição abaixo:
“No desenvolvimento da catequese, no início da colonização portuguesa no Pará,
aos religosos da Piedade foi entregue grande parte da zona da margem esquerda
do rio Amazonas, para a fundação de missões e reduções de índios, núcleos que
constituíram, em número avultado, as primitivas origens dos centros de população
da Amazônia.

É provável que o serviço de catequese tenha sido iniciado nas paragens, além do
rio Jarí, pelos religiosos da Piedade, que pertenciam à grande ordem fundada por
São Francisco de Assis, e que tiravam o seu nome da província religiosa
portuguesa a que pertenciam, antes de 1710, porquanto, o rio Jarí aos padres da
Companhia de Jesus, excluiu dele os religiosos das Mercês e da Piedade, que
naturalmente catequizavam já na margem esquerda do rio Amazonas.
A época precisa da fundação do núcleo que deu origem à atual sede do
município de Monte Alegre não é conhecida, havendo ficado a tradição de ter
sido criado pelos padres da Piedade com índios da aldeia de Gurupatuba,
situada à margem do rio do mesmo nome, transferidos para o lugar, em que
hoje assenta a cidade de Monte Alegre.
Constituída freguesia sob a invocação de São Francisco de Assis, foi elevada
a vila, por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, com a denominação de
Monte Alegre, nome tirado do aspecto topográfico em que assenta.
Estas notas, fornecidas por Ferreira Pena, não se acham, quanto à indicação da
ordem religiosa que primeiro missionou a aldeia de Gurupatuba, de acordo com
o relatório do Bacharel João Antônio Diniz da Cruz Pinheiro, que inspecionou as
missões da Amazônia, datado de 1751, no qual consta que aquela aldeia era
naquela data missionada pelos capuchos de São José, aliás pertencentes à
mesma ordem franciscana, porém, de outra província religiosa, podendo afirmar-
se que estes frades foram os seus fundadores.
Em execução à Lei de 6 de junho de 1755, Francisco Xavier de Mendonça
Furtado, governador e Capitão-General do Grão-Pará, na viagem que fez à Barra
do Rio Negro, em 1758, outorgou-lhe a categoria de vila em 27 de fevereiro desse
ano, fazendo-a instalar no mesmo dia com a sua presença.
Em 1873, a Lei provincial nº 772, de 5 de agosto, criou a comarca de Monte
Alegre.

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Em 1880, a Lei provincial nº 970, de 15 de março, conferiu à sede do município a
categoria de cidade.”

B C

Figura 16 - Fotos antigas do município de Monte Alegre: A) vista parcial de Monte Alegre –
década de 50; B) Fonte e piscina de água sulfurosa – década de 50; C) Igreja Matriz de São
Francisco – maio de 1966.

2.4.2.3. Acesso

O acesso ao município de Monte Alegre, a partir de Santarém, pode ser feito


tanto via fluvial, quanto terrestre. Via fluvial, há barcos de linha que fazem o percurso

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diariamente (confirmar esta informação e o tempo de viagem) e lanchas rápidas que
aportam na localidade de Santana do Tapará, sendo que o restante da viagem é feito
via terrestre em ônibus ou micro-ônibus a partir desta localidade. Outro meio de se
deslocar até Monte Alegre é através de balsas da empresa Camila Navegação e
Transportes, que também seguem até Santana do Tapará. Daí em diante, o acesso
se dá através da PA 255 até a zona urbana do município.

2.4.2.4. População

A população do município de Monte Alegre em 2010 era de 55.462 habitantes.


O IBGE estimou que em 2018 esse número aumentou para 56.900 pessoas

Entre 1991 e 2000, a população cresceu 2,6% e no período de 2000 a 2010 a


população diminuiu 9,6%, passando 61.334 para 55.462.

No ano de 2010 a população de Monte Alegre distribuía-se da seguinte forma:


7,6% tinham entre 0 e 3 anos de idade, 13,4% tinham entre 4 e 9 anos, 23,7% tinham
entre 10 e 19 anos, 39,3% tinham entre 20 e 49 anos e apenas 15,8% tinham 50 anos
ou mais (IBGE, 2010).

