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DISCIPLINA: PRÁTICA III (TRABALHISTA)

Professora: Leila Castro


Aluno: Isabela
Matrícula: xxx

PEÇA 04 (10H)

AO JUÍZO DA 80ª VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ – MATO GROSSO

PROCESSO Nº: 1000/2018

TECELAGEM FIO DE OURO S.A., já qualificada na petição inicial, vem


respeitosamente face à Vs. Exelência, por intermédio de seu advogado (procuração
consta em anexo), com escritório profissional locado na rua xxxxxx, nº: xxx, no bairo:
xxxxxxx, Cuiabá – MT, onde recebe intimações e notificações, em face aos artigos 847
da CLT, e 335, 336 e seguintes do CPC, aplicados supletiva e subsidiariamente ao
processo, conforme impõe o art. 769 da CLT e art. 15 do CPC, apresentar
CONTESTAÇÃO à Reclamação Trabalhista movida por JOANA DA SILVA, em
15/10/2018, qualificada nos autos do processo, pelos fatos e fundamentos de direito que
a seguir passa a expor:

1. PRELIMINARMENTE
1.1. Inépcia da inicial – Ausência de causa de pedir – Adicional de periculosidade.

Na petição inicial, a reclamante solicita adicional de periculosidade, porém sem


apresentar nenhuma prova ou fundamento que amparem sua solicitação.

INÉEPCIA DA INICIAL. AUSÊNCIA DE CAUSA DE PEDIR. Em fulcro do art. 840,


inc. 1 da CLT, in verbis:

Art. 840 – A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das


partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser
certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
de ser representante.
Em face ao exposto, um dos requisitos da petição inicial é uma breve exposição dos
fatos que resultaram o litígio, sendo vedada a reclamação desprovida da causa de pedir.
Desta forma, a reclamante será considerada inepta, conforme o art. 330, § 1º, inc. I, do
CPC, em força do art. 769 da CLT.
Logo, requiro a extinção do processo sem resolução do mérito quanto a este pedido,
fundamentado nos artigos 485, Inc. I, e 337, Inc. IV, e art. 330, § 1º, Inc. I, do CPC.

2. PREJUDICIAL DE MÉRITO

2.1. Prescrição Quinquenal Parcial

O contrato entre as partes se iniciou no dia 10/05/2008 a 29/09/2018, Contudo, a


reclamação trabalhista foi ajuizada em 15/10/2018, decorrendo mais de 10 (dez) anos,
ultrapassando o período prescricional de 5 (cinco) anos, configurando portanto
prescrição quinquenal parcial, a partir do dia 15/10/2013.

Em face ao exposto, requiro o acolhimento da prescrição quinquenal parcial, para todos


os pedidos anteriores à data de prescrição (15/10/2013), como determinado pelo art. 7º,
inc. XXIX, da Constituição Federal, bem como o art. 11 da CLT, e Súmula 308, I, TST.

3. DO MÉRITO

3.1. Da Inexistência De Dano Moral / Doença Profissional.

No texto da petição inicial consta a alegação de doença profissional por parte da


reclamante, que anexou laudos de exames de ressonância magnética da coluna vertebral,
que diagnosticavam doença degenerativa.
Em face do Art. 20, § 1º, da Lei 8.213/91, claro ao determinar que doenças
degenerativas são resultado de lesões nas células, portanto, não caracterizando doença
de trabalho.
Diante ao exposto, requiro que seja julgado como improcedente o pedido de
indenização por dano moral, proveniente de doença profissional.
3.2. Da não integração do plano odontológico

Na peça exordial, a reclamante solicita a integração do plano odontológico como salário


utilidade, contudo, o benefício disponibilizado pela empresa reclamada, não está
caracterizado como prestação ou assistência elegível a ser incluída no salário utilidade,
como determinado pelo art. 458, caput, da CLT. Ainda, o art. 458, § 2º, inc. IV, e § 5º
da CLT, não permite que planos ou assistência odontológica seja considerada como
salário do empregado.

Portanto, requiro que seja julgado como improcedente o pedido da Reclamante, em face
do Art. 458, § 2º, inc. IV, e § 5º da CLT.

