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À GLORIA DO G.’.A.’.D.’.U.’.

A.’.R.’.L.’.S.’. ESTRELA DO NORTE – N°04

RUY BARBOZA

A QUINTESSÊNCIA NO GRAU DE
COMPANHEIRO

CASTANHAL-PA
2016
RUY BARBOZA

A QUINTESSÊNCIA NO GRAU DE
COMPANHEIRO

Trabalho de Conclusão de Grau de Comp.’.


Maçom apresentado à A.’.R.’.L.’.S.’. Estrela do
Norte n°04 como requisito para a obtenção do
Aumento de Salário sob a orientação do M.’.
Emerson Aníbal Martins

CASTANHAL-PA
2016
A QUINTESSÊNCIA NO GRAU DE COMPANHEIRO

Emerson Aníbal Martins


Ruy Barboza

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo filtrar o conceito de Quintessência no grau de


Companheiro, dissecando-o de modo a confrontar seus muitos significados, procurando
demonstrar de forma inequívoca a finalidade de sua manifestação à luz do grau dois. Bem
como trazer a significação dos símbolos que a representam dentro da maçonaria, dissolvendo
as névoas da ignorância, com o fito de esclarecer como a Quintessência influencia a nossa
existência.

Palavras-chave: Quintessência, Ternário, Quaternário, Sentidos, Elementos.


1. INTRODUÇÃO
Tudo quanto existe deve ser dual em sua natureza, trino em sua
manifestação e quaternário para sua realização. O quaternário e os quatro
elementos são os princípios pelos quais toda a matéria se manifesta. Porém,
se o quaternário não se unisse ao quinto, que representa a vida, toda
materialização morreria, de modo que é necessário unir uma quintessência aos
quatro elementos para dar-lhes vida e movimento.
Essa quintessência ou quinário representa a aspiração, o alento que mantém a
vida no criado; daí a ideia de que todo o animado se mantém por efeito do
anélito. O próprio ser manisfesta-se pelo alento que dá ação à vida. De modo
que o alento ou respiração é o meio que une o Espírito Divino ao Corpo
Material, assim como o homem une Deus com a natureza.
O homem é quinário, pois possui os quatro elementos e um espírito que,
por seu alento, vivifica os quatro. O Ser manifesta-se unicamente através da
ação, por esse motivo, não agir equivale a não existir, porque aquele que
existe, existe em perpétuo trabalho. Podemos então dizer, que o quinto
elemento, superior aos outros quatro, nos faz passar do quaternário ao
quinário, ou seja; do domínio da matéria ao da vida e da inteligência.
Portanto, a finalidade precípua deste ensaio, não é outra senão,
demonstrar o triunfo que diferencia o Aprendiz do Iniciado Definitivo.

