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Potencial Elétrico

Cap 29: Potencial Elétrico


Potencial e Campo Elétrico
O Potencial Criado por uma carga Puntiforme
Várias Cargas Puntiformes
O Potencial Produzido por um dipolo
Energia Potencial Elétrica
O cálculo de 𝑬 a partir de 𝑽
Um condutor Isolado

Professor: Luciano Rodrigues da Silva


luciano@física.ufrn.br

Assistente: Rennan Gleyson Sousa de Sá


gssrenn@gmail.com
Potencial Elétrico
• Existem duas maneiras de descrever o campo elétrico: através do vetor 𝐸 ou através do escalar potencial elétrico V.

 Uma vez que tenha 𝐸 podemos calcular V (ou o contrário).

• A escolha de 𝑬 ou de V para descrever o campo elétrico depende da conveniência do problema.


Potencial Elétrico
• A diferença de potencial elétrico entre dois pontos é definida como:

𝑊𝐴𝐵
𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 ≡
𝑞0

• Para achar a diferença de potencial elétrico entre dois pontos, A e B, de um


campo elétrico, desloca-se uma carga de prova 𝑞0 desde A até B, mantendo-a
sempre em equilíbrio, e mede-se o trabalho 𝑊𝐴𝐵 realizado pelo agente externo
que movimenta a carga.

• O trabalho 𝑊𝐴𝐵 pode ser:

a) Positivo

b) Negativo

c) Nulo
Deslocamento de uma carga de prova no campo elétrico.
Potencial Elétrico
𝑊𝐴𝐵
𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 ≡ (J/C)
𝑞0

• Muitas vezes colocamos o ponto A no infinito e associamos a A o valor 𝑽𝑨 = 0.


Isto porque o importante é a variação de potencial e não o valor em A.

𝑊𝐴𝐵
 Assim a 𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = , se reduz a:
𝑞0

𝑊
V=
𝑞0

 W é o trabalho realizado por um agente externo para trazer a carga de prova 𝑞0 do infinito até o ponto considerado
(ponto B). Portanto, V > 0 próximo de uma carga q > 0, e negativo caso contrário.
Potencial Elétrico
• Uma carga de prova 𝑞0 é deslocada de A para B, no campo criado pela carga q , ao longo de duas trajetórias diferentes.
As setas de pontas brancas representam o campo E em três pontos da trajetória II.

 O trabalho para levar a carga 𝑞0 pelo caminho I ou pelo caminho II é o mesmo, ou seja, o
trabalho independe do caminho, portanto, V é uma variável de estado.

• Este caso é similar ao que ocorre com o campo gravitacional.


Potencial Elétrico
• O potencial V é uma variável de estado.

caso elétrico
caso gravitacional

𝑊𝐴𝐵 𝐹 𝑑 𝑚0 𝑔 ℎ𝐵 − ℎ𝐴
 Para o caso gravitacional: 𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = = = = 𝑔 ∆ℎ
𝑚0 𝑚0 𝑚0
Potencial Elétrico
• Chama-se superfície equipotencial ao lugar geométrico dos pontos que tem o mesmo potencial elétrico.

• Nenhum trabalho é realizado no deslocamento de uma carga de prova entre dois pontos de uma mesma superfície
equipotencial. Portanto o campo é perpendicular à superfície equipotencial.
Potencial Elétrico
Exemplo 1 - a: Considere a situação a seguir (E é constante), a força elétrica que atua na carga 𝑞0 é igual a 𝑞0 𝐸, apontando
para baixo, de modo que, para movimentá-la na forma descrita é preciso compensar essa força através da aplicação de uma
força externa 𝐹 , de mesmo módulo, dirigida para cima. O trabalho realizado por essa força é:

• Com: 𝐹𝑒 = 𝐹

• Teremos:
𝑊𝐴𝐵 = 𝐹𝑒 ∙ 𝑑 = 𝐹𝑒 𝑑 cos 𝜃

𝑊𝐴𝐵 = 𝐹𝑒 𝑑 cos (0°) = 𝑞0 𝐸 𝑑


 Logo:

𝑊𝐴𝐵
𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = =𝐸𝑑
𝑞0 Deslocamento de uma carga 𝑞0 ao longo de um campo elétrico uniforme.
Potencial Elétrico
• Caso mais geral (E não é constante): uma carga de prova positiva 𝑞0 é deslocada, desde A até B, num campo elétrico não
uniforme, por um agente externo que sobre ela exerce uma força 𝑭.