Em 2010, 51,4% da população de Monte Alegre era composta por homens, ao


passo que 48,6% era formada por mulheres. Neste mesmo ano, a distribuição
percentual da população do município por situação do domicílio indicava que 44,3%
era urbana e 55,7% era rural (Tabela 21).
Tabela 21 - População residente, total e respectiva distribuição percentual, por situação de domicílio e
sexo em 2010.

População residente
Total Distribuição percentual (%)
Situação do domicílio Sexo
Urbana Rural Homem Mulher
55.462 44,3 % 55,7% 51,4% 48,6%
Fonte: (IBGE, 2010)

2.4.2.5. Trabalho e Rendimento

Em 2016, o salário médio mensal no município de Monte Alegre era de 2,2


salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era
de 5,8%. Na comparação com outros municípios do Estado, ocupava as posições 24
de 144 e 84 de 144, respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo,
ficava na posição 1.080 de 5.570 e 4.689 de 5.570, respectivamente (IBGE, 2018).
2.4.2.6. IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano de Monte Alegre é 0,589, 2010, o que


situa o município na faixa de Desenvolvimento Humano Baixo (IDHM entre 0,500 e
0,599). A dimensão que mais contribuiu para o IDHM do município é Longevidade,

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com índice de 0,764, seguida de renda, com índice de 0,541, e de Educação, com
índice de 0,495.

Entre os anos de 2000 e 2010, o IDHM do município passou de 0,467 para


0,589, o que representa uma taxa de crescimento de 26,12%. O hiato de
desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM e o limite máximo do
índice, que é de 1, foi reduzido em 77,11% entre 2000 e 2010. Nesse período, a
dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com
crescimento de 0,222) seguida por Renda e por Longevidade. (PNUD 2010).
Tabela 22 - Evolução do índice de Desenvolvimento Humano de Monte Alegre entre os anos 2000 e
2010.

IDHM e componentes 2000 2010


IDHM Educação 0,273 0,495
IDHM Longevidade 0,744 0,764
IDHM Renda 0,502 0,541
IDHM 0,467 0,589
Fonte: (PNUD, 2010)

2.4.2.7. PIB

O Produto Interno Bruto de Monte Alegre em 2015 foi de 615,2 milhões de reais,
e o seu PIB per capta foi de 10,9 mil reais neste mesmo ano. Os setores mais
representativos da economia são o de serviços e agropecuária, que representam
53,4% e 37,7% do PIB, respectivamente.
Tabela 23 - PIB do município de Monte Alegre em 2015.

Atividade econômica Valor (R$) %


Agropecuária 232.315.810 37,7
Indústria 31.112.300 5,1
Serviços – exclusive administração, 129.928.940 21,1
defesa, educação e saúde públicas e
seguridade social.
Serviços – Administração, defesa, 198.301.660 32,3
educação e saúde públicas e
seguraidade social.
Impostos 23.556.950 3,8
PIB a preços correntes 615.215.660 100
PIB per capta 10.925,13
Fonte: (IBGE, 2015)
2.4.2.8. Pecuária

Os dados mais atualizados referentes à pecuária em Monte Alegre são do


ano de 2017 e aponta como destaque, assim como o município de Alenquer, a criação
de bovinos com um total de 236.968 cabeças. Destaca-se também a produção de
galináceos, que chegou a 91.500 cabeças, sendo que somente a criação de galinhas

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representa quase a metade deste total, com 42.850 cabeças. A produção voltada à
aquicultura também teve destaque em 2017. (tabela 24).
Tabela 24 - Pecuária no município de Monte Alegre em 2017.

Aquicultura Quantidade Valor da Produção


Pirarucu 1.250 Kg R$ 12.500,00
Tambacu, Tambatinga 15.500 Kg R$ 116.250,00
Tambaqui 20.200 Kg R$ 171.700,00
Bovinos* 236.968 cabeças
Bubalinos* 5.867 cabeças
Caprinos* 1.314 cabeças
Equinos* 4.300 cabeças
Galináceos* 91.500 cabeças
Mel de abelha 405 Kg R$ 12.000,00
Ovinos* 7.143 cabeças
Suínos* 11.200 cabeças
*Corresponde ao efetivo do rebanho em 31/12
Fonte: IBGE (2018).