3.3. Do não cabimento do pagamento de cesta básica.

A reclamante solicita pagamento das cestas básicas referentes aos meses de agosto e
setembro de 2018, direito adquirido pela convenção coletiva. Juntando cópia da
convenção coletiva, que teve vigência entre 1º de Julho de 2016 a 1º de Julho de 2018,
embora sem apresentar nova convenção coletiva sobre o pagamento de cesta básica aos
colaboradores, requere com base na prorrogação automática da convenção.
No entanto, a reclamada arcou com o pagamento das cestas básicas durante a vigência
da convenção coletiva. No entanto, a interrupção do pagamento do benefício é
amparada pelo art. 614, § 3º da CLT, que dispõe sobre a proibição de convenção ou
acordo coletivo por mais de 2 (dois) anos, sendo vedada a ultratividade.
Por isso, requiro que seja julgado como improcedente o pedido da reclamada, em face
do artigo exposto, visto que a reclamada agiu conforme a lei trabalhista vigente.

3.4. Do não cabimento de horas extras

Na reclamação inicial, há a solicitação do direito ao pagamento de 2 (duas) horas extras,


que alega serem devidas pelo tempo disponibilizado na participação em cultos
ecumênicos por 2 (duas) vezes na semana, que durava cerca de uma hora cada.
Apresentando como prova, uma circular da empresa que informava aos empregados
sobre a possibilidade de participar de um culto na empresa, que acontecia diariamente
após o término do expediente. Tal prova não é contundente, uma vez que nada
demonstra a obrigação de participação por parte dos funcionários, que tinham
autonomia para decidir se participavam ou não. Além do evento ser realizado após o
horário de trabalho, não caracterizando, portanto, coação.
Em face do caráter facultativo do evento, este não pode ser caracterizado como tempo à
disposição do empregador, em fulcro do art. 4º, § 2º, inc. I da CLT.
Mediante ao artigo exposto, requiro que seja julgado como improcedente o pedido da
Reclamante.

3.5. Da inexistência de coação.


A Reclamante solicita anulação do pedido de demissão, alegando coação por parte da
reclamada, que como relata a reclamante, a teria ameaçado de justa causa, caso não
solicitasse sua própria demissão.
Entretanto, anexa seu pedido de demissão, escrito de próprio punho, com a quitação dos
direitos da ruptura considerando um pedido de demissão, afasta a hipótese de coação.
Cabendo, portanto, o ônus da prova, em relação à coação moral declarada à reclamante.
Uma vez que em face ao documento escrito à próprio punho, deve comprovar suas
alegações, que não estão incisas no documento. Conforme o art. 818, inc. I, da CLT e
art. 373, inc. I do CPC.
Mediante a isto, requer que seja julgado como improcedente o pedido da Reclamante,
em face ao artigo exposto.

3.6. Da inexistência de acúmulo de função.

A reclamante alega acúmulo de função, declarando que fora contratada para o cargo de
cozinheira, contudo realizava durante todo seu vínculo empregatício, o preparo de
alimentos dos funcionários, bem como realizava a função de servi-los, caracterizando a
função de garçom.
Contudo, a suposta segunda função declarada pela reclamante é compatível com o cargo
profissional exercido, portanto não há o que se falar sobre acúmulo de função.
O artigo 456, parágrafo único da CLT, determina que a inexistência de cláusula
expressa ou falta de prova, será compreendido como serviço compatível com a condição
pessoal do empregado.
Sendo assim, requiro pelo julgamento da improcedência do pedido da Reclamante, em
face o ordenamento legal exposto.

4. DOS PEDIDOS

Mediante ao exposto, venho de maneira extremamente respeitosa perante Vossa


Excelência, para requerer:

a) Acolhimento da preliminar de inépcia;


b) Pronúncia da prescrição;
c) Improcedência dos demais pedidos;
d) Protesto por provas;
e) Honorários advocatícios sucumbenciais (Art. 791 - A, CLT)

Nestes termos, peço deferimento.


Cuiabá/MT, em 08 de novembro de 2018

Isabella Da Conceição Moura


OAB: xxxxxxxx

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