• Como o campo elétrico exerce uma força 𝒒𝟎 𝑬 sobre a carga, o agente


externo deve fazer uma força exatamente igual −𝒒𝟎 𝑬 para que não haja
aceleração sobre a carga de prova.

Deslocamento de uma carga q ao longo de um campo


elétrico não uniforme.
Potencial Elétrico
• O trabalho elementar dW realizado sobre uma carga de prova 𝑞0 por uma força externa durante um deslocamento 𝐝𝒍 é
dado por:

𝐵 𝐵
dW = 𝐹 ∙ 𝑑𝑙 𝑊𝐴𝐵 = 𝐹 ∙ d𝑙 = −𝑞0 𝐸 ∙ d𝑙
𝐴 𝐴

𝐵
𝑊𝐴𝐵
𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = =− 𝐸 ∙ d𝑙
𝑞0 𝐴

 Portanto,
𝑩
𝑽𝑩 − 𝑽𝑨 = − 𝑬 ∙ d𝒍
𝑨
Potencial e Campo Elétrico
Exemplo 1 - b: Determine VB - VA, conforme o caminho na figura abaixo. Comparar o resultado com o obtido pela análise direta
deste caso particular (E constante).

𝐵 𝐵

𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = − 𝐸 ⋅ 𝑑𝑙 = − 𝐸 𝑑𝑙 cos 180°
𝐴 𝐴

𝐵 𝐵

𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = 𝐸 𝑑𝑙 = 𝐸 𝑑𝑙 = 𝐸𝑑
𝐴 𝐴
Potencial e Campo Elétrico
Exemplo 2: Uma carga de prova q0 é deslocada sem aceleração, do ponto A ao ponto B, seguindo o caminho indicado na
figura a seguir. Calcular a diferença de potencial entre A e B.

𝑉𝐵 − 𝑉𝐶 = 0

• No trajeto de A até C, θ =135º, assim temos que:

𝐶 𝐶

𝑉𝐶 − 𝑉𝐴 = − 𝐸 ⋅ 𝑑𝑙 = − 𝐸 𝑑𝑙 cos 135°
𝐴 𝐴

𝐶
𝐸 2
𝑉𝐶 − 𝑉𝐴 = 𝑑𝑙
2
𝐴

𝐸 2
𝑉𝐶 − 𝑉𝐴 = 2𝑑 = 𝐸𝑑
2
Potencial e Campo Elétrico
Exemplo 2: Uma carga de prova q0 é deslocada sem aceleração, do ponto A ao ponto B, seguindo o caminho indicado na
figura a seguir. Calcular a diferença de potencial entre A e B.

• No Trajeto de C a B, teremos que como 𝑬 e 𝐝𝒍 são


perpendiculares entre si para todos os pontos do segmento
CB, o trabalho realizado neste percurso é nulo, logo:

𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = 𝑉𝐶 − 𝑉𝐴

𝑽𝑩 − 𝑽𝑨 = 𝑉𝐵 − 𝑉𝐶 + 𝑉𝐶 − 𝑉𝐴 = 𝑬𝒅

Como verificamos no Exemplo 1.

• Mas uma vez vemos que o trabalho, e portanto a diferença de


potencial, independe do caminho.
O Potencial Criado por uma carga Puntiforme
• Carga de prova 𝑞0 é deslocada de A até B, no campo produzido pela carga q > 0.

𝐵
𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = − 𝐸∙ d𝑙 com 𝐸 ∙ d𝑙 = E d𝑙 cos 180° = −E d𝑙
𝐴

• Sendo d𝑙 = −dr 𝐸 ∙ d𝑙 = E dr

𝐵 𝐵 𝑟𝐵
• Logo 𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = − 𝐸 ∙ 𝑑𝑙 = − −E d𝑙 = 𝐸 (−𝑑𝑟)
𝐴 𝐴 𝑟𝐴
𝒓𝑩
𝑽𝑩 − 𝑽𝑨 = − 𝑬 𝒅𝒓
𝒓𝑨

1 𝑞
• Com 𝐸=
4 𝜋𝜀0 𝑟 2

𝑟𝐵 𝑟𝐵
𝑞 𝑑𝑟 𝑞 (𝑟)−2+1
• Substituindo e integrando 𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = − 2
=−
4 𝜋𝜀0 𝑟𝐴 𝑟 4 𝜋𝜀0 (−2 + 1) 𝑟𝑎
O Potencial Criado por uma carga Puntiforme

𝑟𝐵
1 𝑑𝑟 𝑞 1 1
𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = − 2
= −
4 𝜋𝜀0 𝑟𝐴 𝑟 4 𝜋𝜀0 𝑟𝐵 𝑟𝐴

• Escolhendo a posição de referência A no infinito


(isto é, fazendo 𝑉𝐴 = 0 para 𝑟𝐴 → ∞ ) e
abandonando o uso do índice B, temos:

𝟏 𝒒
𝑽(𝒓) =
𝟒 𝝅𝜺𝟎 𝒓
O Potencial Criado por uma carga Puntiforme
Exemplo 3: Qual deve ser o valor de uma carga puntiforme positiva e isolada para que o potencial a 10 cm da mesma seja
igual a 100 V?