2.4.2.9. Produção Agrícola (Lavoura permanente).

O município de Monte Alegre teve, em 2017, uma produção de 27.313


toneladas (t) de culturas permanentes, destacando-se o limão com 24.000 t, o que
representa 65 % da receita total. Em seguida vem a produção de banana com 1.800
t, correspondendo a 18 % da receita total (Tabela 25). Além disso, houve ainda a
produção de 735.000 unidades de coco da baía, que somados aos demais produtos
geraram uma receita de R$ 23.885.000,00.
Tabela 25 - Produção de culturas permanentes no município de Monte Alegre em 2017.

Cultura Quantidade (t) Receita (R$) Receita (%)


Limão 24.000 15.680.000 65,65
Banana 1.800 4.500.000 18,84
Laranja 800 800.000 3,35
Mamão 450 300.000 1,26
Cacau 81 432.000 1,81
Pimenta do reino 69 1.242.000 5,20
Tangerina 48 58.000 0,24
Açaí 42 98.000 0,41
Maracujá 14 29.000 0,12
Urucum 9 72.000 0,30
Coco da Baía 735.000* 674.000 2,82
Total 27.313 23.885.000 100
* A produção de coco da baía está em unidade e não foi contabilizada na produção final.
Fonte: IBGE (2018).

2.4.2.10. Produção Agrícola (Lavoura temporária).

Com relação aos produtos da lavoura temporária, o destaque foi para a


produção de mandioca, cuja produção em 2017 foi 51.000 t gerando uma receita de
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31 milhões de reais, o que corresponde a 54% da receita total gerada. Na sequência
veio a produção de milho com 29.250 t. As lavouras temporárias geraram uma receita
de 57,5 milhões de reais em 2017 (tabela 26).
Tabela 26 - Produção de culturas temporárias no município de Monte Alegre em 2017.

Cultura Quantidade (t) Receita (R$) Receita (%)


Mandioca 51.000 31.246.000 54,3
Milho 29.250 18.491.000 32,13
Feijão 600 1.778.000 3,09
Tomate 1.500 4.159.000 7,23
Melancia 1.375 1.187.000 2,06
Abacaxi 180.000* 483.000 0,84
Arroz 126 125.000 0,22
Amendoim 10 38.000 0,07
Cana de açúcar 240 36.000 0,06
Total 83.861 57.543.000 100
* A produção de abacaxi está em unidade e não foi contabilizada na produção final.
Fonte: IBGE (2018).

2.4.2.11. Extração Vegetal

No extrativismo vegetal, o principal produto que foi explorado no município de


Monte Alegre em 2017 foi o açaí, cuja produção foi de 65 t, o que representou uma
receita de quase 150 mil reais ou 77% do total. As oleaginosas, representadas no
município, principalmente, pelo óleo da copaíba e amêndoa do cumaru, teve uma
produção em 2017 de 1 t, aproximadamente, regando receita de 44 mil reais. (Tabela
27).
Tabela 27 - Produção do extrativismo vegetal no município de Monte Alegre em 2017.

Produto Quantidade (t) Receita (R$) Receita (%)


Açaí 65 150.000 77,32
Oleaginosos 1 44.000 22,68
Total 66 194.000 100
Fonte: IBGE (2018).

Quanto à extração madeireira, os últimos registros no município de Monte


Alegre referem-se ao de ano 2016. Subdividiu-se em carvão vegetal, lenha e madeira
em tora. O carvão vegetal é quantificado em toneladas (t) e, neste caso, teve uma
produção de 8 t, gerando uma receita de R$ 16.000,00. Quanto à lenha, a produção
foi de 22.500 metros cúbicos e o valor alcançado foi de R$ 1.125.000,00. Já a madeira
em tora teve uma produção de 34.320 metros cúbicos e a receita foi de R$
13.493.000,00. A balata (goma), que entre os anos 1930 e 1970 representou uma
importante fatia da economia deste município, também registrou em 2016 uma
produção de 2 toneladas, gerando uma receita de R$ 32.000,00. (IBGE, 2017)

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2.4.2.12. Educação

Os dados mais recentes relacionados à educação no município de Monte


Alegre são do ano de 2017 por conta do censo educacional realizado pelo INEP.