2. OS CINCO ELEMENTOS E OS CINCO SENTIDOS


O alento da vida chamado “Prana” manifesta-se em cinco elementos,
“Tatvas”, cada um dos quais atua em uma parte do corpo humano:
1º) Prithivia (terra), que influi dos pés até os joelhos.
2º) Apas (água), que influi dos joelhos ao ânus.
3º) Tejas (fogo), que influi do ânus ao coração.
4º) Vayu (ar), que influi do coração ao entrecelho.
5º) Akash (éter), que influi do entrecelho ao alto da cabeça.
Esses cinco elementos relacionam-se com os cinco sentidos:
1º) O olfato relaciona-se com o sólido (Terra).
2º) O paladar relaciona-se com o líquido (Água).
3º) A visão relaciona-se com o gasoso (Fogo).
4º) O tato relaciona-se com o aéreo (Ar).
5º) O ouvido relaciona-se com o etérico (Éter).
Cada hora de respiração está interligada por cinco ciclos, durante os quais
exerce sua influência um desses elementos:
a) A Terra durante vinte minutos.
b) A Água durante dezesseis minutos.
c) O fogo durante doze minutos.
d) O Ar durante oito minutos.
e) O Éter durante quatro minutos.
Durante cada ciclo respiratório, nossas correspondências orgânicas e mentais
vibram segundo o impulso da classe de energias que prevalece nesse tempo e
determinam um estado de ânimo correspondente:
- O Éter faz-nos emotivos (inspirados);
- O Fogo faz-nos ardentes e fogosos (apaixonados);
- O Ar nos torna inquietos (impetuosos);
- A Água nos faz dóceis (ternos);
- A Terra faz-nos egoístas (ambiciosos).
O Sopro Divino que animou Adão foi-lhe dado pelas narinas, isto é; no ato de
respirar o Homem aspira o “Sopro de Deus”.
Este ar que respiramos está cheio de átomos positivos e negativos, criados por
nossos pensamentos desde a formação do mundo, e, ao sermos desprovidos
por uma dessas classes de pensamentos, a outra chega aos nossos pulmões,
com excesso de potencial em uma de suas fases. O excesso será negativo ou
positivo, segundo o pensamento e a narina por onde penetra, distribuindo-se
através do sangue por todo o organismo, modelando nosso ser físico, mental e
espiritual; fazendo-nos pensar, sentir e agir segundo a vontade dos átomos,
atraídos pela classe de pensamentos concebidos durante a respiração.
É durante a respiração simultânea que se equilibra o poder do homem,
ocorrendo também o deslocamento de maior esforço. Portanto, os arrebatos de
paixão, os atos impulsivos, os grandes feitos, etc., são executados durante a
respiração simultânea, porém, imediatamente após ter estado ativa a fossa
nasal direita. Ao contrário, os atos de rancor, os desfreios da inveja e as baixas
paixões também sucedem no decorrer dessa respiração, porém, depois de ter
estado ativa a fossa nasal esquerda. Podemos dizer então, que na respiração
simultânea, a “Serpente do Fogo” vibra com maior força e dirige seu poder na
direção onde tem o pensamento sua concentração. Esse direcionamento de
energia pode determinar entre outros efeitos:
- A inspiração mental, se sobe ao cérebro;
- A fúria sexual, se baixa aos órgãos sexuais;
- A potência física, se acumula no plexo solar.
Essa respiração no homem ordinário ocasiona o excesso que o conduz a
extremos perigosos. Porém no Iniciado, no mundo interno, produz o equilíbrio
da Lei. O Iniciado que sempre busca o equilíbrio, pelo amor impessoal, pelo
sacrifício, respira, durante a maior parte de sua vida, a respiração simultânea,
para melhor cumprimento da Lei.
O alento ou origem da vida manifesta-se em cinco princípios elementais,
conhecidos pela filosofia yoguista pelo nome de Tatvas. Esses Tatvas são
forças naturais, sutis, que podemos considerar como modificações na vibração
do éter. Cada uma dessas modificações atua sobre um dos cinco sentidos do
homem. Assim, o Sol corresponde ao Tejas (fogo), e influi nos olhos e visão. A
Lua corresponde ao Apas (água), que se aplica ao paladar; assim, cada
planeta tem sua influência em cada Tatva; Prithvi, a Terra, rege o olfato; Akash,
Éter, o ouvido; Vayu, o Ar, o tato e a linguagem.
Podemos dizer então, que o tato pertence ao corpo físico; o gosto aos
instintos; o olfato ao corpo dos desejos; o ouvido ao mental e a vista (visão), à
vontade. Os cinco sentidos são, portanto, a expressão do quinário com as
cinco funções vegetativas (respiração, digestão, circulação, excreção e
reprodução).
Os cinco sentidos são os cinco talentos de que falou o Mestre no cap.25
do Evangelho de S. Mateus e no cap.19 de S.Lucas. Todo homem que possui
os cinco sentidos está obrigado a trabalhá-los e duplicá-los. Um sentido bem
educado dá um talento interno e dessa maneira os cinco talentos duplicam-se,
com o justo uso para dar conta ao Senhor, em seu regresso, na segunda vinda.