𝑞 = 𝑉4 𝜋𝜀0 𝑟 = 100 4 𝜋𝜀0 0,10

C 2
• Com 𝜀0 = 8,854 x 10−12
N 𝑚2
r

∴ 𝑞 = 1,1 × 10− 9 𝐶
O Potencial Criado por uma carga Puntiforme
Exemplo 4: Qual o potencial elétrico na superfície de um núcleo de ouro? O raio do núcleo é de 6,6x10-15 m, e o número
atômico Z = 79. (Supondo um núcleo esfericamente simétrico, comportando-se para pontos externos como se fosse uma carga
puntiforme.)

𝟏 𝒒 𝟏 𝟕𝟗 (𝟏, 𝟔 𝒙𝟏𝟎−𝟏𝟗 )
• Seja o Potencial elétrico para uma carga puntiforme: 𝑽= =
𝟒 𝝅𝜺𝟎 𝒓 𝟒 𝝅𝜺𝟎 6,6 x 10−15

• Logo: 𝑽 = 𝟏, 𝟕 𝐱 𝟏𝟎𝟕 𝐕
O Potencial Criado por várias cargas Puntiformes
• O potencial num ponto qualquer devido a um conjunto de cargas puntiformes
(distribuição discreta) é calculado da seguinte maneira:

a) Calcula-se o potencial 𝑉𝑁 produzido por cada carga 𝑞𝑁 .


b) Soma-se todos os potenciais assim obtidos (princípio da superposição).

Logo:
1 qn
𝑉= n 𝑉n = nr
4 πε0 n

• Se em vez de um conjunto puntiforme tivermos uma distribuição


contínua de cargas a soma se converte numa integral:

1 𝑑𝑞
𝑉= 𝑑𝑉 =
4 πε0 𝑟
Várias cargas Puntiformes
Exemplo 5: Qual o valor do potencial no centro do quadrado da figura abaixo? Suponha que q1 = 1,0 x 10-8 C, q2 = -2,0 x 10-8 C,
q3 = 3,0 x 10-8 C, q4 = 2,0 x 10-8 C e a = 1,0 m.

1 q1 + q 2 + q 3 + q 4
𝑉= 𝑉n =
4 πε0 𝑟
n

2
• Com r=a
2

∴ V = 500 V
Distribuição contínua de Carga
Exemplo 6: Disco Carregado. Calcular o potencial elétrico nos pontos do eixo de um disco uniforme carregado com uma
densidade superficial de carga σ.

# Seja um elemento de carga dq de uma coroa circular de raio interno y e largura dy.
𝑞 𝑞
• Com: 𝜎= = 𝑑𝑞 = 𝜎 𝑑𝐴 𝑑𝑞 = 𝜎 2𝜋𝑦 𝑑𝑦
𝐴 𝜋 𝑎²

• Todos os elementos da coroa estão a uma mesma distância r ′ = 𝑦2 + 𝑟2


do ponto P, de modo que:

1 𝑑𝑞 1 𝜎 2𝜋𝑦 𝑑𝑦
𝑑𝑉 = =
4 πε0 𝑟′ 4 πε0 𝑦 2 + 𝑟 2

• Sendo: 𝑎
𝜎 2
𝑉= 𝑑𝑉 = 𝑦 𝑑𝑦
4ε0 𝑦2 + 𝑟2
0
Distribuição contínua de Carga
• Resolvendo a integral: 𝑎
𝜎 2
𝑉= 𝑦 𝑑𝑦
4𝜀0 𝑦2 + 𝑟2
0

• Por substituição: 𝑢 = 𝑦2 + 𝑟2 𝑑𝑢 = 2𝑦𝑑𝑦

1
−2+1
• Logo: 𝜎 𝑑𝑢 𝜎 𝑢 𝜎 𝑢
𝑉= 𝑉= =
4𝜀0 𝑢 4𝜀0 (− 1 + 1) 4𝜀0 (1)
2 2

• Retomando para y:

𝜎
𝑎 𝝈
𝑉=
2𝜀0
𝑦2 + 𝑟2
0
∴ 𝑽=
𝟐𝜺𝟎
( 𝒂𝟐 + 𝒓𝟐 − 𝒓)
Distribuição contínua de Carga
• Resultado para um r qualquer. 𝝈
𝑽= ( 𝒂𝟐 + 𝒓𝟐 − 𝒓)
𝟐𝜺𝟎

• No caso de r >> a, façamos uma aproximação. Pela expansão de Taylor temos:

1/2
2 2 1/2
𝑎2 1 𝑎2 𝑎2
(𝑎 + 𝑟 ) = r 1 + 2 = r 1+ 2
+⋯ ≅𝑟+
𝑟 2𝑟 2𝑟

𝜎 𝑎2 𝜎𝜋𝑎2 1 𝑞
• Logo temos que : 𝑉 ≅ 𝑟+ −𝑟 = =
2𝜀0 2𝑟 4 πε0 𝑟 4 πε0 𝑟

 Onde q = 𝜎𝜋𝑎2 carga total do disco.

 Vemos assim que para r >> a o disco se comporta como se fosse uma carga puntual.
O Potencial Produzido por um Dipolo
• O momento P do dipolo elétrico é um vetor de modulo igual a 2aq. Vamos deduzir o potencial elétrico produzido pelo dipolo
no ponto P, desde que este esteja suficientemente afastado (r >> a).

• Vamos deduzir a função V(r, θ) para qualquer ponto do plano que contenha o eixo z,
como na imagem a seguir. Partindo de:
1 𝑞 𝑞 q 𝑟2 − 𝑟1
𝑉= 𝑉n = 𝑉1 + 𝑉2 = − =
4 πε0 𝑟1 𝑟2 4 πε0 𝑟1 𝑟2
n

• Suponhamos agora que r >> 2a. Fazendo as devidas aproximações temos:

𝑟2 − 𝑟1 ≅ 2 𝑎 cos 𝜃 q 2 𝑎 cos 𝜃 𝟏 𝒑 𝐜𝐨𝐬 𝜽


• Portanto: 𝑉= =
4 πε0 𝑟2 𝟒 𝛑𝛆𝟎 𝒓𝟐
𝑟2 𝑟1 ≅ 𝑟 2

 Para 𝜃 = 90° temos que V = 0, ou seja, não se realiza trabalho para trazer uma
carga do infinito ao longo da mediatriz da reta que passa pelo dipolo.

 Assim como V é máximo para 𝜃 = 0, e mínimo para 𝜃 =180°.


O Potencial Produzido por um Dipolo
• Aplicação: representação esquemática de uma molécula de água mostrando a orientação do seu momento de dipolo
O Potencial Produzido por um Dipolo
𝒑
O Potencial Produzido por um Dipolo
Exemplo 7: Quadrupolo Elétrico. A Figura a seguir é um exemplo de quadrupolo, constituído por dois dipolos elétricos
dispostos de tal maneira que seus efeitos quase se cancelam para pontos muitos distantes. Calcule o potencial V(r) para
pontos do eixo do quadrupolo.

• Uma vez que: 𝑉= 𝑉n = 𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 + 𝑉4


n

• Então

1 𝑞 2𝑞 𝑞 q 2𝑎2
𝑉= − + 𝑉=
4 πε0 𝑟 − 𝑎 𝑟 𝑟+𝑎 4 πε0 𝑟 𝑟 − 𝑎 (𝑟 + 𝑎)

𝟏 𝑸
• Portanto, supondo agora r >>a, teremos: 𝑽=
𝟒 𝛑𝜺𝟎 𝒓𝟑

 Onde Q = 2qa², sendo este o conhecido momento de quadrupolo elétrico.


O Potencial Produzido por um Dipolo
• Observações: note as diferentes dependências de V com a distancia:
1 1
a) Para uma carga puntiforme: 𝑉 𝑟 ≈ d) Para um octupolo elétrico: 𝑉 𝑟 ≈
𝑟 𝑟4

1
e) Para um hexadecapolo 𝑉 𝑟 ≈
1 𝑟5
b) Para um dipolo elétrico: 𝑉 𝑟 ≈
𝑟2

1
c) Para um quadrupolo elétrico: 𝑉 𝑟 ≈
𝑟3

dipolo elétrico
quadrupolo elétrico
carga puntiforme
Bons
Um condutor isolado Bons Estudos
Estudos

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