O número total de matrículas nesse ano no município foi de 18.285, sendo


2.127 no ensino pré-escolar, 12.696 no ensino fundamental e 3.462 no ensino médio.
Quanto às escolas, em 2017 havia em Alenquer um quantitativo de 246 (Ministério da
Educação, 2017), distribuídas entre os três níveis de ensino (Tabela 28).

Em comparação com as informações acima, em 2010 o número de matrículas


foi de 21.621 (Tabela 29), com destaque para o grupo com idade entre 7 e 14 anos
que correspondeu a 48,15% do total (IBGE, 2010).
Tabela 28 - Número total de matrículas e de escolas no município de Alenquer em 2017.

Matrículas Quantidade Escolas Quantidade


Ensino Pré-escolar 2.127 Ensino Pré-escolar 118
Escola Pública 2.040 Escola Pública 116
Municipal Municipal
Escola Pública 0 Escola Pública 0
Estadual Estadual
Escola Privada 87 Escola Privada 2
Ensino 12.696 Ensino 121
Fundamental Fundamental
Escola Pública 12.484 Escola Pública 119
Municipal Municipal
Escola Pública 0 Escola Pública 0
Estadual Estadual
Escola Privada 212 Escola Privada 2
Ensino Médio 3.462 Ensino Médio 7
Escola Pública 0 Escola Pública 0
Municipal Municipal
Escola Pública 3.462 Escola Pública 7
Estadual Estadual
Escola Privada 0 Escola Privada 0
Fonte: Ministério da Educação (2017)
Tabela 29 - Pessoas que frequentavam escola ou creche por grupo de idade no município de Alenquer
em 2010.

Grupo de Idade Quantidade %


0 a 6 anos 4.308 19,93
7 a 14 anos 10.411 48,15
15 a 19 anos 4.288 19,83
20 anos ou mais 2.614 12,09
Total 21.621 100
Fonte: IBGE (2010).

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2.4.2.13. Saúde

Em 2009 o município de Monte Alegre dispunha de 39 estabelecimentos de


saúde, dos quais 37 eram públicos e dois particulares. Apenas os estabelecimentos
públicos possuíam leitos, que somavam um total de 129 (IBGE, 2010). Ou seja, 2,2
leitos por grupo de 1000 habitantes, o que coloca o município com o um nível de
eficiência considerado médio para este quesito.

A taxa de mortalidade infantil média é de 16,51 para mil nascidos vivos


(DATASUS 2014).

Já as internações devido a diarreias são de 3.5 para cada 1.000 habitantes.


Comparado com todos os municípios do estado, fica nas posições 65 de 144 e 75 de
144, respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições
são de 1751 de 5570 e 1001 de 5570, respectivamente. (IBGE, 2017).
2.4.3. Aglomerados populacionais e suas atividades econômicas na FLONA de
Mulata e entorno.

Não há população residente no interior da Flona de Mulata. Toda a área contida


nos limites da unidade é pública e o processo de colonização em regiões mais
afastadas do rio Amazonas, ao norte dos municípios onde se localiza a UC,
principalmente Monte Alegre, começaram um tanto que tardiamente. Isso ocorreu
devido a fatores naturais do próprio relevo – montanhoso e acidentado – que impediu
o avanço antrópico ao longo do tempo. Outro fator limitante foram os rios da região,
haja vista a pouca navegabilidade dos mesmos (figura 17). Somente a partir da
primeira década deste século, começou ocorrer o avanço das frentes de ocupação.
Em 2005 foram criados dois assentamentos de reforma agrária, o Projeto de
Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso e Serra Azul, em Alenquer e Monte
Alegre, respectivamente.