3. A ESTRELA FLAMEJANTE
A Estrela Flamejante corresponde ao Pentagramaton ou Tríplice
Triângulo cruzado dos pitagóricos. Distingue-se do Delta ou Triângulo do
Oriente, embora, entre os antigos egípcios representassem também Horus que
em lugar do pai, Osíris; passou a governar as estações do ano e o movimento.
O verdadeiro sentido da Estrela Flamejante é Hominal, eis que o símbolo
designa o homem espiritual, o indivíduo dotado de alma, ou de fator de
movimento e trabalho. Ou seja, o indivíduo como espírito ou fagulha interna
que lhe concedeu o G.·.A.·.D.·.U.·. . A ponta superior da Estrela é a cabeça
humana, a mente. As demais pontas são os braços e as pernas. Na Maçonaria
essa ideia serve para lembrar ao Maçom que o homem deve criar e trabalhar,
isto é, inventar, planejar, executar e realizar, com sabedoria e conhecimento.
Pode ocorrer que o ser humano falhe nos seus desígnios. O Maçom também
pode falhar como ser humano, mas seu dever é imitar, dentro de seus ínfimos
poderes o G.·. A.·. D.·. U.·., o Ser dos seres. Aí está o principal segredo do
Grau de Companheiro. Outra interpretação é a que se refere a 3+2=5, soma
em que três é a divindade cuja fagulha é encarnada e dois é o material, o ser
que se reproduz por dois sexos opostos e não consegue perpetuar-se de outro
modo.
As cinco pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que
estabelecem a comunicação da alma com o mundo material. Tato, audição,
visão, olfato e paladar, dos quais para os Maçons três servem à comunicação
fraternal, pois é pelo tato que se conhecem os toques, pela audição se
percebem as palavras, e pela visão se notam os sinais. Mas não se pode
esquecer o paladar, pelo qual se conhecem as bebidas amargas e doces, bem
como o sal, o pão e o vinho. Finalmente pelo olfato se percebem as fragrâncias
das flores e os aromas do altar de perfumes. A letra "G", interior com o
significado de gnose ou conhecimento lembra a quinta essência, quanto ao
transcendental. Quanto ao Hominal, lembra ao Maçom o dever de conhecer-se
a si mesmo. No Grau de Companheiro recomenda-se ao Maçom o dever de
analisar as próprias faculdades e bem empregar os poderes pessoais em
benefício da humanidade.
Tem-se afirmado que a Estrela Flamejante traduz a luz interna do
Companheiro Maçom ou que representa o próprio homem Maçom dotado da
luz divina que lhe foi transmitida. A estrela de cinco pontas é então a força que
impulsiona o companheiro em direção das suas metas e dá sentido as suas
realizações, o numero cinco a qual a estrela faz alusão se funde na alma do
companheiro que uma vez elevado a um patamar mais alto pode vislumbrar as
luzes desta estrela e pode-se então guiar por esta luz para que a sua
caminhada, que já é longe das trevas do mundo profano, possa se refinar e dar
sentido a sua obra interior, absorvendo a luz desta estrela que representa o
corpo humano e utilizando a quintessência, o Companheiro desperta para as
luzes do saber e da compreensão da humanidade e do sentido oculto do saber
e do realizar.