Figura 17 - Cachoeira localizada no rio Curuá. Presença de cachoeiras, corredeiras e pedras


tornam imprópria a navegação nos rios Curuá, Cuminapanema e Maicuru. Essas características
contribuíram, ao longo do tempo, para impedir o avanço das frentes de
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Já no entorno, os principais aglomerados populacionais estão localizados no
PDS Paraíso, no limite sul da UC, e PDS Serra Azul, que se limita a leste. Em consulta
a página do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) na internet,
constatou-se que esses dois assentamentos possuem 846 moradores, sendo 584 no
PDS Paraíso e 262 no PDS Serra Azul. Dados socioeconômicos presentes no plano
de manejo da Flota Paru indicam que esses dois assentamentos possuem um total de
dez comunidades, sendo sete no PDS Paraíso e três no PDS Serra Azul (tabela 30).
Tabela 30 - Localidades do entorno da Flona de Mulata.

Localização Identificação

Paraíso

Benfica

Igarapé Preto

PDS Paraíso Serrinha

São José

Nacional

Bacabal

São Franciso

PDS Serra Azul Matona

Sagrada Família

Rio Maicuru Barragem


Também localizada no entorno, a comunidade denominada Barragem,
localizada mais ao sul, próxima ao rio Maicuru, separa-se da UC através deste rio.
Além do rio, ainda há uma distância de cerca de dois quilômetros até o limite da
unidade. Não temos dados a respeito do número de moradores desta comunidade.

Ainda no limite sul, na área que se localiza no município de Monte Alegre, há


diversas propriedades (pesquisar posteriormente sobre nomes de comunidades que
existem nessa área e inserir a informação na tabela 16) próximas. A parte mais ao sul
da Flona de Mulata dista, aproximadamente, 8 quilômetros da estrada PA 254

Em relação às atividades econômicas desenvolvidas nessas localidades, a


principal é a agricultura de subsistência, tendo em vista que a maior parte dos
moradores é formada por colonos. Em menor escala, pratica-se também a pecuária,
principalmente nas áreas do entorno mais ao sul, em áreas mais próximas a estrada
PA 254. Nas comunidades próximas aos rios, como a Barragem, a pesca também
ocorre como atividade complementar.
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Outra atividade, em caráter complementar, desenvolvida por essas
comunidades do entorno é o extrativismo de produtos não madeireiros,
principalmente, oleaginosas, como a castanha-do-pará (Bertholletia excelsa). No PDS
Paraíso, a ONG Imaflora desenvolve um trabalho voltado para as boas práticas da
cadeia produtiva, promovendo a certificação e garantindo mercado com preços mais
justos para castanha e cumaru. Dados do IBGE apontam que em 2016 a produção de
castanha-do-pará foi de 610 toneladas no município de Alenquer, gerando uma receita
de 1,2 milhão de reais.

Na Flona de Mulata a coleta é feita ao longo do rio Maicuru, tendo como


principal ponto de partida a comunidade da Barragem. Nos castanhais adjacentes ao
rio Maicuru, no entanto, tem chegado informações ao ICMBio que os mesmos têm
“donos”, mesmo aqueles localizados dentro da UC, e a coleta só pode ser realizada
mediante autorização dos mesmos e com pagamento de determinada porcentagem.
Com relação a isso, já foram realizadas reuniões com grupos de coletores no PDS
Paraíso e na Barragem, sendo que o órgão gestor já vem tentando regularizar essa
situação uma vez que, conforme já descrito mais acima, toda a área da Flona de
Mulata é pública.

Ainda com relação à castanha-do-pará, em 2017 houve uma alta repentina no


preço deste produto provocado pela queda na produção em quase toda a região
amazônica em função de intempéries climáticas, inclusive outros países como Peru e
Bolívia. Na calha norte paraense, aparentemente, não houve escassez. Áreas nas
quais antes não havia registro de coleta foram praticamente “invadidas” tanto por
moradores do entorno quanto por pessoas vindas de lugares mais distantes e até das
zonas urbanas dos municípios. Isso acorreu particularmente no município de Monte
Alegre em áreas da Floresta Nacional de Mulata e da Floresta Estadual do Paru,
sendo que a via de entrada se deu a partir do PDS Serra Azul. Em 2018, com a volta
do preço a patamares normais, a coleta nesses locais parece ter normalizado.
Importante esclarecer o caráter irregular desse episódio, por conta da coleta ter sido
realizada por pessoas que não a praticavam anteriormente, sendo que apenas a
questão do preço as levou a executar a atividade em 2017. Guardadas as devidas
proporções, foi como a descoberta de um novo garimpo que atrai muitas pessoas sem
qualquer ordenamento na produção. Em suma, não se pode considerar, neste caso,
que a castanha-do-pará seja parte da economia local, uma vez que ocorreu motivada
pelo fator preço e em áreas localizadas em unidades de conservação que exigem
determinados critérios para este tipo de atividade.

2.5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DA FLONA DE MULATA.

De acordo com o Art. 17, § 1º, da Lei nº 9.985/00, a categoria de unidade de


conservação Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que
dispõe a lei.

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A Floresta Nacional de Mulata foi criada por meio do Decreto Presidencial s/n
de 1º de agosto de 2001, com uma área, aproximada, de 212 mil hectares, sendo que
as terras contidas nos seus limites são de domínio da União, uma vez que estão
sobrepostas às glebas federais Cuminapanema, Santo Antônio das Gertrudes e
Mulata (PIC Monte Alegre). O parágrafo único do Artigo segundo do Decreto
mencionado acima estabelece que o INCRA deve repassar, por meio de cessão de
uso gratuito, o referido imóvel ao órgão gestor da unidade de conservação. Assim, o
total de área descrita no memorial descritivo do Decreto de criação da UC, que estão
sobrepostas às glebas mencionadas acima, devem ser repassadas ao ICMBio.

O acervo fundiário do INCRA, disponibilizado por meio do software i3Geo,


indica que a gleba Santo Antônio das Gertrudes está registrada em nome da
Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

Em relação á gleba Mulata, oficialmente a mesma não existe, pois não existe
matrícula. Seu perímetro está todo incluso na matrícula 1.625 do Projeto Integrado de
Colonização – PIC – Monte Alegre. A certidão de inteiro teor do registro deste imóvel
somente cita a denominação “gleba Mulata” em sua quinta averbação e segue citando
em algumas outras a partir de então (Certidão de inteiro teor do imóvel de matrícula
1.625 – Livro nº 3-E, folha 265). Portanto, a sobreposição se dá com o PIC Monte
Alegre.

A sobreposição com as glebas Cuminapanema e Santo Antônio das Gertrudes


foi identificada com o exame de informações do processo de verificação de limites da
Flona (02070.002681/2015-37), que ainda está em fase de análise, uma vez que o
Cartório do 1º Ofício da Comarca de Alenquer ainda não enviou ao ICMBio as
certidões de registro dessas duas glebas, apesar de reiteradas solicitações. Como as
mesmas já foram certificadas pelo INCRA, foi possível confirmar essas sobreposições.
Por outro lado, não há qualquer imóvel particular certificado pelo INCRA em áreas
dessas duas glebas onde as mesmas estão sobrepostas à Flona de Mulata. No
entanto, é necessário que se analise os registros cartoriais de ambas as glebas a fim
de constatar se houve qualquer averbação de terras contidas dentro da UC,
passando-as a particulares.

Mesmo sendo de domínio público, em 2016 foi feito um levantamento com base
nos dados disponibilizados pelo Cadastro Ambiental Rural – CAR- e foram
identificadas 15 (quinze) áreas total ou parcialmente sobrepostas às terras da Floresta
Nacional de Mulata. Diante desse fato, foram abertos processos administrativos para
cada uma dessas áreas com o objetivo de regularizar a situação fundiária das mesmas
em relação à Flona.

Desses processos, dois já finalizaram na esfera administrativa. Foram os que


mais demandaram esforços por parte da administração da UC por conta do tamanho
pleiteado em cada área, cerca de 2.500 hectares.

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Em relação às demais, a maioria delas são nos limites da Flona com o PDS
Serra Azul e trata-se, também em sua maioria, de casos com sobreposição parcial
com o território da UC.

Importante destacar que com a análise documental referente aos processos de


cada uma dessas quinze áreas com sobreposição com a Flona, verificou-se que
nenhum dos casos corresponde a propriedades e nem mesmo a posse, uma vez que
as pessoas em nome das quais estava o CAR não apresentaram quaisquer
documentos que as comprovassem. Portanto, em suma, trata-se de pretensão de
ocupação irregular das terras pertencentes à Floresta Nacional de Mulata, que são
públicas. A tabela 31 abaixo apresenta um resumo da situação individual de cada
área.
Tabela 31 -Processos administrativos referente às áreas sobrepostas à Flona ocupadas ou com
pretensão de ocupação por particulares.