4. O QUINTO ELEMENTO
Por mais poderosas que as forças exteriores se manifestem, ainda
assim devem ser dominadas pela energia, que tem sua sede na própria
personalidade. Por esse motivo é que o Homem deve criar e desenvolver, em
si próprio, um princípio mais forte que os Elementos, com os quais entra em
combate, nas provas iniciáticas. Enquanto combate, conserva-se Aprendiz,
uma vez vencedor, torna-se Companheiro ou Iniciado Definitivo. O que triunfa,
nesse momento, é o princípio da Hominalidade: o Homem, propriamente dito,
domina o animal, ou seja, o cinco se impõe ao quatro; a Quintessência
finalmente prevalece sobre os elementos.
A Quintessência é o meio que une o Espírito Divino ao Corpo Material.
Corresponde ao centro da cruz, onde o Homem realiza o mistério da redenção,
onde nele resplandece a razão, que dissipa o obscurecimento do instinto,
causado pela queda. O estado de espiritualidade e iluminação é atingido, e o
“Astro Humano”, representado pela Estrela Flamejante, brilha em todo seu
esplendor.
A Estrela Flamejante, este astro central da Loja de Companheiro, não é,
ainda, poder iluminativo igual ao Sol, sua luz é suave, não tem irradiações
resplandecentes e é facilmente suportada. Ela se condensa numa espécie de
nimbo, comparado a uma flor desabrochada, representada por uma rosa de
cinco pétalas.
Símbolo da Quintessência, portanto, daquilo que o Homem tem de mais
puro e elevado; a Rosa é unida à cruz, em um emblema de pura
espiritualidade.
É importante considerar cinco fases distintas na manifestação da mesma
Quintessência, quais sejam: primeiro a da sua origem; segundo, como origem
dos quatro elementos, terceiro, a energia que os compenetra, permanecendo o
centro estático e equilíbrio dos mesmos; a vida que os anima; e quinto, a
inteligência que governa a vida orgânica e se serve da mesma, ou seja, a
própria ALMA.
A Alma, como sabemos, é a causa primária dos atos do Homem na
materialidade do Ser. É a vibração que conecta o Grande Arquiteto do Universo
a sua criação. O quaternário sagrado se manifesta através do Princípio, Verbo,
Atividade e Substância. Dentro de loja, as quatro letras que configuram no
interior do Delta Sagrado devem ser contemplativas ao Companheiro Maçom,
que deve se lembrar desses ensinamentos, fazendo jus a sua Quintessência
interior, que é externada em suas ações. Senão vejamos:
(IOD) É, Pensa, Quer e Manda. É o Princípio Criador. O Companheiro
Maçom É. Pensa com sabedoria, esclarece suas dúvidas e quer realizá-las.
Não se entrega as ideias destruidoras ou inúteis. É o princípio pensante.
(HE) Dele derivou o sopro que animou a criatura, a própria vida. Dele
emanou a irradiação vital e existencial. É o Verbo.
O Companheiro Maçom quer inventar, quer planejar, criar tudo quanto
possa melhorar as condições humanas e investigar a verdade para o progresso
e o bem geral.
(VAU) Realiza o que pensa, pois é o Senhor de todas as regras de
trabalho. Ele faz do abstrato o concreto. A relação de causa e efeito. É a
atividade e o trabalho.
O Companheiro Maçom tem no próprio grau a representação de seu
trabalho, que é a atividade conjugada com as regras, pois não há trabalho útil
sem aprendizado e regras. Aprendeu que a nobreza pertence aos que
trabalham e não aos que a herdam por legado. Seu trabalho deve ser útil ao
próximo. Do trabalho deve viver para seu sustento e dos seus. Não lançará em
vão sementes à terra. Seu trabalho nunca deverá ser infértil.
(HE) Consegue resultado igual ao que quis e emanou. Só ele consegue
igualar o Verbo à realização. Daí o fonema “HE” se repetir no final. É a obra
realizada, a substância, o concreto.
Para o Companheiro Maçom seu fim é a Obra da Vida. Seu lema é
sempre chegar a obras realizadas. Mesmo que não termine seus planos,
sempre começará a Obra. Com os dons que lhe foram conferidos pelo Grande
Arquiteto do Universo realizará a EUBIOSE, ou seja, o melhor para a
humanidade.
5. CONCLUSÃO
Podemos concluir, ao final deste ensaio, que a Quintessência é a própria
manifestação da Alma para animar a matéria, é a causa, a ponta da pirâmide
sobre a base cúbica, nada mais sendo que a união do Ternário com o
Quaternário, realizando um perfeito Quinário, realizando o plano arquitetônico
da sabedoria construtora do Criador. Na pirâmide, o vértice superior indica a
Quintessência, o quinto princípio ou elemento, que corresponde ao Verbo
inteligente manifestado, na qual se originam e também desaparecem os outros
quatro princípios. Tido como o Princípio Originário do Universo, por meio do
qual todas as coisas foram feitas e sem o qual, nada do que foi feito se fez.
O mal caminha lado a lado com o bem e em cada ser humano o espírito
e a matéria estão inter-relacionados. Os venenos mais fatais são os melhores
remédios, quando administrados na devida proporção.  As paixões e os vícios,
conectados à matéria levam ao mal e, segundo o Apóstolo Paulo, “se viveis
segundo a carne, haveis de morrer”, “mas se, pelo espírito mortificardes
as obras do corpo, vivereis”.  Nossa vida consiste numa guerra sem fim, a
qual representa o máximo propósito da existência do homem: superar as
fraquezas da matéria para enfim, realizar as grandes obras para honra e glória
do Grande Arquiteto do Universo. Que assim seja!!!
REFERÊNCIAS

Entre a Compósita e a Toscana - Mistérios e Reflexões de um


Companheiro Maçom- M. J. OUTEIRO PINTO. Ed A Trolha.

Ritual de Companheiro Maçom Rito Escocês Antigo e Aceito, COMAB.

Do Companheiro e seus Mistérios Jorge Adoum Editora Pensamento 2010

http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/143-a-estrela-de-cinco-
pontas.html

http://www.altosgraus.com/content/o-significado-da-estrela-na-ma
%C3%A7onaria

ASSINATURAS DOS RESPONSÁVEIS

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Ruy Barbosa
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Emerson Aníbal Martins

Belém/2016

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