Sobreposição
Referência
Número Interessado (a) Denominação Município Área (há) (total ou
da área
parcial)
Fazenda
RAIMUNDO
02173.000003/2 Jacaré
NONATO Monte
016-62 (Margem
ABREU Alegre/PA
esquerda do
NEVES*
rio Maicuru).
Fazenda
Agnoletto
02173.000004/2 (margem
ANTONIO 2.494,64
016-15 esquerda do Alenquer/PA CAR Total
AGNOLETTO
rio
Cuminapanem
a)
Fazenda
Caneppele
02173.000005/2 (margem
FÁBIO ENEIAS
016-15 esquerda do Alenquer/PA 2.593,64 CAR Total
CANEPPELE
rio
Cuminapanem
a)
Fazenda Boa
Esperança
02173.000007/2 (Rodovia PA
JAIR SOUZA Monte
016-41 254, Setor 06, 176,0186 CAR Parcial
VEIGA Alegre/PA
Serra Azul,
ramal do
Catitu)
Fazenda Deus
MANOEL Me Deu
02173.000008/2
CAETANO DOS (Estrada PA Alenquer/PA 649,3031 CAR Parcial
016-95
SANTOS 254, Ramal da
Barragem)
Fazenda
IVONE Gavião II
02173.000009/2
CORESMA DE (Ramal da Alenquer/PA 466,1237 CAR Parcial
016-30
BRITO Barragem km
70

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Fazenda Deus
Proverá
ELIVANE
02173.000010/2 (Rodovia PA Monte
MIRANDA DE 41,146 CAR Parcial
016-64 254, Setor 06, Alegre/PA
JESUS
Matona Serra
Azul)
Sítio Cabral
(Rodovia PA
02173.000011/2 ROBSON Monte
254, Serra 79,01 CAR Parcial
016-17 CARDOSO LUZ Alegre/PA
Azul, ramal do
Jiquitaia)
Sítio Deus
Proverá
02173.000012/2 FRANCISCO (Rodovia PA Monte
80,8039 CAR Parcial
016-53 DE SOUSA 254, Serra Alegre/PA
Azul, ramal do
Jiquitaia)
Sítio Doce
(Rodovia PA
MANOEL
02173.000013/2 254, Serra Monte
GOMES DO 41,4574 CAR Parcial
016-06 Azul, ramal Alegre/PA
NASCIMENTO
Pico do
Jacaré)
Sítio Gomes
EDISIONEI DO (Rodovia PA
02173.000014/2 Monte
NASCIMENTO 254, Serra 92,0959 CAR Parcial
016-42 Alegre/PA
GOMES Azul, Baixão
Jiquitaia)
Sítio Oliveira
(Rodovia PA
MARCILENE
02173.000015/2 254, Setor 06, Monte
BARBOSA 40,92 CAR Parcial
016-97 Serra Azul, Alegre/PA
TAVARES
ramal do
Jiquitaia)
Sítio Santo
Antônio
(Rodovia PA
GRACIANO
02173.000016/2 254, vicinal do Monte
VIEIRA DA 58,89 CAR Total
016-31 setor 06, Serra Alegre/PA
SILVA
Azul, ramal do
Pico do
Jacaré)
Sítio São José
(Rodovia PA
02173.000017/2 ALDO LEITE 254, Setor 06, Monte
84,3 CAR Parcial
016-86 DA COSTA Serra Azul, Alegre/PA
ramal do
Jiquitaia)
Sítio São
Raimundo
RAIMUNDO (Rodovia PA
02173.000018/2 Monte
NONATO DOS 254, Setor 06, 79,01 CAR Parcial
016-21 Alegre/PA
SANTOS Serra Azul,
Matona Serra
Azul)
*Não há informações sobre tamanho da área, pois o interessado não respondeu aos pedidos de envio de
documentos e não há cadastro ambiental rural.

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3. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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